Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TRANSCRIÇÃO DE IMUNOLOGIA BÁSICA AULA 17 E 18 – (11/06) Imunologia dos Transplantes Experimentos de transplantes em coelhos Os experimentos iniciais de transplantes foram realizados em coelhos. Para observar se havia alguma rejeição de transplante, trabalharam com duas linhagens diferentes de coelhos. Em um coelho de uma linhagem X foi transplantado parte do tecido de um coelho idêntico da mesma linhagem X e um pedaço de tecido de um coelho de outra linhagem Y. Foi observado que contra o tecido da mesma linhagem não teve rejeição e contra o da linhagem diferente teve rejeição. Nesse caso, demorou 10 dias para acontecer essa rejeição. Posteriormente, usando esse mesmo animal (que já havia sido previamente transplantado, tendo partes transplantadas de dois outros dois coelhos, no qual para um deles mostrou rejeição) fizeram o mesmo processo, pegando novamente um pedaço de tecido de um coelho da mesma linhagem e outro de uma linhagem diferente e observaram que para essa re-exposição a rejeição foi mais rápida: demorou 6 dias para acontecer. Isso mostra a existência da memória imunológica. Transplante: conceitos e classificações Transplante é a transferência de células, de tecidos ou de órgãos de um local para outro, ou de um individuo para outro ou do mesmo individuo. Há uma classificação de acordo com o local do enxerto: Ortotópico: o órgão que vai ser retirado vai ser colocado no mesmo lugar, no mesmo sitio anatômico original. Heterotópico: o órgão vai ser transplantado para outro local, de um sitio para outro (por exemplo: ponte de Safena). Já quanto ao tipo e origem do enxerto, temos: Autólogo: quando é do mesmo indivíduo. Singênico: quando é no indivíduo geneticamente idêntico Alogênico: quanto é entre indivíduos diferentes da mesma espécie. Xenogênico: quando é entre espécies diferentes. No autólogo (no mesmo individuo), o enxerto chama-se autoenxerto. No singênico (de indivíduo geneticamente idêntico), chama-se isoenxerto, não tendo rejeição. No alogênico (individuo diferentes da mesma espécie), o enxerto é chamado de aloenxerto. No xenogênico (indivíduos de espécies diferentes), chama-se de xenoenxerto. Já com relação ao tipo de doador, ele pode ser: Vivo parente; Vivo não parente e Cadáver (só depois da morte encefálica). Curiosidade: Os órgãos provenientes de um indivíduo cadáver podem ser doados depois da morte encefálica do indivíduo, e alguns procedimentos que têm acontecer antes da parada cardíaca (PC). O quadro ao lado mostra alguns órgãos que podem ser transplantados, o tempo máximo de retirada e o tempo máximo de preservação extracorpórea. O rim (dentre coração, pulmão, fígado e pâncreas) é um dos que se tem maior experiência em se trabalhar, tendo-se a maior possibilidade de ficar fora do corpo recebendo perfuração artificial. Para esses outros ainda não se tem meios para mantê-los fora por mais tempo. Está se investigando/pesquisando outros meios, uma vez que o grande problema é que fora do corpo, os órgãos precisam de meios adequados para se manter (perfusão ou perfusão a frio). Vale destacar que acima do tempo máximo de preservação extracorpórea, o órgão deteriora e fica inviável. Obs: A pele também pode ser transplantada, mas o problema é que ela é altamente imunogênica. Morte encefálica: definição Morte encefálica é a definição legal de morte. É a completa e irreversível parada de todas as funções cerebrais como resultado de agressão ou ferimento grave no cérebro, de tal forma que o sangue pára de suprir o cérebro. Pode-se ter o auxilio de angiograma cerebral e eletroencefalograma para confirmar a morte encefálica. Critérios para doadores Rim: Pulmão: No caso dos pulmões, não se pede a tipagem HLA (se pede apenas ABO) porque os pulmões têm um risco de rejeição muito menor do que rins e medula óssea. Assim, pode ser que diante da urgência, essa tipagem acaba não sendo feita. Do ponto de vista imunogênico, quem mais leva a rejeição é a pele, os rins e a medula óssea. Logo, para esses, é obrigatório a tipagem