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SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira SISTEMAS SILVICULTURAIS Alto fuste: implantação do sistema florestal em uma área em que não exista floresta ou em uma floresta reformada. Em qualquer uma das duas situações, isso inclui a etapa do plantio. Finalizando o ciclo, essas árvores serão cortadas, a madeira colhida e o sistema se renova com o plantio de novas mudas. CICLOS DE ALTO FUSTE Um alto fuste para madeira fina é um ciclo de produção que dura de 6 a 8 anos até a colheita (média de 7 anos). Esse ciclo de madeira fina pode ser utilizado para a produção de celulose, carvão, lenha e painéis. Nessa primeira sequência para a produção de madeira fina, tratando-se de um alto fuste, todo um preparo se faz necessário para a implantação do sistema. É necessário realizar o controle de plantas invasoras com roçagem e/ou aplicação de herbicidas na área total, o controle de formigas e cupins, o preparo do solo com subsolagem (em alguns casos, com adubação de base), coveamento mecânico ou manual, até o plantio (com espaçamento de 4,5 a 9,0 m² por planta). Há ainda, durante o plantio, a adubação de base (covetas laterais ou em filete contínuo no sulco de subsolagem), o replantio (>5% de falhas), controle de plantas invasoras (até 4-6 meses para eucalipto e 2-3 anos para pinus), adubação de cobertura (parcelar em 2-3 aplicações, fontes solúveis: N, K e B) e o controle anual de formigas e cupins. No alto fuste, temos um período chamado “tempo de espera” entre o término de um ciclo e a reforma e implantação de um novo ciclo. Numa segunda sequência de alto fuste para a produção de madeira grossa, o ciclo de produção pode durar até 20 anos até a colheita da madeira para a serraria. São realizadas as mesmas atividades de preparo para a implantação do sistema, como realizado na sequência 1, que vem seguida das etapas de desrama baixa, desbaste gradativo para reduzir o número de árvores por hectare e a desrama alta. O desbate gradativo tem como objetivo permitir o crescimento das árvores em diâmetro, aumentando incidência de luz, espaço, dentre outros fatores necessários ao crescimento. Já as desramas buscam impedir a formação de nós, que desvalorizam a madeira. O mais comum é que seja realizado uma desrama baixa e uma desrama alta. Importante: após o término do desbaste, tem-se um menor volume de madeira total em comparação ao volume total antes do desbaste, mas a madeira do fim de ciclo é mais valorizada economicamente. Ao final da colheita, reformando o plantio e replantando a área, um novo ciclo de alto fuste (reforma florestal) pode ser iniciado, tanto para madeira fina, quanto para madeira grossa. Durante esse ciclo, novas atividades passam a fazer parte do manejo dessa área, como o rebaixamento de toco, caso o toco deixado durante a colheita seja muito alto e o manejo dos resíduos vegetais, como galhada, casca e serrapilheira. Depois de sete anos decorridos nesse sistema de alto fuste, pode-se implantar uma talhadia sob alto fuste para madeira fina ou madeira grossa por um único ciclo (7 anos) a partir dos brotos remanescentes da colheita do alto fuste anterior. Além de ter um único ciclo a partir dos brotos remanescentes, pode-se implementar a talhadia de forma permanente, realizando várias rotações. Nesse último caso, somente é possível implementar para a produção de madeira fina para carvão, lenha, painéis e celulose. Tanto para a talhadia sob alto fuste, quanto para a talhadia sucessiva, é necessário inserir a desbrota durante o manejo da área. Essa desbrota será realizada de 12 a 18 meses pós-colheita, no caso do eucalipto, deixando de um a dois brotos para que se transformem em novas árvores. SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira Talhadia: não há produção de mudas e preparo do solo. Não há reforma depois da colheita da madeira, o que ocorre é a condução dos brotos dessas árvores cuja madeira foi colhida. Para que esse sistema possa ser utilizado, é necessário levar em conta que as espécies utilizadas sejam capazes de brotar (ex. Eucalipto. Pinus não brota, não é possível ser utilizado no sistema de talhadia). Vantagens da talhadia: a. Alta taxa de crescimento inicial: o toco remanescente já tem um sistema desenvolvido o que torna o desenvolvimento inicial pós-colheita mais rápido; b. Maior proteção do solo: o sistema radicular já está desenvolvido, já existe serrapilheira do ciclo de desenvolvimento anterior, protegendo o solo; c. Menor custo de formação: