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Livro-Texto - Unidade II auditoria e fraude

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39
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Unidade II
A presente unidade reunirá informações a fim de propiciar ao profissional um conhecimento 
mais aprofundado a respeito de temas fundamentais na área de investigações sobre fraudes, como 
ambientes e fatores que podem propiciar as fraudes, considerações sobre o perfil dos fraudadores e a 
detecção e prevenção das ocorrências de fraudes.
É importante lembrar ao gestor de segurança que a eficiência e a eficácia em qualquer área de 
gestão somente é obtida por meio do estudo dedicado e da pesquisa ampla.
3 AMBIENTES E FATORES FAVORÁVEIS A GOLPES CORPORATIVOS
Diversas são as vertentes que podem estimular os golpes corporativos. O gestor deve observar que 
eles podem ter as mais variadas motivações:
• Motivação financeira: é a motivação clássica, ou seja, a obtenção de vantagens indevidas 
(pecuniárias) através de expedientes ilícitos, por exemplo, negociação com clientes e fornecedores 
“por baixo do pano” ou tráfico de influência, “eu te contrato se você me pagar XXX”.
• Insatisfação pessoal: muitos indivíduos podem estar insatisfeitos com a sua função ou o seu 
cargo no trabalho. A grande maioria deles busca alternativas lícitas para mudar tal situação, 
como estudar para ocupar novas posições, ou simplesmente procurar um novo emprego. Mas 
existem pessoas que, inconformadas, buscam prejudicar o ambiente de trabalho, com iniciativas, 
por exemplo: fraudar um processo de produção; vender informações confidenciais para outras 
organizações; atrasar uma entrega, entre outros. Observe-se que tais atitudes podem estar 
vinculadas a pagamentos (de concorrentes, por exemplo) ou simplesmente suprir a insatisfação 
pessoal dos funcionários.
 Observação
Os funcionários contratados sob o regime celetista (ou seja, cujo 
regramento advém da CLT – Consolidação das Leis de Trabalho) podem 
ser demitidos por justa causa se cometer algum dos itens relacionados no 
artigo, que são (BRASIL, 1943):
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
40
Unidade II
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do 
empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para 
a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não 
tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra 
qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em 
caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas 
contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de 
legítima defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para 
o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do 
empregado. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Parágrafo único – Constitui igualmente justa causa para dispensa 
de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito 
administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional.
Lembrando que a assessoria jurídica é fundamental ao lidar com 
direitos trabalhistas. Todos os procedimentos devem ser devidamente 
documentados e a participação de um advogado trabalhista permite 
que sejam assegurados os direitos, tanto da organização, quanto do 
funcionário demitido.
Há ainda os casos nos quais os funcionários contratados pela CLT 
trabalham em empresas públicas. Apesar de funcionários públicos, se 
contratados pela CLT, estão submetidos a esse regramento. Contudo, 
41
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
nada impede que além de outras apurações nas áreas cível ou criminal 
(como aquelas a que todos estão sujeitos), tais funcionários possam ser 
arrolados em apurações administrativas de órgãos constituídos para esse 
fim, como a Corregedoria Geral da Administração (CGA), do Governo do 
Estado de São Paulo (CGA). Funcionários públicos concursados estão 
submetidos ao regramento administrativo da instância e do Estado a que 
prestaram concurso (Prefeituras, Estados da Federação, Distrito Federal 
ou Governo Federal, se do Poder Executivo; ou, ainda, dos regramentos 
específicos de órgãos do Poder Legislativo ou do Poder Judiciário).
• Psicopatas corporativos: a classificação de psicopata naturalmente envolve conhecimentos 
específicos de psicologia e psiquiatria. Contudo, no mundo corporativo algumas atitudes de 
certos funcionários podem sugerir que eles possuam desvios deste tipo. O pessoal de recursos 
humanos muitas vezes possui um psicólogo capaz de fazer observações na área com maior 
pertinência. De qualquer forma, o profissional deve conhecer toda e qualquer vertente que possa 
ensejar fraudes em ambientes corporativos. Uma obra clássica e frequentemente referenciada 
por autores da área é The mask of sanity: an attempt to clarify some issues about the so-called 
psychopathic personality, que foi escrita em 1941, pelo doutor em medicina Hervey Milton 
Cleckley (1903-1984), médico psiquiatra e professor no Medical College of Georgia. Sendo 
sua última edição no ano de 1988. Na obra são citadas algumas características dos psicopatas 
(CLECKLEY, 1988, p. 338-339):
 
1. Aparência superficial agradável e boa “inteligência”
2. Ausência de delírios e outros sinais de pensamento irracional
3. Ausência de “nervosismo” ou manifestações psiconeuróticas
4. Sem confiabilidade
5. Mentira e insinceridade
6. Ausência de sentimentos de remorso, culpa ou vergonha
7. Comportamento antissocial
8. Desprezo pela experiência empírica; dificuldades em análises
9. Egocentrismo patológico e incapacidade de amar
10. Poucas e fracas reações afetivas
11. Falta de reflexões internas
42
Unidade II
12. Insensibilidade nas relações interpessoais em geral
13. Comportamento inadequado com bebida ou não
14. Ausência de práticas suicidas
15. Vida sexual impessoal, trivial e mal integrada
16. Falha em seguir qualquer plano de vida
Para o gestor de segurança, o que importa é uma observação criteriosa de determinadas atitudes 
capazes de gerar situações prejudiciais à organização. Indivíduos psicopatas mentem com facilidade 
e podem gerar situações de crises para a empresa, especialmente se o objetivo for prejudicar alguém 
que lhes tenha frustrado, seja na área profissional, seja na área pessoal.
