Buscar

DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Penal – Parte Especial 
Dos crimes contra a pessoa 
Dos crimes contra a vida 
Homicídio – Art. 121 
a) Caput – Homicídio Doloso Simples 
a) § 1º - Homicídio Doloso Privilegiado 
b) § 2º - Homicídio Doloso Qualificado 
c) § 3º - Homicídio Culposo 
d) § 4º - Majorante de Pena 
e) § 5º - Perdão Judicial 
f) § 6º - Majorante de Grupo de Extermínio 
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O HOMICÍDIO 
Bem jurídico tutelado é a vida da pessoa. 
A AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA em todos os crimes contra a vida. 
Sujeito Ativo: Pessoa Física. 
Sujeito Passivo: Pessoa Física. 
Tipo Objetivo: Matar uma pessoa. 
Elemento Subjetivo: Dolo direto ou indireto (eventual ou alternativo). 
O crime de homicídio pode ser fracionado em mais de um ato (Crime plurissubsistente). 
Consumação do Crime: A partir do falecimento da vítima (Crime Material). 
Caso a consumação do crime não ocorra por circunstâncias diversas à vontade do agente, 
é possível a tentativa. Na tentativa a pena diminui de 1/3 a 2/3. 
Existe crime de homicídio a partir do nascimento da pessoa (Vida Extrauterina). Caso a 
vida seja tirada antes do nascimento, não estaremos tratando de homicídio, mas sim uma 
possibilidade de Aborto. 
Não existe homicídio quando uma pessoa tenta tirar a vida de outra que já esteja morta, 
sendo considerado um Crime Impossível por absoluta impropriedade do objeto. 
A pessoa pode responder por Homicídio tanto de forma omissiva (sem ter agido), quanto 
comissiva. 
OBS: Caso o sujeito passivo seja o Presidente da República, do Senado, da Câmara ou do 
STF e o ato estiver vinculado a uma natureza política, o crime previsto estará apresentado 
na Lei de Segurança Nacional (Lei 7.710/89) e não no CP/40. 
OBS: O homicídio simples é qualificado como crime hediondo quando uma pessoa mata 
outra, agindo em prol de uma atividade típica de grupo de extermínio. 
Não existe homicídio de menor potencial ofensivo. O homicídio culposo é de médio 
potencial ofensivo. Admite-se a suspensão condicional do processo no homicídio culposo 
do CP. O homicídio culposo do CTB não admite a suspensão condicional do processo. 
A vida humana, para o Direito Penal, pode ser tanto a vida intrauterina quanto a vida extra 
uterina, de forma que não só a vida de quem já nasceu é tutelada, mas também será 
tutelada a vida daqueles que ainda estão no ventre materno (Nascituros). 
O homicídio culposo, em razão da pena mínima (um ano de detenção), pemite a suspensão 
condicional do processo, se cumpridos os demais requisitos do art 89 da Lei 9099/95, bem 
como, permite o acordo de não persecução penal conforme o art 28 – A do CPP, impossível 
nas demais modalidades de crime. 
1. Homicídio doloso simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Qualquer pessoa pode praticar o delito de homicídio, não exigindo nenhuma condição 
especial do agente. 
Homicídio Simples: É a conduta prevista no caput do art. 121. Pode-se dizer que o conceito 
de homicídio simples é negativo, ou seja, será simples o homicídio que não for privilegiado 
(§ 1º), nem qualificado (§ 2º). 
Homicídio simples e hediondez: matar alguém (art. 121, caput). Será hediondo apenas 
quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um 
só agente (Lei 8.072/90, art. 1º, I). Mirabete denomina essa situação de homicídio 
condicionado. 
Nos termos do § 4º, segunda parte, do mesmo artigo: 
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado 
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos 
 
 
2. Homicídio doloso privilegiado 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, 
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o 
juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Ocorre em determinadas situações, em que a conduta ilícita cometida pelo agente pode ser 
reduzida de 1/6 a 1/3. 
O Homicídio Privilegiado é possível quando o crime for impelido por: 
 Motivo de relevante valor social ou valor moral; - essas qualificadoras estão ligadas a 
razão de ser do crime. 
 Domínio de violenta emoção, após o sujeito passivo provocar injustamente a vítima. 
 
Motivo de relevante valor SOCIAL Motivo de relevante valor MORAL 
Quando o interesse é da coletividade ou de 
ordem geral. 
Ex: Uma pessoa mata um traficante de 
drogas que está cometendo crimes em seu 
bairro. 
Quando o interesse é individual ou 
particular do agente. Ex: O pai da filha que 
foi estuprada mata o estuprador. 
 
Não Confundir! 
Influência de Violenta Emoção Domínio de Violenta Emoção 
Trata-se de uma circunstância atenuante. Trata-se de uma diminuição de pena. 
Homicídio continua sendo simples. Homicídio Privilegiado 
 
 
Domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima significa que a 
emoção não deve ser leve e passageira ou monetânea. Diz-se que o agente não tem tempo 
para “racionalizar” sua conduta. 
O revide deve ser imediato, logo após, sem hiato temporal, devendo perdurar o estado de 
violenta emoção. 
Violenta emoção é sentimento passageiro (ódio repentino, repulsa passageira, raiva 
incontrolável etc.) que não se confunde com a paixão. A segunda é sentimento permanente 
(ciúme, amor, mágoa acumulada etc.), sendo, em princípio, indiferente para efeitos penais. 
A provocação não deve ser necessariamente agressão, e pode inclusive ser indireta, isto é, 
dirigida contra terceira pessoa e até animal. 
É INCOMPATÍVEL COM A 
PREMETITAÇÃO 
OBS: No concurso de pessoas, caso o crime por domínio de violenta emoção seja 
praticado, o agente que não possuía tal circunstância pessoal responderá por homicídio 
simples, e não privilegiado. 
Reconhecido o homicídio privilegiado, o juiz deve obrigatoriamente reduzir a pena e não só 
“pode” como diz o artigo. 
Atentar-se ao termo “domínio”, pois as bancas fazem pegadinha com “influência”. 
 
