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INFÂNCIA NA HISTÓRIA E NA
CULTURA CONTEMPORÂNEA
CAPÍTULO 1 - CRIANÇA É SER SOCIAL E
HISTÓRICO?
Suellen Irene Pereira Pierri
INICIAR
Introdução
Vários são os discursos sobre o fato de a criança – hoje em dia – ser vista como ser
histórico, cultural, social e de direitos. Mas será que sempre foi assim? A criança,
no decorrer dos tempos, sempre foi tratada como um indivíduo integrante da
sociedade, com seus direitos garantidos por lei? Neste capítulo você verá que essa
é uma visão relativamente recente da infância. No decorrer dos séculos, vigoraram
diferentes visões sobre a criança: como pequeno adulto, como tábula rasa, como
mão de obra barata, como impura ou como inocente; enfim, muitas foram as
concepções de criança e infância até que se consolidasse a que temos atualmente.
No Brasil, como país colonizado, há uma sequência histórica no tratamento e
entendimento da criança similar à de seu colonizador, Portugal, que, por sua vez,
tem uma história mais longa com a infância. Será que essas diferenças levaram
ambos países a um mesmo desfecho? Considerando a longa trajetória da Europa
com a infância, será que o Brasil já iniciou seu tratamento com as crianças a partir
de um sentimento de infância consolidado? Partiremos de visões mais antigas
sobre o tema para, no traçar histórico, chegarmos até nosso país e sua trajetória –
por vezes igual, por vezes particular – ao entender e enxergar as crianças, e no agir
com elas. Como afirmam Kuhlmann Jr. e Fernandes (2012, p. 15), a infância é
compreendida a partir da “[...] concepção ou representação que os adultos fazem
sobre o período inicial da vida [...]”. Sendo assim, neste capítulo, você estudará a
infância e a criança a partir dessas visões, que lhe contarão uma história, e a partir
dessa história você criará as suas próprias concepções, que, espera-se, sejam
similares ao que hoje se acredita ser e estar criança. Bom estudo!
1.1 Relações entre: sociedade,
conhecimento, infância e educação
Neste tópico, você entenderá melhor como funcionam essas relações entre
sociedade, conhecimento, infância e educação. A esse respeito, conforme
Faria Filho (2004, p. 7), “[…] criança e infância emergem como categorias
históricas, constituídas no cotidiano das relações sociais […]”. Sendo assim, a
concepção de criança que temos hoje, baseada tanto em teorias educacionais
quanto em aspectos legais, foi uma construção histórica e formada também a
partir de lutas pelo reconhecimento da criança e do direito à
institucionalização da infância.
Como você deve estar pensando, toda essa construção estava ligada a tipos
de sociedade e políticas que foram se formando com o passar dos tempos.
Na Idade Média (século V ao XV), havia um tipo de sociedade com suas
verdades e limitações, que continha uma visão para o tratamento da infância;
na Idade Moderna (século XV ao XVIII), mudou-se a maneira de enxergar o
ser humano, a igreja, a política e, consequentemente, a criança, assim como
em todos os tempos até a atualidade.
Todas as premissas humanas são construções históricas, e devemos
entender esse passo a passo para compreendermos quem somos e como
chegamos aonde estamos.
1.1.1 A criança na Idade Média
Você sabia que vários foram os papéis dados às crianças durante o passar
dos anos e dos séculos? A maioria deles, porém, pode ser caracterizada pelo
“[...] não-lugar a que durante anos a criança esteve condenada, não sendo
reconhecida em suas especificidades.” (PEREIRA; SOUZA, 1998, p. 28).
Destarte, apesar de sempre ter havido um papel para cada criança, esses
papéis eram dados pelos adultos, suas histórias eram contadas sempre pelo
outro, pelo mais velho, aquele que ditava as regras, tudo sem levar em
consideração a voz das crianças sobre o que pensavam ou o que achavam.
Etimologicamente, a infância consiste no silêncio que precede a emissão das
palavras e a enunciação do discurso, designando uma condição da linguagem
e do pensamento com a qual o ser humano se defronta ao longo de sua vida,
mas, com maior frequência, em uma idade específica, diferenciada da adulta,
na qual ainda não ingressou no mundo público (PAGNI, 2010, p. 100).
De forma figurada, podemos dizer que, durante séculos, foi negado à criança
o direito de se exprimir: a ela restou o silêncio, a não permissão de ter sua
voz ouvida em decisões, até mesmo no que se referia a ela mesma. Os
alimentos foram dados às crianças sem perguntar se elas gostavam deles ou
os queriam; suas vestimentas postas sem saber se elas as aprovavam ou se
lhes eram confortáveis; seu ensino regido de forma vertical, no qual coube
aos adultos a decisão do quê e quando ensinar, em detrimento das vontades
das crianças, ou sem levar em consideração o que elas já sabiam sobre tal
assunto ou conteúdo.
A seguir, observe a imagem de uma pintura que retrata uma menina na Idade
Média:
 Figura 1 -
Princess Margareth, de Diego Velásquez. Fonte: Oleg Golovnev,
Shutterstock, 2017.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Como você pode observar, a imagem anterior retrata uma menina vestida
com uma roupa destinada às mulheres da época. Nota-se que o tamanho do
vestido e os ornamentos quase não lhe permitem os movimentos naturais do
corpo. Não havia uma preocupação com as particularidades do corpo infantil
no que se refere à vestimenta da época, mas sim com a caracterização da
criança como um pequeno adulto. Você considera que essa concepção é
diferente da que temos hoje?
Durante a Idade Média, reconhecida como o período histórico a partir do
século V até o século XV – com a queda de Constantinopla –, a sociedade foi
tomada por valores religiosos, o que determinou uma diminuição dos
infanticídios (JOHNSON, 2001) e uma maior preocupação com o bem-estar
da criança pequena, no sentido de um cuidado com a preservação da vida –
para não morrer de fome, por exemplo –, mas ainda não com o sentido mais
amplo de cuidado com a criança, que temos hoje.
Na Idade Média, só eram consideradas crianças os bebês que ainda
mamavam, o que frequentemente se estendia até o período entre os 5 e 7
anos de idade. A partir desse momento, as crianças passavam a frequentar
os mesmos lugares que os adultos, sem distinção de trajes ou linguajar
apropriado, ou seja, elas viam e ouviam tudo que o adulto via ou ouvia. Não
havia leis de proteção à infância, já que esse conceito ainda não existia.
