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Hipertensão e Insuficiência Cardíaca Visão Geral da Circulação: Biofísica; Pressão; Fluxo e Resistência FUNÇÃO : suprir necessidades corporais através do transporte de nutrientes, eliminação de resíduos, levar hormônios de partes do corpo p/ outras e manter o ambiente apropriado em todos os líquidos teciduais do organismo. A intensidade do fluxo sanguíneo é controlada em resposta a necessidades dos nutrientes, e responde à mecanismo de controle do volume e do fluxo sanguíneo. CARACTERÍSTICAS : ➤ Artérias: ↑ pressão p/ tecidos; ↑ velocidade do fluxo; ↑ musculatura da paredes vasculares ➤ Veias: ↓ pressão; ↓ musculatura das paredes, porém com capacidade de contração e dilatação; ↑ reservatório de sangue DISTRIBUIÇÃO DO VOLUME SANGUÍNEO: ➤ 84% circulação sistêmica: desses 64% nas veias; 13% nas artérias; 7% nas arteríolas e capilares sistêmicos. ➤ 16% coração e pulmões: desses 7% no coração e 9% nos vasos pulmonares. Apesar do baixo volume sanguíneo nos capilares, é nele que ocorre a difusão de substâncias do sangue e tecidos. Sendo a velocidade do fluxo sanguíneo, o fluxo de volume de sangue que passa pelo segmento da circulação a cada min, pelo área de secção transversa vascular: F A V : / DIFERENÇAS DE PRESSÕES NAS CIRCULAÇÕES: ➤ À medida que o sangue flui da circ. sistêmica, saindo do ventrículo esquerdo para aorta com pressão de 120 mmHg, sua pressão cai progressivamente até atingir o final da veia cava onde a pressão é cerca de 0 mmHg, que desaguam no átrio direito. ➤ Existe uma diferença de pressão no vasos, por exemplo, nos capilares sistêmicos, em que na extremidade arteriolar tem valores mais aumentados, cerca de 35 mmHg, enquanto na extremidade venosa cerca de 10 mmHg, com valor médio de 17mmHg, essa diferença de pressão auxilia na difusão dos nutrientes na região venosa. Já a pressão média nos capilares pulmonares é cerca de 7 mmHg, de acordo com as necessidades pulmonares de expor o sangue dos capilares ao oxigênio e por isso requer uma passagem mais “lenta”. PRINCÍPIOS DA FUNÇÃO CIRCULATÓRIA: ➤ Intensidade ou Velocidade: Controlado em relação às necessidades teciduais ; Os microvasos monitoram a disponibilidade de O2 e de nutrientes, o acúmulo de CO2 e outros produtos do metabolismo, agindo diretamente sobre os vasos sanguíneos locais dilatando-os ou contraindo-os. ➤ Débito Cardíaco: Controlado pela soma de todos os fluxos teciduais locais, após fluir por um tecido, o sangue retorna de imediato pelas veias para o coração, assim, ele responde de forma autônoma às demandas dos tecidos. ➤ Regulação da PA: Geralmente, independente do fluxo local ou do débito. Controlado também pela divisão do sistema nervoso o qual atua de forma: (a) aumentar a força do bombeamento cardíaco, (b) causando constrição dos grandes reservatórios venosos e (c) causando constrições generalizadas. Normalmente, o mecanismo de controle neural é de resposta imediata, enquanto os rins exercem controle em períodos mais extensos, como horas, dias ou semanas. O FLUXO SANGUÍNEO: o fluxo sanguíneo de um vaso é determinado pela (a) diferença de pressão sanguíneas entre as duas extremidades do vaso (determina a intensidade/velocidade do fluxo ) - “gradiente de pressão”, força que impulsiona o sangue pelo vaso e (b) resistência vascular - impedimento ao fluxo pelo vaso. Significa a quantidade de sangue que passa por um determinado ponto da circulação durante um intervalo de tempo, expresso em mL/min ou L/min, sendo o fluxo sanguíneo local cerca de 5.000 mL/min, configurando o débito cardíaco. Considerando que débito cardíaco é a capacidade de ejeção do ventrículo esquerdo por minuto, está relacionado com a frequência cardíaca. ébito Cardíaco Fc (70bpm) x V s (70ml) 4.900 mL min ≃ 5L min D : = / / ➤ Pressão Sanguínea: representa a força exercida pelo sangue contra qualquer unidade de área de parede vascular. ➤ Resistência ao Fluxo Sanguíneo: é o impedimento ao fluxo sanguíneo pelo vaso. ➤ Condutância: é a medida do fluxo sanguíneo por um vaso sob dada diferença de pressão, sendo que variações no diâmetro do vaso provocam grandes alterações na capacidade de conduzir o sangue quando o fluxo sanguíneo é laminar. O sangue que toca a parede do vaso quase não flui devido a sua aderência ao endotélio, o anel seguinte flui de forma mais rápida, e assim sucessivamente. Assim, o sangue mais