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Penal – Parte Especial Dos crimes contra a pessoa Dos crimes contra a vida Homicídio – Art. 121 a) Caput – Homicídio Doloso Simples a) § 1º - Homicídio Doloso Privilegiado b) § 2º - Homicídio Doloso Qualificado c) § 3º - Homicídio Culposo d) § 4º - Majorante de Pena e) § 5º - Perdão Judicial f) § 6º - Majorante de Grupo de Extermínio INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O HOMICÍDIO Bem jurídico tutelado é a vida da pessoa. A AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA em todos os crimes contra a vida. Sujeito Ativo: Pessoa Física. Sujeito Passivo: Pessoa Física. Tipo Objetivo: Matar uma pessoa. Elemento Subjetivo: Dolo direto ou indireto (eventual ou alternativo). O crime de homicídio pode ser fracionado em mais de um ato (Crime plurissubsistente). Consumação do Crime: A partir do falecimento da vítima (Crime Material). Caso a consumação do crime não ocorra por circunstâncias diversas à vontade do agente, é possível a tentativa. Na tentativa a pena diminui de 1/3 a 2/3. Existe crime de homicídio a partir do nascimento da pessoa (Vida Extrauterina). Caso a vida seja tirada antes do nascimento, não estaremos tratando de homicídio, mas sim uma possibilidade de Aborto. Não existe homicídio quando uma pessoa tenta tirar a vida de outra que já esteja morta, sendo considerado um Crime Impossível por absoluta impropriedade do objeto. A pessoa pode responder por Homicídio tanto de forma omissiva (sem ter agido), quanto comissiva. OBS: Caso o sujeito passivo seja o Presidente da República, do Senado, da Câmara ou do STF e o ato estiver vinculado a uma natureza política, o crime previsto estará apresentado na Lei de Segurança Nacional (Lei 7.710/89) e não no CP/40. OBS: O homicídio simples é qualificado como crime hediondo quando uma pessoa mata outra, agindo em prol de uma atividade típica de grupo de extermínio. Não existe homicídio de menor potencial ofensivo. O homicídio culposo é de médio potencial ofensivo. Admite-se a suspensão condicional do processo no homicídio culposo do CP. O homicídio culposo do CTB não admite a suspensão condicional do processo. A vida humana, para o Direito Penal, pode ser tanto a vida intrauterina quanto a vida extra uterina, de forma que não só a vida de quem já nasceu é tutelada, mas também será tutelada a vida daqueles que ainda estão no ventre materno (Nascituros). O homicídio culposo, em razão da pena mínima (um ano de detenção), pemite a suspensão condicional do processo, se cumpridos os demais requisitos do art 89 da Lei 9099/95, bem como, permite o acordo de não persecução penal conforme o art 28 – A do CPP, impossível nas demais modalidades de crime. 1. Homicídio doloso simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Qualquer pessoa pode praticar o delito de homicídio, não exigindo nenhuma condição especial do agente. Homicídio Simples: É a conduta prevista no caput do art. 121. Pode-se dizer que o conceito de homicídio simples é negativo, ou seja, será simples o homicídio que não for privilegiado (§ 1º), nem qualificado (§ 2º). Homicídio simples e hediondez: matar alguém (art. 121, caput). Será hediondo apenas quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente (Lei 8.072/90, art. 1º, I). Mirabete denomina essa situação de homicídio condicionado. Nos termos do § 4º, segunda parte, do mesmo artigo: Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos 2. Homicídio doloso privilegiado Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Ocorre em determinadas situações, em que a conduta ilícita cometida pelo agente pode ser reduzida de 1/6 a 1/3. O Homicídio Privilegiado é possível quando o crime for impelido por: Motivo de relevante valor social ou valor moral; - essas qualificadoras estão ligadas a razão de ser do crime. Domínio de violenta emoção, após o sujeito passivo provocar injustamente a vítima. Motivo de relevante valor SOCIAL Motivo de relevante valor MORAL Quando o interesse é da coletividade ou de ordem geral. Ex: Uma pessoa mata um traficante de drogas que está cometendo crimes em seu bairro. Quando o interesse é individual ou particular do agente. Ex: O pai da filha que foi estuprada mata o estuprador. Não Confundir! Influência de Violenta Emoção Domínio de Violenta Emoção Trata-se de uma circunstância atenuante. Trata-se de uma diminuição de pena. Homicídio continua sendo simples. Homicídio Privilegiado Domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima significa que a emoção não deve ser leve e passageira ou monetânea. Diz-se que o agente não tem tempo para “racionalizar” sua conduta. O revide deve ser imediato, logo após, sem hiato temporal, devendo perdurar o estado de violenta emoção. Violenta emoção é sentimento passageiro (ódio repentino, repulsa passageira, raiva incontrolável etc.) que não se confunde com a paixão. A segunda é sentimento permanente (ciúme, amor, mágoa acumulada etc.), sendo, em princípio, indiferente para efeitos penais. A provocação não deve ser necessariamente agressão, e pode inclusive ser indireta, isto é, dirigida contra terceira pessoa e até animal. É INCOMPATÍVEL COM A PREMETITAÇÃO OBS: No concurso de pessoas, caso o crime por domínio de violenta emoção seja praticado, o agente que não possuía tal circunstância pessoal responderá por homicídio simples, e não privilegiado. Reconhecido o homicídio privilegiado, o juiz deve obrigatoriamente reduzir a pena e não só “pode” como diz o artigo. Atentar-se ao termo “domínio”, pois as bancas fazem pegadinha com “influência”. 