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Códigos de Ética Médica

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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
CONCEITOS 
➢ DEONTOLOGIA: Conjunto de de-
veres profissionais do médico estabe-
lecidos em um código específico. 
➢ DICEOLOGIA 
✓ Teoria que fundamenta os direitos 
profissionais; estudo dos deveres do 
médico que estão regulamentados 
num tratado ou código. 
➢ Deontologia: é a teoria dos deveres X 
Diceologia: é a teoria dos direitos. 
✓ Para cada direito existe um dever cor-
respondente. 
➢ História dos Códigos de Ética Mé-
dica 
✓ Definição de Código de Ética 
 Conjunto de diretrizes que orientam 
quanto às posturas e atitudes ideais de um 
indivíduo, moralmente aceitas pela socie-
dade, enquadrando os participantes a uma 
conduta politicamente correta e em linha 
com a boa imagem que a entidade ou a pro-
fissão desejam. 
✓ CÓDIGO DE HAMURABI (1800 
A.C.) 
 Conjunto de leis (282) criado para 
controlar e organizar a sociedade Babilô-
nica-Mesopotâmica. Foi a primeira estru-
tura que estabeleceu os limites dos direitos 
e deveres dos médicos, além de determinar 
pagamentos pelos bons serviços e severas 
punições pela má prática. 
▪ Associava a Medicina a bons resulta-
dos. 
▪ Legislava de modo explícito somente 
as cirurgias. 
▪ A punição era proporcional a impor-
tância social do paciente. 
▪ Ayurveda – Manuscrito Indiano (800 
a.C.) 
▪ Charaka Samhita – conside-
rado o texto mais importante do 
Ayurveda e também um dos mais an-
tigos. Dividido em 120 capítulos re-
ferentes aos princípios fundamentais 
da Medicina. Destaca a relação mé-
dico-paciente, priorizando o paciente 
como figura central de toda a aborda-
gem. 
▪ “...dia e noite com todo o teu 
coração e tua alma, te empenharás 
para aliviar o sofrimento dos paci-
entes...” 
▪ Charaka Samhita 
▪ Juramento de Hipócrates (400 a.C.) 
▪ Hipócrates – Pai da Medicina: o “Gê-
nio de Cós” (400 a.C.) 
▪ Para Hipócrates a doença nada 
mais era que simplesmente um pro-
cesso natural, recebendo, inclusive, 
influência dos fatores externos , 
como clima, ambiente, dieta e gênero 
de vida. 
▪ “O organismo tem seu próprio 
meio de recuperar-se; a saúde é o re-
sultado da harmonia e simpatia mú-
tua entre todos os humores; um ho-
mem saudável é aquele que possuí 
um estão mental e físico em perfeito 
equilíbrio.” 
▪ Conceito terapêutico: distinção entre 
sintomas e doenças. Para Hipócrates 
sintomas “são manifestações 
Deontologia e Diceologia 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
exteriores de algo que está ocorrendo 
no organismo”. 
▪ Elaborou e cumpriu um rigoroso có-
digo de ética, cujos preceitos estão 
contidos no Juramento, onde sua 
doutrina logrou maior relevo e maior 
transcendência, tornando-se a viga 
mestra de todo o conteúdo dogmático 
que conduz a Medicina até os diás-
tole atuais. 
▪ JURAMENTO DE HIPÓCRATES 
▪ "Prometo que, ao exercer a 
arte de curar, me mostrarei sempre 
fiel aos preceitos da honestidade, da 
caridade e da ciência. Penetrando no 
interior dos lares, meus olhos serão 
cegos, minha língua calará os segre-
dos que me forem revelados, o que te-
rei como preceito de honra. Nunca 
me servirei da profissão para cor-
romper os costumes ou favorecer o 
crime. 
▪ Se eu cumprir esse juramento 
com fidelidade, goze eu a minha vida 
e minha arte boa reputação entre os 
homens e para sempre. Se dele me 
afastar ou infringi-lo, suceda-me o 
contrário." 
