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psicologia aplicada à Fisioterapia

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Rita de Cássia Rezende Maciel
Psicologia Aplicada à 
Fisioterapia
Professora conteudista: Rita de Cássia Rezende Maciel
Rita de Cássia Rezende Maciel, mestre em Educação pela Universidade de Sorocaba – Uniso, é formada em 
Psicologia pela Universidade Santa Úrsula do Rio de Janeiro e em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências 
e Letras de Sorocaba. Possui pós‑graduação em Formação em Educação a Distância e especialização nas áreas de 
Psicologia Aplicada à Área da Saúde e Intervenções Psicológicas em Emergência.
Foi docente no curso de graduação à distância de Pedagogia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita 
Filho – Unesp em convênio com a Prefeitura Municipal de Sorocaba, nos anos de 2004 e 2005, e no curso de 
pós‑graduação Esquema I do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza – CEETPS, no ano de 2008.
Na Universidade Paulista – UNIP atua como docente desde 2003, ministrando diversas disciplinas em cursos 
da área da saúde, sendo líder, no curso de Fisioterapia, das disciplinas de Psicomotricidade e Psicologia Aplicada à 
Fisioterapia.
Além de professora universitária, atua como psicóloga clínica no atendimento a doentes crônicos. É psicóloga 
concursada no Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes em Itu/SP, referência em hanseníase.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M152p Maciel, Rita de Cássia Rezende
Psicologia aplicada à fisioterapia / Rita de Cássia Rezende 
Maciel. ‑ São Paulo: Editora Sol, 2013.
 
180 p., il.
1. Psicologia. 2. Fisioterapia. 3. Desenvolvimento físico‑motor. 
I. Título.
CDU 615.8:159.9
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Profa. Melissa Larrabure
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Virgínia Bilatto
Sumário
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O FISIOTERAPEUTA ......... 11
1.1 A relação do fisioterapeuta com o “cliente”: a importância em conhecer a 
realidade socioeconômica‑cultural ...................................................................................................... 16
1.1.1 Formação do vínculo ............................................................................................................................. 18
1.2 A empatia e o processo de comunicação nas relações interpessoais ............................. 19
1.3 A importância do autoconhecimento .......................................................................................... 22
2 AS EXPERIÊNCIAS INDIVIDUAIS DO ADOECER E OS PRINCIPAIS MECANISMOS 
INCONSCIENTES DE ADAPTAçãO E DEFESA: REGRESSãO, NEGAçãO E RACIONALIZAçãO ............ 24
2.1 Os ganhos secundários de adoecer e suas consequências .................................................. 28
2.2 A dor e suas repercussões emocionais: os diversos tipos de dor ...................................... 29
3 A FORMAçãO DA AUTOIMAGEM .............................................................................................................. 31
3.1 A autoestima .......................................................................................................................................... 34
4 A PERSONALIDADE: DESENVOLVIMENTO, TRAçOS E ASPECTOS RELEVANTES....................... 35
4.1 A importância dos vínculos afetivos na formação da personalidade ............................. 37
4.2 A importância da regulação da ambivalência na formação da personalidade ........... 40
4.3 Distúrbios graves de personalidade .............................................................................................. 40
4.4 Noções básicas sobre as principais teorias psicológicas ...................................................... 44
4.4.1 Teoria psicanalítica ................................................................................................................................. 44
4.4.2 Teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget ............................................................. 47
4.4.3 Teoria do desenvolvimento psicossocial........................................................................................ 48
4.4.4 Teoria do desenvolvimento de Gesell ............................................................................................. 49
4.4.5 Teoria comportamental ........................................................................................................................ 50
Unidade II
5 DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL, MOTOR, EMOCIONAL, SEXUAL E SOCIAL NAS
DIVERSAS ETAPAS DA VIDA ............................................................................................................................ 58
5.1 Desenvolvimento físico‑motor da criança de 0 a 2 anos .................................................... 60
5.1.1 Desenvolvimento cognitivo da criança de 0 a 2 anos ............................................................. 69
5.1.2 Desenvolvimento psicossocial da criança de 0 a 2 anos ........................................................ 70
5.1.3 Desenvolvimento físico‑motor da criança de 2 a 6 anos ...................................................... 71
5.1.4 Desenvolvimento cognitivo da criança de 2 a 6 anos ............................................................. 75
5.1.5 Desenvolvimento psicossocial da criança de 2 a 6 anos ........................................................ 76
5.1.6 Desenvolvimento físico‑motor da criança de 6 a 12 anos .................................................... 77
5.1.7 Desenvolvimento cognitivo da criança de 6 a 12 anos .......................................................... 79
5.1.8 Desenvolvimento psicossocial da criança de 6 a 12 anos ..................................................... 80
5.1.9 Desenvolvimento físico‑motor do adolescente ......................................................................... 81
5.1.10 Desenvolvimento cognitivo do adolescente ............................................................................. 83
5.1.11 Desenvolvimento psicossocial do adolescente ......................................................................... 83
5.1.12 Desenvolvimento do jovem adulto: físico, cognitivo e social ............................................ 85
5.1.13 Desenvolvimento da terceira idade: físico, cognitivo e social ........................................... 88
5.2 Noções de psicomotricidade ............................................................................................................ 91
5.2.1 Definição depsicomotricidade .......................................................................................................... 92
5.2.2 Psicomotricidade: áreas de atuação .............................................................................................102
6 AS ESPECIALIDADES MÉDICAS E SUAS ESPECIFICIDADES: ASPECTOS PSICOLÓGICOS
DO PACIENTE, ASPECTOS FAMILIARES E ATUAçãO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ............104
6.1 Cardiologia e pneumologia ............................................................................................................104
6.2 Dermatologia .......................................................................................................................................105
6.3 Ortopedia e traumatologia .............................................................................................................108
6.4 Psiquiatria ..............................................................................................................................................108
6.5 Estresse, estratégia de enfrentamento e saúde .....................................................................110
Unidade III
7 A DEPRESSãO E SUA REPERCUSSãO NO ADOECIMENTO E NO TRATAMENTO ....................120
7.1 Fatores motivacionais: a importância da motivação no tratamento ...........................125
7.2 Pouca ou nenhuma melhora dos “pacientes” e aspectos psicológicos do 
fisioterapeuta ..............................................................................................................................................128
7.3 Paciente terminal e a morte ..........................................................................................................130
7.4 O luto: fases de enfrentamento ...................................................................................................137
7.5 O luto patológico ...............................................................................................................................140
8 O FISIOTERAPEUTA E SUAS RELAçõES INTERDISCIPLINARES .....................................................142
8.1 O fisioterapeuta na participação de projetos de prevenção de doenças e 
estímulo a melhor qualidade de vida ................................................................................................145
8.2 Projeto e suas definições .................................................................................................................145
8.3 Projeto com eficiência, eficácia e efetividade ........................................................................147
8.3.1 Projeto eficiente ................................................................................................................................... 147
8.3.2 Projeto eficaz ......................................................................................................................................... 149
8.3.3 Projeto efetivo....................................................................................................................................... 149
8.4 A gestão na área da saúde .............................................................................................................150
8.5 Programas de prevenção primária, secundária e terciária ................................................156
7
APResentAção
Caro aluno,
A disciplina Psicologia Aplicada à Fisioterapia visa propiciar a você, futuro profissional, a aplicação 
de conceitos básicos da Psicologia por meio do conhecimento de diversos temas relacionados ao 
conhecimento psicológico humano e, dessa forma, instrumentalizá‑lo a compreender os mecanismos 
de ajustamento da pessoa frente ao adoecimento. Como ciência que estuda o comportamento, o campo 
da Psicologia é amplo; portanto, se faz necessário conhecer os caminhos do desenvolvimento desde o 
nascimento até o final da vida. Apresentaremos autores que, com suas pesquisas e estudos, tornaram 
possíveis a compreensão das relações humanas, os meandros da mente humana, os mecanismos de 
ajustamento e os quadros psicopatológicos. Por fim, estaremos abordando o trabalho em equipe 
multiprofissional e a importância do conhecimento para a construção de programas e projetos para a 
prevenção de doenças, tendo como propósito a melhor qualidade de vida para a população.