3. Homicídio qualificado 
TODOS SÃO HEDIONDOS, tanto o tentado, como o consumado. 
O homicídio qualificado é aquele para o qual se prevê uma pena mais grave (12 a 30 anos), 
em razão da maior reprovabilidade da conduta do agente. 
O art. 121, § 2°, estabelece qualificadoras do homicídio. Algumas são subjetivas, ligadas aos 
motivos determinantes do crime, indiciários de depravação espiritual do agente. Outras são 
relativas ao modo de execução ou outras circunstâncias de caráter objetivo. 
 
 
3.1 MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU POR OUTRO MOTIVO TORPE 
 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
QUALIFICADORA SUBJETIVA. 
O homicídio praticado po motivo torpe é quando a razão do delito for vil, ignóbio, 
repugnate, abjeta. Ex: homicídio mercenário ou por mandato remunerado. 
Aqui o executor pratica o crime movido pela ganância do lucro, em troca de recompensa 
ou expectatica pela mesma. 
O concurso de pessoas é necessário, sendo indispensável a paricipação de no mínimo 2 
pessoas (mandante e executor). 
A recompensa deve ter natureza econômica. 
A qualificadora da “paga ou promessa de recompensa” prevista no inciso I do § 2º do art. 
121 do CP é aplicada, sem dúvidas, ao executor do crime. No entanto, indaga-se: ESSA 
QUALIFICADORA TAMBÉM SE COMUNICA AO MANDANTE DO CRIME? Há divergência no 
STJ a respeito do tema: 
1ª corrente: NÃO. A qualificadora de ter sido o delito praticado mediante paga ou promessa 
de recompensa é circunstância de caráter pessoal e, portanto, incomunicável, por força do 
art. 30 do CP. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. HC 403263/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da 
Fonseca, julgado em 13/11/2018. 
2ª corrente: SIM. No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de 
recompensa é elementar do tipo qualificado, comunicando-se ao mandante do delito. 
Sobre o tema: STJ. 6ª Turma. AgInt no REsp 1681816/GO 
A quantidade de decisões tanto do STF quanto do STJ referente ao tema é em suamaioria 
entendendo que O MANDANTE SEMPRE RESPONDERÁ, portanto, para a prova é mais 
viável levar esse entendimento. (STF. HC 69940, Primeira Turma, DJ 02-04- 1993); 
(STF. HC 71582, Primeira Turma, DJ 09-06- 1995 ); (STJ. HC 99.144/RJ, DJe 09/12/2008); 
(STJ, AgRg no REsp 912491 DF, DJe 29/11/2010). INFO 575 – STJ. 
A VINGANÇA É MOTIVO TORPE? 
A vingança e o ciúme podem ou não caracterizar motivo torpe, dependendo da causa que 
os originou. 
Nesse sentido, aliás, decidiu o STJ: “A verificação se a vingança constitui ou não motivo 
torpe deve ser feita com base nas peculiaridades de cada caso concreto, de modo que não 
se pode estabelecer um juízo a priori, positivo ou negativo” (REsp 21.261pr, DJ 4/9/2000; 
resp 256.163-sp, DJ 24/4/2006; resp. 417.871-pe, DJ 17/12/2004, e Hc 126.884-DF, DJe 
16/11/2009. resp 785.122-sp). na mesma linha, entendeu o STF: “a vingança, por si só, não 
consubstancia o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação 
de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato.” (Hc 
83.309-ms, DJ 6/2/2004) 
 
CONDUTAS HOMOFÓBICAS E TRANSFÓBICAS 
(…) “as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão 
odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem 
expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por 
identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação 
definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio 
doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, 
§ 2º, I, “in fine”)” STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. 
Edson Fachin, julgados em em 13/6/2019 (Info 944) 
 
3.2 POR MOTIVO FÚTIL 
II - por motivo fútil; 
QUALIFICADORA SUBJETIVA 
O motivo fútil é a desproporcionalidade do crime em relação à sua causa moral. É a 
pequeneza do motivo. Ex: briga de trânsito 
Ocorre quando uma pessoa tira a vida de outra por um motivo besta, sendo 
desproporcional o delito e sua causa moral. Para que se reconheça a futilidade da 
motivação é necessário que, além de injusto, o motivo seja realmente insignificante. A 
futilidade deve ser imediata. 
Motivo injusto não se confunde com motivo fútil. 
O homicídio gratuito (sem motivo algum) não é fútil. 
A ausência de motivo não caracteriza a qualificadora do inciso II do parágrafo 2º do artigo 
121 do Código Penal (por motivo fútil), sob pena de violação ao princípio da reserva legal. 
STJ/RESP: 1.718.055 GO 
 
A jurisprudência desta Corte Superior não admite que a ausência de motivo seja 
considerada motivo fútil, sob pena de se realizar indevida analogia em prejuízo do 
acusado. STJ/HC: 369163 SC 
 
Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no 
contexto desta, houve o homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo 
fútil. 
Vale ressaltar, no entanto, que a discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, 
por si só, não afasta a qualificadora do motivo fútil. Assim, é preciso verificar a situação 
no caso concreto. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1113364-PE, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
06/08/2013 (Info 525). 
 
