Buscar

RESUMÃO SISTEMA CARDIOVASCULAR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SISTEMA CARDIOVASCULAR 
 
VISÃO GERAL DO SISTEMA CARDIOVASCULAR 
O sistema cardiovascular consiste em 
uma bomba, representada pelo coração, e 
em vasos sanguíneos, que fornecem a via 
pela qual o sangue circula para todas as 
partes do corpo e a partir delas. Os vasos 
sanguíneos estão dispostos de modo que o 
sangue fornecido pelo coração possa al-
cançar rapidamente uma rede de vasos es-
treitos e de paredes finas – os capilares san-
guíneos – nos tecidos e nas suas proximida-
des em todas as partes do corpo. 
As artérias são os vasos que transpor-
tam o sangue até os capilares. As artérias 
menores, denominadas arteríolas, estão fun-
cionalmente associadas a redes de capila-
res dentro das quais liberam o sangue. 
As arteríolas regulam a quantidade 
de sangue que entra nessas redes de capi-
lares. Em conjunto, as arteríolas, as redes de 
capilares associadas e as vênulas pós-ca-
pilares formam uma unidade funcional, deno-
minada leito microcirculatório ou microvas-
cular do tecido em questão. As veias, que se 
iniciam como vênulas pós-capilares, coletam 
o sangue do leito microvascular e o trans-
portam a partir dali. 
 
 
 
 
 
LOCALIZAÇÃO DO CORAÇÃO 
 O coração repousa sobre o dia-
fragma, próximo da linha mediana da cavi-
dade torácica, essa linha é uma linha verti-
cal imaginária que divide o corpo em lados 
esquerdo e direito, não simétricos. Encontra-
se no mediastino, uma região que se estende 
do esterno à coluna vertebral, da primeira 
costela ao diafragma, e entre os pulmões. 
Aproximadamente dois terços da massa do 
coração encontram-se à esquerda da linha 
mediana do corpo. O ápice pontiagudo é 
formado pela ponta do ventrículo esquerdo 
(câmara inferior) e está sobre o diafragma. 
 
 
 
O ápice está direcionado para 
frente, para baixo e para a esquerda. A 
base do coração está do lado oposto ao 
ápice e constitui sua face posterior. É for-
mada pelos átrios (câmaras superiores), prin-
cipalmente o átrio esquerdo. Além do ápice 
e da base, tem diversas faces. A face ester-
nocostal é profunda ao esterno e às coste-
las. A face diafragmática é a parte entre o 
ápice e a margem direita e se apoia princi-
palmente no diafragma. A margem direita 
está voltada para o pulmão direito e se es-
tende da face inferior à base. A margem es-
querda está voltada para o pulmão es-
querdo e se estende da base ao ápice. 
 
PERICÁRDIO 
A membrana que envolve e protege o 
coração é o pericárdio. Restringe o coração 
à sua posição no mediastino, possibilitando 
liberdade de movimento suficiente para a 
contração vigorosa e rápida. Consiste em 
duas partes principais: o pericárdio fibroso e 
o pericárdio seroso. O fibroso, superficial, é 
composto por tecido conjuntivo inelástico, re-
sistente, denso e irregular. Assemelha-se a uma 
bolsa que repousa sobre o diafragma, fi-
xando-se nele. O fibroso impede a hiperdis-
tensão do coração, fornece proteção e an-
cora o coração no mediastino. O pericárdio 
fibroso próximo ao ápice do coração está 
parcialmente fundido ao tendão central do 
diafragma; por conseguinte, o movimento do 
diafragma, como na respiração profunda, fa-
cilita a circulação do sangue pelo coração. 
 
 
 
O pericárdio seroso, mais profundo, é 
uma membrana mais fina, que forma uma du-
pla camada em torno do coração. A lâmina 
parietal do pericárdio seroso mais externa 
está fundida ao pericárdio fibroso. A lâmina 
visceral do pericárdio seroso mais interna 
(epicárdio), é uma das camadas da parede 
do coração e adere firmemente à sua super-
fície. Entre as camadas parietal e visceral do 
pericárdio seroso existe uma fina película de 
líquido seroso lubrificante, o líquido pericár-
dico, que reduz o atrito entre as camadas do 
pericárdio seroso conforme o coração se 
move. O espaço que contém os poucos milili-
tros de líquido pericárdico é chamado cavi-
dade do pericárdio. 
 
 
CAMADAS DO CORAÇÃO 
A parede do coração é constituída 
por três camadas: o epicárdio (externa), o 
miocárdio (intermediária) e o endocárdio 
(interna). O epicárdio é composto por duas 
camadas de tecido. A mais externa é cha-
mada lâmina visceral do pericárdio seroso. 
Esta camada exterior fina e transpa-
rente é composta por mesotélio. Sob o me-
sotélio existe uma camada de tecido fibroe-
lástico e tecido adiposo. O tecido adiposo 
torna-se mais espesso sobre as faces ventri-
culares, onde abriga as principais artérias 
coronárias e vasos cardíacos. Confere uma 
textura lisa e escorregadia à face mais ex-
terna do coração. Contém vasos sanguí-
neos, vasos linfáticos e vasos que irrigam o 
miocárdio. 
 
 
A camada média, o miocárdio, é res-
ponsável pela ação de bombeamento do 
coração e é composto por tecido muscular 
cardíaco. Compõe aproximadamente 95% 
da parede do coração. As fibras musculares, 
como as do músculo estriado esquelético, 
são envolvidas e separadas em feixes por 
bainhas de tecido conjuntivo compostas por 
endomísio e perimísio. As fibras musculares 
são organizadas em feixes que circundam o 
coração e produzem as fortes ações de 
bombeamento do coração. Embora seja es-
triado como o músculo esquelético, o mús-
culo cardíaco é involuntário como o músculo 
liso. O endocárdio mais interno é uma fina 
camada de endotélio que recobre uma fina 
camada de tecido conjuntivo. Fornece um 
revestimento liso para as câmaras do cora-
ção e abrange as valvas cardíacas. O re-
vestimento endotelial liso minimiza o atrito de 
superfície conforme o sangue passa através 
do coração. O endocárdio é contínuo ao 
revestimento endotelial dos grandes vasos 
sanguíneos ligados ao coração. 
 
 
CÂMARAS DO CORAÇÃO 
O coração tem quatro câmaras. As 
duas câmaras de recepção superiores são 
os átrios, e as duas câmaras de bombea-
mento inferiores são os ventrículos. O par de 
átrios recebe sangue dos vasos sanguíneos 
que retornam o sangue ao coração, as cha-
madas veias, enquanto os ventrículos ejetam 
o sangue do coração para vasos sanguí-
neos chamados artérias. Na face anterior de 
cada átrio existe uma estrutura saculiforme 
enrugada chamada aurícula. Cada aurí-
cula aumenta discretamente a capacidade 
de um átrio, de modo que ele possa conter 
maior volume de sangue. 
 
 
Também na superfície do coração 
existem vários sulcos, que contêm vasos san-
guíneos coronarianos e uma quantidade 
variável de gordura. Cada sulco marca a 
fronteira externa entre duas câmaras do co-
ração. O profundo sulco coronário circunda 
a maior parte do coração e marca a fron-
teira externa entre os átrios acima e os ven-
trículos abaixo. O sulco interventricular an-
terior é um sulco raso na face esternocostal 
do coração que marca a fronteira externa 
entre os ventrículos direito e esquerdo na 
face esternocostal do coração. 
Este sulco continua em torno da face 
posterior do coração como o sulco interven-
tricular posterior, que marca a fronteira ex-
terna entre os ventrículos na face posterior 
do coração. 
 
 
O átrio direito forma a margem direita do 
coração e recebe sangue de três veias: a 
veia cava superior, a veia cava inferior e o 
seio coronário. (As veias sempre levam o 
sangue para o coração.) As paredes ante-
rior e posterior do átrio direito são muito di-
ferentes. O interior da parede posterior é 
liso; o interior da parede anterior é áspero, 
por causa de cristas musculares chamadas 
de músculos pectíneos, que também se es-
tendem até a aurícula. Entre o átrio direito e 
o átrio esquerdo existe uma partição fina 
chamado septo interatrial. Uma caracterís-
tica proeminente deste septo é uma depres-
são oval chamada de fossa oval, o rema-
nescente do forame oval, uma abertura no 
septo interatrial do coração fetal que nor-
malmente se fecha logo após o nascimento. 
O sangue passa do átrio direito para o 
ventrículo direito através da valva atrioven-
tricular direita, porque é composta por três 
válvulas. Também é denominada valva tri-
cúspide. As valvas cardíacas são compos-
tas por tecido conjuntivo denso recoberto 
por endocárdio. 
 
 
 
O ventrículo direito tem cerca de4 a 5μm de 
espessura e forma a maior parte da face es-
ternocostal do coração. O interior do ventrí-
culo direito contém uma série de cristas for-
madas por feixes elevados de fibras muscula-
res cardíacas chamadas trabéculas cárneas. 
 
Algumas das trabéculas cárneas 
transmitem parte do sistema de condução do 
coração. As válvulas da valva atrioventricular 
direita estão conectadas às cordas tendí-
neas, que por sua vez estão ligadas a trabé-
culas cárneas em forma de cone chamadas 
músculos papilares. Internamente, o ventrículo 
direito é separado do ventrículo esquerdo 
por uma partição chamada de septo inter-
ventricular. O sangue passa do ventrículo di-
reito através da valva do tronco pulmonar 
para uma grande artéria chamada de tronco 
pulmonar, que se divide em artérias pulmona-
res direita e esquerda e levam o sangue até 
os pulmões. As artérias sempre levam o sangue 
para longe do coração. 
 
 
 
O átrio esquerdo tem aproximadamente a 
mesma espessura que o átrio direito e forma 
a maior parte da base do coração. Ele re-
cebe o sangue dos pulmões, por meio das 
quatro veias pulmonares. Como o átrio di-
reito, o interior do átrio esquerdo tem uma 
parede posterior lisa. Como os músculos 
pectíneos estão restritos à aurícula do átrio 
esquerdo, a parede anterior do átrio es-
querdo também é lisa. O sangue passa do 
átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo 
através da valva atrioventricular esquerda, 
antigamente chamada de valva bicúspide 
ou mitral, a qual tem duas válvulas. O antigo 
termo mitral se refere à semelhança da valva 
com a mitra de um bispo, que tem dois lados. 
 
O ventrículo esquerdo é a câmara mais es-
pessa do coração. Forma o ápice do cora-
ção. Como o ventrículo direito, o ventrículo 
esquerdo contém trabéculas cárneas e tem 
cordas tendíneas que ancoram as válvulas 
da valva atrioventricular esquerda aos mús-
culos papilares. 
O sangue passa do ventrículo esquerdo 
através da valva da aorta na parte ascen-
dente da aorta. Um pouco do sangue da 
aorta flui para as artérias coronárias, que se 
ramificam da parte ascendente da aorta e 
transportam o sangue para a parede do 
coração. A parte restante do sangue passa 
para o arco da aorta e parte descendente 
da aorta (partes torácica e abdominal da 
aorta). Ramos do arco da aorta e da parte 
descendente da aorta levam o sangue por 
todo o corpo. Durante a vida fetal, um vaso 
sanguíneo temporário, chamado de ducto 
ou canal arterial, desvia o sangue do tronco 
pulmonar para a aorta. Por conseguinte, 
apenas um pequeno volume de sangue en-
tra nos pulmões fetais não funcionantes. O 
ducto ou canal arterial normalmente se fe-
cha logo após o nascimento, deixando um 
remanescente conhecido como ligamento 
arterial, que liga o arco da aorta e o tronco 
pulmonar. 
 