A seguir, observe a reprodução de uma pintura que retrata uma taverna onde
crianças e adultos poderiam permanecer juntos.
Na figura anterior, percebe-se que está acontecendo uma festa em uma
taverna, onde há homens bebendo e jogando, e pode-se notar que um
homem já está aparentemente bêbado, de joelhos, e levando uma garrafa à
boca. Nesse ambiente, é visível ao menos uma criança, o que denota a não
preocupação com a adequabilidade dos locais à infância, entendendo-se que
esta deveria ser vivida em conformidade com os adultos.
Nesse sentido, você já se perguntou como era a educação nessa época? Não
havia o conceito de escolas que temos hoje, mas, sim, de salas de estudos
livres. Sem local determinado, essas aulas poderiam acontecer em praças,
mercados, igrejas etc., as quais ofereciam educação para pessoas de várias
faixas etárias – crianças ou adultos – e chegavam a receber 200 indivíduos
por vez. “A criança era, portanto, diferente do homem, mas apenas no
tamanho e na força, enquanto as outras características permaneciam iguais”
Figura 2 - Prince’s Day, de Jan Steen. Fonte: Everett – Art, Shutterstock,
2017.
Deslize sobre a imagem para Zoom
(ARIÈS, 1981, p. 14). Nesses estabelecimentos, só havia homens ou
meninos, as meninas eram educadas em casa pela própria família, ou em
casa de conhecidos.
O texto “Infância: construção social e histórica” de Moysés Kuhlmann Jr. e
Fabiana Silva Fernandes (2012), do livro Educação Infantil e Sociedade:
questões contemporâneas, trata sobre diversas pesquisas no âmbito da
história da educação infantil, além de trabalhar os conceitos de criança e
infância no decorrer da história e a partir da visão de vários estudiosos do
tema. Leia no link:<http://ndi.ufsc.br/files/2013/08/Educa%C3%A7%C3%A3o-e-Sociedade.pdf
(http://ndi.ufsc.br/files/2013/08/Educa%C3%A7%C3%A3o-e-
Sociedade.pdf)>.
Portanto, você pode perceber que, além de as crianças não receberem
atendimento ou educação individualizados, ainda havia o fator de gênero que
separava crianças entre si. Isso também se devia ao impacto do cristianismo
à época, já que a Bíblia Sagrada (2012) explicita o papel da mulher na
sociedade em vários momentos: “Esposa, obedeça ao seu marido, como você
obedece ao senhor. Pois o marido tem autoridade sobre a esposa, assim
como Cristo tem autoridade sobre a igreja.” ([Ef,  5:22,23], 2012, p.  1.643);
“Esposa, obedeça ao seu marido, pois é o que você deve fazer por ser cristã.”
([Cl, 3:18], 2012, p. 1.654); “[...] para que as mulheres mais jovens aprendam
[...] a ser prudentes, puras, boas donas de casa e obedientes ao
marido.”([Tito, 2:4-5], 2012, p. 1.674).
Em inúmeras passagens bíblicas (BÍBLIA SAGRADA, 2012), a mulher
aparece como submissa ao homem ou como a que deve ensinar às mais
novas o caminho até Deus ou à própria submissão. Essas passagens bíblicas
ilustram a forma de ver o papel da mulher, logo, da menina, à época da Idade
Média.
VOCÊ QUER LER?
http://ndi.ufsc.br/files/2013/08/Educa%C3%A7%C3%A3o-e-Sociedade.pdf
Pelo contexto fornecido, você pode concluir como o fator religioso era
predominante nessa época, e isso deve ser levado em conta ao pensar a
infância. Inclusive, por esse motivo, a infância dos meninos e das meninas era
tratada e vista de maneira distinta.
A partir disso, pode-se afirmar que o pensamento sobre a criança em cada
momento histórico reflete o tipo de tratamento e educação dados a essa
criança, e os conhecimentos que se entende que ela deva ter. Veja a seguir
como esse pensamento foi se alterando ao longo dos tempos.
1.1.2 Mudanças na Idade Moderna
Durante a Idade Moderna – com início marcado, historicamente, em 1453,
quando da queda de Constantinopla, e fim em 1789, época da Revolução
Francesa –, houve uma grande ruptura dos valores sociais, políticos e de
ordem econômica vigentes na Idade Média:
Com a Modernidade, ocorre a ruptura com a sociedade de ordens, que barrava
as liberdades individuais; a laicização política, econômica e cultural,
proporcionando a formação dos Estados Nacionais, a abertura do comércio, a
valorização da autonomia e da capacidade humana (antropocentrismo); as
descobertas geográficas; o desenvolvimento das cidades; o surgimento de
uma nova classe, a burguesia; e, como consequência, promove uma revolução
na pedagogia e na educação (FORMIGONI, 2010, p. 139).
Mas em que essas mudanças de valores afetou a educação? A mudança
significativa nesse campo é que se passou a formar indivíduos ativos
socialmente e livres de qualquer religiosidade que restrinja sua maneira de
pensar e ver o mundo apenas por essa ótica.
Iniciou-se, em contrapartida, um período de institucionalização de locais de
ensino e regramento, com a construção de mais escolas, asilos, presídios,
como uma forma de o Estado controlar esses indivíduos.
Você pode imaginar que, com esse processo, a criança passou a ser vista de
forma diferente, como um ser individualizado e ligado à sua família. Por sua
vez, desenvolveu-se no seio da família a visão de que o cuidado com a
criança é necessário para fins de perpetuação de sua linhagem e da
sociedade. Nesse momento, aparecem a bajulação e os mimos às crianças,
fazendo desaparecer aos poucos o sentimento de indiferença dado a elas
anteriormente (FORMIGONI, 2010).
De forma contrária aos métodos medievais de educação, como você deve
notar pela comparação entre os períodos, na Idade Moderna há uma
preocupação em ensinar as crianças conforme suas capacidades, mas ainda
em grupos grandes. Com o passar do tempo, o que durou cerca de um
século, um único professor começou a cuidar de cada grupo menor de
indivíduos, que permaneceram agrupados conforme suas capacidades – e
todos em um mesmo local. As classes agrupadas por idade, como
conhecemos hoje, começam a surgir em fins da Modernidade e no início da
Idade Contemporânea.