HLA. Curiosidade: Como é feito o transplante de pulmão: Uma vez encontrado o doador compatível, é retirado o pulmão no período inferior a 6h. Durante a cirurgia do receptor, ele é ligado a uma máquina de respiração artificial, o peito é aberto e é retirado o pulmão danificado. Posteriormente é cortada a ligação do pulmão e é colocado cuidadosamente o pulmão do doador na cavidade torácica e conectam-se as veias e brônquios e então fecha-se o tórax. No caso do pulmão, não se põe pedaço do pulmão e sim o lobo todo. Lembrando a importância das dimensões do pulmão do doador serem parecidas com as do receptor para que o órgão encaixe. Embora se tenha tantos problemas de rejeição com o transplante de pulmão, vale a pena fazê-lo. Um site destacou inclusive que entre os vários órgãos, verifica-se que o transplante de pulmão é o que produz maiores resultados em todos os domínios da qualidade de vida: físico, psíquico e social. Um ano depois da realização do transplante, a maioria das pessoas se sente mais felizes, menos ansiosas, sobretudo com nível de satisfação maior do sentida por quem não tem doença. É uma sensação de renascimento. Coração: Vale destacar que como é muito difícil achar doador até 50 anos, às vezes eles aceitam acima de 50 anos, desde que a função cardíaca esteja correta, esteja funcionando adequadamente. Fígado: Com relação ao fígado, também só se faz tipagem ABO. Então, dentro dos que fazem só tipagem ABO, vimos os pulmões, o coração e agora o fígado. É importante para fígado também que o tamanho seja compatível entre o doador e receptor. Não faz nem crossmatch nem HLA. É como se de alguma forma, o fígado fosse tolerogênico. Não é que não tenha rejeição (uma vez que se faz ainda a imunossupressão), mas diante da não realização do crossmatch, é como se possivelmente o fígado fosse mais tolerogênico. Testes pré-transplante: seleção de doadores Dentro da seleção de doadores se faz: Avaliação clinica; Ausência de doenças infecciosas e crônicas; Tipagem ABO e Tipagem HLA. As análises imunológicas que são feitas e que serão aqui exploradas são: Tipagem ABO Tipagem HLA; Pesquisa de anticorpos anti-HLA (para ver se o individuo tem anticorpo anti-HLA) e Crossmatch (Última prova antes do transplante. É a prova cruzada). Tipagem ABO ABO dentro dos grupos sanguíneos é o de maior importância. Constituem-se de resíduos de carboidratos, e esses antígenos estão presentes nas hemácias e nas células endoteliais do individuo. Têm indivíduos que não tem nem A e nem B, têm indivíduos que tem A, têm indivíduos que tem B e tem indivíduos que tem ambos. Se, por exemplo, eu tiver hemácia A, a partir seis meses de idade, podem ser detectados no meu plasma anticorpos contra B. Isso porque existem bactérias na microbiota normal que tem antígenos similares a A e a B. Portanto, se eu for indivíduo A, vou produzir anticorpos contra B; se eu for indivíduo B, vou produzir anticorpos contra A; se eu for AB, não produzo nenhum anticorpo; e se eu for O, produzo anticorpo anti-A e anti-B. Embora isso, aparentemente, pareça bobagem, não é. Esses anticorpos são isotipo IgM e IgM são ótimos ativadores de complemento. Eles não são opsoninas por eles mesmo, e não vão para o sitio extra vascular, logo permanecem nositio intravascular. Porém, uma única molécula de IgM é capaz de ativar complemento e lisar hemácia. Assim, o individuo que é A, produz IgM anti-B. O individuo que é B, produz IgM anti-A. O individuo que é AB não tem anticorpos no soro e o individuo que é tipo O, produz IgM anti-A e anti-B. Nesse aspecto a IgM é uma grande vilã, pois leva a uma reação hemolítica aguda e fatal. Assim, na transfusão ela leva a uma rejeição hiperaguda que em minutos a horas, provoca a rejeição do transplante que não tem como reverter. Então, a compatibilidade ABO é absolutamente imprescindível. Se não houver essa compatibilidade, há a chance de se ter uma rejeição hiperaguda e, em minutos a horas, o transplante é rejeitado e não tem como reverter. Ou seja, é fundamental essa compatibilidade ABO antes do transplante. Tipagem