 
ESPESSURA E FUNÇÃO DO MIOCÁRDIO 
A espessura do miocárdio das quatro 
câmaras varia de acordo com a função de 
cada uma das câmaras. Os átrios de pare-
des finas entregam o sangue sob menos 
pressão aos ventrículos adjacentes. Como 
os ventrículos bombeiam o sangue sob maior 
pressão por distâncias maiores, suas pare-
des são mais espessas. Embora os ventrículos 
direito e esquerdo ajam como duas bombas 
separadas que ejetam simultaneamente vo-
lumes iguais de sangue, o lado direito tem 
uma carga de trabalho muito menor. 
Ele bombeia o sangue a uma curta 
distância para os pulmões a uma pressão 
inferior, e a resistência ao fluxo sanguíneo é 
pequena. O ventrículo esquerdo bombeia 
sangue por grandes distâncias a todas as 
outras partes do corpo com uma pressão 
maior, e a resistência ao fluxo sanguíneo é 
maior. Portanto, o ventrículo esquerdo tra-
balha muito mais arduamente do que o ven-
trículo direito para manter a mesma taxa de 
fluxo sanguíneo. A anatomia dos dois ventrí-
culos confirma esta diferença funcional – a 
parede muscular do ventrículo esquerdo é 
consideravelmente mais espessa do que a 
parede do ventrículo direito. O lúmen do 
ventrículo esquerdo é mais ou menos circular, 
em contraste com o do ventrículo direito, 
cujo formato é discretamente semilunar. 
 
ESQUELETO FIBROSO DO CORAÇÃO 
Além do tecido muscular cardíaco, a 
parede do coração também contém tecido 
conjuntivo denso que forma o esqueleto fi-
broso do coração. Essencialmente, o esque-
leto fibroso é constituído por quatro anéis 
de tecido conjuntivo denso que circundam 
as valvas cardíacas, unidos um ao outro, e 
que se fundem ao septo interventricular. 
Além de formar uma base estrutural 
para as valvas cardíacas, o esqueleto fi-
broso evita o estiramento excessivo das val-
vas enquanto o sangue passa por elas. 
Também serve como um ponto de inserção 
para os feixes de fibras musculares cardía-
cas e atua como um isolante elétrico entre 
os átrios e ventrículos. 
 
 
 
CIRCUITOS VASCULARES 
O coração consiste em duas bombas 
musculares que, embora adjacentes, atuam 
em série, dividindo a circulação em dois 
componentes: os circuitos ou circulações 
pulmonar e sistêmica. O ventrículo direito im-
pulsiona o sangue pobre em oxigênio que 
retorna da circulação sistêmica para os pul-
mões por meio das artérias pulmonares. 
O dióxido de carbono é trocado por 
oxigênio nos capilares pulmonares e, então, 
o sangue rico em oxigênio é reconduzido 
pelas veias pulmonares ao átrio esquerdo 
do coração. Esse circuito, que tem início no 
ventrículo direito, passa pelos pulmões e 
chega ao átrio esquerdo, é a circulação 
pulmonar. O ventrículo esquerdo impulsiona 
o sangue rico em oxigênio que chega ao 
coração, proveniente da circulação pulmo-
nar, por meio das artérias sistêmicas (aorta 
e seus ramos), e há troca de oxigênio e nu-
trientes por dióxido de carbono no restante 
dos capilares do corpo. O sangue pobre em 
oxigênio retorna ao átrio direito através das 
veias sistêmicas (tributárias das veias cavas 
superior e inferior). Esse circuito, do ventrículo 
esquerdo ao átrio esquerdo, é a circulação 
sistêmica. A circulação sistêmica, na ver-
dade, consiste em muitos circuitos paralelos 
que servem às várias regiões e sistemas do 
corpo. 
 
 
 
 VASOS SANGUÍNEOS 
Existem três tipos de vasos sanguíneos: 
artérias, veias e capilares. O sangue sai do 
coração sob alta pressão e é distribuído 
para o corpo por um sistema ramificado de 
artérias com paredes espessas. Os vasos de 
distribuição final, arteríolas, levam sangue 
oxigenado para os capilares. 
Os capilares formam um leito capilar, 
onde ocorre troca de oxigênio, nutrientes, 
resíduos e outras substâncias com o líquido 
extracelular. O sangue do leito capilar entra 
em vênulas de paredes finas, semelhantes a 
capilares largos. As vênulas drenam para 
pequenas veias que se abrem em veias mai-
ores. As veias maiores, que são as veias ca-
vas superior e inferior, reconduzem o sangue 
pouco oxigenado para o coração. A maio-
ria dos vasos sanguíneos do sistema circula-
tório tem três camadas ou túnicas: 
• Túnica íntima, um revestimento interno 
formado por uma única camada de 
células epiteliais muito achatadas, o 
endotélio, sustentado por delicado 
tecido conjuntivo. Os capilares são 
formados apenas por essa túnica, e 
os capilares sanguíneos também têm 
uma membrana basal de sustentação; 
• Túnica média, uma camada intermedi-
ária que consiste basicamente em 
músculo liso; 
• Túnica externa, uma bainha ou ca-
mada externa de tecido conjuntivo. 
 
 
 
As grandes artérias elásticas (artérias 
condutoras) têm muitas camadas elásticas 
(lâminas de fibras elásticas) em suas pare-
des. Inicialmente, essas grandes artérias re-
cebem o débito cardíaco. A elasticidade 
permite sua expansão quando recebem o 
débito cardíaco dos ventrículos, minimi-
zando a variação de pressão, e o retorno 
ao tamanho normal entre as contrações 
ventriculares, quando continuam a empurrar 
o sangue para as artérias médias a jusante. 
Isso mantém a pressão no sistema ar-
terial entre as contrações cardíacas (no mo-
mento em que a pressão ventricular cai a 
zero). Em geral, isso minimiza o declínio da 
pressão arterialquando o coração contrai 
e relaxa. Exemplos de grandes artérias elás-
ticas são a aorta, as artérias que se origi-
nam no arco da aorta (tronco braquiocefá-
lico, artéria subclávia e artéria carótida), 
além do tronco e das artérias pulmonares. 
As artérias musculares médias (artérias 
distribuidoras) têm paredes formadas princi-
palmente por fibras musculares lisas dispos-
tas de forma circular. Sua capacidade de 
reduzir seu diâmetro (vasoconstrição) con-
trola o fluxo sanguíneo para diferentes par-
tes do corpo, conforme exigido pela circuns-
tância (ex., atividade, termorregulação). As 
contrações pulsáteis de suas paredes mus-
culares (seja qual for o diâmetro do lúmen) 
causam a constrição temporária e rítmica 
dos lumens em sequência progressiva, pro-
pelindo e distribuindo o sangue para várias 
partes do corpo. As artérias nominadas, in-
clusive aquelas observadas na parede do 
corpo e nos membros durante a dissecção, 
como as artérias braquial ou femoral, são, 
em sua maioria, artérias musculares médias 
As pequenas artérias e arteríolas têm 
lumens relativamente estreitos e paredes 
musculares espessas. O grau de enchimento 
dos leitos capilares e o nível da pressão ar-
terial no sistema vascular são controlados 
principalmente pelo grau de tônus (firmeza) 
no músculo liso das paredes arteriolares. Se 
o tônus for maior que o normal, ocorre hiper-
tensão (aumento da pressão arterial). 
As pequenas artérias geralmente não 
têm nomes nem identificação específica du-
rante a dissecção, e as arteríolas só podem 
ser vistas quando ampliadas. As anastomo-
ses (comunicações) entre os múltiplos ramos 
de uma artéria oferecem vários possíveis 
desvios para o fluxo sanguíneo em caso de 
obstrução do trajeto habitual por compres-
são pela posição de uma articulação, do-
ença ou ligadura cirúrgica. Quando um ca-
nal principal é ocluído, os canais opcionais 
menores costumam aumentar de tamanho em 
um período relativamente curto, proporcio-
nando uma circulação colateral que ga-
rante o suprimento sanguíneo para estrutu-
ras distais à obstrução. Entretanto, é preciso 
tempo para que haja abertura adequada 
das vias colaterais; elas geralmente são 
insuficientes para compensar a oclusão ou 
ligadura súbita. 
Há áreas, porém, em que a circulação 
colateral inexiste ou é inadequada para 
substituir o canal principal. As artérias que 
não se anastomosam com as artérias adja-
centes são artérias terminais verdadeiras 
(anatômicas). A oclusão de uma artéria ter-
minal interrompe o suprimento sanguíneo 
para a estrutura ou segmento do órgão que 
irriga. As artérias terminais verdadeiras su-
prem a retina, por exemplo, onde a oclusão 
resulta em cegueira. Embora não sejam arté-
rias terminais verdadeiras, artérias terminais 
funcionais (artérias com anastomoses insufi-
cientes) irrigam segmentos do encéfalo, fí-
gado, rins, baço e intestinos; também podem 
ser encontradas no coração. 
 
 
 
As veias geralmente reconduzem o sangue 
pobre em oxigênio dos leitos capilares para 
o coração, o que confere às veias uma 
aparência azul-escura. 
As grandes veias pulmonares são atípicas 
porque conduzem sangue rico em oxigênio 
dos pulmões para o coração. Em vista da 
menor pressão arterial no sistema venoso, as 
paredes (a túnica média) das veias são mais 
finas que as das artérias acompanhantes. 
Normalmente, as veias não pulsam e não eje-
tam nem jorram sangue quando secciona-
das. Existem três tamanhos de veias: As vê-
nulas são as menores veias. As vênulas dre-
nam os leitos capilares e se unem a vasos 
semelhantes para formar pequenas veias. A 
observação das vênulas requer ampliação. 
As pequenas veias são tributárias de veias 
maiores que se unem para formar plexos ve-
nosos, como o arco venoso dorsal do pé. As 
pequenas veias não recebem nome. 
 
