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49 ARANTES, R. A história do voto no Brasil e por que ele é importante. , Rio de Janeiro, 19 set. 2018. DisponívelÉpoca em: < >. Acesso em: 17/03https://epoca.globo.com/a-historia-do-voto-no-brasil-por-que-ele-importante-23078683 /2020. BANDEIRA, R. M. G. . Brasília, DF:Sistemas de governo no Brasil, na França e nos Estados Unidos da América Câmara dos Deputados, 2015. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/estudos-e-notas- >.tecnicas/publicacoes-da-consultoria-legislativa/areas-da-conle/tema6/estudo-sistemas-de-governo-br-fr-e-eua Acesso em: 17/03/2020. BAPTISTA, L. P. O paradoxo da origem do poder político em Rousseau. Trans/Form/Ação, Marília, v. 38, p. 111-120, Disponível em: <2015. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- >. Acesso em: 30/02/2020.31732015000400111&lng=en&nrm=iso BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. : fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2006.Política social BOBBIO, N. . 11. ed. 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Tópicos de estudo • Desenvolvimento das políticas sociais na sociedade • Período monárquico • Período democrático • Características históricas das políticas sociais no país • Mobilizações operárias • Movimentos populares • Revolução Industrial • O Estado de bem-estar social ( )Welfare State • Teoria keynesiana • Uma nova ordem social • Crise do capitalismo • Neoliberalismo • Capital X trabalho • Enfrentamento da questão social • A globalização Contextualizando o cenário A realidade de país pertencente à periferia do capitalismo, de economia dependente e desigual, combinada à lógica internacional de produção desse sistema, imprime ao Brasil particularidades e singularidades em seu processo de desenvolvimento enquanto nação. Soma-se a isso, ainda, o também particular processo de formação social e histórica do país, fundado sobre o extermínio dos povos nativos e sobre a escravização de povos advindos do continente africano, fazendo surgir uma questão social muito singular. Desse modo, diante de um contexto tão característico, são várias as mudanças que podem ser observadas em relação à transição do modelo de produção escravista para o modelo capitalista no Brasil, que refletiram no processo de construção da política social em nosso país (BEHRING, 1998). Sabendo disso, a partir dessas reflexões iniciais, questiona-se: qual a relação do surgimento das políticas sociais com a questão social brasileira? 3.1 Desenvolvimento das políticas sociais na sociedade Para compreender o desenvolvimento das políticas sociais na sociedade, é importante tomar como ponto de partida a constituição de um Estado complexo que “[...] passa a exercer uma interferência direta na construção e reorientação dos comportamentos sociais” (DERANI, 2004, p. 19). Trata-se de um Estado, portanto, que para além da esfera repressora de intervenção na , procura sua participação na vida social.questão social • • • • • • • • • • • • • • • • 51 Objetivos do capítulo Ao final deste capítulo, você será capaz de: • Analisar as mudanças ocorridas, refletindo sobre o processo de construção das políticas sociais. Tópicos de estudo • Desenvolvimento das políticas sociais na sociedade • Período monárquico • Período democrático • Características históricas das políticas sociais no país • Mobilizações operárias • Movimentos populares • Revolução Industrial • O Estado de bem-estar social ( )Welfare State • Teoria keynesiana • Uma nova ordem social • Crise do capitalismo • Neoliberalismo • Capital X trabalho • Enfrentamento da questão social • A globalização Contextualizando o cenário A realidade de país pertencente à periferia do capitalismo, de economia dependente e desigual, combinada à lógica internacional de produção desse sistema, imprime ao Brasil particularidades e singularidades em seu processo de desenvolvimento enquanto nação. Soma-se a isso, ainda, o também particular processo de formação social e histórica do país, fundado sobre o extermínio dos povos nativos e sobre a escravização de povos advindos do continente africano, fazendo surgir uma questão social muito singular. Desse modo, diante de um contexto tão característico, são várias as mudanças que podem ser observadas em relação à transição do modelo de produção escravista para o modelo capitalista no Brasil, que refletiram no processo de construção da política social em nosso país (BEHRING, 1998). Sabendo disso, a partir dessas reflexões iniciais, questiona-se: qual a relação do surgimento das políticas sociais com a questão social brasileira? 3.1 Desenvolvimento das políticas sociais na sociedade Para compreender o desenvolvimento das políticas sociais na sociedade, é importante tomar como ponto de partida a constituição de um Estado complexo que “[...] passa a exercer uma interferência direta na construção e reorientação dos comportamentos sociais” (DERANI, 2004, p. 19). Trata-se de um Estado, portanto, que para além da esfera repressora de intervenção na , procura sua participação na vida social.questão social • • • • • • • • • • • • • • • • O Estado moderno surge para garantir e dar segurança às relações burguesas que, ao passo em que iam se constituindo e se desenvolvendo, iam também de encontro com os costumes feudais. Nesse sentindo, é a instauração do Estado que cria mecanismos tanto de preservação quanto de limites à liberdade. Por isso é que compreender o marco de sua fundação é importante para compreender, também, as políticas sociais (DERANI, 2004). Sabendo disso, a seguir, iremos analisar o período histórico da monarquia, a fim de entendermos as primeiras iniciativas de ação do Estado. 3.1.1 Período monárquico Ao tratar do surgimento da política social, Behring e Boschetti (2011) delimitam esse processo a partir da formação do capitalismo em nossa realidade. Para as autoras, ainda que o Brasil não tenha sido o “[...] berço da Revolução Industrial e as relações sociais tipicamente capitalistas [...] [tenham se desenvolvido] aqui de forma bem diferente dos países de capitalismo central” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 71), mesmo assim nota-se, nesse país, traços de continuidade com a essencialidade do .capitalismo internacional A fim de melhor compreendermos as informações trazidas até o momento, observemos a sistematização a seguir. Surgimento da política social no BrasilFonte: BEHRING; BOSCHETTI, 2011. (Adaptado). No Brasil, as primeiras expressões do capitalismo podem ser observadas ainda no período monárquico, que iniciou em 1822, com a , e encerrou em 1889, com a . Com os eventosindependência do país Proclamação da República de 1822, foi possível a “[...] ruptura com a homogeneidade da aristocracia agrária, ao lado do surgimento de novos agentes econômicos, sobre a pressão da divisão do trabalho”, tendo em vista a construção de uma nova organização social, agora nacional (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 73). Ao passo em que essas novidades ganhavam força nas elites econômicas do país, observava-se a ausência de compromisso desses setores com a conquista de direitos para o cidadão brasileiro. Tal atitude acabou sendo uma marca fulcral da formação sócio-histórica do capitalismo em nossa realidade. PAUSA PARA REFLETIR Na democracia contemporânea, é possível observar, ainda, ausência de compromisso com os direitos sociais? 52 Desse modo, ao mesmo tempo em que a independência criava as condições para o florescimento do espírito burguês no Brasil, este não acontecia em sua plenitude, pois as ideias liberais conviviam com um regime de produção baseado na escravidão, como marca ambígua do capitalismo à moda brasileira (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Por isso, para Behring e Boschetti (2011), as classes dominantes nunca teriam desenvolvido compromissos redistributivos e democráticos em nosso país. Nesse contexto, as ações públicas no combate à questão social — isto é, às desigualdades que emergiram com o modo de produção capitalista —, eram caracterizadas pela fragmentação, cabendo às irmandades religiosas prestarem assistência à população mais pobre (BEHRING, 1998). O Estado se desresponsabilizava, então, de suas obrigações, incumbindo aos indivíduos a intervenção sobre a questão social. Até 1887, não havia nenhuma legislação social no Brasil. Já no ano de 1888, houve a criação de uma “[...] caixa de socorro para a burocracia pública, inaugurando uma dinâmica categorial de instituição de direitos que [...] [seria] a tônica da proteção social brasileira até os anos 60 do século XX” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 79). Um ano depois, o país vivenciaria a Proclamação da República, dando espaço para a futura constituição de um período democrático, sobre o qual veremos a seguir. 3.1.2 Período democrático O processo de transição para o capitalismo, em nossa realidade, além de ser claramente não classista, foi também marcado, de acordo com Behring e Boschetti (2011, p. 77), por uma visão estreita do dinamismo do mercado interno e destinava-se “[...] a impedir qualquer crescimento a partir de dentro”. Além dessa visão, nosso período republicano foi caracterizado por regimes autoritários e curtos espaços democráticos. Em relação aos primeiros anos após a Proclamação da República, observemos o quadro a seguir. CONTEXTO O termo questão social surgiu a partir da inserção da classe trabalhadora e de suas condições no cenário político do século XIX, exigindo do Estado e da burguesia o seu reconhecimento enquanto classe. 