3.3 POR COM EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU OUTRO 
MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso 
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
QUALIFICADORA OBJETIVA 
Por com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso 
(dissimulado) ou cruel (aumenta inutilmente o sofrimento da vítima), ou de que possa 
resultar perigo comum (capaz de atingir número indeterminado de pessoas). 
VENENO FOGO OU 
EXPLOSIVO 
ASFIXIA TORTURA INSIDIOSO MEIO CRUEL 
Será 
qualificado 
apenas se a 
vítima 
desconhecer 
estar 
ingerindo a 
substância 
venenosa. 
Utilização de 
qualquer 
objeto capaz 
de explodir, 
como meio 
de alcançar a 
morte da 
vítima. 
Impedimento 
por qualquer 
meio, seja 
mecânico ou 
tóxico capaz 
de impedir a 
passagem de 
ar pelas vias 
respiratórias 
ou pulmões, 
acarretando a 
falta de 
oxigênio no 
sangue. 
Só se 
qualifica se o 
resultado 
morte era 
perseguido 
pelo agente, 
no caso de 
atuar c/ dolo 
apenas na 
tortura, 
derivando a 
more de 
culpa, 
responderá 
pela tortura 
qualificada 
pelo resulta. 
Utilização 
de fraude 
para 
cometer o 
crime sem 
que a vítima 
perceba. Ex: 
retirar o 
óleo de 
direção do 
automóvel 
para 
provocar 
um acidente 
fatal contra 
seu 
proprietário. 
Proporciona à 
vítima um 
intenso e 
desnecessário 
sofrimento 
físico ou 
mental, 
quando a 
morte 
poderia ser 
provocada de 
forma menos 
dolorosa 
A multiplicidade de golpes, por si só, não configura a qualificadora do meio cruel – 
Precedentes do STF e STJ – REsp 743.110/MG. 
 
3.4 À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO 
QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSIVEL A DEFESA DO OFENDIDO 
IV- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou 
torne impossivel a defesa do ofendido; 
 
QUALIFICADORA OBJETIVA 
A traição consiste na quebra de confiança; a emboscada reside em saber o itinerário da 
vítima, de modo a esperá-la em determinado ponto; enquanto impossibilitar a defesa é agir 
de surpresa. 
TRAIÇÃO EMBOSCADA DISSIMULAÇÃO 
Ataque desleal, repentino e 
inesperado. 
Pressupõe ocultamento do 
agente que ataca a vítima 
com surpresa. 
Significa fingimento, 
ocultandoou disfarçando o 
agente a sua intenção hostil, 
pegando a vítima de 
surpresa e indefesa. 
 
A premeditação não é prevista no Código Penal como agravante genérica, nem como 
causa de aumento de pena, nem como qualificadora. A premeditação, conforme o caso 
concreto, pode ser levada em consideração para agravar a pena base. Funciona como 
circunstância judicial (CP, art. 59). Premeditar – significa decidir com antecipação e 
refletidamente. 
A idade da vítima (idoso ou criança, por exemplo), não é MEIO PROCURADO PELO AGENTE, 
logo, não qualifica o crime, embora, no caso concreto, torne mais difícil a defesa, em alguns 
casos. 
3.5 PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE 
OUTRO CRIME 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
QUALIFICADORA SUBJETIVA 
Esse inciso enuncia hipóteses de conexão (vínculo) entre o crime de homicídios e outros 
delitos. 
A doutrina subdivide a conexão em: 
 TELEOLÓGICA: quando o homicídio é praticado para assegurar a execução de outro 
crime, FUTURO. Ex: matar a babar para sequestrar a criança. 
 CONSEQUENCIAL: quando o homicídio visa assegurar ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime, PASSADO. 
Não precisa ocorrer a efetiva ocultação, impunidade ou vantagem, basta que o agente ao 
praticar o delito tenha uma destas finalidades (motivação). 
“Outro crime” pode ser de autoria do próprio homicida ou pessoa diversa (ex: matar para 
a assegurar a impumidade do irmão) 
Se o crime foi praticado para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de 
uma contravenção penal, não se aplica a presente qualificadora, podendo configurar, 
conforme o caso a de motivo torpe ou fútil. 
Cleber Massom: Em síntese, o “outro crime” referido pelo inciso V do § 2.º do art. 121 do 
Código Penal não forma unidade complexa com o homicídio. Há simples conexão entre 
eles, aplicando-se cumulativamente as penas respectivas, e não somente a do homicídio 
qualificado. Não se trata de crime complexo, como no latrocínio, em que há unificação de 
penas. 
3.6 FEMINICÍDIO 
VI- contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
QUALIFICADORA OBJETIVA – segundo entendimento dos Tribunais Superiores. 
Ocorre quando o sujeito ativo pratica o delito contra uma mulher, devendo ocorrer porrazões de condição do sexo feminino (violência de gênero), que é quando envolver: 
 Violência doméstica e familiar, e/ou; 
 Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Agressão no âmbito da unidade doméstica compreende aquela praticada no espaço caseiro, 
envolvendo pessoas com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas 
integrantes dessa aliança, seja por vínculo de natureza familiar (parentesco em linha reta e 
por afinidade) ou por vontade expressa (adoção). 
Art. 121, § 7º, aumentando a pena do feminicídio em 1/3 até 1/2 se o crime for praticado: 
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto. 
 Existem discussões, mas para provas policiais é melhor dizer que aplica-se 
tanto o homicídio na sua forma majorada, quanto o aborto. Algumas outras pessoas dizem 
que é bis in idem. Houve crime contra o feto (aborto) e crime contra a mulher em seu 
período de fragilidade (gestante, e por consequência, a causa de aumento). 
II – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência, ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou 
mental. 
 Majora-se também se a vítima temalauma doença degenerativa que provoque 
limitação ou vulnerabilidade física ou menta, como ELA, Parkinson, Alzheimer, etc. 
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima. 
IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III 
do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
As medidas protetivas de urgência podem ser solicitadas pela vitima, as quais serão 
apreciadas pela autoridade judiciária que verificará a possibilidade de deferi-las, em caso 
positivo, estas vinculam o comportamento do autor face a vítima e em caso de 
descumprimento ele estará praticando o crime previsto no artigo 24-A da Lei 11.340/06. 
“Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas 
nesta Lei”. 
Entretanto, caso ocorra o feminicidio este crime será absolvido por ser considerado crime 
meio para atingir o crime fim, e restará apenas a qualificadora que teve sua pena majorada. 
O autor incorrerá no crime previsto no artigo 121, §§ 2º, VI, 7º,IV do Código Penal. 
Aplicando-se assim o principio da consunção. 
No caso da TRANSEXUAL que formalmente obtém o direito de ser identificada civilmente 
como mulher, será aplicada a qualificadora, haja vista que para todos os efeitos legais a 
mesma é considerada mulher. 
SÚMULA 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 
5º da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) NÃO SE EXIGE A COABITAÇÃO ENTRE 
AUTOR E VÍTIMA. 
 