3. Homicídio qualificado TODOS SÃO HEDIONDOS, tanto o tentado, como o consumado. O homicídio qualificado é aquele para o qual se prevê uma pena mais grave (12 a 30 anos), em razão da maior reprovabilidade da conduta do agente. O art. 121, § 2°, estabelece qualificadoras do homicídio. Algumas são subjetivas, ligadas aos motivos determinantes do crime, indiciários de depravação espiritual do agente. Outras são relativas ao modo de execução ou outras circunstâncias de caráter objetivo. 3.1 MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU POR OUTRO MOTIVO TORPE § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; QUALIFICADORA SUBJETIVA. O homicídio praticado po motivo torpe é quando a razão do delito for vil, ignóbio, repugnate, abjeta. Ex: homicídio mercenário ou por mandato remunerado. Aqui o executor pratica o crime movido pela ganância do lucro, em troca de recompensa ou expectatica pela mesma. O concurso de pessoas é necessário, sendo indispensável a paricipação de no mínimo 2 pessoas (mandante e executor). A recompensa deve ter natureza econômica. A qualificadora da “paga ou promessa de recompensa” prevista no inciso I do § 2º do art. 121 do CP é aplicada, sem dúvidas, ao executor do crime. No entanto, indaga-se: ESSA QUALIFICADORA TAMBÉM SE COMUNICA AO MANDANTE DO CRIME? Há divergência no STJ a respeito do tema: 1ª corrente: NÃO. A qualificadora de ter sido o delito praticado mediante paga ou promessa de recompensa é circunstância de caráter pessoal e, portanto, incomunicável, por força do art. 30 do CP. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. HC 403263/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/11/2018. 2ª corrente: SIM. No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar do tipo qualificado, comunicando-se ao mandante do delito. Sobre o tema: STJ. 6ª Turma. AgInt no REsp 1681816/GO A quantidade de decisões tanto do STF quanto do STJ referente ao tema é em suamaioria entendendo que O MANDANTE SEMPRE RESPONDERÁ, portanto, para a prova é mais viável levar esse entendimento. (STF. HC 69940, Primeira Turma, DJ 02-04- 1993); (STF. HC 71582, Primeira Turma, DJ 09-06- 1995 ); (STJ. HC 99.144/RJ, DJe 09/12/2008); (STJ, AgRg no REsp 912491 DF, DJe 29/11/2010). INFO 575 – STJ. A VINGANÇA É MOTIVO TORPE? A vingança e o ciúme podem ou não caracterizar motivo torpe, dependendo da causa que os originou. Nesse sentido, aliás, decidiu o STJ: “A verificação se a vingança constitui ou não motivo torpe deve ser feita com base nas peculiaridades de cada caso concreto, de modo que não se pode estabelecer um juízo a priori, positivo ou negativo” (REsp 21.261pr, DJ 4/9/2000; resp 256.163-sp, DJ 24/4/2006; resp. 417.871-pe, DJ 17/12/2004, e Hc 126.884-DF, DJe 16/11/2009. resp 785.122-sp). na mesma linha, entendeu o STF: “a vingança, por si só, não consubstancia o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato.” (Hc 83.309-ms, DJ 6/2/2004) CONDUTAS HOMOFÓBICAS E TRANSFÓBICAS (…) “as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”)” STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em em 13/6/2019 (Info 944) 3.2 POR MOTIVO FÚTIL II - por motivo fútil; QUALIFICADORA SUBJETIVA O motivo fútil é a desproporcionalidade do crime em relação à sua causa moral. É a pequeneza do motivo. Ex: briga de trânsito Ocorre quando uma pessoa tira a vida de outra por um motivo besta, sendo desproporcional o delito e sua causa moral. Para que se reconheça a futilidade da motivação é necessário que, além de injusto, o motivo seja realmente insignificante. A futilidade deve ser imediata. Motivo injusto não se confunde com motivo fútil. O homicídio gratuito (sem motivo algum) não é fútil. A ausência de motivo não caracteriza a qualificadora do inciso II do parágrafo 2º do artigo 121 do Código Penal (por motivo fútil), sob pena de violação ao princípio da reserva legal. STJ/RESP: 1.718.055 GO A jurisprudência desta Corte Superior não admite que a ausência de motivo seja considerada motivo fútil, sob pena de se realizar indevida analogia em prejuízo do acusado. STJ/HC: 369163 SC Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve o homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Vale ressaltar, no entanto, que a discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não afasta a qualificadora do motivo fútil. Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1113364-PE, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/08/2013 (Info 525). 