Esta disciplina tem como objetivos gerais:
• formar profissionais capazes de valorizar e compreender as relações humanas e de adotar uma 
postura profissional compatível com esse valor;
• abordar, a partir da Psicologia evolutiva, o desenvolvimento pessoal e psicomotor do ser humano, 
buscando, desta forma, inserir as informações teóricas nos campos de ação da Psicologia aplicada 
à fisioterapia;
• levar o aluno à compreensão do que é Psicologia, quais são seus conceitos principais e como ela 
se relaciona com a fisioterapia;
• fazer com que o aluno, ao final do semestre, seja capaz de entender como a percepção, a 
personalidade e a afetividade determinam os comportamentos das pessoas, seres biopsicossociais, 
e que esses comportamentos e suas consequências não são dissociados;
• contribuir para que o aluno adquira uma postura técnica, uma visão holística sobre o ser humano 
que vier a necessitar de sua atenção profissional.
Já os objetivos específicos são:
• ajudar o aluno a compreender o homem sempre como unidade biopsicossocial, a ouvir e respeitar 
os “pacientes” e seus familiares e a conhecer o funcionamento básico da personalidade humana, 
seus aspectos adaptativos e seus modos mais comuns de adoecer;
• fornecer subsídios para uma compreensão do desenvolvimento humano nas diversas etapas de 
vida, desde o período gestacional até a 3ª idade;
• conhecer as psicopatologias e os aspectos psicológicos de alguns tipos de doenças;
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• compreender o processo motivacional e o estresse;
• instigar o desenvolvimento do autoconceito e da autoavaliação;
• desenvolver uma visão crítica da formação e prática da fisioterapia;
• discutir sobre as possíveis dificuldades emocionais que podem surgir, principalmente, no início 
da prática profissional, como insegurança no procedimento, frustração na melhora de alguns 
“pacientes” e medo da morte.
Este livro‑texto tem por finalidade servir como suporte didático para que as aulas sejam amparadas 
por um conteúdo teórico‑didático e de fácil compreensão e acesso para você, aluno. Sua elaboração 
teve como objetivo o uso de uma linguagem de fácil acesso, embora utilizando de termos técnicos, 
conforme esperado para a formação do profissional.
Iniciaremos trazendo uma breve história da Psicologia, mostrando os caminhos por ela trilhados 
desde os filósofos da Grécia Antiga até os dias atuais. Veremos a relevância da relação do fisioterapeuta 
com seu cliente e a importância das relações interpessoais para o sucesso do tratamento. Abordaremos 
o adoecer e suas consequências na vida da pessoa, incluindo a dificuldade de enfrentamento da dor 
e os ganhos secundários. Você conhecerá também a importância dos vínculos para a formação da 
personalidade, os distúrbios graves de personalidade e as noções básicas sobre as principais teorias 
psicológicas.
Na sequência, estudaremos sobre o desenvolvimento intelectual, motor, emocional, sexual e social 
nas diversas etapas do desenvolvimento humano, e você terá a oportunidade de conhecer os autores 
que estudaram as etapas humanas em todas as suas dimensões, desde o nascimento até a velhice. Em 
seguida, você aprenderá sobre a psicomotricidade e sua importância para o desenvolvimento humano. 
Também estudaremos as especialidades médicas e suas especificidades, como os aspectos psicológicos 
do paciente, aspectos familiares e a atuação dos profissionais da saúde. Além disso, abordaremos o 
tema do estresse e as estratégias de enfrentamento para esse mal que se tornou tão presente no mundo 
contemporâneo.
Finalizandonossos estudos, teremos como temas a depressão e as possíveis interferências no curso 
do tratamento, a importância da motivação no tratamento e os aspectos psicológicos do fisioterapeuta 
na melhora dos pacientes. Estaremos abordando a questão da morte e do luto, visto que, apesar da 
dificuldade do tema, ele se torna mais presente entre os profissionais que atuam com pessoas portadoras 
de diversos tipos de doenças. Na sequência, trataremos a questão do luto, suas fases de enfrentamento 
e o momento em que o luto se torna patológico. Para encerrar, você terá a oportunidade de conhecer 
as possibilidades de trabalho do fisioterapeuta, suas relações interdisciplinares e a importância na 
participação de projetos de prevenção para melhor qualidade de vida da população em geral.
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IntRodução
Imagine que em sua clínica, dentre os diversos clientes que você atende, há um sujeito adulto do 
sexo masculino que chama sua atenção pela forma negativa como enfrenta o seu tratamento. Apesar 
de seus esforços como profissional e das características positivas da recuperação, o sujeito olha para 
você com desconfiança e acredita que todas as palavras são ditas apenas para amenizar suas dores, 
tanto físicas quanto psíquicas – afinal, cada dia é visto como um grande fardo. Ele não vê possibilidade 
de cura ou melhora para o seu caso e seu comportamento deixa evidente que não acredita no trabalho 
profissional.
A partir deste caso, convido você a refletir sobre a diversidade de comportamentos que podemos 
encontrar quando trabalhamos com pessoas e também sobre a forma como cada ser humano enfrenta 
um momento de crise, como um acidente ou uma doença, que muitas vezes expõem o sujeito a uma 
condição de dúvidas e incertezas com relação a si mesmo e à sua vida.
No caso do sujeito aqui apresentado, nos parece que todos os esforços do profissional são insuficientes 
no sentido de fazê‑lo acreditar que a sua recuperação é possível. A fim de incrementar sua reflexão, 
deixo algumas questões para que você faça a sua análise:
Como profissional, de que modo você enfrentaria um cliente com as características descritas no 
caso?
E se não houvesse realmente a possibilidade de cura para o sujeito, como enfrentar tal situação?
A Psicologia aplicada à Fisioterapia
A Psicologia é uma ciência que tem como objetivo estudar os processos mentais do ser humano e 
o seu comportamento. Estudar essa ciência é conhecer diferentes autores que, com seus trabalhos e 
pesquisas, nos ajudam na busca da compreensão e análise da diversidade comportamental e mental do 
sujeito.
Sua aplicação na área da saúde é de grande importância, pois o adoecer traz grandes transtornos 
(físico, psíquico, social, cognitivo, espiritual) tanto para a pessoa que adoece como para aqueles que 
estão próximos. Na maioria das vezes, é necessário também que muitos profissionais estejam envolvidos 
no cuidado, no tratamento e na recuperação da pessoa.
Acrescentamos a importância da família nesse momento, o que nos leva a concluir que o contato 
do profissional não se restringe apenas ao ser doente, mas a um grupo de pessoas, podendo variar de 
acordo com as características do indivíduo e da situação em que ele se encontra.
No campo da Fisioterapia, é necessário ressaltar a importância do profissional no restabelecimento 
físico e na busca de conforto para os casos mais complexos e que exigem do profissional tempo e 
envolvimento maiores do que os habituais. Assim, conhecer e estudar algumas teorias da Psicologia 
é instrumentalizar‑se para uma compreensão que afasta o profissional do senso comum e o leva para 
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o conhecimento científico na interpretação do sujeito em seu cotidiano, esteja ele doente ou em 
reabilitação, mas distante daquilo que apenas “achamos” em termos de comportamentos apresentados 
pelo outro.
A proposta da disciplina não é o aprofundamento das temáticas apresentadas – mesmo porque 
isso seria inviável, dado o tempo e os objetivos propostos. Entretanto, esperamos que, a partir dos 
estudos e do despertar do interesse de acordo com cada tema, o aluno busque o aprofundamento e se 
instrumentalize cada vez mais na compreensão não apenas objetiva, mas também subjetiva do sujeito.
Para uma boa formação, é necessário muito estudo e dedicação, como bem sabemos; assim, convido 
você a percorrer algumas áreas da Psicologia e a refletir sobre a complexidade do ser humano.
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Psicologia aPlicada à FisioteraPia
Unidade I
1 BReVe HIstÓRICo dA PsICoLoGIA e suA IMPoRtÂnCIA PARA o 
FIsIoteRAPeutA
Conhecer a história da Psicologia é de certa forma entrar em contato com a história da humanidade, 
pois a busca pelo conhecimento, principalmente a compreensão da mente humana, sempre esteve 
presente nas investigações do homem.
