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INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Maringá
2009
EDITORA DA UNIvERSIDADE ESTADUAl DE MARINgá
 Reitor Prof. Dr. Décio Sperandio
 Vice-Reitor Prof. Dr. Mário Luiz Neves de Azevedo
 Diretor da Eduem Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado
 Editor-Chefe da Eduem Prof. Dr. Alessandro de Lucca e Braccini
CONSElhO EDITORIAl
 Presidente Prof. Dr. Ivanor Nunes do Prado
 Editor Associado Prof. Dr. Ulysses Cecato
 Vice-Editor Associado Prof. Dr. Luiz Antonio de Souza
	 Editores	Científicos	 Prof. Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima
 Profa. Dra. Analete Regina Schelbauer
 Prof. Dr. Antonio Ozai da Silva
 Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim
 Prof. Dr. Edson Carlos Romualdo
 Prof. Dr. Eliezer Rodrigues de Souto
 Prof. Dr. Evaristo Atêncio Paredes
 Prof. Dr. João Fábio Bertonha
 Profa. Dra. Maria Suely Pagliarini
 Prof. Dr. Oswaldo Curty da Motta Lima
 Prof. Dr. Reginaldo Benedito Dias
 Prof. Dr. Ronald José Barth Pinto
 Profa. Dra. Dorotéia Fátima Pelissari de Paula Soares
 Profa. Dra. Terezinha Oliveira
 Prof. Dr. Valdeni Soliani Franco
EqUIpE TéCNICA
	 Projeto	Gráfico	e	Design	 Marcos Kazuyoshi Sassaka
 Fluxo Editorial Edneire Franciscon Jacob
 Mônica Tanamati Hundzinski
 Vania Cristina Scomparin
 Edilson Damasio
 Artes	Gráficas Luciano Wilian da Silva
 Marcos Roberto Andreussi
 Marketing Marcos Cipriano da Silva
 Comercialização Norberto Pereira da Silva
 Paulo Bento da Silva 
 Solange Marly Oshima
Maringá
2009
Formação de ProFessores - ead
Introdução à 
educação a distância
Maria Luisa Furlan Costa
(ORGANIZADORA)
34
Coleção Formação de professores - EAD
 Apoio técnico: Rosane Gomes Carpanese
 Normalização e catalogação: Ivani Baptista CRB - 9/331
 Revisão Gramatical: Annie Rose dos Santos
 Edição e Produção Editorial: Carlos Alexandre Venancio
 Capas: Júnior Bianchi
 Revisão Gráfica: Eliane Arruda
 Colaboração: Manuela Sanchez
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Copyright © 2009 para o autor
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo 
mecânico, eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, do autor. Todos os direitos 
reservados desta edição 2009 para Eduem.
Introdução à educação a distância/ Maria Luisa Furlan Costa, organizadora. - 
 Maringá: Eduem, 2009.
 80 p. ; 21 cm. (Formação de Professores - EAD; v. 34). 
 
 
 ISBN 978-85-7628-168-9
 
 1. Educação a distância – Brasil. 2. Universidade Aberta – Brasil. I. Costa, Maria 
Luisa Furlan, org.
 
CDD 21. ed. 371.35 
I61
Endereço para correspondência:
Eduem - Editora da Universidade Estadual de Maringá
Av. Colombo, 5790 - Bloco 40 - Campus Universitário
87020-900 - Maringá - Paraná
Fone: (0xx44) 3261-4103 / Fax: (0xx44) 3261-4253
http://www.eduem.uem.br / eduem@uem.br
3
Sobre os autores
Apresentação da coleção
Apresentação do livro
CApÍTUlO 1
Políticas públicas para o ensino superior 
a distância e a legislação educacional vigente
Marcos Pires de Almeida / Maria Luisa Furlan Costa 
CApÍTUlO 2
O sistema Universidade Aberta do Brasil: 
democratização e interiorização do ensino superior
Maria Luisa Furlan Costa
CApÍTUlO 3
Os cursos superiores a distância e o sistema de tutoria
João Batista Pereira
CApÍTUlO 4
As novas tecnologias de informação e comunicação e o 
sistema de gerenciamento de cursos Moodle
Erivelto Alves Prudêncio / Jairo de Carvalho / José Luis Ferreira
CApÍTUlO 5
Avaliação da aprendizagem em cursos superiores 
a distância e o sistema de gerenciamento Moodle
João Batista Pereira/ Rossana Costa Giani
> 5
> 7
> 9
> 11
> 23
> 35
> 53
> 69
umárioS
5
ERIVELTO ALVES PRUDÊNCIO
Técnico do Núcleo de Educação a Distância (NEAD) da Universidade 
Estadual de Maringá (UEM). Graduado em Geografia (UEM).
JAIRO DE CARVALHO
Membro da equipe do Núcleo de Educação a Distância (NEAD) da 
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professor da Rede Estadual de 
Ensino (SEED-PR). Graduado em História (UEM).
JOÃO BATISTA PEREIRA
Professor de Metodologia e Técnicas de Pesquisa da Faculdade Maringá. 
Graduado em História (UEM). Mestre em Educação (UEM).
JOSÉ LUIS FERREIRA
Técnico do Núcleo de Educação a Distância (NEAD) da Universidade 
Estadual de Maringá (UEM). Especialista em Desenvolvimento de Sistemas 
para Web (UEM).
MARCOS PIRES DE ALMEIDA
Graduado em História (UEM). Bacharel em Direito (UEM). Especialista em 
Direito e Processo Penal (UEM). Mestre em Educação (UEM).
MARIA LUISA FURLAN COSTA
Professora do Departamento de Fundamentos da Educação (DFE) da 
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Coordenadora Pedagógica 
do Núcleo de Educação a Distância - EAD da Universidade Estadual de 
Maringá (UEM). Mestre em Educação (UEM). Doutoranda em Educação 
(Unesp/Araraquara).
ROSSANA COSTA GIANI
Graduada em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo 
(Cesumar).
obre os autoresS
7
A coleção Formação de Professores - EAD teve sua primeira edição publicada em 
2005,	com	33	 títulos	financiados	pela	Secretaria	de	Educação	a	Distância	(SEED)	do	
Ministério	da	Educação	(MEC)	para	que	os	livros	pudessem	ser	utilizados	como	material	
didático	nos	cursos	de	licenciatura	ofertados	no	âmbito	do	Programa	de	Formação	de	
Professores	(Pró-Licenciatura	1).	A	tiragem	da	primeira	edição	foi	de	2500	exemplares.
A	partir	de	2008,	demos	início	ao	processo	de	organização	e	publicação	da	segunda	
edição	da	coleção,	com	o	acréscimo	de	12	novos	títulos.	A	conclusão	dos	trabalhos	
deverá	ocorrer	somente	no	ano	de	2012,	 tendo	em	vista	que	o	financiamento	para	
esta	edição	será	liberado	gradativamente,	de	acordo	com	o	cronograma	estabelecido	
pela	Diretoria	de	Educação	a	Distância	(DED)	da	Coordenação	de	Aperfeiçoamento	de	
Pessoal	do	Ensino	Superior	(CAPES),	que	é	responsável	pelo	programa	denominado	
Universidade	Aberta	do	Brasil	(UAB).
A	princípio,	serão	impressos	695	exemplares	de	cada	título,	uma	vez	que	os	livros	
da nova coleção serão utilizados como material didático para os alunos matriculados 
no	Curso	de	Pedagogia,	Modalidade	de	Educação	a	Distância,	ofertado	pela	Universi-
dade	Estadual	de	Maringá,	no	âmbito	do	Sistema	UAB.