como grande parte das atividades de manejo envolvem o plantio de mudas, nesse caso, o custo para formação e implementação será menor, considerando que todo o manejo inicial já foi realizado; d. Inúmeras espécies florestais brotam. Os sistema de talhadia podem ser simples ou composto. Na talhadia simples é realizado um sistema de corte raso visando a produção de madeira para fins menos nobres (menor valor de mercado). Dentre as vantagens da talhadia simples: menor custo e menor número de intervenções, corte simples de fácil regeneração quando comparado ao alto fuste, fornecimento de produtos em menor tempo, antecipando a geração de receitas. Já as desvantagens são: a não produção de maneira de qualidade e de menores dimensões, o sucesso financeiro depende da situação do mercado para os produtos produzidos, grande extração de nutrientes do solo devido ao alto volume de produção em ciclos menores tornando necessária a adubação constante e a baixa variabilidade de material genético, devido a condução da mesma variedade por ciclos sucessivos. Na talhadia composta parte das árvores não são colhidas, sendo deixadas para a produção de madeira grossa para a serraria, misturando árvores formadas a partir da brotação das cepas crescendo sob um dossel de árvores originalmente obtidas pela reprodução de alto fuste. As vantagens da talhadia composto é a madeira de usos múltiplos, a diversidade de materiais e produtos (lenha, poste, madeira para serraria, etc), melhor cobertura do solo, boa aparência estética da floresta e manutenção da fauna silvestre local. Já as desvantagens, temos a dificuldade da colheita, um menor crescimento do sub-bosque abaixo do dossel superior e a maior dificuldade de aplicação. SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira Fatores que podem afetar a brotação das cepas Durante a condução da talhadia, uma série de fatores pode influenciar na condução do sistema. Fonte: Stape, 1997. Alguns fatores que interferem na brotação podem ser manejados e administrados pelo produtor. Algumas ações durante o manejo de pré-brotação são importantes: Técnicas de manejo: pré brotação 1. Manejo de pragas florestais; 2. Idade de corte e diâmetro da cepa: árvores mais velhas tem menor potencial para brotações. Quanto mais juvenil a árvore, maior será seu desempenho nas brotações. Por isso a talhadia é recomendada para ciclos mais curtos (7 anos); 3. Altura de corte: quanto maior a altura de corte, maior o número de gemas ativas deixadas no toco e, consequentemente, maior será o desempenho na árvore nas brotações. Em contrapartida, tocos mais altos dificultam a mecanização da área. É preciso analisar cuidadosamente; 4. Limpeza; 5. Época de corte; 6. Adubação. ATIVIDADES DE MANEJO Desrama A desrama consiste na retirada de ramos laterais do tronco da árvore, visando a qualidade da madeira. O objetivo é produzir madeira limpa, sem a presença de nós e, dessa forma, aumentar sua valorização para fins de serraria e laminação. A desrama pode ocorrer de forma natural, pela senescência, morte e posterior desprendimento da árvore, ou artificial, através da remoção de galhos vivose mortos até determinada altura da base da árvore (MONTAGNA et al., 1976). SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira Em relação às espécies florestais cultivadas, sabe-se que algumas podem apresentar desrama natural de forma mais intensa, como as do gênero Eucalyptus, em comparação com as do gênero Pinus e a Tectonia grandis (Teca). Normalmente, a desrama ocorre de 3 em 3 metros, devido ao comprimento da madeira comercializada. A primeira desrama é feita a 3 metros, a segunda a 6 e, assim, sucessivamente. O recomendado é que a desrama não retire mais que 35-40% da copa viva. Com relação à idade, a primeira desrama deve ser definida com base no crescimento em altura das árvores e suas copas e na quantidade de operações necessárias para que se obtenha uma tora com madeira limpa que, geralmente, é de 6 metros. No Eucalipto, por exemplo, a primeira desrama pode ser realizada entre 15 e 18 meses, quanto as árvores estão se aproximando dos 10 metros de altura. A primeira desrama irá variar de 2,5 a 3 metros. São retirados todos os galhos verdes e secos, se limitando ao máximo de 40% da copa viva. Os galhos devem ser cortados rentes ao tronco, evitando a ocorrência de “cabides”, “chupetas”, tocos de galhos e ferida na casca das árvores. A segunda desrama é realizada até 6 metros de altura, podendo ser realizada por volta dos 30-36 meses. A desrama acima