HLA Pode ser que o indivíduo já tenha tido transplantes prévios, ou transfusões, ou gravidez, e nessas situações o individuo desenvolveu anticorpos contra o HLA. Estamos falando a nível de anticorpos. Vale destacar que a rejeição hiperaguda, diz respeito a anticorpos. Por isso a importância de se fazer o que a a prova cruzada ou também chamado de Crossmatch. Quando nos referimos à HLA, estamos falamos de MHC. O MHC classe 1 está presente em todas as células nucleadas e também estão presentes nas plaquetas. A função do MHC classe 1 é apresentar peptídeo para TCD8 via TCR. As APCs profissionais (Linfócitos B, células dendríticas e macrófagos) possuem o MHC classe 2 e apresentam o peptídeo para TCD4. Lembrem-se que o MHC classe 2 podem estar presentes em outras células, em algumas que situações: no caso de uma inflamação crônica ou uma doença infecciosa que vai prolificando, de modo que caso haja pequenas liberações de interferon gama, ele induzirá células que não são APCs a expressarem MHC classe 2 (ex: os queratinócitos). Isso também é um problema no transplante. Quanto ao HLA, podem haver muitos alelos para um gene, isso é o que leva ao polimorfismo. O MHC ou HLA é a molécula mais polimórfica no humano. O individuo herda um conjunto de alelos (haplotipo) do pai e um da mãe. Então, eles são condominantes, significando que esses alelos gênicos vão se expressar como proteínas. O HLA idêntico significa que o individuo tem identidade para os dois haplótipos. Todos nós temos dois haplótipos: um herdado da mãe e outro do pai. Quando se tem, assim, identidade total com o doador, chama-se HLA idênticos. Quando a identidade é só com um haplotipo (do pai ou da mãe) é haploindêntico. Quando é com nenhum, é dito não idêntico ou sem identidade. O MHC classe 1 é o conjunto do HLA, B e C. E o MHC classe 2 é o conjunto do DR, DP e DQ. Para o transplante são esses os fundamentais, onde o HLA DR é o mais imunogênico, seguido do A e do B. Sendo assim, esses três são os rastreados. Para fazer o transplante, os dois não precisão ser idênticos. Sendo apenas haploidêntico dá certo, mas é necessário entrar com imunossupressão. OBS: A concordância para o HLA é fundamental para o rim e medula óssea. São os mais sujeitos a terem rejeição. Fígado e coração sobrevivem com maiores discrepâncias. A porção polimórfica é aquela que vai abrigar o peptídeo que será apresentado. Lócus é o espaço que o gene ocupa num cromossomo. Para o lócus A ele tem 414 alelos, 728 alelos para o B e 210 para C. Para o DRB há 503 alelos. Esses três são os mais polimórficos, e uma vez encontrados na população, é preciso que haja o rastreamento. É importante se saber da existência dos outros alelos (C, DP e DQ), porque embora eles sejam digamos que menos importantes do ponto de vista imunogênico, nunca se tem certeza se eles podem ou não ser responsáveis pela rejeição também. Ou seja, as vezes se pode ter identidade do A, do B e do DR e o paciente vai ter rejeição, justamente porque tem esses outros alelos que são menos imunogênicos, mas ainda assim podem ser os responsáveis pela rejeição. EXEMPLO: O pai tem dois conjuntos, e a mãe também tem outros dois conjuntos. O cruzamento entre os dois vai gerar filhos, que vão herdar um haplótipo do pai e da mãe. Ou seja, cada filho vai ter um conjunto. O resultado é que entre os irmãos a chance de haplótipos idênticos é de 50%, a chance de HLA não idêntico é de 25%, e a chance de HLA idêntico de 25%. Como tem 25% de chance de não ter identidade. Já no comparativo dos irmão com os pais não há chances de HLA idênticos, apenas chances de ser haploidêntico, uma vez que o filho recebe um do pai e outro da mãe. Então nunca vai ter possibilidade de ter HLA idêntico da mãe ou do pai. Com relação ao rim, por exemplo, a sobrevivência de órgãos de HLA idênticos (tempo em que não ocorre a rejeição) é de 27 anos, e sobrevivência de órgão haplótipo-idêntico é de 12 anos. Vale destacar que o HLA idênticos deve receber alguma imunossupressão, por conta dos antígenos secundários do MHC. TIPAGEM HLA POR