Cada	livro	da	coleção	traz,	em	seu	bojo,	um	objeto	de	reflexão	que	foi	pensado	
para	uma	disciplina	específica	do	curso,	mas	em	nenhum	deles	 seus	organizadores	
e	 autores	 tiveram	a	pretensão	de	dar	 conta	da	 totalidade	das	discussões	 teóricas	 e	
práticas	construídas	historicamente	no	que	se	referem	aos	conteúdos	apresentados.	O	
que	buscamos,	com	cada	um	dos	livros	publicados,	é	abrir	a	possibilidade	da	leitura,	
da	reflexão	e	do	aprofundamento	das	questões	pensadas	como	fundamentais	para	a	
formação	do	Pedagogo	na	atualidade.
Por isso mesmo, esta coleção somente poderia ser construída a partir do esforço 
coletivo de professores das mais diversas áreas e departamentos da Universidade Esta-
dual	de	Maringá	(UEM)	e	das	instituições	que	têm	se	colocado	como	parceiras	nesse	
processo.
Neste	sentido,	agradecemos	sinceramente	aos	colegas	da	UEM	e	das	demais	insti-
tuições	que	organizaram	livros	e	ou	escreveram	capítulos	para	os	diversos	livros	desta	
coleção.
Agradecemos,	 ainda,	 à	 administração	 central	da	UEM,	que	por	meio	da	 atuação	
direta	da	Reitoria	e	de	diversas	Pró-Reitorias	não	mediu	esforços	para	que	os	trabalhos	
pudessem	ser	desenvolvidos	da	melhor	maneira	possível.	De	modo	bastante	específi-
presentação da ColeçãoA
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
8
co,	destacamos	o	esforço	da	Reitoria	para	que	os	recursos	para	o	financiamento	desta	
coleção	pudessem	ser	liberados	em	conformidade	com	os	trâmites	burocráticos	e	com	
os	prazos	exíguos	estabelecidos	pelo	Fundo	Nacional	de	Desenvolvimento	da	Educa-
ção	(FNDE).
Internamente enfatizamos, ainda, o envolvimento direto dos professores do De-
partamento	de	 Fundamentos	 da	 Educação	 (DFE),	 vinculado	 ao	Centro	de	Ciências	
Humanas,	 Letras	 e	Artes	 (CCH),	que	no	decorrer	dos	últimos	 anos	 empreenderam	
esforços	para	que	o	curso	de	Pedagogia,	namodalidade	de	educação	a	distância,	pu-
desse	ser	criado	oficialmente,	o	que	exigiu	um	repensar	do	trabalho	acadêmico	e	uma	
modificação	significativa	da	sistemática	das	atividades	docentes.
No tocante ao Ministério da Educação, ressaltamos o esforço empreendido pela 
Diretoria	 da	 Educação	 a	 Distância	 (DED)	 da	 Coordenação	 de	 Aperfeiçoamento	 de	
Pessoal	 do	 Ensino	 Superior	 (CAPES)	 e	 pela	 Secretaria	 de	 Educação	 de	 Educação	 a	
Distância	(SEED/MEC),	que	em	parceria	com	as	Instituições	de	Ensino	Superior	(IES)	
conseguiram	romper	barreiras	temporais	e	espaciais	para	que	os	convênios	para	a	li-
beração	dos	recursos	fossem	assinados	e	encaminhados	aos	órgãos	competentes	para	
aprovação,	tendo	em	vista	a	ação	direta	e	eficiente	de	um	número	muito	pequeno	de	
pessoas	que	integram	a	Coordenação	Geral	de	Supervisão	e	Fomento	e	a	Coordenação	
Geral	de	Articulação.	
Esperamos	que	a	segunda	edição	da	Coleção	Formação	de	Professores	-	EAD	possa	
contribuir	para	a	formação	dos	alunos	matriculados	no	curso	de	Pedagogia,	bem	como	
de	outros	cursos	superiores	a	distância	de	todas	as	instituições	públicas	de	ensino	su-
perior	que	integram	e	ou	possam	integrar	em	um	futuro	próximo	o	Sistema	UAB.
Maria	Luisa	Furlan	Costa
Organizadora da Coleção
9
Este	livro	integra	a	Coleção	Formação	de	Professores	-	EAD	e	tem,	a	princípio,	um	
papel	relevante	a	cumprir,	tendo	em	vista	que	se	constitui	no	material	didático	inicial	
utilizado	pelos	alunos	matriculados	em	cursos	superiores	a	distância	ofertados	no	âm-
bito	do	Sistema	Universidade	Aberta	do	Brasil	(UAB).
Em função disto, este material poderá ser utilizado por alunos de diversas Institui-
ções	de	Ensino	Superior	(IES),	uma	vez	que	esse	programa	do	Ministério	da	Educação	
foi	criado	com	o	objetivo	primeiro	de	integrar	as	universidades	públicas	para	o	desen-
volvimento	de	atividades	na	modalidade	a	distância,	incluindo	a	produção	de	material	
didático	impresso	e	audiovisual.
De	modo	bastante	específico,	este	livro	tem	o	objetivo	de	provocar	uma	discussão	
sobre	a	educação	a	distância	no	Brasil,	com	ênfase	aos	temas	voltados	para	o	ensino	
superior.	A	definição	desse	objetivo	se	justifica	porque	o	livro	foi	estruturado	de	for-
ma	que	pudesse	ser	utilizado	como	material	da	disciplina	 Introdução	à	Educação	a	
Distância,	a	qual	deverá	estar	presente	em	praticamente	todos	os	cursos	de	graduação	
ofertados	em	uma	modalidade	distinta	do	ensino	presencial.
Neste sentido, a temática de cada um dos cinco capítulos está relacionada com os 
aspectos	 políticos,	 legais	 e	metodológicos	 da	modalidade	 de	 educação	 a	 distância,	
porém	o	livro	como	um	todo	busca	provocar	o	debate	acerca	das	especificidades	da	
modalidade	de	educação	a	distância	que	está	completando	um	século	de	existência	
em nosso país, mas ainda se encontra em fase de implementação e consolidação na 
maioria	das	Instituições	de	Ensino	Superior	(IES),	especialmente	no	que	tange	à	esfera	
pública.
Assim,	o	primeiro	capítulo,	escrito	por	Marcos	Pires	de	Almeida	e	Maria	Luisa	Fur-
lan	Costa,	trata	das	políticas	públicas	para	o	ensino	superior	a	distância,	com	destaque	
para	as	ações	desenvolvidas	pelo	Ministério	da	Educação	para	regulamentar	a	modali-
dade	de	educação	a	distância	no	país,	sem	perder	de	vista	os	princípios	da	gratuidade	
e	da	qualidade	dos	cursos	ofertados	em	uma	forma	distinta	do	ensino	presencial.
O	segundo	capítulo,	de	autoria	de	Maria	Luisa	Furlan	Costa,	tem	como	objeto	mais	
específico	o	Sistema	Universidade	Aberta	do	Brasil	(UAB)	e	o	processo	de	democrati-
zação	e	interiorização	do	Ensino	Superior	a	Distância.
Na	sequência,	há	três	capítulos	que	apresentam	considerações	relativas	aos	aspectos	
presentação do livroA
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
10
metodológicos	essenciais	para	a	oferta	dos	cursos	superiores	a	distância,	como	o	Siste-
ma	de	Tutoria,	os	Ambientes	Virtuais	de	Aprendizagem	e	a	Avaliação	da	Aprendizagem.	
A	nosso	ver,	é	impossível	garantir	a	qualidade	dos	cursos	ofertados	na	modalidade	a	
distância	se	esses	três	aspectos	não	forem	devidamente	trabalhados.