STJ - a jurisprudência desta Corte de Justiça firmou o entendimento segundo o qual O 
FEMINICÍDIO POSSUI NATUREZA OBJETIVA, pois incide nos crimes praticados contra a 
mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à 
violência doméstica e familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto 
de análise..."(grifamos) AgRg no AREsp 1454781 / SP. 
 
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de 
feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência 
doméstica e familiar. 
Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir 
sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, 
enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos 
(razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. 
STJ. 6ª Turma. HC 433898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). 
 
3.7 CONTRA AUTORIDADE OU AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA NO EXERCÍCIO DA 
FUNÇÃO OU EM DECORRÊNCIA DELA 
VII– contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício 
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
Servidores do Art. 142 e 144 da CF 
Forças Armadas (M/A/E); PFs; PRFs; PFFs; PCs; PMs e CBMs; Policiais Penais 
Federais/Estaduais e Distritais. 
 
Para que essa qualificadora seja aplicada, é necessário que o homicida saiba (tenha 
consciência) da função pública desempenhada pela autoridade/agente de segurança (dolo 
abrangente). 
Esse é o denominado homicídio funcional e exclui parentes por afinidade (sogro, sogra, 
genro, nora, cunhado, cunhada) e filho adotivo, embora na CF seja equiparado ao filho 
legítimo (art. 227, § 6º). O Direito Penal não admite analogia em malam partem, se o tipo 
penal determina expressamente que somente alcançará o parente consangüíneo até 3º 
grau, o filho adotivo não é parente consangüíneo e não pode ser aplicada a analogia. 
A expressão “parentes consanguíneos até 3º grau” abrange: 
 Ascendentes (pais, avós, bisavós) 
 Descendentes (filhos, netos, bisnetos); 
 Colaterais até o 3º grau (irmãos, tios e sobrinhos). 
 
3.8 COM EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO 
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
O homicídio com arma de fogo de uso "regular", permitido, não se considera qualificado. 
3.9 HOMICÍDIO CONTRA MENOR DE 14 (QUATORZE) ANOS 
X - contra menor de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) 
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de: 
I – 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que 
implique o aumento de sua vulnerabilidade; 
II – 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, 
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro 
título tiver autoridade sobre ela. 
 
4. Homicídio qualificado privilegiado 
 
É possível, desde que exista compatibilidade lógica entre as circunstâncias. Como regra, 
pode-se aceitar a existência concomitante de qualificadoras objetivas com as circunstâncias 
legais do privilégio, que são de ordem subjetiva (I, II, V). 
É hediondo? Não é possível considerar o homicídio privilegiado-qualificado como crime 
hediondo por duas razões. 
 Em um primeiro momento, por obediência ao princípio da legalidade penal; 
 Não se justifica que o crime com motivos nobres seja submetido a tratamento 
especialmente gravoso pelo Ordenamento 
Na existência de mais de uma qualificadora, uma delas qualificará o delito, enquanto a 
outra servirá como agravante genérica, no caso de previsão, ou circunstância judicial 
desfavorável, caso não exista a previsão de agravante. 
 
Homicídio Híbrido 
Ocorre quando o homicídio é, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado. Existe 
possibilidade de Homicídio Híbrido quando a qualificadora é de natureza objetiva. 
 
 
5. Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Ocorre o homicídio culposo quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou 
imperícia, deixa de aplicar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua 
conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa 
inconsciente), jamais querido ou aceito. 
IMPRUDÊNCIA NEGLIGÊNCIA IMPERÍCIA 
Quandoo agente age sem os 
cuidados que o caso requer, 
sendo precipitado e/ou 
Quando o agentenão tem 
precaução, a negligência é 
Quando o agentenão tem 
aptidão técnica para 
exercer a arte ou profissão 
afoito. É a culpa positiva culpa negativa - omissão . Culpa profissional 
 
Existindo culpa do agente e culpa da vítima, não há que se falar em compensar as culpas, 
sendo o agente responsável da mesma maneira, porém tal circunstância beneficiará o réu 
quando a pena for fixada. 
Homicídio culposo no trânsito: encontra-se previsto no art. 302 da Lei 9.503/97 (Código de 
Trânsito Brasileiro). Paraa sua configuração, exige-se que o autor esteja na direção de 
veículo automotor. 
Elementos do Crime Culposo: 
 Conduta humana voluntária ativa (comissiva) ou omissiva: Há necessidade de uma 
conduta (ação ou omissão) culposa. 
 Inobservância de um dever objetivo de cuidado: O dever objetivo de cuidado é um 
elemento normativo de valoração jurídica. A desobediência ao dever objetivo de 
cuidado ocorre mediante imprudência (conduta culposa comissiva), negligência 
(conduta culposa omissiva) e imperícia (violação, por parte do agente, de regra técnica 
de profissão, arte ou ofício, da qual tem conhecimento). 
 Resultado lesivo que não fazia parte da finalidade inicial do agente: O resultado 
deve ser objetivamente previsível na culpa comum (inconsciente). Um resultado lesivo 
não querido, tampouco assumido pelo agente. 
 Nexo de causalidade entre conduta e resultado: Sobre o nexo causal, o tema é bem 
rico e complexo na atual fase do Direito Penal dogmático, quando a teoria da 
equivalência não se mostra suficiente para solucionar todos os problemas do nexo 
causal. 
 Previsibilidade objetiva do resultado: O fato deve ser previsível ao agente, o agente 
não prevê aquilo que lhe era previsível. 
 Tipicidade: Como regra, a conduta penal costuma ser tipificada na forma dolosa. A 
forma culposa é excepcional, por isso da advertência da tipicidade (parágrafo único 
do art. 18 do CP). 
 