próximo à parede vascular flui em velocidade baixa, enquanto o mais distante em velocidade alta. GUYTTON, HALL. Tratado de Fisiologia Médica . Unidade IV, capítulo 14. Disfunção Endotelial e Hipertensão Arterial A Disfunção Endotelial (DE) caracteriza qualquer alteração de atividade normal do endotélio incluindo atividade vasomotora, proliferação celular, adesão/agregação plaquetária, permeabilidade vascular e a interação leucócitos–parede vascular. Contudo, em repouso o leito arterial exibe um estado basal de vasoconstrição (tônus vascular) modulado por mecanismos de controle central (sistema nervoso–simpático), periférico (sistema renina–angiotensina–aldosterona) e o mecanismo local (endotelial), cuja potência é superior às anteriores. DE na hipertensão está relacionada à ⇩ diminuição da biodisponibilidade de NO (óxido nítrico) por ⇩ redução da síntese e liberação pela sintase endotelial do óxido nítrico (eNOS) influenciada por fatores genéticos e ambientais como hipóxia, hipofluxo, forças de cisalhamento, redução do substrato L-arginina e seus cofatores, ou inativação do NO resultado da sua ligação com diferentes moléculas como hemoglobina, albumina e, principalmente, sua interação com espécies reativas de oxigênio (estresse oxidativo). → A DE na hipertensão pode estar associada à liberação de substâncias vasoconstritoras derivadas do endotélio como tromboxano-A2 , prostaglandina-H2 , endotelina-1 e angiotensina-II. I - O endotélio: É uma monocamada contínua de células endoteliais localizadas entre as paredes do vaso e o conteúdo intravascular, proporciona superfície vascular interna não trombogênica, com capacidade de monitoração, integração e tradução de sinalizações pela expressãodos receptores de superfície (tirosina quinase, proteína G quinase e integrinas) para várias substâncias como citocinas, interleucinas 1α e 1ꞵ (IL-1α e IL-1ꞵ);TNF α; IFN Ƴ; fator transformador de crescimento ꞵ (TGF ꞵ); fator de crescimento fibroblástico (FGF); molécula-1 de adesão vascular (VCM-1); fator endotelial de crescimento vascular (VGEF); fator de permeabilidade vascular, insulina, produtos bacterianos, endotoxinas, que regulam a resposta tecidual. (1) Ação antitrombótica: a propriedade antitrombótica do endotélio é mediada pela síntese de óxido nítrico, o qual por sua vez, tem uma grande capacidade na inibição da agregação, adesão e ativação de plaquetas , interage com os sistemas fibrinolíticos e substâncias trombogênicas, como fatores de coagulação, moléculas de adesão, inibidor do ativador de plasminogênio (PAI-1) e tromboxano A2 (TxA2). (2) Ação inibidora da proliferação celular: o endotélio participa da inibição da proliferação das células da musculatura lisa, impedindo a sua migração através da síntese de NO, que inibe a proliferação vascular, secreção de fatores de crescimento e outras citocinas capazes de exercer controle autócrino e/ou parácrino da multiplicação celular (3) Ação de degradação e transformação metabólica: o endotélio participa da degradação e transformação metabólica de numerosos fármacos endógenos capazes como norepinefrina, 5-hidroxitriptamina, prostaglandinas E e F, leucotrienos, nucleotídeos de adenina, adenosina e outros. O mecanismo vasodilatador do endotélio é mediado por subst. vasoativas: Óxido Nítrico (NO); Prostaciclina (PGI2), bradicinina, fator hiperpolarizante derivado do endotélio (EDHF); peptídeo natriurético-C, metabólitos das monooxigenases. O mecanismo vasoconstritor do endotélio é mediado por: angiotensina II; cininase II (atua na degradação da bradicinina e conversão da angiotensina I em II ) → Bradicinina atua como indutor da liberação endotelial de NO, prostaciclina e fator hiperpolarizante derivado do endotélio. → Enzima conversora de endotelina (ECE) produz um potente vasoconstritor, a endotelina-1 (ET-1). → Outras moléculas vasoconstritoras são o: Tromboxano (TxA2) e o endoperóxido (PGH2) A ativação endotelial também é mediada por estímulos bioquímicos e biomecânicos (pressão hidrostática, estiramento cíclico e “forças de cisalhamento”). II - Disfunção Endotelial Caracteriza-se como qualquer forma de alteração da atividade normal do endotélio como as alterações da resposta vasomotora, proliferação vascular, adesão e agregação de plaquetas, da permeabilidade vascular, interação de leucócitos com a parede vascular. 