Assim, comecemos pela Grécia Antiga e os filósofos da época, pois foram eles os primeiros a tentar 
sistematizar a Psicologia. O próprio termo Psicologia vem do grego, sendo que psyché significa alma 
e logos quer dizer razão; assim, Psicologia significa estudo da alma, conforme nos apresentam Bock, 
Furtado e Teixeira (1999). Os mesmos autores escrevem que a alma, ou o espírito, era concebida pelos 
filósofos antigos como a parte imaterial do ser humano e compreenderia o pensamento, os sentimentos 
de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
Os filósofos pré‑socráticos (assim chamados por antecederem Sócrates, 
filósofo grego) preocupavam‑se em definir a relação do homem com o 
mundo através da percepção. Discutiam se o mundo existe porque o homem 
o vê ou se o homem vê um mundo que já existe. Havia uma oposição entre 
os idealistas (a ideia forma o mundo) e os materialistas (a matéria que forma 
o mundo já é dada para a percepção) (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 33).
A Psicologia toma consistência na antiguidade com Sócrates (469‑399 a.C.). A preocupação do 
filósofo era conhecer o limite que separa o homem dos demais animais, reconhecendo que a diferença 
estava na razão, pois é ela que permite ao homem se sobrepor aos instintos, base da irracionalidade.
Sócrates, ao definir a razão como característica exclusivamente humana (ou seja, a sua essência), 
acabou abrindo caminho para a Psicologia, pois as teorias da consciência acabariam sendo obras dessa 
primeira sistematização filosófica.
Na sequência, Platão (427‑347 a.C.), que foi discípulo de Sócrates, procura definir um “lugar” para a 
razão no corpo e define a cabeça como o local onde se encontra a alma humana. O tórax ou a medula 
seria o elemento de ligação entre a alma e o corpo.
Para Platão, havia necessidade de um elemento de ligação, já que ele concebia a alma como separada 
do corpo, ficando livre para ocupar outro corpo quando a matéria deixava de existir.
Outro filósofo, Aristóteles (384‑322 a.C.), que foi discípulo de Platão e um dos mais importantes 
pensadores, deixou sua contribuição inovadora. Aristóteles postulou que a alma e o corpo não podem 
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ser separados, considerando psyché como o princípio ativo da vida. Assim sendo, tudo o que cresce e se 
reproduz possui a sua psyché ou alma. Dessa forma, os vegetais, os animais e o homem possuem alma, 
sendo que a alma dos vegetais seria vegetativa, definida pela função de reprodução e alimentação. A 
além dos vegetais, os animais teriam uma alma sensitiva, cuja função seria a percepção e o movimento.
Figura 1 – Aristóteles
O estudo de Aristóteles sobre as diferenças entre a razão, a percepção e as sensações resultou no De 
anima, obra sistematizada da psyché considerada o primeiro tratado em Psicologia.
Continuando nosso percurso na história, chegamos ao período romano e o desenvolvimento do 
cristianismo, que passa a ser a força religiosa dominante e oficial no império a partir do século IV. Nesse 
período a Psicologia é relacionada ao conhecimento religioso, tendo em vista que todo o poder político 
e econômico também estava sob o poder da Igreja Católica. Dois filósofos se destacam nesse período: 
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
Inspirado em Platão, Santo Agostinho (354‑430) também fazia a separação entre a alma e o corpo. 
A alma, além de sede da razão, era considerada a imortal prova da manifestação divina no homem e 
elemento de ligação entre o homem e Deus. Era também considerada a sede do pensamento e, por esta 
razão, algo a ser compreendida para a Igreja.
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Psicologia aPlicada à FisioteraPia
Vivendo no período de ruptura da Igreja Católica e o aparecimento do protestantismo, São 
Tomás de Aquino (1225‑1274) buscou em Aristóteles a distinção entre a essência e a existência. 
Esse filósofo considerava que o homem, na sua essência, buscava a perfeição a partir da sua 
existência. Vivendo no período religioso, ao contrário de Aristóteles, afirmava que Deus – e 
apenas Ele – é capaz de reunir a essência e a existência, no sentido de igualdade. Nesse sentido, a 
busca da perfeição se traduz na busca de Deus. Por meio de argumentos racionais para justificar 
os dogmas da Igreja, São Tomás de Aquino garante para ela o privilégio exclusivo do estudo do 
psiquismo.
Chegando ao período do Renascimento, a Europa atravessa profundas transformações. A descoberta 
de novas terras e a consequente acumulação de riquezas pelas nações em formação (França, Itália, 
Espanha, Inglaterra) faz com que o mundo vislumbre um novo tempo.
É um período de transição, em que o feudalismo perde a sua força para o surgimento de uma nova 
organização econômica e social, dando início ao capitalismo. Bock, Furtado e Teixeira (1999) escrevem:
As transformações ocorrem em todos os setores da produção humana. 
Por volta de 1300, Dante escreve A Divina Comédia; entre 1475 e 1478, 
Leonardo da Vinci pinta o quadro Anunciação; em 1484, Botticelli pinta 
o Nascimento de Vênus; em 1501, Michelangelo, esculpe o Davi; e, 1513, 
Maquiavel escreve O Príncipe, obra clássica da política (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 1999, p. 36).
Grandes avanços também ocorrem na área da ciência. Copérnico (1473‑1543), astrônomo e 
matemático, revoluciona o mundo apresentando a teoria heliocêntrica do Sistema Solar, colocando o 
Sol como centro do universo, e não a Terra, como até então se acreditava.
Outro estudioso da época, Galileu (1564‑1642), físico, matemático, astrônomo e filósofo, foi 
fundamental na revolução da ciência, estudando a queda dos corpos e assim realizando as primeiras 
experiências da física moderna.
Ainda nesse período, Descartes (1596‑1660), um dos pensadores mais importantes na Revolução 
Científica, concebe um trabalho revolucionário nas áreas da Filosofia e da Ciência, no qual postula a 
separação entre a mente e o corpo, afirmando que o homem possui uma substância pensante e que o 
corpo é apenas uma máquina quando desprovido do espírito.
No período renascentista foi possível o estudo do corpo humano morto, conforme afirmam Bock, 
Furtado e Teixeira (1999). Isso tornou possível o conhecimento nas áreas da Anatomia e da Fisiologia, o 
que muito contribuiu para o progresso da Psicologia. Nos períodos anteriores não era possível qualquer 
violação ao corpo humano, pois toda verdade era ditada pela Igreja e o corpo humano era visto por ela 
como sagrado por ser a sede da alma.
Em nossa trajetória pela história da Psicologia, chegamos ao século XIX, período em que vamos 
encontrar o crescimento de uma nova ordem econômica e social. O capitalismo e o processo de 
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industrialização fazem com que a ciência apresente respostas e soluções práticas no campo tecnológico; 
assim, a ciência recebe um grande impulso, pois será o sustentáculo dessa nova ordem.
No período, independente da fé, o conhecimento toma novo impulso, e por meio da racionalidade é 
possível o homem caminhar pela ciência. Bock, Furtado e Teixeira (1999) escrevem:
[...] estavam dadas as condições materiais para o desenvolvimento da 
ciência moderna. As ideias dominantes fermentaram essa construção: 
o conhecimento como fruto da razão; a possibilidade de desvendar a 
natureza e suas leis pela observação rigorosa e objetiva. A busca de um 
método rigoroso, que possibilitasse a observação para a descoberta dessas 
leis, apontava a necessidade de os homens construírem novas formas de 
produzir conhecimento – que não era mais estabelecido pelos dogmas 
religiosos e/ou pela autoridade eclesial. Sentiu‑se necessidade da ciência 
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 38).
Como vemos, o homem liberta‑se das verdades consideradas absolutas ditadas pela Igreja e nesse 
contexto surgem personagens que ajudam a transformar a história. Um deles foi o alemão Hegel 
(1770‑1830), que demonstrou a importância da história para a compreensão do homem. Outro 
personagem foi Darwin (1809‑1882), naturalista inglês que acabou com o antropocentrismo, trazendo 
para o mundo a teoria da evolução.
 observação
A Teoria da Seleção Natural de Charles Darwin foi uma tentativa de 
explicar a diversidade de espécie de seres vivos por meio da evolução.
Com tantos avanços, a Filosofia também necessitou se adaptar a esses novos tempos. Assim, com 
o filósofo francês Augusto Comte (1798‑1857), surge com o Positivismo, postulando a necessidade de 
maior rigor científico na construção do conhecimento nas ciências humanas.
Nesse contexto, em meados do século XIX, a Psicologia – que até então era estudada pela Filosofia 
– passou a ser alvo de estudo pela Fisiologia e pela Neurofisiologia. Tais estudos levaram à formulação 
de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os 
sentimentos humanos eram produtos desse sistema.
