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Quinhentismo: A Literatura de Informação no Brasil

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ESCOLA ESTADUAL PROF. BRAZ SINIGÁGLIA
ATIVIDADES PEDAGÓGICAS COMPLEMENTARES
PROFESSORA: ALESSANDRA SALBEGO
DISCIPLINA: LINGUAGEM E INTERARTES
(MS. EM13LGG601) Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como os processos de legitimação das manifestações artísticas na sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica.
Quinhentismo
O Quinhentismo representa a primeira manifestação literária no Brasil que também ficou conhecida como "literatura de informação".
É um período literário que reúne relatos de viagem com características informativas e descritivas. São textos que descrevem as terras descobertas pelos portugueses no século XVI, desde a fauna, a flora e o povo.
Vale lembrar que o Quinhentismo brasileiro ocorreu paralelo ao Classicismo português e o nome do período refere-se a data de início: 1500.
Quinhentismo no Brasil
Com a chegada dos portugueses em território brasileiro em 1500, as terras encontradas foram relatadas pelos escrivães que acompanhavam os navios.
Assim, a literatura de informação foi produzida pelos viajantes no início do século XVI, no período do Descobrimento do Brasil e das Grandes navegações.
Além disso, os jesuítas, responsáveis por catequizarem os índios, criaram uma nova categoria de textos que fizeram parte do quinhentismo: a "literatura de catequese".
Os principais cronistas desse período são: Pero Vaz de Caminha, Pero Magalhães Gândavo, Padre Manuel da Nóbrega e Padre José de Anchieta.
Características do Quinhentismo
· Crônicas de viagens
· Textos descritivos e informativos
· Conquista material e espiritual
· Linguagem simples
· Utilização de adjetivos
Autores e obras do Quinhentismo
Muitos viajantes e jesuítas contribuíram com seus relatos para informar aos que estavam do outro lado do Atlântico suas impressões acerca da nova terra encontrada.
Por isso, muitos dos textos que compõem a literatura quinhentista, possuem forte pessoalidade, ou seja, as impressões de cada autor. A obra desse período que mais se destaca é a "Carta de Pero Vaz de Caminha" ao Rei de Portugal.
Pero Vaz de Caminha (1450-1500)
Pero Vaz de Caminha foi um escrivão português, responsável por descrever as primeiras impressões desde a chegada ao Brasil, em 1500. Ele fez parte da frota de Pedro Álvares Cabral.
Escrivão-mor da esquadra liderada por Pedro Álvares Cabral (1468-1520), Pero Vaz de Caminha, escritor e vereador português, registrou suas primeiras impressões acerca das terras brasileiras. Fez isso por meio da "Carta de Achamento do Brasil" datada de 1.º de maio de 1500.
A Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita para o Rei de Portugal, D. Manuel, é considerada o marco inicial da Literatura Brasileira, visto ser o primeiro documento escrito sobre a história do Brasil.
Seu conteúdo aborda os primeiros contatos dos lusitanos com os indígenas brasileiros, bem como as informações e impressões sobre a descoberta das novas terras.
Veja um trecho da carta em que ele descreve os índios:
A Carta de Pero Vaz de Caminha
"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo."CAMINHA, Pero de Vaz.
Com o objetivo de relatar sobre o local encontrado além-mar, ele descreve a paisagem, as belezas naturais das terras encontradas, bem como os povos indígenas que habitavam a região.
Note que esse documento possui um grande valor histórico e literário na história do Brasil, visto ser o primeiro em que o País é mencionado.
Na literatura, esse período foi chamado de Quinhentismo e sua principal característica é a literatura de informação. Ele esteve marcado pelas crônicas de viagem, os textos descritivos e informativos.
Exercícios – 
1. (Enem 2013) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. 
Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001. 
A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo: 
A) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos 
B) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa. 
C) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente. 
D) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia. 
E) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho
1. (Fuvest) Entende-se por Literatura Informativa no Brasil:
a) o conjunto de relatos de viajantes e missionários europeus, sobre a natureza e o homem brasileiros.
b) a história dos jesuítas que aqui estiveram no século XVI.
c) as obras escritas com a finalidade de catequese do indígena.
d) os poemas do padre José de Anchieta.
e) os sonetos de Gregório de Matos.
2. (UFSM) Sobre a literatura produzida no primeiro século da vida colonial brasileira, é correto afirmar que:
a) É formada principalmente de poemas narrativos e textos dramáticos que visavam à catequese.
b) Inicia com Prosopopeia, de Bento Teixeira.
c) É constituída por documentos que informam acerca da terra brasileira e pela literatura jesuítica.
d) Os textos que a constituem apresentam evidente preocupação artística e pedagógica.
e) Descreve com fidelidade e sem idealizações a terra e o homem, ao relatar as condições encontradas no Novo Mundo.
3. (UNISA) A “literatura jesuíta”, nos primórdios de nossa história:
a) tem grande valor informativo;
b) marca nossa maturação clássica;
c) visa à catequese do índio, à instrução do colono e sua assistência religiosa e moral;
d) está a serviço do poder real;
e) tem fortes doses nacionalistas.
Os Sermões, de Padre Antônio Vieira, são textos em prosa que representam o período barroco na literatura brasileira, sendo que em sua maioria, eles se apresentam por meio de assuntos polêmicos, ao tecer críticas pontuais a diversos aspectos que o Padre Antônio Vieira acreditava estarem errados naquela época que precede o descobrimentodo Brasil.
Nesses sermões, pode-se encontrar muitas vezes críticas certeiras ao despotismo dos colonos portugueses, a outros pregadores que não exerciam de forma correta a sua função de catequização, a influência negativa do Protestantismo que acabava de chegar ao Brasil Colonial, aos novos-cristãos – que em sua maioria eram judeus que se converteram ao catolicismo e vieram se instalar aqui em terras tupiniquins – entre outras coisas.