1ª alteração funcional detectável na evolução da doença asterosclerótica que apresenta relação com eventos CV. Associada a aterosclerose e doença cv, observada em pacientes hipertensos, tabagistas, tabagistas passivos, portadores de dislipidemia, diabetes, obesidade, hiperhomocisteinemia, envelhecimento, doenças inflamatórias e infecciosas. Pode ser caracterizada também a partir dos desequilíbrios entre substâncias vasodilatadoras e vasoconstritoras que afetam a função vascular. Sua manifestação é conceituada pela a. diminuição da biodisponibilidade de NO, b. secundária a redução da síntese da enzima sintese endotelial do óxido nítrico (eNOS) ou c. o aumento da degradação por espécies reativas a oxigênio (ERO). a. redução da biodisponibilidade de NO, pode ser consequência de: → DIMINUIÇÃO da atividade da eNOS → ADMA: encontra-se presente em: hipercolesterolemia (alto nível de colesterol no sangue), hipertensão arterial, insuficiência renal; sendo um preditor de eventos coronários agudos e mortalidade cv. Ela é degradada pela enzima dimetil-arginina--dimetil-amino-hirolase (DDAH) e eliminada via secreção renal, contudo é sensível ao estresse-oxidativo, o que é responsável pela elevação de ADMA. → ESTRESSE OXIDATIVO: condições que aumentam de espécies reativas ao oxigênio, radicais livres ou "oxidantes"; essas moléculas são produtos intermediários do O2 e água H2O e compreendem dois grupos os radicais livres (SO- ; OH- ; NO) e os derivados não radicais (ONOO ; H2O2) → INATIVAÇÃO: de NO em consequência da ligação a várias moléculas como hemoglobina, albumina e principalmente interações com espécies reativas a O2 (ânions superóxido) III - Disfunção Endotelial e Hipertensão Arterial O leito arterial exibe em um estado basal de vasoconstrição denominado tônus vascular. E, dessa forma, indivíduos hipertensos possuem alteração na função vasomotora. O endotélio também faz parte da fisiopatogenia da hipertensão e, a diminuição da biodisponiblidade de NO é o principal marcador dessa alteração funcional. A disfunção endotelial pode estar associada à liberação de subst. constritoras como tromboxano A2, prostaglandina H (PGH2), ET-1 e angiotensina II. Hipertensão arterial primária, hipertensão renovascular, hipertensão maligna e pré-eclâmpsia são condições associadas ao aumento de eROS (e consequentemente inativação do NO). O estresse oxidativo é causado pela redução da biodisponibilidade de NO, ademais a presença de fatores de risco estimulam a liberação de substâncias vasoconstritoras derivadas do ciclo da COX, contribuindo para a sustentação da DE. Alterações das propriedades estruturais e funcionais da parede vascular modificam as propriedades visco-elásticas do leito arterial, fato que pode conduzir à rigidez vascular. O enrijecimento da parede arterial ocorre devido a uma complexa interação entre fatores genéticos, metabólicos, hormonais e exposição a fatores de risco cardiovascular. A modulação fisiopatológica desse equilíbrio é mediada por um balanço entre a produção e degradação de elastina e colágeno influenciados por fatores pró-inflamatórios, ação de metaloproteinases e de fatores reológicos. Nesse contexto, apesar de não ser o único contribuinte, a função endotelial desempenha um papel importante na fisiopatogenia do enrijecimento da parede arterial. Artigo: Disfunção Endotelial e Hipertensão Arterial , Yugar-Toledo JC, Yugar LBT, Tácito LHB, Vilela-Martin JF, Rev Bras Hipertensão, 2015. Disponível em: < Disfunção Endotelial e Hipertensão Arterial > Pressão Arterial e Dano Vascular1. Introdução: Valores de pressão arterial (PA) elevados são associados à risco para cardiopata isquêmica, acidente vascular encefálico (AVE), doença renal crônica (DRC) e mortalidade precoce. Considera-se hipertensão arterial (HA), valores acima de 140/90 mmHg. Entretanto, estudos recentes indicam que o risco inicia-se com valores de PA tão baixos quanto 115 mmHg de PA sistólica (PAS) ou 75 mmHg de PA diastólica (PAD), dobrando a cada 20 mmHg de elevação da PAS ou 10 mmHg de PAD. https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/881232/rbh_v22n3_84-92.pdf https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/881232/rbh_v22n3_84-92.pdf Sendo assim, são considerados hipertensos indivíduos com níveis de PA > 140/90 mmHg , e indivíduos com PAS entre 120 e 139 mmHg e PAD 80 a 89 mmHg são classificados como portadores de PA normal ou pré-hipertensos, possuindo maior