53 Desse modo, ao mesmo tempo em que a independência criava as condições para o florescimento do espírito burguês no Brasil, este não acontecia em sua plenitude, pois as ideias liberais conviviam com um regime de produção baseado na escravidão, como marca ambígua do capitalismo à moda brasileira (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Por isso, para Behring e Boschetti (2011), as classes dominantes nunca teriam desenvolvido compromissos redistributivos e democráticos em nosso país. Nesse contexto, as ações públicas no combate à questão social — isto é, às desigualdades que emergiram com o modo de produção capitalista —, eram caracterizadas pela fragmentação, cabendo às irmandades religiosas prestarem assistência à população mais pobre (BEHRING, 1998). O Estado se desresponsabilizava, então, de suas obrigações, incumbindo aos indivíduos a intervenção sobre a questão social. Até 1887, não havia nenhuma legislação social no Brasil. Já no ano de 1888, houve a criação de uma “[...] caixa de socorro para a burocracia pública, inaugurando uma dinâmica categorial de instituição de direitos que [...] [seria] a tônica da proteção social brasileira até os anos 60 do século XX” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 79). Um ano depois, o país vivenciaria a Proclamação da República, dando espaço para a futura constituição de um período democrático, sobre o qual veremos a seguir. 3.1.2 Período democrático O processo de transição para o capitalismo, em nossa realidade, além de ser claramente não classista, foi também marcado, de acordo com Behring e Boschetti (2011, p. 77), por uma visão estreita do dinamismo do mercado interno e destinava-se “[...] a impedir qualquer crescimento a partir de dentro”. Além dessa visão, nosso período republicano foi caracterizado por regimes autoritários e curtos espaços democráticos. Em relação aos primeiros anos após a Proclamação da República, observemos o quadro a seguir. CONTEXTO O termo questão social surgiu a partir da inserção da classe trabalhadora e de suas condições no cenário político do século XIX, exigindo do Estado e da burguesia o seu reconhecimento enquanto classe. Presidentes da República – 1889 a 1930 Fonte: BRASIL, [201-?]. (Adaptado). Por meio do quadro, observamos os presidentes que assumiram o governo entre os anos de 1889 a 1930. Em relação a esse período, cumpre ressaltar que mesmo com a Proclamação da República, o Brasil não vivenciou por algum tempo um regime democrático propriamente dito, tendo sido governado por militares eleitos indiretamente nos primeiros anos. Por outro lado, houve também conquistas de alguns setores naquele período, a exemplo dos direitos adquiridos pelos funcionários da Imprensa Nacional e pelos ferroviários, que puderam usufruir de pensão e de 15 dias de férias (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Já na década de 1930, o país começou a apresentar mudanças na economia, pois estava abandonando o modelo agroexportador para apostar em um . Com a ascensão do governo de Getúlio Vargas, amodelo urbano industrial questão social passou a se tornar uma responsabilidade do Estado, transferindo-se da esfera privada para a esfera pública. Apesar de o governo Vargas ser considerado populista pelas reorientações do Estado no trato das expressões da questão social — uma vez que suas ações governamentais serviam para satisfazer às necessidades imediatas da população, sem sistematização —, seu exercício foi marcado, também, pelo da modernização e dodualismo atraso, presente na sociedade brasileira até hoje. Além disso, havia traços de uma política social, naquele ESCLARECIMENTO O momento em que Getúlio Vargas assume a presidência dá início, segundo a historiografia oficial, à Segunda República Brasileira. 54 momento, que se apresentava sob o mantra da tutela e do favor (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Em 1964, com a ruptura do modelo de Estado vigente na época e com a instauração do golpe militar, teve fim esse período histórico. Com isso, pudemos vislumbrar os primeiros movimentos que fizeram da questão social um problema não mais privado, como observado anteriormente, mas público e, portanto, de interesse do Estado. Tendo isso compreendido, agora, iremos melhor conhecer as características históricas da política social em nosso país. 3.2 Características históricas das políticas sociais do país As surgem como um mecanismo para apaziguar a essencialidade desigual que emerge com opolíticas sociais sistema capitalista. Percebe-se, ao longo do processo de desenvolvimento dessas políticas, sua reorientação, saindo da esfera individual em direção à esfera pública. No entanto, esse processo que trouxe direitos à população não deve ser confundido como uma benesse do Estado, mas, sim, como fruto da luta de classes. Nesse sentido, compreender o processo de surgimento, desenvolvimento e consolidação das políticas sociais exige, também, reflexões em torno da luta de classes e da sua organização, bem como em torno da denúncia sobre asdesigualdades que constituem a essencialidade do modo de produção capitalista. Sabendo disso, a seguir, iremos traçar algumas reflexões em torno dessas lutas, iniciando pelas mobilizações operárias. 3.2.1 Mobilizações operárias Com a mudança do modelo de produção brasileiro de agroexportador para urbano e industrial, durante as décadas iniciais dos anos 1900, houve a necessidade da importação de trabalhadores especializados, sobretudo da Europa, que seriam responsáveis por instrumentalizar os demais trabalhadores que aqui estavam. Ao passo em que o governo brasileiro importava esses trabalhadores, também importava a sua organização sindical de tendência claramente classista. Com isso, nos finais da década de 1910, houve a ascensão do , sendo este influenciado diretamente pela Revolução Russa (1917), sobretudo nomovimento operário no Brasil que concerne ao questionamento e à proposta de uma outra organização social na humanidade. Na década de 1920, houve alguns avanços nas políticas sociais, sobretudo em termos de legislações sociais, porém, em contraste a isso, essa década foi extremamente difícil para o movimento operário, uma vez que houve o recrudescimento da repressão policial por parte do governo da época (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). PAUSA PARA REFLETIR Qual a importância da estruturação de um movimento operário no Brasil nesse contexto social? 55 momento, que se apresentava sob o mantra da tutela e do favor (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Em 1964, com a ruptura do modelo de Estado vigente na época e com a instauração do golpe militar, teve fim esse período histórico. Com isso, pudemos vislumbrar os primeiros movimentos que fizeram da questão social um problema não mais privado, como observado anteriormente, mas público e, portanto, de interesse do Estado. Tendo isso compreendido, agora, iremos melhor conhecer as características históricas da política social em nosso país. 3.2 Características históricas das políticas sociais do país As surgem como um mecanismo para apaziguar a essencialidade desigual que emerge com opolíticas sociais sistema capitalista. Percebe-se, ao longo do processo de desenvolvimento dessas políticas, sua reorientação, saindo da esfera individual em direção à esfera pública. No entanto, esse processo que trouxe direitos à população não deve ser confundido como uma benesse do Estado, mas, sim, como fruto da luta de classes. Nesse sentido, compreender o processo de surgimento, desenvolvimento e consolidação das políticas sociais exige, também, reflexões em torno da luta de classes e da sua organização, bem como em torno da denúncia sobre as desigualdades que constituem a essencialidade do modo de produção capitalista. Sabendo disso, a seguir, iremos traçar algumas reflexões em torno dessas lutas, iniciando pelas mobilizações operárias. 3.2.1 Mobilizações operárias Com a mudança do modelo de produção brasileiro de agroexportador para urbano e industrial, durante as décadas iniciais dos anos 1900, houve a necessidade da importação de trabalhadores especializados, sobretudo da Europa, que seriam responsáveis por instrumentalizar os demais trabalhadores que aqui estavam. Ao passo em que o governo brasileiro importava esses trabalhadores, também importava a sua organização sindical de tendência claramente classista. Com isso, nos finais da década de 1910, houve a ascensão do , sendo este influenciado diretamente pela Revolução Russa (1917), sobretudo nomovimento operário no Brasil que concerne ao questionamento e à proposta de uma outra organização social na humanidade. Na década de 1920, houve alguns avanços nas políticas sociais, sobretudo em termos de legislações sociais, porém, em contraste a isso, essa década foi extremamente difícil para o movimento operário, uma vez que houve o recrudescimento da repressão policial por parte do governo da época (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). PAUSA PARA REFLETIR Qual a importância da estruturação de um movimento operário no Brasil nesse contexto social? Fonte: © Nosyrevy / / iStock. Essa ação do Estado era justificada, à época, pela necessidade de desarticulação do movimento operário brasileiro com a do restante do mundo, havendo a elaboração de uma Esta poderia deportar qualquer lei de expulsão. trabalhador estrangeiro que estivesse envolvido naquilo que o governo intitulava como distúrbios da ordem. O alvo central dessa legislação era a franja anarquista do movimento operário. A seguir, iremos analisar os movimentos populares dessa época. 3.2.2 Movimentos populares Seguindo as orientações dos estudos marxistas, as políticas sociais são compreendidas como concessões e conquistas adquiridas com a organização da classe trabalhadora. Além disso, o surgimento dessas políticas está intrinsicamente relacionado com o próprio desenvolvimento do capitalismo, uma vez que este faria emergir desigualdades sobre as quais seria necessário agir. Fonte: © oatawa / / iStock. Posto isso, as mobilizações operárias, ocorridas a partir do , são consideradas as responsáveis peloséculo XIX surgimento das políticas sociais no mundo. Graças a esses movimentos populares, tais políticas começaram a ser pensadas como uma estratégia de governo, reorientando as ações estatais sobre o tratamento das expressões da questão social, do âmbito privado para o público (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Já no início do século XX, são alguns os movimentos que marcam o Brasil, cada qual com suas próprias reivindicações, conforme pode ser observado no quadro a seguir. 