O surgimento de fraude ou golpe corporativo possui certas motivações bastante claras. Perera, 
Freitas e Imoniana (2014, p. 18) desenvolveram uma escala em que são classificadas as motivações 
para a fraude. Observem-se alguns dos fatores da citada escala:
• Capacidade: é a propriedade daquele capaz de perpetrar a fraude. Envolve o conhecimento 
necessário para, por exemplo, falsificar um lançamento contábil, desenvolver uma retirada 
bancária sem o competente registro na empresa ou a contabilidade falsificada de algum 
item no estoque. É preciso conhecer alguns aspectos próprios do negócio para efetivamente 
desenvolver o golpe.
• Racionalização: é a desculpa para que a fraude seja executada. Trata-se da lógica encontrada 
pelo fraudador para justificar sua ação. Por exemplo: meu chefe não reconhece meu trabalho, 
portanto merece ter prejuízo ou eu deveria ter sido promovido, mas não fui... Por tal 
motivo, fiz isso.
• Pressão: a pressão pode surgir das mais diferentes fontes, sendo originada de uma situação 
pessoal, por exemplo, dívidas; originada de chefes que manipulam funcionários para o 
cometimento de irregularidades. Por exemplo: se você me ajudar, eu te promovo depois; e, 
até mesmo, em função de sentimentos subjetivos, como o de se sentir injustiçado ou pouco 
prestigiado na organização.
• Oportunidade: é a situação aleatória, muitas vezes não planejada, mas que propicia uma 
determinada açãoque parece absolutamente segura ao fraudador. Por exemplo: a oportunidade 
de ter algum lucro, que justifique o risco de cometer a fraude.
A figura a seguir representa essas quatro motivações no estudo desenvolvido por Perera, Freitas 
e Imoniana:
43
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Capacidade
Racionalização 58,7%
0 20% 40% 60% 80% 100%
58,7%
72,0%72,0%
86,0%86,0%
Pressão
Oportunidade
Figura 4 – Fatores que favorecem as fraudes
Observe-se que as quatro motivações estão representadas nos percentuais estabelecidos. 
Naturalmente, mais de uma motivação foi levada em conta nas ações de fraude.
Um ponto importante é a porcentagem maior obtida pela oportunidade: ou seja, independentemente 
de falhas nos controles administrativos. Por meio de falha operacional de sistemas, seja na oferta de 
colegas ou superiores, a oportunidade é a maior vertente no cometimento de fraudes, seguida por 
pressão e, empatados, a seguir, com capacidade e racionalização.
Ao gestor cabe acompanhar os processos organizacionais com o objetivo de buscar eventuais 
falhas que possam ensejar oportunidades de fraude.
 Lembrete
A oportunidade é a maior vertente no cometimento de fraudes, seguida 
por pressão e, empatados, a seguir, com capacidade e racionalização.
 Saiba mais
Algumas providências precisam ser tomadas nas empresas com o 
objetivo de desenvolvimento, busca de novas formas de ganhar dinheiro 
ou ampliação de atividades, no entanto elas podem confrontar leis 
específicas e gerar responsabilizações. Uma das grandes preocupações 
atuais é a relação com o meio ambiente. Leia o artigo a seguir para 
compreender melhor essa problemática.
DOMINGOS, I.; MACIEL-LIMA, S. O compliance e a responsabilização 
empresarial por dano ambiental. Percurso, Curitiba, v. 5, n. 36, p. 37-39, 
2020. Disponível em: https://bit.ly/3l9Qxp0. Acesso em: 11 mar. 2021.
44
Unidade II
Complementando as ponderações de Perera, Freitas e Imoniana (2014, p. 19), os autores também 
abordaram situações que podem estimular ou ensejar fraudes. Entre as mais encontradas estavam: 
conflito de interesses, desvios de vários tipos (como a receita de vendas, por exemplo), manipulação 
de documentos internos e externos e desembolsos fraudulentos.
Essas e outras situações relacionadas ensejam certas providências necessárias:
• Todos os procedimentos administrativos precisam passar por revisões periódicas. Os funcionários 
devem ser estimulados a reportar eventuais erros ou imperfeições, inclusive com premiação – 
se for o caso. Algumas organizações desestimulam tais críticas, pois acreditam que elas possam 
desmerecer aspectos administrativos ou de liderança. Ao desestimular a correção de erros, 
estimulam-se possíveis fraudes.
• O departamento jurídico da organização precisa acompanhar as revisões com o objetivo de auxiliar 
a prevenção de possíveis brechas capazes de originar ilicitudes administrativas ou ilegalidades.
• O trabalho do profissional da área deve ser prioritariamente preventivo. Quanto mais mecanismos 
que permitam a rastreabilidade de pessoas e de processos na organização, mais dificilmente as 
fraudes serão perpetradas. E, quando ocorrem, a investigação é mais facilitada.
A figura a seguir representa tais situações e a porcentagem específica atribuída a cada uma delas:
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90%
100%
66%
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os
ta
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56,4% 54,5%
41,0% 39,7%
33,3% 32,1%
28,8% 28,2%
16,7%
3,2%
Figura 5 – Situações que propiciam as fraudes
45
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Constam na sequência algumas situações que permitem a identificação da falta de controle 
adequado e, consequentemente, do estímulo a situações de fraude:
Controle de estoques
O controle de estoques é sempre desenvolvido por um princípio básico: o cômputo daquilo que 
entrou em detrimento do que saiu, gerando o resultado atualizado dos elementos que estão no estoque.
