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Cultura Pós-Moderna e a infância/adolescência Aluna: Natasha Kely Perdigão Moura Baima Disciplina: Psicologia e Cultura Este trabalho terá como base o conceito de infância e o pós-modernismo. Será apresentada a fase de transição da criança e do adolescente, fazendo comparações de como era sua vida antigamente e suas vidas atualmente. Será comentado sobre como se da à construção de sua subjetividade, a partir das modificações que foram feitas no processo de transição da modernidade para a pós-modernidade. Segundo o historiador Philippe Ariès, o conceito de infância durante os séculos XII até o séc. XV não existia, a criança era vista como um ser produtivo, e eram vistas como homens em miniatura, e viviam entre os adultos sem existir o conceito de infância e sem haver a necessidade de compreender o comportamento infantil dentro desse contexto. Ele também aponta que a noção mais próxima da representação de infância que tivemos antes, foi feita pelos gregos, na arte grega, mais especificamente. (ARIÉS,1960,p.18). A infância durante a idade Média era vista como apenas uma fase de ‘’transição’’, não se fazendo necessária a representação da mesma ou simplesmente não reconhecendo sua importância. E somente na idade Moderna que elas passaram a ser representadas como realmente deveriam ser. Crianças e adolescentes eram tratados como objetos, considerados como indivíduos não portadores de direitos e de cidadania, entendidos como objetos que podiam ser modelados e manipulados de acordo com interesses e valores que não eram os seus (Rosa; Silva, 2004). Diferentes discursos produzidos pelo universo adulto enquadraram a criança, determinando os espaços que ela deveria frequentar e estabelecendo os princípios norteadores do seu crescimento e educação. Paralelamente, era a rotina do mundo adulto que ordenava o cotidiano infantil, por meio de um conjunto de procedimentos e práticas aceitos como socialmente válidos (Mauad, 2004, p. 140). A pós-modernidade é a condição filosófica, estética e sócio-cultural do capitalismo contemporâneo. Na pós-modernidade, as diretrizes para a ciência reformularam os temas e as práticas psicológicas valorizando o singular, uma característica que se observa é a desconstrução dos paradigmas que não permitem aos pesquisadores manter a fé na ciência e na tecnologia enquanto ferramentas da verdade. “Na pós-modernidade, as experiências simples e reveladoras, que na modernidade eram passadas de pai para filho, estão invalidadas. O homem atual perdeu sua capacidade de narrar suas experiências. Não há mais o antigo camponês que contava suas histórias para os filhos; não existem mais os mitos e os contos dos antigos povoados, que se perpetuavam pela cultura oral. Tampouco existem os antigos locais de encontro, identidade e pertencimento, como foram a praça e a rua nos antigos arraiais e vilarejos rurais. Hoje, o shopping center incorpora a função de encontro, identidade e pertencimento. Mas, um encontro que privilegia os abastados. O shopping substitui a própria Igreja ou a Catedral como referência arquitetônica da cidade. Para o povo escassearam as oportunidades de identidade e, consequentemente, da transmissão e manutenção da cultura popular.” (DUARTE, 2003) De acordo com Steinberg e Kincheloe, a criança pós-moderna é apresentada como um “espertinho pedante”. Porém, toda essa rápida evolução acaba causando algo, pois ao conseguir lidar com tantas situações incomuns para sua idade e com informações extras, acabam sendo vistas como uma super criança com uma extraordinária competência precoce. As mudanças tecnológicas, educacionais e culturais acabam formando a subjetividade infantil, e a criança se desenvolve da sua própria maneira para se adaptar a todas essas mudanças. Além disso, cada vez mais cedo as crianças participam da vida social da sua família e constroem a sua subjetividade de acordo com seu dia a dia. Hoje em dia, há uma diminuição da autoridade dos adultos sobre as crianças. Elas têm uma facilidade maior de obter informações por conta das mídias, a internet favorece um acesso mais rápido ao mundo do adulto em si, e isso faz com que elas se tornem questionadoras de sua realidade e os adultos ficam incapazes de exercer a autonomia psicológica. Fazendo algumas comparações de como era a infância e a adolescência antigamente, poderemos ver como atualmente foi construída a sua subjetividade. A maneira como as crianças agem em diversos temas como o namoro, a diversão, o corpo, a sexualidade, sua cognição, o fato de “não serem mais” submisso aos pais e outros questionamentos recorrentes nessa fase da vida. Antigamente, as diversões deles eram correr na rua, brincar de esconde-esconde, pega-pega, João a trepa, carimba e vários outros. Hoje em dia essas brincadeiras mal são vistas por conta de tecnologia, onde crianças preferem jogos online a correr por ai. Preferem ficar no WhatsApp, ao invés de sair com seus amigos para um cinema talvez. É bastante perceptível e não é difícil de ver exemplos assim. No meu prédio, por exemplo, chamamos as crianças para descer e brincar, todas levam seus celulares e em três horas, duas horas e meia é nas redes sociais. Com pouquíssima interação com os outros que estão lá. O namoro e a sexualidade começam bem cedo. Antigamente os namoros eram arranjados, os pais que escolhiam o marido de suas filhas, normalmente maridos ricos que pudessem lhe dar instabilidade financeira e elas não tinham nenhum direito de escolher ou optar por outra pessoa. As vezes eram homens bem mais velhos que elas e a sexualidade só poderia começar