 
 
As veias médias drenam plexos veno-
sos e acompanham as artérias médias. Nos 
membros e em alguns outros locais onde a 
força da gravidade se opõe ao fluxo san-
guíneo as veias médias têm válvulas veno-
sas, válvulas passivas que permitem o fluxo 
sanguíneo em direção ao coração, mas não 
no sentido inverso. 
Os exemplos de veias médias incluem 
as denominadas veias superficiais (veias ce-
fálica e basílica dos membros superiores e 
as veias safenas magna e parva dos mem-
bros inferiores) e as veias acompanhantes 
que recebem o mesmo nome da artéria que 
acompanham. 
As grandes veias são caracterizadas 
por largos feixes de músculo liso longitudinal 
e uma túnica externa bem desenvolvida. Um 
exemplo é a veia cava superior. 
O número de veias é maior que o de 
artérias. Embora suas paredes sejam mais fi-
nas, seu diâmetro costuma ser maior que o 
diâmetro da artéria correspondente. As pa-
redes finas proporcionam grande capaci-
dade de expansão, e as veias se expandem 
quando o retorno do sangue para o cora-
ção é impedido por compressão ou por 
pressão interna (p. ex., manobra de Val-
salva). Como as artérias e veias formam um 
circuito, seria esperado que metade do vo-
lume sanguíneo estivesse nas artérias e me-
tade nas veias. No entanto, em razão do 
maior diâmetro e à capacidade de expan-
são das veias, em geral apenas 20% do san-
gue estão nas artérias, enquanto 80% en-
contram-se nas veias. Embora, para simplifi-
car, frequentemente sejam representadas 
isoladas nas ilustrações, as veias tendem a 
ser duplas ou múltiplas. 
Aquelas que acompanham as artérias 
profundas — veias acompanhantes— circun-
dam-nas em uma rede com ramificações ir-
regulares. Essa organização serve como tro-
cador de calor em contracorrente, no qual 
o sangue arterial morno aquece o sangue 
venoso mais frio em seu retorno de uma ex-
tremidade fria para o coração. As veias 
acompanhantes ocupam uma bainha vas-
cular fascial relativamente rígida junto com 
a artéria que acompanham. Consequente-
mente, quando a artéria se expande du-
rante a contração do coração, as veias são 
distendidas e achatadas, o que ajuda a 
conduzir o sangue venoso para o coração 
— uma bomba arteriovenosa. 
 
As veias sistêmicas são mais variáveis 
do que as artérias, e as anastomoses veno-
sas — comunicações naturais, diretas ou in-
diretas, entre duas veias — são mais frequen-
tes. A expansão externa dos ventres dos 
músculos esqueléticos que se contraem nos 
membros, limitada pela fáscia muscular, com-
prime as veias, “ordenhando” o sangue para 
cima em direção ao coração; outro tipo 
(musculovenoso) de bomba venosa. 
As válvulas venosas interrompem as 
colunas de sangue, aliviando, assim, a pres-
são nas partes mais baixas e só permitindo 
que o sangue venoso flua em direção ao 
coração. A congestão venosa que ocorre 
nos pés quentes e cansados ao fim de um 
dia de trabalho é aliviada repousando-se 
os pés sobre um banco mais alto que o 
tronco (do corpo). Essa posição dos pés 
também ajuda no retorno venoso do sangue 
para o coração. 
 
 
 
Para beneficiar as células que formam os te-
cidos do corpo, o oxigênio e os nutrientes 
conduzidos pelas artérias precisam sair dos 
vasos transportadores e passar para o es-
paço extravascular entre as células, o es-
paço extracelular (intercelular) no qual vi-
vem as células. Os capilares são tubos en-
doteliais simples que unem os lados arterial 
e venoso da circulação e permitem a troca 
de materiais com o líquido extracelular (LEC) 
ou intersticial. Os capilares geralmente são 
organizados em leitos capilares, redes que 
unem as arteríolas e as vênulas. 
 
O sangue entra nos leitos capilares por meio 
das arteríolas que controlam o fluxo e é dre-
nado pelas vênulas. À medida que a pres-
são hidrostática nas arteríolas força a en-
trada e a passagem do sangue no leito ca-
pilar, também força a saída de líquido con-
tendo oxigênio, nutrientes e outros materiais 
do sangue na extremidade arterial do leito 
capilar (a montante) para os espaços ex-
tracelulares, permitindo a troca com células 
do tecido adjacente. As paredes capilares, 
porém, são relativamente impermeáveis às 
proteínas plasmáticas. A jusante, na extremi-
dadevenosa do leito, a maior parte desse 
LEC — agora contendo resíduos e dióxido 
de carbono — é reabsorvida pelo sangue 
graças à pressão osmótica gerada pela 
maior concentração de proteínas no capi-
lar. Em algumas áreas, como nos dedos das 
mãos, há conexões diretas entre as peque-
nas arteríolas e vênulas proximais aos leitos 
capilares que irrigam e drenam. Os locais 
dessas comunicações — anastomoses arteri-
olovenulares (arteriovenosas) (AAV) — permi-
tem que o sangue passe diretamente do 
lado arterial para o lado venoso da circu-
lação sem atravessar os capilares. A pele 
tem muitos shunts AV, que são importantes na 
conservação do calor corporal. Em algumas 
situações, o sangue atravessa dois leitos 
capilares antes de voltar ao coração; um 
sistema venoso que une dois leitos capilares 
constitui um sistema venoso porta. O sistema 
venoso no qual o sangue rico em nutrientes 
passa dos leitos capilares do sistema diges-
tório para os leitos capilares ou sinusóides 
do fígado — o sistema porta do fígado — é 
o principal exemplo. 
 
 
VALVAS E CIRCULAÇÃO DO SANGUE 
Quando cada uma das câmaras do 
coração se contrai, empurra um volume de 
sangue a um ventrículo ou para fora do co-
ração a uma artéria. As valvas se abrem e 
fecham em resposta às mudanças de pres-
são conforme o coração se contrai e relaxa. 
Cada uma das quatro valvas ajuda a as-
segurar o fluxo unidirecional de sangue 
através da abertura ao possibilitar que o 
sangue passe e, em seguida, se fechando 
para impedir o seu refluxo. 
 
 
Como estão localizadas entre um átrio e um 
ventrículo, estas valvas são chamadas atri-
oventriculares (AV) direita e esquerda. 
Quando uma valva AV está aberta, as ex-
tremidades arredondadas das válvulas se 
projetam para o ventrículo. Quando os ven-
trículos estão relaxados, os músculos papila-
res estão relaxados, as cordas tendíneas es-
tão frouxas, e o sangue se move de uma 
área de maior pressão no átrio para uma de 
menor pressão nos ventrículos através das 
valvas AV abertas. 
 
 
 
Quando os ventrículos se contraem, a 
pressão do sangue aciona as válvulas para 
cima até que suas extremidades se encon-
trem e fechem a abertura. Ao mesmo tempo, 
os músculos papilares se contraem, o que 
traciona e retesa as cordas tendíneas. Isso 
impede que as válvulas das valvas evertam 
em resposta à alta pressão ventricular. Se as 
valvas AV ou cordas tendíneas estiverem 
danificadas, o sangue pode regurgitar para 
os átrios quando os ventrículos se contraem. 
 
 
As valvas da aorta e do tronco pulmonar 
são compostas por três válvulas semilunares. 
Cada válvula se insere na parede arterial 
por sua margem externa convexa. As valvas 
do tronco pulmonar e da aorta possibilitam 
a ejeção de sangue do coração para as 
artérias, mas evitam o refluxo de sangue 
para os ventrículos. As margens livres das 
válvulas se projetam parato lúmen da arté-
ria. Quando os ventrículos se contraem, a 
pressão se acumula nas câmaras. 
 
 
 
As valvas do tronco pulmonar e da aorta se 
abrem quando a pressão no ventrículo é su-
perior à pressão nas artérias, possibilitando 
a ejeção do sangue dos ventrículos para o 
tronco pulmonar e aorta. Conforme os ven-
trículos relaxam, o sangue começa a refluir 
para o coração. Este fluxo sanguíneo retró-
grado enche as válvulas da valva, o que 
faz com que as margens livres das valvas do 
tronco pulmonar e da aorta se contraiam fir-
memente uma contra a outra e fechem a 
abertura entre o ventrículo e a artéria. 
 
 
 
CIRCULAÇÕES SISTÊMICA E PULMONAR 
Na circulação pós-natal, o coração 
bombeia o sangue em dois circuitos fecha-
dos a cada contração – circulação sistê-
mica e circulação pulmonar. 
 
Os dois circuitos estão dispostos em 
série: a saída de um torna-se a entrada do 
outro, como aconteceria ao conectar duas 
mangueiras de jardim. O lado esquerdo do 
coração é a bomba para a circulação sis-
têmica; ele recebe sangue oxigenado (rico 
em oxigênio) vermelho brilhante dos pulmões. 
 
 
 
O ventrículo esquerdo ejeta sangue 
para a aorta. A partir da aorta, o sangue 
se divide em correntes separadas, entrando 
progressivamente em artérias sistêmicas me-
nores que o transportam a todos os órgãos 
do corpo – com exceção dos alvéolos dos 
pulmões, os quais são irrigados pela circula-
ção pulmonar. Nos tecidos sistêmicos, as ar-
térias dão origem a arteríolas de menor di-
âmetro, que por fim levam a extensos leitos 
de capilares sistêmicos. A troca de nutrientes 
e gases ocorre através das finas paredes 
capilares. O sangue libera O2 (oxigênio) e 
capta CO2 (dióxido de carbono). Na maior 
parte dos casos, o sangue flui por meio de 
um único capilar e então entra em uma vê-
nula sistêmica. 
As vênulas transportam o sangue de-
soxigenado dos tecidos e se fundem para 
formar veias sistêmicas maiores. Por fim, o 
sangue reflui para o átrio direito. O lado di-
reito do coração é a bomba para a circu-
lação pulmonar; ele recebe todo o sangue 
desoxigenado vermelho-escuro que retorna 
da circulação sistêmica. O sangue ejetado 
do ventrículo direito flui para o tronco pul-
monar, que se divide em artérias pulmonares 
que levam o sangue para os pulmões direito 
e esquerdo. Nos capilares pulmonares, o 
sangue descarrega o CO2, que é expirado, 
e capta o O2 do ar inalado. O sangue re-
centemente oxigenado então flui para as 
veias pulmonares e retorna ao átrio es-
querdo. 
 
CIRCULAÇÃO CORONARIANA 
Os nutrientes não conseguem se di-
fundir rapidamente o suficiente do sangue 
das câmaras do coração para suprir todas 
as camadas de células que formam a pa-
rede do coração. Por isso, o miocárdio tem 
a sua própria rede de vasos sanguíneos, a 
circulação coronariana ou circulação car-
díaca. As artérias coronárias ramificam-se 
da parte ascendente da aorta e cercam o 
coração como uma coroa circundando a 
cabeça. Enquanto o coração está se con-
traindo, pouco sangue flui nas artérias co-
ronárias, porque elas estão bem comprimi-
das. Quando o coração relaxa, no entanto, 
a pressão do sangue elevada na aorta im-
pulsiona o sangue ao longo das artérias co-
ronárias até os vasos capilares e, em se-
guida, às veias coronárias. 
 