MICROCITOTOXICIDADE: Coleta-se o sangue com anticoagulante e pega-se o anel que tem as células mononucleadas (monócitos e linfócitos). Faz-se isso com o doador e com o receptor, separadamente, e se segue com os dois experimentos separados. Uma placa é só para o doador e uma outra placa é só para o receptor. Na placa se coloca aproximadamente 2 mil células por pocinho. Posteriormente, se coloca em cada poço diferentes anticorpos (se faz um painel de anticorpos): anti-HLA B27, anti-HLA B8 e assim por diante. Em seguida se coloca o complemento (soro de coelho). Então, se o anticorpo encontrar o antígeno específico ele vai ativar o complemento e vai levar essa célula a lise. Levando a célula a lise/morte, ela incorpora o corante. Se não houver especificidade do anticorpo pelo antígeno não tem ativação de complemento e, portanto, a célula continua viável e não incorpora o corante. Esse é um ensaio trabalhoso e que gera vários resultados, pois irá se descobri quais são os alelos HLA que o individuo tem: quais os alelos B, quais são os alelos A e quais são os alelos DR que ele tem, por exemplo. Diante da tipagem do receptor e do doador se saberá o que é compatível com o que, se caso é HLA idêntico, por exemplo. O resultado é dado em gradação: 0 a 10% negativo (ou seja, as células ficaram viáveis para aquele HLA), tem o duvidoso, o fracamente positivo, o positivo e o fortemente positivo. Essa gradação é importante porque se for necessário entrar com um órgão discordante é muito melhor que você entre com um HLA duvidoso do que com um fortemente positivo, uma vez que se você entrar com um discordante a possibilidade de rejeição é altíssima. OBS: Quando, por exemplo, se faz doação de medula óssea, depois que ocorre a coleta é feita essa tipagem HLA que posteriormente fica registrada no banco de dados. Então quando alguém precisa, se olha esse banco de dados. TIPAGEM DE HLA POR TESTE MOLECULAR: Esse é o método mais novo usado para teste da tipagem HLA. Essa técnica é chamada de sequência especifica de primers (SSP). Primer é uma sequência de nucleotídeos de interesse (ex: sequência para o A27, sequência para o A19, e assim por diante). Nessa técnica se faz a extração de DNA a partir de células mononucleadas (ex: linfócitos), depois se faz a amplificação, depois se faz a separação por eletroforese e posteriormente se visualiza o resultado e faz a análise. Vejamna figura ao lado: Se extrai o DNA das célular e se coloca diferentes primers. No DNA se tem a fita dupla. Ela é então separada e se o primer for complementar a fita vai acontecer o anelamento. Aquele que anelar é por que tem aquele alelo. Após a adição dos primers ao DNA, isso é submetido ao termociclador e depois se faz a análise por eletroforese. A primeira banda é o controle de amplificação, e as bandas de baixo são o que amplificou. Na figura abaixo temos um exemplo. Novamente, a primeira banda é o controle da amplificação, e vemos uma segunda banda (os alelos de HLA amplificados com o primer) no 4, 5, 12 e 15. Ou seja, o paciente tem o A4, o A5, o A12 e o A15. É bem mais fácil que o outro método. EXEMPLO 1: Descobre-se, por exemplo, que o individuo receptor tem: HLA A13 - HLA DR8 - HLA DR9 HLA A9 - HLA A25 - HLA B9 E para o doador candidato se observou que ele tem: HLA A13 - HLA A1 - HLA B9 HLA B13 - HLA DR5 - HLA DR7. Assim para A e B (MHC classe I) houve discrepância em dois e para o DR (MHC classe II) houve discrepância em dois. EXEMPLO 2: Tem-se um receptor e um possível doador para a análise de tipagem HLA. O doador tem A1-A1, B8-B39 e DR1-DR3. O receptor tem A1- A24, B39-B44 e DR1-DR11. No comparativo, vemos que coincidiu A1 com A1, B39 com B39 e DR1 com DR1. Ou seja, há 3 discrepâncias: 2 discrepâncias para MHC classe 1 (A e B) e 1 discrepância para MHC classe 2 (DR). Na figura ao lado é mostrado algumas discrepâncias referente à HLA/MHC classe I (A e B) e classe II (DR) e a relação de sobrevida do órgão por tempo em meses de transplante. Quem teve 0 de discrepância (HLA idêntico) a sobrevida é ótima: quase 80-90%. Quem