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º AULA 1 – INTERAÇÃO MÉDICO-PACIENTE • Tema que começou a ser abordado pós 2ª guerra • Sofreu mudanças com o tempo, considerando a desumanização da medicina, no sentido de que se tornou técnica, tensão foi mais focada no desenvolvimento da ciência médica. • O tema tem por função resgatar a importância dessa relação. • A interação médico-paciente é um grande processo e existem elementos que gravitam ao redor desse processo: 1 – Caso particular de interação humana (se estabelece por conta de uma necessidade, com objetivo preciso) 2 – Envolve aspectos objetivos e subjetivos (objetivo por exemplo, a pessoa tem um problema e procura alguém que possa o resolver) (subjetivo por exemplo, expectativas, medos, inseguranças). 3 – Tendência predominante é de foco maior nos aspectos objetivos (diagnóstico, prognóstico, tratamento) 4 – Aspectos subjetivos são relegados a segundo plano ou mesmo desprezados. (se preocupar mais com a hemorragia do que com o emocional) 5 – Problemas de vínculo e adesão ao tratamento (uma má interação repercute no que prossegue) 6 – Área de interface para estudar a subjetividade: psicologia médica. (que tem vertentes) 7 – Michel Balint (um dos autores precursores da psicologia médica, estabeleceu sua escola, era médico neurologista e psicanalista, propõe conhecer a subjetividade humana) 8 – Sigmund Freud, fundou a psicanálise. • Profissões da saúde podem ser vistas como uma subcultura de cura com sua própria visão de mundo. Os estudantes adquirem uma perspectiva sobre saúde e doença que vai acompanhá-los por toda vida profissional • Muitas vezes presumem que as preocupações biológicas são mais básicas, reais, clinicamente significativas e interessantes do que os aspectos psicológicos e socioculturais PERTURBAÇÃO X PATOLOGIA - Perturbação = “o que o paciente sente quando vai ao médico) Cassell - Patologia = “o que ele tem ao sair do consultório” Cassell → Ou seja, patologia é algo que um órgão tem; perturbação é algo que a pessoa tem. • A perturbação é a resposta SUBJETIVA ao mal-estar por parte do paciente. • A perturbação não inclui somente a experiência pessoal do problema de saúde, mas também o sentido que o indivíduo dá à mesma. (se questionar “por que isso aconteceu comigo”) • Tanto o sentido conferido aos sintomas quanto a resposta emocional dada aos mesmos, são influenciados pela origem ao paciente e por sua personalidade, bem como pelo contexto cultural, social e econômico em que os sintomas aparecem. • Doença ou mesmo o sintoma podem ser interpretados de diversas maneiras dependendo de cada pessoa. Isso também influenciará em seus comportamentos subsequentes e os tipos de tratamento que irão procurar. • A visão da doença por parte do profissional é descritiva e busca uniformidade, contudo, a perspectiva não inclui a dimensão social e cultural do problema, nem o contexto onde surge e o que significa essa doença para o paciente. Também deixa de fora os aspectos psicológicos, seja do doente, da doença e da interação que se estabelece no atendimento. 3 dimensões constituintes do ser-humano: - Biológica - Psicológica → implica em compreender, minimamente, o funcionamento psicológico e como eles se apresentam no atendimento. - Sociocultural AULA 2 - 5 LIÇÕES DA PSICANÁLISE 1ª LIÇÃO • Ao tratar de pacientes, percebe-se que as lembranças sob hipnose eram acompanhadas de descargas afetivas, que receberam o nome de “ab-reação”. • Aqui ficou estabelecida uma relação entre o adoecimento psíquico e o processo de repressão (recalque) Por não conseguir descarregar emoções, formam-se sintomas • Também se delineou a noção de inconsciente/consciente 2ª LIÇÃO • A hipnose teve sua importância. Permitiu reconhecer os estados diversificados do funcionamento psíquico e consolidar a hipótese da divisão consciente/inconsciente. • Contudo, mostrou-se limitada, na perspectiva da psicanálise: - nem todo paciente é hipnotizável - o material que emerge da hipnose nem sempre é o mais profundo - os efeitos da hipnose costumam não ser duradouros • Outra noção importante se delineia a partir desse contexto: a noção de resistência - o que foi reprimido tendia a se manter afastado da consciência, pois era fonte de perturbações para o doente. • O recalque de algum conteúdo se estabelece por que existe incompatibilidade desse conteúdo da consciência. - o efeito da moralidade é aqui determinante, pois as tendências morais frequentemente contrariam a expressão dos impulsos. • A tendência do aparelho psíquico é descarregar seus afetos, logo se isso for impedido, uma via alternativa de descarga vai surgir, sob a forma de sintoma. Princípio prazer/desprazer. • O tratamento consiste em permitir que o material que foi expulso da consciência se integre a ela novamente, o que é conhecido como elaboração. 3º LIÇÃO • O sintoma está ligado ao que foi recalcado, comporta-se um representante, ou uma alusão, do conteúdo recalcado. É a partir daí que se estabelece a diretriz técnica para o tratamento: as associações de conteúdo, o obtidas pela fala, o que ficou conhecido como “técnica da associação livre”. • Há diversas outras formas dos conteúdos recalcados fazerem uma alusão, por exemplo, o “lapso”: troca palavras ou letras. • Chiste: Em comentários irônicos é possível um desabafo que se mostra como uma liberação de energia, que de outra forma seria considerada inadequada. • Os sonhos são produções do inconsciente da maior importância, porque geralmente apresentam grande riqueza material que permite perscrutar o funcionamento das camadas mais profundas do psiquismo. É motivado por desejos inconscientes. • O ato falho opera na mesma lógica do lapso, mas se refere a ações práticas alteradas, como o esquecimento, o atraso, a troca de data, etc. • O ato casual é qualquer ação desprovida de sentido, a princípio, mas que revela ter uma relação com material recalcado e mostra seu valor na medida em que se torna algo repetitivo. 