 
Duas artérias coronárias, as artérias coroná-
rias esquerda e direita, ramificam-se da 
parte ascendente da aorta e fornecem san-
gue oxigenado para o miocárdio. A artéria 
coronária esquerda passa inferiormente à 
aurícula esquerda e se divide nos ramos in-
terventricular anterior e circunflexo. O ramo 
interventricular anterior encontra-se anterior-
mente ao sulco interventricular anterior e for-
nece sangue oxigenado às paredes de am-
bos os ventrículos. O ramo circunflexo en-
contras-e no sulco coronário e distribui san-
gue oxigenado às paredes do ventrículo es-
querdo e átrio esquerdo. A artéria coronária 
direita emite pequenos ramos (ramos atriais) 
para o átrio direito. Ela continua inferior-
mente à aurícula direita e, por fim, se divide 
em ramos interventricular posterior e marginal 
direito. O ramo interventricular posterior se-
gue o sulco interventricular posterior e irriga 
as paredes dos dois ventrículos com sangue 
oxigenado. O ramo marginal posterior além 
do sulco coronário corre ao longo da mar-
gem direita do coração e transporta san-
gue oxigenado à parede do ventrículo di-
reito. A maior parte do corpo recebe sangue 
de ramos de mais de uma artéria, e onde 
duas ou mais artérias irrigam a mesma re-
gião, elas normalmente se conectam entre si. 
Essas conexões, chamadas de anas-
tomoses, fornecem vias alternativas, chama-
das de circulação colateral, para que o 
sangue chegue a um órgão ou tecido espe-
cífico. O miocárdio contém muitas anasto-
moses que conectam ramos de uma determi-
nada artéria coronária ou se estendem entre 
os ramos de diferentes artérias coronárias. 
Elas fornecem desvios para o sangue arterial 
se uma via principal estiver obstruída. 
Assim, o músculo cardíaco pode rece-
ber oxigênio suficiente, mesmo que uma de 
suas artérias coronárias esteja parcialmente 
bloqueada. 
 
Depois de osangue passar pelas artérias 
da circulação coronariana, ele flui para os 
capilares, onde fornece oxigênio e nutrientes 
ao músculo cardíaco e coleta dióxido de 
carbono e escórias metabólicas e, em se-
guida, desloca-se para as veias coronárias. 
 
A maior parte do sangue venoso do miocár-
dio drena para um grande seio vascular no 
sulco coronário na face posterior do cora-
ção, chamado seio coronário. 
 
 
 
O sangue venoso do seio coronário drena 
para o átrio direito. As principais tributárias 
que transportam sangue para o seio coro-
nário são: 
Veia cardíaca magna no sulco inter-
ventricular anterior, que drena as áreas do 
coração irrigadas pela artéria coronária es-
querda (ventrículo esquerdo e direito e átrio 
esquerdo); 
Veia interventricular posterior no sulco 
interventricular posterior, que drena as áreas 
irrigadas pelo ramo interventricular posterior 
da artéria coronária direita (ventrículos es-
querdo e direito); 
Veia cardíaca parva no sulco coro-
nário, que drena o átrio direito e o ventrículo 
direito; 
Veias anteriores do ventrículo direito, 
que drenam o ventrículo direito e drenam di-
retamente para o átrio direito. 
Quando o bloqueio de uma artéria 
coronária priva o músculo cardíaco de oxi-
gênio, a reperfusão, o restabelecimento do 
fluxo sanguíneo, pode danificar ainda mais 
o tecido. Este efeito surpreendente é decor-
rente da formação de radicais livres de oxi-
gênio a partir do oxigênio reintroduzido. Os 
radicais livres são moléculas que apresen-
tam um elétron não pareado. Estas molécu-
las instáveis, muito reativas, causam reações 
em cadeia que levam a danos e morte ce-
lulares. 
Para combater os efeitos dos radicais 
livres de oxigênio, as células do corpo pro-
duzem enzimas que convertem os radicais li-
vres em substâncias menos reativas. Duas 
dessas enzimas são o superóxido dismutase 
e a catalase. Além disso, os nutrientes – como 
a vitamina E, a vitamina C, o betacaroteno, 
o zinco e o selênio – atuam como antioxi-
dantes, que eliminam os radicais livres de 
oxigênio da circulação. Atualmente estão 
sendo desenvolvidos fármacos que diminuem 
a lesão de reperfusão após um infarto 
agudo do miocárdio (IAM) ou acidente vas-
cular cerebral (AVC) ou encefálico (AVE). 
 
 
HISTOLOGIA DO MÚSCULO CARDÍACO 
Em comparação às fibras musculares 
esqueléticas, as fibras musculares cardíacas 
são mais curtas e menos circulares em um 
corte transversal. Também apresentam rami-
ficação, que dão a cada fibra muscular 
cardíaca uma aparência de “degrau”. 
Uma fibra de músculo cardíaco típica 
tem 50 a 100μm de comprimento e cerca de 
14μm de diâmetro. Geralmente, existe um nú-
cleo central, embora uma célula ocasional-
mente tenha dois núcleos. As extremidades 
das fibras musculares cardíacas se ligam às 
fibras vizinhas por espessamentos transver-
sais irregulares de sarcolema chamados dis-
cos intercalares. Os discos contêm desmos-
somos, que mantêm as fibras unidas, e jun-
ções comunicantes, que possibilitam que os 
potenciais de ação musculares sejam con-
duzidos de uma fibra muscular para as fibras 
vizinhas. As junções comunicantes possibili-
tam que todo o miocárdio dos átrios ou dos 
ventrículos se contraia como uma única uni-
dade, coordenada. 
 
 
As mitocôndrias são maiores e mais 
numerosas nas fibras do músculo cardíaco 
do que nas fibras musculares esqueléticas. 
Em uma fibra muscular cardíaca, elas ocu-
pam 25% do espaço do citosol; em uma fibra 
muscular esquelética, apenas 2% do espaço 
do citosol é ocupado pelas mitocôndrias. 
As fibras musculares cardíacas têm o 
mesmo arranjo de actina e miosina, e as mes-
mas bandas, zonas e discos Z, que as fibras 
musculares esqueléticas. Os túbulos transver-
sos do músculo cardíaco são mais largos, 
mas menos abundantes do que no músculo 
esquelético; há um único túbulo transverso 
por sarcômero no disco Z. O retículo sarco-
plasmático das fibras musculares cardíacas 
é um pouco menor do que o RS das fibras 
musculares esqueléticas. Como resultado, o 
músculo cardíaco tem uma menor reserva in-
tracelular de Ca 2+. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIBRAS AUTORRÍTMICAS – 
O SISTEMA DE CONDUÇÃO 
A atividade elétrica inerente e rítmica 
é o motivo das contrações cardíacas ao 
longo da vida. A fonte desta atividade elé-
trica é uma rede de fibras musculares cardí-
acas especializadas chamadas fibras au-
torrítmicas, porque são autoexcitáveis. As fi-
bras autorrítmicas produzem repetidamente 
potenciais de ação que desencadeiam 
contrações cardíacas. Elas continuam esti-
mulando o coração a contrair, mesmo após 
terem sido removidas do corpo – como por 
exemplo quando o coração é retirado para 
ser transplantado para outra pessoa – e to-
dos os seus nervos foram seccionados. 
Durante o desenvolvimento embrioná-
rio, aproximadamente 1% das fibras muscu-
lares cardíacas tornam-se fibras autorrítmi-
cas; estas fibras relativamente raras têm 
duas funções importantes: Agem como mar-
capasso, definindo o ritmo da excitação 
elétrica que provoca a contração do cora-
ção. Formam o sistema de condução do co-
ração, uma rede de fibras musculares cardí-
acas especializadas que oferecem uma via 
para que cada ciclo de excitação cardí-
aca se propague pelo coração. 
 
O sistema de condução garante que 
as câmaras do coração sejam estimuladas 
de modo a se contrair coordenadamente, o 
que torna o coração uma bomba eficaz. Os 
problemas com as fibras autorrítmicas po-
dem resultar em arritmias, em que o coração 
se contrai de modo irregular, muito rápido 
ou muito lento. Os potenciais de ação car-
díacos se propagam ao longo do sistema 
de condução na seguinte sequência: 
→ A excitação cardíaca normalmente 
começa no nó sinoatrial (SA), localizado na 
parede atrial direita, discretamente inferior e 
lateral à abertura da veia cava superior. As 
células do nó SA não têm potencial de re-
pouso estável. Em vez disso, elas se despo-
larizam repetida e espontaneamente até um 
limiar. A despolarização espontânea é um 
potencial marcapasso. Quando o potencial 
marcapasso alcança o limiar, ele dispara um 
potencial de ação. Cada potencial de 
ação do nó SA se propaga ao longo de 
ambos os átrios via junções comunicantes 
nos discos intercalares das fibras musculares 
atriais. Após o potencial de ação, os dois 
átrios se contraem ao mesmo tempo. 
 
→ Ao ser conduzido ao longo das fi-
bras musculares atriais, o potencial de ação 
alcança o nó atrioventricular (AV), locali-
zado no septo interatrial, imediatamente an-
terior à abertura do seio coronário. No nó 
AV, o potencial de ação se desacelera con-
sideravelmente, como resultado de várias di-
ferenças na estrutura celular do nó AV. Este 
atraso fornece tempo para os átrios drena-
rem seu sangue para os ventrículos. 
→ A partir do nó AV, o potencial de 
ação entra no fascículo atrioventricular (AV) 
(feixe de His,). Este fascículo é o único local 
em que os potenciais de ação podem ser 
conduzidos dos átrios para os ventrículos. 
→ Depois da propagação pelo fas-
cículo AV, o potencial de ação entra nos 
ramos direito e esquerdo. Os ramos se esten-
dem ao longo do septo interventricular em 
direção ao ápice do coração. 
→ Por fim, os ramos subendocárdicos 
calibrosos (fibras de Purkinje) conduzem ra-
pidamente o potencial de ação, come-
çando no ápice do coração e subindo em 
direção ao restante do miocárdio ventricu-
lar. Em seguida, os ventrículos se contraem, 
deslocando o sangue para cima em direção 
às válvulas semilunares. 
 
 
 
Por conta própria, as fibras autorrítmi-
cas do nó SA iniciariam um potencial de 
ação a cada 0,6 s, ou 100 vezes por minuto. 
Assim, o nó SA define o ritmo de contração 
do coração – é o marcapasso natural. Esta 
frequência é mais rápida do que a de qual-
quer outra fibra autorrítmica. Como os po-
tenciais de ação do nó SA se espalham ao 
longo do sistema de condução e estimulam 
outras áreas antes que estas sejam capazes 
de produzir um potencial de ação no seu 
próprio ritmo, mais lento, o nó SA age como 
o marcapassonatural do coração. 
Os impulsos nervosos da divisão au-
tônoma do sistema nervoso (SNA) e hormô-
nios transportados pelo sangue (como a 
epinefrina) modificam sua sincronização e 
força a cada batimento cardíaco, mas não 
estabelecem o ritmo de base. Em uma pes-
soa em repouso, por exemplo, a acetilcolina 
liberada pela parte parassimpática do SNA 
atrasa a estimulação do nó SA para a cada 
aproximadamente 0,8 s, ou 75 potenciais de 
ação por minuto. 
 