56 Movimentos populares no Brasil do início do século XX Fonte: GOHN, 2000. (Adaptado). Conforme podemos observar no quadro anterior, não há como pensar em política social desvinculada das lutas sociais, independentemente de qual seja o setor em que se insere essa política (educação, saúde, meio ambiente, cidadania, alimentação etc.). Nesse sentido, o Estado passa a assumir algumas reivindicações da classe trabalhadora a partir da organização desta, incorporando-as na historicidade do capitalismo. Obviamente, nem todas as necessidades da classe trabalhadora são atendidas pelo Estado, pois essa instituição deve lidar com as desigualdades geradas pela contradição capital-trabalho. Fonte: © MicroStockHub / / iStock. As políticas sociais, assim, são compreendidas, em alguns momentos, como um mecanismo capaz de manter a força de trabalho, como conquistas da classe trabalhadora e, em outros momentos, como benesse do Estado 57 Movimentos populares no Brasil do início do século XX Fonte: GOHN, 2000. (Adaptado). Conforme podemos observar no quadro anterior, não há como pensar em política social desvinculada das lutas sociais, independentemente de qual seja o setor em que se insere essa política (educação, saúde, meio ambiente, cidadania, alimentação etc.). Nesse sentido, o Estado passa a assumir algumas reivindicações da classe trabalhadora a partir da organização desta, incorporando-as na historicidade do capitalismo. Obviamente, nem todas as necessidades da classe trabalhadora são atendidas pelo Estado, pois essa instituição deve lidar com as desigualdades geradas pela contradição capital-trabalho. Fonte: © MicroStockHub / / iStock. As políticas sociais, assim, são compreendidas, em alguns momentos, como um mecanismo capaz de manter a força de trabalho, como conquistas da classe trabalhadora e, em outros momentos, como benesse do Estado capitalista. Porém, é fundamental reafirmar a potencialidade da organização da classe trabalhadora no tocante às denúncias e à exigência por melhores condições de existência. A seguir, aprofundaremos nossos conhecimentos em torno da Revolução Industrial, tentando compreender a importância desse processo para a política social. 3.2.3 Revolução Industrial Ao mencionarmos a Revolução Industrial, imediatamente nos remetemos à Inglaterra do século XVIII, assim como às transformações decorrentes dessa revolução no que se refere à urbanização, ao crescimento da taxa de natalidade e à tomada de consciência política e social da classe trabalhadora. Esta, por meiode organizações sindicais e cooperativas, buscava denunciar as arbitrariedades do patronato e exigia ações do Estado. Fonte: © Heiko Küverling / / iStock. Na realidade brasileira, contudo, a industrialização aconteceu de forma atrasada e sem grande expressividade, em um processo de rupturas e continuidades (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). No período em que o país era ainda colônia, a industrialização era proibida pela metrópole. Assim, a iniciou apenas noRevolução Industrial brasileira final do século XIX e se intensificou, especialmente, nas primeiras décadas do século XX. Tal processo de industrialização foi impulsionado, primeiramente, pela necessidade de modernização do setor agrário no país, função que ficou a cargo dos cafeicultores do estado de São Paulo. Estes, vendo o aumento da produção e da exportação de café, buscaram investir em maquinário, o que se expressou no crescimento do setor industrial. A partir desse processo, houve uma profunda modificação na organização das cidades, com a migração da zona rural para a urbana. Contudo, foi nas décadas de 1930 a 1940, no momento em que o país abandonou a república das oligarquias, representada pela , que aconteceu, de fato, a Revolução Industrial brasileira. Essepolítica do café-com-leite processo ocorreu durante o governo do presidente Getúlio Vargas e só foi possível graças aos altos investimentos para o desenvolvimento de áreas industriais no país. ESCLARECIMENTO 58 Assim, a industrialização, na realidade brasileira, só ganhou impulso com a derrocada da produção e do comércio cafeeiro no país, durante a crise do café que ocorreu como expressão da Grande Depressão de 1929 (1929-1932). Apesar disso, esse processo, como ressaltam Behring e Boschetti (2011), não rompeu com o mandonismo, com o paternalismo e com o conformismo que marcaram a formação social do nosso país e são observados até o presente momento. Uma vez conhecidas as primeiras expressões das políticas sociais no Brasil, na sequência, refletiremos em torno do Estado de bem-estar social, no qual se observa uma maior preocupação com a intervenção sobre a questão social. 3.3 O Estado de bem-estar social (Welfare State) A Grande Depressão e o pós-Segunda Guerra Mundial trouxeram profundas transformações para o desenvolvimento das políticas sociais nos países capitalistas da Europa Central. Nesse contexto, houve a consolidação da convicção sobre a necessidade de regulação estatal para o enfrentamento das expressões da questão social (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Assim, temos o chamado , que estabeleceu uma aliança entre as classes: o pacto social. Talconsenso pós-guerra aliança só foi possível em virtude do abandono, por parte da classe trabalhadora, de seu projeto social que buscava a socialização da economia. Nesse sentido, as alianças entre “[...] os partidos de esquerda e direita também asseguraram o estabelecimento de acordos e compromissos que permitiram a aprovação de diversas legislações sociais e a expansão do chamado ” (PIERSON, 1991 BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.Welfare State apud 92). Nesse contexto histórico específico, surge a teoria keynesiana — abordada na sequência —, que será a responsável por orientar as políticas sociais naquele momento. 3.3.1 A teoria keynesiana John Maynard Keynes (1883-1946) foi um importante economista britânico que buscou compreender os acontecimentos da crise de 1929, elaborando uma tese que ressaltava a importância de uma maior intervenção estatal a fim de reativar a economia (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). É no clássico livro Teoria geral do emprego, do (1936) que o autor sintetizou as suas propostas de enfretamento à crise pela via democrática.juro e da moeda Clique nos recursos a seguir para conhecer mais a respeito da teoria keynesiana! Teoria keynesiana A teoria keynesiana consistia, em síntese, na mudança da relação do Estado com o sistema de produção, rompendo, mesmo que parcialmente, com os princípios fundados no liberalismo. Com isso, buscava-se “[...] acomodar a crônica incapacidade do capitalismo de regulamentar as condições de sua própria reprodução” (HARVEY, 1993, p. 124 BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 84).apud Função do Estado O Estado, de acordo com essa teoria, não abandonaria o capitalismo, de fato, nem haveria a socialização dos meios de produção, cabendo àquela instituição produzi-los e regulá-los (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Apesar de não possuir uma capacidade revolucionária, a teoria keynesiana estava sintonizada com a necessidade de seu tempo. A política do café-com-leite consistiu em um acordo feito entre as oligarquias fundiárias do Brasil. A partir dela, a escolha dos presidentes da República se deu pela alternância de representantes dos estados de São Paulo e de Minas Gerais. 59 Assim, a industrialização, na realidade brasileira, só ganhou impulso com a derrocada da produção e do comércio cafeeiro no país, durante a crise do café que ocorreu como expressão da Grande Depressão de 1929 (1929-1932). Apesar disso, esse processo, como ressaltam Behring e Boschetti (2011), não rompeu com o mandonismo, com o paternalismo e com o conformismo que marcaram a formação social do nosso país e são observados até o presente momento. Uma vez conhecidas as primeiras expressões das políticas sociais no Brasil, na sequência, refletiremos em torno do Estado de bem-estar social, no qual se observa uma maior preocupação com a intervenção sobre a questão social. 3.3 O Estado de bem-estar social (Welfare State) A Grande Depressão e o pós-Segunda Guerra Mundial trouxeram profundas transformações para o desenvolvimento das políticas sociais nos países capitalistas da Europa Central. Nesse contexto, houve a consolidação da convicção sobre a necessidade de regulação estatal para o enfrentamento das expressões da questão social (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Assim, temos o chamado , que estabeleceu uma aliança entre as classes: o pacto social. Talconsenso pós-guerra aliança só foi possível em virtude do abandono, por parte da classe trabalhadora, de seu projeto social que buscava a socialização da economia. Nesse sentido, as alianças entre “[...] os partidos de esquerda e direita também asseguraram o estabelecimento de acordos e compromissos que permitiram a aprovação de diversas legislações sociais e a expansão do chamado ” (PIERSON, 1991 BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.Welfare State apud 92). Nesse contexto histórico específico, surge a teoria keynesiana — abordada na sequência —, que será a responsável por orientar as políticas sociais naquele momento. 