▪ Corpus Hipocraticum: conjunto de 
ideias que representa o chamado Pen-
samento Hipocrático, que até hoje in-
fluencia os códigos mais recentes. 
▪ Princípios Éticos Hipocráticos 
▪ Respeito as leis naturais e ao ser hu-
mano; 
▪ Benefício do paciente; 
▪ Não maleficência – Primo non no-
cere = “Antes de tudo, não cause 
dano, não prejudique o paciente”. 
▪ THOMAS PERCIVAL – tradição e 
inovação (1740-1804) 
▪ Autor do Medical Ethics 
(1803), constituindo-se o primeiro 
código de ética médica moderno - 
tanto por sua forma codificada como 
por seu conteúdo - na enunciação de 
deveres que assistem aos médicos. 
Não obstante, a obra situa-se num 
momento de transição da hegemonia 
da normativa hipocrática para a iden-
tificação das novas exigências de 
uma medicina profissionalizada. 
Logo, reflete elementos tanto de na-
tureza tradicional como inovadora, 
que se articulam com sucesso em prol 
de uma concepção de medicina que, 
sem perder as conquistas do passado, 
não se furta aos desafios do presente. 
▪ Em 1847 a American Medical Asso-
ciation adaptou e adotou o texto de 
Percival como seu Código de Ética, 
que mesmo sendo revisado várias ve-
zes e tenha sido modificado seu for-
mato, as regras de conduta e o ethos 
do médico continuam sendo as postu-
ladas. 
▪ Tornou-se o 1º Código de Ética ado-
tado por uma associação nacional. 
▪ Em 1867 o Dr. Virgílio Clímaco Da-
másio publicou na Gazeta Médica da 
Bahia uma tradução do Código da 
Associação Médica Americana que é 
considerado a introdução de um có-
digo de ética aqui no Brasil. 
▪ Em 1929 o Sindicato Médico Brasi-
leiro instituiu o Código de Moral Mé-
dica – tradução livre e quase literal do 
código aprovado no VI Congresso 
Médico Latino Americano – Havana 
(1926). 
▪ Em 1944 o IV Congresso Médico 
Sindicalista estabelece o primeiro 
Código de Ética Médica, oficializado 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
pelo Decreto-Lei 7955, criando os 
Conselhos Regionais e Federal, colo-
cando em vigor tal código, tornando-
o o primeiro código de ética brasi-
leiro. 
▪ 1953 – Estabelece-se o Conselho Fe-
deral de Medicina o qual elabora seu 
primeiro Código de Ética Médica ba-
seado no Juramento de Hipócrates, na 
Declaração de Genebra e no Código 
de Ética Médica Internacional da Or-
ganização Mundial de Saúde. 
▪ 1965 – Congresso dos Conselhos Re-
gionais de Medicina: é estabelecido 
publicado o Código de Deontologia 
Médica que foi posteriormente apro-
vado pelo CFM. 
▪ 1984 – A Associação Médica Brasi-
leira publica o seu Código de Ética 
Médica. 
▪ 1988 – 1ª Conferência Nacional de 
Ética Médica onde é publicado uma 
atualização do Código de Ética, ins-
pirada na redemocratização do país, 
 
✓ CÓDIGO EM VIGOR – 2018: Ba-
seado nos Princípios Tradicionais -
Juramento de Hipócrates: 
▪ Não maleficência 
▪ Beneficência 
▪ Autonomia 
▪ Justiça 
▪ Atendimento médico baseado na: 
• Honestidade; 
• Dedicação 
• Obrigação de preservar vidas; 
• Obrigação de não prejudicar os doen-
tes; 
• Respeito aos interesses, privacidade e 
confidencialidade. 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA 
– BRASIL 
• Resolução CFM nº 2.217, de 27 de 
setembro de 2018, modificada pelas 
resoluções CFM nº 2.222/2018 e 
2.226/2019 
• Incorporou abordagens do mundo 
contemporâneo e temas como inova-
ções tecnológicas, comunicação em 
massa e relações em sociedade. 