No	capítulo	3,	de	autoria	de	João	Batista	Pereira,	o	Sistema	de	Tutoria	é	objeto	de	
reflexão	e	análise	crítica,	especialmente	em	relação	à	distinção	entre	a	ação	do	tutor	
presencial	e	a	do	tutor	a	distância	nos	cursos	superiores	que	integram	o	Sistema	Uni-
versidade	Aberta	do	Brasil.
Em	seguida,	Erivelto	Alves	Prudêncio,	 Jairo	de	Carvalho	e	 José	Luis	Ferreira,	no	
capítulo	intitulado	As	Novas	Tecnologias	de	Informação	e	Comunicação	e	o	Sistema	de	
Gerenciamento	de	Cursos	Moodle,	salientam	a	importância	das	ferramentas	de	comu-
nicação e interação disponíveis no Moodle e discorrem sobre aspectos relevantes do 
processo	de	desenvolvimento	das	Tecnologias	de	Informação	e	Comunicação	(TICs)	
para	a	implementação	de	projetos	de	cursos	a	distância.
No capítulo 5, João Batista Pereira e Rossana Costa Giani procuram apresentar as 
possibilidades existentes, no momento atual, para a avaliação on-line, considerando 
as	ferramentas	disponíveis	nos	ambientes	virtuais	de	aprendizagem	(AVAs),	com	ênfase	
ao	Sistema	de	Gerenciamento	de	Cursos	Moodle.
Esperamos	que	este	livro	possa	cumprir	o	propósito	de	provocar	o	debate	sobre	
temáticas	 relacionadas	 à	modalidade	de	 educação	 a	 distância	 no	Brasil,	 bem	 como	
almejamos	que	possa	instigar	o	desenvolvimento	de	estudos	e	pesquisas	referentes	ao	
objeto	tratado	em	cada	capítulo.	Nosso	desejo	maior	é	que	este	livro	possa	contribuir	
efetivamente	para	a	formação	dos	alunos	matriculados	nos	cursos	superiores	a	distân-
cia	das	mais	diversas	Instituições	de	Ensino	Superior	do	nosso	país.
Maria	Luisa	Furlan	Costa
Organizadora do Livro
11
Marcos Pires de Almeida / Maria Luisa Furlan Costa
INTRODUÇÃO
O	objetivo	do	presente	capítulo	é	apresentar	uma	discussão	sobre	as	políticas	pú-
blicas	para	o	ensino	superior	a	distância,	tomando	como	ponto	de	partida	a	aprovação	
da	Lei	de	Diretrizes	da	Educação	Nacional	(LDB)	–	Lei	n0	9.394/96	–	que,	por	sua	vez,	
desencadeou	o	processo	de	reconhecimento	da	educação	a	distância	(EAD)	no	Brasil	
e	passou	a	exigir	uma	definição	de	políticas	e	estratégias	para	sua		implementação	e	
consolidação	no	interior	das	Instituições	de	Ensino	Superior	(IES)	do	país.	
A	discussão	parte	do	princípio	de	que	a	compreensão	das	políticas	públicas	para	o	
ensino superior passa, necessariamente, por uma revisão das ações desencadeadas nos 
últimos	anos	pelo	Ministério	da	Educação	(MEC),	por	meio	da	Secretaria	de	Educação	
a	Distância	(SEED),	para	democratizar	e	interiorizar	a	oferta	de	cursos	superiores.
Neste	 sentido,	destacamos	algumas	questões	essenciais	para	a	compreensão	das	
políticas	e	ações	implementadas	pelo	MEC	a	partir	de	1996	que,	em	conjunto,	podem	
nos dar elementos para traçar um panorama atual do processo de implementação da 
modalidade	de	educação	a	distância	no	ensino	superior	brasileiro.	
Vale	 ressaltar	 que	 essas	 questões	não	 foram	escolhidas	 aleatoriamente,	mas	 sim	
em	função	da	 importância	que	cada	uma	delas	 teve	em	um	determinado	momento	
e,	ainda,	pela	repercussão	e	pelos	resultados	que	alcançaram	junto	às	Instituições	de	
Ensino	Superior.
Entre	as	questões	destacadas	estão	o	tratamento	dado	à	modalidade	de	EAD	na	le-
gislação	educacional	vigente	e	a	criação	da	Secretaria	de	Educação	a	Distância	(SEED)	
na	estrutura	do	Ministério	da	Educação	que,	de	certa	forma,	representam	marcos	his-
tóricos	significativos	para	o	processo	de	oficialização	da	EAD	no	Brasil.	Esses	marcos	
Políticas públicas para o 
ensino superior 
a distância e a legislação 
educacional vigente
1
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
12
contribuíram,	inclusive,	para	o	estabelecimento	das	bases	legais	para	a	criação	do	Sis-
tema	Universidade	Aberta	do	Brasil,	que	será	objeto	de	reflexão	do	próximo	capítulo	
deste	livro.
A MODAlIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO CONTEXTO DAS 
pOlITICAS pÚBlICAS pARA O ENSINO SUpERIOR NO BRASIl
A	pergunta	que	nãopode	ficar	 sem	resposta	em	um	debate	acerca	das	políticas	
públicas	para	o	ensino	superior	a	distância	no	Brasil	é,	com	certeza,	se	existe	a	neces-
sidade	premente	de	aumentar	o	número	de	vagas	no	ensino	superior	tendo	em	vista	
o	grande	número	de	Instituições	de	Ensino	Superior,	públicas	e	privadas,	existentes	
no	país	ou	que	aguardam	autorização	do	Ministério	da	Educação	para	iniciar	as	suas	
atividades	pedagógicas.
A	resposta	a	essa	questão	poderia	ser	buscada	em	diversos	documentos	publicados	
nos	últimos	anos,	mas	aqui	fazemos	referência	a	um	texto	para	discussão	que	integra	
um	conjunto	de	materiais	divulgados	pelo	Instituto	Nacional	de	Estudos	e	Pesquisas	
Educacionais	(INEP),	que	objetivou	criar	um	espaço	para	o	debate	de	ideias,	propos-
tas	e	desafios	visando	às	questões	de	acesso,	permanência,	equidade	e	qualidade	na	
educação.
Nesse	âmbito,	o	texto	intitulado	Educação Superior: democratizando o acesso, 
publicado	em	2004	com	base	nos	dados	do	Censo	da	Educação	Superior	de	2002,	
objetivou	discutir,	naquele	momento,	até	que	ponto	as	projeções	de	expandibilidade	
do	sistema	educacional	brasileiro	poderiam	atingir	as	metas	de	matricular	30%	da	po-
pulação	na	faixa	etária	de	18	a	24	anos	até	o	ano	de	2010,	com	o	intuito	de	atingir	as	
expectativas	criadas	com	o	Plano	Nacional	de	Educação	(Lei	n0	10.172/01).
O	texto	supracitado	elenca	uma	série	de	fatores	que	se	colocam	como	entraves	para	
a	expansão	do	número	de	vagas	no	ensino	superior	público,	além	de	apresentar	dados	
estatísticos	que	mostram	o	processo	de	privatização	do	sistema	educacional	brasileiro,	
particularmente	no	que	tange	ao	ensino	superior.
Uma	solução	imediata	e	talvez	paliativa	apontada	pelo	documento,	em	2004,	para	
a	expansão	de	vagas	pelas	Instituições	Federais	de	Ensino	(IFES)	foi	a	oferta	de	cursos	
no	período	noturno,	em	determinadas	regiões	do	Brasil	nas	quais	 foi	demonstrado	
que	“o	número	de	alunos	matriculados	nos	cursos	diurnos	é	três	vezes	maior	que	o	
número	de	alunos	dos	cursos	de	graduação	noturno”	(BRASIL,	2004b,	p.	13),	confor-
me	podemos	visualizar	no	Quadro	1,	que	demonstra	o	percentual	de	vagas	das	IFES	
por	região	e	turno.