Contudo, é necessária uma fiscalização constante tanto nos processos de contagem da entrada e 
saída, como dos resultados apurados. Por exemplo, se em um determinado dia saíram 30 elementos do 
estoque, para onde foram? Foram utilizados no setor produtivo? Foram adquiridos por consumidores? 
A conferência dos resultados (produtos produzidos ou entrada de recursos relativos à venda dos itens) 
constitui elementos de verificação que devem sempre ser desenvolvidos.
 Lembrete
O controle de estoques é sempre desenvolvido por um princípio 
básico: o cômputo daquilo que entrou em detrimento do que saiu.
Controle de compras
Verificação dos processos que geraram as escolhas de fornecedores. Aspectos como qualidade, 
preço e adequação às necessidades da empresa e dos consumidores finais são sempre itens distintivos. 
A importância de tais verificações têm a ver tanto com aspectos de combate a possíveis fraudes como 
relacionam-se à competitividade de qualquer organização.
Outros aspectos devem ser identificados de acordo com:
• Tipo de empresa: indústria, comércio, prestadora de serviço, além de especificidades próprias 
de cada segmento.
• Tipo de atividade: algumas atividades exigem mecanismos de controle mais específicos, 
principalmente se a empresa desenvolve práticas em áreas sensíveis (como a indústria 
armamentista, de remédios especiais, nuclear, entre outras).
 Saiba mais
Com o objetivo de conhecer melhor os chamados psicopatas 
corporativos, leia o artigo na sequência:
TURRIONI, J. B.; SILVA, P. G. Psicopatas corporativos: eles existem e 
deterioram o clima organizacional. Research, Society and Development, 
v. 1, n. 1, p. 20-42, jan./jul. 2016.
46
Unidade II
4 ANÁLISE DO PERFIL PSICOLÓGICO DO AGENTE FRAUDADOR
Um dos pontos importantes no combate às fraudes corporativas é entender o perfil dos fraudadores. 
Netto (2018) lembra que: “existem dois principais tipos [de fraudadores], o predador e o oportunista, 
sendo que este pode ser acidental ou atuar de forma contínua”.
Observem-se algumas características de cada um deles:
 
O tipo predador, que age de forma estruturada e sistêmica, se caracteriza 
como uma pessoa que tem relacionamentos superficiais, é geralmente 
manipulador e narcisista. É frio, não sente culpa ou remorso e não é 
empático. Age impulsivamente e de forma imprudente, visto que corre 
riscos e toma decisões ousadas e ainda, não estabelece metas a longo 
prazo, segundo Robert Hare (2003). Por ter estas características, que são 
peculiares de um psicopata, este tipo de fraudador, não necessita de 
pressão nem de racionalização para a prática do crime. [...]
Já uma pessoa considerada por muitos como responsável e que exerce 
suas obrigações com integridade, pode fraudar por sucumbir à pressão, 
se houver uma oportunidade, porém, tenta racionalizar sua ação, ou seja, 
justificar seu ato. Este é tipo de fraudador oportunista, que pode cometer 
a fraude uma vez só ou de forma continuada, já que “não foi descoberto” e 
na maioria das vezes, não há punição, já que existe dificuldade em provar 
os atos fraudulentos dentro das organizações.
Tais avaliações devem ser permeadas pelo pessoal de recursos humanos, pelo departamento 
jurídico e, claro, pelo setor administrativo e gerencial. É importante lembrar que o acompanhamento 
das atividades e rotinas da organização é um compromisso permanente, haja vista que problemas de 
fraude podem se instalar de forma abrupta e inesperada.
O setor de RH pode e deve estabelecer uma série de providências que auxiliam na gestão de riscos 
relacionada às possíveis fraudes corporativas. Algumas providências são relacionadas por Netto(2018):
 
• Realização de treinamentos e capacitações com objetivo de 
qualificar e desenvolver habilidades e competências na prevenção e 
detecção de fraudes, motivar a cultura ética e proporcionar melhor 
relacionamento entre as pessoas.
• Segregação de função, rodízio de profissionais, de cargos ou de funções.
• Investigação social dos funcionários de áreas/setores sensíveis.
47
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
 Observação
Cada empresa tem suas especificidades relacionadas ao quadro 
de funcionários, às organizações internas, ao ambiente operacional 
e administrativo, entre outras vertentes. Soluções devem ser 
individualizadas para que possam atender ao perfil organizacional. 
Por exemplo, uma indústria metalúrgica que funcione 24h precisa 
disponibilizar uma agenda adequada a fim de que todos os funcionários 
possam ser treinados e conscientizados nos temas de compliance. 
Situação certamente diferente de um escritório de advocacia ou de 
uma clínica médica.
A melhor solução para a definição de critérios que atendam às 
necessidades de cada empresa é a reunião de vários componentes dos 
diversos setores para estabelecer as soluções adequadas para cada caso.
Outra referência importante no trabalho de Netto (2018) é uma pesquisa desenvolvida em 2014 
pela Association of Certified Fraud Examiner (ACFE), cujos resultados auxiliam na identificação do 
perfil dos fraudadores:
 
Uma pesquisa realizada pela ACFE em 2014 constatou que os colaboradores 
em geral e a média gerência respondem por 78,9% do volume de fraudes. Os 
altos executivos e/ou os proprietários são responsáveis por apenas 18.9% 
do número das fraudes, no entanto, os valores destas irregularidades são 
muito maiores. O autor da fraude tende a ser do sexo masculino, com 
idade entre 31 e 50 anos, porém quanto mais velho for o fraudador, maior 
o prejuízo. No que diz respeito à escolaridade, 47.3% tem curso completo 
universitário. Com relação aos departamentos envolvidos, 77% de das 
fraudes originam-se do departamento de contabilidade, operacional, 
vendas, executivo/alta gerência, atendimento ao cliente, compras ou 
financeiro e geralmente, trabalha junto à organização vítima por mais de 
1 ano e quanto mais antigo for o fraudador, maior o prejuízo.