risco cardiovascular em comparação com a PA ótima ou normal. A pré-hipertensão (sistólica entre 130-139 mmHg e diastólica entre 85-89 mmHg) apresentam um maior risco vascular, assim como, indivíduos com PAS entre 120-139 mmHg e PAD 80-89 mmHg. Além disso, a pré-hipertensão aumentou em 40% o risco total de doenças, sendo que 12,09% das doenças CV; 13,26% das doenças coronarianas; 24,60% infartos do miocárdio (IAM); e 19,15% dos AVE, poderiam ser prevenidos caso controle efetivo. Exames são capazes de analisar o impacto da PA sobre o vaso, assim como, o dano vascular nesses indivíduos como a dilatação mediada pelo fluxo (DMF) - verifica a função endotelial; a velocidade de onda de pulso (VOP) e o índice tornozelo-braquial (TB) - o qual confere a camada média arterial. Os aspectos importantes a serem analisados no estudo da PA são: risco cardiovascular , disfunção endotelial (dano camada endotelial vascular) e rigidez arteria l (dano camada média vascular). 2. Pressão Arterial, Inflamação e Disfunção Endotelial A HA e suas complicações implicam diretamente na disfunção endotelial ( ⇩ baixa disponibilidade de óxido nítrico (NO) e consequentemente o desequilíbrio local entre fatores de relaxamento e constrição das arteríolas). A disfunção endotelial decorre do desequilíbrio entre a produção de NO pela sintase endotelial (eNOS) ou a transformação do NO no radical livre peroxinitrito (NOO-). Nesse caso, a vasodilatação mediada por peptídeos, como a bradicinina e angiotensina 1-7, é prejudicada, o que leva ao aumento da resistência vascular periférica e à alteração da permeabilidade endotelial . O quadro inflamatório crônico em pacientes com HA, devido ao aumento na produção de citocinas pró-inflamatórias (moléculas de adesão leucocitária, endotelina-1, angiotensina II) reduz a expressão da eNOS, enquanto o aumento do estresse oxidativo acelera a degradação de NO . A ⇩ baixa disponibilidade local de óxido nítrico (NO) aumenta o tônus da musculatura lisa da camada média e aumenta a permeabilidade do endotélio . Esse processo facilita a passagem de lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c) para o espaço subendotelial, o que representa o evento inicial do desenvolvimento da aterosclerose . Diante disso, a disfunção endotelial é a raiz de duas doenças crônicas que geralmente caminham juntas: a HA e a aterosclerose. Sendo assim, a identificação do grau de disfunção endotelial é importante no curso clínico da HA. No aspecto bioquímico, a proteína C-reativa (PCR) ultrassensível representa um marcador adequado para a disfunção endotelial. 3. Pressão Arterial e Rigidez Arterial O dano vascular presente em HA é avaliado a partir de danos que envolvem alterações na microvasculatura, aterosclerose, aumento da rigidez arterial e disfunção endotelial. A idade tem impacto nas artérias proximais (centrais), predominantemente elásticas, do que nas artérias periféricas predominantemente musculares . As artérias centrais ficam mais rígidas conforme a idade, enquanto as musculares sofrem menos alterações. Com a idade ocorre também a fragmentação da elastina e a deposição do colágeno, acompanhada do depósito de cálcio na camada média arterial com consequente aumento da rigidez arterial. O aumento da PA resulta em hipertrofia da camada média da parede arterial, por promover alterações quantitativas e qualitativas de seus componentes (elastina, colágeno e células musculares lisas) que levam a adaptações mecânicas. A hipertensão arterial acelera o envelhecimento vascular , em resposta microbiológica local ao aumento do estresse induzido pelo aumento da PA e da rigidez arterial como consequência. ❖ A hipertrofia adaptativa da musculatura lisa das paredes das arteríolas e, posteriormente, da musculatura do ventrículo esquerdo, desempenham papel importante na amplificação dos estímulos tanto pressores como inotrópicos. Assim, a resposta hemodinâmica representada por variações da resistência vascular sistêmica e da pressão arterial a influências constritoras (drogas ou estímulos nociceptivos) ou dilatadoras (drogas) é sempre mais pronunciada no paciente hipertenso do que no normotenso. Da mesma maneira, o estado inotrópico do ventrículo esquerdo em resposta a catecolaminas é superior no hipertenso com relação ao normotenso. 