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Endocrinologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 1 DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO ESTATURAL E PUBERAL →Relembrando a fisiologia do crescimento: Eixo do crescimento, depende o GHRH estimular a hipófise estimular o GH. A secreção do GH é pulsátil, tendo seu pico durante a noite. O GH estimula o fígado a produzir IGF-I, promovendo o efeitos do crescimento de estruturas ósseas, órgãos. O IGF-I faz feedback negativo na hipófise e positivo na somatostatina (que tem efeito inibitório na hipófise na secreção do GH). →Nanismo: Baixa estatura - definição → Estatura abaixo do P3 → Estatura abaixo do canal familiar → Velocidade de crescimento baixa (<5cm ao ano). Baixa estatura – investigação: → Histórico da gravidez: Doenças, alcoolismo, drogadição, evolução da gestação → Eventos perinatais → Peso e comprimento ao nascer → Doenças crônicas → Anormalidades no status psicossocial → História do crescimento → História puberal dos pais → Avaliar canal familiar → Fazer estadiamento puberal Endocrinologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 2 → Avaliar idade óssea → Excluir hipotireodismo primário → Excluir síndrome de Turner → Excluir hipercortisolismo →Exames iniciais: → Hemograma completo → Velocidade de hemossedimentação (VHS) → Perfil eletrolítico → Perfil bioquímico sérico (cálcio, fósforo, fosfatase alcalina e creatinina) → TSH e T4 livre → Glicemia →Exames especializados: → Cariótipo → Cortisol, Cálcio, 25-OH vitamina D e PTH → Anticorpos antiendomísio e antigliadina → GH basal, IGF-1 e IGFBP-3 seguido de testes de estímulo para o GH → Ressonância magnética de sela (lembrar que sempre que houver deficiência de hormônio hipofisário, deve fazer RM de sela). *Não avaliar GH primeiro, pois as doenças crônicas dão IGF-I baixo, portanto faz-se avaliação de GH, depois de excluir outras causas. Baixa estatura familiar: → Retardo constitucional de crescimento e puberdade → Baixa estatura psicossocial → Baixa estatura idiopática (pode dar GH, mesmo sem deficiência de GH; não é um ganho muito grande). → Retardo do crescimento intrauterino (para que crianças que PIG, que com 4 anos não fez o catch up, pode dar GH, nessa situação há um ganho considerável). Doenças congênitas → Síndrome de Down → Síndrome de Turner (também pode repor GH) → Síndrome de Noonan → Síndrome de Laurence-Moon e Bardet-Biedl → Síndrome de Prader-Willi → Síndrome de Russel-Silver Doenças sistêmicas crônicas: → Desnutrição → Doenças respiratórias crônicas → Doenças gastrintestinais → Nefropatias crônicas (criança dialítica pode dar GH) → Cardiopatias → Hepatopatias crônicas Causas endócrinas: → Déficit de GH e suas variantes → Congênitas - deficiência isolada: Tipo Ia: ausência de GH (grandes deleções do gene GH1) Tipo Ib: níveis reduzidos de GH (mutações do gene GH1 ou GHRH-R) Tipo II: níveis reduzidos de GH (mutações do gene GH1) Tipo III: Níveis reduzidos de GH e agamaglobulinemia (herança ligada ao X) Endocrinologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 3 → Congênitas - deficiência em associação com hipopituitarismo: adquiridas, de um tumor hipofisário, por exemplo. Deficiência de somatotrofina (GH) - achados clínicos: → Peso e estatura normais ao nascimento (isso porque, o eixo do GH e IGF-I começa ser importante por volta dos 2 anos; até os 2 anos existe o IGF-II, que é independente do GH. Os sintomas de deficiência do GH se manifestam até os 2 anos, quando ao fazer a curva de crescimento, a criança não acompanha). → Ao nascimento, pode-se detectar: micropênis, nistagmo congênito, hipoglicemia neonatal, icterícia prolongada. → Baixa estatura proporcionada. → Idade óssea atrasada (atraso geralmente maior que 2 anos). → Fáscies de anjo querubim (fronte proeminente e mandíbula pequena). → Implantação anômala dos dentes. → Voz fina e de timbre alto ("peach voice"). → Peso excessivo e aumento de