De acordo com a pesquisa citada:
• Quase 80% das ocorrências de fraudes são protagonizadas pelo nível tático da organização 
(média gerência).
• O fraudador tende a ter entre 31 e 50 anos, sendo predominantemente do sexo masculino.
48
Unidade II
Alguns detalhes podem orientar um monitoramento mais estreito: por exemplo, mais de dois 
terços das fraudes (77%) têm origem:
• Contabilidade: setor que tradicionalmente desenvolve o balanço patrimonial e outros relatórios 
importantes, como os bens e as dívidas da organização.
• Operacional: departamento que desenvolve a produção, coordena a logística.
• Vendas: relaciona-se com compradores, estabelece contratos.
• Alta gerência: nível estratégico da empresa que decide os caminhos a serem percorridos pelos 
outros departamentos.
• Atendimento ao cliente: preocupa-se com as necessidades e desejos dos clientes desde a 
pré-venda, durante o processo de venda e a pós-venda.
• Compras: relacionam-se com fornecedores, estabelece contratos.
• Financeiro: recebe e paga contas, controla o dinheiro da organização, administra dívidas e/ou 
investimentos.
Cada um desses departamentos e setores tem a importância identificada no universo da 
organização. Dependendo do tamanho da empresa e da sua área de atuação, eles terão maior ou 
menor relevância.
Outras pesquisas foram desenvolvidas com o objetivo de identificar o perfil dos fraudadores. Por 
exemplo, para a KPMG Internacional,
 
o autor da fraude tende a ser do sexo masculino, com idade entre 36 e 55 anos, 
que trabalha junto à organização vítima por mais de seis anos, e que 
mantém uma posição executiva em operações, finanças ou gestão geral 
(MARAIS; OSTWALT, 2016, p. 7).
Em relação ao sexo, a pesquisa da KPMG citada por Marais e Ostwalt (2016) também aponta o 
sexo masculino como predominante, conforme a figura a seguir:
49
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Figura 6 – Gênero do fraudador (4% restantes sem informações de gênero)
Foram ainda pesquisadas as possíveis faixas etárias, expressas a seguir:
1% 
14%
37%
31%
8%
18-25
anos
26-35
anos
36-45
anos
46-55
anos
Acima de 
55 anos
Figura 7 – Idade do fraudador (9% restantes sem informações de idade)
Tanto nos aspectos idade como no gênero do fraudador, ambas as pesquisas apresentam dados 
bastante aproximados.
Observe-se, ainda, que tais pesquisas não devem servir para estabelecer quaisquer discriminações. 
O objetivo delas é orientar decisões administrativas e amealhar dados e informações que, depois de 
analisados, possam se transformar em conhecimento. Mas cuidado com as generalizações: nem todo 
indivíduo com a idade ou o sexo apontados como de maior incidência entre fraudadores pode ser 
considerado fraudador.
50
Unidade II
 Observação
A respeito da relação do fraudador com a empresa, Marais e Ostwalt 
(2016, p. 8) apresentam os seguintes dados por meio da pesquisa da 
KPMG que realizaram:
• 65% dos fraudadores são empregados pela organização vítima e um 
número adicional de 21% é composto de ex-empregados.
• Em 62% das fraudes, o autor compactuou com terceiros.
Também em relação à mesma pesquisa há dados que auxiliam na identificação do perfil de um 
possível fraudador (MARAIS; OSTWALT, 2016, p. 8):
Anos de trabalho na organização:
• Menos de um ano: 2%
• De um a quatro anos: 19%
• De quatro a seis anos: 14%
• Mais de seis anos: 38%
 Observação
Quando as pesquisas não apontam 100% significa que alguns fatos 
relacionados e abordados não continham o elemento pesquisado, como o 
gênero do fraudador identificado, a sua idade e/ou o seu tempo de empresa.
 Saiba mais
Para obter um enfoque maior em pesquisas sobre o perfil de 
fraudadores, leia os seguintes trabalhos:
MARAIS, P.; OSTWALT, P. Perfil global do fraudador: a tecnologia 
viabiliza e os controles deficientes estimulam a fraude. KPMG Consultoria 
Ltda., 2016. Disponível em: https://bit.ly/3bCbZjj. Acesso em: 11 mar. 2021.
NETTO, S. C. F. Fraude Corporativa, como prevenir. Gestão de Riscos, v. 123, 
jul. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3teo1W0. Acesso em: 11 mar. 2021.
51
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
4.1 Detecção e prevenção a fraudes
Deter e prevenir fraudes são atividades conexas. Em primeiro lugar, prevenir, que é tomar as 
providências possíveis para que as fraudes não consigam proliferar. Caso ocorra, apesar da prevenção, os 
sistemas de detecção precisam funcionar adequadamente, para interromper o quanto antes o processo 
fraudulento. Algumas ferramentas são fundamentais nesse processo, por exemplo, a auditoria interna:
 
O trabalho desenvolvido na auditoria interna serve como ferramenta 
gerencial, possibilita a eficiência dos demais controles da instituição. Nesse 
ponto fica evidente sua importância ao fomentar administradores em 
assistência e aconselhamentos. Com este fator chave, o núcleo gerencial 
tem mais clareza em quais passos dar para alavancar a instituição ou até 
mesmo onde retroceder, sem que prejudique delegações fiscais (DEZEN 
JUNIOR; BEDUSCHI; BORÇATO, 2018, p. 294).
