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1 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética CONCEITOS ➢ DEONTOLOGIA: Conjunto de de- veres profissionais do médico estabe- lecidos em um código específico. ➢ DICEOLOGIA ✓ Teoria que fundamenta os direitos profissionais; estudo dos deveres do médico que estão regulamentados num tratado ou código. ➢ Deontologia: é a teoria dos deveres X Diceologia: é a teoria dos direitos. ✓ Para cada direito existe um dever cor- respondente. ➢ História dos Códigos de Ética Mé- dica ✓ Definição de Código de Ética Conjunto de diretrizes que orientam quanto às posturas e atitudes ideais de um indivíduo, moralmente aceitas pela socie- dade, enquadrando os participantes a uma conduta politicamente correta e em linha com a boa imagem que a entidade ou a pro- fissão desejam. ✓ CÓDIGO DE HAMURABI (1800 A.C.) Conjunto de leis (282) criado para controlar e organizar a sociedade Babilô- nica-Mesopotâmica. Foi a primeira estru- tura que estabeleceu os limites dos direitos e deveres dos médicos, além de determinar pagamentos pelos bons serviços e severas punições pela má prática. ▪ Associava a Medicina a bons resulta- dos. ▪ Legislava de modo explícito somente as cirurgias. ▪ A punição era proporcional a impor- tância social do paciente. ▪ Ayurveda – Manuscrito Indiano (800 a.C.) ▪ Charaka Samhita – conside- rado o texto mais importante do Ayurveda e também um dos mais an- tigos. Dividido em 120 capítulos re- ferentes aos princípios fundamentais da Medicina. Destaca a relação mé- dico-paciente, priorizando o paciente como figura central de toda a aborda- gem. ▪ “...dia e noite com todo o teu coração e tua alma, te empenharás para aliviar o sofrimento dos paci- entes...” ▪ Charaka Samhita ▪ Juramento de Hipócrates (400 a.C.) ▪ Hipócrates – Pai da Medicina: o “Gê- nio de Cós” (400 a.C.) ▪ Para Hipócrates a doença nada mais era que simplesmente um pro- cesso natural, recebendo, inclusive, influência dos fatores externos , como clima, ambiente, dieta e gênero de vida. ▪ “O organismo tem seu próprio meio de recuperar-se; a saúde é o re- sultado da harmonia e simpatia mú- tua entre todos os humores; um ho- mem saudável é aquele que possuí um estão mental e físico em perfeito equilíbrio.” ▪ Conceito terapêutico: distinção entre sintomas e doenças. Para Hipócrates sintomas “são manifestações Deontologia e Diceologia 2 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética exteriores de algo que está ocorrendo no organismo”. ▪ Elaborou e cumpriu um rigoroso có- digo de ética, cujos preceitos estão contidos no Juramento, onde sua doutrina logrou maior relevo e maior transcendência, tornando-se a viga mestra de todo o conteúdo dogmático que conduz a Medicina até os diás- tole atuais. ▪ JURAMENTO DE HIPÓCRATES ▪ "Prometo que, ao exercer a arte de curar, me mostrarei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segre- dos que me forem revelados, o que te- rei como preceito de honra. Nunca me servirei da profissão para cor- romper os costumes ou favorecer o crime. ▪ Se eu cumprir esse juramento com fidelidade, goze eu a minha vida e minha arte boa reputação entre os homens e para sempre. Se dele me afastar ou infringi-lo, suceda-me o contrário." ▪ Corpus Hipocraticum: conjunto de ideias que representa o chamado Pen- samento Hipocrático, que até hoje in- fluencia os códigos mais recentes. ▪ Princípios Éticos Hipocráticos ▪ Respeito as leis naturais e ao ser hu- mano; ▪ Benefício do paciente; ▪ Não maleficência – Primo non no- cere = “Antes de tudo, não cause dano, não prejudique o paciente”. ▪ THOMAS PERCIVAL – tradição e inovação (1740-1804) ▪ Autor do Medical Ethics (1803), constituindo-se o primeiro código de ética médica moderno - tanto por sua forma codificada como por seu conteúdo - na enunciação de deveres que assistem aos médicos. Não obstante, a obra situa-se num momento de transição da hegemonia da normativa hipocrática para a iden- tificação das novas exigências de uma medicina profissionalizada. Logo, reflete elementos tanto de na- tureza tradicional como inovadora, que se articulam com sucesso em prol de uma concepção de medicina que, sem perder as conquistas do passado, não se furta aos desafios do presente. ▪ Em 1847 a American Medical Asso- ciation adaptou e adotou o texto de Percival como seu Código de Ética, que mesmo sendo revisado várias ve- zes e tenha sido modificado seu for- mato, as regras de conduta e o ethos do médico continuam sendo