 
 
 
POTENCIAL DE AÇÃO E CONTRAÇÃO DAS 
FIBRAS CONTRÁTEIS 
O potencial de ação iniciado pelo 
nó SA propaga-se pelo sistema de condu-
ção e se espalha para excitar as fibras mus-
culares atriais e ventriculares “atuantes”, 
chamadas de fibras contráteis. Um potencial 
de ação ocorre em uma fibra contrátil do 
seguinte modo: 
→Despolarização. Ao contrário das 
fibras autorrítmicas, as fibras contráteis têm 
um potencial de repouso estável, que é de 
cerca de 90 mV. Quando uma fibra contrátil 
alcança seu limiar por um potencial de ação 
de fibras vizinhas, seus canais de Na + aci-
onados por voltagem se abrem. Estes canais 
de íons sódio são chamados de “rápidos” 
porque se abrem muito rapidamente em res-
posta a despolarização no nível do limiar. A 
abertura destes canais possibilita a entrada 
de Na +, porque o citosol das fibras contrá-
teis é eletricamente mais negativo do que o 
líquido intersticial e a concentração de Na 
+ é mais elevada no líquido intersticial. O in-
fluxo de Na + abaixo do gradiente eletro-
químico produz despolarização rápida. Em 
alguns milissegundos, os rápidos canais de 
Na + se inativam automaticamente e o influxo 
de Na + diminui. 
 
→Platô. A próxima fase de um poten-
cial de ação em uma fibra contrátil é o 
platô, um período de despolarização man-
tida. É em parte decorrente da abertura dos 
lentos canais de Ca 2+ acionados por vol-
tagem do sarcolema. Quando estes canais 
se abrem, os íons cálcio se movem do líquido 
intersticial (que tem uma maior concentra-
ção de Ca 2+) para o citosol. Este influxo 
de Ca 2+ faz com que ainda mais Ca 2+ 
saia do retículo sarcoplasmático para o ci-
tosol por canais adicionais de Ca 2+ da 
membrana do retículo sarcoplasmático. 
O aumento da concentração de Ca 
2+ no citosol por fim provoca a contração. 
Vários tipos diferentes de canais de K + aci-
onados por voltagem também são encon-
trados no sarcolema de uma fibra contrátil. 
Pouco antes da fase de platô começar, al-
guns desses canais de K + se abrem, possi-
bilitando que os íons potássio saiam da fibra 
contrátil. Por isso, a despolarização é sus-
tentada durante a fase de platô porque o 
influxo de Ca 2+ equilibra a saída de K +. 
A fase de platô dura cerca de 0,25 s, 
e o potencial de membrana da fibra contrá-
til está próximo de 0 mV. Para comparação, 
a despolarização em um neurônio ou de fi-
bra muscular esquelética é muito mais breve, 
de cerca de 1 ms (0,001 s), porque falta 
uma fase de platô. 
→Repolarização. A recuperação do 
potencial de repouso durante a fase de re-
polarização de um potencial de ação car-
díaco lembra o de outras células excitáveis. 
Após um atraso (que é particularmente pro-
longado no músculo cardíaco), canais de K 
+ acionados por voltagem adicionais se 
abrem. O influxo de K + restaura o potencial 
de repouso negativo (–90 mV). Ao mesmo 
tempo, os canais de cálcio do sarcolema e 
do retículo sarcoplasmático estão se fe-
chando, o que também contribui para a re-
polarização. 
O mecanismo de contração é seme-
lhante nos músculos cardíaco e esquelético: 
a atividade elétrica (potencial de ação) 
leva a uma resposta mecânica (contração) 
depois de um pequeno atraso. Conforme a 
concentração de Ca 2+ aumenta no interior 
de uma fibra contrátil, o Ca 2+ se liga à 
proteína reguladora troponina, que possibi-
lita que os filamentos de actina e miosina 
comecem a deslizar um sobre o outro, e a 
tensão começa a se desenvolver. Substân-
cias que alteram o fluxo de Ca 2+ através 
dos lentos canais de Ca 2+ influenciam a 
força das contrações cardíacas. 
A epinefrina, por exemplo, aumenta a 
força de contração melhorando o fluxo de 
Ca 2+ para o citosol. No músculo, o período 
refratário é o intervalo de tempo durante o 
qual uma segunda contração não pode ser 
acionada. O período refratário de uma fibra 
muscular cardíaca dura mais tempo do que 
a contração propriamente dita. Como resul-
tado, outra contração não pode começar 
até que o relaxamento esteja bem encami-
nhado. Por esta razão, a tetania (contração 
mantida) não pode ocorrer no músculo car-
díaco como no músculo esquelético. 
A vantagem é evidente, se você con-
siderar como os ventrículos trabalham. Sua 
função de bombeamento depende da al-
ternância entre contração (quando ejetam 
sangue) e relaxamento (quando se enchem). 
Se o músculo cardíaco pudesse sofrer teta-
nia, o fluxo sanguíneo cessaria. 
 
 
 
PRODUÇÃO DE ATP NO MÚSCULO CARDÍACO 
Ao contrário do músculo esquelético, 
o músculo cardíaco produz pouco do ATP 
que precisa por respiração celular anaeró-
bica. Em vez disso, depende quase que ex-
clusivamente da respiração celular aeró-
bica em suas diversas mitocôndrias. O oxi-
gênio necessário se difunde do sangue da 
circulação coronariana e é liberado da mi-
oglobina para as fibras musculares cardía-
cas. As fibras musculares cardíacas usam vá-
rios combustíveis para potencializar a pro-
dução de ATP mitocondrial. 
Em uma pessoa em repouso, o ATP do 
coração vem principalmente da oxidação 
de ácidos graxos e glicose, com menores 
contribuições do ácido láctico, aminoáci-
dos e corpos cetônicos. Durante o exercício, 
o uso do ácido láctico – produzido pela 
contração ativa dos músculos esqueléticos – 
pelo coração aumenta. 
Como o músculo esquelético, o mús-
culo cardíaco também produz um pouco de 
ATP a partir do fosfato de creatina. Um sinal 
de que um infarto agudo do miocárdio 
ocorreu é a elevação dos níveis sanguíneos 
de creatinoquinase (CK), a enzima que ca-
talisa a transferência de um grupo fosfato 
da creatina fosfato para o ADP a fim de pro-
duzir ATP. Normalmente, a CK e outras enzi-
mas estão confinadas nas células, mas fibras 
do músculo cardíaco ou esquelético lesio-
nadas ou mortas liberam creatinoquinase 
para o sangue. 
 
CICLO CARDÍACO 
Um único ciclo cardíaco inclui todos 
os eventos associados a um batimento car-
díaco. Assim, um ciclo cardíaco consiste em 
uma sístole e uma diástole dos átrios mais 
uma sístole e uma diástole dos ventrículos. 
Figura abaixo: sincronização e rota 
do potencial de ação de despolarização e 
repolarização ao longo do sistema de con-
dução e miocárdio. A cor verde indica a 
despolarização, e a vermelha indica a re-
polarização. 
 
 
 
 
 
 
Em cada ciclo cardíaco, os átrios e ventrí-
culos se contraem e relaxam alternadamente, 
forçando o sangue das áreas de alta pres-
são às áreas de baixa pressão. Enquanto 
uma câmara do coração se contrai, a pres-
são arterial dentro dela aumenta. A figura 
abixo mostra a relação entre os sinais elétri-
cos do coração (ECG) e as mudanças na 
pressão atrial, na pressão ventricular, na 
pressão aórtica e no volume ventricular du-
rante o ciclo cardíaco. As pressões mostra-
das na figura se aplicam ao lado esquerdo 
do coração; as pressões do lado direito são 
consideravelmente mais baixas. Cada ven-
trículo, no entanto, expele o mesmo volume 
de sangue por contração, e existe o mesmo 
padrão para as duas câmaras de bombe-
amento. Quando a frequência cardíaca é 
de 75 bpm, um ciclo cardíaco dura 0,8 s. 
Para analisar e correlacionar os eventos que 
ocorrem durante o ciclo cardíaco, vamos 
começar com a sístole atrial. 
 
 
 
SÍSTOLE ATRIAL 
Durante a sístole atrial, cerca de 0,1s, 
os átrios estão se contraindo. Ao mesmo 
tempo, os ventrículos estão relaxados. 
1- A despolarização do nó SA pro-
voca a despolarização atrial, marcada 
pela onda P no ECG. 
2- A despolarização atrial causa a 
sístole atrial. Conforme o átrio se contrai, ele 
exerce pressão sobre o sangue dentro dele, 
o que o forçaa passar através das valvas 
AV abertas para os ventrículos. 
3- A sístole atrial contribui com os úl-
timos 25 mℓ de sangue ao volume já existente 
em cada ventrículo (cerca de 105 mℓ). O fim 
da sístole atrial é também o fim da diástole 
ventricular (relaxamento). Assim, cada ventrí-
culo contém cerca de 130 mℓ no final do seu 
período de relaxamento (diástole). Este vo-
lume de sangue é chamado volume diastó-
lico final (VDF). 
4- O complexo QRS no ECG marca o 
início da despolarização ventricular. 
 
SÍSTOLE VENTRICULAR 
Durante a sístole ventricular, cerca de 0,3s, 
os ventrículos se contraem. Ao mesmo tempo, 
os átrios estão relaxados na diástole atrial. 
5- A despolarização ventricular pro-
voca a sístole ventricular. Conforme a sístole 
ventricular começa, a pressão intraventricu-
lar se eleva e “empurra” o sangue contra as 
valvas atrioventriculares (AV), forçando seu 
fechamento. Por cerca de 0,05s, as valvas 
atrioventriculares, do tronco pulmonar e da 
aorta estão fechadas. Este é o período de 
contração isovolumétrica. Durante este inter-
valo, as fibras musculares cardíacas estão 
se contraindo e exercendo força, mas ainda 
não estão se encurtando. Assim, a contra-
ção muscular é isométrica (mesmo compri-
mento). Além disso, como as quatro valvas 
estão fechadas, o volume ventricular perma-
nece o mesmo (isovolumétrica). 
6- A contração continuada dos ven-
trículos faz com que a pressão no interior 
das câmaras aumente acentuadamente. 
Quando a pressão ventricular esquerda ul-
trapassa a pressão aórtica em cerca de 80 
milímetros de mercúrio (mmHg) e a pressão 
ventricular direita sobe acima da pressão no 
tronco pulmonar (cerca de 20mmHg), as val-
vas do tronco pulmonar e da aorta se 
abrem. Neste momento, começa a ejeção de 
sangue do coração. O período durante o 
qual as valvas do tronco pulmonar e da 
aorta estão abertas é a ejeção ventricular, 
que tem a duração de cerca de 0,25s. A 
pressão no ventrículo esquerdo continua su-
bindo até cerca de 120mmHg, e a pressão 
no ventrículo direito sobe para cerca de 25 
a 30mmHg. 
7- O ventrículo esquerdo ejeta cerca 
de 70mℓ de sangue para a aorta, e o ven-
trículo direito ejeta o mesmo volume de san-
gue para o tronco pulmonar. O volume re-
manescente em cada ventrículo no final da 
sístole, cerca de 60 mℓ, é o volume sistólico 
final (VSF). O volume sistólico, o volume eje-
tado a cada batimento por cada ventrí-
culo, é igual ao volume diastólico final menos 
o volume sistólico final: VS = VDF – VSF. Em 
repouso, o volume sistólico é de aproxima-
damente 130 mℓ – 60 mℓ = 70 mℓ. 
8- A onda T do ECG marca o início 
da repolarização ventricular. 
 