Para você se situar melhor entre esses períodos, acompanhe a seguir um
breve resumo da periodização da história. Esse é um método cronológico
usado para contar e separar o tempo histórico da humanidade. A clássica
divisão da história é marcada por cinco períodos, tendo como referência a
Europa. Veja a linha do tempo dos períodos proposta por Certeau, (2002):
 
Pré-história - se inicia com o surgimento do ser humano e dura até
cerca de 4000 a.C;
Idade Antiga - compreende de cerca de 4000 a.C. até 476 d.C., quando
ocorre a queda do Império Romano do Ocidente;
Idade Média - entre o ano de 476 d.C. até 1453, quando ocorre a
conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos e,
consequentemente, a queda do Império Romano do Oriente;
Idade Moderna - considerada de 1453 até 1789, ano da eclosão da
Revolução Francesa;
Idade Contemporânea - compreende de 1789 até aos dias atuais. 
 
Dessa forma, pode-se afirmar que as concepções em relação às crianças e à
sua educação foram mudando com o decorrer do tempo, de modo a dar mais
visibilidade à sua individualidade, e essa mudança sempre esteve
diretamente ligada às transformações sociais, políticas e econômicas da
sociedade. Dessa maneira, você consegue perceber como essas mudanças
estão imbricadas, atreladas umas às outras?
1.2 Philippe Ariès e a história da
infância
Para entender melhor esse processo de formação da ideia de infância, é
fundamental conhecer um pouco deste autor: Philippe Ariès (1981) escreveu
uma das obras mais importantes entre as que nos permitem, hoje, entender a
infância como algo socialmente construído, o livro: História Social da Criança
e da Família.
A partir de caracterizações sociais e detalhamento das famílias e dos modos
de vida no decorrer das idades Média e Moderna, o autor conta a trajetória de
como se chegou ao sentimento de infância e de como chegamos ao
momento de mudar nosso olhar e nossas atitudes em relação às crianças.
Ao tratar hoje da obra de Ariès, deve-se ter em conta que, apesar de ter sido
a primeira literatura que abordou a infância de forma abrangente e a
enxergou como construção histórica – e não apenas como fator biológico –,
há muitos estudos posteriores que criticam a iconografia utilizada no livro e
sua visão de que o sentimento de infância apenas passou a existir em fins da
era moderna. Porém, para fins de estudo e entendimento processual sobre
criança e infância, é uma literatura de incontestável importância.
1.2.1 A obra de Philippe Ariès
A obra de Ariès abrange um estudo da história da criança e da família desde
o século XII até o século XVII (ARIÈS, 1981, p. 22), ou seja, durante a Baixa
Idade Média e fins da Idade Moderna, perpassando todas as transformações
sociais e políticas desses séculos, e sua influência no sentimento dos adultos
e da sociedade em geral em relação à infância e à maneira de lidar com as
crianças.
Para você se localizar ainda melhor no tempo, veja o quadro a seguir, que
relaciona os séculos a suas respectivas datas cronológicas.
Segundo Ariès (1981), a sociedade medieval tradicional reduzia a infância
aos momentos em que a criança ainda não tinha desenvoltura física. Nesse
sentido, assim que ela começava a se movimentar com um pouco mais de
agilidade, e a controlar seus movimentos, já era inserida na vida adulta.
Quadro 1 - Relação entre os séculos e seus respectivos anos. Fonte:
Elaborado pela autora, 2017.
VOCÊ QUER LER?
Deslize sobre a imagem para Zoom
O livro "História Social da Criança e da Família", de Philippe Ariès, trata sobre
a construção do sentimento de infância e a visibilidade social da criança
durante as idades Média e Moderna a partir do entendimento da família e da
sociedade. A obra está disponível no endereço:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5525040/mod_resource/content/2/
ARI%C3%88S.%20Hist%C3%B3ria%20social%20da%20crian%C3%A7a%
20e%20da%20fam%C3%ADlia_text.pdf
(https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5525040/mod_resource/content/2/ARI%C3%88S.%20Hist%C3%B3ria%20social%20da%20crian%C3%A7a%20e%20da%20fam%C3%ADlia_text.pdf)>.
 E como Ariès analisa a educação dessa época? O ensino, segundo o autor,
era ministrado às crianças de maneira informal e conjuntamente a outros
adultos, de forma que elas só aprendiam o que também era ensinado aos
mais velhos, fosse algo bom, fosse ruim, de seu entendimento ou não. Ou
seja, a diferenciação que é feita hoje sobre o que dizer e como agir perto de
uma criança era completamente ignorada na Idade Média. “A passagem da
criança pela família e pela sociedade era muito breve e muito insignificante
para que tivesse tempo ou razão de forçar a memória e tocar a sensibilidade”
(ARIÈS, 1981, p. 10).
A seguir, analise a figura que reproduz a pintura de Bruegel que retrata a
sociedade do século XVI:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5525040/mod_resource/content/2/ARI%C3%88S.%20Hist%C3%B3ria%20social%20da%20crian%C3%A7a%20e%20da%20fam%C3%ADlia_text.pdf
Como você pôde conferir na figura anterior, não é possível diferenciar quem
são as crianças e quem são os adultos, já que eles se misturavam em seus
afazeres diários e tinham uma rotina muito parecida, característica da falta de
percepção das particularidades da infância à época,
E o que esse autor apurou sobre o fator da idade dos indivíduos, por si? Este
seria um fator de significância tardia, pois datam do século XV (ARIÈS, 1981,
p. 2) as primeiras inscrições documentais mostrando a importância da data
de nascimento ou do ano de acontecimentos retratados. Essa pouca
relevância dada às datas e idades reflete a não condição social da criança
como criança, uma vez que ela nascia, era cuidada até conseguir se
movimentar e, em seguida, era dirigida à sociedade para aprender seus
costumes na imersão.
Em relação à aprendizagem, pode-se afirmar que, à época, acontecia
diariamente e na informalidade, a partir do outro mais velho e mais
experiente – e com este.
1.2.2 O caminho da infância na iconografia
Figura 3 - A Luta entre o Carnaval e a Quaresma, de Pieter Bruegel.