4. Manifestações clínicas: Pacientes geralmente, apresentam-se com alguma combinação de dispneia, fadiga, sobrecarga de volume, hipotensão e disfunção de órgãos-alvo. O primeiro objetivo no seu manejo é aliviar os sintomas, especialmente em pacientes que têm sinais de congestão. Muitas vezes os pacientes precisam usar musculatura acessória para respirar. Os objetivos do tratamento médico são para trazer o enchimento ventricular para pressões abaixo da faixa normal e otimizar. A ortopneia e dispneia paroxística noturna são os achados mais específicos para diagnóstico de ICAD. Os pacientes podem evoluir com hipotensão ou valores de pressão convergentes com má-perfusão periférica, presença de B3 ou B4 e ritmo de galope pode ocorrer e novos sopros cardíacos podem ocorrer. Sinais de edema periférico como edema de membros inferiores e estase venosa jugular podem ocorrer. Ao exame físico, estertores crepitantes são frequentes e se ocupam todos os campos pulmonares sugerem congestão significativa, ospacientes podem apresentar sibilância por edema peribronquiolar simulando asma e outras causas de broncoespasmo. Em casos extremos os pacientes apresentam hipotensão e má-perfusão de órgãos-alvo com livedo reticular e cianose de extremidades. Os pacientes, conforme suas manifestações, podem ser divididos em 4 perfis clínicos, são estes: Perfil A: sem congestão em repouso e sem má-perfusão tecidual (quente e seco); Perfil B: congestão em repouso, mas sem má-perfusão tecidual (quente e úmido); Perfil C: má-perfusão tecidual e com congestão (frio e úmido); Perfil D: má-perfusão tecidual e sem congestão (frio e seco). Em sua forma mais grave os pacientes apresentam quadro de edema agudo de pulmão ou choque cardiogênico. 5. Diagnóstico e Classificação: A avaliação inicial de um paciente com a HA inclui confirmação do diagnóstico, a suspeita e a identificação de causa secundária, além da avaliação do risco cv. São considerados hipertensos os indivíduos que estão com PAS≥ 140 mmHg e/ou PAD≥ 90 mmHg. Define-se a classificação com o nível mais elevado de PA, sistólica ou diastólica. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 Barroso et al. Disponível em: < Diretrizes Brasileiras da HA, 2020 > Insuficiência Cardíaca A insuficiência cardíaca está relacionada com a falência do coração, pode resultar de condições cardíacas que reduzem a capacidade de bombeamento do sangue pelo coração. A causa é normalmente a contratilidade diminuída do miocárdio, resultando do fluxo sanguíneo coronariano diminuído; também pode ser causado por lesão das valvas cardíacas, pela pressão externa em torno do coração, pela deficiência de vitamina B, doença muscular cardíaca, ou qualquer anormalidade que o faço como uma bomba ineficaz. Considerando a insuficiência cardíaca causada por cardiopatia isquêmica resultante do bloqueio parcial dos vasos sanguíneos. Efeitos Agudos da IC moderada: Em uma lesão de origem súbita, como no infarto do miocárdio, a capacidade de bombeamento é reduzida de imediato ocasionando dois efeitos: (1) redução do débito cardíaco (2)acúmulo de sangue nas veias, resultando em aumento da pressão venosa. https://abccardiol.org/wp-content/uploads/articles_xml/0066-782X-abc-116-03-0516/0066-782X-abc-116-03-0516.x44344.pdf O DC no ponto A é normal, com cerca de 5L/min e pressão arterial direita 0 mmHg, após ser lesionado o coração passa a ter baixo DC e a pressão atrial direita sobe para 2 mmHg. Nesse momento, ativa-se mecanismos de controle neural da pressão arterial e fluxo sanguíneo. Compensação da IC pelos Reflexos Nervoso Simpáticos O reflexo mais barorreceptor, ativado pela baixa da pressão arterial. O reflexo quimiorreceptor, a resposta isquêmica do snc e os reflexos que se originam do coração lesionado contribuem para ativar o sistema nervoso simpático. Nesse momento os sinais parassimpáticos são inibidos. Os efeitos da estimulação simpática sobre a circulação, o primeiro sobre a própria circulação e o segundo sobre a vasculatura periférica. Se a toda a musculatura ventricular for lesionada, mas estiver funcional, a estimulação simpática fortalecerá a musculatura danificada, se parte do músculo estiver funcional e outra ainda for normal, a musculatura normal será estimulada de forma muito intensa para compensar a musculatura não funcional. A compensação simpática aumenta cerca de 2x o débito cardíaco, ela também aumenta o retorno venoso por aumentar o tônus da maior parte dos vasos sanguíneos, elevando a pressão