3.3.1 A teoria keynesiana John Maynard Keynes (1883-1946) foi um importante economista britânico que buscou compreender os acontecimentos da crise de 1929, elaborando uma tese que ressaltava a importância de uma maior intervenção estatal a fim de reativar a economia (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). É no clássico livro Teoria geral do emprego, do (1936) que o autor sintetizou as suas propostas de enfretamento à crise pela via democrática.juro e da moeda Clique nos recursos a seguir para conhecer mais a respeito da teoria keynesiana! Teoria keynesiana A teoria keynesiana consistia, em síntese, na mudança da relação do Estado com o sistema de produção, rompendo, mesmo que parcialmente, com os princípios fundados no liberalismo. Com isso, buscava-se “[...] acomodar a crônica incapacidade do capitalismo de regulamentar as condições de sua própria reprodução” (HARVEY, 1993, p. 124 BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 84).apud Função do Estado O Estado, de acordo com essa teoria, não abandonaria o capitalismo, de fato, nem haveria a socialização dos meios de produção, cabendo àquela instituição produzi-los e regulá-los (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Apesar de não possuir uma capacidade revolucionária, a teoria keynesiana estava sintonizada com a necessidade de seu tempo. A política do café-com-leite consistiu em um acordo feito entre as oligarquias fundiárias do Brasil. A partir dela, a escolha dos presidentes da República se deu pela alternância de representantes dos estados de São Paulo e deMinas Gerais. Mão invisível do mercado De acordo com essa linha de pensamento, a mão invisível do mercado — isto é, a ideia de que o mercado teria a capacidade de se autorregular sozinho, sem intervenção do Estado — não seria responsável por produzir a harmonia entre os interesses antagônicos do capital e do trabalho: segundo Keynes, essa tese cairia por terra, conforme comprovavam os acontecimentos da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). A seguir, iremos analisar as repercussões desse cenário histórico na constituição de uma nova ordem social. 3.3.2 Uma nova ordem social A necessidade de repensar a forma com que o Estado se relacionava com o sistema produtivo foi imposta pelos desdobramentos da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial, culminando em profundas modificações no desenvolvimento das políticas sociais (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Esse processo, conforme vimos anteriormente, ficou conhecimento como consenso pós-guerra (MISHRA, 1995 apud BEHRING; BOSCHETTI, 2011), e consistiu em uma aliança entre as classes sociais. Movimentos que levaram a uma maior preocupação do Estado com a questão social Por meio de tal acordo, objetivava-se a assunção ao poder dos partidos sociais-democratas, procurando institucionalizar a “[...] possibilidade de estabelecimento de políticas abrangentes e mais universalizadas, baseadas na cidadania, de compromisso governamental com aumento de recursos para expansão de benefícios sociais” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 92). Essa nova ordem social, apontada a partir do surgimento e do desenvolvimento do , marca, de acordoWelfare State com Behring e Bochetti (2011), um período histórico intitulado como . Nesseidade de ouro das políticas sociais contexto, ressalta-se a importância das reivindicações da classe trabalhadora ainda no século XIX, ampliadas após o consenso pós-guerra (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Os princípios norteadores do , que orientavam essa nova ordem social, estavam presentes noWelfare State Plano , de 1942, sendo eles:Beveridge [...] primeiro, a responsabilidade estatal na manutenção das condições de vida dos cidadãos, por meio: da regulação da economia, prestação pública de serviço sociais e conjunto de serviços sociais pessoais; segundo, a universalidade dos serviços sociais; e, terceiro a implantação de uma “rede de segurança” de serviços de assistência social (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 94). 60 O está relacionado às origens da seguridade social — que remontam à Inglaterra da primeiraPlano Beveridge metade do século XX — e consiste em uma pequena contribuição mensal para que o trabalhador pudesse ter acesso a direitos sociais. Nesse sentido, podemos perceber, nas políticas do , a continuação dasWelfare State propostas iniciadas nas origens da seguridade social. A seguir, iremos analisar a crise do capitalismo, compreendendo as contradições que marcam esse sistema social. 3.3.3 Crise do capitalismo Os anos de ouro do capitalismo, marcados pela expansão das políticas sociais propostas pelo (ouWelfare State Estado de bem-estar social), orientadas, ainda, pela teoria keynesiana, tiveram uma duração de 30 anos (1945- 1973). Já na década de 1960, porém, é possível vislumbrar as primeiras críticas teóricas em torno desse período. Nos anos 1980 e 1990, especialmente, essas críticas se intensificaram como uma reação burguesa à crise do capitalismo — iniciada na década de 1970 — e exigiram a reconfiguração do papel do Estado capitalista, impactando diretamente nas políticas sociais. Diante desse contexto, é importante compreender que, de acordo com Behring e Bochetti (2011), a crise faz parte desse sistema social, uma vez que há, nele, uma essencialidade desigual entre a produção e a socialização dos bens. Fonte: © hyejin kang / / iStock. A particularidade da crise de 1970 pôs fim ao bloco histórico , reorientando o Estado burguês fordista-keynesiano ao socorro do capitalismo, uma vez que se vivenciava a queda da taxa de lucro. Assim, a burguesia gestou uma resposta a essa crise, consistindo, basicamente, na crítica ao Estado social e ao consenso pós-guerra que permitiu a implementação do (BEHRING; BOSCHETTI, 2011).Welfare State 61 O está relacionado às origens da seguridade social — que remontam à Inglaterra da primeiraPlano Beveridge metade do século XX — e consiste em uma pequena contribuição mensal para que o trabalhador pudesse ter acesso a direitos sociais. Nesse sentido, podemos perceber, nas políticas do , a continuação dasWelfare State propostas iniciadas nas origens da seguridade social. A seguir, iremos analisar a crise do capitalismo, compreendendo as contradições que marcam esse sistema social. 3.3.3 Crise do capitalismo Os anos de ouro do capitalismo, marcados pela expansão das políticas sociais propostas pelo (ouWelfare State Estado de bem-estar social), orientadas, ainda, pela teoria keynesiana, tiveram uma duração de 30 anos (1945- 1973). Já na década de 1960, porém, é possível vislumbrar as primeiras críticas teóricas em torno desse período. Nos anos 1980 e 1990, especialmente, essas críticas se intensificaram como uma reação burguesa à crise do capitalismo — iniciada na década de 1970 — e exigiram a reconfiguração do papel do Estado capitalista, impactando diretamente nas políticas sociais. Diante desse contexto, é importante compreender que, de acordo com Behring e Bochetti (2011), a crise faz parte desse sistema social, uma vez que há, nele, uma essencialidade desigual entre a produção e a socialização dos bens. Fonte: © hyejin kang / / iStock. A particularidade da crise de 1970 pôs fim ao bloco histórico , reorientando o Estado burguêsfordista-keynesiano ao socorro do capitalismo, uma vez que se vivenciava a queda da taxa de lucro. Assim, a burguesia gestou uma resposta a essa crise, consistindo, basicamente, na crítica ao Estado social e ao consenso pós-guerra que permitiu a implementação do (BEHRING; BOSCHETTI, 2011).Welfare State Fonte: © Fulop Zsolt / / Shutterstock. Diante disso, observa-se como a crise do capitalismo é inerente ao próprio sistema, uma vez que a sua essencialidade é anárquica. Isso significa dizer que, no capitalismo, a produção é cada vez mais socializada, ao passo em que a apropriação dos frutos dessa produção é, por outro lado, cada vez mais individualizada (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Assim, costuma-se considerar o capitalismo como o responsável por suas próprias crises. Sabendo disso, a seguir, iremos analisar as respostas do capitalismo à sua própria crise. 3.4 Neoliberalismo O neoliberalismo consiste em uma reação teórica ao Estado intervencionista e de bem-estar social, surgido logo após a Segunda Guerra Mundial. Seus pressupostos teóricos são alicerçados naqueles presentes na obra O caminho , de 1944, de autoria de Friedrich Hayeck (1899-1992), que aponta como “[...] propósito combater oda servidão keynesianismo e o solidarismo reinantes e preparar as bases para um outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o futuro” (ANDERSON, 1995, p. 10 BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 125).apud A crise de 1970 reverberou na necessidade do capitalismo de gestar uma nova estratégia para continuar a sua hegemonia, que foi elaborada, porém, por meio do ataque às conquistas trabalhistas do período anterior. Essa estratégia, assim, conhecida como neoliberalismo, buscou a anulação dos ganhos históricos da classe trabalhadora, sobretudo no que diz respeito à alteração das condições de trabalho. O neoliberalismo propunha, ainda, a constituição de um novo regime de acumulação, o qual Harvey (2014 BEHRING; BOSCHETTI, 2011)apud caracterizou como flexível e que foi objetivado pela ofensiva neoliberal. A seguir, iremos refletir sobre as contradições do capital e do trabalho que se inserem nesse contexto histórico. 3.4.1 Capital X trabalho A propôs uma reestruturação no processo produtivo, o que trouxe mudanças significativasofensiva neoliberal para a organização do trabalho. Buscou-se, naquele momento, o crescimento das taxas de lucrodo capitalismo, o que provocou, consequentemente, importantes reconfigurações nas políticas sociais. Mais do que isso, o neoliberalismo deixou claras as contradições de interesses do capitalismo e da classe trabalhadora, pondo fim ao pacto de classes (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). 