13
quadro 1 – percentual de vagas nos cursos de graduação das IFES, por região e 
turno
Região Diurno (%) Noturno (%)
Norte 83,8 16,2
Nordeste 76,8 23,2
Sudeste 75,9 24,1
Sul 72,3 27,7
Centro-Oeste 63,9 36,1
Brasil 75,2 24,8
Fonte: MEC/Inep/Deaes (2004).
O	documento	 ainda	 ressalta	 que	nas	 instituições	 estaduais	 a	 situação	 era	 seme-
lhante,	 embora	 a	 participação	 noturna	 fosse	 proporcionalmente	maior	 do	 que	 nas	
instituições federais, como indica o Quadro 2, abaixo:
quadro 2 – vagas nas IES estaduais, por turno
Turno vagas porcentagem (%)
Diurno 79.362 60
Noturno 52.908 40
Total 132.270 100
Fonte: MEC/Inep/Deaes (2004).
Diante	dos	dados	apresentados,	o	próprio	documento	conclui	que	o	aumento	do	
número	de	vagas	no	período	da	noite	é	fundamental	para	a	expansão	do	número	de	
vagas	nas	instituições	públicas,	mas	ao	mesmo	tempo	reconhece	que	esse	aumento	é,	
por	si	só,	claramente	insuficiente	para	atingir	as	metas	de	expandibilidade	propostas	
em documentos nacionais e, também, para alçar o Brasil em situação de similaridade 
no	cenário	internacional.
O	próprio	documento	aponta	a	situação	desfavorável	do	Brasil	quando	se	compa-
ram	os	índices	daqui	com	os	das	nações	latino-americanas,	pois	revela	que	mesmo	“se	
triplicássemos	os	números	dos	universitários	brasileiros,	teríamos	ainda	assim	índices	
menores	do	que	os	da	Argentina	e	do	Chile”	(BRASIL,	2004b,	p.	8).
Outro	dado	 focalizado	pelo	documento	 com	 relação	 ao	 cenário	 internacional	 é	
que	o	Brasil	está	entre	os	países	com	a	educação	superior	mais	privatizada	do	planeta,	
exatamente	ao	contrário	do	que	acontece	na	grande	maioria	das	nações	desenvolvidas,	
onde	os	índices	de	participação	do	setor	público	superam	70%.
políticas públicas para 
o ensino superior a 
distância e a legislação 
educacional vigente
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
14
Diante	desse	quadro	é	que	acreditamos	na	importância	de	se	analisar,	de	forma	crí-
tica,	o	crescimento	incontestável	e	as	ações	para	a	oficialização	da	educação	a	distância	
no	Brasil,	mais	especificamente	no	que	se	refere	ao	ensino	superior,	tendo	em	vista	
que	essa	modalidade	se	insere	no	bojo	de	um	processo	que	está	em	andamento	e	que	
visa	à	expansão	e	à	interiorização	do	ensino	superior	na	esfera	pública.
Em	relação	às	ações	estatais	para	expansão	da	oferta	de	vagas	na	modalidade	a	dis-
tância,	merece	ênfase	os	mecanismos	legais	adotados	para	harmonizar	a	necessidade	
de	crescimento	com	uma	legislação	coerente	que	outorgue	à	EAD	o	mesmo	“status”	
do	ensino	presencial.	
Tendo	sido	relegada	por	décadas	a	uma	situação	de	informalidade,	e	voltada	para	
os	chamados	“cursos	livres”,	a	partir	de	1996	com	a	LDB	o	Estado	passa	a	dar	o	suporte	
legal	à	EAD;	contudo,	para	que	não	houvesse	discriminação	quanto	à	formação	presen-
cial	e	a	distância,	o	Art.	80	da	LDB	necessitava	de	regulamentação.	Primeiramente	por	
meio do Decreto n0	2.494/98	e,	depois,	com	o	Decreto	n0	5.622/05,	publicado	em	19	
de	dezembro	de	2005,	que	buscou	regulamentar	o	Art.	80	da	LDB,	os	cursos	a	distância	
puderam	obter	a	mesma	validade	dos	cursos	presenciais.
Art.	5º	-	Os	diplomas	e	certificados	de	cursos	e	programas	a	distância,	expedi-
dos	por	instituições	credenciadas	e	registrados	na	forma	da	lei,	terão	validade	
nacional.
Parágrafo	 único.	 A	 emissão	 e	 registro	 de	 diplomas	 de	 cursos	 e	 programas	 a	
distância	 deverão	 ser	 realizados	 conforme	 legislação	 educacional	 pertinente	
(BRASIL,	2006).
Esse	artigo	merece	realce	porque	de	 forma	 inequívoca	garante	aos	estudantes	o	
suporte	legal	para	frequentar	um	curso	a	distância	sem	o	receio	de	ser	discriminado.	
Se	tiver	seu	diploma	questionado	por	qualquer	instituição,	seu	portador	poderá	exigir	
o	respeito	aos	seus	direitos	legalmente	assegurados.
Não	é	demais	lembrarmos	que	os	diplomas	expedidos	pelas	instituições	não	po-
dem	fazer	qualquer	referência	no	sentido	de	que	o	curso	foi	realizado	na	modalidade	
a	distância.
A EAD E A lEgISlAÇÃO EDUCACIONAl vIgENTE
De	acordo	com	o	Art.	80	da	LDB,	o	Poder	Público	deve	incentivar	o	desenvolvimen-
to	e	a	veiculação	de	programas	de	ensino	a	distância	em	todos	os	níveis	e	modalidades	
de	 ensino,	bem	como	de	educação	 continuada.	Ainda	no	mesmo	artigo,	 existe	um	
parágrafo	que	aponta	para	a	necessidade	de	um	tratamento	diferenciado	para	a	EAD	
no	que	tange	aos	custos	de	transmissão	em	canais	de	radiodifusão	sonora	e	de	sons	e	
imagens,	assim	como	a	reserva	de	um	tempo	mínimo,	sem	ônus	para	o	Poder	Público,	
pelos	concessionários	de	canais	comerciais.
15
A	 transcrição,	 na	 íntegra,	 do	 Art.	 80	 da	 Lei	 de	Diretrizes	 de	Bases	 da	 Educação	
Nacional	é	importante	para	que	tenhamos	clareza	de	que	a	presença	da	modalidade	
de	EAD	na	Lei	n0	9.394/96	(BRASIL,	2001)	é	o	ponto	de	partida	do	processo	de	oficia-
lização	que	gerou	a	necessidade	de	normatizar	a	entrada	dessa	modalidade	no	sistema	
educacional	vigente.
O	Poder	Público	incentivará	o	desenvolvimento	e	a	veiculação	de	programas	de	
ensino	a	distância,	em	todos	os	níveis	e	modalidades	de	ensino,	e	de	educação	
continuada.
§	1º.	A	educação	a	distância,	organizada	com	abertura	e	regime	especiais,	será	
oferecida	por	instituições	especificamente	credenciadas	pela	União.
§	2º.	A	União	regulamentará	os	requisitos	para	a	realização	de	exames	e	registro	
de	diplomas	relativos	a	cursos	de	educação	a	distância.
§	3º.	As	normas	para	produção,	controle	e	avaliação	de	programas	de	educação	
a	distância	e	 a	 autorização	para	 sua	 implementação,	 caberão	aos	 respectivos	
sistemas	de	ensino,	podendo	haver	cooperação	e	integração	entre	os	diferentes	
sistemas.