as postu- ladas. ▪ Tornou-se o 1º Código de Ética ado- tado por uma associação nacional. ▪ Em 1867 o Dr. Virgílio Clímaco Da- másio publicou na Gazeta Médica da Bahia uma tradução do Código da Associação Médica Americana que é considerado a introdução de um có- digo de ética aqui no Brasil. ▪ Em 1929 o Sindicato Médico Brasi- leiro instituiu o Código de Moral Mé- dica – tradução livre e quase literal do código aprovado no VI Congresso Médico Latino Americano – Havana (1926). ▪ Em 1944 o IV Congresso Médico Sindicalista estabelece o primeiro Código de Ética Médica, oficializado 3 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética pelo Decreto-Lei 7955, criando os Conselhos Regionais e Federal, colo- cando em vigor tal código, tornando- o o primeiro código de ética brasi- leiro. ▪ 1953 – Estabelece-se o Conselho Fe- deral de Medicina o qual elabora seu primeiro Código de Ética Médica ba- seado no Juramento de Hipócrates, na Declaração de Genebra e no Código de Ética Médica Internacional da Or- ganização Mundial de Saúde. ▪ 1965 – Congresso dos Conselhos Re- gionais de Medicina: é estabelecido publicado o Código de Deontologia Médica que foi posteriormente apro- vado pelo CFM. ▪ 1984 – A Associação Médica Brasi- leira publica o seu Código de Ética Médica. ▪ 1988 – 1ª Conferência Nacional de Ética Médica onde é publicado uma atualização do Código de Ética, ins- pirada na redemocratização do país, ✓ CÓDIGO EM VIGOR – 2018: Ba- seado nos Princípios Tradicionais - Juramento de Hipócrates: ▪ Não maleficência ▪ Beneficência ▪ Autonomia ▪ Justiça ▪ Atendimento médico baseado na: • Honestidade; • Dedicação • Obrigação de preservar vidas; • Obrigação de não prejudicar os doen- tes; • Respeito aos interesses, privacidade e confidencialidade. CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA – BRASIL • Resolução CFM nº 2.217, de 27 de setembro de 2018, modificada pelas resoluções CFM nº 2.222/2018 e 2.226/2019 • Incorporou abordagens do mundo contemporâneo e temas como inova- ções tecnológicas, comunicação em massa e relações em sociedade. • Redigida sobre o prisma de zelo dos princípios deontológicos da Medi- cina. • Absoluto respeito ao ser humano. • Destaca-se no novo código as normas que definem a responsabilidade do médico assistente, ou seu substituto, ao elaborar e entregar o sumário de alta. • Em relação aos direitos, o novo có- digo, prevê a isonomia de tratamento aos profissionais com deficiência e reforça a necessidade de criação de comissões de ética nos locais de tra- balho. Capítulo I - Princípios Fundamentais • Preconiza a autonomia, a beneficên- cia, a não-maleficência e a justiça; além da ética do cuidar. • Equidade - Princípio indispensável para o exercício da medicina. Isso quer dizer que os atendimentos de- vem beneficiar todos os pacientes da mesma forma, sem que haja nenhuma distinção de cor, credo ou quaisquer outras condições que os diferenciem das demais pessoas. Assim sendo, ne- nhum ato discriminatório pode ser le- vado em consideração, bem como ne- nhum tipo de interesse, seja ele de ca- ráter religioso, político ou que venha 4 Luiza Lyrio eAgatha Carvalho MED-103C Bioética a interferir nas escolhas de trata- mento e conduta dos pacientes. Caso contrário, ocorrerá uma quebra da conduta ética por parte do médico. • Beneficência – são princípios básicos a garantia da identidade, da integri- dade e da dignidade dos pacientes; tudo aquilo que o profissional venha a fazer tenha que ser, necessaria- mente, em benefício da pessoa que está sendo atendida, preservando as condições dignas de trabalho e remu- neração adequada, buscando sempre os melhores resultados possíveis; o eterno compromisso do médico é com o ser humano e com a sociedade, devendo usar seus conhecimentos para buscar alternativas favoráveis para qualquer indivíduo. • Não-maleficência - todas as atitudes do profissional devem ter o cuidado de não causar nenhum tipo de dano. • Atenção ao Inciso XI - O médico guardará sigilo a respeito das infor- mações de que detenha conheci- mento no desempenho de suas fun- ções, com exceção dos casos previs- tos em lei. • É de conhecimento geral que os mé- dicos possuem a obrigação ética de manter sigilo sobre os seus pacientes. Mesmo em caso de morte ou em uma situação de ordem judicial, não cabe ao profissional — e nem ele pode ser obrigado — revelar qualquer infor- mação que possa causar problemas ou danos à imagem de quem foi aten- dido por ele. • Ressalvas: em casos