• Redigida sobre o prisma de zelo dos 
princípios deontológicos da Medi-
cina. 
• Absoluto respeito ao ser humano. 
• Destaca-se no novo código as normas 
que definem a responsabilidade do 
médico assistente, ou seu substituto, 
ao elaborar e entregar o sumário de 
alta. 
• Em relação aos direitos, o novo có-
digo, prevê a isonomia de tratamento 
aos profissionais com deficiência e 
reforça a necessidade de criação de 
comissões de ética nos locais de tra-
balho. 
Capítulo I - Princípios Fundamentais 
• Preconiza a autonomia, a beneficên-
cia, a não-maleficência e a justiça; 
além da ética do cuidar. 
• Equidade - Princípio indispensável 
para o exercício da medicina. Isso 
quer dizer que os atendimentos de-
vem beneficiar todos os pacientes da 
mesma forma, sem que haja nenhuma 
distinção de cor, credo ou quaisquer 
outras condições que os diferenciem 
das demais pessoas. Assim sendo, ne-
nhum ato discriminatório pode ser le-
vado em consideração, bem como ne-
nhum tipo de interesse, seja ele de ca-
ráter religioso, político ou que venha 
 
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Luiza Lyrio eAgatha Carvalho MED-103C Bioética 
a interferir nas escolhas de trata-
mento e conduta dos pacientes. Caso 
contrário, ocorrerá uma quebra da 
conduta ética por parte do médico. 
• Beneficência – são princípios básicos 
a garantia da identidade, da integri-
dade e da dignidade dos pacientes; 
tudo aquilo que o profissional venha 
a fazer tenha que ser, necessaria-
mente, em benefício da pessoa que 
está sendo atendida, preservando as 
condições dignas de trabalho e remu-
neração adequada, buscando sempre 
os melhores resultados possíveis; o 
eterno compromisso do médico é 
com o ser humano e com a sociedade, 
devendo usar seus conhecimentos 
para buscar alternativas favoráveis 
para qualquer indivíduo. 
• Não-maleficência - todas as atitudes 
do profissional devem ter o cuidado 
de não causar nenhum tipo de dano. 
• Atenção ao Inciso XI - O médico 
guardará sigilo a respeito das infor-
mações de que detenha conheci-
mento no desempenho de suas fun-
ções, com exceção dos casos previs-
tos em lei. 
• É de conhecimento geral que os mé-
dicos possuem a obrigação ética de 
manter sigilo sobre os seus pacientes. 
Mesmo em caso de morte ou em uma 
situação de ordem judicial, não cabe 
ao profissional — e nem ele pode ser 
obrigado — revelar qualquer infor-
mação que possa causar problemas 
ou danos à imagem de quem foi aten-
dido por ele. 
• Ressalvas: em casos específicos, com 
prévia autorização do paciente ou em 
alguma situação de prejuízo à saúde 
de menores de idade. Além disso, é 
vetada a quebra de sigilo e deve haver 
o respaldo do CRM tanto para ações 
judiciais ou extrajudiciais. 
• Ocorreu acréscimo do inciso XXVI - 
A medicina será exercida com a uti-
lização dos meios técnicos e científi-
cos disponíveis que visem aos melho-
res resultados. 
• É dever do médico aprimorar conti-
nuamente os seus conhecimentos e 
usar o melhor do progresso científico 
em benefício do paciente e da socie-
dade. 
• Tal inciso sinaliza a preocupação 
com os resultados dos meios científi-
cos disponíveis, devendo na prático a 
busca pelos melhores resultados. 