PERÍODO DE RELAXAMENTO. 
Durante o período de relaxamento, 
cerca de 0,4s, os átrios e os ventrículos es-
tão relaxados. Conforme aumenta a fre-
quência cardíaca, o período de relaxa-
mento torna-se cada vez mais curto, en-
quanto a duração da sístole atrial e da sís-
tole ventricular se encurta discretamente. 
9- A repolarização ventricular pro-
voca a diástole ventricular. Conforme os 
ventrículos relaxam, a pressão no interior das 
câmaras cai, e o sangue da aorta e do 
tronco pulmonar começa a refluir para as re-
giões de baixa pressão nos ventrículos. O 
fluxo retrógrado de sangue atinge as válvu-
las das valvas e fecha as valvas do tronco 
pulmonar e da aorta. A valva da aorta se 
fecha a uma pressão de cerca de 100 
mmHg. O refluxo de sangue sobre as válvulas 
fechadas da valva da aorta produz a onda 
dicrótica na curva de pressão aórtica. De-
pois do fechamento das valvas do tronco 
pulmonar e da aorta, existe um breve inter-
valo em que o volume de sangue do ventrí-
culo não se modifica porque as quatro val-
vas estão fechadas. Este é o período de re-
laxamento isovolumétrico. 
10- Conforme os ventrículos conti-
nuam relaxando, a pressão cai rapidamente. 
Quando a pressão ventricular cai abaixo 
da pressão atrial, as valvas do tronco pul-
monar e da aorta se abrem e começa o en-
chimento ventricular. A maior parte do enchi-
mento ventricular ocorre logo após a aber-
tura das valvas do tronco pulmonar e da 
aorta. O sangue que fluiu para os átrios e 
ali se acumulou durante a sístole ventricular 
então se desloca rapidamente para os ven-
trículos. No final do período de relaxamento, 
os ventrículos estão cerca de 75% cheios. 
A onda P aparece no ECG, sinali-
zando o início de outro ciclo cardíaco. 
 
 
 
 
 
BULHAS CARDÍACAS 
A ausculta, o ato de ouvir sons do 
corpo, geralmente é feita com um estetoscó-
pio. O som dos batimentos cardíacos é de-
corrente principalmente da turbulência do 
sangue causada pelo fechamento das val-
vas cardíacas. O fluxo tranquilo do sangue 
é silencioso. Compare os sons de corredeiras 
ou de uma cachoeira com o silêncio de um 
rio que flui lentamente. Durante cada ciclo 
cardíaco, existem quatro bulhas cardíacas, 
mas em um coração normal apenas a pri-
meira e a segunda bulhas cardíacas (B1 e 
B2) são auscultadas com um estetoscópio. A 
primeira bulha (B1), a qual pode ser descrita 
como um som de tum, é mais forte e um pouco 
mais longa do que a segunda bulha. 
 
B1 é causada pela turbulência do 
sangue associada ao fechamento das val-
vas AV logo depois de a sístole ventricular 
começar. A segunda bulha (B2), que é mais 
breve e não tão forte quanto a primeira, 
pode ser descrita como um som de tá. B2 é 
causada pela turbulência no sangue asso-
ciada ao fechamento das valvas do tronco 
pulmonar e da aorta no início da diástole 
ventricular. Apesar de B1 e B2 serem decor-
rentes da turbulência do sangue associada 
ao fechamento de valvas, são mais bem aus-
cultadas na superfície do tórax em locais 
que são um pouco diferentes das localiza-
ções das valvas. Isto porque o som é trans-
portado pelo fluxo sanguíneo para longe 
das valvas. B3, que normalmente não é in-
tensa o suficiente para ser auscultada, é de-
corrente da turbulência do sangue durante 
o enchimento ventricular rápido, e B4 é oca-
sionada pela turbulência do sangue du-
rante a sístole atrial. 
 
 
 
DÉBITO CARDÍACO 
Embora o coração tenha fibras autor-
rítmicas que possibilitam a ele bater de 
modo independente, seu funcionamento é 
regulado por eventos que ocorrem em todo 
o corpo. As células do corpo precisam rece-
ber uma certo aporte de oxigênio do san-
gue a cada minuto para manter a saúde e 
a vida. Quando as células estão metaboli-
camente ativas, como durante o exercício, 
elas gastam ainda mais oxigênio do sangue. 
Durante os períodos de repouso, a 
demanda metabólica celular é reduzida, e 
a carga de trabalho do coração diminui. 
O débito cardíaco (DC) é o volume 
de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo 
(ou ventrículo direito) na aorta (ou tronco 
pulmonar) a cada minuto. O débito cardí-
aco é igual ao volume sistólico (VS), o vo-
lume de sangue ejetado pelo ventrículo a 
cada contração, multiplicado pela frequên-
cia cardíaca (FC), a quantidade de bati-
mentos cardíacos por minuto: 
 
DC (mℓ/min) = VS (mℓ/batimento) × FC (bati-
mentos/min). 
 
A reserva cardíaca é a diferença entre o 
débito cardíaco máximo de uma pessoa e o 
débito cardíaco em repouso. A pessoa mé-
dia tem uma reserva cardíaca de quatro ou 
cinco vezes o valor de repouso. 
 
ELETROCARDIOGRAMA 
Conforme os potenciais de ação se 
propagam ao longo do coração, eles pro-
duzem correntes elétricas que podem ser de-
tectadas na superfície do corpo. O eletro-
cardiograma (ECG) é um registro desses si-
nais elétricos. O ECG é composto pelo re-
gistro do potencial de ação produzido por 
todas as fibras musculares do coração du-
rante cada batimento cardíaco. 
O instrumento utilizado para registrar 
as alterações é um eletrocardiógrafo. Na 
prática clínica, posicionam-se eletrodos nos 
braços e pernas (derivações dos membros) 
e em seis posições do tórax (derivações to-
rácicas) para registrar o ECG. 
O eletrocardiógrafo amplifica os si-
nais elétricos do coração e produz 12 tra-
çados diferentes a partir das distintas com-
binações de derivações de membrose tó-
rax. Cada eletrodo no membro e tórax regis-
tra uma atividade elétrica discretamente di-
ferente, por causa da diferença em sua po-
sição em relação ao coração. 
Ao comparar estes registros entre si e 
com registros normais, é possível determinar 
(1) se a via condutora está anormal, (2) se 
o coração está dilatado, (3) se determina-
das regiões do coração estão danificadas 
e (4) a causa da dor torácica. Em um regis-
tro típico, três ondas claramente reconhecí-
veis aparecem a cada batimento cardíaco. 
A primeira, chamada onda P, é um pequeno 
desvio para cima no ECG. A onda P repre-
senta a despolarização atrial, que se pro-
paga do nó SA ao longo das fibras contrá-
teis em ambos os átrios. A segunda onda, 
denominada complexo QRS, começa com 
uma deflexão para baixo, continua como 
uma grande onda vertical triangular, e ter-
mina como uma onda descendente. 
O complexo QRS representa a despo-
larização ventricular rápida, conforme o po-
tencial de ação se propaga ao longo das 
fibras contráteis ventriculares. A terceira 
onda é um desvio para cima em forma de 
cúpula chamada de onda T. Indica a repo-
larização ventricular e ocorre apenas 
quando os ventrículos começam a relaxar. A 
onda T é menor e mais larga do que o com-
plexo QRS, porque a repolarização ocorre 
mais lentamente do que a despolarização. 
Durante o período de platô da despolariza-
ção constante, o traçado do ECG é reto. 
 
 
 
 
Na leitura de um ECG, o tamanho das 
ondas pode fornecer indícios de anomalias. 
Ondas P maiores indicam aumento das di-
mensões de um átrio; uma onda Q alargada 
pode indicar um infarto agudo do miocárdio 
e uma onda R alargada geralmente indica 
ventrículos aumentados. A onda T é mais 
plana do que o normal quando o músculo 
cardíaco não está recebendo oxigênio su-
ficiente – como por exemplo na doença da 
artéria coronária. A onda T pode estar ele-
vada na hiperpotassemia (nível de K + ele-
vado no sangue). A análise de um ECG tam-
bém envolve medir os intervalos de tempo 
entre ondas, que são chamados intervalos 
ou segmentos. Por exemplo, o intervalo PQ é 
o tempo desde o início da onda P até o 
início do complexo QRS. 
Representa o tempo de condução do 
início da excitação atrial até o início da ex-
citação ventricular. Dito de outro modo, o 
intervalo PQ é o tempo necessário para que 
o potencial de ação avance pelos átrios, 
nó atrioventricular e fibras restantes do sis-
tema de condução. 
Quando o potencial de ação é for-
çado a desviar de um tecido cicatricial 
causado por distúrbios como uma doença 
da artéria coronária e febre reumática, o in-
tervalo PQ se alonga. 
O segmento ST, que começa no fim da 
onda → e termina no início da onda T, re-
presenta o momento em que as fibras con-
tráteis ventriculares são despolarizadas du-
rante a fase de platô do potencial de ação. 
O segmento ST está elevado (acima da li-
nha de base) no IAM e deprimido (abaixo 
da linha de base) quando o músculo cardí-
aco não recebe oxigênio suficiente. 
O intervalo QT se estende do início 
do complexo QRS até ao final da onda T. É 
o tempo a partir do início da despolariza-
ção ventricular até o fim da repolarização 
ventricular. O intervalo QT pode ser prolon-
gado por dano miocárdico, isquemia mio-
cárdica (diminuição do fluxo sanguíneo) ou 
anormalidades de condução. Às vezes, é útil 
avaliar a resposta do coração ao estresse 
do exercício físico (provas de esforço). 
Embora artérias coronárias estreita-
das consigam transportar sangue oxige-
nado suficiente enquanto a pessoa está em 
repouso, elas não serão capazes de aten-
der a um aumento da demanda miocárdica 
de oxigênio durante o exercício extenuante. 
Esta situação cria alterações que podem ser 
vistas em um eletrocardiograma. 
 
Como você viu, os átrios e ventrículos se 
despolarizam e então se contraem em mo-
mentos diferentes porque o sistema de con-
dução conduz os potenciais de ação car-
díacos ao longo de uma via específica. 
As ondas do ECG predizem o mo-
mento da sístole e diástole atrial e ventricu-
lar. Em uma frequência de 75 bpm, a sincro-
nização é a seguinte: 
→ Um potencial de ação cardíaco 
surge no nó SA. Ele se propaga ao longo do 
músculo atrial e para baixo em direção ao 
nó AV em cerca de 0,03 s. Enquanto as fi-
bras contráteis atriais se despolarizam, a 
onda P aparece no ECG. 
→ Depois do início da onda P, os 
átrios se contraem (sístole atrial). A condu-
ção do potencial de ação se desacelera 
no nó AV, porque as fibras têm diâmetros 
muito menores e menos junções comunican-
tes. (O trânsito diminui de modo semelhante 
quando uma rodovia com quatro pistas se 
estreita para uma só pista em uma área de 
reforma!). O 0,1s de atraso resultante possi-
bilita tempo para os átrios se contraírem, au-
mentando assim o volume de sangue nos 
ventrículos antes de a sístole ventricular co-
meçar. 
→ O potencial de ação se propaga 
rapidamente de novo depois de entrar no 
fascículo AV. Cerca de 0,2s após o início da 
onda P, ele se propagou ao longo dos ra-
mos, ramos subendocárdios e todo o mio-
cárdio ventricular. A despolarização pro-
gride para baixo pelo septo, para cima a 
partir do ápice, e para fora da superfície do 
endocárdio, produzindo o complexo QRS. 
Ao mesmo tempo, ocorre a repolarização 
atrial, mas esta normalmente não é evidente 
em um ECG, porque os complexos QRS mai-
ores a mascaram. 
→ A contração das fibras contráteis 
ventriculares (sístole ventricular) começa 
pouco depois do complexo QRS aparecer e 
continua durante o segmento ST. Conforme 
a contração prossegue do ápice à base do 
coração, o sangue é espremido para cima 
em direção às válvulas semilunares. 
→ A repolarização das fibras contrá-
teis ventriculares começa no ápice e se es-
palha por todo o miocárdio ventricular. Isso 
produz a onda T do ECG em cerca de 0,4s 
depois do início da onda P. 
→ Logo após a onda T começar, os 
ventrículos começam a relaxar (diástole ven-
tricular). Em 0,6s, a repolarização ventricular 
está completa e as fibras contráteis ventri-
culares estão relaxadas. 
Durante o próximo 0,2s, as fibras con-
tráteis dos átrios e ventrículos estão relaxa-
das. Em 0,8 s, a onda P aparece novamente 
no ECG, os átrios começam a se contrair, e 
o ciclo se repete. Os eventos no coração 
ocorrem em ciclos que se repetem durante 
toda a sua vida. 
 