6. Homicídio culposo majorado 
 
Aumento de pena 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (Somente para 
o profissional (quem exerce a arte, profissão ou ofício), ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge 
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 
(um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 
(sessenta) anos. 
 
INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA E IMPERÍCIA: a presente causa de aumento muito se 
assemelha à imperícia, o que a tornaria inaplicável por respeito ao princípio do non bis in 
idem (apenação dupla pelo mesmo motivo). Ocorre que a doutrina de Fragoso, Damásio, A. 
Bruno, Capez, entre outros, tem ensinado que a imperícia se refere às pessoas em geral, 
que desconhecem regras técnicas específicas de determinado campo do conhecimento. Já 
a causa de aumento de pena aplica-se somente aos profissionais, que conhecem as regras 
de suas respectivas especialidades. 
De acordo com o STJ: “É possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 
121, § 4º, do CP no caso de homicídio culposo cometido por médico e decorrente do 
descumprimento de regra técnica no exercício da profissão. Nessa situação, não há que se 
falar em bis in idem. Isso porque o legislador, ao estabelecer a circunstância especial de 
aumento de pena prevista no referido dispositivo legal, pretendeu reconhecer maior 
reprovabilidade à conduta do profissional que, embora tenha o necessário conhecimento 
para o exercício de sua ocupação, não o utilize adequadamente, produzindo o evento 
criminoso de forma culposa, sem a devida observância das regras técnicas de sua 
profissão. De fato, caso se entendesse caracterizado o bis in idem na situação, ter-se-ia que 
concluir que essa majorante somente poderia ser aplicada se o agente, ao cometer a 
infração, incidisse em pelo menos duas ações ou omissões imprudentes ou negligentes, 
uma para configurar a culpa e a outra para a majorante, o que não seria condizente com a 
pretensão legal” HC 181.847/MS, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, rel. para acórdão Min. 
Campos Marques (Desembargador convocado do TJ/PR), 5.ª Turma, j. 04.04.2013, noticiado 
no Informativo 520. 
 
SE O AGENTE DEIXA DE PRESTAR IMEDIATO SOCORRO À VÍTIMA: Note que se a vítima for 
socorrida por terceiros que se anteciparam ao agente, não haverá incidência da majorante, 
por ausência do nexo de causalidade. 
 Não incide o aumento da pena quando o sujeito deixou de prestar socorro porque 
não tinha condições de fazê-lo, seja por questões físicas (exemplo: também foi 
gravemente ferido pela conduta que matou a vítima), seja porque o comportamento 
exigido em lei a ele representava risco pessoal (exemplo: ameaça de linchamento). 
(MASSON, Cleber.,p. 201). 
 
No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de 
pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, 
perceptível por qualquer pessoa. STJ. 5ª Turma. HC 269.038- RS, Rel. Min. Felix Fischer, 
julgado em 2/12/2014. (Informativo 554). 
 
NOVA DECISÃO / RECENTE: 
Para a observância da causa de aumento da pena prevista no artigo 302, § 1º, inciso III, da 
Lei nº 9.503/1997, revela-se desinfluente a circunstância de a morte haver sido 
instantânea, não cabendo ao agente presumir o estado de saúde da vítima e avaliar a 
conveniência de socorrê-la. 
STF. 1ª turma. HC 195.497/SP AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/03/2021. 
(Informativo 694 – STF) 
NÃO PROCURA DIMINUIR AS CONSEQUÊNCIAS DO SEU ATO: Exemplo: O agente, 
ameaçado de linchamento, não prestou imediato socorro ao ofendido, o que era 
justificável. Entretanto, afastou-se do local do crime e não pediu auxílio da autoridade 
pública, abrindo espaço para o aumento da pena. (MASSON) 
 
7. Homicídio doloso majorado 
Aumento de pena 
§ 4º (...) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é 
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
 
É indispensável que a idade do ofendido ingresse na esfera de conhecimento do agente, sob 
pena de responsabilizá-lo objetivamente. 
A presente majorante considera a idade da vítima quando da prática do crime, ou seja, no 
momento da ação ou omissão, ainda que seja outro o momento do resultado. 
 
8. Perdão judicial 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção 
penal se torne desnecessária. 
 É o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um injusto penal por um sujeito 
comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar a pena (nas hipóteses taxativamente 
previstas em lei), levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem 
para o evento. Nesses casos, o Estado perde o interesse de punir. 
Trata-se de um benefício apenas para o homicídio culposo. Não se aplica ao homicídio 
doloso, mesmo que privilegiado. 
A sentença do perdão judicial não serve para a reincidência. 
 Súmula 18 – STJ - A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da 
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. 
 
O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio culposo que, embora 
atingido moralmente de forma grave pelas consequências do acidente, não tinha vínculo 
afetivo com a vítima, nem sofreu sequelas físicas gravíssimas e permanentes (STJ, 
REsp1.455.178-DF, julgado em 5/6/2014) (Informativo nº 542). 
No mesmo sentido: o fato de os delitos haverem sido cometidos em concurso formal não 
autoriza a extensão dos efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não 
restou comprovado, quanto ao outro, a existência do liame subjetivo (vínculo afetivo) 
entre o infrator e a outra vítima fatal (STJ, REsp 1.444.699-RS, DJe 9/6/2017). 
PERDÃO DO OFENDIDO PERDÃO JUDICIAL 
Precisa ser aceito para extinguir a 
punibilidade (ato bilateral) 
Não precisa ser aceito para extinguir a 
punibilidade (ato unilateral) 
Só cabe em ação penal privada Só cabe nos casos expressamente previstos 
em lei 
Concedido pelo ofendido Concedido pelo juiz 
 