Capítulo II - Direito dos Médicos 
• Direito = Diceologia 
• O novo Código possui duas inova-
ções significativas, encerradas nos 
incisos III e IV, no que tange ao tra-
balho e exercício da medicina em 
condições que não sejam dignas do 
exercício da profissão, ou que pos-
sam prejudicar o paciente, o médico 
ou a terceiros; e no inciso XI que es-
tabelece como direito do médico com 
deficiência ou com doença, nos limi-
tes de suas capacidades e da segu-
rança dos pacientes, exercer a pro-
fissão sem ser discriminado, indo ao 
encontro da Convenção sobre os Di-
reitos das Pessoas com Deficiência 
(ONU 2008) e sua incorporação pelo 
Estatudo da Pessoa com Deficiência 
(Lei 13.146/2015). 
Capítulo III - Responsabilidade Profissi-
onal 
• A responsabilidade profissional ética 
é consequência inseparável, sempre 
que um ato médico venha a qualquer 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
um dos preceitos éticos do CEM-18 
ou demais resoluções classistas. 
• Atenção para o Art. 1º, Parágrafo 
único, que determina que a responsa-
bilidade ética do médico é sempre 
pessoal e, mediante a culpa compro-
vada e não presumida. 
• A modalidade da responsabilidade 
ética do médico é expressamente de 
natureza subjetiva, exigindo-se con-
comitantemente, os mesmos requisi-
tos da responsabilidade objetiva: a) 
conduta voluntária do médico – ação 
ou omissão – com inobservância de 
um dever objetivo de cuidado; b) re-
sultado involuntário previsto ou pre-
visível – o dano injusto ( moral, ma-
terial ou estético); c) nexo causal , 
acrescendo-se dos aspectos subjeti-
vos, representados pela culpa em sen-
tido amplo, que inclui o dolo (direto 
ou eventual), e a culpa em sentido es-
trito ou simplesmente culpa (negli-
gência, imperícia ou imprudência). 
• Art.4º Deixar de assumir a responsa-
bilidade de qualquer ato profissional 
que tenha praticado ou indicado, 
ainda que solicitado ou consentido 
pelo paciente ou por seu represen-
tante legal. 
• Solicitar X Consentir 
• Solicitação – mero requerimento ou 
pedido, podendo ser verbal ou es-
crito, porém frágil; em regra, nem do-
cumentado o é. 
• Consentimento – mais robusto; re-
flete uma anuência, uma licença ou 
permissão; para ser válido, aquele 
que consente deverá ser devidamente 
esclarecido e completamente infor-
mado sobre o que consentirá, e só de-
pois o consentimento deve ser dado. 
• Só se pode autorizar aquilo que é li-
cito e legal. 
✓ O médico deverá ter todo cuidado 
com as chamadas “alta a pedido”: 
está só terá validade e isentará o mé-
dico de responsabilidade se não ex-
puser o paciente a prejuízos à sua 
vida, integridade ou saúde. Tal solici-
tação só terá validade se confirmado 
pela família e/ou responsável legal, 
tudo devidamente registrado no pron-
tuário. 
✓ Art.7º Deixar de atender em setores 
de urgência e emergência, quando for 
de sua obrigação fazê-lo, mesmo res-
paldado por decisão majoritária da 
categoria. 
▪ Urgência – ocorrência imprevista de 
agravo a saúde, com ou sem risco po-
tencial de vida, cujo portador neces-
sita de assistência médica imediata. 
▪ Emergência – constatação médica de 
condições de agravo à saúde que im-
pliquem em risco iminente de vida ou 
sofrimento intenso, exigindo, por-
tanto, tratamento médico imediato. 
✓ Horário de trabalho do médico 
▪ O médico pode ter ao mesmo tempo 
diversos vínculos públicos ( limita-
dos a dois – estatutário, celetista ou 
prestador de serviços) e privados 
(empregado ou particular – autô-
nomo). 
▪ Carga horária semanal varia de 20 a 
40 horas, divididos em turnos de 4, 6, 
8, 12 horas e até de 24 horas (horário 
excedente pago com acréscimo sala-
rial). 