Outro aspecto relevante nas organizações e que pode permitir a detecção e a prevenção de fraudes 
é a atividade de inteligência. Tal prática é baseada na produção de conhecimento desenvolvida 
como resultado da análise de dados e informações pertinentes a uma determinada área. Ela tem por 
objetivo subsidiar as decisões da alta direção. O conhecimento produzido pode, em tese, orientar 
ações profiláticas que previnam, evitem ou corrijam ações ilícitas.
 Lembrete
Deter e prevenir fraudes são atividades conexas.
Uma das áreas de atividade da inteligência é a contrainteligência, cuja finalidade é, conforme 
Espuny (2020, p. 216):
 
neutralizar o efeito de atividades que pretendam impedir o sucessoda 
organização, seja por meio de fraudes (ou outras práticas criminosas 
e/ou não éticas), seja por meio de atitudes indevidas produzidas por 
funcionários ou outros stakeholders.
Portanto, a auditoria constante e a atividade de inteligência são diferenciais importantes nas 
organizações que pretendam prevenir fraudes e detectá-las rapidamente. Os controles administrativos 
internos também se constituem em diferenciais importantes, contudo:
 
As constantes mudanças do mercado fazem que não haja, na mesma 
proporção, o acompanhamento dos controles e processos internos de uma 
organização, expondo-a à vulnerabilidade e ameaça de fraude. Assim, é 
necessária a vigilância rigorosa e oportuna das estruturas e dos processos 
de controle interno para coibir, detectar e responder de forma apropriada 
à ocorrência de fraudes (DAL MAGRO; CUNHA, 2017, p. 470).
52
Unidade II
Os meios utilizados pelos fraudadores são desenvolvidos rapidamente e nem sempre os controles 
internos conseguem se antecipar.
Comer (2011, p. 657-696) cita dezenas de estratégias de controle nas empresas. Além da 
inteligência, já citada, menciona outras, como:
• Avaliação de riscos: é uma ferramenta indispensável para a segurança de qualquer organização. 
Entender e estudar as vertentes de risco e conhecer as maneiras de evitar ou mitigar os riscos 
é fundamental. Além da análise de riscos, há estudos para lidar com os efeitos do problema, 
caso a situação de risco se instale. O gestor moderno precisa entender essa ferramenta e 
efetivamente aplicá-la.
• Resolução alternativa de litígios: uma forma de mediação coordenada pela própria empresa. 
Pode ser utilizada para encerrar determinados conflitos internos e, com isso, diminuir a tensão 
entre pessoas e/ou setores da organização.
Outras soluções também são propostas de acordo com o tamanho e a característica da 
organização. É necessário enfatizar novamente a importância da assessoria e do acompanhamento 
do departamento jurídico da organização ou do advogado contratado para desenvolver tal atividade.
 Saiba mais
A atividade de inteligência permite que as empresas estabeleçam 
estratégias adequadas para competir no mercado. Leia o artigo a seguir e 
conheça mais a respeito do tema:
RODRIGUES, L. C.; RISCAROLLI, V.; ALMEIDA, M. I. R. Inteligência 
competitiva no Brasil: um panorama do status e função organizacional. 
Revista Inteligência Competitiva, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 63-85, abr./jun. 
2011. Disponível em: https://bit.ly/3liw1m2. Acesso em: 11 mar. 2021.
O auditor interno, o investigador de fraudes corporativas e/ou o pessoal de governança corporativa 
compliance têm cada vez mais responsabilidades de observar eventuais evidências de fraudes ou de 
situações que possam ensejar fraudes. Para Dal Magro e Cunha (2017, p. 470),
 
o aumento na ocorrência de fraudes tem ampliado a responsabilidade do 
auditor interno sobre sua detecção e prevenção. Desse modo, os red flags 
são mecanismos que podem ser utilizados pelos auditores internos para a 
antecipação na detecção de possíveis fraudes.
O termo red flag que aparece na citação anterior, traduzido do inglês, significa – literalmente – 
“bandeira vermelha”. Para a área da segurança corporativa, esse termo sinaliza um alerta de que algo 
errado possa estar ocorrendo. Posteriormente, tal conceito será abordado e explicado em detalhes.
53
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Pereira e Nascimento (2005, p. 55) alertam que as formas de se detectar as fraudes corporativas 
estão arvoradas em quatro vertentes. Tais vertentes conseguem identificar e indicar para a devida 
apuração 92% das fraudes. Os 8% restantes representam fraudes não identificadas e, portanto, 
não apuradas. São elas:
• Utilização de procedimentos de auditoria: as auditorias podem e devem ser regulares. Não 
devem ocorrer quando há apenas suspeita de irregularidades. Podem acontecer auditorias 
regulares, feitas periodicamente, de forma rotineira e, também, as auditorias extraordinárias, 
promovidas em função de alguma irregularidade identificada ou de suspeita.
• Trabalhos de investigação: algumas investigações internas, geralmente motivadas por alguma 
informação de departamentos ou funcionários da própria organização, podem detectar fraudes 
em desenvolvimento ou já perpetradas. É importante que todo e qualquer funcionário, seja 
dos níveis estratégico, seja tático ou operacional, saiba que investigações e auditorias podem 
ocorrer a qualquer momento e que as satisfações pertinentes de suas atividades devem ser 
fornecidas sempre que solicitadas. A cultura organizacional precisa incorporar alguns valores 
como o da transparência e da necessidade de sempre apresentar satisfações das práticas. O 
trabalho na organização não pode envolver cultos à personalidade de quem quer que seja, pois 
o trabalho é coletivo e todos necessitam trabalhar de forma orgânica e coordenada. Essa visão 
já é suficiente para que o funcionário compreenda que pode ser inquirido a qualquer momento 
e tem de fornecer as explicações solicitadas.