3.3 POR COM EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; QUALIFICADORA OBJETIVA Por com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso (dissimulado) ou cruel (aumenta inutilmente o sofrimento da vítima), ou de que possa resultar perigo comum (capaz de atingir número indeterminado de pessoas). VENENO FOGO OU EXPLOSIVO ASFIXIA TORTURA INSIDIOSO MEIO CRUEL Será qualificado apenas se a vítima desconhecer estar ingerindo a substância venenosa. Utilização de qualquer objeto capaz de explodir, como meio de alcançar a morte da vítima. Impedimento por qualquer meio, seja mecânico ou tóxico capaz de impedir a passagem de ar pelas vias respiratórias ou pulmões, acarretando a falta de oxigênio no sangue. Só se qualifica se o resultado morte era perseguido pelo agente, no caso de atuar c/ dolo apenas na tortura, derivando a more de culpa, responderá pela tortura qualificada pelo resulta. Utilização de fraude para cometer o crime sem que a vítima perceba. Ex: retirar o óleo de direção do automóvel para provocar um acidente fatal contra seu proprietário. Proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico ou mental, quando a morte poderia ser provocada de forma menos dolorosa A multiplicidade de golpes, por si só, não configura a qualificadora do meio cruel – Precedentes do STF e STJ – REsp 743.110/MG. 3.4 À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSIVEL A DEFESA DO OFENDIDO IV- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; QUALIFICADORA OBJETIVA A traição consiste na quebra de confiança; a emboscada reside em saber o itinerário da vítima, de modo a esperá-la em determinado ponto; enquanto impossibilitar a defesa é agir de surpresa. TRAIÇÃO EMBOSCADA DISSIMULAÇÃO Ataque desleal, repentino e inesperado. Pressupõe ocultamento do agente que ataca a vítima com surpresa. Significa fingimento, ocultandoou disfarçando o agente a sua intenção hostil, pegando a vítima de surpresa e indefesa. A premeditação não é prevista no Código Penal como agravante genérica, nem como causa de aumento de pena, nem como qualificadora. A premeditação, conforme o caso concreto, pode ser levada em consideração para agravar a pena base. Funciona como circunstância judicial (CP, art. 59). Premeditar – significa decidir com antecipação e refletidamente. A idade da vítima (idoso ou criança, por exemplo), não é MEIO PROCURADO PELO AGENTE, logo, não qualifica o crime, embora, no caso concreto, torne mais difícil a defesa, em alguns casos. 3.5 PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO CRIME V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. QUALIFICADORA SUBJETIVA Esse inciso enuncia hipóteses de conexão (vínculo) entre o crime de homicídios e outros delitos. A doutrina subdivide a conexão em: TELEOLÓGICA: quando o homicídio é praticado para assegurar a execução de outro crime, FUTURO. Ex: matar a babar para sequestrar a criança. CONSEQUENCIAL: quando o homicídio visa assegurar ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime, PASSADO. Não precisa ocorrer a efetiva ocultação, impunidade ou vantagem, basta que o agente ao praticar o delito tenha uma destas finalidades (motivação). “Outro crime” pode ser de autoria do próprio homicida ou pessoa diversa (ex: matar para a assegurar a impumidade do irmão) Se o crime foi praticado para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de uma contravenção penal, não se aplica a presente qualificadora, podendo configurar, conforme o caso a de motivo torpe ou fútil. Cleber Massom: Em síntese, o “outro crime” referido pelo inciso V do § 2.º do art. 121 do Código Penal não forma unidade complexa com o homicídio. Há simples conexão entre eles, aplicando-se cumulativamente as penas respectivas, e não somente a do homicídio qualificado. Não se trata de crime complexo, como no latrocínio, em que há unificação de penas. 3.6 FEMINICÍDIO VI- contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: QUALIFICADORA OBJETIVA – segundo entendimento dos Tribunais Superiores. Ocorre quando o sujeito ativo pratica o delito contra uma mulher, devendo ocorrer porrazões de condição do sexo feminino (violência de gênero), que é quando envolver: Violência doméstica e familiar, e/ou; Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Agressão no âmbito da unidade doméstica compreende aquela praticada no espaço caseiro, envolvendo pessoas com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas integrantes dessa aliança, seja por vínculo de natureza familiar (parentesco em linha reta e por afinidade) ou por vontade expressa (adoção). Art. 121, § 7º, aumentando a pena do feminicídio em 1/3 até 1/2 se o crime for praticado: I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto. Existem discussões, mas para provas policiais é melhor dizer que aplica-se tanto o homicídio na sua forma majorada, quanto o aborto. Algumas outras pessoas dizem que é bis in idem. Houve crime contra o feto (aborto) e crime contra a mulher em seu período de fragilidade (gestante, e por consequência, a causa de aumento). II – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência, ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental. Majora-se também se a vítima temalauma doença degenerativa que provoque limitação ou vulnerabilidade física ou menta, como ELA, Parkinson, Alzheimer, etc. III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima. IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. As medidas protetivas de urgência podem ser solicitadas pela vitima, as quais serão apreciadas pela autoridade judiciária que verificará a possibilidade de deferi-las, em caso positivo, estas vinculam o comportamento do autor face a vítima e em caso de descumprimento ele estará praticando o crime previsto no artigo 24-A da Lei 11.340/06. “Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei”. Entretanto, caso ocorra o feminicidio este crime será absolvido por ser considerado crime meio para atingir o crime fim, e restará apenas a qualificadora que teve sua pena majorada. O autor incorrerá no crime previsto no artigo 121, §§ 2º, VI, 7º,IV do Código Penal. Aplicando-se assim o principio da consunção. No caso da TRANSEXUAL que formalmente obtém o direito de ser identificada civilmente como mulher, será aplicada a qualificadora, haja vista que para todos os efeitos legais a mesma é considerada mulher. SÚMULA 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) NÃO SE EXIGE A COABITAÇÃO ENTRE AUTOR E VÍTIMA. STJ - a jurisprudência desta Corte de Justiça firmou o entendimento segundo o qual O FEMINICÍDIO POSSUI NATUREZA OBJETIVA, pois incide nos crimes praticados contra a mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, assim o animus do agente não é objeto de análise..."