62 O pacto de classes, conforme visto anteriormente, foi objetivado pelas políticas do e representou oWelfare State abandono, por parte da classe trabalhadora, das reivindicações pela socialização da economia e dos meios produtivos. Contudo, ao passo em que a classe trabalhadora acreditava nesse compromisso social da burguesia, esta decidia por rompê-lo ao perceber que a desembocava em mais umaessencialidade desigual do capitalismo crise. Nesse sentido, a desestruturação das políticas sociais do Estado de bem-estar social evidenciou, para o conjunto da sociedade, o compromisso social da burguesia com a manutenção das taxas de lucros e não com a qualidade da reprodução da força de trabalho, passando esta a ser responsabilizada, sozinha, pelos problemas sociais observados. Nesse contexto, o neoliberalismo não pode ser entendido apenas como uma ofensiva econômica e material, mas, também, com uma ofensiva subjetiva, no que concerne à organização da classe trabalhadora (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Diante disso, como fica o enfrentamento da questão social? Na sequência, iremos compreender como se dão as ações sobre as reivindicações da classe trabalhadora no interior desse sistema de produção. 3.4.2 Enfrentamento da questão social A questão social é compreendida como a entrada da classe trabalhadora no cenário político, ou seja, ela surge no momento sócio-histórico em que essa classe social se organiza e passa a manifestar as contradições, a exploração e os desmandos do patronato, exigindo o seu reconhecimento enquanto classe e melhores condições para sua sobrevivência (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Na esteira dessas considerações, a questão social é vista como fruto da essencialidade desigual do modo de produção capitalista. Ao passo em que a classe trabalhadora se organiza e passa a exigir que o Estado enfrente as expressões desse sistema, temos o surgimento das políticas sociais. Porém, em um cenário de crise e com a constituição da ofensiva neoliberal, o trato com as desigualdades que emergem com o modo de produção capitalista passa por severas reconfigurações. Fonte: © Adrian Catalin Lazar / / iStock. Como vimos anteriormente, o neoliberalismo é tanto uma estratégia de resgate das taxas de lucro do capitalismo como também uma ofensiva subjetiva ao trabalho e, sobretudo, à sua organização sindical e classista, atuando também na esfera política. As contrarreformas neoliberais, diante disso, buscam desresponsabilizar o Estado de suas obrigações em relação às expressões da questão social, ao passo em que também responsabilizam, por outro 63 O pacto de classes, conforme visto anteriormente, foi objetivado pelas políticas do e representou oWelfare State abandono, por parte da classe trabalhadora, das reivindicações pela socialização da economia e dos meios produtivos. Contudo, ao passo em que a classe trabalhadora acreditava nesse compromisso social da burguesia, esta decidia por rompê-lo ao perceber que a desembocava em mais umaessencialidade desigual do capitalismo crise. Nesse sentido, a desestruturação das políticas sociais do Estado de bem-estar social evidenciou, para o conjunto da sociedade, o compromisso social da burguesia com a manutenção das taxas de lucros e não com a qualidade da reprodução da força de trabalho, passando esta a ser responsabilizada, sozinha, pelos problemas sociais observados. Nesse contexto, o neoliberalismo não pode ser entendido apenas como uma ofensiva econômica e material, mas, também, com uma ofensiva subjetiva, no que concerne à organização da classe trabalhadora (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Diante disso, como fica o enfrentamento da questão social? Na sequência, iremos compreender como se dão as ações sobre as reivindicações da classe trabalhadora no interior desse sistema de produção. 3.4.2 Enfrentamento da questão social A questão social é compreendida como a entrada da classe trabalhadora no cenário político, ou seja, ela surge no momento sócio-histórico em que essa classe social se organiza e passa a manifestar as contradições, a exploração e os desmandos do patronato, exigindo o seu reconhecimento enquanto classe e melhores condições para sua sobrevivência (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Na esteira dessas considerações, a questão social é vista como fruto da essencialidade desigual do modo de produção capitalista. Ao passo em que a classe trabalhadora se organiza e passa a exigir que o Estado enfrente as expressões desse sistema, temos o surgimento das políticas sociais. Porém, em um cenário de crise e com a constituição da ofensiva neoliberal, o trato com as desigualdades que emergem com o modo de produção capitalista passa por severas reconfigurações. Fonte: © Adrian Catalin Lazar / / iStock. Como vimos anteriormente, o neoliberalismo é tanto uma estratégia de resgate das taxas de lucro do capitalismo como também uma ofensiva subjetiva ao trabalho e, sobretudo, à sua organização sindical e classista, atuando também na esfera política. As contrarreformas neoliberais, diante disso, buscam desresponsabilizar o Estado de suas obrigações em relação às expressões da questão social, ao passo em que também responsabilizam, por outro lado, o trabalho pela sua reprodução. Com isso, individualiza-se novamente a responsabilidade sobre as desigualdades. 3.4.3 A globalização Na teoria marxista, o conceito de é compreendido enquanto algo amplo e sem possibilidade deglobalização sistematização. Assim, nessa tradição de pensamento, esse conceito é substituído pelo conceito de mundialização , que consiste em uma análise que incorpora a dominação da esfera produtiva pela financeira (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Sabendo disso, o conceito de globalização pode ser entendido como um processo de aprofundamento mundial, responsável por possibilitar uma integração cultural, social, política e econômica no final do século XX e início do século XXI. Apesar das possibilidades que gera, a globalização é também responsável por consolidar a atual fase do capitalismo no que se refere à sua disseminação pelo mundo. Assim, por meio da globalização, o neoliberalismo é objetivado em cada país do mundo, a partir das singularidades que cada nação comporta. Proposta de atividade Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore um resumo destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu resumo, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Dica: procure destacar conceitos-chave do capítulo no decorrer da leitura. Com isso, no momento de produzir seu resumo, será mais fácil visualizar aquilo que deverá ser abordado em sua produção. Recapitulando Neste capítulo, buscamos traçar algumas reflexões em torno da política social no contexto nacional, sem perdermos os vínculos, contudo, com a conjuntura internacional do capitalismo. Nosso objetivo, assim, foi analisar as mudanças ocorridas ao longo dos anos tendo como foco a reflexão em torno da construção das políticas sociais. Como vimos, tais políticas surgiram a partir da reconfiguração do Estado no tratamento das expressões da questão social. O surgimento das primeiras iniciativas do Estado brasileiro tem total relação com o agravamento da questão social do país. No entanto, esse processo foi marcado pela ausência de compromisso da burguesia nacional com os direitos sociais, determinação que é presente até os dias atuais. Diante disso, devemos ressaltar que é com a entrada da classe trabalhadora no cenário político, por meio dos movimentos operários, que as políticas sociais começaram a absorver as demandas que esses trabalhadores externavam no que se refere às desigualdades sociais que vivenciavam em seu cotidiano. Referências BEHRING, E. R. . São Paulo: Cortez, 1998.Política socialno capitalismo tardio BEHRING, E. S.; BOSCHETTI, I. : fundamentos e história. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2011. Política social BRASIL. . Brasília, DF: Biblioteca Presidência da República, [201-?]. Disponível em: <Ex-presidentes http://www. >. Acesso em: 31/03/2020.biblioteca.presidencia.gov.br/presidencia/ex-presidentes 64 DERANI, C. Política pública e a norma política. , Curitiba, v. 41, p. 19-28,Revista da Faculdade de Direito UFPR 2004. Disponível em: < >. Acesso em: 31/03/2020.https://revistas.ufpr.br/direito/article/view/38314/23372 GOHN, M. G. 500 anos de lutas sociais no Brasil: movimentos sociais, ONGs e terceiro setor. , Revista Mediações Londrina, v. 5, n. 1, p. 11-40, jan./jun. 2000. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes >. Acesso em: 31/03/2020./article/view/9194/7788 65 DERANI, C. Política pública e a norma política. , Curitiba, v. 41, p. 19-28,Revista da Faculdade de Direito UFPR 2004. Disponível em: < >. Acesso em: 31/03/2020.https://revistas.ufpr.br/direito/article/view/38314/23372 GOHN, M. G. 500 anos de lutas sociais no Brasil: movimentos sociais, ONGs e terceiro setor. , Revista Mediações Londrina, v. 5, n. 1, p. 11-40, jan./jun. 2000. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes >. Acesso em: 31/03/2020./article/view/9194/7788 POLÍTICA SOCIAL E SUA TRAJETÓRIA HISTÓRICA: POLÍTICAS SETORIAIS CAPÍTULO 4 - AS LUTAS PELA DEMOCRATIZAÇÃO DO ESTADO Ana Mirceia Siqueira Saldanha 66 Objetivos do capítulo Ao final deste capítulo, você será capaz de: • Compreender o contexto da ditadura, possibilitando conhecer os diferentes momentos de repressão e processo democrático. Tópicos de estudo • Ditadura militar • Autoritarismo • Intensificação da pobreza • Democratização no Brasil • Desmonte das políticas nacionais • Exclusão e extinção de direitos • Desenvolvimento econômico e social • Desigualdades sociais • Exclusão social • Desemprego • Miséria • Assistencialismo • Filantropia • Caridade e ajuda • Subserviência Contextualizando o cenário O período da ditadura militar, que ocorreu no Brasil entre os anos de 1964 a 1985, é um dos períodos históricos brasileiros mais comentados em universidades, livros e na mídia do país. Trata-se de um momento autoritário, em que houve o uso da força para o exercício do poder. Posteriormente e gradativamente, a sociedade civil foi se reorganizando e pôde conquistar direitos por meio da nova Constituição de 1988, conseguindo eleger, em 1989, o presidente da República. Já na década de 1990, observou-se o avanço do neoliberalismo, que reduziu as ações do Estado e reviu direitos, atingindo também as políticas sociais. Diante desse contexto, pergunta-se: como aconteceu a democratização do Brasil? 