Capítulo IV - Direitos Humanos 
✓ O médico deve ter para com seus co-
legas respeito, consideração e soli-
dariedade; parte acrescentada para 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
preencher uma lacuna do Código an-
terior, quanto ao enquadramento dos 
médicos diante de situações de má re-
lação entre colegas. 
✓ Direito à autonomia - Esse é um tó-
pico que tem muito destaque no Có-
digo de Ética Médica, mas que nem 
sempre é perfeitamente compreen-
dido pelos profissionais da área. O 
conceito de autonomia é aquele que 
busca dar a quem está sendo atendido 
o direito de emitir a sua opinião sobre 
tudo o que diz respeito à sua saúde e 
o seu corpo. 
✓ O paciente pode se expressar sobre a 
forma com a qual gostaria de ser tra-
tado, aceitando ou não a opinião mé-
dica. Da mesma maneira, o médico 
tem o direito de opinar sobre essas 
decisões, caso não elas não estejam 
de acordo com a sua visão, gerando, 
dessa maneira, um diálogo esclarece-
dor, cuja finalidade é o total benefício 
do paciente. 
✓ Respeitar a autonomia e documenta-
la é dever ético de todo o médico; sig-
nifica auxiliar o paciente, estimular 
sua independência e ensiná-lo a hie-
rarquizar seus valores e preferências, 
para que possa discutir cada conduta 
médica sugerida. 
Capítulo V – Relação com pacientes e fa-
miliares 
✓ O Código de Ética Médica impõe 
uma série de proibições aos médicos 
na relação com pacientes e familia-
res. Estas proibições impostas aos 
médicos constituem direitos dos pa-
cientes e familiares. 
✓ As relações médico-pacientes e mé-
dico-família devem ser construídas 
de forma democrática e a mais 
participativa possível, sem é claro, se 
descuidarem da transparência, da 
confiança e do respeito mútuo. 
✓ Havendo violação ao Código de Ética 
Médica, o paciente ou familiar po-
derá denunciar o médico perante o 
Conselho Regional de Medicina do 
local onde ocorreram os fatos. A de-
núncia também poderá ser feita no 
site do Conselho Federal de Medi-
cina, que a encaminhará para o Con-
selho Regional competente. 
Capítulo VI– Doação e Transplante de 
órgãos e Tecidos 
✓ É vedado ao médico: Art. 43. Partici-
par do processo de diagnóstico da 
morte ou da decisão de suspender 
meios artificiais para prolongar a 
vida do possível doador, quando per-
tencente à equipe de transplante. Art. 
44. Deixar de esclarecer o doador, o 
receptor ou seus representantes legais 
sobre os riscos decorrentes de exa-
mes, intervenções cirúrgicas e outros 
procedimentos nos casos de trans-
plante de órgãos. Art. 45. Retirar ór-
gão de doador vivo quando este for 
juridicamente incapaz, mesmo se 
houver autorização de seu represen-
tante legal, exceto nos casos permiti-
dos e regulamentados em lei. Art. 46. 
Participar direta ou indiretamente da 
comercialização de órgãos ou de teci-
dos humanos. 
✓ O transplante é um procedimento ci-
rúrgico que consiste na reposição de 
um órgão (coração, pulmão, rim, pân-
creas, fígado) ou tecido (medula ós-
sea, ossos, córneas) de uma pessoa 
doente (receptor), por outro órgão ou 
tecido normal de um doador vivo ou 
morto. 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
✓ A legislação em vigor determina que 
a família será a responsável pela de-
cisão final, não tendo mais valor a in-
formação de doador ou não doador de 
órgãos, registrada no documento de 
identidade. 
✓ A pessoa maior de idade e capaz juri-
dicamente pode doar órgãos a seus 
familiares. No caso de doador vivo 
não aparentado é exigida autorização 
judicial prévia. 
✓ Sistema Nacional de Transplante: 
Criado para dar maior controle e or-
ganização às atividades - o trans-
plante de órgãos/tecidos só pode ser 
realizado pelos estabelecimentos de 
saúde previamente autorizados pelo 
Gestor Nacional do Ministério da Sa-
úde. 