depois do casamento. Infelizmente, atualmente a sexualidade começa bem cedo, às vezes crianças com nove anos de idade já tem uma vida sexual ativa e com pouca compreensão desse assunto. Mães aos treze anos, onde acabam perdendo o resto de sua infância e sua adolescência. Dificilmente encontrara pessoas que se casam virgens, a grande maioria já perde sua virgindade na adolescência. A psicóloga Kelly dos Reis Gomes explica que atualmente o número de adolescentes que estão em um relacionamento sério subiu, em relação às décadas passadas, e acredita que esse aumento se deu ao contexto histórico vivido no século XXI. “Ao andarmos pelas ruas nos deparamos constantemente com beijinhos e abraços trocados entres pessoas cada vez mais jovens, o que há poucas décadas seria um afronta à sociedade. Parece que a dinâmica do nosso momento histórico tem influenciado, talvez contribuído para essa mudança cultural nos relacionamentos amorosos. E considerando que somos seres sociais e que necessitamos de afeto, a liberdade vivida nos tempos de hoje pode estar aumentando os contatos físicos precoces”, afirma. O corpo das crianças hoje já é bem desenvolvido, seios de mulheres adultas mesmo. São mini-adultos, pois tem um corpo bem formado, o que facilita essa sexualidade, pois eles já começam a ter uma sensualidade, o que pode se perceber nas fotos que eles postam, garotos com um “tanquinho’’, garotas com corpo de mulher. E você acaba ficando confusa quanto a idade deles. Pois antigamente, criança realmente tinha o corpo de criança. Não tinha como haver uma confusão. Eram corpos menos desenvolvidos. Como havia mencionado sobre eles serem mini-adultos, vemos não só na aparência, mas são crianças com um alto nível de cognição. Por conta da tecnologia em alto e a facilidade de ter muitas informações com apenas um clique. Eles conseguem ter informações e saber de coisas que só adultos saberiam. São bem mais inteligentes que as crianças de antigamente, ate porque algumas estudavam em casa mesmo e não tinha uma vasta área de informações. Hoje, podemos perceber que são as crianças que ensinam os adultos, sabem mexer em um smartphone, sabem detalhes sobre sexo, descobrem informações talvez desnecessárias para si mesmo, mas que os tornam bem mais “legais”, por saberem de muitas coisas por terem sede do saber. Por querer esta por dentro da vida dos famosose de tudo que acontece no mundo. Hoje, muitas crianças são vistas como mal educadas, não quer dizer que os pais não lhes deram uma boa educação, mas sim, pois elas querem ter a sua própria identidade e faram de tudo para isso. No passado, eles eram completamente submissos ao adulto, onde suas escolhas e suas vontades não dependiam deles mesmo e sim do seu responsável. Uma opinião contraria, não iria mudar em nada, pelo fato deles não terem autonomia e nenhuma liberdade de expressão. Suas identidades eram construídas pelos gostos de seus pais. Hoje em dia, crianças e adolescentes brigam, reclamam, falam mal, só porque seus pais não querem fazer o que eles desejam, o fato da sua vontade não ser suprida, é algo muito doloroso. E a identidade é construída pelos seus gostos próprios, talvez ate mesmo por influencia dos adultos. Eles querem aquilo e eles terão aquilo, os pais acabaram por perder sua autonomia. O que os pais querem é ridículo, é do passado, é cafona. Mas o que eles querem e o que eles acham legal seria o correto. Algumas características preocupantes caracterizam a infância deste século, como crianças agressivas, carentes afetivamente, super estimuladas, que sofrem violência dentro de casa. Estamos vivendo a chamada era da “liberdade social”. Onde não pode limitar o campo cultural. Até porque como você já deve imaginar, em diferentes partes do mundo, a cultura influencia diretamente nesses comportamentos sociais. No filme Fala serio mãe!, Conseguimos ilustrar todos esses exemplos que foram dados e muito mais. São cenas comuns de serem vistas com crianças e adolescentes. Conta à vida de uma família e todos os sofrimentos e relacionamentos que a filha mais velha passa e também conta sobre a vida de seus pais e de seus irmãos. Tipicamente uma família tradicional. Fala da sua primeira mestruação, primeira festa, primeiro beijo, primeiro namorado, notas ruins, o fato de não querer mais seus pais por perto, sua primeira viagem, sexo, mudanças no corpo e sua independência. Alguns fatos do cotidiano que podemos ilustrar seriam vendo um casal jovem de namorados, crianças “brincando” com seus eletrônicos, jovens usando roupas diferentes em busca da sua identidade própria e jovens brigando com os pais. Referências PIMENTEL, Adelma; ARAUJO, Lucivaldo da Silva. Concepção de criança na pós-modernidade. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 27, n. 2, p. 184-193, jun. 2007 CASTRO, L. R. A Infância e seus Destinos no Contemporâneo. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v.8, nº 11, pp. 47-85, jun. 2002. MAUAD, A. M. A Vida das Crianças de Elite durante o Império. In: Del Priore, M. História das Crianças no Brasil. 4ª ed. São Paulo: Contexto, 2004, pp.137-176 STEINBERG, S. R.; KINCHELOE, J. L (org.). Cultura Infantil: a Construção Corporativa da Infância. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004 ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família: A descoberta da Infância. [S.l.: s.n.], 1960. 195 p. DUARTE, Rodrigo. Teoria Crítica da Indústria Cultural. UFMG. Humanitas. Belo Horizonte, 2007. Filme- Fala serio, Mãe! De Larissa Manoela Palestra- O Mundo sobre a Perspectiva da Criança, Isabela Minatel
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