específicos, com prévia autorização do paciente ou em alguma situação de prejuízo à saúde de menores de idade. Além disso, é vetada a quebra de sigilo e deve haver o respaldo do CRM tanto para ações judiciais ou extrajudiciais. • Ocorreu acréscimo do inciso XXVI - A medicina será exercida com a uti- lização dos meios técnicos e científi- cos disponíveis que visem aos melho- res resultados. • É dever do médico aprimorar conti- nuamente os seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente e da socie- dade. • Tal inciso sinaliza a preocupação com os resultados dos meios científi- cos disponíveis, devendo na prático a busca pelos melhores resultados. Capítulo II - Direito dos Médicos • Direito = Diceologia • O novo Código possui duas inova- ções significativas, encerradas nos incisos III e IV, no que tange ao tra- balho e exercício da medicina em condições que não sejam dignas do exercício da profissão, ou que pos- sam prejudicar o paciente, o médico ou a terceiros; e no inciso XI que es- tabelece como direito do médico com deficiência ou com doença, nos limi- tes de suas capacidades e da segu- rança dos pacientes, exercer a pro- fissão sem ser discriminado, indo ao encontro da Convenção sobre os Di- reitos das Pessoas com Deficiência (ONU 2008) e sua incorporação pelo Estatudo da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015). Capítulo III - Responsabilidade Profissi- onal • A responsabilidade profissional ética é consequência inseparável, sempre que um ato médico venha a qualquer 5 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética um dos preceitos éticos do CEM-18 ou demais resoluções classistas. • Atenção para o Art. 1º, Parágrafo único, que determina que a responsa- bilidade ética do médico é sempre pessoal e, mediante a culpa compro- vada e não presumida. • A modalidade da responsabilidade ética do médico é expressamente de natureza subjetiva, exigindo-se con- comitantemente, os mesmos requisi- tos da responsabilidade objetiva: a) conduta voluntária do médico – ação ou omissão – com inobservância de um dever objetivo de cuidado; b) re- sultado involuntário previsto ou pre- visível – o dano injusto ( moral, ma- terial ou estético); c) nexo causal , acrescendo-se dos aspectos subjeti- vos, representados pela culpa em sen- tido amplo, que inclui o dolo (direto ou eventual), e a culpa em sentido es- trito ou simplesmente culpa (negli- gência, imperícia ou imprudência). • Art.4º Deixar de assumir a responsa- bilidade de qualquer ato profissional que tenha praticado ou indicado, ainda que solicitado ou consentido pelo paciente ou por seu represen- tante legal. • Solicitar X Consentir • Solicitação – mero requerimento ou pedido, podendo ser verbal ou es- crito, porém frágil; em regra, nem do- cumentado o é. • Consentimento – mais robusto; re- flete uma anuência, uma licença ou permissão; para ser válido, aquele que consente deverá ser devidamente esclarecido e completamente infor- mado sobre o que consentirá, e só de- pois o consentimento deve ser dado. • Só se pode autorizar aquilo que é li- cito e legal. ✓ O médico deverá ter todo cuidado com as chamadas “alta a pedido”: está só terá validade e isentará o mé- dico de responsabilidade se não ex- puser o paciente a prejuízos à sua vida, integridade ou saúde. Tal solici- tação só terá validade se confirmado pela família e/ou responsável legal, tudo devidamente registrado no pron- tuário. ✓ Art.7º Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, mesmo res- paldado por decisão majoritária da categoria. ▪ Urgência – ocorrência imprevista de agravo a saúde, com ou sem risco po- tencial de vida, cujo portador neces- sita de assistência médica imediata. ▪ Emergência – constatação médica de condições de agravo à saúde que im- pliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, por- tanto, tratamento médico imediato. ✓ Horário de trabalho do médico ▪ O médico pode ter ao mesmo tempo diversos vínculos públicos ( limita- dos a dois – estatutário, celetista ou prestador de serviços) e privados (empregado ou particular – autô- nomo). ▪ Carga horária semanal varia de 20 a 40 horas, divididos em turnos de 4, 6, 8, 12 horas e até de 24 horas (horário excedente pago com acréscimo sala- rial). Capítulo IV - Direitos Humanos ✓ O médico deve ter para com seus co- legas respeito, consideração e soli- dariedade; parte acrescentada para 6 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética preencher uma lacuna do Código