4.1 Ditadura militar No dia 31 de março de 1964, ocorria, no Brasil, um golpe militar, iniciando um período de extinção de direitos políticos e de direitos de expressão, bem como de censura aos órgãos de imprensa e à produção cultural. Nesse contexto, muitas personalidades políticas e artísticas foram exiladas, a exemplo do presidente deposto João Goulart e do então governador de Pernambuco Miguel Arraes. Durante esses anos, também ocorreu o período que ficou conhecido como milagre econômico, em que a economia brasileira atingiu índices importantes. Houve, assim, investimentos na industrialização e criação de postos de • • • • • • • • • • • • • • • • 67 Objetivos do capítulo Ao final deste capítulo, você será capaz de: • Compreender o contexto da ditadura, possibilitando conhecer os diferentes momentos de repressão e processo democrático. Tópicos de estudo • Ditadura militar • Autoritarismo • Intensificação da pobreza • Democratização no Brasil • Desmonte das políticas nacionais • Exclusão e extinção de direitos • Desenvolvimento econômico e social • Desigualdades sociais • Exclusão social • Desemprego • Miséria • Assistencialismo • Filantropia • Caridade e ajuda • Subserviência Contextualizando o cenário O período da ditadura militar, que ocorreu no Brasil entre os anos de 1964 a 1985, é um dos períodos históricos brasileiros mais comentados em universidades, livros e na mídia do país. Trata-se de um momento autoritário, em que houve o uso da força para o exercício do poder. Posteriormente e gradativamente, a sociedade civil foi se reorganizando e pôde conquistar direitos por meio da nova Constituição de 1988, conseguindo eleger, em 1989, o presidente da República. Já na década de 1990, observou-se o avanço do neoliberalismo, que reduziu as ações do Estado e reviu direitos, atingindo também as políticas sociais. Diante desse contexto, pergunta-se: como aconteceu a democratização do Brasil? 4.1 Ditadura militar No dia 31 de março de 1964, ocorria, no Brasil, um golpe militar, iniciando um período de extinção de direitos políticos e de direitos de expressão, bem como de censura aos órgãos de imprensa e à produção cultural. Nesse contexto, muitas personalidades políticas e artísticas foram exiladas, a exemplo do presidente deposto João Goulart e do então governador de Pernambuco Miguel Arraes. Durante esses anos, também ocorreu o período que ficou conhecido como milagre econômico, em que a economia brasileira atingiu índices importantes. Houve, assim, investimentos na industrialização e criação de postos de • • • • • • • • • • • • • • • • trabalho. Por outro lado, as desigualdades regionais aumentaram, assim como o êxodo rural, tendo um grande número de pessoas migrado das áreas rurais para as grandes cidades. Esse processo de migração trouxe, consigo, muitos problemas sociais e de infraestrutura. A seguir, conheceremos com mais detalhes esse momento da história brasileira. 4.1.1 Autoritarismo Ao falarmos em , é comum que nos lembremos de imagens de documentários e figuras presentesditadura militar em livros de história que retratam esse período, remetendo-nos à censura da época, aos militares que tomaram o poder e às manifestações daqueles que eram contrários ao governo. Nesse contexto, um dos pontos a serem destacados é que a sociedade civil daquela época, nos anos anteriores ao golpe que instaurou a ditadura militar, começava a expressar mais ativamente seus posicionamentos políticos por meio de manifestações e reuniões coletivas, influenciadas por ideias progressistas. Fonte: © rob zs / / Shutterstock. Para alguns, essas ideias representavam um novo tempo de participação e luta por mais igualdade. De acordo com Toledo (2004, p. 14), por exemplo, nesse momento, "Haveria [...] praticamente um consenso entre os setores da esquerda ao interpretarem o período de 1961-1964 como um momento em que a luta de classes no Brasil alcançou um de seus momentos mais intensos, dinâmicos e significativos". Para outros, essa participação representava um avanço das ideias comunistas que proliferavam na América Latina, trazendo desordem e tornando os países instáveis, o que poderia levar, por consequência, a uma revolução, a exemplo do que acontecia em Cuba. Segundo Toledo (2004, p. 14): Liberais e conservadores atribuem ao período e ao governo apenas aspectos negativos e perversos: "baderna política", "crise de autoridade" e "caos administrativo"; inflação descontrolada e recessão econômica; quebra da hierarquia e indisciplina nas forças armadas; "subversão" da lei da ordem e avanço das forças de esquerda e comunizantes. Havia, assim, muitos trabalhadores que não participavam dos movimentos sociais, dos sindicatos ou de partidos. Para alguns deles, as manifestações que aconteciam naquele momento causavam certa insegurança e traziam uma sensação de desordem, pois o fenômeno social era novo e, naquele momento, agitava o país. 68 Essas duas visões são importantes para compreendermos o significado do autoritarismo que marcou o período da ditadura militar: nos anos anteriores ao golpe, o governo de João Goulart (1961-1964) começava a apoiar e receber apoio de movimentos sindicais e de movimentos rurais (ligas camponesas). Esses e outros fatores levaram a caracterizar esse governocomo populista por partes de alguns setores, a exemplo da mídia, que assumiu, em grande parte, o discurso de que, nesse sentido, o país caminharia para uma revolução comunista. Diante disso, a partir de 1964, sob a justificativa de restabelecer a ordem no país, instaurava-se o regime militar, destituindo o presidente da República e fechando o Congresso Nacional por tempo indeterminado. Em 1968, com o (AI-5), o regime de exceção se instalava limitando direitos na esfera civil e política, dandoAto Institucional n. 5 início a um dos períodos mais violentos da história brasileira. Naquele momento, todas as instituições organizativas do Estado estavam subordinadas ao regime militar e os seus opositores eram duramente punidos, podendo ser presos e até mesmo torturados. Uma vez conhecidos os movimentos que levaram à ditadura militar brasileira, passaremos a estudar, no próximo tópico, sobre a situação econômica e social desse período. 4.1.2 Intensificação da pobreza No período da ditadura, entre os anos de 1968 a 1973, especialmente, houve um grande crescimento econômico no país, trazendo maior abertura para a exportação e a queda da inflação. A taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) nesse período ultrapassou os 10%, um recorde, se levarmos em conta a história econômica do Brasil (VELOSO; VILLELA; GIAMBIAGI, 2008). Por conta disso, esse período ficou conhecido, para muitos, como o milagre . No quadro a seguir, podemos observar esse crescimento.econômico brasileiro Indicadores macroeconômicos do Brasil entre os anos 1968-1973 Fonte: GIAMBIAGI, 2005 apud VELOSO; VILLELA; GIAMBIAGI, 2008, p. 224. ESCLARECIMENTO O AI-5 foi considerado um dos mais duros golpes da ditadura militar. Com ele, o Estado podia decretar a intervenção nos estados e municípios sem considerar as limitações previstas na Constituição, entre diversas outras possibilidades autoritárias. 69 Essas duas visões são importantes para compreendermos o significado do autoritarismo que marcou o período da ditadura militar: nos anos anteriores ao golpe, o governo de João Goulart (1961-1964) começava a apoiar e receber apoio de movimentos sindicais e de movimentos rurais (ligas camponesas). Esses e outros fatores levaram a caracterizar esse governo como populista por partes de alguns setores, a exemplo da mídia, que assumiu, em grande parte, o discurso de que, nesse sentido, o país caminharia para uma revolução comunista. Diante disso, a partir de 1964, sob a justificativa de restabelecer a ordem no país, instaurava-se o regime militar, destituindo o presidente da República e fechando o Congresso Nacional por tempo indeterminado. Em 1968, com o (AI-5), o regime de exceção se instalava limitando direitos na esfera civil e política, dandoAto Institucional n. 5 início a um dos períodos mais violentos da história brasileira. Naquele momento, todas as instituições organizativas do Estado estavam subordinadas ao regime militar e os seus opositores eram duramente punidos, podendo ser presos e até mesmo torturados. Uma vez conhecidos os movimentos que levaram à ditadura militar brasileira, passaremos a estudar, no próximo tópico, sobre a situação econômica e social desse período. 