Fonte: jorisvo, Shutterstock, 2017.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Você já parou para refletir como tem sido feita a representação visual da
infância no meio cultural? De acordo com Ariès (1981), a iconografia só
tratou de “descobrir” a infância a partir do século XIII. Não se deve aqui
entender que a sociedade criou o sentimento de infância a partir dessa
época, mas sim que retratos começaram a ser pintados, dando lugar aos
pequenos sem as deformações ou características físicas adultas direcionadas
à figura do infante dos séculos anteriores.
A figura a seguir reproduz uma pintura datada de início do século XIII.
 
 Figura 4 - Madonna e
a Criança, de Berlinghiero. Fonte: Everett – Art, Shutterstock, 2017.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Como você observou pela análise da imagem anterior, só é possível saber
que o indivíduo no colo da mulher é uma criança por ocasião do nome da
pintura, pois suas feições do rosto não retratam nenhum traço infantil.
Aparentemente, há um adulto segurando um pequeno adulto no colo.
Mas a partir de quando isso começou a mudar? De acordo com Lima (2013),
somente no final do século XIII surgiram imagens de crianças que
demonstravam suas feições um pouco mais diferenciadas dos adultos, mais
ternas e infantis, em especial em pinturas religiosas de crianças ajudando em
missas, de anjos ou caracterizando o menino Jesus e a pequena Virgem
Maria.
No século XVI, surgiram outras representações de crianças desvinculadas do
cristianismo: o retrato e o putto (ARIÈS, 1981). O primeiro retratava crianças
mortas, primeiramente com crianças em outro plano e acompanhadas de
familiares ou professores; posteriormente, começaram a aparecer pinturas de
crianças sozinhas e com feições e características mais infantis. Esse tipo de
arte demonstrou que estava se superando a ideia de que a morte da criança
era insignificante e que a perda de um infante começava a ser sentida
socialmente. A família começava a mostrar-se sentimental com tal perda.
Já o  putto surgiu principalmente nos anos finais do século XVI (ARIÈS, 1981,
p. 49) e seria a figura da criança nua, impactando o tema anterior de criança
religiosa, e exibindo a nudez infantil como importante motivo decorativo.
A figura a seguir retrata um putto ostentado como decoração da fachada de
uma edificação.
Conforme você pôde observar na figura anterior, há uma criança nua com
traços finos e angelicais, demarcando a separação iconográfica da criança
anteriormente retratada – o pequeno adulto, ou uma imagem ligada ao
cristianismo –, agora mais angelical e artística.
Esse “eros artístico” da criança nua (ARIÈS, 1981, p. 28), continuou
destacado nas pinturas de artistas até os séculos XIX e XX.
A partir dessa historiografia imagética, você percebeu como a maneira de ver
e transparecer a criança vai mudando no decorrer dos séculos a partir da
família e dos ideais de sociedade e políticos da época?
VOCÊ SABIA?
De acordo com Rosa (2010), a palavra putto advém do latim
putus, podendo também ser traduzida do italiano puttus. Para
além de caracterizar uma forma de arte da Idade Moderna, na
Itália, a palavra tem relação direta com o cupido, deus grego
do amor, sendo suas imagens relacionadas. Para mais
Figura 5 - Estátua de uma criança na Santa Casa de Loreta, em Praga.
Fonte: jorisvo, Shutterstock, 2017.
Deslize sobre a imagem para Zoom
informações, consulte o livro "A Sombra de Orfeu: o
neoplatonismo renascentista e o nascimento da ópera", de
Ronel Alberti da Rosa (2010).
Fazendo uma breve compilação do que estudamos neste subtópico, em um
primeiro entendimento, as crianças eram pequenos adultos e inseridos na
sociedade para aprenderem a partir da experiência. E a influência da Igreja,
ainda forte, refletia em imagens adultizadas de crianças nas pinturas.
Posteriormente, em um entendimento mais angelical do ser criança, suas
características foram ficando mais ternas nas pinturas, e sua figura
representada por anjos e pelo menino Jesus.
O retrato de crianças mortas do século XVI (ARIÈS, 1981, p. 58) aparece já
demonstrando uma maior preocupação com os pequenos e com o
sentimento em relação à sua perda, à medida que vai se extinguindo a
indiferença sobre a vida da criança. E como já vimos, o putto aparece como
forma de uma volta à era grega, com uma representação do nu infantil, já
com feições mais singulares e próprias de criança, sendo ela mesma o objeto
decorativo.
Destarte, pode-se afirmar que o sentimento de infância se inicia mais
fortemente em fins do século XVII, com sua trajetória reconhecida a partir da
iconografia dos séculos XV e XVI (BARBOSA, 2010), ou seja, do caminhar de
uma criança centrada no adulto até ser ela o centro das pinturas. É a
iconografia caracterizando a sociedade e a política no decorrer dos séculos.
No próximo tópico, antes de explorarmos a trajetória da infância no Brasil,
trataremos do denominado “sentimento de infância”, que foi responsável por
desencadear uma visibilidade da infância no mundo, abrindo as portas para a
concepção desse conceito que temos atualmente.
1.3   O sentimento de infância
A partir do que estudamos nos tópicos anteriores, você pôde perceber que o
sentimento de que a criança é um ser diferente do adulto, com
particularidades e necessidades próprias, é relativamente novo.
Muitos caminhos foram trilhados, e muitas mudanças sociais e políticas
ocorreram até que a sociedade e as famílias enxergassem a criança fora de
suas limitações físicas e seus padrões biológicos, como um cidadão com
direitos e deveres diferentes dos adultos.
Logo após o nascimento, os bebês eram tratados como bibelôs e protegidos
do mundo a partir do entendimento de sua imaturidade, fragilidade e
necessidade de cuidados. Porém, mal começavam a andar, essa fragilidade
não mais existia, e se considerava que essa criança estava apta a vivenciar o
mundo; era rompida abruptamente a paparicação, para dar lugar ao
momento adulto.
Essa convivência acarretava aos pequenos vivências além de suas
compreensões,em um entendimento de que, como seres vazios, deveriam
aprender no dia a dia como crescer e lidar com as situações. Casavam-se
cedo, com cerca de 12 ou 13 anos de idade, e ficavam à sua própria sorte.
As famílias, por sua vez, se abstinham de seus filhos ainda muito pequenos,
delegando-os a pajens ou a outras pessoas, até que chegasse a hora de eles
mesmos terem suas próprias famílias e, então, perpetuarem essas atitudes.