tem de 3 a 4 discrepâncias em MHC I e 0 para MHC II: a sobrevida cai para cerca de 75%. Já quando há 0 para MHC I e 1 ou 2 discrepâncias para MHC II: a sobrevida é menor ainda. Ou seja, DR é mais imunogênico. Com uma 1 ou 2 discrepâncias para MHC I e 1 ou 2 para o MHC II, a queda é ainda maior: 50% de sobrevida. Com 3 ou 4 de MHC I e 1 ou 2 de MHC II: caí para 25%. No exemplo 2, tivemos 2 discrepâncias para MHC I e 1 para MHC II. No exemplo 1, tivemos 2 discrepâncias para MHC I e 2 para MHC II. Esses exemplos se encaixam, portanto, na curva nº 5. Assim, percebemos que mais discrepâncias, menor é a sobrevida do órgão. E caso, pode se ter alguma discrepância, mas se ela for no MHC II (DR) é bem pior. Pesquisa de anticorpo anti-HLA Monitora-se o soro do receptor, de tempos em tempos, para ver o quanto ele está sensibilizado. Isso porque ele pode ter sido sensibilizado por transplantes prévios, por transfusões previas ou por gravidez. Veja que durante esse conteúdo já foi abordado sobre tipagem ABO e de tipagem HLA, então cuidado para não confundir a tipagem HLA com a pesquisa de anticorpos anti-HLA. No primeiro, se quer saber qual o alelo de HLA o individuo tem, e no segundo, se quer saber se o individuo tem anticorpo anti- HLA. Agora, será falado sobre Reatividade Contra Painel (chamado de PRA). PRA é a pesquisa de anticorpos no soro do receptor. Pega-se um painel de células com diferentes HLAs (HLA I e II) e é colocado o complemento (soro do coelho) mais o soro do receptor. Depois se verifica a porcentagem de células mortas em relação ao total de células testadas. OBS: As células do painel não são as células de um doador especifico, são células em que se conhece o HLA e as colocam em contato com o soro do receptor. Com isso se quer saber se o receptor tem anticorpo anti-HLA. No exemplo da figura acima, foram colocados linfócitos com HLA-tipados de 50 indivíduos. Adicionou-se o soro do receptor, mais o completo. Se o Soro tiver anti-HLA, ele vai ativar o complemento e causar lise na célula. Depois disso, se conta as células florescentes, uma vez que as células mortas não vão emitir florescência. No caso acima, de 50, 33 células não estão florescentes. Ou seja, nós temos um PRA de 66%. De 0 – 10 % = Normal; de 11 – 20% = Baixo; Acima de 20% = é significante; de 21 -50% = moderado; de 51 - 80% = alto; e de 81 – 100% = muito alto. Então, se o indivíduo tiver PRA positivo, logo se terá lise celular, é mais dificio de se obter o transplante, sendo necessário o máximo de compatibilidade, porque como já se tem anticorpos contra, isso já é um problema. Quanto maior o PRA, mais anticorpos o recetor tem, mais lise de células haverá e pior será. Crossmatch (prova cruzada) Nesse teste se faz o soro do receptor versus célula do doador, mais o complemento. É a ultima prova. Faz uma titulação do soro, onde a incompatibilidade será considerada sendo igual ou superior a ¼. Os linfocitos T em repouso apresentam apenas HLA classe I, e os linfócitos B apresentam tanto HLA classe I quanto classe II. Lembrar que as células viáveis são refratárias ao corante e as células mortas absorvem o corante. Usa-se o corante vital eosina para verificar o ensaio. Novamente explicando: Coloca-se as células do doador, o soro do receptor e coloca o complemento, e depois o corante vital. Se houver a absorção do corante, é porque o anticorpo se ligou, ativou o complemento e levou a célula a lise, que quando morta incorpora o corante. Se não houve a lise, então ela não absorve o corante, e é uma reação negativa. Faz-se posteriormente uma titulação para ver qual é a diluição do soro. A partir de 1/4 é considerado significativo/incompatível, significando que você dilui e ainda continuou tendo reação, continuou tendo muito anticorpo. Rejeição: tipos de reconhecimento Além da célula T reconhecer o peptídeo, ela tem que reconhecer que o MHC é próprio. No início, quando essas células estão amadurecendo no Timo, se o TCR do timócito reconhecer o MHC com alta avidez (ou seja, se tiver alta avidez entre o TCR e o MHC), a célula