Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL Homicídio • No DP existe tanto a vida intrauterina e extrauterina, dependendo da situação vai existir crime ou não. o Homicídio → Art. 121 o Induzimento, instigação, auxílio ao suicídio → Art. 122 o Infanticídio → Art. 123 o Aborto → Art. 124, 125, 126 ▪ Apenas ocorre quando a vida é intrauterina, único tipo penal nesses casos • Competência para processo e julgamento: o Se doloso, Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, “d”, CF/88). o Se culposo, de regra, Vara Criminal comum. o Obs.: o único crime contra a vida que admite a forma culposa é o homicídio. Os demais só existem na forma dolosa e somente terá a competência do tribunal do júri • Homicídio → crime mais perfeito juridicamente no Direito Penal, por toda a extensão no artigo 121. Único que pode ser tanto culposo como dolosa. • Doloso: o Simples (caput) → pena de 6 a 20 anos de reclusão; ▪ Matar alguém: pena de seis a vinte anos – entende-se o “alguém” como ser humano nascido de mulher, por isso animais não podem ser considerados nesse caso; ▪ É a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa (quando a vida é intrauterina o único delito contra a vida possível é aborto). ▪ Quando a vida se considera encerrada? Quando a atividade encefálica acaba. ▪ Quando a vida deixa de ser intrauterina e passa a ser extrauterina? Com o início do parto e não com a conclusão do parto (rompimento do saco amniótico, mesmo sem haver a expelirão da criança) ▪ É necessário que tenha havido respiração? Não! ▪ Após o início do parto e durante este se fala em ser “nascente”; após a conclusão do parto se fala em ser “nascido” ou neonato. ▪ Tanto a nascente quanto o nascido podem, portanto, ser vítimas de homicídio (se for no estado puerperal será infanticídio), não cabendo se falar em aborto. • Privilegiado (§ 1º) → no caso do privilegiado vai haver uma diminuição de pena, caso seja condenada; não impede a instauração de nada, apenas beneficia no caso da diminuição de pena; o § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. ▪ Polêmica: pode ou deve → nesse caso, o pode ler-se “deve-se” o Natureza jurídica: causa de diminuição de pena. o Perceba: o fato de o homicídio ser privilegiado não exclui o crime, nem impede que o sujeito ativo seja processado e condenado. Para que o homicídio seja considerado privilegiado basta que o sujeito tenha o cometido em uma destas 3 situações: o Por relevante valor social; ▪ Motivo de relevante valor social: é aquele motivo que atende aos interesses da coletividade. Não interessa tão somente ao agente, mas, sim, ao corpo social. Ex: a morte de um político corrupto por um agente revoltado com a situação de impunidade no país, em que o Direito Penal, segundo este agente, apenas pune as pessoas que não tem dinheiro ou poder (exemplo dado por Rogério Greco). Outro exemplo seria o sujeito matar um perigoso estuprador que aterroriza as mulheres e crianças de uma pacata cidade interiorana. ▪ Permite premeditação o Por relevante valor moral; ▪ Motivo de relevante valor moral: é aquele que se relaciona a um interesse particular do responsável pela prática do homicídio, aprovado pela moralidade prática e considerado nobre e altruísta. Exemplo: matar aquele que estuprou sua filha ou esposa. ▪ Eutanásia é o modo comissivo (pratica uma ação) de abreviar a vida de pessoa portadora de doença grave, em estado terminal e sem previsão de cura ou recuperação pela ciência médica. É também denominada de homicídio piedoso, compassivo, médico, caritativo ou consensual. Configura, sim, homicídio. Contudo, há homicídio privilegiado pelo relevante valor moral. • De forma geral, a eutanásia pode ser definida como o ato de "antecipar a morte", a distanásia como uma "morte lenta, com sofrimento", enquanto a ortotanásia representa a "morte natural, sem antecipação ou prolongamento”. ▪ Permite premeditação o Sob domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima. (requisitos cumulativos, um depende do outro) ▪ Tem que ser domínio. Influência não caracteriza. ▪ Tem que ser provocação injusta. Se for agressão injusta, em tese, temos legítima defesa em favor de quem matou. ▪ Observação: a premeditação do homicídio é incompatível com essa hipótese de privilégio. A tarefa de arquitetar minuciosamente a execução do crime não se coaduna com o domínio da violenta emoção, seja pela existência de ânimo calmo e refletido, seja pela ausência de relação de imediatidade entre eventual injusta provocação da vítima e a prática da conduta criminosa. ▪ A premeditação, entretanto, é compatível com as privilegiadoras do relevante valor moral e do relevante valor social. • Qualificado (§ 2º) → se for em alguma situação que o qualifique, muda o patamar de pena, passa a ser de 12 a 30 anos de reclusão; o § 2° Se o homicídio é cometido: ▪ I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; • Motivo torpe é o vil, repugnante, abjeto, moralmente