(grifamos) AgRg no AREsp 1454781 / SP. Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. HC 433898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). 3.7 CONTRA AUTORIDADE OU AGENTE DE SEGURANÇA PÚBLICA NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO OU EM DECORRÊNCIA DELA VII– contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: Servidores do Art. 142 e 144 da CF Forças Armadas (M/A/E); PFs; PRFs; PFFs; PCs; PMs e CBMs; Policiais Penais Federais/Estaduais e Distritais. Para que essa qualificadora seja aplicada, é necessário que o homicida saiba (tenha consciência) da função pública desempenhada pela autoridade/agente de segurança (dolo abrangente). Esse é o denominado homicídio funcional e exclui parentes por afinidade (sogro, sogra, genro, nora, cunhado, cunhada) e filho adotivo, embora na CF seja equiparado ao filho legítimo (art. 227, § 6º). O Direito Penal não admite analogia em malam partem, se o tipo penal determina expressamente que somente alcançará o parente consangüíneo até 3º grau, o filho adotivo não é parente consangüíneo e não pode ser aplicada a analogia. A expressão “parentes consanguíneos até 3º grau” abrange: Ascendentes (pais, avós, bisavós) Descendentes (filhos, netos, bisnetos); Colaterais até o 3º grau (irmãos, tios e sobrinhos). 3.8 COM EMPREGO DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) O homicídio com arma de fogo de uso "regular", permitido, não se considera qualificado. 3.9 HOMICÍDIO CONTRA MENOR DE 14 (QUATORZE) ANOS X - contra menor de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) § 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de: I – 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; II – 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. 4. Homicídio qualificado privilegiado É possível, desde que exista compatibilidade lógica entre as circunstâncias. Como regra, pode-se aceitar a existência concomitante de qualificadoras objetivas com as circunstâncias legais do privilégio, que são de ordem subjetiva (I, II, V). É hediondo? Não é possível considerar o homicídio privilegiado-qualificado como crime hediondo por duas razões. Em um primeiro momento, por obediência ao princípio da legalidade penal; Não se justifica que o crime com motivos nobres seja submetido a tratamento especialmente gravoso pelo Ordenamento Na existência de mais de uma qualificadora, uma delas qualificará o delito, enquanto a outra servirá como agravante genérica, no caso de previsão, ou circunstância judicial desfavorável, caso não exista a previsão de agravante. Homicídio Híbrido Ocorre quando o homicídio é, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado. Existe possibilidade de Homicídio Híbrido quando a qualificadora é de natureza objetiva. 5. Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. Ocorre o homicídio culposo quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou imperícia, deixa de aplicar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa inconsciente), jamais querido ou aceito. IMPRUDÊNCIA NEGLIGÊNCIA IMPERÍCIA Quandoo agente age sem os cuidados que o caso requer, sendo precipitado e/ou Quando o agentenão tem precaução, a negligência é Quando o agentenão tem aptidão técnica para exercer a arte ou profissão afoito. É a culpa positiva culpa negativa - omissão . Culpa profissional Existindo culpa do agente e culpa da vítima, não há que se falar em compensar as culpas, sendo o agente responsável da mesma maneira, porém tal circunstância beneficiará o réu quando a pena for fixada. Homicídio culposo no trânsito: encontra-se previsto no art. 302 da Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro). Paraa sua configuração, exige-se que o autor esteja na direção de veículo automotor. Elementos do Crime Culposo: Conduta humana voluntária ativa (comissiva) ou omissiva: Há necessidade de uma conduta (ação ou omissão) culposa. Inobservância de um dever objetivo de cuidado: O dever objetivo de cuidado é um elemento normativo de valoração jurídica. A desobediência ao dever objetivo de cuidado ocorre mediante imprudência (conduta culposa comissiva), negligência (conduta culposa omissiva) e imperícia (violação, por parte do agente, de regra técnica de profissão, arte ou ofício, da qual tem conhecimento). Resultado lesivo que não fazia parte da finalidade inicial do agente: O resultado deve ser objetivamente previsível na culpa comum (inconsciente). Um resultado lesivo não querido, tampouco assumido pelo agente. Nexo de causalidade entre conduta e resultado: Sobre o nexo causal, o tema é bem rico e complexo na atual fase do Direito Penal dogmático, quando a teoria da equivalência não se mostra suficiente para solucionar todos os problemas do nexo causal. Previsibilidade objetiva do resultado: O fato deve ser previsível ao agente, o agente não prevê aquilo que lhe era previsível. Tipicidade: Como regra, a conduta penal costuma ser tipificada na forma dolosa. A forma culposa é excepcional, por isso da advertência da tipicidade (parágrafo único do art. 18 do CP). 