4.1.2 Intensificação da pobreza No período da ditadura, entre os anos de 1968 a 1973, especialmente, houve um grande crescimento econômico no país, trazendo maior abertura para a exportação e a queda da inflação. A taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) nesse período ultrapassou os 10%, um recorde, se levarmos em conta a história econômica do Brasil (VELOSO; VILLELA; GIAMBIAGI, 2008). Por conta disso, esse período ficou conhecido, para muitos, como o milagre . No quadro a seguir, podemos observar esse crescimento.econômico brasileiro Indicadores macroeconômicos do Brasil entre os anos 1968-1973 Fonte: GIAMBIAGI, 2005 apud VELOSO; VILLELA; GIAMBIAGI, 2008, p. 224. ESCLARECIMENTO O AI-5 foi considerado um dos mais duros golpes da ditadura militar. Com ele, o Estado podia decretar a intervenção nos estados e municípios sem considerar as limitações previstas na Constituição, entre diversas outras possibilidades autoritárias. No quadro, observe que o crescimento do PIB aumentou de 9,8% para 14% em poucos anos, e que a inflação diminuiu dez pontos nesse mesmo período. Esses e outros fatores colaboraram para o crescimento econômico. A industrialização, além disso, avançou no Brasil e o capital estrangeiro chegou ao país com as multinacionais, que investiram na economia e abriram portas para a criação de empregos. A indústria automobilística é um exemplo desse investimento internacional no país. Contudo, o crescimento econômico não foi equivalente à distribuição de renda nesse período. Isso porque a maior parte do lucro investido se voltou para o exterior. A dívida externa, ainda, era crescente, e sua taxa de juros só aumentou a dependência por parte dos países devedores. Outro ponto importante foi a , uma vez que houve a concentração da industrialização nasdesigualdade regional regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. O Norte e o Nordeste não desenvolveram a industrialização como as outras regiões, o que trouxe sérios problemas econômicos para os seus estados que, até hoje, atravessam problemas com a seca, a mortalidade infantil, o analfabetismo e o desemprego. Fonte: © Melih Cevdet Teksen / / Shutterstock. Devido à industrialização das grandes cidades, ocorreu, ainda, o , em que muitos moradores do campoêxodo rural partiram para as grandes cidades. Nesse contexto, muitos nordestinos foram para o Sudeste em busca de oportunidades. Assim, estima-se que, em 1970, migraram aproximadamente 12,5 milhões de pessoas para as grandes cidades visando a melhores condições de vida (ALVES; SOUZA; MARRA, 2011). AFIRMAÇÃO "Nos períodos 1950-1960, 1960-1970 e 1970-1980, o êxodo rural se acelerou, chegando, no período 1970-1980, a transferir, para o meio urbano, o equivalente a 30,0% da população rural existente em 1970 [...]" (ALVES; SOUZA; MARRA, 2011, p. 81). 70 As cidades não estavam preparadas para receber o contingente de pessoas que migraram. Diante disso, questões como moradia, saneamento básico, emprego, saúde e educação não foram acessíveis a essas pessoas, o que obrigou muitas a partirem para as periferias das grandes cidades, aumentando as estatísticas de pobreza e miséria do Brasil. Após duas décadas de regime militar, o Brasil chegou, enfim, ao processo de democratização, em 1985, conforme veremos a seguir. 4.1.3 Democratização do Brasil A teve início com certa flexibilização de alguns direitos políticos por parte dosdemocratização brasileira militares, durante a chamada abertura política. Prova disso é que no governo de Ernesto Geisel (1974-1979), sindicatos passaram a fazer movimentos de greves e as associações de bairros e outros grupos realizavam reuniões comunitárias. Durante o regime militar, existiam dois partidos políticos: a Aliança de Renovação Nacional (Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1979, o bipartidarismo é desfeito e outros partidos surgem, a exemplo do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Nesse mesmo ano, foi promulgada, além disso, a Lei da Anistia para aqueles que tiveram seus direitos políticos retirados e que foram exilados. Fonte: © M-SUR / / Shutterstock. A transição democrática foi acompanhada de perto pelos militares. Os políticos procuravam ter cautela nesse processo para focar seus esforços na luta pela democratização do país, tentando não fragmentar o movimento, cujos principais líderes eram Tancredo Neves, Leonel Brizola e Ulysses Guimarães. Em 1984, o movimento Diretas Já, que lutava pela democratização do país e pelo direito às eleições diretas, mobilizou milhões de brasileiros que saíram às ruas pela democracia. Em 1985, foi eleito de maneira indireta Tancredo Neves como presidente do Brasil, o primeiro presidente civil eleito em vinte anos. Contudo, ele adoece meses depois, vindo a falecersem ser empossado. Com isso, quem assume a presidência é o seu candidato a vice- presidente, José Sarney. Foi no governo de Sarney que se deu início aos trabalhos de elaboração de uma nova constituição. Dessa forma, em 1987, iniciava-se a , composta por 559 membros, sendo 487 deputados e 72assembleia constituinte 71 As cidades não estavam preparadas para receber o contingente de pessoas que migraram. Diante disso, questões como moradia, saneamento básico, emprego, saúde e educação não foram acessíveis a essas pessoas, o que obrigou muitas a partirem para as periferias das grandes cidades, aumentando as estatísticas de pobreza e miséria do Brasil. Após duas décadas de regime militar, o Brasil chegou, enfim, ao processo de democratização, em 1985, conforme veremos a seguir. 4.1.3 Democratização do Brasil A teve início com certa flexibilização de alguns direitos políticos por parte dosdemocratização brasileira militares, durante a chamada abertura política. Prova disso é que no governo de Ernesto Geisel (1974-1979), sindicatos passaram a fazer movimentos de greves e as associações de bairros e outros grupos realizavam reuniões comunitárias. Durante o regime militar, existiam dois partidos políticos: a Aliança de Renovação Nacional (Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1979, o bipartidarismo é desfeito e outros partidos surgem, a exemplo do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Nesse mesmo ano, foi promulgada, além disso, a Lei da Anistia para aqueles que tiveram seus direitos políticos retirados e que foram exilados. Fonte: © M-SUR / / Shutterstock. A transição democrática foi acompanhada de perto pelos militares. Os políticos procuravam ter cautela nesse processo para focar seus esforços na luta pela democratização do país, tentando não fragmentar o movimento, cujos principais líderes eram Tancredo Neves, Leonel Brizola e Ulysses Guimarães. Em 1984, o movimento Diretas Já, que lutava pela democratização do país e pelo direito às eleições diretas, mobilizou milhões de brasileiros que saíram às ruas pela democracia. Em 1985, foi eleito de maneira indireta Tancredo Neves como presidente do Brasil, o primeiro presidente civil eleito em vinte anos. Contudo, ele adoece meses depois, vindo a falecer sem ser empossado. Com isso, quem assume a presidência é o seu candidato a vice- presidente, José Sarney. Foi no governo de Sarney que se deu início aos trabalhos de elaboração de uma nova constituição. Dessa forma, em 1987, iniciava-se a , composta por 559 membros, sendo 487 deputados e 72assembleia constituinte senadores. A participação popular foi muito intensa por meio de emendas populares que deveriam ter no mínimo 30 mil assinaturas para que fossem apreciadas. Assim, foram coletadas 12.277.423 assinaturas em 122 emendas (BEHRING; BOSCHETTI, 2006). Fonte: © Rawpixel.com / / Shutterstock. Em 5 de outubro de 1988, a nova foi promulgada como uma das maisConstituição da República Federativa do Brasil extensas que já foram elaboradas. Ela reafirmava os direitos individuais, como o direito de liberdade, de expressão e de ir e vir. Também trazia um conjunto de direitos sociais, como licença-maternidade de 120 dias, renda para idosos e pessoas com deficiência, 44 horas semanais de trabalho e legislava, finalmente, sobre o racismo. Posto isso, clique nos recursos a seguir para ver um resumo dos movimentos que levaram à democratização no Brasil: • 1974 Início da abertura política durante o governo de Ernesto Geisel, ainda no interior da ditadura militar. • 1979 O bipartidarismo é desfeito, abrindo a possibilidade para a criação de variados partidos. Além disso, é instituída a Lei da Anistia, que perdoa crimes políticos e eleitorais. • 1983-1984 AFIRMAÇÃO "São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição" (BRASIL, [2016], [ ]).on-line • • • 72 Ocorrem os movimentos das Diretas Já, que defendem as eleições diretas e a democratização brasileira. • 1985 Tancredo Neves é eleito indiretamente como presidente da República e põe-se fim à ditadura militar. • 1987 Dá-se início à assembleia constituinte, com a votação de emendas para a composição da nova Constituição Federal. • 1988 É promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, que garante uma série de direitos à população brasileira. A conquista de direitos na Constituição Federal de 1988, após a democratização brasileira, reflete uma busca por transformação social e melhores condições de vida. No entanto, a década de 1990 trará desafios que colocarão os direitos sociais em total vulnerabilidade, como veremos a seguir. 4.2 Desmonte das políticas nacionais Na década de 1990, o Brasil entrava em um período democrático em que a participação social era latente e os direitos trabalhistas e sociais estavam garantidos na Carta Magna. Parecia, assim, que o país vivenciaria tempos de igualdade de direitos e de justiça social. No entanto, a política econômica mundial se viu influenciada pelo neoliberalismo, o que mudou os rumos da intervenção estatal e liberou o mercado de regulamentações. Essa política acabou por impactar, também, os direitos conquistados e o desenvolvimento social do Brasil, resultando na exclusão e extinção de direitos. 