• Uso de softwares específicos: as investigações e auditorias podem ser estimuladas e 
facilitadas com o uso de softwares adequados e pertinentes. Por exemplo, software que 
consiga relacionar dados e informações em torno de um determinado assunto ou que 
relacione fatos das diversas filiais da organização pode auxiliar bastante. O pessoal de 
Tecnologia da Informação (TI) consegue desenvolver softwares exclusivos que atendem as 
demandas específicas da organização. Por exemplo, se a empresa é do ramo de venda de 
cachorros-quentes e possui carrinhos para a venda, um software que pesquise as ruas mais 
violentas ajudaria no dia a dia dos vendedores.
A informatização em geral propicia ainda um controle maior de todas as atividades, haja vista a 
rastreabilidade possível nos sistemas informatizados, ou seja, a possibilidade de saber quem imputou 
determinado dado, em que horário específico e quem tinha autorização para fazê-lo.
 
Portanto, para evitar a ocorrência de ilícitos, cabe aos gestores investir cada 
vez mais na implantação de sistemas informatizados capazes de detectar 
a ocorrência de erros ou fraudes que prejudiquem o desenvolvimento da 
empresa, trabalhando sempre de forma preventiva, assim como colocando 
como princípio da sua empresa a ética e a moral, tanto para com os 
próprios gestores, como para os colaboradores. Essa visão deve fazer parte 
da história da empresa como sendo uma peça-chave para o crescimento 
mútuo (FREITAS; SENA, 2019, p. 590).
54
Unidade II
• Denúncias: muitas fraudes são identificadas e reprimidas através de denúncias. Um canal 
adequado pode ajudar na detecção e apuração das fraudes em geral. Um fator importante é a 
garantia de sigilo nos canais de denúncias, pois dificilmente um funcionário denunciaria um 
colega se não tivesse tal garantia. E essa situação não é incomum: quem efetivamente conhece 
o fraudador é – via de regra – aquele que trabalha com ele.
A figura a seguir representa tais situações:
Denúncias
16%
Uso de softwares 
específicos para 
a auditoria
27%
Utilização de 
procedimentos 
de auditoria
33%
Não apurou
8%
Trabalhos de investigação 
– Inquéritos/sindicância
16%
Figura 8 – Formas de detecção das fraudes
 Lembrete
A informatização em geral propicia ainda um controle maior 
de todas as atividades, haja vista a rastreabilidade possível nos 
sistemas informatizados.
É importante salientar que o encarregado por investigar fraudes deve compreender que muitas 
vezes as evidências não representam exatamente uma ocorrência de fraude. Por exemplo, denúncias 
anônimas muitas vezes surgem em função de desentendimentos entre funcionários, inveja ou outra 
motivação qualquer. Em função disso:
• A equipe de investigação deve manter sigilo sobre as apurações em curso.
• Os procedimentos devem ser organizados de forma que não intimidem ou causem 
constrangimento a nenhum funcionário ou colaborador.
• O envolvimento do departamento jurídico ou de advogado que assessorea empresa é 
fundamental nessas apurações.
55
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
 Observação
Além do departamento jurídico, é importante lembrar que, normalmente, 
quaisquer investigações envolvem conhecimentos variados, pois esses 
transitam nos diversos departamentos e/ou atividades da organização, 
como as áreas administrativa, operacional, produtiva, e, com especial ênfase, 
a área contábil, que pode subsidiar investigações pelos conhecimentos dos 
recursos da organização.
As organizações normalmente contam com sistemas de controle interno. Eles contribuem para que 
as atividades sejam fiscalizadas e não saiam dos padrões estabelecidos, além de propiciarem a detecção 
e prevenção de fraudes. Afora a auditoria interna já abordada, alguns dos principais sistemas são:
• Auditoria externa: é contratada com o objetivo de verificar se as informações e ações 
registradas na organização são corretas e confiáveis. Tais registros têm a ver, por exemplo, com 
a área contábil da empresa ou a vida financeira dela. O auditor externo é independente, não 
está vinculado à hierarquia da organização e por essa razão transforma a auditoria externa em 
um excelente sistema de controle interno.
No quadro a seguir constam as principais diferenças entre as auditorias interna e externa:
Quadro 5 
Auditoria interna Auditoria externa
A auditoria é realizada por um funcionário da empresa. A auditoria é realizada através de contratação de um profissional independente.
O objetivo principal é atender as necessidades da 
administração.
O objetivo principal é atender as necessidades de terceiros 
no que diz respeito à fidedignidade das informações 
financeiras.
A revisão das operações e do controle interno é 
principalmente realizado para desenvolver aperfeiçoamento 
e para induzir ao cumprimento de políticas e normas, sem 
estar restrito aos assuntos financeiros.
A revisão das operações e do controle interno é 
principalmente realizado para determinar a extensão do 
exame e a fidedignidade das demonstrações financeiras.
O trabalho é subdividido em relação às áreas operacionais e 
às linhas de responsabilidade administrativa.
O trabalho é subdividido em relação às contas do balanço 
patrimonial e da demonstração do resultado.
O auditor diretamente se preocupa com a detecção e 
prevenção de fraude.
O auditor incidentalmente se preocupa com a detecção 
e prevenção fraudes, a não ser que haja possibilidade de 
substancialmente afetar as demonstrações financeiras.