an- terior, quanto ao enquadramento dos médicos diante de situações de má re- lação entre colegas. ✓ Direito à autonomia - Esse é um tó- pico que tem muito destaque no Có- digo de Ética Médica, mas que nem sempre é perfeitamente compreen- dido pelos profissionais da área. O conceito de autonomia é aquele que busca dar a quem está sendo atendido o direito de emitir a sua opinião sobre tudo o que diz respeito à sua saúde e o seu corpo. ✓ O paciente pode se expressar sobre a forma com a qual gostaria de ser tra- tado, aceitando ou não a opinião mé- dica. Da mesma maneira, o médico tem o direito de opinar sobre essas decisões, caso não elas não estejam de acordo com a sua visão, gerando, dessa maneira, um diálogo esclarece- dor, cuja finalidade é o total benefício do paciente. ✓ Respeitar a autonomia e documenta- la é dever ético de todo o médico; sig- nifica auxiliar o paciente, estimular sua independência e ensiná-lo a hie- rarquizar seus valores e preferências, para que possa discutir cada conduta médica sugerida. Capítulo V – Relação com pacientes e fa- miliares ✓ O Código de Ética Médica impõe uma série de proibições aos médicos na relação com pacientes e familia- res. Estas proibições impostas aos médicos constituem direitos dos pa- cientes e familiares. ✓ As relações médico-pacientes e mé- dico-família devem ser construídas de forma democrática e a mais participativa possível, sem é claro, se descuidarem da transparência, da confiança e do respeito mútuo. ✓ Havendo violação ao Código de Ética Médica, o paciente ou familiar po- derá denunciar o médico perante o Conselho Regional de Medicina do local onde ocorreram os fatos. A de- núncia também poderá ser feita no site do Conselho Federal de Medi- cina, que a encaminhará para o Con- selho Regional competente. Capítulo VI– Doação e Transplante de órgãos e Tecidos ✓ É vedado ao médico: Art. 43. Partici- par do processo de diagnóstico da morte ou da decisão de suspender meios artificiais para prolongar a vida do possível doador, quando per- tencente à equipe de transplante. Art. 44. Deixar de esclarecer o doador, o receptor ou seus representantes legais sobre os riscos decorrentes de exa- mes, intervenções cirúrgicas e outros procedimentos nos casos de trans- plante de órgãos. Art. 45. Retirar ór- gão de doador vivo quando este for juridicamente incapaz, mesmo se houver autorização de seu represen- tante legal, exceto nos casos permiti- dos e regulamentados em lei. Art. 46. Participar direta ou indiretamente da comercialização de órgãos ou de teci- dos humanos. ✓ O transplante é um procedimento ci- rúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pân- creas, fígado) ou tecido (medula ós- sea, ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou tecido normal de um doador vivo ou morto. 7 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética ✓ A legislação em vigor determina que a família será a responsável pela de- cisão final, não tendo mais valor a in- formação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade. ✓ A pessoa maior de idade e capaz juri- dicamente pode doar órgãos a seus familiares. No caso de doador vivo não aparentado é exigida autorização judicial prévia. ✓ Sistema Nacional de Transplante: Criado para dar maior controle e or- ganização às atividades - o trans- plante de órgãos/tecidos só pode ser realizado pelos estabelecimentos de saúde previamente autorizados pelo Gestor Nacional do Ministério da Sa- úde. ✓ Foi instituída a Lista Única de Recep- tores, com vários cadastros separados por órgãos, tipos sanguíneos e outras especificações. Estes apresentam uma ordem seguida com total rigor e controlada pela Secretaria de Saúde. ✓ Órgãos/tecidos que podem ser obti- dos de um doador vivo: um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões. ✓ Doação em vida: O médico avaliará a história clínica da pessoa e as doen- ças prévias; a compatibilidade san- guínea (primordial); existem também testes especiais para selecionar o do- ador que apresenta maior chance de sucesso. ✓ Órgãos/tecidos obtidos de doador não-vivo: Órgãos: rins, coração, pul- mão, pâncreas, fígado e intestino. Te- cidos: córneas, válvulas, ossos, mús- culos, tendões, pele, veias e artérias. ✓ Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comuni- cada e através do seu registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis. ✓ Potencial doador não-vivo: pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica, ou seja, morte das células