✓ Foi instituída a Lista Única de Recep-
tores, com vários cadastros separados 
por órgãos, tipos sanguíneos e outras 
especificações. Estes apresentam 
uma ordem seguida com total rigor e 
controlada pela Secretaria de Saúde. 
✓ Órgãos/tecidos que podem ser obti-
dos de um doador vivo: um dos rins, 
parte do fígado, parte da medula e 
parte dos pulmões. 
✓ Doação em vida: O médico avaliará a 
história clínica da pessoa e as doen-
ças prévias; a compatibilidade san-
guínea (primordial); existem também 
testes especiais para selecionar o do-
ador que apresenta maior chance de 
sucesso. 
✓ Órgãos/tecidos obtidos de doador 
não-vivo: Órgãos: rins, coração, pul-
mão, pâncreas, fígado e intestino. Te-
cidos: córneas, válvulas, ossos, mús-
culos, tendões, pele, veias e artérias. 
✓ Após efetivada a doação, a Central de 
Transplantes do Estado é comuni-
cada e através do seu registro de lista 
de espera seleciona seus receptores 
mais compatíveis. 
✓ Potencial doador não-vivo: pacientes 
assistidos em UTI com quadro de 
morte encefálica, ou seja, morte das 
células do Sistema Nervoso Central, 
que determina a interrupção da irriga-
ção sanguínea ao cérebro, é incompa-
tível com a vida, irreversível e defini-
tivo. 
✓ A retirada dos órgãos é uma cirurgia 
como qualquer outra realizada com 
todos os cuidados de reconstituição, 
o que também é obrigatório por lei. 
Capítulo VII – Relação entre Médicos 
✓ Prevê colaboração e solidariedade 
em prol da saúde, discutindo pontos 
relevantes entre as condutas de dife-
rentes especialistas. 
✓ Um médico não pode descartar o tra-
tamento prescrito por outro, a não ser 
que haja benefícios para o paciente. 
✓ Também não é permitido negar o 
acesso a ferramentas ou tecnolo-
gias que auxiliem no tratamento de 
qualidade, considerando nesse con-
texto o acesso e as funcionalidades 
desses equipamentos. 
✓ A ideia central é estabelecer limites 
para a disputa entre médicos, de 
forma que não prejudique ou exclua 
o paciente. 
✓ Mercantilização da Medicina – qual-
quer prática médica em que sejam ex-
trapolados os preceitos éticos, pois 
visaria exclusivamente o lucro e à ob-
tenção de vantagens econômicas, em 
detrimento da vida, da saúde e da in-
tegridade humana dos pacientes. 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
✓ É vedado ao médico: Art. 58. O exer-
cício mercantilista da medicina. 
✓ Condicionamento de atendimento 
médico-hospitalar emergencial – Lei 
12.653, de 28/05/2012, acrescentou o 
Art. 135-A ao CP: 
✓ Art.135-A. Exigir cheque-caução, 
nota promissória ou qualquer garan-
tia, bem como o preenchimento pré-
vio de formulários administrativos, 
como condição para o atendimento 
médico-hospitalar emergencial: Pena 
– detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) 
ano, e multa. Parágrafo único. A pena 
é aumentada até o dobro se da nega-
tiva de atendimento resulta lesão cor-
poral de natureza grave, é até o triplo 
se resulta a morte. 
Capítulo IX – Sigilo Profissional 
✓ É dever do médico manter silêncio 
sobre todos os fatos e circunstâncias 
que tiver conhecimento no exercício 
de sua profissão. 
✓ Os profissionais não poderão utilizar 
fotos dos seus pacientes em nenhum 
material de divulgação, nem mesmo 
se eles conseguirem o consentimento 
e a autorização formal dessas pes-
soas. Isso serve para evitar constran-
gimentos e o marketing naquele es-
tilo de “antes e depois”, sendo autori-
zada nos casos de apresentações de 
trabalhos científicos ou para eventos 
que sejam exclusivos da área médica, 
sem caráter de propaganda. 
