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1 Fisiologia - LM sinapses e neurotransmissores NEURÔNIO – UNIDADE FUNCIONAL BÁSICA • O SNC contém mais de 100 bilhões de neurônios • Sinais aferentes chegam a esse neurônio por meio de sinapses localizadas principalmente nos dendritos neuronais e do corpo celular • O sinal eferente desse mesmo neurônio trafega pelo axônio único • Na maioria das sinapses, o sinal se propaga apenas na direção anterógrada RECEPTORES SENSORIAIS − Atividades se iniciam pelas experiências sensoriais que excitam os receptores sensoriais − As experiências podem provocar reações cerebrais imediatas ou essas informações podem ser armazenadas no cérebro, sob a forma de memória − A porção somática (corpo) do sistema sensorial é a responsável por transmitir informação sensorial vinda dos receptores EFETORES O controle das diversas atividades do corpo, como contração muscular e secreções, são chamadas, coletivamente de funções Já as estruturas que efetivamente executam as funções ditadas pelos sinais nervosos, são chamados de efetores O NEUROEIXO MOTOR “ESQUELÉTICO”: é o responsável por controlar a contração da musculatura esquelética SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO: exerce o controle sobre a musculatura lisa, as glândulas e outros sistemas internos FUNÇÃO “INTEGRATIVA” Mais de 99% de toda informação sensorial é descartada pelo cérebro como irrelevante e sem importância Quando importante informação sensorial excita nossa mente, esta é imediatamente canalizada para regiões integrativas e motoras apropriadas do cérebro PAPEL DA SINAPSES NO PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES SINAPSE: ponto de contato entre um neurônio e o neurônio seguinte; determinam as direções em que os sinais vão se distribuir Existem sinais facilitatórios (excitatórios) e os sinais inibitórios, que podem controlar a transmissão sináptica ARMAZENAMENTO DA INFORMAÇÃO – MEMÓRIA A maior parte das informações sensoriais recebidas é armazenada para controle futuro das atividades motoras e para o uso nos processos cognitivos A maior parte desse armazenamento ocorre no córtex cerebral e mesmo as regiões subcorticais do encéfalo e a medula espinal podem armazenar pequenas quantidades de informação FACILITAÇÃO: cada vez que um mesmo sinal sensorial passa pelas sinapses, essas ficam mais capazes de transmitir o mesmo tipo de sinal 2 Fisiologia - LM As memorias ajudam a selecionar nova informação sensorial importante e a transmiti-la às áreas apropriadas de armazenamento da informação para uso futuro SINAPSES DO SNC Informações são transmitidas para o SNC na forma de potenciais de ação, chamados de impulsos nervosos Esses impulsos se propagam por sucessão de neurônios, um após o outro Os dois tipos de sinapses podem coexistir e interagir, apesar da química predominar SINAPSES QUÍMICAS Grande maioria das sinapses são químicas Primeiro o neurônio secreta na fenda sináptica, neurotransmissores Os neurotransmissores atuam em proteínas receptoras presentes na membrana no neurônio subsequente As do tipo químico ocorrem em uma única direção SENTIDO UNIDIRECIONAL: neurônio pré- sináptico → neurônio pós-sináptico; permite que o sinal seja direcionado para alvos específicos SINAPSES ELÉTRICAS Os citoplasma dos neurônios adjacentes estão conectados diretamente JUNÇÕES COMUNICANTES (GAP): aglomerados de canais de íons conectam os dois neurônios e permitem o movimento livre dos íons de uma célula para outra Sinapses elétricas também ocorrem na transmissão das fibras musculares lisa para a próxima no músculo liso visceral, assim como nas células musculares cardíacas Permite transmissão bidirecional das sinapses, colaborando na coordenação das atividades de grandes grupos de neurônios interconectados 3 Fisiologia - LM ANATOMIA FISIOLÓGICA DA SINAPSE O neurônio é composto por três partes principais 1. Corpo celular ou soma: maior porção 2. Axônio: único e que se estende do corpo celular, deixa a medula espinal e se incorpora a nervos periféricos 3. Dendritos: inúmeras projeções ramificadas da soma Botões sinápticos: 10000 a 200000 pequenos botões, chamados também de terminais sinápticos, presentes nas superfícies dos dendritos e do corpo celular. Esses botões são as porções terminais de ramificações de outros neurônios Alguns desses terminais são excitatórios e outros inibitórios, diferenciando-se em suas secreções neurotransmissoras e sua ação sobre o estímulo Fenda sináptica: Os terminais pré e pós- sinápticos são separados por essa fenda Vesículas transmissoras: estruturas armazenadas dentro dos neurônios que contém os neurotransmissores Neurotransmissor excitatórios: vai reagir se a membrana pós-sináptica contiver receptores excitatórios Neurotransmissor inibitório: vai reagir se a membrana pós-sináptica contiver receptores inibitórios Mitocôndrias: as mitocôndrias dos neurônios fornecem o ATP, suprindo a energia necessária para sintetizar novas moléculas da substância transmissora DEPOLARIZAÇÃO: quando o potencial de ação chega ao terminal pré-sináptico a despolarização (de -65 para -45 milivolts) da sua membrana faz com que pequeno número de vesículas libere os neurotransmissores na fenda sináptica, provocando alteração imediata nas características de permeabilidade da membrana neuronal pós- sináptica, levando à excitação ou à inibição do neurônio pós-sináptico PAPEL DOS ÍONS CÁLCIO A membrana pré-sináptica possuem grande número de canais de cálcio dependentes de voltagem Os canais de cálcio abrem quando o potencial de ação despolariza a membrana, permitindo a passagem do íon cálcio Os íons cálcio no terminal pré-sináptico se ligam a moléculas de proteínas especiais, chamados de sítios de liberação Provoca a abertura dos sítios de liberação através da membrana, permitindo as vesículas se fundam na membrana e liberem os neurotransmissores PROTEÍNAS RECEPTORAS Na membrana do neurônio pós-sináptico contém grande número de proteínas receptoras Componente de ligação: local onde se liga o neurotransmissor Componente intracelular: atravessa toda a membrana pós-sináptica até alcançar o interior do neurônio A ativação dos receptores controla a abertura dos canais iônicos na célula pós-sináptica por controle direto dos canais iônicos ou mediante a ativação de um “segundo mensageiro” CANAIS IÔNICOS Controle direto dos canais iônicos: permite a passagem de tipos específicos de íons; designados, em geral, por receptores ionotrópicos Canais iônicos catiônicos: permitem a passagem dos íons sódio quando abertos; revestidos com cargas negativas; repelem os íons cloreto e outros ânions ❖ Um neurotransmissor que abre os canais catiônicos é chamado transmissor excitatório Canais iônicos aniônicos: permitem a passagem de íons cloreto; aumentam o diâmetro do canal permitindo a passagem do cloreto 4 Fisiologia - LM ❖ Um neurotransmissor que abre os canais aniônicos é chamado de transmissor inibitórios SISTEMA DE “SEGUNDOS MENSAGEIROS” O processo de memória necessita de mudanças prolongadas nas membranas dos neurônios (de segundos a meses) A mudança conformacional dos canais iônicos acontecem em milésimos de segundos O segundo mensageiro fica responsável por provocar os efeitos prolongados das excitações e inibições neural PROTEÍNAS G (PROTEÍNA TRANSMEMBRANA): O complexo de proteínas G inativado, presente no citosol, formado por GDP, componentes alfa (porção ativadora), beta e gama ligados ao componente alfa Enquanto o complexo de proteínas G estiver ligado ao GDP ele permanece inativado Quando o receptor da membrana pós-sináptica é ativado, o receptor sofre modificação conformacional, deixando um local de ligação ao complexo de proteínas G Ao se ligar, o GDP é desligado da proteína,entrando um GTP se ligando à subunidade alfa As unidades beta e gama também se separa do complexo Agora o alfa-GTP possui liberdade de movimento no citoplasma executando suas funções Pode ocorre quatro mudanças seguintes: 1. Abertura de canais iônicos específicos na membrana pós-sináptica 2. Ativação do AMPc ou GMPc 3. Ativação de uma ou mais enzimas intracelulares 4. Ativação da transcrição gênica A inativação da proteína G ocorre quando o GTP ligado à subunidade α é hidrolisado para formar GDP, inativando os sistemas de segundos mensageiros e em seguida volta a combinar-se com as subunidades β e gama, retornando o complexo G ao seu estado inativo 5 Fisiologia - LM RECEPTORES EXCITATÓRIOS E INIBITÓRIOS Pela ativação, alguns receptores pós-sinápticos provocam excitação do neurônio pós-sináptico, e outros causam inibição. Dá dimensão adicional à função nervosa, possibilitando a contenção ou a excitação das ações neuronais. Os diferentes mecanismos moleculares e de membrana utilizados por diversos receptores para induzir excitação ou inibição incluem os seguintes: EXCITAÇÃO 1. Abertura dos canais de sódio, permitindo o fluxo de grande número de cargas elétricas positivas para a célula pós-sináptica. Esse evento celular aumenta o potencial intracelular da membrana em direção ao potencial mais positivo, no sentido de atingir o nível do limiar para sua excitação. 2. Condução reduzida pelos canais de cloreto ou potássio ou de ambos. Esse evento diminui a difusão de íons cloreto, com carga negativa para o neurônio pós-sináptico ou a difusão de íons potássio com carga positiva para fora da célula. Em ambos os casos, o efeito é o de fazer com que o potencial interno da membrana mais positivo do que o normal, o que tem caráter excitatório. 