Foram muitas as descobertas no campo da Psicologia a partir desse período:
• neurologia: em 1846 se descobre que a doença mental é consequência da ação direta ou indireta 
de diversos fatores sobre as células cerebrais;
• neuroanatomia: a atividade motora nem sempre está ligada à consciência, por não estar 
necessariamente na dependênciados centros cerebrais superiores;
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• fisiologia psicofísica: fenômenos psicológicos estudados pelos fisiologistas, como a fisiologia do 
olho e a percepção das cores.
Com tantos estudos no campo na Psicologia, em 1860, Fechner (1801‑1887), físico e matemático, 
e o alemão Weber (1864‑1920), considerado um dos fundadores da Sociologia, estudaram a relação 
entre estímulos e sensação, permitindo a sua mensuração. Surgiu então a Lei de Fechner‑Weber. Tal lei 
teve grande importância para a história da Psicologia porque instaurou a possibilidade do fenômeno 
psicológico, o que era visto como impossível até então.
A Psicologia moderna surgiu na Alemanha no final do século XIX com Wundt (1832‑1920), Weber 
e Fechner, que juntos trabalharam na Universidade de Leipzig. A eles se juntaram outros estudiosos: o 
inglês Titchner (1867‑1927) e o americano William James (1842‑1910).
Apesar de nascer na Alemanha, foi nos Estados Unidos que a Psicologia encontrou um campo fértil 
para o seu desenvolvimento, devido ao grande avanço econômico que colocou a América do Norte na 
vanguarda do capitalismo. A partir disso surgiram as primeiras escolas em Psicologia, as quais deram 
origem às inúmeras teorias existentes até os dias de hoje. Elas foram as seguintes escolas:
• associacionismo: teoria psicológica já anunciada por Aristóteles, 
quando explicava as complexas experiências mentais como produto 
de combinações (associações) entre elementos psíquicos mais 
elementares (CABRAL; NICK, 2006, p. 33);
• estruturalismo: estuda a consciência em seus aspectos estruturais, 
isto é, os estados elementares da consciência como estruturas do 
sistema nervoso central (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 41);
• funcionalismo: considerada a primeira sistematização 
genuinamente americana de conhecimentos em Psicologia. Para 
responder às questões: “o que fazem os homens” e “por que o fazem”, 
W. James elege a consciência como o centro de suas preocupações 
e busca a compreensão de seu funcionamento, na medida em que o 
homem a usa para adaptar‑se ao meio (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 
1999, p. 41).
Já no século XX as teorias da Psicologia foram divididas em:
• behaviorismo: 1. doutrina de Watson (1913) segundo o qual o objeto 
da Psicologia seria exclusivamente limitado aos dados observáveis do 
comportamento exterior, motor, verbal, glandular, com eliminação 
total da consciência, e sem apelo à introspecção, nem aos processos 
fisiológicos internos. 2. Em sentido mais amplo, este termo passou a 
designar Psicologia objetiva (PIÉRON, 1978, p. 52);
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• gestalt: nascida na Europa surge como uma negação da fragmentação 
das ações e processos, realizada pelas tendências da Psicologia 
científica do século XIX, postulando a necessidade de se compreender 
o homem como uma totalidade. A gestalt é a tendência mais ligada à 
Filosofia (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 43);
• psicanálise: nasce com Freud na Áustria, a partir da prática médica, 
recupera para a Psicologia a importância da afetividade e postula 
o inconsciente como objeto de estudo, quebrando a tradição da 
Psicologia como ciência da consciência e da razão (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 1999, p. 43).
Cada uma dessas teorias apresenta um enfoque diferente para a compreensão do comportamento 
humano. O behaviorismo nega a consciência e observa o comportamento como resultado do mundo 
que rodeia a pessoa. Tanto o que podemos considerar como bom ou não bom na pessoa será resultado 
do mundo que a cerca. A gestalt também não considera a consciência, mas, entre outros aspectos, a 
percepção da pessoa sobre o mundo que a cerca e os estímulos que recebe. Já a psicanálise resgata 
para a Psicologia os aspectos da consciência. Freud um escreveu extenso trabalho sobre os estudos que 
realizou nesta área, os quais estaremos estudando em capítulos mais adiante.
Concluímos aqui esse breve histórico da Psicologia. Temos certeza de que esse conhecimento trouxe 
para você a base necessária para a compreensão dos temas que estaremos abordando neste livro‑texto.
 Lembrete
A Psicologia recebe o status de ciência a partir do seu “desligamento” 
da Filosofia. No início do século XIX, estudiosos e pesquisadores buscam 
novos padrões para a produção do conhecimento humano.
Conhecer o ser humano em todas as suas dimensões, tanto física como psicologicamente, além 
dos aspectos cognitivos e sociais, ajudará você a reconhecer que, ao adoecer fisicamente, a pessoa terá 
alterado todos os aspectos da sua existência, pois o homem deve ser considerado e compreendido em 
todas as dimensões e sua interação no mundo.
Passaremos para o tema sobre a importância da relação fisioterapeuta‑cliente e a necessidade do 
conhecimento socioeconômico‑cultural da pessoa.
1.1 A relação do fisioterapeuta com o “cliente”: a importância em conhecer 
a realidade socioeconômica‑cultural
Estar tecnicamente preparado não é o suficiente para que o profissional se relacione bem com o 
seu paciente. A técnica é importante, fundamental para que os resultados sejam positivos, mas toda a 
técnica será insuficiente se o relacionamento entre o fisioterapeuta e o paciente não for adequada.
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Considerando que o trabalho do fisioterapeuta exige o uso das mãos, o tocar o outro, podemos 
afirmar que, apesar da ética e dos cuidados que o profissional usa para esse tipo de procedimento, o 
tocar pode desencadear reações negativas ou positivas no paciente, pois nem todas as pessoas recebem 
e sentem da mesma forma essa proximidade física.
É importante lembrar que a pessoa só chega até o profissional porque algo não está bem com ela. É 
isso que a faz procurar pelo profissional ou ser encaminhada até ele. Vamos entender um pouco sobre 
o significado do adoecer:
Do ponto de vista médico, o adoecimento é sempre visto como alguma 
função do organismo que não está desempenhando direito seu papel. A 
visão que a medicina tradicional tem do homem é de um corpo com uma 
expectativa previsível de funcionamento. Basta lembrarmos que para todo 
o diagnóstico são solicitados vários exames, que vêm acompanhados de 
uma tabela ou gráfico diante do qual é possível avaliar a “normalidade” 
do resultado. Isso significa que existe um funcionamento desejável do 
organismo, e quando esse funcionamento não é satisfatório, tem‑se uma 
doença (ROTH, 2002, p. 130).
Entretanto, além dos aspectos físicos e dos métodos que a medicina utiliza para determinar se 
a pessoa está doente ou não, temos que considerar também os aspectos psicológicos, as reações 
emocionais diante do adoecer. E sobre isso temos a seguinte explanação:
Do ponto de vista psicológico, o adoecimento é uma situação inesperada 
para a qual não estamospreparados, pois ninguém escolhe adoecer. Do 
ponto de vista psicológico, trabalhamos estão com o sofrimento psíquico. 
Uma situação desagradável, um certo mal‑estar, dor física e a incerteza 
sobre o futuro são condições potenciais para que o sofrimento exista, mas 
não são em si a dor de fato. O modo como reagimos a esses fatores é que 
determina a intensidade do nosso sofrimento psicológico.
Quando a pessoa doente não tem clareza sobre a doença que tem e nem dos 
recursos de que dispõe para enfrentá‑la, o medo pode tornar‑se extremo, 
e isso, certamente, interferirá no curso do tratamento (ROTH, 2002, pp. 
130‑131).
Podemos afirmar que sempre haverá um sofrimento psíquico no adoecer, pois a incerteza pelo 
amanhã e o medo são condições inerentes nesse contexto, conforme exposto pela autora.
É necessário também ao profissional conhecer a realidade socioeconômica e cultural da pessoa, 
pois podem ser pontos de apoio e sustentação importantes no enfrentamento da doença. Conhecer os 
valores, o papel que a pessoa doente desempenha na família, suas crenças, enfim, tudo o que envolve 
a pessoa ajudarão o profissional na sua avaliação sobre os recursos que a pessoa dispõe ou não para 
enfrentar o momento.