4.2.1 Exclusão e extinção de direitos Os anos 1980 trouxeram para o Brasil a esperança de um novo tempo e de um futuro democrático. As manifestações por Diretas Já, a elaboração da Constituição e as eleições presidenciais de 1989 proporcionaram um novo fôlego para as lutas sociais. Foi nesse período que as políticas sociais foram ampliadas e direitos conquistados. Segundo Piana (2009, p. 38): As políticas sociais no Brasil tiveram, nos anos 80, formulações mais impactantes na vida dos trabalhadores e ganharam mais impulso, após o processo de transição política desenvolvido em uma conjuntura de agravamento das questões sociais e escassez de recursos. Diante disso, cumpre ressaltar que, de acordo com Piana (2009), as políticas sociais brasileiras são caracterizadas, historicamente, como assistencialistas, clientelistas e paternalistas. Outro aspecto é que suas ações são fragmentadas e geralmente direcionadas para um público específico. Mesmo assim, direitos sociais foram garantidos ao final da transição política. Além disso, para muitos autores, a exemplo de Behring e Boschetti (2006), os direitos conquistados em 1988 com a Carta Magna chegaram com 40 anos de atraso, já que as mudanças eram inspiradas nos moldes dos países sociais- democratas, mas as condições econômicas, sociais e políticas brasileiras eram bem diferentes daquelas presentes nessas outras nações, o que dificultou a efetividade desses direitos. • • • 73 Ocorrem os movimentos das Diretas Já, que defendem as eleições diretas e a democratização brasileira. • 1985 Tancredo Neves é eleito indiretamente como presidente da República e põe-se fim à ditadura militar. • 1987 Dá-se início à assembleia constituinte, com a votação de emendas para a composição da nova Constituição Federal. • 1988 É promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, que garante uma série de direitos à população brasileira. A conquista de direitos na Constituição Federal de 1988, após a democratização brasileira, reflete uma busca por transformação social e melhores condições de vida. No entanto, a década de 1990 trará desafios que colocarão os direitos sociais em total vulnerabilidade, como veremos a seguir. 4.2 Desmonte das políticas nacionais Na década de 1990, o Brasil entrava em um período democrático em que a participação social era latente e os direitos trabalhistas e sociais estavam garantidos na Carta Magna. Parecia, assim, que o país vivenciaria tempos de igualdade de direitos e de justiça social. No entanto, a política econômicamundial se viu influenciada pelo neoliberalismo, o que mudou os rumos da intervenção estatal e liberou o mercado de regulamentações. Essa política acabou por impactar, também, os direitos conquistados e o desenvolvimento social do Brasil, resultando na exclusão e extinção de direitos. 4.2.1 Exclusão e extinção de direitos Os anos 1980 trouxeram para o Brasil a esperança de um novo tempo e de um futuro democrático. As manifestações por Diretas Já, a elaboração da Constituição e as eleições presidenciais de 1989 proporcionaram um novo fôlego para as lutas sociais. Foi nesse período que as políticas sociais foram ampliadas e direitos conquistados. Segundo Piana (2009, p. 38): As políticas sociais no Brasil tiveram, nos anos 80, formulações mais impactantes na vida dos trabalhadores e ganharam mais impulso, após o processo de transição política desenvolvido em uma conjuntura de agravamento das questões sociais e escassez de recursos. Diante disso, cumpre ressaltar que, de acordo com Piana (2009), as políticas sociais brasileiras são caracterizadas, historicamente, como assistencialistas, clientelistas e paternalistas. Outro aspecto é que suas ações são fragmentadas e geralmente direcionadas para um público específico. Mesmo assim, direitos sociais foram garantidos ao final da transição política. Além disso, para muitos autores, a exemplo de Behring e Boschetti (2006), os direitos conquistados em 1988 com a Carta Magna chegaram com 40 anos de atraso, já que as mudanças eram inspiradas nos moldes dos países sociais- democratas, mas as condições econômicas, sociais e políticas brasileiras eram bem diferentes daquelas presentes nessas outras nações, o que dificultou a efetividade desses direitos. • • • Já na década de 1990, viu-se a ascensão do . Esse termo está relacionado às políticas que liberam oneoliberalismo mercado da regulação estatal e o Estado da responsabilidade social. É o chamado , com maisEstado mínimo mercado e menos Estado regulando as relações. Já a sociedade civil é convocada a se responsabilizar pela questão social. A reestruturação da economia, assim como a globalização, interviu nos postos de trabalho, permitindo uma flexibilização de contratos trabalhistas, diminuição de postos de trabalho e terceirização de muitas funções empregatícias. Com isso, as garantias dos direitos trabalhistas foram afetadas nesse momento. A assistência social, além disso, acaba se tornando limitada, não atendendo à real demanda da sociedade. Por isso, são definidos perfis para o acesso a essas políticas. Dessa maneira, o direito à moradia, ao transporte e à segurança são negligenciados em países como o Brasil. As privatizações também marcaram a economia brasileira a partir da década de 1990, quando muitas empresas de telecomunicação, energia e água foram vendidas para grupos internacionais. Desde então, reformas econômicas começaram a acontecer, como a reforma da previdência e a reforma trabalhista. Como vimos, o neoliberalismo marcou fortemente o Brasil a partir da década de 1990, justamente no período em que a Constituição Federal estava sendo implantada no que se refere aos direitos sociais. Muitos ajustes foram feitos nesses direitos para garantir o desenvolvimento econômico firmado no mercado livre. 4.2.2 Desenvolvimento econômico e social O Estado de bem-estar social brasileiro, na década de 1990, ainda dava seus primeiros passos quando sofreu os golpes da política neoliberal, que avançava no mundo desde 1970. Esse fator possibilitou que direitos conquistados em 1988 fossem revistos pela proposta de desenvolvimento econômico. No caso do Brasil, a proposta de desenvolvimento socioeconômico, a partir da década de 1990, gira em torno de três proposições analíticas e políticas, segundo Castelo (2012, p. 63): 1) O crescimento econômico, por si próprio, não traria a redução das desigualdades, havendo a necessidade de políticas públicas específicas e direcionadas para esse problema; 2) os gastos sociais não seriam baixos, pelo contrário: deveria torná-los mais eficientes, melhorando a alocação de recursos com sua focalização nos estratos sociais miseráveis; 3) propostas de desenvolvimento baseadas no investimento no capital humano, reformas tributárias, previdenciárias e trabalhistas e ampliação do microcrédito. Ao lermos a afirmação de Castelo (2012), concluímos que o desenvolvimento econômico, no modelo adotado no Brasil, está atrelado à liberação do mercado e à intervenção nas desigualdades sociais. Essa visão de análise de crescimento é chamada pelo autor de .social-liberal Assim, dadas as mudanças destacadas anteriormente, a intervenção na questão social, nesse modelo social-liberal, seria basicamente direcionada à parcela da população mais pobre, com políticas sociais focalizadas e assistencialistas e atendendo o mínimo das necessidades das pessoas que estivessem abaixo da linha de pobreza. PAUSA PARA REFLETIR Quais os impactos do desenvolvimento econômico para as políticas sociais? 74 Essa característica de desenvolvimento econômico e social marcou os governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) e de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011). Diante disso, é importante destacar que as desigualdades sociais não foram extintas em nenhum governo brasileiro, o que talvez se deva ao fato de que os sistemas econômicos em voga tenham gerado, também, a exclusão, o desemprego e a miséria, conforme veremos a seguir. 4.3 Desigualdades sociais O nível de desigualdade social de um país pode ser avaliado pela forma como ele distribui sua renda e até pelo nível de exclusão social que a população carente enfrenta. Além disso, questões como falta de saneamento básico, moradia precária e falta de água potável revelam o desenvolvimento econômico e social de um Estado. Diante disso, o Brasil é um dos países que apresenta forte desigualdade social. Nas grandes cidades, por exemplo, podemos observar o contraste de moradias. O trabalho formal também não é acessível a todos, o que abre caminho para a informalidade e para o desemprego. 4.3.1 Exclusão social A está relacionada ao conjunto de problemas socioeconômicos que favorecem umaexclusão social vulnerabilidade social. Esse fenômeno acontece em todos os países e varia de acordo com o desenvolvimento econômico e a desigualdade social de cada local. Mas em que consiste essa desigualdade? Na figura a seguir, é possível observar alguns fatores desencadeados por ela. Problemas relacionados à desigualdade social Fonte: BARROS, 2018. (Adaptado). 75 Essa característica de desenvolvimento econômico e social marcou os governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) e de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011). Diante disso, é importante destacar que as desigualdades sociais não foram extintas em nenhum governo brasileiro, o que talvez se deva ao fato de que os sistemas econômicos em voga tenham gerado, também, a exclusão, o desemprego e a miséria, conforme veremos a seguir. 4.3 Desigualdades sociais O nível de desigualdade social de um país pode ser avaliado pela forma como ele distribui sua renda e até pelo nível de exclusão social que a população carente enfrenta. Além disso, questões como falta de saneamento básico, moradia precária e falta de água potável revelam o desenvolvimento econômico e social de um Estado. Diante disso, o Brasil é um dos países que apresenta forte desigualdade social. Nas grandes cidades, por exemplo, podemos observar o contraste de moradias. O trabalho formal também não é acessível a todos, o que abre caminho para a informalidade e para o desemprego. 4.3.1 Exclusão social A está relacionada ao conjunto de problemas socioeconômicos que favorecem umaexclusão social vulnerabilidade social. Esse fenômeno acontece em todos os países e varia de acordo com o desenvolvimento econômico e a desigualdade social de cada local. Mas em que consiste essa desigualdade? Na figura a seguir, é possível observar alguns fatores desencadeados por ela. Problemas relacionados à desigualdade social Fonte: BARROS, 2018. (Adaptado).
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