gordura do tronco. Obs: baixa estatura proporcionada (nanismo hipofisário) versus não proporocionada (acondroplasia; tronco grande, baixo e perna pequenos): →Deficiência de somatotrofina (GH): Achados laboratoriais: → GH basal baixo (não testar GH sozinho, pois tem picos); IGF-I, IGFBP3 baixos. → Teste de tolerância à insulina (ITT) – teste confirmatório: déficit de GH - não secreta GH em hipoglicemia. Necessário “priming” com Premarin 0,325mg/dia durante 05 dias Pico de GH reduzido (<5-7ng/ml em crianças e <3ng/mL em adultos). → Testes confirmatórios: L-dopa ou glucagon. Depois de confirmar, fazer RM de sela. Tratamento: → GH recombinante humano (rhGH) → Crianças: 0,1 a 0,2UI/Kg/dia, subcutâneo → Adultos: 0,45 a 0,90UI/dia, subcutâneo Lembrete: Estadiamento puberal, curvas de crescimento, idade óssea. Excluir doenças sistêmicas; Excluir hipotireodismo primário, síndrome de Cushing, síndrome de Turner. 7 anões: Mestre: nanismo hipofisário; Zangado: infância estressante e sofrida (nanismo psicossocial); Feliz: acondroplasia; Soneca: hipotireoidismo primário; Atchim: doença respiratória crônica; Endocrinologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 4 Dengoso: osteogênese imperfeita (ficou dengoso por ter sido uma criança muito bem cuidada pela fragilidade óssea). Dunga: síndrome genética. → Acromegalia e Acrogigantismo → Doença sistêmica crônica → Produção excessiva de GH e subsequente aumento de IGF-I Importância: Doença rara porém subdiagnosticada. Complicações cardiovasculares, respiratórias e neoplásicas. Redução média de 10 anos da expectativa de vida. Acomete igualmente ambos os sexos. Mais comum entre 30 e 50 anos. GH - provoca resistência insulínica, aumenta produção hepática de glicose. IGF-I - promove crescimento linear: 80% proveniente do fígado, 20% proveniente do osso, músculo e rim. Situações em que IGF-I aumenta: Puberdade, gravidez. Situações em que IGF-I diminui: Desnutrição, doença hepática, hipotireoidismo, diabetes mellitus descompensado. Acromegalia - Manifestações clínicas: → Distúrbio insidioso → Sintomas devido efeito de massa: cefaleia, distúrbios visuais ou hipopituitarismo. → Sintomas devido hiperfunção: aumento de mãos e pés, alterações cutâneas, modificações fisionômicas: alargamento do nariz, aumento dos lábios, prognatismo, proeminência frontal, diástese dentária, macroglossia. → Manifestações musculoesqueléticas →Complicações cardiovasculares: hipertrofia de VE, ectasia de raiz aórtica, arritmias, hipertensão, aterosclerose, aneurismas intracranianos. → Respiratórias: macroglossia, hipertrofia das estruturas nasais, voz grave, pneumomegalia, apneia do sono. → Endócrinas e metabólicas: hiperprolactinemia, bócio, hipopituitarismo, hiperglicemia e dislipidemia aterogênica. → Neoplásicas: câncer de cólon. Endocrinologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 5 Exames laboratoriais e de imagem → Dosagem de GH basal e IGF-I → Teste de tolerância à glicose para avaliar resposta do GH: Padrão-ouro para o diagnósticoDosagens de glicemia e GH: Tempos: -15min, zero, +30min, +60min, +90min, +120min → Interpretação do teste: Indivíduos normais suprimem GH (VR < 1,0ng/mL). Ausência de nadir de GH confirma o diagnóstico → Ressonância de sela túrcica Tratamento → Cirúrgico → 1ª escolha → Análogos da somatostatina: Octreotide LAR (10-30mg/mês), Lanreotide LAR (90-120mg/mês). Pasireotide LAR (20-60mg/mês). → Agonistas dopaminérgicos: Cabergolina (1,5-3,5mg/sem), bromocriptina (2,5mg, 2-3x/dia). → Radioterapia: Convencional; Estereotáxica. → Antagonistas do receptor do GH: Pegvisomanto (10-30mg/dia) Endocrinologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 6 →Puberdade Fisiologia da puberdade: Caracterizada por dois processos: →Maturidade da função gonadal →Aumento da secreção dos androgênios adrenais (adrenarca – aparecimento do odor axilar). Adrenarca: Meninas entre 6-7 anos; Meninos entre 7-8 anos. Puberdade - Meninas (entre 8-13 anos) Puberdade - Meninos (entre 9-14 anos Puberdade normal - Meninas (entre 8-13 anos): Telarca, Pubarca, Aceleração do crescimento linear, Menarca Puberdade normal - Meninos (entre 9-14 anos): Aumento do volume testicular (>2,5cm ou 4,0mL), Pubarca, Aceleração do crescimento linear. →Atraso puberal: Atraso puberal - classificação Hipogonadismo hipergonadotrófico: caracterizada por níveis elevados de gonadotrofinas (ausência de feedback negativo). É fisiológico na menopausa. Hipogonadismo hipogonadotrófico: caracterizado por baixos níveis de gonadotrofinas (distúrbios centrais - hipofisários/hipotalâmicos). Hipogonadismo hipogonadotrófico temporário ou funcional; retardo na maturação do eixo HHG (presença de doenças sistêmicas). Retardo constitucional do crescimento e puberdade: variante da normalidade. Pode ser maturador tardio (ex: história família de pai que entrou na puberdade aos 16 anos). Atraso puberal – exames: Exame físico: Estatura, peso, envergadura (distância de um braço ao outro; deve ser semelhante a estatura; se houver disparidade (envergadura maior), pode sugerir hábito eunucoide-hipogonadismo), púbis-pé (se realação púbis- cabeça e púbis-pé maior que 0,7 – também sugere hábito eunucoide). Identificar estigmas de síndrome genéticas Estadiamento de Tanner Obervar ginecomastia, anormalidades visuais, entre outros Endocrinologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 7 Idade óssea Exames laboratoriais: Hemograma, VHS, TSH, T4 livre; LH e FSH. Testosterona nos meninos; IGF-I; Prolactina; Cariótipo; Teste do GnRH. Hipogonadismo hipogonadotrófico (HH) Causas: Deficiência isolada de gonadotrofinas: Síndrome de Kallman: atraso puberal, hábito eunucoide, hipo/anosmia (neurônios hipotalâmicos e bulbo olfatório têm a mesma origem embriológica). Exame confirmatório: ressonância de encéfalo para avaliação do bulbo olfatório (hipotrofia de bulbo olfatório). Associado à hipoplasia adrenal congênita Associado à obesidade Deficiência isolada de LH ou FSH Idiopático Pan-hipopituitarismo Lesões do SNC Deficiências congênitas Síndromes genéticas Prader-Willi, Lawrence-Moon, Bardet-Biedl, Bloom Hipogonadismo hipergonadotrófico (HH) Síndromes genéticas: Turner, Noonan, Klinefelter* 47XXY, deficiência gonadal. Disgenesias gonadais Criptorquidia Ooforite autoimune Radioterapia ou quimioterapia Traumas / cirurgias / castrações / infecções Defeitos na esteroidogênese Síndromes de resistência androgênica Puberdade precoce Puberdade precoce – conceitos: Aparecimento de caracteres sexuais secundários: Meninas: antes dos 08 anos Meninos: antes dos 09 anos Puberdade precoce – classificação: Variantes do desenvolvimento puberal normal Telarca precoce isolada Pubarca precoce isolada Menarca precoce isolada Puberdade precoce central – maioria é central. Puberdade precoce periférica Puberdade precoce central – etiologias: → Sem anormalidades no SNC: Idiopática Endocrinologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 8 Secundária → Hiperplasia adrenal congênita, testotoxicose, síndrome de McCune-Albright. Exposição a desreguladores endócrinos. Causas genéticas. → Com anormalidades no SNC → Hamartoma hipotalâmico; Tumores; Malformações congênitas; Doenças adquiridas. → Sexo feminino: Isossexual → Cistos ovarianos autônomos, tumor ovariano ou adrenal feminizante, iatrogênica, síndrome de McCuneAlbright, síndrome do excesso de aromatases, hipotireoidismo primário. Heterossexual → Hiperplasia adrenal congênita, tumor ovariano ou adrenal virilizante, síndrome de resistênia ao cortisol, iatrogênica. Sexo masculino: Isossexual → Tumoresa adrenais, tumores secretores de hCG, tumores testiculares, hipotireoidismo primário, hiperplasia adrenal congênita, testotoxicose, síndrome de McCune-Albright, hipoplasia adrenal congênita, síndrome de resistênia ao cortisol. Heterossexual → Tumor feminizante testicular ou adrenal, síndrome do excessi de aromatase, iatrogênica.