6. Homicídio culposo majorado Aumento de pena § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (Somente para o profissional (quem exerce a arte, profissão ou ofício), ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA E IMPERÍCIA: a presente causa de aumento muito se assemelha à imperícia, o que a tornaria inaplicável por respeito ao princípio do non bis in idem (apenação dupla pelo mesmo motivo). Ocorre que a doutrina de Fragoso, Damásio, A. Bruno, Capez, entre outros, tem ensinado que a imperícia se refere às pessoas em geral, que desconhecem regras técnicas específicas de determinado campo do conhecimento. Já a causa de aumento de pena aplica-se somente aos profissionais, que conhecem as regras de suas respectivas especialidades. De acordo com o STJ: “É possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP no caso de homicídio culposo cometido por médico e decorrente do descumprimento de regra técnica no exercício da profissão. Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. Isso porque o legislador, ao estabelecer a circunstância especial de aumento de pena prevista no referido dispositivo legal, pretendeu reconhecer maior reprovabilidade à conduta do profissional que, embora tenha o necessário conhecimento para o exercício de sua ocupação, não o utilize adequadamente, produzindo o evento criminoso de forma culposa, sem a devida observância das regras técnicas de sua profissão. De fato, caso se entendesse caracterizado o bis in idem na situação, ter-se-ia que concluir que essa majorante somente poderia ser aplicada se o agente, ao cometer a infração, incidisse em pelo menos duas ações ou omissões imprudentes ou negligentes, uma para configurar a culpa e a outra para a majorante, o que não seria condizente com a pretensão legal” HC 181.847/MS, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, rel. para acórdão Min. Campos Marques (Desembargador convocado do TJ/PR), 5.ª Turma, j. 04.04.2013, noticiado no Informativo 520. SE O AGENTE DEIXA DE PRESTAR IMEDIATO SOCORRO À VÍTIMA: Note que se a vítima for socorrida por terceiros que se anteciparam ao agente, não haverá incidência da majorante, por ausência do nexo de causalidade. Não incide o aumento da pena quando o sujeito deixou de prestar socorro porque não tinha condições de fazê-lo, seja por questões físicas (exemplo: também foi gravemente ferido pela conduta que matou a vítima), seja porque o comportamento exigido em lei a ele representava risco pessoal (exemplo: ameaça de linchamento). (MASSON, Cleber.,p. 201). No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa. STJ. 5ª Turma. HC 269.038- RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014. (Informativo 554). NOVA DECISÃO / RECENTE: Para a observância da causa de aumento da pena prevista no artigo 302, § 1º, inciso III, da Lei nº 9.503/1997, revela-se desinfluente a circunstância de a morte haver sido instantânea, não cabendo ao agente presumir o estado de saúde da vítima e avaliar a conveniência de socorrê-la. STF. 1ª turma. HC 195.497/SP AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/03/2021. (Informativo 694 – STF) NÃO PROCURA DIMINUIR AS CONSEQUÊNCIAS DO SEU ATO: Exemplo: O agente, ameaçado de linchamento, não prestou imediato socorro ao ofendido, o que era justificável. Entretanto, afastou-se do local do crime e não pediu auxílio da autoridade pública, abrindo espaço para o aumento da pena. (MASSON) 7. Homicídio doloso majorado Aumento de pena § 4º (...) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. É indispensável que a idade do ofendido ingresse na esfera de conhecimento do agente, sob pena de responsabilizá-lo objetivamente. A presente majorante considera a idade da vítima quando da prática do crime, ou seja, no momento da ação ou omissão, ainda que seja outro o momento do resultado. 8. Perdão judicial § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. É o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um injusto penal por um sujeito comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar a pena (nas hipóteses taxativamente previstas em lei), levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem para o evento. Nesses casos, o Estado perde o interesse de punir. Trata-se de um benefício apenas para o homicídio culposo. Não se aplica ao homicídio doloso, mesmo que privilegiado. A sentença do perdão judicial não serve para a reincidência. Súmula 18 – STJ - A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio culposo que, embora atingido moralmente de forma grave pelas consequências do acidente, não tinha vínculo afetivo com a vítima, nem sofreu sequelas físicas gravíssimas e permanentes (STJ, REsp1.455.178-DF, julgado em 5/6/2014) (Informativo nº 542). No mesmo sentido: o fato de os delitos haverem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovado, quanto ao outro, a existência do liame subjetivo (vínculo afetivo) entre o infrator e a outra vítima fatal (STJ, REsp 1.444.699-RS, DJe 