§	4º.	A	educação	a	distância	gozará	de	tratamento	diferenciado,	que	incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sono-
ra	e	de	sons	e	imagens;
II	-	concessãode	canais	com	finalidades	exclusivamente	educativas;
III	-	reserva	de	tempo	mínimo,	sem	ônus	para	o	Poder	Público,	pelos	concessio-
nários	de	canais	comerciais.
Assim,	com	a	Lei	n0	9.394/96	a	EAD	deixa	de	ter	um	caráter	emergencial	e	supletivo,	
adquirindo	reconhecimento	legal	em	uma	série	de	documentos	que	procuram	definir	
critérios	e	normas	para	a	criação	de	cursos	e	programas	de	EAD	pelas	instituições	de	
ensino.	Dois	anos	após	a	promulgação	da	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacio-
nal	(Lei	n0	9.394/96),	foi	publicado	no	Diário	Oficial	da	União	o	Decreto	n0	2.494/98,	
que	posteriormente	foi	revogado	pelo	Decreto	n0	5.622/05.
O	Decreto	n0	2.494/98	vinculava	a	oferta	de	cursos	na	modalidade	de	educação	a	
distância	à	utilização	de	diferentes	suportes	que	tornavam	quase	que	obrigatório	o	
uso	das	Tecnologias	de	Informação	e	Comunicação	(TICs)	para	o	desenvolvimento	
das	atividades	pedagógicas.	Essa	questão	está	presente	no	Art.	1º	do	referido	decreto,	
em	que	 se	 tem	uma	proposição	que	caracteriza	 a	educação	a	distância	 como	uma	
forma	de	ensino	que	possibilita	a	autoaprendizagem,	com	a	mediação	de	recursos	
didáticos	sistematicamente	organizados,	apresentados	em	diferentes	suportes	de	in-
formação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios 
de	comunicação	(BRASIL,	1998).	
No ano de 2005, o Decreto n0	2.494/98	foi	revogado	pelo	Decreto	n0	5.622/2005,	
que	com	trinta	e	sete	artigos	visa	a	regulamentar	o	Art.	80	da	Lei	n0 9394/96,	particular-
mente	no	tocante	ao	credenciamento	de	instituições	públicas	e	privadas	para	a	oferta	
de	cursos	e	programas	na	modalidade	a	distância,	para	a	educação	básica	de	jovens	
e	adultos,	educação	profissional	técnica	e	educação	superior.	No	caso	do	ensino	su-
políticas públicas para 
o ensino superior a 
distância e a legislação 
educacional vigente
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
16
perior,	o	decreto	abrange	cinco	níveis,	sendo	os	cursos	sequenciais,	de	graduação,	de	
especialização,	de	mestrado	e	de	doutorado.
O	Art.	1º	desse	decreto	caracteriza	a	EAD	como	uma	modalidade	educacional	na	
qual	a	mediação	didático-pedagógica	nos	processos	de	ensino	e	aprendizagem	ocorre	
com	a	utilização	de	meios	e	tecnologias	de	informação	e	comunicação,	com	estudantes	
e	professores	desenvolvendo	atividades	educativas	em	lugares	e	ou	tempos	diversos.
Uma	série	de	documentos	foi	aprovada	nos	últimos	anos	com	o	intuito	de	regula-
mentar	a	modalidade	de	educação	a	distância	no	ensino	superior,	e	na	página	virtual	
do Ministério da Educação existem links de acesso a todos os documentos considera-
dos	relevantes	para	a	compreensão	dos	aspectos	legais	da	EAD	no	Brasil.
Pela	suas	próprias	características,	a	EAD	tornou-se	um	desafio	legislativo.	Dinâmica,	
com um crescimento explosivo e em um país de dimensões continentais, uma forte 
regulamentação	se	 fez	necessária	para	evitar	uma	explosão	de	oferta	de	cursos	sem	
qualidade.	
Com	um	crescimento	de	270%	no	número	de	matrículas	nos	cursos	de	formação	de	
professores	na	modalidade	a	distância	contra	um	aumento	de	17%	dos	matriculados	
nos cursos presenciais1,	a	EAD	vai	se	firmando	como	alternativa	para	a	democratização	
do	acesso	ao	ensino	superior	e	concomitantemente	exigindo	do	MEC	ações	e	atenção	
redobrada.	Assim,	no	compasso	das	necessidades	que	vão	se	apresentando,	a	regula-
mentação	da	EAD	vai	sendo	construída;		por	isso	é	importante	mantermo-nos	atuali-
zados	sobre	a	legislação	que	regulamenta	a	Educação	a	Distância,	acompanhando	as	
alterações	relativas	ao	assunto.
Há	 temas	que,	 embora	disciplinados	na	 legislação,	 são	 frutos	de	debates	e	 con-
trovérsia.	A	oferta	de	cursos	por	instituições	estrangeiras	em	território	nacional	e	de	
cursos	nacionais	em	outros	países	aquece	o	debate	acerca	dos	limites	territoriais	da	
EAD.	Basta	utilizar	as	ferramentas	de	busca	na	Internet	para	constatarmos	a	presença	
de	diversos	cursos	internacionais	sendo	oferecidos	ao	público	brasileiro	e	desenhados	
exclusivamente	para	este.	Estamos	diante	de	um	novo	conceito	de	espaço	territorial.	
Muitos	brasileiros	que	trabalham	em	várias	partes	do	mundo	podem	ser	beneficiados	
por	cursos	de	graduação	a	distância,	mas	tal	situação	ainda	carece	de	muito	debate	e	
regulamentação.
Segenreich	(2004,	p.13),	citando	a	preocupação	de	um	grupo	de	pesquisadores,	
pontua	que	se	trata	de	impedir	a	“invasão	de	pacotes”	nacionais	e	principalmente	in-
ternacionais,	totalmente	desvinculados	da	realidade	educacional	brasileira.	Tal	invasão	
1 Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano de 04.11.2008.
17
seria	fruto	da	resistência	do	sistema	“a	incorporar	projetos	nacionais	de	qualidade”.
Resumindo, o terreno é fértil para discussões e o Estado deve estar atento para evi-
tar	o	excesso	ou	a	ausência	de	regulamentação,	porque	o	processo	de	implementação	
da	modalidade	de	EAD	no	ensino	superior	é	dinâmico	e	precisa	harmonizar-se	com	a	
realidade,	com	o	momento	histórico	dos	atores	sociais	envolvidos.
A CRIAÇÃO DA SECRETARIA ESpECIAl DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
(SEED/MEC)
Podemos	afirmar,	sem	medo	de	errar,	que	até	a	promulgação	da	Lei	n0	9.394/96	e	da	
criação	da	Secretaria	Especial	de	Educação	a	Distância	(SEED),	vinculada	ao	Ministério	
da	Educação	(MEC),	em	meados	da	década	de	1990,	a	Educação	a	Distância	era	vista,	
comumente, como um paliativo utilizado para atender, em determinados momentos, 
demandas	específicas	que	se	constituíam,	geralmente,	de	estudantes	excluídos	do	sis-
tema	regular	de	ensino.	
A	SEED	foi	criada,	em	1996,	com	a	missão	de	atuar	como	agente	de	inovação	dos	
processos	de	ensino-aprendizagem,	 fomentando	a	 incorporação	das	Tecnologias	de	
Informação e Comunicação (TICs)	e	da	educação	a	distância	aos	métodos	didático-
pedagógicos	das	escolas	públicas.	