de determinadas alturas (5-8 metros) torna-se mais onerosa e menos ergonômica para os trabalhadores, aumentando a possibilidade de uma menor qualidade do serviço. Para desrama de galhos de até 50mm de diâmetro são utilizadas tesouras de poda ou serras manuais (exigem menor esforço físico). Desbaste Consiste na remoção de proporção de árvores de um povoamento, buscando promover maior espaço entre as árvores e o aumento da produção total comercial devido a produção intermediária de madeira. O maior espaçamento entre as árvores redistribui o potencial de crescimento do povoamento para as remanescentes, permitindo um crescimento em diâmetro dessas árvores. O desbaste pode ser feito com base na classificação em classes de copas. Nesse caso, pode-se observar características qualitativas, como a posição ocupada e a dimensão da copa, o estado de sanidade e as condições do tronco. Nesse critério, teremos árvores dominantes, árvores intermediárias e árvores suprimidas. Essa heterogeneidade ocorre quando as árvores são originadas de sementes. O desbaste pode ser comercial, se existir mercado para o material colhido ou não comercial, se as árvores removidas não forem comerciais. Quanto aos tipos e métodos, o desbaste pode ser por baixo, pelo alto ou mecânico (Smith, 1996). No desbaste por baixo as piores árvores são retiradas, pelo alto as melhores são retiradas e vendidas antecipadamente para permitir o desenvolvimento das “piores” árvores. Esses dois tipos são desbastes seletivos, enquanto o desbaste mecânico é um desbaste de rearranjo do espaçamento das árvores, sem critério qualitativo. O desbaste por baixo tem como vantagens sua simplicidade de realização, fácil treinamento da equipe e pode ser sempre realizado. Mas sua desvantagem é que as árvores podem não ter utilização e mercado. O desbaste pelo alto elimina as árvores mais altas (dominantes e codominantes), o que traz a vantagem de que essas madeiras serão fonte de renda imediata tendo em visto sua alta qualidade e a desvantagem, com a queda, essas árvores podem gerar dano às árvores remanescentes. Por fim, o desbaste mecânico é realizado em áreas mais homogêneas. É um desbaste geométrico, mexendo no espaçamento pré-determinado ou linhas e SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira é utilizado em povoamentos jovens onde tem-se copas menores. É de fácil realização mas acaba removendo até mesmo as melhores árvores do povoamento. Há ainda o desbaste misto, que consiste na realização dos diferentes tipos de desbaste existentes em um mesmo povoamento. Quanto aos efeitos do desbaste, a técnica estimula o crescimento em diâmetro das árvores remanescentes, disponibiliza recursos, aumenta a área basal individual, forma madeiras com menos rachaduras, mais maduras e valorizadas, e a ciclagem de nutrientes. SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira SISTEMA AGROFLORESTAIS INTRODUÇÃO E CONCEITOS A importância dos sistemas agroflorestais Nos sistemas agroflorestais (SAFs) temos a associação do componente florestal, o componente agrícola e o componente forrageiro animal e essa associação pode ser feita no mesmo momento ou em momentos diferentes. Esses sistemas possuem diferentes graus de diversificação, a depender do interesse do agricultor e do tamanho da área, impactando de diferentes formas de acordo com o grau de biodiversificação. Os sistemas agroflorestais mais sustentáveis são aqueles que consideram o aspecto ambiental, econômico e também o social. Atualmente, existe um expressivo aumento por parte dos produtores pelos sistemas agroflorestais devido a grande variedade de atividades que podem ser desenvolvidas concomitantemente em uma mesma área. Um exemplo é o interesse de produtores interessados na produção de madeira devido a diminuição da oferta da madeira oriunda de florestas nativas, associada ao aumento da demanda de madeira para várias finalidades o que eleva o custo desse material no mercado, tornando a atividade atrativa economicamente. Os SAFs vem crescendo juntamente com esse interesse, tendo em vista que permitem a otimização da propriedade, mantendo atividades agrícolas e/ou pecuárias juntamente às atividades florestais, dando oportunidade aos produtores de se inserirem no mercado comercial de madeira. Existem diferentes termos na literatura para conceituar a definir os sistemas agroflorestais, um deles é a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta – ILPF. Bene et al. (1977) diz que “Agrofloresta é um sistema de manejo sustentável da