9/6/2017). PERDÃO DO OFENDIDO PERDÃO JUDICIAL Precisa ser aceito para extinguir a punibilidade (ato bilateral) Não precisa ser aceito para extinguir a punibilidade (ato unilateral) Só cabe em ação penal privada Só cabe nos casos expressamente previstos em lei Concedido pelo ofendido Concedido pelo juiz 9. Homicídio praticado por milícia privada ou grupo de extermínio. § 6º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço desegurança, ou por grupo de extermínio. Milícia armada grupo de pessoas (civis ou não), que tem por finalidade devolver a segurança retirada das comunidades carentes, restaurando a paz, ignorando o monopólio estatal de controle social, valendo-se de violência e grave ameaça. Grupo de extermínio grupo de matadores (justiceiros) que atuam na ausência do poder público, coma finalidade de matança generalizada de pessoas supostamente etiquetadas como perigosas. Quantas pessoas devem integrar o grupo de extermínio ou a milícia privada? 1ª: interpreta o número de membros de acordo com o artigo 288 do CP (três pessoas);(BITTENCOURT e MASSON) 2ª: interpreta o número de membros de acordo com a organização criminosa (art. 1º, §1º da Lei 12.850/13) = 04 pessoas. (ROGERIO SANCHES) Cleber Masson apresenta observação relevante: “Embora não exista disposição expressa nesse sentido, é evidente que o homicídio cometido por milícia privada será classificado como crime hediondo. Com efeito, não há como se imaginar uma execução desta natureza sem a presença de alguma qualificadora, notadamente o motivo torpe (paga ou promessa de recompensa) ou o recurso que dificulta ou impossibilita a defesa do ofendido. E, como se sabe, o homicídio qualificado é crime hediondo (Lei 8.072/1990, art. 1.º, inc. I)”. RESUMINHO: AUMENTO DA PENA - MAJORANTE HOMICÍDIO CULPOSO HOMICÍDIO DOLOSO O aumento da pena ocorre se: O crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. (Pena aumentada de 1/3). O agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. (Pena aumentada de 1/3) O aumento da pena ocorre se: O crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Pena aumentada de 1/3) O crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Pena aumentada de 1/3 até 1/2) No caso de Feminicídio o crime for praticado: Durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Pena aumentada de 1/3 até 1/2) Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Pena aumentada de 1/3 até 1/2) Na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Pena aumentada de 1/3 até 1/2) Em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Pena aumentada de 1/3 até 1/2) 10. Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio ou a Automutilação Art. 122. Induzir (cria a possibilidade – Participação Moral) ou instigar (Reforça a ideia - Participação Moral) alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Crime Qualificado) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Crime Qualificado) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 3º A pena é duplicada: (Majoração da Pena) I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; II- se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Majoração da Pena) § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Majoração da Pena) § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código (Lesão Corporal Qualificada – Gravíssima). § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. Elemento subjetivo: Dolo (é possível por dolo eventual), não sendo possível a forma culposa. Ação Penal: Pública incondicionada. Consumação: O crime não está condicionado ao resultado, basta que ocorra a conduta de induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação, ou prestar-lhe auxílio material para que o faça. Tentativa: é perfeitamente possível. Suicidar-se significa matar a si mesmo. Pode ocorrer por ação (ingerir veneno) ou por omissão (greve de fome). Praticar automutilação significa se autolesionar. A automutilação não suicida é um ato que causa dor ou danos ao próprio corpo, mas não tem a intenção de causar morte (ex.: queimar a pele com cigarro, cortar o corpo com lâminas). O suicídio não é considerado crime, mas sim a conduta da pessoa que incentiva a outra a cometer tal ato. Essa conduta é uma conduta principal e não acessória, sendo o próprio núcleo do tipo penal. Desta forma, o agente que incentiva o suicídio é o autor e não partícipe do crime. Apenas a pessoa que tenha discernimento é que pode ser sujeito passivo de tal crime. Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código (Lesão Corporal Qualificada – Gravíssima). Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - CP/40. Art. 122. Resultado Vítima Com Discernimento Vítima Vulnerável ou Sem Discernimento Não acarreta lesão Tipificação do Art. 122, Caput, CP. (reclusão. 6 meses a 2 anos) Tipificação do Art. 122 c/ Art. 122, §3º,II. (pena duplicada) Lesão Leve Tipificação do Art. 122, Caput, CP. (reclusão. 6 meses a 2 anos) Tipificação do Art. 122 c/ Art. 122, §3º,II. (pena duplicada) Lesão Grave Tipificação do Art. 122, §1º, CP. (reclusão. 1 a 3 anos) Tipificação do Art. 122, §1º, CP. (reclusão. 1 a 3 anos) Lesão Gravíssima Tipificação do Art. 122, §1º, CP.( reclusão. 1 a 3 anos) Tipificação do Art. 129, §2º, CP. (reclusão. 2 a 8 anos) Morte Tipificação do Art. 122, §2º, CP. reclusão. 2 a 6 anos) Tipificação do Art. 121, CP. (reclusão. 