Entre	os	objetivos	iniciais	da	SEED,	destacamos	os	que	seguem:	(a)	formular,	fo-
mentar	e	implementar	políticas	e	programas	de	educação	a	distância	(EAD),	visando	
à	universalização	e	à	democratização	do	acesso	à	 informação,	ao	conhecimento	e	à	
educação;	(b)	fomentar	a	pesquisa	e	a	inovação	em	tecnologias	educacionais	por	meio	
de	aplicações	de	TICs	aos	processos	didático-pedagógicos;	(c)	desenvolver,	produzir	e	
disseminar	conteúdos,	programas	e	ferramentas	para	a	formação	inicial	e	continuada	
a	distância;	(d)	difundir	o	uso	das	TICs	no	ensino	público,	estimulando	o	domínio	das	
novas	 linguagens	de	 informação	e	comunicação	 junto	aos	educadores	e	alunos	das	
escolas	públicas;	(e)	melhorar	a	qualidade	da	educação.
No	ano	de	2004,	mediante	o	Decreto	n0	5.159	(BRASIL,	2004a),	as	funções	e	metas	
da	SEED	foram	redefinidas	e	essa	secretaria	passou	a	exercer	ações	norteadoras,	redis-
tributivas,	supletivas	e	coordenadoras	entre	as	instâncias	educacionais	envolvidas	na	
modalidade	de	educação	a	distância.
Atualmente,	a	SEED	compõe	a	estrutura	organizacional	do	Ministério	da	Educação	
e	suas	competências	constam	no	Art.	26	do	Decreto	n0	6.320,	de	20	de	dezembro	de	
2007	(BRASIL,	2007a),	as	quais	relacionamos	a	seguir:	
•	Formular,	propor,	planejar,	avaliar	e	supervisionar	políticas	e	programas	de	
educação	a	distância,	visando	à	universalização	e	democratização	do	acesso	à	
informação,	ao	conhecimento	e	à	educação,	em	todos	os	níveis	e	modalidades	
de	ensino;
políticas públicas para 
o ensino superior a 
distância e a legislação 
educacional vigente
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
18
•	Criar,	desenvolver	e	fomentar	a	produção	de	conteúdos,	programas	e	ferra-
mentas	para	a	formação	inicial	e	continuada	na	modalidade	a	distância;
•	Prospectar	e	desenvolver	metodologias	e	tecnologias	educacionais	que	uti-
lizam	tecnologias	e	 informação	e	comunicação	no	aprimoramento	dos	pro-
cessos	educacionais	e	processos	específicos	de	ensino	e	aprendizagem;
•	Prover	infra-estrutura	de	tecnologia	de	informação	e	comunicação	às	ins-
tituições	 públicas	 de	 ensino,	 paralelamente	 à	 implantação	 de	 política	 de	
formação	 inicial	 e	 continuada	para	o	uso	harmônico	dessas	 tecnologiasna	
educação;
•	 Articular-se	 com	 os	 demais	 órgãos	 do	Ministério,	 com	 as	 Secretarias	 de	
Educação dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, com as redes de 
telecomunicação	públicas	e	privadas,	e	com	as	associações	de	classe,	para	o	
aperfeiçoamento	do	processo	de	educação	a	distância;
•	Promover	e	disseminar	estudos	sobre	a	modalidade	de	educação	a	distância;
•	Incentivar	a	melhoria	do	padrão	de	qualidade	da	educação	a	distância	em	
todos	os	níveis	e	modalidades;
•	Planejar,	coordenar	e	supervisionar	a	execução	de	programas	de	capacita-
ção,	orientação	e	apoio	a	professores	na	área	de	educação	a	distância;	
•	Promover	cooperação	técnica	e	financeira	entre	a	União,	Estados,	Distrito	
Federal	e	Municípios	e	organismos	nacionais,	estrangeiros	e	internacionais,	
para	o	desenvolvimento	de	programas	de	educação	a	distância;	e
•	Prestar	 assessoramento	na	definição	e	 implementação	de	políticas,	obje-
tivando a democratização do acesso e o desenvolvimento da modalidade de 
educação	a	distância.
Para	Niskier	(2000),	a	criação	da	Secretaria	e	a	Lei	n0 9394/96	foram	as	primeiras	
manifestações	oficiais	de	apreço	à	EAD	e,	consequentemente,	é	a	partir	de	sua	cria-
ção	que	assistimos	a	uma	multiplicação	dos	programas	de	EAD	no	Brasil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Historicamente,	o	Direito	parece	estar	sempre	em	descompasso	frente	às	inova-
ções	tecnológicas	e	sociais.	É	comum	ouvirmos	que	nossas	leis	estão	ultrapassadas	
ou	que	há	um	excesso	de	normas.
O	filósofo	e	 jurista	 italiano	Norberto	Bobbio	(1991,	p.	37),	discorrendo	acerca	
das	normas	 jurídicas,	 assinala:	 “os	 juristas	queixam-se	que	 são	muitas;	mas	 assim	
mesmo criam-se novas, e não se pode deixar de criá-las para satisfazer as necessida-
des	da	sempre	variada	e	intrincada	vida	social”.
As	políticas	públicas	e	a	legislação	são	construídas	a	partir	das	necessidades	ma-
teriais,	o	que	podemos	constatar	de	forma	bastante	prática	por	intermédio	das	se-
guintes	indagações:	Há	uma	década	atrás,	como	poderia	o	legislador	pensar	em	“cri-
mes	digitais”?	E	como	pode	ignorar	hoje	essa	nova	realidade,	na	qual	as	transações	
eletrônicas	 fazem	parte	do	nosso	cotidiano?	Assim,	o	 legislador	deve	estar	 atento	
à	dinâmica	social,	observando	as	lacunas	legais	e	 legislando	por	demanda,	porém	
aguardando	certo	“amadurecimento”	dessas	demandas.	
Na	educação,	as	políticas	públicas	e	a	 legislação	andam	de	mãos	dadas.	Não	é	
19
possível	ao	Estado	organizar	a	estrutura	educacional	sem	uma	legislação	que	deter-
mine	suas	diretrizes.
A	LDB	e	o	Decreto	n0 5.622/05	configuram-se	como	a	expressão	normativa	de	
novas	necessidades	que	se	apresentaram	e	foram	construídas	historicamente.	Nesse	
âmbito,	do	ensino	por	correspondência	aos	projetos	desenvolvidos	em	ambientes	
virtuais	de	aprendizagem,	um	longo	caminho	foi	percorrido.	
Acreditamos	ter	deixado	claro,	no	decorrer	deste	capítulo,	que	a	modalidade	de	
educação	a	distância	pode	contribuir,	de	modo	bastante	significativo,	para	o	proces-
so	de	democratização	e	interiorização	do	ensino	superior	público	brasileiro.
Buscamos	enfatizar,	contudo,	que	a	modalidade	de	educação	a	distância	somente	
poderá	cumprir	o	seu	papel	social	se	os	programas,	os	projetos	e	os	cursos	ofertados	
a	distância	forem		desenvolvidos		com	base	nos	principios	que	estão	presentes	na	Lei	
de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	(Lei	n0	9.394/96).
Neste	 sentido,	 é	pertinente	 a	 assertiva	de	 Lobo	Neto	 (2000)	que	 expressa,	 de	
modo	claro	e	conciso,	em	que	condições	a	EAD	pode	se	converter	em	uma	alterna-
tiva viável para a democratização do ensino:
A	EAD	de	que	 trata	a	LDB	é	a	mesma	educação	de	que	sempre	 tratamos	e	
que	sempre	concebemos	como	direito	preliminar	de	cidadania,	dever	priori-
tário	do	Estado	democrático,	política	pública	básica	e	obrigatória	para	ação	
de	 qualquer	 nível	 de	 governo,	 conteúdo	 e	 forma	do	 exercício	 profissional	
de	educadores.	É	preciso	ter	muita	clareza	sobre	as	condições	de	ser	a	EAD	
uma	alternativa	de	democratização	do	ensino.	As	questões	educacionais	não	
se	resolvem	pela	simples	aplicação	técnica	e	tecnocrática	de	um	sofisticado	
sistema	de	comunicação,	num	processo	de	“modernização	cosmética”.	Não	
nos	serve	–	como	a	ninguém	serve	–	qualquer	tipo	de	educação	à	distância.	A	
razão	é	simples	e	objetiva:	não	nos	serve	–	como	a	ninguém	serve	–	qualquer	
tipo	de	educação	(LOBO	NETO,	2000,	p.	11).