9. Homicídio praticado por milícia privada ou grupo 
de extermínio. 
§ 6º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por 
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço desegurança, ou por grupo de 
extermínio. 
Milícia armada  grupo de pessoas (civis ou não), que tem por finalidade devolver a 
segurança retirada das comunidades carentes, restaurando a paz, ignorando o monopólio 
estatal de controle social, valendo-se de violência e grave ameaça. 
Grupo de extermínio  grupo de matadores (justiceiros) que atuam na ausência do poder 
público, coma finalidade de matança generalizada de pessoas supostamente etiquetadas 
como perigosas. 
Quantas pessoas devem integrar o grupo de extermínio ou a milícia privada? 
1ª: interpreta o número de membros de acordo com o artigo 288 do CP (três 
pessoas);(BITTENCOURT e MASSON) 
2ª: interpreta o número de membros de acordo com a organização criminosa (art. 1º, §1º 
da Lei 12.850/13) = 04 pessoas. (ROGERIO SANCHES) 
Cleber Masson apresenta observação relevante: “Embora não exista disposição expressa 
nesse sentido, é evidente que o homicídio cometido por milícia privada será classificado 
como crime hediondo. Com efeito, não há como se imaginar uma execução desta natureza 
sem a presença de alguma qualificadora, notadamente o motivo torpe (paga ou promessa 
de recompensa) ou o recurso que dificulta ou impossibilita a defesa do ofendido. E, como 
se sabe, o homicídio qualificado é crime hediondo (Lei 8.072/1990, art. 1.º, inc. I)”. 
RESUMINHO: 
AUMENTO DA PENA - MAJORANTE 
HOMICÍDIO CULPOSO HOMICÍDIO DOLOSO 
O aumento da pena ocorre se: 
 
 O crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte 
ou ofício. 
(Pena aumentada de 1/3). 
 
 
 O agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não 
procura diminuir as 
consequências do seu ato, ou foge 
para evitar prisão em flagrante. 
(Pena aumentada de 1/3) 
O aumento da pena ocorre se: 
 
 O crime é praticado contra pessoa 
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 
(sessenta) anos. (Pena aumentada de 
1/3) 
 
 O crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de 
serviço de segurança, ou por grupo de 
extermínio. (Pena aumentada de 1/3 
até 1/2) 
 
 No caso de Feminicídio o crime for 
praticado: 
 
 Durante a gestação ou nos 3 (três) 
meses posteriores ao parto; (Pena 
aumentada de 1/3 até 1/2) 
 
 Contra pessoa menor de 14 (catorze) 
anos, maior de 60 (sessenta) anos, com 
deficiência ou portadora de doenças 
degenerativas que acarretem condição 
limitante ou de vulnerabilidade física ou 
mental; (Pena aumentada de 1/3 até 
1/2) 
 
 Na presença física ou virtual de 
descendente ou de ascendente da 
vítima; (Pena aumentada de 1/3 até 
1/2) 
 
 Em descumprimento das medidas 
protetivas de urgência previstas nos 
incisos I, II e III do caput do art. 22 da 
Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
(Pena aumentada de 1/3 até 1/2) 
 
10. Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio ou 
a Automutilação 
Art. 122. Induzir (cria a possibilidade – Participação Moral) ou instigar (Reforça a ideia - 
Participação Moral) alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe 
auxílio material para que o faça: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza 
grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Crime 
Qualificado) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Crime 
Qualificado) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 3º A pena é duplicada: (Majoração da Pena) 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; 
II- se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de 
computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Majoração da Pena) 
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de 
rede virtual. (Majoração da Pena) 
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza 
gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do 
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente 
pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código (Lesão Corporal Qualificada – 
Gravíssima). 
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) 
anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, 
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de 
homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. 
Elemento subjetivo: Dolo (é possível por dolo eventual), não sendo possível a forma 
culposa. 
Ação Penal: Pública incondicionada. 
Consumação: O crime não está condicionado ao resultado, basta que ocorra a conduta de 
induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação, ou prestar-lhe auxílio 
material para que o faça. 
Tentativa: é perfeitamente possível. 
Suicidar-se significa matar a si mesmo. Pode ocorrer por ação (ingerir veneno) ou por 
omissão (greve de fome). 
Praticar automutilação significa se autolesionar. A automutilação não suicida é um ato que 
causa dor ou danos ao próprio corpo, mas não tem a intenção de causar morte (ex.: 
queimar a pele com cigarro, cortar o corpo com lâminas). 
O suicídio não é considerado crime, mas sim a conduta da pessoa que incentiva a outra a 
cometer tal ato. Essa conduta é uma conduta principal e não acessória, sendo o próprio 
núcleo do tipo penal. Desta forma, o agente que incentiva o suicídio é o autor e não 
partícipe do crime. 
Apenas a pessoa que tenha discernimento é que pode ser sujeito passivo de tal crime. 
Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta em lesão corporal de natureza 
gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do 
ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente 
pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código (Lesão Corporal Qualificada – 
Gravíssima). 
Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte contra menor de 14 
(quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, 
ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo 
crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. 
 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - CP/40. 
Art. 122. 
Resultado Vítima Com 
Discernimento 
Vítima Vulnerável ou Sem 
Discernimento 
Não acarreta 
lesão 
Tipificação do Art. 122, 
Caput, CP. (reclusão. 6 
meses a 2 anos) 
Tipificação do Art. 122 c/ Art. 122, 
§3º,II. (pena duplicada) 
Lesão Leve Tipificação do Art. 122, 
Caput, CP. (reclusão. 6 
meses a 2 anos) 
Tipificação do Art. 122 c/ Art. 122, 
§3º,II. (pena duplicada) 
Lesão Grave Tipificação do Art. 122, 
§1º, CP. (reclusão. 1 a 3 
anos) 
Tipificação do Art. 122, §1º, CP. 
(reclusão. 1 a 3 anos) 
Lesão 
Gravíssima 
Tipificação do Art. 122, 
§1º, CP.( reclusão. 1 a 3 
anos) 
Tipificação do Art. 129, §2º, CP. 
(reclusão. 2 a 8 anos) 
Morte Tipificação do Art. 122, 
§2º, CP. reclusão. 2 a 6 
anos) 
Tipificação do Art. 121, CP. 
(reclusão. 6 a 20 anos) 
Consumação do Crime (Crime é Formal): Ocorre quando o agente pratica o ato, sendo 
a morte ou as lesões uma mera condição objetiva de punibilidade. 
 