do Sistema Nervoso Central, que determina a interrupção da irriga- ção sanguínea ao cérebro, é incompa- tível com a vida, irreversível e defini- tivo. ✓ A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra realizada com todos os cuidados de reconstituição, o que também é obrigatório por lei. Capítulo VII – Relação entre Médicos ✓ Prevê colaboração e solidariedade em prol da saúde, discutindo pontos relevantes entre as condutas de dife- rentes especialistas. ✓ Um médico não pode descartar o tra- tamento prescrito por outro, a não ser que haja benefícios para o paciente. ✓ Também não é permitido negar o acesso a ferramentas ou tecnolo- gias que auxiliem no tratamento de qualidade, considerando nesse con- texto o acesso e as funcionalidades desses equipamentos. ✓ A ideia central é estabelecer limites para a disputa entre médicos, de forma que não prejudique ou exclua o paciente. ✓ Mercantilização da Medicina – qual- quer prática médica em que sejam ex- trapolados os preceitos éticos, pois visaria exclusivamente o lucro e à ob- tenção de vantagens econômicas, em detrimento da vida, da saúde e da in- tegridade humana dos pacientes. 8 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética ✓ É vedado ao médico: Art. 58. O exer- cício mercantilista da medicina. ✓ Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial – Lei 12.653, de 28/05/2012, acrescentou o Art. 135-A ao CP: ✓ Art.135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garan- tia, bem como o preenchimento pré- vio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da nega- tiva de atendimento resulta lesão cor- poral de natureza grave, é até o triplo se resulta a morte. Capítulo IX – Sigilo Profissional ✓ É dever do médico manter silêncio sobre todos os fatos e circunstâncias que tiver conhecimento no exercício de sua profissão. ✓ Os profissionais não poderão utilizar fotos dos seus pacientes em nenhum material de divulgação, nem mesmo se eles conseguirem o consentimento e a autorização formal dessas pes- soas. Isso serve para evitar constran- gimentos e o marketing naquele es- tilo de “antes e depois”, sendo autori- zada nos casos de apresentações de trabalhos científicos ou para eventos que sejam exclusivos da área médica, sem caráter de propaganda. ✓ Blogs e páginas pessoais – podem ser utilizadas para divulgar informações, disseminar conhecimentos científi- cos ou tirar d´vidas da população. Capítulo X – Documentos Médicos ✓ Todo e qualquer ato médico deve ser descrito e documentado no prontuá- rio (ou fivha clínica) ✓ Cada paciente deve ter seu próprio prontuário. ✓ Documentos emitidos pelo médico: atestado, laudo, parecer, certificado, declaração, requisição, boletim, entre outros. ✓ É direito/dever do médico a emissão de qualquer um desses documentos, sempre condicionado à necessidade de cada caso, à solicitação do paci- ente e/ou família e, principalmente, a absoluta veracidade de seu conteúdo. ✓ A norma passa a estabelecer que ca- berá ao médico assistente, ou ao seu substituto, elaborar e entregar o su- mário de alta ao paciente ou ao seu representante legal. Capítulo XI – Auditoria e Perícia Médica ✓ Auditoria Médica (Basso) – sentido amplo- avalia a organização, os negó- cios e a situação da entidade exami- nada, para orientar sua administração na melhoria dos processos e procedi- mentos, com vistas a garantir a conti- nuidade e o crescimento do negócios, gerando ganhos, tanto de seus propri- etários e colaboradores, como à soci- edade como um todo. ✓ A perícia é um dos muitos meios de prova que tem como objetivo esclare- cer quem julga sobre todas as cir- cunstâncias relativas aos fatos litigio- sos, que envolvem a necessidade de conhecimentos técnicos ou científi- cos. ✓ É vedado ao médico: Art. 92. Assinar laudos periciais, auditoriais ou de ve- rificação médico-legal caso não te- nha realizado pessoalmente o exame. 