O auditor deve ser independente em relação às pessoas cujo 
trabalho ele examina, porém subordinado às necessidades e 
desejos da alta administração.
O auditor deve ser independente em relação à 
administração, de fato e de atitude mental.
A revisão das atividades da empresa é contínua.
O exame das informações comprobatórias das 
demonstrações financeiras é periódica, geralmente 
semestral ou anual.
Adaptado de: Lisboa (2015).
56
Unidade II
• Compliance: outra ferramenta importante de controle interno. Ela será analisada posteriormente 
com o conceito de governança corporativa.
• Canal de denúncias: conforme já comentado, o canal de denúncias é importante na medida em 
que disponibiliza um meio de comunicação entre o denunciante e a organização. Antigamente 
era normal a utilização de uma linha telefônica para tal fim. Hoje em dia é possível disponibilizar 
outros meios, por exemplo, um e-mail. Ressalte-se que o fator mais importante é a garantia 
absoluta de sigilo. Caso um denunciante seja identificado sem que ele queira ser revelado, tal 
ferramenta perde sua credibilidade.
• Comitê de auditoria: de acordo também com o que já foi citado, o comitê de auditoria 
pode ter outros nomes, por exemplo, comitê de compliance ou, ainda, comitê de controle 
interno. Independentemente da nomenclatura, o conceito seria o de um grupo de pessoas da 
organização que possa planejar, organizar e implantar investigações internas. Os componentes 
devem representar cada setor da empresa nas investigações. Nesse contexto, a participação de 
um advogado especializado na área ou do departamento jurídico da companhia (se for o caso) 
garantem que todas as providências estejam dentro de parâmetros legais.
• Gerência de controles internos: pode haver, ainda, uma gerência ou diretoria específica de 
controles internos. Nesta seara uma instância não anula necessariamente a outra: o comitê 
pode ser responsável pelas decisões estratégicas e a gerência, pelas providências operacionais. 
Enfim, tais disposições dependem fundamentalmente das características da empresa, como 
porte, número de funcionários, especificidades técnicas, entre outras.
A figura a seguir sintetiza o sistema de controles internos:
Auditoria 
interna
Sistema 
de controles 
internos
Canal de 
denúncias
ComplianceComitê de auditoria
Auditoria 
externa
Ger. de 
controles 
internos
Figura 9 – Sistema de controles internos
57
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
 Saiba mais
A fim de entender na prática como prevenir e detectar fraudes, leia:
SILVA, C. A. et al. Consciência, prevenção e detecção contra fraude: estudo 
com auditores internos e contadores do setor público brasileiro. In: USP 
CONFERENCE IN ACCOUNTING. 10., 2020, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: 
USP, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3eGEBtL. Acesso em: 11 mar. 2021.
Outras providências podem ajudar o controle interno. Por exemplo, o rodízio de empregados 
(conforme a área e as possibilidades do contexto da organização) pode trazer a ideia de que a atividade 
e o setor são da empresa e não de algum grupo específico, evitando que atitudes corporativas de 
maus funcionários busquem atitudes ilícitas para prejudicar outros.
Outra vertente interessante é a assistência a funcionários. Problemas como endividamentos ou 
carências emocionais, por exemplo, quando apoiados com ajuda específica da empresa, podem fazer 
com que as possibilidades de fraude sejam efetivamente menores.
A figura a seguir mostra possíveis providências elencadas, como a instituição de um código de 
conduta na empresa e a recompensa para denunciantes. Pode-se recompensar e, se necessário, manter 
também o sigilo.
Auditoria externa s/demonstrações financeiras
Recompensa para denunciantes
Comitê de auditoria
Treinamento de combate a fraudes
Auditoria surpresa
Auditoria interna
Auditoria investigativa
Monitoramento de transações suspeitas 86,8%86,8%
80,7%80,7%
79,8%79,8%
79,7%79,7%
75,8%75,8%
75,7%75,7%
74,8%74,8%
70,0%70,0%
69,8%69,8%
65,0%65,0%
61,5%61,5%
55,5%55,5%
55,5%55,5%
52,8%52,8%
45,0%45,0%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Programas de assistência a empregados
Código de conduta
Rodízio de empregados (job rotation)
Política antifraude
Revisão gerencial dos processos
Avaliação de risco de fraude
Canal de denúncias
Figura 10 – Probabilidade de mitigar fraudes
58
Unidade II
A figura anterior apresenta uma pesquisa realizada com 156 profissionais de controle interno e 
a pergunta que gerou os percentuais apontados no gráfico foi qual seria o melhor meio de mitigar a 
probabilidade de ocorrência de fraude (PERERA; FREITAS; IMONIANA, 2014, p. 20). Os respondentes 
poderiam selecionar mais de um item. Observe-se que os oito primeiros itens têm relevância, na 
opinião dos respondentes, em mais de 70%.
Por fim, é sempre importante relembrar que o controle interno é consequência da complexidade 
das organizações modernas. Enquanto as empresas eram pequenas, os próprios donos ou seus 
administradores, em tese, conseguiam estabelecer controles eficientes. Contudo, a partir do 
crescimento das organizações, o controle interno passou a demandar outras providências:
 
Com o crescimento das organizações e também da sua complexidade, 
ocorreu o distanciamento do administrador na execução do processo 
administrativo, tendo o mesmo que descentralizar e delegar poderes, 
implantando um sistema de controle interno para garantir a eficiência das 
operações. Através do plano de organização, pode se elaborarum sistema de 
controle, com características, classificações e etapas apresentadas a seguir.