Transação penal: Cabível a transação penal, e se o autor do fato aceitar o benefício, o 
acusado poderá ser beneficiado e o crime não será levado a julgamento pelo júri (art. 98, I, 
da CF e art. 76 da Lei 9099/95). 
Se o autor do crime não puder ser beneficiado pela transação penal (por ter, por exemplo, 
sido beneficiado anteriormente ou se as circunstâncias do crime lhe forem desfavoráveis), 
nesse caso,o crime será julgado pelo júri. 
Trata-se de se compatibilizar o direito a transação penal (art. 98,l, da CF), com a 
competência dos crimes dolosos contra a vida (art. 5, XXXVIII, da CF), ambos dispositivos 
constitucionais. 
De qualquer forma, a transação penal só poderá ser proposta e aceita perante o Juízo do 
Júri. 
Pacto de morte: o acordo celebrado entre duas pessoas que desejam se matar, as hipóteses 
em que há sobrevivência de uma delas ou de ambas resolvem-se da seguinte maneira: 
 se o sobrevivente praticou atos de execução da morte do outro (exemplo: ministrar 
veneno), a ele será imputado o crime de homicídio; 
 se o sobrevivente somente auxiliou o outro a suicidar-se, responderá pelo crime de 
participação em suicídio; 
 se ambos praticaram atos de execução, um contra o outro, e ambos sobreviveram, 
responderão os dois por tentativa de homicídio; 
 se ambos se auxiliaram mutuamente e ambos sobreviveram, a eles será atribuído o 
crime de participação em suicídio; 
 se um deles praticou atos de execução da morte de ambos, mas ambos 
sobreviveram, aquele responderá por tentativa de homicídio, e este por participação 
em suicídio. 
 
A respeito da hipótese da ROLETA-RUSSA E DUELO AMERICANO: 
Se várias pessoas fazem, simultaneamente, roleta-russa ou duelo americano, aos 
sobreviventes será imputado o crime de participação em suicídio. Na roleta-russa, a arma 
de fogo é municiada com um único projétil, e deve ser acionado o gatilho pelos 
participantes cada um em sua vez, rolando o tambor que estava vazio. No duelo americano, 
por sua vez, existem duas armas de fogo, uma municiada e outra desmuniciada, e os 
participantes devem escolher uma delas para posteriormente apertarem o gatilho contra 
eles mesmos 
 
11. Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou 
logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
É considerada uma espécie de homicídio, sendo a pena menor, desde que comprovado a 
influência do estado puerperal da mãe, ou seja, o estado emocional da pessoa precisa ser a 
causa do fato. 
Sujeito Ativo: Mãe da vítima. 
Sujeito Passivo: Recém-nascido. 
Consumação do Crime: Ocorre com a morte da criança. (Crime material) 
Ação Penal: Pública incondicionada. 
É um crime próprio, sendo possível o concurso de agentes. É possível o crime por 
tentativa. 
O crime só é possível mediante dolo (direto ou eventual). Caso a mãe de forma culposa 
mate o filho, teremos um caso de homicídio culposo e não de infanticídio. 
A mãe responderá por infanticídio, mesmo se matar o filho de outra pessoa pensando que 
é o seu, sendo um caso de erro sobre a pessoa, é o que se chama de infanticídio putativo. 
O infanticídio é um crime que está delimitado no tempo (durante ou logo após o parto): se 
a morte foi antes do parto, há aborto; se foi depois do parto, há homicídio. 
Estado Puerperal 
Consiste em uma perturbação psíquica que acomete a gestante durante o parto ou logo 
após. O estado puerperal, no infanticídio, diminui a capacidade de autodeterminação da 
mulher, não se confunde com a ausência completa de capacidade de culpabilidade que 
pode ser gerada, por exemplo, por uma depressão pós-parto, de modo a afastar a 
própria culpabilidade, tornando a mulher, nesse caso,inimputável, passível de receber 
uma medida de segurança. 
 
12. Aborto 
No âmbito penal, a vida humana pode ser: 
 Intrauterina (Antes do Nascimento – CP/40 Art. 124 e 127); 
 Extrauterina (A partir do nascimento – CP/40. Art. 121 a 123). 
 
A doutrina entende que a vida de uma pessoa se inicia a partir do seu nascimento 
(Extrauterina), não existindo crime de homicídio antes dela, mas sim a possibilidade de 
crime de aborto. 
12.1 ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
O sujeito ativo só pode ser a mãe (gestante). No caso de estarmos diante da segunda 
hipótese (permitir que outra pessoa pratique o aborto em si), o crime é praticado somente 
pela mãe, respondendo o terceiro pelo crime do art. 126 (Exceção à teoria monista, que é 
a teoria segundo a qual os comparsas devem responder pelo mesmo crime). Assim, este 
crime é um crime DE MÃO PRÓPRIA. 
Elemento Subjetivo: Dolo. 
O aborto de forma culposa não é considerado crime. 
 É cabível tentativa. 
Consumação do Crime: Ocorre com a eliminação do feto ou embrião, pouco importando se 
esta ocorreu dentro ou fora do ventre materno, desde que em razão das manobras 
abortivas. 
Ação Penal: Pública incondicionada. 
É um crime de mão própria. 
Admite concurso de agente,inclusive na forma de coautoria. 
Sendo o aborto por consentimento (outra pessoa pratica o aborto com o consentimento da 
gestante), o terceiro responde nos termos do Art. 126. CP/40. 
 