9 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética Art. 93. Ser perito ou auditor do pró- prio paciente, de pessoa de sua famí- lia ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em que atue ou tenha atuado. Art. 94. Inter- vir, quando em função de auditor, as- sistente técnico ou perito, nos atos profissionais de outro médico, ou fa- zer qualquer apreciação em presença do examinado, reservando suas ob- servações para o relatório. Art. 95. Realizar exames médico-periciais de corpo de delito em seres humanos no interior de prédios ou de dependên- cias de delegacias de polícia, unida- des militares, casas de detenção e presídios. Capítulo XII – Ensino e Pesquisa ✓ Este capítulo visa possibilitar o en- quadramento de ilícitos éticos, já que nenhum princípio pode ser utilizado para tal fim ✓ Desde o CEN-2009 não mais se res- ponsabilizao médico por ter desres- peitado os princípios, mas apenas por descumprir os artigos. ✓ A pesquisa só é legítima se, sem ex- ceção alguma, visar sempre o benefí- cio do paciente, nunca se justificando prejudicar o paciente para, no futuro, beneficiar a sociedade. ✓ Destaque: Art.109, que consolida o conteúdo de várias resoluções e pare- ceres que determinavam o dever da imparcialidade do médico na divul- gação de informes médicos ou na in- dicação de produtos médico-hospita- lares de qualquer natureza. ✓ Tem como intenção nortear a divul- gação do trabalho do médico à popu- lação. ✓ Estabelece normas específicas em re- lação à propaganda médica. ✓ Os meios de comunicação, que têm como objetivo informar o público leigo sobre saúde e bem-estar, podem eventualmente induzir o indivíduo à mercantilização, porém, cabe ao pro- fissional médico o bom senso e a aplicação da Ética Médica em prol da população. ✓ O profissional médico e as entidades ligadas à área médica, quando forem efetuar qualquer divulgação, por qualquer meio de comunicação, de- verão ter conhecimento prévio da Re- solução CFM nº 1974/2011 que nor- matiza a publicidade médica. Capítulo XIII – Publicidade Médica ✓ Havendo dúvidas, deverão encami- nhar o material publicitário para aná- lise da Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos – CODAME do CRM, que irá informar ao consulente se o material avaliado está de acordo com as normativas emanadas pelo Conselho Federal de Medicina. ✓ É vedado ao médico: Art. 111. Per- mitir que sua participação na divulga- ção de assuntos médicos, em qual- quer meio de comunicação de massa, deixe de ter caráter exclusivamente de esclarecimento e educação da so- ciedade. Art. 112. Divulgar informa- ção sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico. Art. 113. Divul- gar, fora do meio científico, processo de tratamento ou descoberta cujo va- lor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente por ór- gão competente. Art. 114. Anunciar títulos científicos que não possa 10 Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética comprovar e especialidade ou área de atuação para a qual não esteja quali- ficado e registrado no Conselho Re- gional de Medicina. ✓ É vedado ao médico: Art. 115. Parti- cipar de anúncios de empresas co- merciais, qualquer que seja sua natu- reza, valendo-se de sua profissão. Art. 116. Apresentar como originais quaisquer ideias, descobertas ou ilustrações que na realidade não o sejam. Art. 117. Deixar de incluir, em anúncios profissionais de qual- quer ordem, seu nome, seu número no Conselho Regional de Medicina, com o estado da Federação no qual foi inscrito e Registro de Qualifica- ção de Especialista (RQE) quando anunciar a especialidade. Parágrafo único. Nos anúncios de estabeleci- mentos de saúde, devem constar o nome e o número de registro, no Conselho Regional de Medicina, do diretor técnico. Capítulo XIV – Disposições Gerais ✓ As disposições gerais tratam de as- suntos genéricos de natureza eminen- temente administrativas. Não há su- jeição do médico aos seus ditames, por que não preveem ilícitos éticos, mas apenas estabelecem procedimen- tos a serem executados pelos Conse- lhos em determinadas situações fáti- cas. ✓ Tal conteúdo se fundamenta no fato de que os Conselhos de classe são ór- gãos regulamentadores, fiscalizado- res e julgadores dos profissionais mé- dicos. ✓ I - O médico portador de doença in- capacitante para o exercício profissional, apurada pelo Conselho Regional de Medicina em procedi- mento administrativo com perícia médica, terá seu registro suspenso en- quanto perdurar sua incapacidade. II - Os médicos que cometerem faltas graves previstas neste Código e cuja continuidade do exercício profissio- nal constitua risco de danos irrepará- veis ao paciente ou à sociedade pode- rão ter o exercício profissional sus- penso mediante procedimento admi- nistrativo específico. III - O Conse- lho Federal de Medicina, ouvidos os Conselhos Regionais de Medicina e a categoria médica, promoverá a revi- são e atualização do presente Código quando necessárias. IV - As omissões deste Código serão sanadas pelo Conselho Federal de Medicina.
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