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A NOITE DO CRIME Em um julgamento é crucial analisar o caso, os acontecimentos, se o crime ocorreu de fato ou não e se haverá absolvição ou condenamento. Mas também, é de suma importância observar atentamente a linguagem utilizada, pois este artifício é o principal meio de defesa. Consoante Paulo Nader1, "Na vida jurídica não apenas a linguagem da lei deve reunir os predicados de simplicidade, clareza e concisão, também a constante dos contratos e de outras modalidades de negócios jurídicos. Ainda nas sentenças judiciais a linguagem hermética, inacessível, é um mal a ser evitado". Dessa forma, é necessário balancear o uso do português em um júri, sem se esquecer de dar a devida importância ao caso concreto. A priori, é essencial analisar criteriosamente o caso concreto. A morte terrível de Maxwell Rodrigues dos Santos - mais conhecido como Sueli -, ocorreu no dia 21 (vinte e um) de julho de 2017 (dois mil e dezessete). Os acusados são Maxsuel Batista Silva e Tarcila Raquel do Nascimento, justamente pelo local do assassinato ser a então moradia deles no bairro Lamarão. Segundo o relato da testemunha Witório, ele e a vítima foram convidados para tomar um café na casa dos réus, contudo, ao ver o tempo passar, foram chamados para passar a noite, o que evidencia a premeditação do crime, mesmo que isso seja negado. Durante a madrugada, Maxsuel, por motivos não abordados, invadiu o quarto de visitas com uma arma branca, predestinado a agredir fisicamente Maxwell, o qual, devido ao ataque brutal, acabou por vir a óbito rapidamente no lugar. Enquanto isso, Witório foi retirado do quarto por Tarcila, que o manteve em cárcere privado em outro recinto para que não pudesse ver o ato sendo cometido. Após vários pedidos de liberação negados, Witório pôde ser solto, logo, viu a cena do crime e pediu para ir embora, prometendo que não iria contar o ocorrido. Consequentemente, as acusações por homicídio qualificado e cárcere privado que decaem sobre Maxsuel Batista Silva e Tarcila Raquel do Nascimento, a qual também é incriminada por corrupção de menores, são mais do que justas. A posteriori, é mister ressaltar o modo como a língua portuguesa foi utilizada no tribunal. A começar pelo juiz Daniel de Lima Vasconcelos, que se manteve dentro das normas gramaticais, mesmo que afastado do juridiquês, para que os réus e os jurados pudessem entender de melhor forma. Assim como o defensor de justiça Daniel Souza Faria Lustosa também empregou a norma culta, contudo utilizando-a de maneira mais popular, visando uma compreensão mais 1 NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito, Doutrinador, Professor Emérito da Universidade de Juiz de Fora, Membro Efetivo da Academia Brasileira de Letras Jurídicas e Juiz de Direito aposentado. clara por parte dos acusados. Apesar de utilizar um vocabulário mais simples, não deixou de ser persuasivo na sua linha de pensamento. O promotor de justiça Flaviano Almeida Santos fez uma memorável introdução, buscando impressionar o júri e, desse modo, conquistá-lo. Dentre os três operadores do Direito, o promotor foi o mais formal, valendo-se da linguagem indutiva. Essa adaptação do linguajar se contraria à teoria de "Tempos Nervosos", elaborada pelo sociólogo Georg Simmel2, na qual ele aborda o desenvolvimento de um sentimento outrofóbico, ou seja, um sentimento que elimina a empatia nas relações atuais. Dessa forma, podemos perceber como os personagens do júri foram empáticos quanto aos réus, uma vez que aqueles sempre visaram a melhor compreensão destes a respeito dos tópicos abordados. Outrossim, é preciso observar o linguajar dos réus. Devido à baixa escolaridade, afirmada pelo próprio Maxsuel ao relatar a evasão escolar no 7° ano do ensino fundamental, os infratores fizeram uso da informalidade. Durante o depoimento, somente responderam às perguntas do juiz, ambos exercendo o direito de ficar calado quanto aos questionamentos do defensor e do procurador. Portanto, considerando todas as informações apresentadas durante o julgamento, houve a decisão final. No início, a pena base de 16 (dezesseis) anos e 6 (seis) meses de reclusão foi imposta para Maxsuel, contudo por ele ter antecedentes criminais, sua pena foi aumentada em dois sextos, passando a ser 22 (vinte e dois) anos. Em seguida, foi reduzida por atenuante à menoridade, ou seja, menor que 21 (vinte e um) anos e por ser réu confesso, sendo assim, declarada, pena final de 16 (dezesseis) anos e 4 (quatro) meses. Concomitantemente, a pena base de Tarcila fixou-se em 12 (doze) anos de reclusão e foi, posteriormente, aumentada em dois sextos, devido à circunstâncias agravantes previstas no artigo 61, inciso II, alínea “b” “e” “c”, do CP, sendo assim, 16 anos de reclusão. Dessa forma, evidencia o pensamento do jurista Cesare Beccaria3, o qual destaca que o castigo deve ser inevitável, mas que não é a severidade da pena que traz o temor e sim a certeza da punição. 2 SIMMEL, Georg. Tempos Modernos, Sociólogo, Antigo professor da universidade de Berlim 3 BECCARIE, Cesare. Dos Delitos e das Penas, Jurista Italiano, Universidade de Paiva Referências: NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. Conteúdo Jurídico, 42° Edição. Disponível em: <Livro de consulta, Introdução ao Estudo do Direito> Acesso em: 25 de Mar às 15:03 SIMMEL, Georg. Tempos Modernos, Sociologia dos “Tempos Modernos”, Dez 2016. Disponível em:<https://sociologianostemposmodernos.blogspot.com/2016/12/tempos- nervosos-modernidade.html> Acesso em: 26 de Mar às 16:21 BECCARIE, Cesare. Dos Delitos e das Penas, Jus Brasil, Mar 2016. Disponível em: <https://beatrizdavo.jusbrasil.com.br/artigos/334336185/dos-delitos-e-das-penas-cesare- beccaria> Acesso em: 26 de Mar às 18:43 Alunos: -Arthur Tobias Tietz -Millena Rodrigues Oliveira -Davi Silva Souza -Isadora Souza de Freitas Sala: N05 https://sociologianostemposmodernos.blogspot.com/2016/12/tempos-nervosos-modernidade.html https://sociologianostemposmodernos.blogspot.com/2016/12/tempos-nervosos-modernidade.html https://beatrizdavo.jusbrasil.com.br/artigos/334336185/dos-delitos-e-das-penas-cesare-beccaria https://beatrizdavo.jusbrasil.com.br/artigos/334336185/dos-delitos-e-das-penas-cesare-beccaria
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