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Com certeza, para todo esse conhecimento e também para o trabalho a ser realizado, o diálogo entre 
o profissional e a pessoa doente será fundamental, pois ajudará a amenizar a situação estimulando a 
confiança da pessoa no profissional, bem como a autoconfiança.
Assim, não é possível estabelecer o sucesso do tratamento sem antes conhecer a pessoa, o diagnóstico 
das causas que levaram o indivíduo para o tratamento (curativo ou paliativo). É importante também 
conhecer as expectativas da pessoa que receberá o tratamento, seu estado emocional diante da doença, 
seu grau de ansiedade e avaliar que tipo de relação o paciente tem consigo mesmo e com os outros.
É necessário que se estabeleça uma relação de confiança e ajuda mútua entre o fisioterapeuta e o 
paciente, para que o ideal do tratamento seja conseguido e para que a pessoa se sinta cuidada.
Sobre o cuidar, vamos entender o que coloca Callanhan (1993 apud Pessini, 2004, p.168):
Cuidar de alguém é dar a ele nosso tempo, atenção, simpatia e qualquer 
ajuda social que possamos prover para tornar a situação suportável, pelo 
menos que nunca leve ao abandono. O cuidado deve sempre ter prioridade 
sobre a cura, pelas razões óbvias: nunca existe uma certeza de que nossas 
doenças possam ser curadas ou de que nossa morte possa ser evitada. 
Eventualmente elas podem e devem triunfar. Nossas vitórias sobre a doença 
e a morte são sempre temporárias, mas nossas necessidades de apoio, 
cuidado diante delas são sempre permanentes.
Cuidar exige disponibilidade tanto de quem trata como de quem será tratado. Para tanto, vamos 
entender como se formam as relações entre as pessoas por meio do vínculo.
1.1.1 Formação do vínculo
O sucesso das relações entre as pessoas depende do entrosamento entre elas e isso só é possível se 
houver um vínculo que garanta o entendimento e a comunicação.
No que se refere ao profissional‑paciente, isso é essencial porque a formação de um vínculo 
consistente dará ao paciente segurança em relação aos procedimentos que o fisioterapeuta irá realizar. 
Há uma tendência de abandono do tratamento caso o paciente não sinta confiança no profissional e 
isso independe da técnica e da competência do fisioterapeuta.
O primeiro vínculo/apego que o ser humano estabelece em sua vida ocorre quando, ao nascer, é 
recebido por alguém que, além de acolhê‑lo, o protege e cuida para que ele possa sobreviver.
Segundo alguns estudiosos do comportamento humano, todos os vínculos que são estabelecidos no 
decorrer da vida estão baseados nessa primeira experiência, essa vivência primitiva.
Para melhor compreender, vamos às explicações de Papalia, Olds e Feldman (2006, p. 245):
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O apego é um vínculo emocional recíproco e duradouro entre um bebê e um 
cuidador, cada um deles contribuindo para a qualidade do relacionamento. 
O apego tem valor adaptativo para os bebês, assegurando que suas 
necessidades psicossociais, bem como físicas, sejam atendidas. Segundo a 
teoria etológica, bebês e pais possuem uma predisposição biológica para se 
ligarem um ao outro.
O tema é tão importante, conforme os estudos realizados na área, que a qualidade das relações que a 
pessoa estabelece com o mundo posteriormente está baseada nessas primeiras experiências. As mesmas 
autoras escrevem:
A Teoria do Apego propõe que a segurança de apego influencia a competência 
emocional, social e cognitiva das crianças (VAN IJZENDOORN; SAGI, 1997). A 
pesquisa tende a confirmar isso. Quanto mais seguro é o apego da criança a 
um cuidador, mais fácil parece ser para a criança posteriormente tornar‑se 
independente daquele adulto e desenvolver boas relações com os outros. O 
relacionamento entre o apego no primeiro ano de vida e as características 
observadas anos depois ressaltam a continuidade do desenvolvimento e o 
inter‑relacionamento dos diversos aspectos do desenvolvimento (PAPALIA; 
OLDS; FELDMAN, 2006, p. 250).
É necessário atenção para que possamos entender as dificuldades que muitas vezes a pessoa 
em tratamento apresenta e que não necessariamente estão focadas na pessoa do terapeuta. 
Continuando nosso tema sobre a relação profissional‑cliente, vamos avaliar outros aspectos das 
relações interpessoais.
1.2 A empatia e o processo de comunicação nas relações interpessoais
Neste item utilizaremos a conceituação de empatia como base fundamental para as reflexões críticas 
posteriores, já que ao denotar conhecimento científico faz‑se necessária a vertente da fundamentação 
teórica. Devemos reportar a empatia no processo de comunicação interpessoal.
Vamos à definição da palavra empatia:
Compreensão intelectual de uma pessoa por outra pessoa, associada 
à capacidade de sentir como se fosse essa outra pessoa. Característica 
essencial das atitudes e emoções de natureza estética, quando a pessoa se 
identifica com um personagem literário, por exemplo. A psicanálise emprega 
frequentemente empatia como sinônimo de introjeção e incorporação. A 
empatia é fenômeno muito mais complexo do que a simpatia (CABRAL; 
NICK, 2006, p. 98).
Essa definição é utilizada por vários pesquisadores, já que a empatia é definida como a forma citada, 
ou seja, a capacidade para reconhecer ou compreender o estado de espírito ou a emoção da outra pessoa.
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Podemos compreender então que a empatia é caracterizada como a capacidade de colocar-se no 
lugar da outra pessoa e, dentro de limites, tentar ajudá‑la.
A empatia não implica necessariamente compaixão, ela envolve compreenderas emoções da 
outra pessoa e o modo como ela se caracteriza é derivado da forma como a própria emoção é 
caracterizada.
A capacidade de imaginar‑se como uma outra pessoa é um sofisticado processo imaginativo. No 
entanto, a capacidade de reconhecer emoções básicas provavelmente é inata e pode ser alcançada sem 
querer – ainda que possa ser treinada e conseguida com vários graus de intensidade ou de precisão.
Dessa forma, o profissional necessita sentir empatia pela pessoa doente e que necessita do seu 
atendimento; ser solidário ao seu sofrimento não significa abster‑se das manobras do seu trabalho e 
muitas vezes é inerente ao seu trabalho.
 observação
De acordo com o dicionário Michaelis (1998), compaixão significa dor 
que nos causa o mal alheio; comiseração, dó, pena, piedade.
Para que a empatia possa acontecer, é necessário que haja uma comunicação eficiente entre o 
profissional e a pessoa que necessita dos seus cuidados, pois sem ela toda informação poderá ser mal 
compreendida ou distorcida.
Para melhor compreensão, vamos definir o que é comunicação. Embora o saibamos, pois estamos 
sempre nos comunicando, é necessário entender o seu significado, já que para este estudo entende‑se 
comunicação como a ação em comum, ou seja, ação visando à proximidade com o outro, caminhar sobre 
a mesma perspectiva. No Dicionário de Psicologia (PIÉRON, 1978, p. 86) encontramos: “[...] transmissão 
de informação. A teoria da informação emprega a linguagem das comunicações”.
Nesse contexto, é importante considerarmos que a informação pode ser transmitida tanto 
verbalmente como a partir de outros meios, ou seja, existe a linguagem verbal que habitualmente 
utilizamos para nos comunicar e há também a não verbal.
Conforme define Silva (2002), esse tipo de comunicação não está associada às palavras e ocorre por 
meio de gestos, silêncio, expressões faciais, postura corporal etc. A autora apresenta ainda um estudo 
realizado sobre a comunicação, no qual:
[...] apenas 7% dos pensamentos (das intenções) são transmitidos por 
palavras, 38% são transmitidos por sinais paralinguísticos (entonação de 
voz, velocidade com que as palavras são ditas) e 55% pelos sinais do corpo 
(SILVA, 2002, p. 28).
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Neste sentido, é preciso estar atento para que a comunicação não verbal não seja mal interpretada 
ou distorcida pela outra pessoa, o que poderá trazer transtornos na relação profissional‑paciente.
Procure fazer o exercício de observar quando alguém conversa com você, perceba se a expressão 
facial ou corporal, por exemplo, corresponde àquilo que a pessoa está falando. Note, por exemplo, se a 
pessoa está tensa ou descontraída e como é a expressão do seu rosto.