Até mesmo a polêmica Inquisição não escapou das críticas dos sermões de Padre Antônio Vieira, que se dizia totalmente contra essa barbárie e afirmava que essa não era a melhor forma de se evangelizar as pessoas, ou seja, não concordava que o medo fosse uma boa maneira de fazer com que os povos aceitassem o catolicismo.
Além disso, Vieira também era um defensor dos povos indígenas, pois condenava os horrores vivenciados por eles nas mãos dos colonos portugueses que chegaram ao Brasil, assim, defendia a catequização dos povos indígenas bem como a integração deles com a sociedade.
Padre Antônio Vieira viveu de 1608 a 1697, tendo escrito cerca de mais de 200 sermões diferentes, onde se destacam três muitos famosos, os quais veremos a seguir, e também diversos tipos cartas de manifestos (aproximadamente 500) e até mesmo profecias. Confira!
Estrutura dos Sermões
O estilo adotado por Padre Antonio Vieira para escrever os seus Sermões é o de concepção, ou seja, seu estilo de escrita discursiva para os sermões era conceptista.
Isso quer dizer que eles eram escritos para privilegiar a retórica (fala) e o encadeamento das ideias, opiniões e conceitos, baseados numa concepção lógica com a intenção de passar ensinamentos, levar à reflexão, a evangelizar e a catequizar.
Os Sermões eram divididos da seguinte forma:
· Intróito ou Exórdio
O intróito ou o exórdio equivale ao início ou à introdução dos sermões, onde nos são apresentadas as ideias principais do discurso, uma espécie de apresentação da temática que será desenvolvida através do sermão.
· Desenvolvimento ou argumento
No desenvolvimento ou argumento, o sermão entra no desenvolver das ideias principais da temática do texto, são os argumentos apresentados pelo Padre para nos convencer ou nos mostrar o sue ponto de vista, sempre com a intenção de fazer as pessoas refletirem e a pensarem sobre o assunto abordado, ou seja, resumidamente, pode-se dizer que é a defesa de uma ideia com base na argumentação do autor do texto.
· Peroração
A peroração é a conclusão do sermão, ou seja, a parte final onde o autor do texto expressa sua opinião definitiva sobre o assunto, onde conclui o seu pensamento.
“Humildade essencialmente é o conhecimento da própria dependência, da própria imperfeição e da própria miséria”. (Sermões, “Homem”).
Resumo: Sermão da Sexagésima
Apresentado em 1655, o Sermão da Sexagésima é dividido em 10 partes diferentes, sendo que a temática principal apresentada por esse sermão seja sobre a arte de pregar, catequização e evangelização.
Sendo assim, Padre Antônio Vieira, no sermão em questão, critica a forma como outros representantes religiosos pregam a palavra de Deus, além disso, também afirma veementemente que pregar a palavra de Deus não é apenas falá-la ou reproduzi-la de forma vazia, mas, sim, é fazer da palavra de Deus de uma semente, que deve ser semeada pelo pregador e cultivada com muito carinho e dedicação.
 No final do sermão, Vieira ainda ressalta que se a palavra de Deus não dá frutos aqui na Terra, no plano terreno, a culpa disso não é da semente, ou seja, de Deus ou da sua palavra, mas, sim, exclusivamente dos semeadores, fazendo uma alusão aos pregadores, que não cumprem direito a função deles de cultivar de forma correta a palavra de Deus.
“Ecce exiit qui seminat, seminare. Diz Cristo que ‘saiu o pregador evangélico a semear’ a palavra divina. Bem parece este texto dos livros de Deus ão só faz menção do semear, mas também faz caso do sair: Exiit, porque no dia da messe hão-nos de medir a semeadura e hão-nos de contar os passos. (…) Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair, são os que se contentam com pregar na Pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura; aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura e hão-lhes de contar os passos. Ah Dia do Juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos: Exiit seminare. (…) Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta? Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus? (…)”
Sobre o Barroco, no Nordeste do Brasil, é correto afirmar:
I. Em comparação com o Barroco Mineiro, apresenta maior originalidade e sofisticação, especialmente em Pernambuco, devido ao enriquecimento gerado pelo comércio e produção açucareira.
II. Os interiores de suas igrejas apresentam rica decoração de talha e azulejaria e tetos com pinturas ilusionistas de alta qualidade.
III. Na pintura, destaca-se o trabalho de Manuel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde, em especial pelo teto da Igreja de São Pedro dos Clérigos, em Recife.
IV. A arquitetura de suas igrejas se destaca pelas fachadas, que apresentam elegantes ornamentações em pedra entalhada, material típico da região.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas.
·  I e II.
·  I e III.
·  II e IV.
·  I, III e IV.
·  II, III e IV.
Notas sobre o Autor
Os sermões de Padre Antônio Vieira é o que há de melhor na produção barroca brasileira, em relação à literatura, é claro, sendo que esse autor é o maior representante da prosa barrosa no Brasil, além de ser considerado também o maior orador/pregador sacro do período do Brasil Colonial.
Contexto histórico
O contexto histórico dos Sermões de Padre Antônio Vieira, trata-se do Brasil-Colônia, onde haviam muitas questões a serem discutidas, as principais muito presentes na obra do padre.
Dentre eles, podemos destacar:
· A arte de evangelizar;
· A catequização dos índios;
· A exploração dos povos indígenas pelos portugueses;
· As invasões estrangeiras na colônia.
“De um erro nascem muitos, e sobre fundamento tão errado nunca houve edifício certo”. (Documentos, “Erro”)

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