✓ Blogs e páginas pessoais – podem ser 
utilizadas para divulgar informações, 
disseminar conhecimentos científi-
cos ou tirar d´vidas da população. 
Capítulo X – Documentos Médicos 
✓ Todo e qualquer ato médico deve ser 
descrito e documentado no prontuá-
rio (ou fivha clínica) 
✓ Cada paciente deve ter seu próprio 
prontuário. 
✓ Documentos emitidos pelo médico: 
atestado, laudo, parecer, certificado, 
declaração, requisição, boletim, entre 
outros. 
✓ É direito/dever do médico a emissão 
de qualquer um desses documentos, 
sempre condicionado à necessidade 
de cada caso, à solicitação do paci-
ente e/ou família e, principalmente, a 
absoluta veracidade de seu conteúdo. 
✓ A norma passa a estabelecer que ca-
berá ao médico assistente, ou ao seu 
substituto, elaborar e entregar o su-
mário de alta ao paciente ou ao seu 
representante legal. 
Capítulo XI – Auditoria e Perícia Médica 
✓ Auditoria Médica (Basso) – sentido 
amplo- avalia a organização, os negó-
cios e a situação da entidade exami-
nada, para orientar sua administração 
na melhoria dos processos e procedi-
mentos, com vistas a garantir a conti-
nuidade e o crescimento do negócios, 
gerando ganhos, tanto de seus propri-
etários e colaboradores, como à soci-
edade como um todo. 
✓ A perícia é um dos muitos meios de 
prova que tem como objetivo esclare-
cer quem julga sobre todas as cir-
cunstâncias relativas aos fatos litigio-
sos, que envolvem a necessidade de 
conhecimentos técnicos ou científi-
cos. 
✓ É vedado ao médico: Art. 92. Assinar 
laudos periciais, auditoriais ou de ve-
rificação médico-legal caso não te-
nha realizado pessoalmente o exame. 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
Art. 93. Ser perito ou auditor do pró-
prio paciente, de pessoa de sua famí-
lia ou de qualquer outra com a qual 
tenha relações capazes de influir em 
seu trabalho ou de empresa em que 
atue ou tenha atuado. Art. 94. Inter-
vir, quando em função de auditor, as-
sistente técnico ou perito, nos atos 
profissionais de outro médico, ou fa-
zer qualquer apreciação em presença 
do examinado, reservando suas ob-
servações para o relatório. Art. 95. 
Realizar exames médico-periciais de 
corpo de delito em seres humanos no 
interior de prédios ou de dependên-
cias de delegacias de polícia, unida-
des militares, casas de detenção e 
presídios. 
Capítulo XII – Ensino e Pesquisa 
✓ Este capítulo visa possibilitar o en-
quadramento de ilícitos éticos, já que 
nenhum princípio pode ser utilizado 
para tal fim 
✓ Desde o CEN-2009 não mais se res-
ponsabilizao médico por ter desres-
peitado os princípios, mas apenas por 
descumprir os artigos. 
✓ A pesquisa só é legítima se, sem ex-
ceção alguma, visar sempre o benefí-
cio do paciente, nunca se justificando 
prejudicar o paciente para, no futuro, 
beneficiar a sociedade. 
✓ Destaque: Art.109, que consolida o 
conteúdo de várias resoluções e pare-
ceres que determinavam o dever da 
imparcialidade do médico na divul-
gação de informes médicos ou na in-
dicação de produtos médico-hospita-
lares de qualquer natureza. 
✓ Tem como intenção nortear a divul-
gação do trabalho do médico à popu-
lação. 
✓ Estabelece normas específicas em re-
lação à propaganda médica. 