O	mesmo	autor	insiste	no	fato	de	que	a	educação	a	distância	deverá	ser	consi-
derada	no	todo	da	educação	e,	portanto,	vinculada	ao	contexto	histórico,	político	e	
social.	Somente	dessa	maneira	é	que	a	EAD	poderá	ser	compreendida	como	estraté-
gia	de	ampliação	das	possibilidades	de	acesso	à	educação	de	qualidade,	direito	do	
cidadão	e	dever	do	Estado	e	da	sociedade.
políticas públicas para 
o ensino superior a 
distância e a legislação 
educacional vigente
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
20
BOBBIO,	N.	Teoria do ordenamento jurídico.	Brasília,	DF:	Universidade	de	Brasília,	
1991.	
BRASIL.	Lei	no	9.394/96,	de	20	de	dezembro	de1996.	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	
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BRASIL.	Decreto no 2.494/98, de 10 de fevereiro de 1998.	Altera	o	artigo	da	Lei	nº	
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Presidência	da	República,	1998. Disponível	em:	<http://www.mec.gov.br>.	Acesso	
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regimental	e	o	quadro	demonstrativo	dos	cargos	em	comissão	e	das	funções	
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de 2005.	Regulamenta	o	art.	80	da	Lei	nº	9394	de	20	de	dezembro	de	1996,	que	
estabelece	as	diretrizes	e	bases	da	educação	nacional.	Brasília,	DF:	Presidência	da	
República,	2005a.	Disponível	em:	<http://www.mec.gov.br>.	Acesso	em:	6	jun.	2006.	
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Referências
21
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Universidade	Aberta	do	Brasil.	Brasília,	DF:	MEC,	2006.	Disponível	em:	<http://www.
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regimental	e	o	quadro	demonstrativo	dos	cargos	em	comissão	e	das	funções	
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Dilvo	I.	Ristoff.	Brasília,	DF:	INEP,	2004b.	(Série	documental.	Textos	para	discussão).	
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Buenos	Aires.	Anais…Buenos	Aires:	LatinEduca,	2004.	Disponível	em:	<http://www.
latineduca2004.com>.	Acesso	em:	6	dez.	2007.	p.1-15.
1) 	Apresente,	na	forma	de	um	texto	descritivo/dissertativo,	aspectos	considerados	essenciais	
para	 a	 implementação	de	cursos	 superiores	na	modalidade	de	educação	a	distância	no	
Brasil,	destacando	na	legislação	educacional	os	documentos	que	propiciaram	a	legalidade	
dos	diplomas	expedidos	pelas	Instituições	de	Ensino	Superior.
Proposta de Atividade
políticas públicas para 
o ensino superior a 
distância e a legislação 
educacional vigente
Proposta de Atividade
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
22
Anotações
23
Maria Luisa Furlan Costa
INTRODUÇÃO
Vocês	 conheceram,	 no	 capítulo	 anterior,	 as	 políticas	 públicas	 para	 o	 ensino	
superior	a	distância	no	Brasil,	bem	como	tiveram	oportunidade	de	verificar	que	
uma	série	de	documentos	foram	aprovados,	a	partir	de	1996,	para	regulamentar	a	
modalidade	de	educação	a	distância	em	nosso	país.
Vale	lembrar	que	o	crescimento	da	oferta	de	cursos	superiores	a	distância	em	
nosso	país	tem	como	marco	a	promulgação	da	Lei	de	Diretrizes	de	Bases	da	Edu-
cação	Nacional	(Lei	n0	9.394/96),	que	no	Art.	80	trata	de	modo	particular	da	oferta	
da	EAD.	Nesse	artigo	está	explicitado	que	o	“Poder	Público	incentivará	o	desenvol-
vimento	e	a	veiculação	de	programas	de	ensino	à	distância,	em	todos	os	níveis	e	
modalidades	de	ensino,	e	de	educação	continuada”	(BRASIL,	1996).	É	esse	artigo	
que	 abriu	 perspectivas	 para	 a	 definição	 de	 um	 arcabouço	 legal	 que	 permitiu	 a	
constituição	 e	 oficialização	 de	 programas	 e	 cursos	 ofertados	 na	modalidade	 de	
educação	a	distância.
Visualizar	 o	 panorama	 das	 políticas	 públicas	 e	 conhecer	 a	 legislação	 educa-
cional	que	normatiza	a	oferta	de	cursos	superiores	a	distância	é,	a	nosso	ver,	de	
fundamental	importância	para	termos	presente	que	existe,	por	parte	do	Ministério	
da	Educação	(MEC),	uma	preocupação	constante	com	a	legalidade	dos	diplomas	
expedidos	pelas	universidades	brasileiras	e,	também,	com	a	qualidade	dos	cursos	
ofertados	por	meio	de	programas	coordenados	pelos	órgãos	da	esfera	federal.
Neste	sentido	é	que	procuramos	apresentar,	neste	capítulo,	o	programa	gover-
O sistema Universidade 
Aberta do Brasil: 
democratização e 
interiorização do ensino 
superior
2
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
24
namental	 denominado	 Sistema	 Universidade	 Aberta	 do	 Brasil	 (UAB),	 instituído	
pelo Decreto n0	5.800,	de	28	de	junho	de	2006,	que	busca	articular	as	instituições	
públicas	já	existentes,	possibilitando	levar	ensino	superior	público	de	qualidade	
aos	 municípios	 brasileiros	 que	 não	 possuem	 cursos	 de	 formação	 superior	 ou	
cujos	cursos	ofertados	não	são	suficientes	para	atender	à	demanda	de	uma	de-
terminada	região.
O SISTEMA UNIvERSIDADE ABERTA DO BRASIl
Atualmente,	o	Sistema	UAB	se	constitui	em	um	programa	da		Diretoria	de	Edu-
cação	a	Distância	(DED)	da	Coordenação	de	Aperfeiçoamento	de	Pessoal	do	Ensi-
no	Superior	(CAPES),	com	parceria	da	Secretaria	de	Educação	a	Distância	(SEED)	
do	Ministério	 da	 Educação	 (MEC).	 A	UAB	 tem	 como	prioridade	 a	 formação	 e	 a	
capacitação inicial e continuada de professores para a educação básica, com a 
utilização	de	metodologias	da	educação	a	distância.
A	expressão	Sistema	Universidade	Aberta	do	Brasil	é	a	denominação	represen-
tativa	genérica	para	a	rede	nacional	experimental	voltada	para	a	pesquisa	e	para	a	
educação	superior	formada	pelo	conjunto	de	instituições	públicas	de	ensino	su-
perior,	em	articulação	e	integração	com	o	conjunto	de	polos	municipais	de	apoio	
presencial.	Não	se	trata,	portanto,	da	criação	de	uma	nova	instituição	educacional,	
mas	sim	da	constituição	de	consórcios	públicos	que	propiciem	o	compartilhamen-
to	das	experiências	isoladas,	sejam	elas	marcadas	pelo	êxito	ou	então	na	socializa-
ção	das	dificuldades	enfrentadas.	