T é levada a apoptose. Se o TCR tiver pouca avidez, também será levada a morte. Só sobram aquelas células T cujo TCR que tem uma avidez e uma afinidade intermediaria. Serão exatamente essas células T com avidez intermediaria quem irão povoar os órgãos linfoides secundários. Em um transplante autólogo de isoenxerto (no próprio individuo) não há rejeição. Após o enxerto, vem a revascularização, cicatrização e em 14 dias vem a resolução, sem haver problemas de rejeição (figura à esquerda). No caso de uma rejeição aguda (figura à direita) é colocado o enxerto, começa a revascularização. E em 7 a 10 dias ter uma infiltração celular que promove trombose e necrose dentro de 14 dias. Quando o individuo recebe um segundo enxerto (Rejeição secundária) é um processo muito mais rápido. Em torno de 3-4 dias já ocorre a infiltração celular e em 5-6 dias já tem trombose e necrose. Ou seja, no caso de um indivíduo que já foi transplantado e está recebendo um segundo enxerto, a reação é muito mais rápida. Não dá tempo da revascularização. Rejeição hiperaguda Na hiperaguda os componentes imunógenos são anticorpos (ex: anticorpos anti-ABO ou anti-HLA). É muito rápido (de minutos a horas), não dá tempo de reconhecer, processar, diferenciar. Isso porque são anticorpos pré-formados, ou seja, eles já estão circulando. Por isso que é fundamental a compatibilidade ABO, por exemplo. Ocorre e ativação do complemento e neutrófilos. No caso, se for IgM de ABO, sabemos que IgM não é opsonina,então o recrutamento de neutrófilo vai ser via C3b, C4b, via fragmentos do complemento provocado por ativação do mesmo. O Anti-HLA pode ser o IgG e IgM, mas na maioria das vezes é IgG, sendo opsonina pra neutrófilo. Nesse tipo de rejeição tem-se a oclusão de vascularização por deposição de plaquetas e rejeição completa. Reconhecimento Antigênico Direto Nesse caso é o órgão transplantado quem está fornecendo a APC, ou seja é uma célula dendrítica ou macrófago, por exemplo, do próprio órgão do doador, e a célula T é do receptor. Lembre-se de que o TCR tem que reconhecer o MHC próprio com avidez intermediaria. No reconhecimento antigênico direto, “por azar”, o TCR da célula T do receptor reconhece o MHC da APC do doador também com avidez intermediaria, e essa molécula de MHC ainda se assemelha com a estrutura de um peptídeo estranho. Reconhecimento Antigênico Indireto No reconhecimento indireto, a APC é do receptor e apresenta o antígeno do órgão para célula T do receptor. Processo normal que conhecemos. A rejeição é mais rápida no reconhecimento direto. Rejeição aguda Pode ser que ela seja provocada por anticorpo, como pode ser que seja por linfócitos, nesse caso principalmente TCD4 perfil th1, TCD8 e o anticorpos anti- HLA, que pode ou não estar presentes. Lembrando que na rejeição hiperaguda não há presença de células T nem de células B, há anticorpos já presentes na circulação. Acontece a infiltração de macrófagos e linfócitos e a rejeição aguda pode ser revertida com imunossupressão. Ocorre entre 10-50% dos aloenxertos. Uma das evidências da rejeição aguda é a presença da Emperipolese, que é a entrada de linfócitos entre as células tubulares renais. As citocinas importantes são IFN-gama e IL-2. O perfil TCD4 Th1 pode colaborar com linfócito B, a partir da produção de IFN- gama, induzindo a produção de IgG pelo linfócito B. Além disso, há os mecanismos de toxicidade (ADCC – citotoxicidade dependente de anticorpo) levadas por TCD8 e NK, que podem levar células à apoptose. A produção de IFN-gama também leva a produção/expressão de MHC-II pelas células do enxerto, pois, como elas não são APC, elas não produzem naturalmente; e podem levar ao aumento da expressão de MHC-I. Lembrando o que o anticorpo pode ativar o complemento, via IgG ou IgM, pela via clássica; e que a IgG é uma boa opsonina para neutrófilo e macrófago, podendo também levar a apoptose via NK-ADCC. Lembre-se que TNF-beta, também produzido pelo TCD4 perfil Th1, é quimiotático para neutrófilo; e IL-2 serve de segundo sinal para TCD8. O TCD4 perfil Th1 produz