Com o tempo e as mudanças em relação à política, à Igreja e ao
entendimento de si como indivíduo, essas relações com a infância também
foram se modificando, dando abertura ao sentimento de infância, ou seja, a
um entendimento das particularidades infantis e suas diferenças em relação
aos adultos.
1.3.1 Os dois sentimentos da infância
Parafraseio Ariès (1981) no título deste subtópico, pois são dois os
sentimentos em relação à infância que distinguimos no transcorrer histórico:
aquele direcionado à criança muito pequena e, posteriormente, o que vai dar
lugar ao que conhecemos hoje, o sentimento de uma infância dentro do
entendimento da criança como ser particular.
VOCÊ O CONHECE?
Colin Heywood (2004) foi um crítico severo à literatura de Ariès, referente a
uma demarcação de um sentimento de infância histórico. Por sua vez, tratou
de defender a busca de diferentes concepções sobre a infância no decorrer
historiográfico, em seu livro Uma História da Infância: da idade média à época
contemporânea no ocidente, cuja resenha (KUHLMANN JR., 2005) está
disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v35n125/a1435125.pdf
(http://www.scielo.br/pdf/cp/v35n125/a1435125.pdf)>.
 
Para iniciar as explicações, você precisa ter em mente que “[o] sentimento de
infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à
consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue
essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem” (ARIÈS, 1981, p. 99). Faz-
se importante essa diferenciação se atentarmos para o fato de que, mesmo
na Idade Média, existia uma afeição pela criança recém-nascida, que era
tratada com mimos, no que Ariès chamou de “paparicação”. Contudo, essa
época é igualmente marcada pelo entendimento da criança como um vir a
ser, sem voz ativa e sem distinção quando inserida no mundo adulto; se ela
sobrevivesse à fragilidade da pequenice, se confundiria com os adultos.
São vários os relatos dos sentimentos para com a infância durante essa
pequenice, caracterizada pelo período em que as crianças ainda eram
consideradas “fofas” e divertiam os adultos. Esse sentimento era
compartilhado, especialmente, entre as amas e as mães, as principais
responsáveis por cuidar dessas crianças tão pequenas.
De acordo com Ariès (1981), essa paparicação foi relacionada ao tratamento
direcionado a macacos por Montaigne, que não entendia como as pessoas
poderiam tratar as crianças como passatempo. Porém, sua intenção não era
diferenciar as crianças dos animais, dando-lhes uma personalidade e
particularidade únicas, mas Montaigne considerava que “[...] as pessoas se
ocupavam demais das crianças” e não valia a pena perder tanto tempo com
elas (ARIÈS, 1981, p. 101).
Dessa forma, pode-se afirmar que o sentimento de paparicação em relação
às crianças pequenas não era comum a toda a sociedade, e um sentimento
contrário, o de exasperação, ajudou no processo de separação das crianças
http://www.scielo.br/pdf/cp/v35n125/a1435125.pdf
dos adultos em determinados momentos, como à mesa. Nesses casos, a
separação se dava, muitas vezes, exatamente para evitar esse tipo de trato
exagerado com as crianças. Cabe mencionar que a paparicação acontecia
tanto entre famílias burguesas quanto entre as do povo.
O outro sentimento de infância que se forma durante o século XVII (ARIÈS,
1981, p. 125) – e se estende até os dias de hoje – é o “entendimento da
particularidade das crianças” não mais na forma de distração ou brincadeira,
mas com a conotação de uma preocupação moral e um interesse psicológico.
É nesse momento que surgem textos sobre a psicologia infantil, por exemplo
o Ratio Studiorum dos jesuítas (FRANCA, 1952), na tentativa de entender
como o cérebro da criança funciona, procurando dar a ela uma educação de
acordo com seu entendimento e sua compreensão. No próximo subtópico,
você entenderá melhor as mudanças ao longo dos tempos e como elas
influenciam a visão sobre a infância.
1.3.2 Grandes mudanças sociais sugerem mudanças para a
infância
Como você pôde notar a partir do que estudou até aqui, os séculos XVI e XVII
são marcados por mudanças sociais, políticas e culturais profundas. A
tendência, nesse momento, era a de formar indivíduos racionais e cristãos,
com o olhar para o infante como tábula rasa, planta que deveria ser regada
para render bons frutos, crianças honradas. Deve-se cultivar a docilidade das
crianças, entendendo-as com seres frágeis, dependentes e inocentes.
O tratamento e entendimento das crianças pela sociedade sempre esteve
diretamente ligado às mudanças estruturais da própria sociedade no decorrer
dos tempos; sendo assim, tais alterações serão vistas de forma concomitante.
[...] como tendência dominante, a ruptura, a mudança, a transição do modo de
produção feudal ao incipiente capitalismo, com todas as transformações que
isto implica na mentalidade, nas crenças, nos valores, nas formas de vida das
pessoas e das sociedades. Pode-se dizer, de forma esquemática, que se opera
uma alteração na ordem socioeconômica, política, religiosa e cultural
(GASPARIN, 1994, p. 32).
Dessa forma, com essas mudanças, tanto sociais quanto no que se referem à
educação, as crianças deveriam ser resguardadas e ensinadas a como se
portarem socialmente, o que deveriam falar, o que deveriam vestir; não havia
mais o sentimento de adulto em miniatura, mas sim uma particularidade
civilizatória, a educação para a civilização. Aqui, pode-se fazer uma
comparação com a figura do “bom selvagem” de Rousseau (1978), baseada
no mito do bom selvagem, com o ideário de que o homem nasce bom. Sendo
assim, a criança seria a figura inocente, e caberia à sociedade e à família
edificá-la ou corrompê-la. 
A reprodução da pintura a seguir retrata essa infância vigiada.
 
Figura 6 - Retrato de uma Família, de Adriaan de Lelie. Fonte: Everett –
Art, Shutterstock, 2017.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Observando a imagem apresentada, em contraposição às pinturas analisadas
anteriormente, nota-se que os infantes eram retratados de forma a se
diferenciarem dos adultos – com feições mais finas e delicadas – e junto às
suas famílias, que tinham a função de cuidar de suas crianças e moralizá-las.