reprovável. Exemplo: matar um parente para ficar com sua herança. Fundamenta- se a maior quantidade de pena pela violação do sentimento comum de ética e de justiça • O executor (quem recebe) a qualificadora vai existir; o mandante (quem paga ou promete), não necessariamente vai existir a qualificadora, mas pode aplicar-se outra. • Observações: a) A vingança não caracteriza automaticamente a torpeza. Será ou não torpe, dependendo do motivo que levou o indivíduo a vingar-se de alguém, o qual reclama avaliação no caso concreto. b) O ciúme não é considerado motivo torpe. Quem mata por amor, embora criminoso, não pode ser taxado de vil ou ignóbil, e tratado à semelhança de quem mata por questões repugnantes, tais como rivalidade profissional, pagamento para a prática do homicídio, etc. • Morte por questões de dívidas → se for dívidas oriundas de atividades ilegais é motivo torpe, se for por uma dívida de 2 reais é motivo fútil ▪ II - por motivo fútil; • Motivo fútil é o insignificante, de pouca importância, completamente desproporcional à natureza do crime praticado. Exemplo: Age com motivo fútil o marido que mata a esposa por não passar adequadamente uma peça do seu vestuário. • Fundamenta-se a elevação da pena na resposta estatal em razão do egoísmo, da atitude mesquinha que alimenta a atuação do responsável pela infração penal. • Observações: a) A ausência de motivo não deve ser equiparada ao motivo fútil. (STJ – para que haja precisa haver um motivo para que seja chamado de fútil). b) O ciúme não pode ser enquadrado como motivo fútil. Esse sentimento, que destrói o equilíbrio do ser humano e arruína sua vida, não deve ser considerado insignificante ou desprezível. c) A embriaguez não afasta a motivação fútil (“[...] a embriaguez, causada pela ingestão voluntária de bebida alcoólica, não é incompatível com a qualificadora do motivo fútil.” (STJ - REsp 1298688/MG, Rel. Min. LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO - CONVOCADO DO TJ/PE, DJ 10/04/2015)) ▪ III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; • Meio insidioso é o que consiste no uso de estratagema, de perfídia, de uma fraude para cometer um crime sem que a vítima o perceba. Exemplo: retirar o óleo de direção do automóvel para provocar um acidente fatal contra seu proprietário. • Meio cruel é o que proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico ou mental, quando a morte poderia ser provocada de forma menos dolorosa. Exemplo: matar alguém lentamente com inúmeros golpes de faca, com produção inicial dos ferimentos em região não letal do seu corpo. • Meio de que possa resultar perigocomum é aquele que expõe não somente a vítima, mas também um número indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de dano. Exemplo: diversos tiros certeiros contra a vítima quando se encontrava em movimentada via pública. • Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte quando introduzida no organismo humano. o No caso concreto pode ser um meio insidioso se a vítima não souber que está tomando e meio cruel se a vítima souber e estiver tomando por ser obrigada. o Observação: Se a vítima não souber, temos a qualificadora do veneno como espécie de meio insidioso; se a vítima souber, temos a qualificadora do veneno como espécie de meio cruel (em provas, não diga que houve a qualificadora do uso de veneno se ela souber). • Fogo é o resultado da combustão de produtos inflamáveis, da qual decorrem calor e luz. Trata-se, em geral, de meio cruel. Exemplo: queimar a vítima até a morte. o Todavia, se do seu emprego um número indeterminado de pessoas puder ser exposto a perigo de dano, o crime será qualificado pelo meio de que possa resultar perigo comum. Exemplo: matar uma pessoa mediante o incêndio de seu imóvel, situado ao lado de diversas outras moradias. • Explosivo é o produto com capacidade de destruir objetos em geral, mediante detonação e estrondo. Caracteriza, normalmente, meio de que possa resultar perigo comum. Exemplo: explodir o automóvel da vítima que trafegava em movimentada via pública. Nada impede, porém, a configuração do meio cruel. Exemplo: amarrar a vítima em uma árvore e prender uma bomba ao seu corpo, de forma a matá-la com a força da explosão. • Asfixia é a supressão da função respiratória, com origem mecânica ou tóxica. Observação: A asfixia pode constituir meio cruel (exemplos: afogamento ou soterramento, entre outros) ou insidioso (exemplo: uso de gás tóxico, inalado pela vítima sem notá-lo). • Tortura é “qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza. o Homicídio qualificado pelo emprego de tortura é diferente de crime de Tortura qualificada pelo resultado morte. ▪ IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; • A traição pode ser física (exemplo: atirar pelas costas) ou moral (atrair a vítima para um precipício). Nessa qualificadora, o agente se vale da confiança que o ofendido nele previamente