O Controle Interno está dividido em duas modalidades: Controle 
Administrativo que visa à eficiência operacional e a adesão política 
estabelecida pela organização, através de procedimentos e registros que 
se referem aos processos de decisão ligados à autorização de transações 
pela administração. E o Controle Contábil, está ligado diretamente aos 
procedimentos e métodos relacionados na proteção do ativo e à veracidade 
dos registros contábeis (LIMA et al., 2012, p. 8).
O profissional da área deve priorizar o controle interno como forma de valorizar a instituição, tanto 
em relação ao público externo quanto à sociedade, criando e mantendo a credibilidade no mercado.
 Resumo
Na presente unidade apresentamos os ambientes e fatores favoráveis a 
golpes corporativos, enfocando motivações como a de caráter financeiro, 
insatisfações pessoais e os psicopatas corporativos. Vimos também 
outros fatores, como a capacidade dos que desenvolvem a fraude, a 
racionalização, a pressão e a oportunidade são determinantes no processo 
de fraude, bem como alguns exemplos que ilustraram tais situações.
Na sequência, analisamos o perfil do fraudador. Aspectos como 
idade, gênero e tempo de empresa foram discutidos, fundamentados em 
pesquisas desenvolvidas por especialistas da área. Identificamos ainda 
que a maioria das fraudes tem origem no nível tático da organização.
59
AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Por fim, abordamos vertentes de detecção e prevenção a fraudes, 
como ferramentas indispensáveis, por exemplo; as auditorias interna 
e externa (assim como a diferença ente elas); o comitê de auditoria; 
o canal de denúncias; a gerência de controle interno; entre outros. 
Apresentamos uma pesquisa desenvolvida com profissionais de controle 
interno, que elencaram as providências mais pertinentes para mitigarem 
as ocorrências de fraude.
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto a seguir.
Operação que investiga fraudes em concursos prende servidor público de Perobal
Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, sendo um contra um empresário e outro 
contra o servidor público municipal de Perobal
Postado em: 18/12/2020 às 15:14
Figura 11 – Um dos favorecidos teria sido o próprio servidor investigado que, em contrapartida a uma 
licitação vencida pela empresa, veio a ser aprovado em primeiro lugar em um dos processos seletivos
O Ministério Público do Paraná deflagrou nesta sexta-feira (18) a Operação Gabarito, que investiga 
fraudes em concursos públicos e licitações em diversos municípios da região Noroeste, com possível 
envolvimento do Consórcio Intermunicipal de Urgência e Emergência do Noroeste do Paraná (Ciuenp), 
responsável pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) da região.
A ação é conduzida pelo Núcleo de Umuarama do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio 
Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) e pelo Núcleo de Cascavel do Grupo 
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Unidade II
de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em conjunto com a 5ª Promotoria de 
Justiça de Umuarama.
Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, sendo um contra um empresário e outro 
contra um servidor público municipal de Perobal. Também foram executados três mandados de busca 
e apreensão, sendo um no gabinete do servidor e outros dois na residência e no escritório comercial 
do empresário. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Umuarama.
Investigações
De acordo com as investigações do MPPR, editais de licitações continham cláusulas que restringiam 
a concorrência e eram manipulados pelos investigados e, eventualmente, por outros envolvidos, de 
modo a favorecer a empresa para torná-la vencedora dos certames. Em contrapartida, a instituição 
beneficiada asseguraria vagas em cargos públicos para pessoas indicadas. Um dos favorecidos teria 
sido o próprio servidor investigado que, em contrapartida a uma licitação vencida pela empresa, veio 
a ser aprovado em primeiro lugar em um dos processos seletivos.
A apuração demonstrou que, entre 2013 e 2019, a empresa investigada celebrou pelo menos 
33 contratos com o poder público, que garantiram retorno financeiro de R$ 2.205.204,75.
Disponível em: https://bit.ly/3fG7p69. Acesso em: 12 jan. 2021.
Com base na leitura, avalie as asserções e a relação entre elas.
I – As investigações do MPPR sugerem que houve manipulação nas regras presentes nos editais 
de licitações com a intenção de favorecer determinada empresa.
Porque
II – As empresas favorecidas nas licitações garantiam que os envolvidos nas fraudes (ou pessoas 
por eles indicadas) ganhariam vultosos valores em espécie.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II justifica a I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não justifica a I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
Resposta correta: alternativa C.
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AUDITORIA E INVESTIGAÇÕES SOBRE FRAUDES
Análise da questão
Justificativa: segundo o texto, “de acordo com as investigações do MPPR, editais de licitações 
continham cláusulas que restringiam a concorrência e eram manipulados pelos investigados e, 
eventualmente, por outros envolvidos, de modo a favorecer a empresa para torná-la vencedora dos 
certames”. No entanto, é dito que “em contrapartida, a empresa beneficiada asseguraria vagas em 
cargos públicos para pessoas indicadas”.
Questão 2. (UFG 2010, adaptada) A auditoria interna, encarada como um controle gerencial 
que funciona medindo e avaliando a eficiência dos outros controles existentes, permite fornecer 
assistência e aconselhamento a todos os níveis da empresa, o que é praticado por intermédio de:
A) Avaliação do controle interno.
B) Execução das técnicas de auditoria.
C) Recomendações e sugestões.
D) Programas de treinamento.
E) Novas contratações.
Resposta correta: alternativa C.
Análise da questão
Justificativa: a realização da auditoria interna é uma prática fundamental para a entidade e visa 
auxiliá-la nas atividades de gestão por meio de orientações, recomendações e sugestões. Podemos 
dizer que esse tipo de auditoria funciona como uma espécie de assessoria à gestão institucional.

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