Neste momento, passou a haver a preocupação com a moralidade, a
disciplina e os costumes. Desse modo, as crianças não mais poderiam
adentrar as rodas dos adultos e ficar imersas em seus mundos corruptíveis,
era necessário salvá-las. Para tanto, a educação e a família eram as
instituições que deveriam se responsabilizar pelas crianças e perpetuar nelas
os códigos morais devidos.
Foi exatamente nessa época que aumentou o número de asilos, colégios,
cadeias, hospícios, todas instituições com a intencionalidade primeira de
cercear os corpos (FOUCAULT, 1987).
O interesse pelo corpo, no século XVII, vinha por meio de objetivos morais,
“[...] um corpo mal enrijecido inclinava à moleza, à preguiça, à concupiscência,
a todos os vícios” (ARIÈS, 1981, p. 105). Aos corpos enfermos eram
ministrados cuidados para que não parecessem mais tão enfermos, dando-
lhes boa aparência; aos velhos e loucos, quando cuidados médicos e
familiares já não adiantavam para a inevitável rigidez e falta de manipulação
de seus corpos, cabia os asilos e hospícios; aos marginais, que ousavam
desobedecer a leis tão severas como as vigentes à época, restavam as
prisões, onde não mais eles poderiam ferir a nobre e honrada sociedade.
Assim, seguindo a mesma dinâmica, crianças e adolescentes, para
aprenderem as regras sociais e a se portarem perante outros, deveriam
frequentar as escolas, locais montados exatamente para o cerceamento dos
corpos, osquais, rígidos em carteiras e podendo falar e se movimentar
apenas mediante ordens, aprendiam a ser igualmente honrados, racionais e
bondosos, tais quais os adultos de sua sociedade.
VOCÊ QUER VER?
No dia 6 de outubro de 2015, a organização do Museu de Arte de São Paulo
(MASP) realizou um seminário dentro do próprio museu para tratar sobre a
história da infância no transcorrer dos séculos sobre as mais diversas formas
– social, política, cultural e iconográfica. No evento, autoridades em educação
como Mary Del Priore, Maria Filomena Gregori e Ana Lucia Lopes
apresentaram suas pesquisas e perspectivas sobre o tema. Você pode ver o
vídeo, intitulado Seminário História da Infância, disponível no endereço:
<https://www.youtube.com/watch?v=mAIDHP5hufY
(https://www.youtube.com/watch?v=mAIDHP5hufY)>. 
Seja de forma aceitável ou não, perante o olhar da sociedade atualmente, as
crianças ganharam notoriedade e um olhar de diferenciação social a partir do
século XVII, já na Idade Moderna (SILVA, A., 2007, p. 35), e esse foi o
primeiro passo para essa notoriedade evoluir para a forma que tem nos dias
de hoje. O fato de a criança ter assumido um lugar central dentro da família e
da sociedade séculos atrás foi crucial para que ela ganhasse, na atualidade, o
status de ser social, cultural e histórico.
Por fim, passaremos ao estudo da trajetória da infância no âmbito da
sociedade brasileira, procurando analisar suas particularidades.
1.4 Concepções de infância, educação,
cultura, conhecimento, diversidade,
cidadania e identidade: a infância no
Brasil
Nesse tópico você compreenderá de que forma a sociedade brasileira lidou
com as concepções de infância e alguns conceitos correlatos ao longo dos
tempos, a partir de mudanças externas, internacionais; e internas, de caráter
nacional.
O Brasil é marcado por uma história particular da infância em seus primeiros
tempos. Com o início de sua colonização no ano de 1500, (PEDRO, 2008, p.
66), em meados do século XVI já existia na Europa uma maior preocupação
https://www.youtube.com/watch?v=mAIDHP5hufY
com a criança e já se caminhava para o sentimento de infância, que será a
raiz do que conhecemos hoje como um entendimento de sua particularidade.
Porém, no Brasil, houve uma colonização de cunho religioso, com os jesuítas,
que trouxe modelos infantis baseados na cultura europeia, na intenção de
educar e catequizar as crianças indígenas, as quais em nada se pareciam
com o ideário europeu.
A partir da imagem anterior, é possível vislumbrar a magnitude de uma
construção religiosa à época jesuítica no Brasil, que demonstra a existência
de um projeto religioso para o país, baseado na importância da catequização
dos indígenas e das crianças para a Igreja e a sociedade.
Conjuntamente a isso, havia as crianças órfãs, abandonadas e migrantes,
com alto índice de mortalidade, com as quais os jesuítas não conseguiam
lidar. Essas crianças eram abandonadas à própria sorte nas ruas e, para
diminuir essas mortes e as situações de abandono, foram instaladas rodas
dos expostos, locais onde as pessoas deixariam suas crianças sem terem
suas identidades reveladas e, ao mesmo tempo, garantindo que os recém-
nascidos não ficassem nas ruas para morrerem de fome ou devorados por
animais.
Figura 7 - Ruínas de uma igreja dos jesuítas em São Miguel das Missões,
Rio Grande do Sul. Fonte: Jordan Adkins, Shutterstock, 2017.
Deslize sobre a imagem para Zoom
VOCÊ SABIA?
A roda dos expostos consistia em um cilindro de madeira,
giratório, instalado nas portas dos conventos e das casas de
misericórdia. O sistema garantia o anonimato de quem
abandonasse a criança: o bebê era posto na roda e, ao acionar
a campanhia, a pessoa do outro lado girava a roda e o acolhia.
No Brasil, a primeira roda dos expostos foi instalada na Santa
Casa de Misericórdia de Salvador (BA), em 1726 (MARCILIO,
1997). Para saber mais, acesse o endereço:
<http://almanaque.weebly.com/roda-dos-expostos.html
(http://almanaque.weebly.com/roda-dos-expostos.html)>.
Porém, tão logo findou-se esse processo da roda, novamente as crianças
começaram a viver marginalizadas, o que levou a uma cobrança do Estado,
através da sociedade, por maneiras de lidar com essas crianças.
Surgiram, assim, as Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor (FEBEM),
Juizados de Menores e outros estabelecimentos, na tentativa de garantir à
criança limpeza, saúde e educação, além de (re)integração social.
A partir de 1988, com a Constituição, essas crianças começam a ter
resguardada uma gama maior de direitos e, em 1990, o Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) surge para fazer valer legalmente esses direitos
(BASTOS, 2012). Destarte, apenas no século XX as crianças começam a ser
entendidas e respeitadas em suas particularidades no país.