média de enchimento, nesse estado, o coração recebe maior quantidade de sangue que a usual e a pressão atrial direita aumenta ajudando o coração bombear quantidades ainda maiores de sangue, representado no ponto C. Estágio Crônico da Insuficiência - Retenção de Líquidos e Débito Cardíaco Compensado Após minutos do ataque cardíaco agudo, começa o estado semi-crônico prolongado, caracterizado por: retenção de líquidos pelos rins e variados graus de recuperação do próprio coração. Retenção Renal de Líquido e o Aumento do Volume Sanguíneo ocorrem em hrs ou dias: O ↓ débito cardíaco exerce efeitos sobre a função renal, como a anúria, quando o dc cai para valores 50% a 60% menores que o normal. Em geral, quando a PA e o DC permanecem abaixo do que o normal, o débito urinário também se encontra reduzido, sendo que o mesmo só se normaliza ao normalizar o DC e a PA. → Retenção Moderada de Líquido na IC pode ser benéfico pois: É importante para compensar a diminuição da capacidade de bombeamento do coração pelo aumento do retorno venoso (1. aumenta o gradiente de pressão do enchimento simétrico que aumenta o gradiente de pressão responsável pelo fluxo venoso de sangue p/ o coração e; 2. distende as veias, reduzindo a resistência venosa facilitando o fluxo para o coração. Em um coração lesado, o aumento do retorno venoso pode compensar a diminuição da capacidade de bombeamento. Quando a capacidade de bombeamento do coração for ainda mais reduzida, o fluxo sanguíneo para os rins passa a ser muito baixo para que a excreção de sal e de água seja equivalente à ingestão. Desse modo, se não corrigido, a retenção de líquido continua. Ademais, o coração está bombeando em capacidade máxima e o excesso de líquido não terá mais efeito benéfico sobre a circulação. A retenção de líquido aumenta a carga de trabalho sobre o coração e ocorre o desenvolvimento de edema por todo o corpo: → Efeitos Prejudiciais do Excesso de Retenção de Líquido na Insuficiência Cardíaca Grave: No caso sa IC grave a retenção extrema de líquidos produz consequências fisiológicas, sendo elas: 1. aumento da carga sobre o coração, 2.distensão excessiva do coração danificado - enfraquecendo desse modo o coração ainda mais, 3. filtração do líquido pelos pulmões, causando edema pulmonar e a consequente desoxigenação do sangue e 4. desenvolvimento de edema extenso maior parte do corpo. Recuperação do Miocárdio após Infarto do Miocárdio Após lesão os processo fisiológicos tentam restaurar a função normal do miocárdio. Dentreelas, o desenvolvimento do novo suprimento sanguíneo colateral, e a hipertrofia da célula lesada. A curva de DC após recuperação parcial: Esse novo estado se caracteriza no ponto D, em que o débito é normal, porém a pressão atrial direita é ainda maior. Com o ajuste do dc, a excreção renal de líquido também retorna ao normal sem ocorrer retenção adicional de líquido, exceto que a retenção de líquido já ocorreu e continua a manter excessos moderados de líquido. Se continuar em repouso o paciente consegue manter a sua dinâmica cardiovascular normal. No estado de recuperação, o corpo restaura a frequência do pulso, a pele fria e a palidez decorrentes da estimulação aguda do sistema simpático. Na insuficiência cardíaca compensada, ao realizar tentativas de realizar grandes esforços causam o retorno dos sintomas de insuficiência aguda, pois o coração não é capaz de aumentar sua capacidade de bombeamento em níveis necessários p/ o exercício. Resumo das alterações que ocorrem após Insuficiência Cardíaca Aguda - IC compensada: Ocorre em estágios: (a) efeito instantâneo da lesão cardíaca (b) compensação pelo sistema nervoso simpático nos 30s a 1min (c) compensações crônicas resultantes da recuperação parcial e da retenção renal de líquido. Insuficiência Cardíaca Grave - Insuficiência Cardíaca Descompensada: Se o coração for lesado e não ocorrer compensação pelos reflexos nervosos simpáticos ou pela retenção de líquido fazendo com que o coração fraco bombeie o débito cardíaco normal. Assim o DC não pode aumentar o suficiente para fazer com que os rins excretam quantidades normais de líquido, assim, o líquido continua a ser retido, desenvolvendo e edema descompensado. Sendo assim, a principal forma da insuficiência cardíaca descompensada é a incapacidade do coração de bombear sangue suficiente para fazer com que os rins excretem diariamente as quantidade