4ª LIÇÃO • Após tratar diversos casos de histeria e conseguir levar os pacientes a elaborarem suas lembranças recalcadas, não há como negar a importância dos fatores sexuais para a constituição da histeria. • Na criança a sexualidade é vivenciada desde as primeiras experiências de toque e cuidado, mas acaba se concentrando no próprio corpo infantil, o que lhe vale a designação de auto-erótico. A masturbação, o sugar o dedo e o controle dos esfíncteres são seus protótipos, no sentido que conferem sensações de prazer. • E aí se estabelece um primeiro interesse da criança nos objetos que lhe são mais próximos, ou seja, seus pais. Via de regra, haverá maior afinidade entre pais e filhas e mães e filhos. Todavia, essa situação não pode perdurar, devido ao próprio arranjo culturalmente estabelecido, e o interesse inicial deve ser eliminado, o que configura o complexo de Édipo. 5ª LIÇÃO • Um fenômeno de importância considerável, no contexto da psicanálise, é a “transferência”, que permite confirmar o papel das forças sexuais envolvidas na neurose. • O trecho da vida sentimental cuja lembrança já não pode evocar, o paciente torna a vivê-la nas relações com o médico. AULA 3 – PSICOLOGIA DA SAÚDE – BALINT • “Deficiência” ou “enfermidade fundamental” da estrutura biológica do indivíduo, envolvendo em vários graus tanto sua mente quanto seu corpo. A origem pode ser achada em uma discrepância considerável das necessidades do indivíduo entre os seus primeiros anos de formação (ou possivelmente meses) e os cuidados e atenção disponíveis nos momentos importantes. Por exemplo, ser órfã. • Se o enfoque teórico se torna correto, todos os estados patológicos dos anos posteriores, as “doenças clínicas”, deveriam ser consideradas sintomas ou exacerbações da “doença fundamental” provocada pelas diversas crises do desenvolvimento individual, externas e interna, psicológicas e biológicas. Por exemplo, cefaleia, carênciaafetiva. OBJETIVO DA ABORDAGEM DE BALINT: “Ajudar os médicos a adquirir maior sensibilidade ante o processo que se desenvolve, consciente ou inconscientemente, na mente do paciente, quando o médico e o paciente estão juntos”. Este tipo de “atenção” dispensada é muito diferente do método de coleta da “anamnese” → anamnese gira ao redor de fatos objetivos, aos quais tanto o médico como o paciente podem anotar uma atitude distanciada. OS FATOS QUE NOS INTERESSAM SÃO: • Subjetivos e pessoais • Em partes conscientes ou mesmo inconscientes • Influem na vida e na doença e em como aceitar ou não a ajuda médica Esses fatos subjetivos são respostas automáticas, padrões repetitivos que costumam ter origem na infância e influenciam a vida emocional posterior. - Em um primeiro momento, busca-se a consciência deste fenômeno - Está presente tanto no paciente quando no médico De qualquer forma, o que se busca desenvolver é mais um conjunto de habilidade e atitudes do que propriamente um conhecimento teórico - Compreensão empática - Escuta clínica O que sempre está em questão é a percepção do modo como a interação entre o médico e o paciente se dá, ou seja, quais os padrões tornam a relação estereotipada, e o que é possível fazer para resgatar a “harmonia” (Balint) ou a “humanização” desse contato. ASPECTOS ESSENCIAIS • Timing (ritmo) • Transferência • Contratransferência 1 – TIMING • Reconhecer que todos os envolvidos tem o próprio tempo de assimilação, de desenvolver a capacidade de lidar com seus problemas, de querer expô-los e de conseguir acolhê-los. • Tanto o profissional quanto o paciente - Percebendo abertura ao diálogo, a profissional faz perguntas mais amplas sobre a paciente - Já que a paciente menciona o relacionamento, a profissional pergunta como vão as coisas na família • A partir dos primeiros vínculos, um certo modo de relacionamento se estabelece e se fixa nos indivíduos • Condiciona desejos e expectativas • Tende a se repetir. No contexto do cuidado, isso ocorre de forma privilegiada, pois é o momento onde os indivíduos estão carente e buscam alívio do seu sofrimento - Mas pede para ser encaixada na agenda daquela profissional que a atendeu primeiro, pois sente que somente com ela vai conseguir se abrir. CONTRATRANSFERÊNCIA • Este processo se verifica também no profissional • Ou seja, dependendo do modo como o paciente age diante dele, haverá uma reação do profissional que também está relacionada com suas ansiedades e expectativas, frente aos outros indivíduos - Mas se sente na obrigação de cuidar dela, de lhe dar conselhos e fica mais sensível à situação, do que é comum... IMPORTÂNCIA • O conhecimento dos fenômenos de transferência e contratransferência capacitam o profissional a um melhor entendimento do paciente e da própria e atuação no atendimento. • Compreende-se porque a reação do profissional difere de paciente para paciente e como é possível contornar dificuldade na interação com eles.
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