Pode-se afirmar, então, que também no Brasil o tratamento à criança esteve
diretamente relacionado às mudanças sociais e estruturais da sociedade,
desde seu processo de colonização até os dias de hoje, conforme você verá
na sequência.
1.4.1 Os jesuítas, a roda dos expostos e a assistência à infância
Neste subtópico você aprenderá um pouco mais da história do Brasil,
passando pela intervenção dos jesuítas, pela criação da roda dos expostos e
pelos mecanismos de assistência à infância.
http://almanaque.weebly.com/roda-dos-expostos.html
O plano dos jesuítas, no que se refere à educação da criança, era civilizatório,
conhecido como modelo pedagógico de colonização jesuítica, divulgando a fé
cristã e “moldando” os jovens. Seu trabalho era feito especialmente com os
filhos dos indígenas, mas também era destinado à criança desvalida.
Deve-se ter em conta que também havia as crianças filhas dos escravizados,
que, por sua vez, não tinham direito à educação ou a cuidados especiais,
sofriam com a mortalidade, os abusos e maus-tratos sem serem tidas como
pessoas ou seres sociais. Porém, como estas não eram abandonadas, pois
eram consideradas “propriedade”, o poder público não se via obrigado a
preocupar-se com elas e assegurar-lhes os direitos.
As crianças pobres que não eram educadas pelos jesuítas, nem cuidadas ou
postas para trabalhar por suas famílias, eram abandonadas nas ruas e
igrejas, ficando à própria sorte. Nessa época surgem as Casas de
Misericórdia, e um mecanismo medieval – conforme mencionado
anteriormente – conhecido como roda dos expostos, no qual as pessoas
poderiam abandonar seus filhos e suas filhas anonimamente.
De acordo com Veiga (2007) o objetivo da irmandade não era educar as
crianças, mas acolhê-las e encaminhar as que tinham de zero a 3 anos de
idade para amas de leite pagas que amamentavam em domicílio ou no próprio
hospital. Se ninguém se responsabilizasse por elas, estas retornavam para a
casa de assistência e lá permaneciam até os 7 anos de idade, quando eram
entregues às câmaras municipais e ficavam expostas, em especial ao trabalho
escravo ( POLETTO, 2012, p. 3).
Porém, essas rodas foram amplamente criticadas por higienistas, e acabaram por
deixar de existir. Posteriormente a isso, essas crianças, que antes eram deixadas
nas rodas, continuaram sendo abandonadas, dessa vez novamente nas ruas, e
acabaram por se tornar marginalizadas e visadas por vadiagem.
Então, a sociedade começa a cobrar do Estado uma solução para esse problema;
também os higienistas começam a cobrar que essas crianças deveriam ter acesso a
cuidados como higiene, limpeza, saúde e educação.
A partir dessas cobranças, o Estado se vê impelido a agir. Assim, em fins do século
XIX, no Brasil Império, surgem “[...] os primeiros asilos, mantidos pelo governo
imperial, com o objetivo de ministrar o ensino elementar e profissionalizante a
esse público, mascarando, dessa forma, o intuito real de segregação dos menores,
retirando-lhes do convívio social.” (POLETTO, 2012, p. 4).
No que se refere à história do Brasil, três são os períodos que marcam a
periodização tradicional e dividem a história do país, segundo Fausto (1996):
Brasil Colônia – reconhecido entre o início de colonização (1500) até a sua
independência, em 1822;Brasil Império – inicia-se em 1822, quando da Independência até a
proclamação da República, em 1889;
Brasil República – desde 1889 até os dias de hoje.
A partir da segunda metade do século XIX, se estabelece a “obrigatoriedade de
ensino para crianças acima de 7 anos de idade” (SHUELER, 1999, p. 5). Então, essas
crianças abandonadas não poderiam mais trabalhar, mas os municípios deveriam
se responsabilizar por sua educação ou por encaminhá-las para as chamadas
casas de família, para que pudessem se estabelecer e ter chances de sucesso
social, pelo que conhecemos hoje como adoção.
Note que essas medidas de educação e cuidado eram direcionadas às famílias
pobres, já que as crianças de famílias mais abastadas tinham acesso, desde fins do
século XIX, aos jardins de infância, nos modelos dos jardins alemães de Friedrich
Froebel (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2007), nos quais as crianças já eram entendidas
como seres sociais e recebiam uma educação voltada à descoberta e expansão de
habilidades. “O primeiro Jardim de Infância Brasileiro data de 1875” (MENDES,
2015, p. 99), no Colégio Menezes Vieira, no Rio de Janeiro.
Fique atento, o próximo subtópico abordará os desdobramentos dessa história no
século XX. 
1.4.2 Defesa da infância e amparo legal
Somente no século XX se iniciou uma preocupação com as particularidades
das crianças, e a infância começou a ser discutida (ANDRADE, 2010). Cabe
mencionar que, em um primeiro momento, por parte do Estado, gerou-se
mais uma inquietude sobre o que fazer com as crianças abandonadas e
marginalizadas do que necessariamente uma preocupação com seu bem-
estar e segurança. De qualquer forma, esse primeiro passo, dado graças a
uma cobrança da sociedade, fomentou e impulsionou discussões e atitudes
sobre a infância no país.
O texto “Diferentes Concepções da Infância e Adolescência: a importância da
historicidade para sua construção”, de Ana Maria Frota (2007), trata sobre
diversas concepções de criança e adolescência ao logo do transcorrer
histórico, evidenciando o contexto social, político e cultural no qual foram
sendo construídas essas concepções. Você pode ler em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
42812007000100013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
(http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
42812007000100013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt)>.
Em 1922, houve o primeiro Congresso Brasileiro de proteção à infância, e
institucionalizaram-se os asilos como casas correcionais. Em 1924, o
Conselho de Assistência e Proteção dos Menores foi regulamentado, e em
1941, criou-se o Serviço de Assistência a Menores, ambas com caráter
corretivo, de forma a institucionalizar as crianças de rua ou menores
abandonados. Nessa época, o termo “menor” já era amplamente usado para
caracterizar a criança pobre.
Durante o período de Ditadura Militar no Brasil, os menores marginalizados
eram tratados de forma punitiva, e as instituições que os recebiam – como a
Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), criada nesse
período – tinham toda a intenção de corrigir e cercear as crianças, espelho de
um governo autoritário e repressivo com todas as parcelas da população.