6 a 20 anos) Consumação do Crime (Crime é Formal): Ocorre quando o agente pratica o ato, sendo a morte ou as lesões uma mera condição objetiva de punibilidade. Transação penal: Cabível a transação penal, e se o autor do fato aceitar o benefício, o acusado poderá ser beneficiado e o crime não será levado a julgamento pelo júri (art. 98, I, da CF e art. 76 da Lei 9099/95). Se o autor do crime não puder ser beneficiado pela transação penal (por ter, por exemplo, sido beneficiado anteriormente ou se as circunstâncias do crime lhe forem desfavoráveis), nesse caso,o crime será julgado pelo júri. Trata-se de se compatibilizar o direito a transação penal (art. 98,l, da CF), com a competência dos crimes dolosos contra a vida (art. 5, XXXVIII, da CF), ambos dispositivos constitucionais. De qualquer forma, a transação penal só poderá ser proposta e aceita perante o Juízo do Júri. Pacto de morte: o acordo celebrado entre duas pessoas que desejam se matar, as hipóteses em que há sobrevivência de uma delas ou de ambas resolvem-se da seguinte maneira: se o sobrevivente praticou atos de execução da morte do outro (exemplo: ministrar veneno), a ele será imputado o crime de homicídio; se o sobrevivente somente auxiliou o outro a suicidar-se, responderá pelo crime de participação em suicídio; se ambos praticaram atos de execução, um contra o outro, e ambos sobreviveram, responderão os dois por tentativa de homicídio; se ambos se auxiliaram mutuamente e ambos sobreviveram, a eles será atribuído o crime de participação em suicídio; se um deles praticou atos de execução da morte de ambos, mas ambos sobreviveram, aquele responderá por tentativa de homicídio, e este por participação em suicídio. A respeito da hipótese da ROLETA-RUSSA E DUELO AMERICANO: Se várias pessoas fazem, simultaneamente, roleta-russa ou duelo americano, aos sobreviventes será imputado o crime de participação em suicídio. Na roleta-russa, a arma de fogo é municiada com um único projétil, e deve ser acionado o gatilho pelos participantes cada um em sua vez, rolando o tambor que estava vazio. No duelo americano, por sua vez, existem duas armas de fogo, uma municiada e outra desmuniciada, e os participantes devem escolher uma delas para posteriormente apertarem o gatilho contra eles mesmos 11. Infanticídio Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos. É considerada uma espécie de homicídio, sendo a pena menor, desde que comprovado a influência do estado puerperal da mãe, ou seja, o estado emocional da pessoa precisa ser a causa do fato. Sujeito Ativo: Mãe da vítima. Sujeito Passivo: Recém-nascido. Consumação do Crime: Ocorre com a morte da criança. (Crime material) Ação Penal: Pública incondicionada. É um crime próprio, sendo possível o concurso de agentes. É possível o crime por tentativa. O crime só é possível mediante dolo (direto ou eventual). Caso a mãe de forma culposa mate o filho, teremos um caso de homicídio culposo e não de infanticídio. A mãe responderá por infanticídio, mesmo se matar o filho de outra pessoa pensando que é o seu, sendo um caso de erro sobre a pessoa, é o que se chama de infanticídio putativo. O infanticídio é um crime que está delimitado no tempo (durante ou logo após o parto): se a morte foi antes do parto, há aborto; se foi depois do parto, há homicídio. Estado Puerperal Consiste em uma perturbação psíquica que acomete a gestante durante o parto ou logo após. O estado puerperal, no infanticídio, diminui a capacidade de autodeterminação da mulher, não se confunde com a ausência completa de capacidade de culpabilidade que pode ser gerada, por exemplo, por uma depressão pós-parto, de modo a afastar a própria culpabilidade, tornando a mulher, nesse caso,inimputável, passível de receber uma medida de segurança. 12. Aborto No âmbito penal, a vida humana pode ser: Intrauterina (Antes do Nascimento – CP/40 Art. 124 e 127); Extrauterina (A partir do nascimento – CP/40. Art. 121 a 123). A doutrina entende que a vida de uma pessoa se inicia a partir do seu nascimento (Extrauterina), não existindo crime de homicídio antes dela, mas sim a possibilidade de crime de aborto. 12.1 ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. O sujeito ativo só pode ser a mãe (gestante). No caso de estarmos diante da segunda hipótese (permitir que outra pessoa pratique o aborto em si), o crime é praticado somente pela mãe, respondendo o terceiro pelo crime do art. 126 (Exceção à teoria monista, que é a teoria segundo a qual os comparsas devem responder pelo mesmo crime). Assim, este crime é um crime DE MÃO PRÓPRIA. Elemento Subjetivo: Dolo. O aborto de forma culposa não é considerado crime. É cabível tentativa. Consumação do Crime: Ocorre com a eliminação do feto ou embrião, pouco importando se esta ocorreu dentro ou fora do ventre materno, desde que em razão das manobras abortivas. Ação Penal: Pública incondicionada. É um crime de mão própria. Admite concurso de agente,inclusive na forma de coautoria. Sendo o aborto por consentimento (outra pessoa pratica o aborto com o consentimento da gestante), o terceiro responde nos termos do Art. 126. CP/40. 12.2 ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. É cabível tentativa. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Embrião ou feto e gestante. Caso o sujeito ativo mate a mãe e o feto tendo o conhecimento da sua gravidez, aquele responderá por crime de homicídio e aborto, sendo assim um concurso de crimes. Consumação do Crime: Ocorre com a eliminação do feto ou embrião. Ação Penal: Pública incondicionada. 12.3 ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. Elemento subjetivo: Dolo. É cabível tentativa. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, exceto a gestante. Sujeito Passivo: Embrião ou feto. Caso a gestante não possua consentimento em relação ao aborto, o sujeito ativo responde o tipo penal por Aborto provocado por terceiro sem consentimento da gestante. Consumação do Crime: Ocorre com a eliminação do feto ou embrião. Ação Penal: Pública incondicionada. A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria gestante (art. 124) ou com o seu consentimento (art. 126) não é crime. É preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação fetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionalidade. STF. 1ª Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/11/2016 (Info 849). Exceções em que o aborto não é crime O Código Penal, em seu art. 128, traz duas hipóteses em que o aborto é permitido: 1ª) se não há outro meio de salvar a vida da gestante. É o chamado aborto “necessário” ou “terapêutico”, previsto no inciso I. 2ª) no caso de gravidez resultante de estupro. Trata-se do aborto “humanitário”, “sentimental”, “ético” ou “piedoso”, elencado no inciso II. Segundo o texto expresso do CP, essas são as duas únicas hipóteses em que o aborto é permitido no Brasil. 3ª) Interrupção da gravidez de feto anencéfalo O STF, no julgamento da ADPF 54/DF, criou uma nova exceção e decidiu que a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta atípica (Plenário. ADPF 54/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 11 e 12/4/2012). Assim, por força de interpretação jurisprudencial, realizar aborto de feto anencéfalo também não é crime. 4ª) Interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação A 1ª Turma do STF, no julgamento do HC 124306, mencionou a possibilidade de se admitir uma quarta exceção: a interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestaçãoprovocado pela própria gestante (art. 124) ou com o seu consentimento (art. 126) também não seria crime (HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/11/2016. Info 849). 12.4 FORMA QUALIFICADA / CAUSAS DE AUMENTO DA PENA Forma qualificada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. O aborto é praticado a título de dolo e os resultados devem advir de culpa. Então, esse é um crime preterdoloso ou preterintencional. De acordo Rogério Greco: “Assim, as lesões corporais graves e a morte somente podem ser imputadas ao agente a título de culpa. Se ele queria, com o seu comportamento inicial, dirigido à realização do aborto, produzir na gestante lesão corporal grave ou mesmo a sua morte, responderá pelos dois delitos (aborto + lesão corporal grave ou aborto + homicídio) em concurso formal impróprio, posto que atua com desígnios autônomos, aplicando-se a regra do cúmulo material de penas”. Basta que a morte ou a lesão decorram dos meios empregados para provocá-lo (vide redação do próprio art. 127, do CP), dispensando-se a consumação do aborto. Em que pese a previsão legal de hipóteses preterdolosas, nada impede o aumento da pena quando o aborto não se consuma, mas a gestante sofra lesão corporal de natureza grave ou morra. A autolesão não é punível, à gestante que, realizando o autoaborto, vier a causar em si mesma lesão corporal de natureza grave, não se aplicará a causa de aumento de pena. 12.5 ABORTO PRATICADO POR MÉDICO - NÃO PUNÍVEL Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: ABORTO NECESSÁRIO I- se não há outro meio de salvar a vida da gestante; ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Aborto necessário ou terapêutico (art. 128, I, do CP): Dispensa consentimento da gestante. Dispensa autorização judicial. Se essa manobra for praticada por parteira, farmacêutico, enfermeiro ou outra pessoa? Aplica-se o art. 128, I, do CP? R: Não se aplica o art. 128, I, do CP, mas sim o art. 24, do CP, pois ele agiu para salvar a vida da gestante, em estado de necessidade de terceiro. Aborto sentimental, humanitário ou ético (art. 128, II, do CP): Praticado por médico. Que a gravidez seja resultante de estupro (abrange o estupro de vulnerável). Consentimento da gestante (ou de seu representante legal quando a vítima for incapaz). E se essa manobra for praticada parteira, farmacêutico, enfermeiro ou outra pessoa? Se agir desse modo pratica crime. A doutrina majoritária entende que não precisa que o autor do estupro seja condenado e que nem ao menos a vitima seja compelida a confeccionar um registro de ocorrência, não exige autorização judicial. (inexigibilidade de conduta diversa.) FALSA COMUNICAÇÃO DE ESTUPRO: A gestante responde pelo art. 124 em concurso material com o art. 340 e o médico está em erro de tipo permissivo. Aborto do anencéfalo: A Lei penal não autoriza a prática de aborto de anencéfalo. O STF decidiu, por meio da ADPF 54, que não é crime. Justificativa penal: anencéfalo não possui atividade encefálica. Se não há atividade encefálica, não há vida. Crime impossível. É considerado FATO ATÍPICO a) § 1º - Homicídio Doloso Privilegiado c) § 3º - Homicídio Culposo e) § 5º - Perdão Judicial
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