 
RESUMÃO 
 
O coração está localizado no mediastino; 
cerca de dois terços de sua massa ficam à 
esquerda da linha mediana. Tem a forma de 
um cone deitado de lado. Seu ápice é a 
parte inferior pontiaguda; sua base é a am-
pla parte superior. 
O pericárdio é a membrana que en-
volve e protege o coração; é constituída 
por uma camada fibrosa externa e um peri-
cárdio seroso interno, que é composto por 
uma lâmina parietal e uma lâmina visceral. 
Entre as camadas parietal e visceral do pe-
ricárdio seroso está a cavidade do pericár-
dio, um espaço potencial preenchido por al-
guns mililitros de líquido lubrificante, que re-
duz o atrito pericárdico entre as duas mem-
branas. 
Três camadas formam a parede do 
coração: o epicárdio, o miocárdio e o en-
docárdio. O epicárdio consiste em mesotélio 
e tecido conjuntivo, o miocárdio é formado 
pelo tecido muscular cardíaco, e o endo-
cárdio consiste em endotélio e tecido con-
juntivo. 
As câmaras do coração incluem duas 
câmaras superiores, os átrios direito e es-
querdo, e duas câmaras inferiores, os ventrí-
culos direito e esquerdo. As características 
externas do coração incluem as aurículas, o 
sulco coronário entre os átrios e ventrículos, 
e os sulcos anterior e posterior entre os ven-
trículos nas faces anterior e posterior do co-
ração, respectivamente. 
O átrio direito recebe sangue da 
veia cava superior, veia cava inferior e seio 
coronário. É separado internamente do átrio 
esquerdo pelo septo interatrial, que contém 
a fossa oval. O sangue sai do átrio direito 
através da valva atrioventricular direita. 
O ventrículo direito recebe sangue 
do átrio direito. Separado internamente do 
ventrículoesquerdo pelo septo interventricu-
lar, bombeia o sangue através da valva do 
tronco pulmonar para o tronco pulmonar. 
O sangue oxigenado entra no átrio 
esquerdo pelas veias pulmonares e sai pela 
valva atrioventricular esquerda. 
O ventrículo esquerdo bombeia o 
sangue oxigenado através da valva da 
aorta até a aorta. 
A espessura do miocárdio das quatro 
câmaras varia de acordo com a função da 
câmara. O ventrículo esquerdo, com a maior 
carga de trabalho, tem a parede mais es-
pessa. 
O esqueleto fibroso do coração é 
formado por tecido conjuntivo denso que 
circunda e suporta as valvas cardíacas. 
 
As valvas cardíacas evitam o refluxo do san-
gue de volta para o coração. As valvas 
atrioventriculares (AV), que se encontram en-
tre os átrios e ventrículos, são a valva atrio-
ventricular direita no lado direito do cora-
ção e a valva atrioventricular esquerda no 
lado esquerdo. As válvulas semilunares são 
a valva da aorta na entrada da aorta, e a 
valva do tronco pulmonar na entrada do 
tronco pulmonar. 
O lado esquerdo do coração é a bomba 
para a circulação sistêmica, a circulação 
do sangue ao longo do corpo, exceto para 
os alvéolos dos pulmões. O ventrículo es-
querdo ejeta sangue para a aorta e, em se-
guida, o sangue flui para as artérias sistêmi-
cas, arteríolas, capilares, vênulas e veias, 
que o transportam de volta ao átrio direito. 
O lado direito do coração é a 
bomba para a circulação pulmonar, o fluxo 
do sangue através dos pulmões. O ventrí-
culo direito ejeta o sangue para o tronco 
pulmonar e, em seguida, o sangue flui para 
as artérias pulmonares, capilares pulmonares 
e veias pulmonares, que o transportam de 
volta ao átrio esquerdo. 
A circulação coronariana fornece o 
fluxo sanguíneo para o miocárdio. Suas prin-
cipais artérias são as artérias coronárias di-
reita e esquerda; suas principais veias são 
as veias cardíacas e o seio coronário. 
 
As fibras musculares cardíacas geralmente 
contêm um único núcleo localizado central-
mente. Em comparação às fibras do músculo 
esquelético, as fibras do músculo cardíaco 
contêm mais e maiores mitocôndrias, um retí-
culo sarcoplasmático ligeiramente menor, e 
túbulos transversos mais largos, que estão 
localizados nos discos Z. 
As fibras musculares cardíacas são 
conectadas pelas suas extremidades pelos 
discos intercalares. Os desmossomos dos dis-
cos fornecem a força, e as junções comuni-
cantes possibilitam que os potenciais de 
ação musculares sejam conduzidos de uma 
fibra muscular às suas vizinhas. 
As fibras autorrítmicas formam o sis-
tema de condução, as fibras musculares car-
díacas que despolarizam espontaneamente 
e produzem potenciais de ação. 
Os componentes do sistema de con-
dução são o nó sinoatrial (SA) (marca-
passo), o nó atrioventricular (AV), o fascículo 
atrioventricular (AV), os ramos e os ramos su-
bendocárdios. 
As fases de um potencial de ação em 
uma fibra de contração ventricular incluem 
a despolarização rápida, um platô longo e 
a repolarização. 
O tecido muscular cardíaco tem um 
período refratário longo, o que impede a te-
tania. O registro das alterações elétricas 
durante cada ciclo cardíaco é chamado 
de eletrocardiograma (ECG). Um ECG nor-
mal é composto por uma onda P (despolari-
zação atrial), um complexo QRS (início da 
despolarização ventricular) e uma onda T 
(repolarização ventricular). 
O intervalo PQ representa o tempo 
de condução a partir do início da excita-
ção atrial até o início da excitação ventri-
cular. O segmento ST é o período em que as 
fibras ventriculares contráteis estão comple-
tamente despolarizadas. 
 
Um ciclo cardíaco consiste em uma sístole 
(contração) e uma diástole (relaxamento) 
de ambos os átrios, mais uma sístole e uma 
diástole de ambos os ventrículos. Com uma 
frequência cardíaca média de 75bpm, um 
ciclo cardíaco completo requer 0,8s. 
As fases do ciclo cardíaco são (a) a sístole 
atrial, (b) a sístole ventricular e (c) o período 
de relaxamento. B1, a primeira bulha cardí-
aca (tum), é causada pela turbulência do 
sangue associada ao fechamento das val-
vas atrioventriculares. B2, a segunda bulha 
(tá), é causada pela turbulência no sangue 
associada ao fechamento das válvulas se-
milunares. 
 
 
 
O débito cardíaco (DC) é o volume de san-
gue ejetado por minuto pelo ventrículo es-
querdo para a aorta (ou pelo ventrículo di-
reito para o tronco pulmonar). É calculado 
do seguinte modo: DC (mℓ/min) = volume sis-
tólico (VS) em mℓ/batimento × frequência 
cardíaca (FC) em batimentos/min. O volume 
sistólico (VS) é o volume de sangue ejetado 
por um ventrículo durante cada sístole. A re-
serva cardíaca é a diferença entre o DC 
máximo de uma pessoa e seu DC em repouso. 
O volume sistólico está relacionado 
com a pré-carga (estiramento do coração 
antes de ele se contrair), contratilidade (vi-
gor da contração) e pós-carga (pressão 
que precisa ser sobrepujada antes que a 
ejeção ventricular possa ter início). De 
acordo com a lei de FrankStarling do cora-
ção, uma pré-carga maior (volume diastó-
lico final) distendendo as fibras musculares 
cardíacas pouco antes da contração au-
menta a sua força de contração até que o 
alongamento se torne excessivo. O controle 
nervoso do sistema circulatório se origina no 
centro cardiovascular localizado no bulbo. 
Os impulsos simpáticos aumentam a frequên-
cia cardíaca e a força de contração; os 
impulsos parassimpáticos diminuem a fre-
quência cardíaca. A frequência cardíaca é 
afetada por hormônios (epinefrina, norepine-
frina, hormônios da tireoide), íons (Na +, K+, 
Ca 2+), idade, sexo, condicionamento car-
diorrespiratório e temperatura corporal. 
 
 
 
SEMIOLOGIA CARDÍACA 
 
 
o Posições: em decúbitos dorsal, laterais e 
sentado; 
o Conformação torácica; 
o Vascular e periférico; 
o Paciente sentado em 45º, pescoço ligei-
ramente fletido para o lado (verificando 
ingurgitamento jugular); 
o Ângulo de Louis: 2º espaço intercostal; 
o Inspeção geral do tórax: abaulamentos, 
retrações, cicatriz e/ou manchas, malfor-
mações torácicas; 
o Inspeção do precórdio (área do tórax 
anterior que abrange o coração e os 
grandes vasos) e pescoço: visualização 
e localização do Ictus cordis. 
o Visualizar turgência de jugular patoló-
gica; 
o Inspeção do pulso venoso (jugular ex-
terna); 
 
ICTUS CORDIS: 
Visualizar e palpar (linha hemiclavicular mé-
dia, no 5º espaço intercostal); 
Observar extensão (duas polpas digitais); 
 
 
Pesquisa de frêmito (sensação tátil do so-
pro); 
Vascular e Periférico: Verificar simetria dos 
pulsos: 
 
Normal (++) 
Diminuído (+) 
Ausente (+) 
 
Palpar pulsos: jugular, braquial, radial, ing-
nal, poplíteo, tibial posterior, pedioso; 
Checar simetria, amplitude, frequência car-
díaca e ritmo; 
Manobra de Allen: comprimir pulso radial até 
palidez da palma depois solta e vê o re-
torno da coloração; 
Atritos: sensação tátil do 
atrito entre as membra-
nas pericárdicas e pleu-
ras; 
 
 
 
Pode ajudar a localizar o Ictus Cordis e de-
limitar área cardíaca. 
 