Esse é um exercício muito interessante e pode nos ajudar na construção de uma boa relação com a 
pessoa doente, entendendo seu momento e seu sofrimento.
Mas há também outros aspectos a serem considerados na relação entre as pessoas, pois, 
além da formação do vínculo e da empatia, é importante estar atento à relação de transferência e 
contratransferência.
Embora seja um termo usado pela psicanálise de Freud, transferência e contratransferência não 
surgiram dessa teoria e são usadas também por outras e em diferentes contextos das relações entre as 
pessoas. Vamos à sua definição:
Transferência é o processo psicológico pelo qual são trazidos para o 
relacionamento atual sentimentos e conflitos originários de relacionamentos 
com pessoas importantes no início da vida, ou seja, reações emocionais que 
ocorreram no passado são transferidas para o presente. Esse fenômeno 
pode resultar em ligações afetivas intensas, irracionais, que não podem ser 
explicadas com base em situações da vida atual.
Na maioria dos clientes, as atitudes transferenciais são predominantemente 
positivas, contendo o mesmo tipo de expectativas e sentimentos que foram 
um dia dirigidos para pais bons, que eram sentidos e percebidos como 
principal fonte de proteção e segurança.
[...] Os sentimentos transferenciais do cliente com o profissional também 
podem ser negativos. Neste caso, de transferência negativa, a atitude do 
cliente se mescla com alguma matiz da escala negativa de sentimentos, tais 
como a desconfiança, a inveja, o desprezo, a irritação ou até mesmo a ira, a 
raiva ou a ira aberta (NOGUEIRA‑MARTINS, 2004, p. 37).
Conforme explica a autora, na transferência positiva o profissional terá menos com o que se 
preocupar em sua relação com o paciente do que na transferência negativa, pois nesse caso o sucesso 
do tratamento poderá ficar comprometido, já que a pessoa em tratamento terá um olhar negativo para 
tudo o que o profissional possa estar realizando com ela. É importante estar atento e procurar avaliar o 
tipo de comportamento manifestado pela pessoa. Sobre a contratransferência, Martins (2004) explica:
A contratransferência designa os movimentos afetivos do profissional como 
reações aos de seu cliente e em relação à sua própria vivência infantil. A 
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contratransferência pode também ser positiva ou negativa e depende de 
inúmeros fatores, advindos tanto do cliente (idade, sexo, situação social, 
apresentação e comportamento) como do próprio profissional (estado de 
cansaço, irritação, situação conjugal, social e de trabalho). Quando negativa, 
a contratransferência pode se manifestar por atitudes que ocultam rejeição 
ou agressividade inconscientes, como recusa de ouvir o cliente, por motivo 
de pressa ou falta de tempo, e atos falhos, como esquecimento do horário 
de atendimento, e “ameaça” de consulta psiquiátrica ou de hospitalização 
(JEAMMET; REYNAUD; CONSOLI, 1989 apud NOGUEIRA‑MARTINS, 2004, p. 37).
Como podemos ver, as relações interpessoais são bem mais complexas do que poderíamos avaliar. 
Assim, podemos afirmar que o sucesso ou não do tratamento estão baseados nessas relações e, conforme 
colocado inicialmente, toda técnica e conhecimento científico por parte do profissional não garantem 
o sucesso final do seu trabalho.
Figura 2 – Relações interpessoais
Para chegar à empatia é necessário percorrer um caminho em que as relações estejam calcadas no 
autoconhecimento e no conhecimento do outro. Desse modo, dando continuidade aos nossos estudos, 
passaremos para algumas explanações sobre o autoconhecimento.
1.3 A importância do autoconhecimento
Muito se ouve falar sobre o conhecimento e o autoconhecimento. De fato, o tema é de grande 
importância quando se trata de estabelecer relações interpessoais e, principalmente, de cuidar do outro, 
como faz o fisioterapeuta.
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Para que possamos contextualizar o tema ao trabalho do profissional e sua relação com o cliente, 
é necessário compreender que, como a própriapalavra esclarece, autoconhecimento é conhecer a si 
mesmo em todas as suas dimensões e potencialidades.
Embora pareça simples, é preciso entender que para que a pessoa chegue a ter o conhecimento de 
si mesma é necessária a consciência daquilo que ela construiu sobre si mesma, durante todo o percurso 
da sua existência até o presente momento.
A importância do autoconhecimento leva a pessoa àquilo que ela acredita para si mesma, pois o 
sucesso tanto nas relações como nos ideais que a pessoa estabelece para sua vida está baseado no 
conhecimento de si mesma e do seu potencial para atingir o que estabelece como meta.
Confirmando a importância do autoconhecimento para a vida pessoal e profissional, apresentamos 
a colocação de Mazulo e Silva (2010, p. 162):
Hoje, o autoconhecimento é uma ferramenta muito valorizada, permitindo 
a conscientização sobre quem somos e a aceitação das nossas próprias 
características. Saber realmente o que se quer e como projetar nossa carreira 
fará de nós profissionais diferenciados, pois o resultado de nosso trabalho 
será de melhor qualidade. [...] O autoconhecimento é um fator preponderante 
para a construção de uma carreira bem sucedida e feliz (MAZULO; SILVA, 
2010).
Como vemos, o sucesso da pessoa está calcado no autoconhecimento, tendo em vista que, 
conforme as autoras afirmam, quando o sujeito conhece a si mesmo e aquilo que ele é com todas as 
suas características, irá se projetar para o que planeja e acredita para a sua vida, tanto pessoal quanto 
profissional.
Entretanto, para alcançar o autoconhecimento é preciso saber diferenciá‑lo de autoconceito, pois é 
comum haver certa incompreensão a respeito do significado de cada um.
Vamos à definição do autoconceito conforme James (1968 apud Beraquet et al., 2004, p. 106):
Numa perspectiva mais ampla e abrangente pode‑se dizer que o 
autoconceito surge da inter‑relação de três dimensões essenciais da vida 
humana: 1 – a autoimagem; 2 – a imagem social e 3 – a imagem ideal, ou 
seja, o autoconceito abrange uma percepção organizada, subjetiva e singular 
de cada indivíduo sobre si mesmo, que se manifesta na autoestima ou no 
nível de satisfação com essa percepção que pode ser de autoconfiança ou 
autorrejeição, comparando o “eu percebido” com o “eu idealizado”.
Para concluir nosso tema, ressaltamos que para a pessoa obter o autoconhecimento é necessário 
que, no decorrer do seu desenvolvimento, ela construa o autoconceito, ou seja, o conceito que ela 
tem de si mesma, integrando na mesma perspectiva a maneira como ela se vê, a imagem que ela 
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projeta socialmente e que tudo esteja coerente com a imagem idealizada. Todas as pessoas têm em si a 
percepção de como ela é; assim, todas essas dimensões, o autoconhecimento e o autoconceito devem 
estar coesas com a autoestima, tema esse que veremos mais adiante.
Exemplo de aplicação
Realize uma reflexão sobre como você se vê e como anda o seu autoconhecimento e o autoconceito.
Posteriormente, observe as pessoas que o rodeiam e tente perceber como elas se comportam de 
acordo com o que estudamos. Este é um exercício que o ajudará a ampliar o seu relacionamento 
interpessoal e o seu desenvolvimento profissional.
2 As eXPeRIÊnCIAs IndIVIduAIs do AdoeCeR e os PRInCIPAIs 
MeCAnIsMos InConsCIentes de AdAPtAção e deFesA: ReGRessão, 
neGAção e RACIonALIZAção
Para iniciarmos nosso estudo sobre o adoecer, é necessário pensarmos sobre o que é exatamente 
adoecer; afinal, até que a pessoa tenha um diagnóstico médico, ela pode sentir‑se doente e apresentar 
sintomas, mas somente após a avaliação de um especialista será possível afirmar que há uma doença.
 observação
Em medicina, diagnóstico é o conhecimento da doença por meio de 
seus sintomas (SIMONETTI, 2009, p. 33).
Para deixar claro o trabalho que vamos desenvolver, vamos definir que trataremos do tema a partir 
da confirmação de que se a pessoa está com diagnóstico médico confirmado, ela está doente.
A partir disso, vamos conhecer os mecanismos psicológicos que são desencadeados na pessoa e, 
consequentemente, na família; afinal, quando um membro da família adoece, a família também será 
afetada de alguma forma.