IFN-gama que também pode ativar macrófago, que por sua vez elimina enzimas que são líticas e danificam o tecido. Até então, não havia sido visto o TCD4 agindo como citotóxico, apenas produzindo citocinas. Entretanto, há 2 situações em que o TCD4 vai agir como citotóxico: uma é em alergia a fármacos e a outra é na rejeição de transplantes. Diante de uma situação muito estressante pode haver indução de perfil citotóxico do TCD4, eliminando granzimas e perfurinas. ATIVAÇÃO DAS CÉLULAS DENDRÍTICAS DO DOADOR O que se observa é quando o órgão estava no doador ele estava em repouso, mas quando ele é retirado, ele sai do seu meio adequado (é retirado após a morte cerebral do paciente), então tudo isso pode causar um estresse grande nas células do órgão. Esse estresse pode acabar gerando moléculas conhecidas como Padrões Associados as Danos (DAMPS) que pode ser RNA, DNA, cristais de ácido úrico, entre outros. Essas moléculas vão ativar células dendríticas, e uma vez ativadas ela vão produzir B7-1, B7-2. Com isso, aumenta a probabilidade do reconhecimento direto. CO-ESTIMULAÇÃO DE APCS Alotransplantes sobrevivem longos períodos em camundongos knockout para B7-1 (CD80) e B7-2 (CD86). Knockout é uma tecnologia em que se inativa um determinado gene. Então, viu-se que inativando os genes que codificam B7-1 e B7-2 os alotransplantes viviam mais tempo. IMUNOSUPRESSORES O CD3 é um marcador de célula T madura, logo o anti-CD3 é usado para fazer a depleção de linfócito T. Rejeição Crônica Ela pode acontecer depois de meses ou anos. Normalmente, é uma reação a antígenos menos importantes. Ou seja, ele não é imunogênico para dar a resposta no início, mas pode depois de bastante tempo pode ocorrer. Normalmente, ocorre por linfócitos T e as citocinas que ele produz. Há 2 citocinas imporantes: a TGF-β que sabemos que é importante para a fibrose tecidual (mas nesse caso ele não é boa) e a PDGF (fator de crescimento derivado de plaquetas) que induz proliferação de células musculares lisas, que com o tempo, causam a oclusão da luz de vasos. Então, observamos nesses órgãos uma fibrose e uma oclusão do endotélio, por conta da proliferação das células musculares lisas. DOENÇA ENXERTO VERSUS HOSPEDEIRO (GVHD) Sobre a medula óssea é extremamente importante a absoluta compatibilidade entre o doador e o receptor, pois existe a possibilidade da Doença Enxerto versus hospedeiro. O indivíduo que vai receber a medula tem a depleção da medula dele e ocorre a re-população com a medula óssea do doador. Essa medula óssea do doador pode vir, muitas vezes, com linfócitos T maduros e então pode ocorrer reação dessas células T do doador com as células do receptor. Esse é um problema sério que pode levar a óbito. Um caso um caso interessante é mostrado na figura ao lado. Dois irmãos gêmeos HLA-idênticos, então um fez a doação da medula para o outro. No 24º dia houve erupções cutâneas, diarreia persistente, dano hepático. Então foi feito a intervenção com corticoides, tacrolimus e anti-CD3 e nenhum deles funcionou. Só funcionou quando houve administração de Anti-CD2, que é um receptor que está presente tanto em célula T como em NK. O anti-CD2 foi administrado semanalmente por 2 meses e corticoides por 6 meses. Então percebemos que é um problemas bastante sério o transplante de medula óssea. Como teríamos prevenido esse tipo de reação? Para isso, o que deveria ser feito seria uma depleção da célula T do doador. Assim, se tivesse sido feito pré-tratamento com anti-CD3, por exemplo, essa reação não teria ocorrido. Ou seja, mesmo sendo HLA-idênticos, o que levou a reação foi um imunógeno secundário. CULTURA MISTA DE LINFÓCITOS Pega-se células mononucleares do receptor e as trata com mitomicina C, impedindo que eles se proliferem, estando assim mitoticamente inativos. As células B, T e monócitos do receptor são colocadas frente as células mononucleares do doador. Então, se estes forem idênticos, não há proliferação das células T do doador. Entretanto, se houver algum problema que as façam reagir, ocorrerá proliferação.
Compartilhar