terra que aumenta a produção total, combinando cultivos agrícolas, culturas perenes (frutíferas), essências florestais e/ou animais, simultânea ou sequencialmente, aplicando práticas de manejo compatíveis com o padrão das populações locais”. Outra definição, proposta por Daniel et al. (1999) diz que “Sistemas agroflorestais são formas de uso da terra que envolvem deliberada retenção, introdução, ou mistura de árvores ou outras plantas lenhosas nos campos de produção agrícola/animal, visando obter benefícios resultantes das interações econômicas, ecológicas e sociais". São exemplos de mistura espacial em SAF o plantio de eucalipto com o gado de leite, eucalipto com plantio de milho. Há também a mistura sequencial. Tomemos como exemplo o plantio de milho com eucalipto: nesse caso, temos uma mistura espacial, com o milho e o eucalipto simultaneamente na área. Após a colheita do milho, pode-se inserir o gado nessa mesma área, caracterizando uma mistura sequencial (gado-milho). Normalmente, no SAF, temos mais de uma espécie de interesse econômico. Isso diminui os riscos do empreendimento, para o caso de uma espécie estar sem mercado em algum determinado momento, garantindo renda ao produtor de forma constante. Os sistemas agroflorestais podem ser classificados de acordo com as relações entre os sistemas que o compõem. Um sistema silviagrícola/agrossilvícola/agrossilvicultural é aquele que possui integração entre os componentes agrícola e o componente florestal. Já um sistema silvipastoril é aquele em que ocorre a integração entre o componente florestal e o componente animal. Quando os três componentes se integram, chamamos de sistema agrossilvipastoril. SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DEJANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira Potencial de utilização dos sistemas agroflorestais Sistemas agroflorestais possuem um alto potencial de utilização, sendo uma alternativa para a produção sustentável. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, que possui grande quantidade de pequenas/médias propriedades (88% de estabelecimentos rurais com até 4 módulos fiscais) e um grande número de áreas degradadas, o SAF é uma excelente alternativa para uma recuperação dessa área. Além disso, há incentivos do governo para a implementação de sistemas agroflorestais. Principais influências do componente arbóreo no SAF Para a implantação de sistema agroflorestais, é preciso considerar alguns fatores de relacionamento para a escolha das espécies. O componente arbóreo pode influir no desenvolvimento do componente vegetal herbáceo em diferentes aspectos: as raízes podem competir, a copa das árvores intercepta a luz, reduzindo a quantidade de luz necessária para a fotossíntese do componente agrícola, podendo prejudicar o crescimento da espécie agrícola utilizada. É preciso considerar a tolerância ao sombreamento das culturas agrícolas e das pastagens que serão implantadas no sistema. Funções do componente arbóreo nos SAFs As árvores desempenham três importantes papéis nos sistemas agroflorestais: ambiental, econômico e social. Dentro do papel ambiental desempenhado por elas, temos impacto no solo, na água e na fauna. No solo, as árvores são as responsáveis por formarem a serrapilheira, fundamental para proteção do solo e seu enriquecimento, retornando a matéria orgânica para a terra e reduzindo a necessidade de adubação do solo. Também por conta da presença da serrapilheira, as árvores aumentam a capacidade de infiltração da água no solo, reduzindo a erosão por lixiviação. Para a fauna, as árvores servem de abrigo e fornecem alimentação. Quanto ao papel econômico desempenhado pelas árvores, a produção de madeira constitui uma “poupança verde” a médio e longo prazo. Já o papel social, está ligado à regulação do clima e ao sequestro de carbono. Árvores retém o CO2 liberado na atmosfera, transformando-o em biomassa para o seu crescimento. Além disso, retém umidade, equilibrando a temperatura e a umidade relativa do ar. Agricultura Sintrópica A Agricultura Sintrópica é um modelo de agricultura desenvolvido por Ernst Götsch, que faz uso de processos naturais nas práticas agrícolas, tanto em sua forma, quanto em sua função e dinâmica. Nesse modelo de agricultura, as áreas são extremamente produtivas sem a utilização de insumos externos, buscando replicar a dinâmica da floresta. O plantio é orientado pela sucessão natural e pela estratificação, respeitando e prezando pela função ecofisiológica de cada componente e garantindo que