De acordo com Potter e Perry (2009), doença é um estado no qual o funcionamento físico, emocional, 
intelectual, social, do desenvolvimento ou espiritual de uma pessoa está reduzido ou deteriorado em 
comparação com experiencia anterior. A partir da colocação das autoras, podemos entender que o 
adoecer não é apenas algo físico, mas também psíquico e cognitivo, afetando também as relações da 
pessoa com o seu meio.·
Partindo da definição de doença propriamente, vamos entender quais os tipos em que ela pode se 
apresentar:
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• Doenças agudas: geralmente são de curta duração e não necessariamente são graves. Uma 
virose, por exemplo, pode desencadear uma doença aguda, mas sendo adequadamente tratada, 
em poucos dias a pessoa retorna ao seu cotidiano. Outro exemplo é quando a pessoa sofre uma 
fratura ou necessita de certo tempo para se recuperar.
• Doença crônica: são aquelas que normalmente se desenvolvem lentamente e que duram 
acima de seis meses. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças 
crônicas são as principais causas de morte e incapacidade no mundo” (Fonte: <http://
www.min‑saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/doencas/doencas+cronicas/
doencascronicas.htm>). Como exemplo de doenças crônicas, podemos citar a hipertensão 
arterial, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e muitas outras.
É evidente que a doença crônica acaba sendo mais preocupante e causa maior transtorno na vida 
da pessoa, mas adoecer é sempre algo sentido como uma ameaça à vida, pois a partir do momento em 
que alguém sabe que está doente, seja um problema agudo ou crônico, poderá haver sentimentos de 
impotência diante do adoecer e até desesperança em relação à vida.
 Lembrete
A dor crônica e a doença crônica apresentam as mesmas características 
com relação ao tempo, ou seja, se elas não melhoram no prazo mínimo de 
seis meses, são consideradas crônicas.
Sobre o adoecer, Simonetti (2009, p. 37) expõe que:
[...] adoecer é como entrar em órbita. A doença é um evento que se 
instala de forma central na vida da pessoa, que tudo o mais perde 
importância ou então passa a girar em torno dela, numa espécie de órbita 
que apresenta quatro posições principais: negação, revolta, depressão e 
enfrentamento.
Conforme coloca o autor, a partir do diagnóstico de uma doença a pessoa não consegue conduzir 
sua vida da mesma forma como até então o fez, e mecanismos psíquicos inconscientes serão acionados 
na pessoa até que ela possa enfrentar ou não a nova realidade que se vislumbra.
Esses mecanismos citados pelo autor (negação, revolta, depressão e enfrentamento) podem ser 
explicados da seguinte maneira:
• Negação: na posição de negação a pessoa pode agir como se a doença simplesmente não existisse, 
ou então minimizar sua gravidade e adiar as providencias e cuidados necessários. De acordo com 
Simonetti (2009), é o famoso “empurrar com a barriga”, deixandopara amanhã a consulta com o 
médico, a realização de determinado exame, o início do tratamento etc.
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• Revolta: em geral é a fase mais difícil para o profissional, pois a pessoa, por estar doente, 
mostra‑se inconformada com o que está vivendo e projeta sua frustração para o outro. Conforme 
Simonetti (2009) a pessoa “cai na real”, enxerga a doença e enche‑se de uma revolta que pode ser 
dirigida para qualquer lado: contra a doença, contra o médico que a comunica, contra a equipe 
de enfermagem, contra si mesmo, contra a família, contra o mundo ou contra quem aparecer por 
perto. O autor justifica tal comportamento afirmando que, quando uma pessoa adoece, ela perde 
a liberdade e não pode mais agir como quer, tendo que fazer algo em relação à doença, gastando 
seu tempo procurando tratamento ou então mudando hábitos de vida, e todos nós sabemos como 
é irritante mudar nossos hábitos.
• Depressão: Kübler‑Ross (1996) considera este tipo de depressão como reativa, ou seja, é uma 
reação emocional aos acontecimentos negativos pelas quais a pessoa está passando e pela perdas 
que poderão ocorrer. A mesma autora o considera um momento importante e que ajudará na 
aceitação do diagnóstico e do tratamento.
• Enfrentamento: nesta posição, a pessoa se sente fortalecida para enfrentar tudo o que está 
acontecendo: a doença, o tratamento e até mesmo a morte, se for o caso. Simonetti (2009, p. 63) 
define esta fase da seguinte maneira:
[...] na posição de enfrentamento a pessoa, mesmo estando doente, é potente 
porque nada está sendo negado. Quando não nego nada em mim mesmo, 
nem a existência de minhas fraquezas, quando posso ser eu mesmo com 
meus defeitos e qualidades, quando posso agir a partir de meus sentimentos, 
é, enfim, quando sou mais forte.
Outros mecanismos usados para o enfrentamento, além dos citados pelo autor, e que também 
ocorrem a partir do diagnóstico de uma doença, são:
• regressão: mecanismo que ocorre, geralmente, em períodos de frustração. No caso da pessoa que 
tem o diagnóstico de uma doença, é uma tentativa do sujeito de retornar a períodos anteriores 
em que o problema atual não existia e as experiências eram mais prazerosas;
• racionalização: por meio da racionalização, a pessoa procura controlar as fontes de perigo, a 
partir da formação de explicações. No caso da doença, a pessoa tenta, com explicações aceitáveis 
e intelectualmente coerentes, justificar a sua doença.
Conforme encontramos descrito por diversos autores, o tipo e a intensidade das reações da pessoa 
diante do adoecer irão variar de acordo com o diagnóstico da doença, com sua gravidade e também 
com as características de personalidade da pessoa, pois cada uma irá enfrentar a situação de maneira 
pessoal.
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 observação
Mais adiante você encontrará as noções básicas das principais teorias 
psicológicas. Entre elas está o trabalho desenvolvido por Sigmund Freud 
(1856‑1939) e o estudo sobre os mecanismos de defesa.
A médica Elizabeth Kübler‑Ross (1926‑2004) foi pioneira no estudo sobre as reações emocionais 
da pessoa com doença grave. Seu trabalho é fundamental para os profissionais que trabalham com 
pacientes crônicos, graves e/ou sem possibilidade de tratamento, pois os ajuda na compreensão das 
reações e dos comportamentos apresentados por esses pacientes.
São descritos por Kübler‑Ross como estágios de adaptação. A autora escreve que eles não se manifestam 
seguindo uma ordem, podendo variar de acordo com o momento e a própria situação da pessoa.
Os estágios são descritos da seguinte forma:
• negação e isolamento: é mais observado no início, quando a pessoa recebe a notícia de sua 
doença e da gravidade da situação. A frase mais comum nesse estágio é: “Não é possível, não é 
comigo”. Outra reação esperada é a dúvida quanto à troca dos exames. Quanto ao isolamento, 
isso ocorre como uma tentativa da pessoa fugir do sofrimento. Gradativamente, vai havendo a 
aceitação parcial;
• raiva: quando não há como negar a situação e tudo é uma certeza, a reação será de raiva e 
indignação. Aqui a frase comum é: “Com tanta gente ruim no mundo, por que isso foi acontecer 
comigo? Afinal, sempre fui uma boa pessoa”. Nesse estágio a relação profissional‑paciente é difícil, 
sendo importante a compreensão por parte dos profissionais. A raiva é sempre projetada para o 
exterior, por meio de comportamentos agressivos;
• barganha: nesse momento a pessoa tenta negociar com Deus ou com o que ela acredita que 
pode devolver‑lhe a condição anterior à doença. Há uma tentativa de “troca”: o importante é 
resgatar a saúde e, para tanto, podem ser realizadas promessas ou sacrifícios. Tudo será válido 
para que a doença regrida ou desapareça;
• depressão: aqui uma grande tristeza se abate sobre a pessoa. Há um desânimo, a vontade de ficar 
em silêncio, e a pessoa lamenta para si as perdas que vem acumulando devido à doença e também 
pela possibilidade da morte. É importante que a família e os profissionais estejam atentos para 
que esse estágio não se estenda por longo tempo, pois trata‑se de um período de lamento, mas 
que deve haver uma reação para que o próximo estágio aconteça;
• aceitação: é o último estágio descrito por Kübler‑Ross. Nesse momento, a pessoa conseguiu 
superar os estágios anteriores, principalmente a depressão. É possível para a pessoa aceitar tanto 
o tratamento como também a morte.