Havia leis que garantiam às crianças educação, instrução e bem-estar, mas
essas instituições raramente ofereciam quaisquer desses itens a essas
crianças. Somente após o término da ditadura e várias manifestações da
população em defesa de seus direitos e de educação de qualidade para suas
VOCÊ QUER LER?
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812007000100013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
crianças, a Constituição Federal (1988) foi promulgada e, pela primeira vez,
garantiu-se a educação como um direito social que deve ser assegurado a
todos os indivíduos, sendo dever do Estado e da família. À criança pequena é
garantida a educação infantil em creches e pré-escolas.
Moysés Kuhlmann Jr. é docente da Unisantos e pesquisador sênior da
Fundação Carlos Chagas. Coordena a página “História da Educação e da
Infância”, que disponibiliza fontes documentais digitalizadas, no portal da
Fundação Carlos Chagas. Editor-chefe do periódico Cadernos de Pesquisa e
notório pesquisador sobre a história da infância no Brasil, seus textos são
referência obrigatória para os estudiosos da criança e da infância.
Informações retiradas no currículo Lattes do professor Moysés, disponível
em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?
id=K4797830T4 (http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?
id=K4797830T4)>.
Em 1990, mais um passo foi dado em direção à garantia de direitos das
crianças e adolescentes, a promulgação do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA):
Nesse estatuto consta a preocupação e obrigatoriedade legal de garantir às
crianças e aos adolescentes bem-estar e direitos ligados a todos os aspectos
de sua vida e suas vivências, permitindo a eles serem e estarem crianças e
jovens de forma digna, além de serem tratados como indivíduos participantes
da vida em sociedade e cidadãos com direitos e deveres.
Em 1996 foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), Lei n 9.394 (BRASIL, 1996), que delegou obrigatoriamente, ao
estado, a educação de crianças em idade escolar e de jovens, e, ao município,
a educação das crianças pequenas, salvo algumas exceções. 
VOCÊ O CONHECE?
o
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4797830T4
VOCÊ SABIA?
Apenas após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), promulgada em 1996, se tornou obrigatório
nas escolas haver profissionais habilitados para o trabalho
com crianças pequenas. Ou seja, apesar de já existirem
discussões sobre a importância da educação para crianças
pequenas desde o início do século XX, e inúmeras concepções
de educação sendo mais amplamente disseminadas desde
fins da década de 1960, apenas em fins do século a legalidade
alcançou as discussões e a literatura.
Além disso, há uma preocupação com o direcionamento de verbas para
garantir o mantimento de uma educação de qualidade que abranja toda a
população, seja através da União, seja dos estados, seja dos municípios.
A LDB, na mesma direção do ECA, situa a criança como “[...] um sujeito ativo,
em pleno desenvolvimento social e histórico que, como tal, marca e é
marcado por uma determinada cultura” (PIERRI, 2009, p. 1). Sendo assim,
amplia-se uma concepção de criança e infância condizentes com o que se
acredita até hoje, e uma educação voltada à escuta dos quereres e saberes
dessas crianças, com o intuito de dar voz aos pequenos e, a partir daí,
ampliar seu repertório de aprendizagens dentro de uma perspectiva de
respeito à cultura em que esses menores estão inseridos.
Para entender melhor, veja o exemplo descrito no caso a seguir.
CASO
Imagine-se como professor/professora em uma sala de
crianças com idade de 4 anos, em uma escola pública
de educação infantil. Você leva seus alunos para o
parque. Lá, os deixa livres para brincar, explorar e se
relacionar com os colegas à vontade; seu papel é o de
observador/observadora e mediador/mediadora das
ações, quando necessário. Em determinado momento,
você vê um grupo de crianças brincando de casinha e as
escuta estabelecendo papéis de quem é o pai, quem é a
mãe e quem são os filhos. Com isso, percebe que há
meninos querendo ser mãe, meninas querendo ser pai e
cada um lidando com os papéis – seus e dos demais –
de acordo com o que dita a sociedade e à sua maneira:
a menina, que é o pai, vai trabalhar, o menino, que é a
mãe, fica em casa cuidando dos filhos.
O papel do professor, nesses momentos, é lidar com a
situação de forma a respeitar a diversidade e os
diferentes papéis exercidos na sociedade e, a partir do
aprendido neste capítulo, respeitar a criança como ser
social e histórico que age sobre sua cultura e a
influencia tanto quanto é influenciada por ela. Dessa
forma, deve-se chamar as crianças – posteriormente, e
não durante a brincadeira – para tratar sobre o assunto
da sexualidade e da família com base no que as
crianças sabem e, a partirdaí, ampliar conhecimentos,
sem estabelecer verdades e sem preconceitos ou uso de
religiosidade ao abordar o tema.
Como você pôde perceber, a trajetória do entendimento e respeito à infância
no Brasil foi – e tem sido – longa, com início coincidente com o período de
sua colonização pelos europeus, a partir do século XVI. Até fins do século XX,
muitos processos ocorreram nesses mais de 400 anos para se alcançar um
resguardo legal pelo Estado do respeito à infância e à criança no país.
Entretanto, você deve levar em consideração que essa exigência não chega
por todos os confins deste imenso país, e nem alcança todas as crianças; é
notória, ainda, a quantidade de crianças analfabetas, fora da escola,
trabalhando ou em situação de risco. Porém, isso já é uma outra história, que
diz respeito à implementação efetiva desses direitos, uma continuidade que
faz parte dos desafios de uma educação para todos.
Síntese
Concluímos o estudo relativo à história da infância. Agora você já sabe como
se deu a construção do sentimento de infância, e a trajetória entre o
entendimento desse momento da vida como particular do indivíduo até o
respeito e a obrigatoriedade legal de assegurar às crianças o direito à
infância e de ser criança.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
entender o sentimento de infância como uma construção social;
aprender que a ideia de que criança é um ser diferente do adulto com
particularidades e necessidades outras é relativamente nova;
compreender que o entendimento do que é ser criança está diretamente
ligado às mudanças sociais, políticas e culturais da sociedade;
conhecer algumas leis e instituições que regeram e regem a educação e o
bem-estar de crianças e jovens no Brasil;
identificar que o Brasil teve sua própria trajetória em relação à infância e que
essa história ainda está sendo contada.
Referências bibliográficas
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