necessárias de líquido. De forma geral: O coração descompensado não consegue atingir os valores normais do DC, com isso os mecanismo de estímulo tentam desenvolver uma resposta em que não exista excreção de líquido, ou seja, que esse líquido fique retido, na tentativa de aumentar o volume sanguíneo e do mesmo modo a pressão atrial direita aumenta na tentativa de enchimento dos ventrículos, desse modo ocorre a distensão excessiva do músculo cardíaco e consequentemente, a falta de força para o bombeamento adequado, resultando em um quadro de insuficiência cardíaca descompensada. Sendo assim, a incapacidade do débito cardíaco (e da pressão arterial) de aumentar a função renal normal até o nível crítico necessário resulta em: (a) retenção progressiva de líquido que causa (b) elevação da pressão média de enchimento sistêmico e (c) elevação progressiva da pressão atrial direita até o coração ser excessivamente distendido ou tão edemaciado que não consegue bombear quantidades moderadas de sangue, resultando em falência completa. Além disso, a descompensação manifesta-se através do edema progressivo, em especial pelo edema pulmonar, que causa estertores bolhosos nos pulmões e dispnéia. Tratamento da Descompensação: poder ser realizado através do fortalecimento do coração por meio de fármacos cardiotônico (aumenta a força e tonicidade do coração), digitálico (reduz a conc. plasmática de renina -provoca a ativação do SRAA, balanço hídrico - aumentando a vasoconstrição e remodelagem cardíaca.) ou a administração de fármacos diuréticos afim de aumentar a excreção renal. Insuficiência Cardíaca Unilateral: A insuficiência esquerda predomina em relação aos casos da insuficiência direita. Quando o lado esquerdo do coração entra em falência sem insuficiência concomitante do lado direito, o sangue continua a ser bombeado p/ os pulmões com o usual vigor cardíaco direito, enquanto não é bombeado p/ fora dos pulmões e do coração esquerdo na circulação sistêmica. Como o volume de sangue nos pulmões aumenta e, se ela aumentar acima do valor da pressão coloidosmótica do plasma, o líquido começa a ser filtrada para fora dos capilares para os espaços intersticiais pulmonares e alvéolos, levando o edema pulmonar. Assim, a ICE está relacionada com congestão vascular pulmonar e o edema pulmonar. Insuficiência Cardíaca de Baixo Débito - choque cardiogênico, considerando o ataque agudo do miocárdio, de forma contínua e prolongada conjunto com a deterioração cardíaca, o coração torna-se incapaz de bombear até mesmo quantidades mínimas de fluxo sanguíneo, assim os tecidos corporais começam a padecer e se deterioriar, podendo a chegar em caso de morte caracterizando o quadro cardiogênico. Edema em Pacientes com Insuficiência Cardíaca A ICE pode causar congestão rápida dos pulmões com o desenvolvimento do edema pulmonar. Já a IC esquerda ou direita é bastante lenta para causar edema periférico, visto que, a insuficiência cardíaca aguda grave causa muitas vezes queda na pressão capilar periférica ao invés de aumento. Contudo, a retenção de líquido pelos rins a longo prazo pode representar uma das causas do edema periférico na IC persistente: Após alguns dias de insuficiência cardíaca, ou ic ventricular direita, o edema periférico decorre devido à retenção de líquidos pelos rins. A retenção líquida aumenta a pressão média de enchimento sistêmico, resultando em tendência do sangue retornar ao coração. Essa tendência aumentada eleva a pressão capilar também aumentada de forma acentuada, causando dessa forma a saída de líquido p/ os tecidos e o desenvolvimento de edema grave. A redução da urina da IC tem como causas: a. Intensidade diminuída da filtração glomerular : a ↓ do fluxo cardíaco tende a reduzir a pressão glomerular nos rins em função da pressão arterial reduzida e constrição simpática intensa das arteríolas aferentes do rim. b. Ativação do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona e o aumento da reabsorção de água e de sal pelos túbulos renais. O fluxo sanguíneo reduzido para os rins causa aumento acentuado da secreção de renina pelos rins, e isso, por sua vez, aumenta a formação de angiotensina II. Aangiotensina II tem efeito direto sobre as arteríolas dos rins, diminuindo ainda mais o fluxo de sangue para os rins, o que reduz, especialmente, a pressão nos capilares peritubulares em torno dos túbulos renais, promovendo