sejam inseridas espécies que serão componentes dos níveis dos Sistemas de Placenta, de Acumulação e de Abundância (ou Escoamento), fundamentos básicos criados por Ernst. Dentre as vantagens do modelo estão a capacidade de recuperar áreas degradas com a viabilidade econômica para o produtor, devido a colheita constante decorrente da diversidade de SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira plantas plantadas; há aumento da biodiversidade o que permite o controle de pragas e doenças graças ao equilíbrio biológico, menor gasto com água quando comparado ao plantio convencional e maior valor nutricional dos produtos. Dentre os entraves, temos a falta de interesse e conhecimento sobre os benefícios da prática e a carência de capacitação técnica para replicação do conceito em outras áreas. RESTAURAÇÃO FLORESTAL A restauração florestal é a atividade que consiste na recuperação de áreas degradas e na reparação de danos provocados pelo homem aos ecossistemas. O guia criado pela Sociedade Internacional de Restauração Ecológica, “Os Princípios da SER Internacional sobre a Ecologia de Restauração”, define a restauração “como uma atividade intencional que inicia ou acelera a recuperação de um ecossistema no que diz respeito à sua saúde, integridade e sustentabilidade”. O processo de restauração florestal é dividido em 3 fases: a estruturação, a consolidação e a maturação. Na fase de estruturação há predomínio de espécies pioneiras, na consolidação de espécies secundárias e na maturação de espécies clímaces. As espécies pioneiras criam as condições florestais, as secundárias garantem essas condições para que as espécies clímaces se desenvolvam em sua complexidade. Fase de Estruturação: na estruturação, ocorre a introdução ou favorecimento de espécies florestais, a criação de um dossel e habitat florestal, eliminando plantas competidoras, desenvolvimento da estrutura da floresta e a atração de dispersores e chegada de novas espécies. Fase de consolidação: a consolidação garante a sobrevivência do habitat florestal por um tempo suficientemente longo para permitir a continuidade do processo de restauração. Nessa fase ocorre a morte gradual das espécies do dossel inicial, a criação de um novo dossel de árvores secundárias e manutenção do habitat florestal. Com isso, microhabitats são criados, com oferta de alimento para a fauna, atração de dispersores e chegada de novas espécies. Aqui ocorre a regeneração natural autóctone. Fase de maturação: aqui o dossel é dominado por espécies clímax e ocorre um gradual enriquecimento de espécies de lei. Nessa fase ocorre o aumento da complexidade e acumulação de diversidade. A maturação é a gradual acumulação que vai levar à criação de uma floresta restaurada semelhante às florestas maduras naturais. Para que um método de restauração seja indicado, é preciso que haja uma primeira etapa de diagnóstico no modelo de restauração. Após a avaliação, é feita a prescrição do método proposto, para posterior execução e avaliação. Dentre os diferentes métodos de restauração, temos a condução da regeneração natural, a nucleação, a semeadura direta, o plantio de mudas e alguns outros. A regeneração natural é o método mais barato, mas não é aplicável em qualquer área. Na nucleação a recuperação se baseia em estudos da vegetação remanescente de uma área degradada, representada por pequenos fragmentos que atuam como núcleo de expansão da vegetação. Esse método apresenta maior indicativo de sucesso, custo reduzido, prioriza a diversidade biológica mas é um processo lento. A nucleação pode ser feita através de diferentes técnicas, dentre elas a transposição do solo e os poleiros artificiais. Na transposição do solo, pequenas porções da camada superficial do horizonte orgânico de um solo não degradado, com sucessão mais avançada e com potencial de recolonização da área, com sementes, SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira microrganismos e propágulos de espécies vegetais pioneiras são reintroduzidos na área em que se busca realizar a restauração. Com isso, diversas espécies da micro, meso e macrofauna e flora, importantes na ciclagem de nutrientes, na reestruturação e fertilização do solo, agem no processo de restauração. Já na nucleação por poleiros artificiais, o objetivo é propiciar ambientes de pouso para animais dispersores de sementes, como aves e morcegos, que eliminarão as sementes através da defecação. Essa é considerada uma das formas mais eficientes para aumentar o aporte de sementes nas