depositava para o fim de matá-lo em momento em que ele se encontrava desprevenido e sem vigilância. • Ressalte-se que na traição a relação de confiança preexiste ao crime e o sujeito dela se aproveita para executar o delito. De fato, se o agente, para se aproximar da vítima, faz nascer esse vínculo de confiança, a qualificadora será a da dissimulação. • Emboscada é a tocaia. O agente aguarda escondido, em determinado local, a passagem da vítima, para matá-la quando ali passar. A emboscada pode ser praticada tanto em área urbana como em área rural. • Dissimulação é a atuação disfarçada, hipócrita, que oculta a real intenção do agente. O agente aproxima-se da vítima para posteriormente matá-la, valendo-se das facilidades proporcionadas pelo seu modo de agir. A dissimulação pode ser material (emprego de algum aparato, tal como uma farda policial) ou moral (demonstração de falsa amizade ou simpatia pela vítima, para, exemplificativamente, levá-la a um local ermo e matá-la) • E quanto à arma de fogo? Ela, por si só, não qualifica o homicídio (para provas); nos casos concretos, é utilizada pois considera que o simples uso de arma de fogo impossibilita a defesa. • A premeditação, por si só, qualifica o homicídio? Não. Se houver premeditação e um motivo torpe, incide sobre o motivo torpe e não pela premeditação. ▪ V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: (possui dois tipos) • Na conexão teleológica o homicídio é praticado para assegurar a execução de outro crime. O sujeito primeiro mata alguém e depois pratica outro delito. Exemplo: matar o segurança de um empresário para em seguida sequestrá-lo. • Conexão consequencial, por sua vez, é a qualificadora em que o homicídio é cometido para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. Ex.: o sujeito comete um crime e só depois o homicídio. ▪ VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) • O nome é homicídio, apenas a qualificadora se chama feminicídio • Necessariamente precisa ser mulher, a motivação tem que ser razão de sexo feminino. MULHER + MOTIVAÇÃO. • § 2º - A - Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) o I - Violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) o II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) ▪ § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) ▪ I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) ▪ II - contra pessoa (mulher, interpretação restritiva de acordo com o caput) menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) ▪ III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) ▪ IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018/Lei Maria da Penha) ▪ VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Pena - reclusão, de doze a trinta anos • Arts. 142 e 144 da Constituição → Forças armadas • Se a pessoa estiver no exercício da função entra na qualificadora; fora do exercício, precisa que a motivação seja em decorrência da função. Pode existir a qualificadora nos parentes como indicado no artigo e tem que ter a ver com a função exercida/motivação. o Quando já se aposentou: existe divergência doutrinaria, mas o entendimento majoritário para provas é que não se configura. ▪ VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência). Pena - reclusão, de doze a trinta anos. • Majorado (§ 4º, 2ª parte, § 6º e § 7º) → aumenta alguma fração na fase da dosimetria; • Culposo: § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965); Pena - detenção, de um a três anos. o Quando é culposo precisa saber se foi ou não na condução de veículo automotor, se for será o artigo 302 do CTB. Doloso seja ou não com a condução de veículo automotor vai ser aplicado o CP. • Aumento de pena no homicídio culposo: o § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou fogepara evitar prisão em flagrante. o Imperícia → não tem a habilidade e o conhecimento; o sujeito tem a perícia, mas por negligência ou imprudência e aí sim aplica o aumento de pena do §4 • Aumento de pena no homicídio doloso: o § 4o (...) sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) o § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) • Pode ser: o Simples (§ 3º) o Majorado (§ 4º, 1ª parte) o Com perdão judicial (§ 5º) • Perdão judicial (causa de exclusão de punibilidade; não gera reincidência) o § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) o Pode, um homicídio ser, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado? Sim, desde que esteja previsto uma das privilegiadoras e uma qualificadora de natureza objetiva (incisos III, IV); todo homicídio qualificado é hediondo, sendo simples a regra é não ser hediondo, a exceção é quando é praticado em atividade típica de grupo de extermínio ainda que praticado por uma única pessoa. Na situação de ser privilegiado e qualificado ele perde a hediondez. o Observação: Na hipótese de estarem presentes duas ou mais qualificadoras (exemplo: homicídio qualificado pelo motivo torpe, pelo meio cruel e pelo recurso que dificultou a defesa do ofendido), o magistrado deve utilizar uma delas para qualificar o crime e as demais qualificadoras devem atuar como circunstâncias judiciais desfavoráveis, influenciando na dosimetria da pena-base (1.a fase). Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio ou à automutilação (Art. 122) • O crime não é para quem pratica, mas para quem induz, instiga ou auxilia • Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) o § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) o § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) o § 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) o § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) o § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. o § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) o § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) • Principais observações PENAIS: • O tipo penal criminaliza a conduta de quem induz (faz nascer a ideia), instiga (potencializa uma ideia já existente) ou auxilia (ajuda materialmente) alguém (terceira pessoa determinada; quando fala pela tv ou em um livro, não é determinável e seria uma conduta atípica) a cometer suicídio ou a se automutilar. • Este tipo penal é misto alternativo, o que significa dizer que que há crime único na conduta de quem induz, instiga ou auxilia alguém se automutilar e a se suicidar em seguida, desde que, claro, no mesmo contexto. • Com a modificação introduzida pela Lei 13968/19, o crime passou a ser formal. Isto significa dizer que a simples conduta de induzir, instigar ou auxiliar alguém a se automutilar ou a cometer suicídio já consuma o delito, independentemente de a vítima sequer chegar a tentar qualquer coisa. • São possíveis os seguintes cenários de configuração do delito, de acordo com a nova redação legal: ▪ O agente induz, instiga ou auxilia alguém a se automutilar ou a cometer suicídio e nada acontece: CRIME CONSUMADO SIMPLES (art. 122, caput, CP). ▪ O agente induz, instiga ou auxilia alguém a se automutilar ou a cometer suicídio e disso decorre lesão corporal de natureza leve na vítima: CRIME CONSUMADO SIMPLES (art. 122, caput, CP). ▪ O agente induz, instiga ou auxilia alguém a se automutilar ou a cometer suicídio e disso decorre lesão corporal de natureza grave ou gravíssima na vítima: CRIME CONSUMADO QUALIFICADO (art. 122, § 1º, CP). ▪ O agente induz, instiga ou auxilia alguém a se automutilar ou a cometer suicídio e disso decorre morte da vítima: CRIME CONSUMADO QUALIFICADO (art. 122, § 2º, CP). ▪ O agente induz, instiga ou auxilia alguém MENOR DE 14 ANOS OU QUE POR ENFERMIDADE OU DEFICIÊNCIA MENTAL NÃO TEM O NECESSÁRIO DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DO ATO OU QUE, POR QUALQUER OUTRA CAUSA, NÃO POSSA OFERECER RESISTÊNCIA a se automutilar ou a cometer suicídio e disso decorre lesão corporal de natureza gravíssima na vítima: CRIME DE LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVÍSSIMA (art. 129, § 2º, CP). ▪ O agente induz, instiga ou auxilia alguém MENOR DE 14 ANOS OU QUE POR ENFERMIDADE OU DEFICIÊNCIA MENTAL NÃO TEM O NECESSÁRIO DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DO ATO OU QUE, POR QUALQUER OUTRA CAUSA, NÃO POSSA OFERECER RESISTÊNCIA a se automutilar ou a cometer suicídio e disso decorre morte da vítima: CRIME DE HOMICÍDIO CONSUMADO. • Como regra, o tipo penal inadmite tentativa. Esta será possível, contudo, se a conduta, sendo plurissubsistente, não chegar à vítima pretendida por circunstância alheia à vontade do agente. o Causas de aumento de pena. o Em dobro: ▪ se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; ▪ se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. o Até o dobro: ▪ se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. o Em metade: ▪ se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. • Principais observações PROCESSUAIS PENAIS: o Por estar capitulado (dentro do capítulo) como crime contra a vida, temos que a competência para processo e julgamento é do Tribunal do Júri, mesmo no que tange à conduta direcionada à automutilação. Se este critério (capitulação de bens jurídicos) não fosse levado tão a sério pelo ordenamento, o crime de latrocínio onde a morte fosse dolosa deveria ser julgado pelo Júri e não é, simplesmente porque está situado dentro do capítulo dos crimes contra o patrimônio. o O crime, em sua forma simples, é de menor potencial ofensivo (pena máxima não suplanta 2 anos). Precisamos,contudo, entender o seguinte: as competências do Júri e dos Juizados Especiais Criminais tem previsão constitucional (respectivamente, art. 5º, XXXVIII, “d” e art. 98, I). Assim, como não existe hierarquia entre normas constitucionais deve-se adotar o princípio da concordância prática ou harmonização e, assim, preservar a competência do júri e permitir a aplicação dos institutos despenalizadores trazidos pela Lei 9099/95.
Compartilhar