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Concluindo, Kübler‑Ross afirma que em todos os estágios o sentimento de esperança sempre está 
presente, mesmo quando a pessoa já está na aceitação, pois tal sentimento está voltado para a sua 
recuperação e melhora. Enfim, é com a esperança que o profissional deve trabalhar junto ao paciente, 
pois isso trará confiança no tratamento e aumentará a sua expectativa de vida.
Continuando nosso estudo sobre o adoecer, vamos conhecer duas situações que ocorrem nesse 
período e que são importantes de serem identificadas pelo profissional, pois são fatores que podem 
interferir no desenvolvimento do tratamento.
 saiba mais
Assista ao filme Um golpe do destino (The doctor). Nele, o Dr. Jack McKee 
(William Hurt), um bem sucedido médico, recebe o diagnóstico de câncer. A 
partir de então, passa a ver a medicina sob outra perspectiva.
2.1 os ganhos secundários de adoecer e suas consequências
Como vimos, o adoecer provoca diferentes sentimentos e reações na pessoa e, consequentemente, 
na família. Pinto (2009, p. 169) escreve:
O adoecer provoca uma alteração na representação de mundo do paciente e 
seus familiares; passam a frequentar mais o hospital, aproximam‑se de um 
universo novo, com procedimentos e termos desconhecidos, para os quais 
são leigos. É preciso interromper seus projetos para se dedicar a algo quedesconhecem: as cirurgias, a rotina hospitalar, os procedimentos clínicos. 
Esta experiência é relatada por muitos pacientes como um sentimento de 
despersonalização, como se a vida tivesse sido retirada e a doença ficado no 
lugar, com as exigências de uma nova rotina, mudança de hábitos comuns, 
interrupções de projetos de vida e o medo da morte.
Entretanto, apesar de toda mudança na rotina e dos projetos de vida interrompidos, há a necessidade 
de enfrentamento desse universo desconhecido que agora a pessoa e a família passam a trilhar.
De acordo com Simonetti (2009), ao observamos com mais atenção e critério a pessoa doente, 
vemos que a doença não lhe traz somente perdas; há também ganhos. A pessoa ganha mais atenção e 
cuidados porque está doente. Continua o autor:
[...] ganha‑se o direito de não trabalhar, ganha‑se, se for o caso, 
autocomiseração e até uma desculpa genuína para explicar dificuldades 
existenciais, profissionais ou amorosas. Esses ganhos secundários da doença 
demonstram como os aspectos psicológicos podem atuar como fatores de 
manutenção do adoecimento (SIMONETTI, 2009, p. 18).
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Podemos entender que os ganhos secundários são de certa forma compensações que a pessoa tem 
e que só foram possíveis a partir da doença.
Até mesmo na criança, conforme Peçanha (2008), observa‑se o desejo de preservar ganhos 
secundários, como a obtenção de maior atenção da mãe. A atenção, o carinho e outros ganhos materiais 
que a pessoa pode ter a partir do adoecer parecem aparentemente interessantes, mas do ponto de vista 
psicológico e da recuperação da pessoa eles podem representar algo negativo; afinal, para o paciente há 
o medo de que tudo se perca depois da cura.
É importante que o profissional esteja atento, principalmente quando o paciente começa a 
demonstrar desinteresse pelo tratamento – por exemplo, com ausências injustificáveis ou referindo não 
sentir melhora, mesmo quando tudo indica que ela deveria existir.
2.2 A dor e suas repercussões emocionais: os diversos tipos de dor
Outro aspecto do adoecer e que merece muita atenção por parte dos profissionais é a questão da 
dor. Se adoecer é algo que transforma a vida da pessoa e da família, sentir dor é dificultar ainda mais o 
sofrimento de quem a sente.
Ao mesmo tempo, a dor é um aviso, um alerta de que algo não está bem no organismo, pois quando 
alguém a sente é recomendado que busque ajuda a fim de verificar qual é a sua causa.
Arantes (2008) escreve sobre a dor:
A dor significa algum sentimento que machuca, fere. Pelo corpo há milhares 
de terminações nervosas que reagem quando há algo errado nas suas 
proximidades. A dor é um sinal de alerta que notifica a presença de perigo 
ou ameaça à integridade do ser. Esses sinais são conduzidos pelos nervos 
até o cérebro, que processa a informação recebida. Segundo a Associação 
Internacional para o Estudo da Dor (Iasp), dor é definida pela “sensação 
desagradável, subjetiva, relacionada a uma lesão real ou potencial, ou 
descrita em termos de tal lesão” (ARANTES, 2008, pp. 287‑288).
Pela sua subjetividade, é muito difícil estabelecer o grau e a intensidade de uma dor sentida por outra 
pessoa. Entretanto, apesar de sua subjetividade, a dor não é algo abstrato, conforme afirma Carvalho 
(1999). De acordo com o autor, ela é sentida e precisa ser compreendida e respeitada na sua totalidade, 
para assim poder ser tratada. As características da dor e suas variações podem se apresentar da seguinte 
maneira:
• Localização: a dor pode ocorrer nos músculos, juntas, dentes, pele ou 
membros amputados, caracterizando a dor fantasma. A localização 
também pode ser pontual e bem definida ou difusa, difícil de ser 
apontada.
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• Qualidade: principal sensação, ou forma que a dor toma, pode ser 
formigamento, queimação, ardor, pontada, latejamento, pressão, 
perfuração e corte, entre outros.
• Intensidade: a “intensidade” da dor pode ser percebida como forte, 
fraca e em uma grande variedade de graduação entre os extremos 
“sem dor” e “dor excruciante”, ou insuportável.
• Frequência: a dor pode ser ininterrupta ou episódica, ocorrendo em 
diferentes intervalos de tempo.
• Natureza: a dor pode ser orgânica, com causa física conhecida e 
reconhecida, ou psicogênica, sem qualquer causa física, associada ao 
funcionamento ou momento psicológico da pessoa.
• Etiologia: a variável desencadeadora da dor pode ser fratura, cirurgia, 
artrite reumatoide, cortes acidentais, acidente químico ou pancada, 
entre várias outras.
• Duração: um episódio doloroso pode permanecer por diferentes 
períodos de tempo, variando de alguns segundos a meses (CARVALHO, 
1999, p. 17).
Na sequência do nosso estudo, é importante para o profissional conhecer e saber distinguir as 
características da dor, tendo em vista que ela poderá variar de acordo com o tipo e a sua duração. São elas:
• dor aguda: de acordo com diversos autores, a dor aguda é o desconforto que tem duração de 
alguns segundos a menos de seis meses. Ela está associada ao trauma ou lesão tecidual, algum 
processo inflamatório ou doenças. São exemplos: se machucar, lesão ou trauma muscular, situação 
de pós‑operatório, entre outros;
• dor crônica: é o desconforto com duração superior a seis meses, podendo durar muitos anos. 
Geralmente acompanha alguma doença ou está associada a uma lesão tratada. Como exemplo, 
temos a fibromialgia, a artrite reumatoide, alguns tipos de câncer e outros tantos, inclusive a dor 
fantasma. Como visto anteriormente, esta é a dor que ocorre na pessoa que teve um membro 
amputado, mas continua sentido dores ou latejamento apesar de saber que o membro não mais 
existe;
• dor recorrente: Carvalho (1999) escreve que a dor recorrente é também aguda, porque ocorre 
em episódios de curta duração, mas tem uma característica crônica, já que se repete ao longo 
de muito tempo (às vezes ao longo de quase uma vida) e não está claramente associada a uma 
etiologia específica, tal como ocorre com as dores agudas e crônicas. O exemplo mais conhecido 
de dor recorrente é a enxaqueca, na qual o paciente sofre de forte dor de cabeça intercalada por 
períodos livres de qualquer dor.
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Psicologia aPlicada à FisioteraPia
Figura 3 – O grito
Podemos ilustrar o sentimento da pessoa com dor crônica por meio da conhecida pintura de Edvard 
Munch intitulada O grito. Nela, vemos a figura de uma pessoa em desespero, o que nos leva a pensar 
sobre o sofrimento físico e psíquico da dor como algo imensurável. Logo, merece de todo profissional 
cuidado e atenção na busca de melhor qualidade de vida para o doente, principalmente aquele com dor 
crônica.
O assunto da dor é tão sério que diversos estudos são realizados a esse respeito. Seu

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