áreas e considera as baixas taxas de chegada de sementes como o principal fator limitante da regeneração de áreas degradadas. Esse método acelera a sucessão inicial, aumentando a diversidade de espécies e a quantidade de sementes em 150 vezes, principalmente de espécies pioneiras. Grande parte da restauração florestal no Brasil ocorre em áreas de pastagem degradada (75%). A prescrição dométodo sempre começará pela avaliação do potencial de regeneração natural da área, visando o barateamento da implantação do método. Se a área possui alto potencial para regeneração natural, esse será o método implantado. Em área com pouco e/ou médio potencial de regeneração natural, pode-se realizar a condução da RN com plantio de enriquecimento. Para áreas sem potencial, recomenda-se o plantio total através do método ideal, considerando a área, tamanho e poder aquisitivo do produtor. Para a execução do método, é necessário realizar um planejamento, traçar uma estratégia de ação e avaliar os recursos disponíveis para aplicação do método de regeneração. Após a execução, temos a etapa de avaliação que consiste na avaliação e julgamento do sucesso ou insucesso do método implementado para que sejam tomadas medidas corretivas, caso necessário. Existem alguns obstáculos durante a restauração florestal. Dentre as restrições físicas, temos a topografia, a drenagem (altura do lençol freático). E há também as restrições legais: existe uma exigência por parte dos órgãos ambientais quanto ao uso exclusivo de algumas espécies que não levam em consideração a potencialidade de revegetação, restrição quanto à altura das plantas (vista panorâmica), fontes de semente e uso de fertilizantes e herbicidas. Esses obstáculos de restauração influenciam diretamente no custo de restauração. A declividade, a precipitação e a capacidade de regeneração são fatores que impactam diretamente no custo da restauração. Os custos básicos de restauro variam de 0 (regeneração natural passiva) até R$ 30 mil. Alguns custos efetivos compreendem: a. Custos fixos materiais (cerca e aceiro): R$ 1.000 – 1.700/hectare b. Custos fixos de inteligência (diagnóstico e recomendação técnica, gestão e monitoramento): R$ 500-1.600/hectare c. Custo de oportunidade da terra FOMENTO FLORESTAL A silvicultura econômica consiste na “atividade de implantação, manejo e colheita de povoamentos florestais plantados visando o aproveitamento e manutenção racional dos ativos florestais em função do interesse econômico, ecológico, científico, social e da demanda de mercado. A Lei nº 5.067, de 09 de julho de 2007 - Dispõe sobre o Zoneamento Ecológico- econômico do Estado do Rio de Janeiro e define critérios para a implantação da atividade de SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira Silvicultura Econômica no Estado do Rio de Janeiro e o Decreto nº 45.597 de 10 de março de 2016 - Define as áreas destinadas aos DISTRITOS FLORESTAIS no estado do Rio de Janeiro. Foram, então, criados cinco distritos florestais no Rio de Janeiro a partir dessa lei. Distritos florestais são áreas de grande potencial para implantação e desenvolvimento de atividades de silvicultura econômica, instituída pelo poder público para fomento florestal e recuperação de áreas degradadas e/ou abandonadas, a fim de incorporá-las ao processo produtivo com plantios florestais. Fomento consiste no estímulo, no incentivo e na promoção de uma determinada atividade. Esse fomento pode vir da esfera pública ou privada. Da pública, algumas das medidas que podem ser tomadas são a renúncia fiscal/incentivo fiscal, linhas de financiamento e concessões. Na privada, temos os contratos de compra, a disponibilidade de crédito e o contrato de parceria/arrendamento. Silva (2008) define fomento florestal como “o conjunto de ações administrativa e técnicas que estimulam o plantio de espécies arbóreas no raio econômico de um determinado interessado maior, em ambientes rurais e, ou, periurbanos, com observância da legislação pertinente”. Dentre as suas funções, podemos citar: a. Suprir a escassez de madeira industrial; b. Mecanismo estratégico e de novas oportunidades; c. Desenvolvimento econômico, ambiental esocial; d. Evolução dos conceitos de gestão florestal. Diferente da extensão rural, que parte do princípio que a própria comunidade vai identificar seu objetivos, o fomento florestal tem um objetivo definido, fazendo o uso de técnicas estratégicas para alcançar esse objetivo em função do público alvo. O processo do fomento à extensão, passa pela comunicação