 
Realizado em 5 etapas: 
1º. Avaliação das Bulhas: 
o Distinguir a 1ª da 2ª bulha; 
o Verificar existência de hiperfonese ou 
hipofonese; 
o Verificar se existe 3ª ou 4ª bulha; 
2º. Avaliação do ritmo e frequência cardí-
aca; 
3º. Avaliação de cliques e estalidos; 
4º. Avaliação dos sopros; 
5º. Avaliação de ruídos acessórios (atrito 
pericárdico); 
Identificar cada um dos focos principais de 
ausculta: 
 
 
 
 
 
Fonéticas, ritmo, tempo. 
B1 (sístole): Fecha V. mitral + Tricúspide (TUM) 
B2 (diástole): Fecha V. aórtica + Pulmonar 
(TA) 
 
BULHAS ATÍPICAS (RITMO DE GALOPE): 
o B3 = Choque do sangue no enchimento 
lento ventricular (sobrecarga de volume) 
o B4 = Sístole Atrial (sobrecarga de pres-
são). 
 
 
 
RITMO CARDÍACO: 
o Duas bulhas: dois tempos = binário 
o Terceiro ruído: três tempos = ritmo trí-
plice 
 
 
 
 
DESDOBRAMENTO FISIOLÓGICO DA SEGUNDA BULHA: 
 
 
 
o Ocorre na inspiração e desaparece com 
a expiração; 
o Motivo: quando respiramos aumentamoso retorno venoso, o ventrículo direito de-
mora mais para esvaziar causando 
atraso no fechamento da valva pulmo-
nar. 
 
TERCEIRA BULHA: 
o Fase de enchimento rápido ventricular; 
o Som protodiastólico; 
o Relacionada com sobrecarga de vo-
lume; 
o Pode ser fisioló-
gica em crianças 
e adultos jovens; 
 
QUARTA BULHA: 
o Pré-sistólica; 
o Fase de contração atrial; 
o Som telediastólico ou pré-sistólica; 
o Relacionada com sobrecarga de pres-
são; 
o Som grave e de baixa intensidade; 
o Ocorre milissegundos antes da primeira 
bulha, pode ser confundido com desdo-
bramento de B1. 
 
 
 
 
o Ritmos binários: presença da 1º e 2º bu-
lhas somente. 
o Ritmo tríplice: presença associada de 3ª 
ou 4ª bulhas. 
o Rítmo galope: geralmente associado a 
patologia. 
Ventricular presença de B3 
Atrial presença de B4 
De soma: B3+B4 
 
 
VENTRICULAR: 
 
 
 
ATRIAL: 
 
 
 
DE SOMA: 
 
 
 
 
o Vibrações decorrentes da mudança do 
fluxo sanguíneo de laminar para turbu-
lento. 
o Alterações dos vasos, das câmaras car-
díacas, das valvas, estreitamentos, dila-
tações, malformações. 
o Defeito vascular (insuficiência, estenose). 
o Insuficiência: falha na coaptação dos fo-
lhetos por mecanismos diversos; 
o Estenose: estreitamento da abertura da 
valva. 
 
 
 
INSUFICIÊNCIA MITRAL/TRICÚSPIDE: 
o Fluxo regurgitante – holossistólico; 
o Intensidade mantida; 
 
ESTENOSE AÓRTICA/PULMONAR: 
o Restrição da abertura da valva – sopro 
sistólico; 
o Intensidade variável, crescente e decres-
cente; 
o Sopro ejetivo; 
 
ESTENOSE MITRAL/TRICÚSPIDE: 
o Restrição à abertura da valva – sopro 
diastólico; 
o Sopro em ruflar; 
 
INSUFICIÊNCIA PULMONAR 
o Diastólico; 
o Fluxo regurgitante; 
o Sopro aspirativo – intensidade decres-
cente; 
 
RESUMO DOS SOPROS: 
Sístólicos (coincide com o pulso): 
o Mesossistólicos (em crescendo e decres-
cendo/ diamante) Ex: estenose aórtica 
o Telessistólico começa no final da sístole e 
termina em B2 
o Holossistólicos (panssistólico) EX: insufici-
ência mitral 
 
Diastólicos (sempre patológicos): 
o Protodiastólicos (em decrescendo) EX: in-
suficiência aórtica 
o Mesodiastólicos- começa um pouco de-
pois da B2 
o Telediastólico (pré-sistólico- em cres-
cendo) EX: estenose mitral. 
 
 
 
• Rivero Carvalho: Inspiração profunda 
(diferenciar sopro tricúspide do mitral). Se 
for tricúspide se intensifica pelo aumento 
do retorno venoso. 
• Valsalva: Soprar contra a mão. Prolapso 
da valva mitral X cardiopatia hipertró-
fica. 
 
 
COMUNICAÇÃO INTERATRIAL – CIA: 
o Descontinuidade do septo interatrial; 
o Sobrecarga de sangue no nas câma-
ras direitas; 
o Sopro sistólico tênue; 
o 2ª bulha desdobrada fixa; 
o Geralmente auscultado em foco pul-
monar; 
o Pode existir uma 3ª bulha na região 
da ponta. 
 
 
o Resumindo: 
O coração normalmente tem dois “lados”, o 
direito e o esquerdo, separados 
por um septo. Em cada um des-
ses lados temos a parte superior, 
que recebe o sangue, cha-
mada átrios, e a parte inferior, 
que bombeia o sangue para frente, cha-
mada ventrículos. Temos assim 4 câmaras: 
átrio direito (AD), átrio esquerdo (AE), ventrí-
culo direito (VD) e ventrículo esquerdo (VE). 
A CIA é uma abertura na parede (septo) 
que separa o AD do AE. Os sinais e sintomas 
depende do tamanho da CIA. Entre eles po-
dem ser dificuldade para ganhar peso, can-
saço para respirar, respiração rápida ou in-
fecções respiratórias. A maioria delas é tra-
tada por um cateterismo cardíaco ou em al-
guns casos, cirúrgico. 
 
PERSISTÊNCIA DO CANAL INTERVENTRICULAR – PCA 
O canal arterial é um pequeno tubo que 
comunica a artéria pulmonar com aorta des-
cendente. Tem grande importância na circu-
lação fetal. Após o nascimento apresenta 
vasoconstricção e fechamento. Quando ele 
se mantém patente após o nascimento, há a 
Persistência do Canal Interventricular. 
o Sopro sistólico e diastólico, pois a 
pressão na aorta é maior do que na 
artéria pulmonar. Tanto na sístole 
quanto na diástole. 
o Fluxo turbulento durante todo o fluxo 
cardíaco. 
o A intensidade do sopro oscila, “sopro 
em maquinaria”. 
o Melhor audível no segundo espaço 
intercostal esquerdo. 
o O PCA pode ser grande, deixando 
muito sangue passar da aorta para a 
artéria pulmonar, ou pequeno, dei-
xando passar bem pouco sangue. 
 
 
COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR (CIV): 
O ventrículo direito bombeia o san-
gue para os pulmões através da Artéria pul-
monar (AP) e o ventrículo esquerdo bombeia 
o sangue para o corpo através da Aorta. 
A Comunicação Interventricular (CIV) é uma 
abertura na parede (septo) que separa o 
VD do VE. 
Nesta ocasião o 
sangue oxigenado que 
está no ventrículo es-
querdo passa para o 
ventrículo direito mistu-
rando-se sangue rico em oxigênio com o 
sangue pobre em oxigênio que irá para os 
pulmões. Com isto existe um aumento na 
quantidade de sangue (hiperfluxo) para os 
pulmões. É como se encharcássemos uma es-
ponja (os pulmões) com mais sangue que o 
habitual. 
 
ATRITO PERICÁRDICO: 
O atrito pericárdico é provocado 
pelo movimento das adesões inflamatórias 
entre as camadas pericárdicas visceral e 
parietal. É um som rangente ou de alta to-
nalidade, podendo ser sistólico, diastólico e 
sistólico ou trifásico (quando a contração 
atrial acentua o componente diastólico du-
rante a telediástole). O atrito assemelha-se 
ao rangido de pedaços de couro fricciona-
dos uns contra os outros. Auscultam-se me-
lhor os atritos com o paciente inclinado 
para frente ou em posição com quatro 
apoios, mantendo-se em expiração. 
 
 
RAIO X DE TÓRAX 
• A: Ar - Vias Aéreas; 
• B: Brônquios e Pulmões; 
• C: Coração - Coração, Vasos da 
Base e Mediastino; 
• D: Diafragma; 
• E: Esqueleto - Costelas e Escápulas; 
• F: "Fat" (gordura) - Pele Subcutânea; 
• G: Gadget - Dispositivos: Tubos, Ca-
teter, Fios e Sondas; 
 
• Sempre conferir a identificação: nome 
e data; 
• Exame centralizado; 
• Boa técnica; 
• Visualizar todo o tórax; 
 
 
 
 
A: Vias aéreas inferiores (traqueia), analisar 
se está centrada e pérvia e sem estreita-
mento do lúmen, na parte inferior nota-se a 
carina traqueal que marca a divisão dos 
brônquios fontes. 
 
 
 
B: Brônquios e pulmões, brônquio fonte di-
reito (mais verticalizado) e esquerdo. No pa-
rênquima pulmonar busca-se infiltrados ou 
alterações da transparência pulmonar, nor-
malmente notamos que o parênquima apre-
senta a trama brônquio pulmonar que é a 
ramificação dos brônquios e dos seus res-
pectivos vasos, notamos também que a 
trama vai esvaecendo quando chega na 
periferia. 
 
 
 
C: Coração, vemos o coração, vasos da 
base e verificar se o mediastino não está 
alargado. O coração tem tamanho normal 
quando o diâmetro da silhueta cardíaca for 
menor do que a metade do diâmetro interno 
do tórax (caso seja maior há cardiomega-
lia). 
 
 
 
Contornos da silhueta cardíaca e dos 
vasos da base: o contorno direito corres-
ponde ao átrio direito, mais embaixo há a 
junção do átrio direito com a veia cava in-
ferior. No contorno esquerdo cada arco cor-
responde a uma estrutura, o primeiro é o bo-
tão aórtico, o segundo é o tronco da arté-
ria pulmonar, o terceiro corresponde ao 
átrio esquerdo e o quarto arco corresponde 
ao ventrículo esquerdo. 
 
 
 
D: Diafragma, aqui analisa-se o contorno 
das bordas do músculo diafragma. Geral-
mente o contorno do lado direito é mais ele-
vado e mais nítido por causa do fígado, 
que está situado logo 
abaixo. Quando 
existir perda do con-
torno do diafragma ou 
borramento pode-se 
pensar em acometi-
mento do parênquima 
pulmonar adjacente. 
 Outro ponto importante é analisar a 
região lateral que é conhecida como seios 
costofrênicos, quando eles estão livres per-
cebe-se todo o contorno do diafragma até 
a parede torácica interna, se houver oblite-
ração dessa região deve-se pensar em der-
rame pleural ou acometimento do parên-
quima pulmonar adjacente. 
 
 
 
E: Esqueleto, nessa etapa analisa-se todo o 
arcabouço ósseo torácico, deve-se come-
çar olhando todos os arcos costais,

Outros materiais