12.2 ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE 
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
É cabível tentativa. 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito Passivo: Embrião ou feto e gestante. 
Caso o sujeito ativo mate a mãe e o feto tendo o conhecimento da sua gravidez, aquele 
responderá por crime de homicídio e aborto, sendo assim um concurso de crimes. 
Consumação do Crime: Ocorre com a eliminação do feto ou embrião. 
Ação Penal: Pública incondicionada. 
 
12.3 ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze 
anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, 
grave ameaça ou violência. 
Elemento subjetivo: Dolo. 
É cabível tentativa. 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, exceto a gestante. 
Sujeito Passivo: Embrião ou feto. 
Caso a gestante não possua consentimento em relação ao aborto, o sujeito ativo responde 
o tipo penal por Aborto provocado por terceiro sem consentimento da gestante. 
Consumação do Crime: Ocorre com a eliminação do feto ou embrião. 
Ação Penal: Pública incondicionada. 
 
A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria 
gestante (art. 124) ou com o seu consentimento (art. 126) não é crime. É preciso conferir 
interpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o 
crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da 
gestação fetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nessa hipótese, viola diversos 
direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionalidade. STF. 1ª 
Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, 
julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
 
Exceções em que o aborto não é crime 
O Código Penal, em seu art. 128, traz duas hipóteses em que o aborto é permitido: 
1ª) se não há outro meio de salvar a vida da gestante. É o chamado aborto “necessário” ou 
“terapêutico”, previsto no inciso I. 
2ª) no caso de gravidez resultante de estupro. Trata-se do aborto “humanitário”, 
“sentimental”, “ético” ou “piedoso”, elencado no inciso II. 
 Segundo o texto expresso do CP, essas são as duas únicas hipóteses em que o aborto é 
permitido no Brasil. 
 3ª) Interrupção da gravidez de feto anencéfalo 
O STF, no julgamento da ADPF 54/DF, criou uma nova exceção e decidiu que a interrupção 
da gravidez de feto anencéfalo é conduta atípica (Plenário. ADPF 54/DF, rel. Min. Marco 
Aurélio, 11 e 12/4/2012). Assim, por força de interpretação jurisprudencial, realizar aborto 
de feto anencéfalo também não é crime. 
 4ª) Interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação 
A 1ª Turma do STF, no julgamento do HC 124306, mencionou a possibilidade de se admitir 
uma quarta exceção: a interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestaçãoprovocado pela própria gestante (art. 124) ou com o seu consentimento (art. 126) também 
não seria crime (HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 29/11/2016. Info 849). 
 
12.4 FORMA QUALIFICADA / CAUSAS DE AUMENTO DA PENA 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, 
em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre 
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe 
sobrevém a morte. 
O aborto é praticado a título de dolo e os resultados devem advir de culpa. Então, esse é 
um crime preterdoloso ou preterintencional. 
De acordo Rogério Greco: “Assim, as lesões corporais graves e a morte somente podem ser 
imputadas ao agente a título de culpa. Se ele queria, com o seu comportamento inicial, 
dirigido à realização do aborto, produzir na gestante lesão corporal grave ou mesmo a sua 
morte, responderá pelos dois delitos (aborto + lesão corporal grave ou aborto + homicídio) 
em concurso formal impróprio, posto que atua com desígnios autônomos, aplicando-se a 
regra do cúmulo material de penas”. 
Basta que a morte ou a lesão decorram dos meios empregados para provocá-lo (vide 
redação do próprio art. 127, do CP), dispensando-se a consumação do aborto. 
Em que pese a previsão legal de hipóteses preterdolosas, nada impede o aumento da pena 
quando o aborto não se consuma, mas a gestante sofra lesão corporal de natureza grave 
ou morra. 
A autolesão não é punível, à gestante que, realizando o autoaborto, vier a causar em si 
mesma lesão corporal de natureza grave, não se aplicará a causa de aumento de pena. 
 
12.5 ABORTO PRATICADO POR MÉDICO - NÃO PUNÍVEL 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
ABORTO NECESSÁRIO 
I- se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
Aborto necessário ou terapêutico (art. 128, I, do CP): 
 Dispensa consentimento da gestante. 
 Dispensa autorização judicial. 
 Se essa manobra for praticada por parteira, farmacêutico, enfermeiro ou outra 
pessoa? Aplica-se o art. 128, I, do CP? R: Não se aplica o art. 128, I, do CP, mas sim o 
art. 24, do CP, pois ele agiu para salvar a vida da gestante, em estado de necessidade 
de terceiro. 
 
Aborto sentimental, humanitário ou ético (art. 128, II, do CP): 
 Praticado por médico. 
 Que a gravidez seja resultante de estupro (abrange o estupro de vulnerável). 
 Consentimento da gestante (ou de seu representante legal quando a vítima for 
incapaz). 
 E se essa manobra for praticada parteira, farmacêutico, enfermeiro ou outra pessoa? 
Se agir desse modo pratica crime. 
 A doutrina majoritária entende que não precisa que o autor do estupro seja 
condenado e que nem ao menos a vitima seja compelida a confeccionar um registro 
de ocorrência, não exige autorização judicial. (inexigibilidade de conduta diversa.) 
FALSA COMUNICAÇÃO DE ESTUPRO: A gestante responde pelo art. 124 em concurso 
material com o art. 340 e o médico está em erro de tipo permissivo. 
 
Aborto do anencéfalo: 
 A Lei penal não autoriza a prática de aborto de anencéfalo. O STF decidiu, por meio 
da ADPF 54, que não é crime. Justificativa penal: anencéfalo não possui atividade 
encefálica. Se não há atividade encefálica, não há vida. Crime impossível. É 
considerado FATO ATÍPICO 
	a) § 1º - Homicídio Doloso Privilegiado
	c) § 3º - Homicídio Culposo
	e) § 5º - Perdão Judicial

Outros materiais