florestal, que “é a difusão de dados e informações para um determinado público-alvo, feito por diferentes tipos de profissionais, não necessariamente ligados ao meio florestal” (Silva, 2008). Algumas das técnicas de comunicação florestal: Via pessoal (Ex: conversa pessoal, visitas, agentes difusores, etc); Via participativa (Ex: dia de campo, cursos, reuniões, torneio, etc); Via escrita (Ex: carta, jornal, folder, panfleto, cartaz, faixa, etc); Via auditiva (Ex: rádio, telefone, alto-falante, palestra, etc); Via expositiva (Ex: feira, exposição, stands, maquete, etc); Via festiva (Ex: show, festa, comemoração, teatro, etc); Via visual (Ex: vídeo, televisão, videocurso, etc); Via internet (Ex: e-mail, sites, lista de discussão, etc). A extensão florestal consiste na “difusão de dados e informações de interesse para algum público-alvo, realizada por profissionais do ramo florestal” (Silva, 2008). Um programa de fomento florestal passa pela identificação do problema e do público-alvo, pela análise de viabilidade técnica da espécie na região, pelo conhecimento dos custos do processo de produção, informações sobre o produto e o mercado, pelo domínio das técnicas de produção da cultura florestal de interesse, pelo conhecimento das possibilidades de financiamento e pelo domínio das técnicas de extensão e comunicação. O fomento florestal pode ser empresarial, público ou misto. O fomento florestal empresarial tem em seu histórico, na década de 70 e 80 o fomento de extensão, através de ações como o fornecimento de mudas, a prestação de serviços de assistência técnica e a preferência de compra. Já na década de 80, foi feito o fomento contratual, através do fornecimento de mudas e de insumos, prestação de assistência técnica, adiantamento de recursos financeiros, orientação SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira para adequação ambiental e manejo e, por fim, a garantia de compra de madeira. Atualmente, o método adotado, é a poupança florestal. O fomento público vem através de incentivos fiscais, financiamento bancário, fornecimento de insumos e assistência técnica. Dentre os pontos positivos para o poder público, temos: Aumento no recolhimento de impostos; Aquecimento da economia; Maior integração social; Menor descumprimento da legislação ambiental; Novas oportunidades comerciais. O fomento misto é realizado através da parceria entre o setor público e o privado, onde empresas entram com o recursos financeiro e os órgãos públicos com o fomento por meio das agências de extensão rural. Nesse modelo, temos o aumento da produção de madeira para fins industriais com reflorestamentos em pequena escala, a redução da degradação sobre os remanescentes de matas nativas e melhora da proteção ambiental do estado e o fortalecimento da capacidade gerencial dos órgãos do governo, como o IEF, DPRN, etc. Com relação às obrigações do fomentador e do fomentado: FOMENTADOR FOMENTADO Assistência técnica e insumos para a produção de mudas Aderir ao termo de cooperação mútua Treinamento do técnico e encarregado do viveiro Seguir orientações técnicas (IEF e Prefeitura) e cronograma de plantio e manutenção Cadastro e acompanhamento técnico do plantio e manutenção junto com a prefeitura Preparo do solo para plantio Combate de formigas, pragas e plantas daninhas Realização de tratos silviculturais de manutenção, conforme recomendação O Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF) tem a missão de fomentar o desenvolvimento de atividades florestais sustentáveis no Brasil e promover a inovaçãotecnológica no setor. É um fundo público de natureza contábil criado pela Lei de Gestão de Florestas Públicas Lei nº 11.284/2006 e regulamentado pelo Decreto Nº 7.167/2010. O Serviço Florestal Brasileiro é o gestor do FNDF. As áreas prioritárias para a aplicação de recursos são a pesquisa e desenvolvimento tecnológico em manejo florestal e a assistência técnica e extensão florestal. SILVICULTURA BÁSICA – UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO – GRAD. EM AGRONOMIA Resumo por Mayhara da C. Pereira REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MONTAGNA, R. G. et alii Influência da desrama artificial sobre o crescimento e a qualidade da madeira de Pinus elliottii. Silvicultura em São Paulo, São Paulo (10): 89-100, 1976. STAPE, José Luiz. Planejamento global e normatização de procedimentos operacionais da talhadia simples em Eucalyptus. Série técnica IPEF, v. 11, n. 30, p. 51-62, 1997.
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