3. Diversas alterações no metabolismo do neurônio pós-sináptico, para excitar a atividade celular ou em alguns casos, aumentar o número de receptores de membrana excitatórios, ou diminuir o número de receptores inibitórios da membrana. INIBIÇÃO 1. Abertura dos canais para íon cloreto na membrana neuronal pós-sináptica. Esse fenômeno permite a rápida difusão dos íons cloreto com carga negativa do meio extracelular para o interior do neurônio pós-sináptico, dessa forma, transportando cargas negativas para o interior da célula e aumentando a negatividade interna, o que tem caráter inibitório. 2. Aumento na condutância dos íons potássio para o exterior dos neurônios. Esse evento permite que íons positivos se difundam para o meio extracelular, provocando aumento da negatividade do lado interno da membrana do neurônio, o que é inibitório para a célula. 3. Ativação de enzimas receptoras que inibem as funções metabólicas celulares, promovendo aumento do número de receptores sinápticos inibitórios, ou diminuindo o número de receptores excitatórios. SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS QUE ATUAM COMO TRANSMISSORES SINÁPTICOS: POTENCIAL DE REPOUSO DA MEMBRANA DO NEURÔNIO -65 milivolts é o potencial de repouso das membranas dos neurônios A diminuição da voltagem para valores menos negativos torna a membrana mais excitável O aumento da voltagem para valores mais negativos, torna o neurônio menos excitável POTENCIAL EXCITATÓRIO PÓS-SINÁPTICO (PPSE) Quando o terminal pré-sináptico secreta um neurotransmissor excitatório, ele age sobre o receptor excitatório do pós-sináptico, aumentando a permeabilidade da membrana ao Na+ (ou Ca++) Devido ao gradiente de concentração acentuadamente negativa, os íons sódio se difundem rapidamente para o interior da célula 6 Fisiologia - LM O rápido influxo neutraliza parte da negatividade do potencial de repouso, passando de -65 milivolts, para -45 milivolts Esse aumento positivo é denominado potencial pós- sináptico excitatório (PPSE) Se esse potencial alcançar o limiar acarretará o potencial de ação do neurônio pós-sináptico, o excitando O PPSE é de +20 milivolts, isto é, 20 milivolts mais positivo do que o valor de repouso DESPOLARIZAÇÃO: a abertura dos canais de sódio e cálcio irão aumentar o potencial de repouso da membrana Uma única descarga jamais induzirá esse aumento limiar, portanto, elevações dessa magnitude requer descarga simultânea de vários terminais ao mesmo tempo ou em rápida sucessão POTENCIAL INIBITÓRIO PÓS-SINÁPTICO (PPSI) As sinapses inibitórias promovem a abertura de canais de Cl (e K+), permitindo a passagem fácil desses íons O potencial de Nernst do cloreto é de -70 milivolts, mais negativo que o de repouso da membrana neuronal (-65 milivolts) Desse modo, a abertura desses canais promovem a entrada dos íons cloreto para o meio intracelular, tornando o potencial de membrana do neurônio mais negativo que o normal Assim com a abertura dos canais de potássio, permitirão que esses saíam da células, tornando o meio intracelular ainda mais negativo HIPERPOLARIZAÇÃO: tanto o influxo do cloreto quanto o efluxo de potássio aumentam o grau de negatividade intracelular O aumento da negatividade para além do nível do potencial de membrana normal, é chamado de potencial inibitório pós-sináptico (PPSI) INIBIÇÃO PRÉ-SINÁPTICA Além da inibição causada nos terminais pós-sináptica, outro tipo de inibição ocorre nos terminais pré- sinápticos Causada pela liberação de substância inibitória nos terminais pré-sinápticos Na maioria da vezes, o neurotransmissor inibitório é o GABA O GABA tem efeito específico, que é o de abrir canais aniônicos permitindo a difusão de grande número de íons cloreto para o terminal nervoso O íon Cl- inibem a transmissão sináptica porque cancelam boa parte do efeito excitatório dos íons sódio com carga positiva que também entram nos terminais com a chegada do potencial de ação 7 Fisiologia - LM SOMAÇÃO ESPACIAL – LIMIAR DE DISPARO A quantidade de substância transmissora liberada por um só terminal é de 0,5 a 1 milivolts Para que se alcance o PPSE, cerca de 40 a 80 neurônios, necessitam ser estimulados ao mesmo tempo Os efeito desses múltiplos neurônios, são portanto, somados, até que a excitação ocorra Quando o PPSE se torna grande o suficiente, o limiar de disparo será alcançado e o potencial de ação vai ser gerado espontaneamente no segmento inicial do axônio SOMAÇÃO TEMPORAL – DESCARGAS SUCESSIVAS Toda vez que o terminal pré-sináptico dispara, a substância transmissora liberada promove a abertura dos canais de membrana por milissegundo ou pouco mais O potencial pós-sináptico modificado pode durar até 15 milissegundos depois dos canais de membrana já terem se fechado A segunda abertura desses canais pode aumentar o potencial pós-sináptico até um nível ainda maior do que o causado pelo primeiro disparo Assim, descargas sucessivas de um só terminal pré- sináptico, se ocorrerem com rapidez suficiente, podem ser adicionadas umas às outras; ou seja, podem se “somar”
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