✓ Os meios de comunicação, que têm 
como objetivo informar o público 
leigo sobre saúde e bem-estar, podem 
eventualmente induzir o indivíduo à 
mercantilização, porém, cabe ao pro-
fissional médico o bom senso e a 
aplicação da Ética Médica em prol da 
população. 
✓ O profissional médico e as entidades 
ligadas à área médica, quando forem 
efetuar qualquer divulgação, por 
qualquer meio de comunicação, de-
verão ter conhecimento prévio da Re-
solução CFM nº 1974/2011 que nor-
matiza a publicidade médica. 
Capítulo XIII – Publicidade Médica 
✓ Havendo dúvidas, deverão encami-
nhar o material publicitário para aná-
lise da Comissão de Divulgação de 
Assuntos Médicos – CODAME do 
CRM, que irá informar ao consulente 
se o material avaliado está de acordo 
com as normativas emanadas pelo 
Conselho Federal de Medicina. 
✓ É vedado ao médico: Art. 111. Per-
mitir que sua participação na divulga-
ção de assuntos médicos, em qual-
quer meio de comunicação de massa, 
deixe de ter caráter exclusivamente 
de esclarecimento e educação da so-
ciedade. Art. 112. Divulgar informa-
ção sobre assunto médico de forma 
sensacionalista, promocional ou de 
conteúdo inverídico. Art. 113. Divul-
gar, fora do meio científico, processo 
de tratamento ou descoberta cujo va-
lor ainda não esteja expressamente 
reconhecido cientificamente por ór-
gão competente. Art. 114. Anunciar 
títulos científicos que não possa 
 
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Luiza Lyrio e Agatha Carvalho MED-103C Bioética 
comprovar e especialidade ou área de 
atuação para a qual não esteja quali-
ficado e registrado no Conselho Re-
gional de Medicina. 
✓ É vedado ao médico: Art. 115. Parti-
cipar de anúncios de empresas co-
merciais, qualquer que seja sua natu-
reza, valendo-se de sua profissão. 
Art. 116. Apresentar como originais 
quaisquer ideias, descobertas ou 
ilustrações que na realidade não o 
sejam. Art. 117. Deixar de incluir, 
em anúncios profissionais de qual-
quer ordem, seu nome, seu número 
no Conselho Regional de Medicina, 
com o estado da Federação no qual 
foi inscrito e Registro de Qualifica-
ção de Especialista (RQE) quando 
anunciar a especialidade. Parágrafo 
único. Nos anúncios de estabeleci-
mentos de saúde, devem constar o 
nome e o número de registro, no 
Conselho Regional de Medicina, do 
diretor técnico. 
Capítulo XIV – Disposições Gerais 
✓ As disposições gerais tratam de as-
suntos genéricos de natureza eminen-
temente administrativas. Não há su-
jeição do médico aos seus ditames, 
por que não preveem ilícitos éticos, 
mas apenas estabelecem procedimen-
tos a serem executados pelos Conse-
lhos em determinadas situações fáti-
cas. 
✓ Tal conteúdo se fundamenta no fato 
de que os Conselhos de classe são ór-
gãos regulamentadores, fiscalizado-
res e julgadores dos profissionais mé-
dicos. 
✓ I - O médico portador de doença in-
capacitante para o exercício 
profissional, apurada pelo Conselho 
Regional de Medicina em procedi-
mento administrativo com perícia 
médica, terá seu registro suspenso en-
quanto perdurar sua incapacidade. II 
- Os médicos que cometerem faltas 
graves previstas neste Código e cuja 
continuidade do exercício profissio-
nal constitua risco de danos irrepará-
veis ao paciente ou à sociedade pode-
rão ter o exercício profissional sus-
penso mediante procedimento admi-
nistrativo específico. III - O Conse-
lho Federal de Medicina, ouvidos os 
Conselhos Regionais de Medicina e a 
categoria médica, promoverá a revi-
são e atualização do presente Código 
quando necessárias. IV - As omissões 
deste Código serão sanadas pelo 
Conselho Federal de Medicina.

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