grande aumento da reabsorção de água e de sal pelos túbulos. A angiotensina II também age diretamente sobre as células epiteliais tubulares, para estimular a reabsorção de sal e água. Por conseguinte, a perda de água e de sal na urina fica muito diminuída, com acúmulo de grandes quantidades de sal e de água no sangue e nos líquidos intersticiais em todo o corpo. c. Aumento da secreção de aldosterona. Grandes quantidades de aldosterona são secretadas pelo córtex adrenal no estágio crônico da insuficiência cardíaca. Essa secreção resulta, em grande parte, do efeito da angiotensina de estimular a secreção de aldosterona pelo córtex adrenal. Entretanto, parte do aumento da secreção de aldosterona resulta, muitas vezes, do aumento do potássio plasmático. O excesso de potássio é um dos fatores para a liberação da aldosterona. O Papel do Peptídeo Natriurético Atrial em Retardar o Início da Descompensação Cardíaca: O peptídeo natriurético atrial (PNA) hormônio liberado pelas paredes atriais do coração, quando são distendidas.Como a insuficiência cardíaca quase sempre aumenta as pressões atriais direita e esquerda que distendem as paredes atriais, os níveis circulantes de PNA no sangue aumentam por cinco a 10 vezes na insuficiência cardíaca grave. O PNA exerce, por sua vez, efeito direto sobre os rins para elevar muito sua excreção de sal e de água. Assim, o PNA desempenha papel natural ao participar da prevenção dos sintomas congestivos extremos durante a insuficiência cardíaca. Edema Pulmonar Agudo no Estágio Tardio da Insuficiência Cardíaca — Outro Ciclo Vicioso Letal A causa frequente de morte é o edema pulmonar agudo, que ocorre em pacientes portadores de insuficiência cardíaca crônica por longo período. Quando o edema pulmonar agudo sucede em uma pessoa sem nova lesão cardíaca, ele é provocado por alguma sobrecarga temporária do coração, como poderia resultar de episódio muito intenso de exercício, alguma experiência emocional, ou até mesmo resfriado grave. O edema pulmonar segue uma ordem de efeitos: 1. Aumento temporário da carga sobre o ventrículo esquerdo já enfraquecido inicia o ciclo vicioso. Devido a incapacidade de bombeamento do coração esquerdo, o sangue começa a se acumular nos pulmões. 2. O aumento de sangue nos pulmões eleva a pressão capilar pulmonar , e pequena quantidade de líquido começa a transudar para os tecidos pulmonares e para os alvéolos. 3. O aumento de líquido nos pulmões diminui o grau de oxigenação do sangue . 4. A diminuição do oxigênio no sangue causa vasodilatação periférica . 5. A vasodilatação periférica aumenta o retorno venoso do sangue da circulação periférica. 6. A elevação do retorno venoso aumenta ainda mais o acúmulo de sangue nos pulmões , resultando em transudação de maior quantidade de líquido, mais dessaturação do sangue arterial, maior retorno venoso, e assim por diante. Dessa maneira, estabelece-se um ciclo vicioso. Tratamento Instantâneo: 1. Colocar torniquetes nos dois braços e nas duas pernas, para sequestrar o máximo de sangue nas veias e, por conseguinte, diminuir a carga de trabalho sobre o lado esquerdo do coração. 2. Administrar diurético de ação rápida, como a furosemida, para induzir a perda rápida de líquido pelo organismo. 3. Administrar ao paciente oxigênio puro, a fim de reverter a dessaturação do oxigênio do sangue, a deterioração cardíaca e a vasodilatação periférica. 4. Administrar ao paciente fármaco cardiotônico de ação rápida, como um digitálico para fortalecer o coração. Reserva Cardíaca: A porcentagem máxima que o débito cardíaco pode aumentar acima do normal é referida como reserva cardíaca. Em pessoas com insuficiência cardíaca severa não existe reserva cardíaca. Qualquer fator que impeça o coração de bombear sangue em quantidade satisfatória diminuirá a reserva cardíaca. Uma redução da reserva cardíaca pode resultar de cardiopatia isquêmica , de cardiomiopatia primária, de deficiência vitamínica que afete o músculo cardíaco, de lesão física do miocárdio, de valvulopatia. Como quantificar o nível de esforço/atividade física? Através da classificação NYHA. A Classificação funcional da New York Heart Association proporciona um meio simples de classificar a extensão da insuficiência cardíaca. Categoriza os doentes em uma de quatro categorias baseada na limitação da atividade física.
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