Essa	 questão	 é	 destacada	 na	 apresentação	 da	 Universidade	 Aberta	 do	 Brasil	
presente	na	página	virtual	do	MEC,	na	qual	há	uma	definição	sucinta	que	reforça	
a	 ideia	de	um	projeto	criado	pelo	Ministério	da	Educação	no	âmbito	do	Fórum	
das Estatais1	pela	Educação	para	a	articulação	e	 integração	experimental	de	um	
sistema	nacional	de	educação	superior	a	distância.	
No	projeto	de	criação	da	Universidade	Aberta	do	Brasil,	elaborado	pelo	Fórum	
das Estatais, estão claramente definidas as responsabilidades das universidades e 
dos	municípios	que	vierem	a	 fazer	parte	do	“consórcio”	para	a	oferta	de	cursos	
superiores	a	distância.	
1 O Fórum das Estatais pela Educação, instituído em 21 de setembro de 2004, tem a coordenação geral 
do Ministro Chefe da Casa Civil, a coordenação executiva do Ministro de Estado da Educação e a partici-
pação efetiva e estratégica das Empresas Estatais brasileiras, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica 
Federal e a Petrobras, por exemplo.
25
Às	Universidades	Públicas	cabe,	especificamente,	oferecer	corpo	docente	qualifica-
do,	responsável	pela	formulação	dos	projetos	pedagógicos	e	dos	recursos	didáticos	as-
sociados	aos	cursos	e	programas	propostos,	bem	como	a	responsabilidade	pelos	pro-
cessos	avaliativos,	a	expedição	de	diplomas	e	certificados	e	os	atendimentos	tutoriais	a	
distância.	Em	particular,	caberia	às	instituições	associadas	a	discussão	e	a	definição	do	
planejamento	curricular	e	pedagógico,	a	preparação	de	roteiros	de	cursos,	a	produção	
audiovisual,	textos	de	acompanhamento	e	a	avaliação	do	aluno	e	do	curso.
Aos municípios compete, especialmente, oferecer a infraestrutura local do polo 
de	apoio	presencial,	 incluindo	a	oferta	de	espaço	físico	adequado,	os	atendimentos	
via	 tutores	 e	 laboratórios	presenciais	 em	 sintonia	 com	as	diretrizes	das	 instituições	
proponentes	dos	cursos	e	programas.	Além	disso,	 localiza-se	no	nível	municipal	ou	
metropolitano a oportunidade da formação de redes comunitárias para educação e 
pesquisa	que	integrem	escolas	em	rede	de	comunicação	próprias,	através	de	modelos	
tecnológicos	inovadores	que	permitam	sua	auto-sustentação	em	longo	prazo.
A	parceria	entre	o	Governo	Federal,	as	Instituições	de	Ensino	Superior	e	os	Muni-
cípios	é	essencial	para	que	os	objetivos	do	Sistema	UAB	possam	ser	atingidos,	dentre	
os	quais	destacamos	cinco:	
a)		oferecer,	prioritariamente,	cursos	de	licenciatura	e	de	formação	inicial	e	conti-
nuada	de	professores	da	educação	básica;	
b)		ampliar	o	acesso	à	educação	superior	pública;	
c)		reduzir	 as	 desigualdades	 de	 oferta	 de	 ensino	 superior	 entre	 as	 diferentes	 
regiões	do	país;	
d)		estabelecer	amplo	sistema	nacional	de	educação	superior	a	distância;	e
e)		fomentar	o	desenvolvimento	 institucional	para	a	modalidade	de	educação	a	
distância,	bem	como	a	pesquisa	em	metodologias	inovadoras	de	ensino	supe-
rior	apoiadas	em	tecnologias	de	informação	e	comunicação.
Segundo	Mota,	Chaves	Filho	e	Cassiano	(2006),	a	UAB	prevê	a	oferta	de	educação	
O sistema Universidade 
Aberta do Brasil: 
democratização e 
interiorização do ensino 
superior
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
26
superior	com	base	na	adoção	e	 fomento	da	modalidade	a	distância,	o	que	confere	
férteis	potencialidades	para	esse	novo	projeto	do	Ministério	da	Educação.	Por	meio	
desse	sistema,	o	MEC	pretende	atender	às	demandas	reprimidas	por	ensino	superior	
no país, contribuindo para o enfrentamento de um cenário nacional de assimetrias 
educacionais	em	todos	os	níveis	de	ensino.	Daí	a	importância	de	se	traçar	políticas	
públicas	que	visem	a	levar	a	formação	em	nível	superior	gratuita	e	de	qualidade	para	
as	mais	diversas	regiões	do	país.
Na concepção dos autores supracitados, a perspectiva do trabalho com educação 
a	distância	deverá	 ir	muito	além	da	dimensão	metodológica	ou	de	mera	aplicação	
da	tecnologia,	constituindo-se	também	de	um	sistema	de	educação	a	distância	capaz	
de	 enfrentar	 os	 desafios	 dos	 baixos	 níveis	 de	 atendimento	 na	 educação	 superior,da	contração	da	oferta	nos	grandes	centros	e	nas	limitações	do	modelo	vigente	de	
financiamento.	Em	função	disto	é	que	o	projeto	UAB	surge	da	cofluência	de	diversos	
fatores,	como	a	materialização	de	ambientes	e	metodologias	educacionais	inovado-
ras,	baseados	nos	avanços	dos	recursos	tecnológicos	de	informação	e	comunicação,	o	
arcabouço	legal	voltado	para	a	área	de	educação	a	distância	e	ações	de	fomento	vol-
tadas	para	a	educação	a	distância,	desenvolvidas	pelo	Ministério	da	Educação,	esferas	
educacionais	e	empresas	estatais.
A	primeira	ação	voltada	para	a	oferta	educacional	no	âmbito	da	UAB	é	a	implanta-
ção	do	projeto-piloto	do	curso	de	graduação	em	Administração,	em	parceria	com	o	
Banco	do	Brasil	e	demais	bancos	estatais.	Esse	projeto	conta	com	a	participação	de	
universidades	 federais	e	estaduais	que	 iniciaram,	no	segundo	semestre	de	2006,	o	
trabalho	pedagógico	com	os	alunos	selecionados	em	um	processo	seletivo	próprio,	
com	abertura	de	10.000	vagas	ofertadas	para	as	mais	diversas	regiões	do	país.	Desse	
processo seletivo somente poderiam participar funcionários do Banco do Brasil e 
funcionários	públicos	da	esfera	federal,	estadual	ou	municipal.
O	 curso	 de	 Administração	 na	modalidade	 de	 educação	 a	 distância	 vem	 sendo	
ofertado	por	 dezoito	 instituições	 federais	 e	 sete	 universidades	 estaduais.	 Em	 cada	
unidade	da	 federação,	as	universidades	definiram	previamente	os	 locais	dos	polos	
regionais	e	 sua	 infraestrutura	para	atendimento	aos	estudantes	para	os	momentos	
presenciais.	O	estudante	é	acompanhado	por	um	processo	de	tutoria	que	permite	o	
monitoramento	direto	do	desempenho	e	do	fluxo	de	atividades,	facilitando	a	intera-
tividade	e	a	identificação	de	possíveis	dificuldades	de	aprendizagem.	
A	partir	dessa	primeira	experiência,	a	seleção	das	Instituições	Públicas	de	Ensino	
Superior	passou	a	ser	realizada	por	meio	de	editais	públicos,	os	quais	se	constituem	
de	duas	partes	distintas.	A	primeira	destina-se	aos	municípios	que	se	colocam	como	
proponentes	de	polos	de	apoio	presencial,	comprometendo-se	com	a	organização	e	
27
sustentabilidade	da	estrutura	necessária	para	a	oferta	de	cursos	superiores	a	distân-
cia.	A	segunda	parte	do	edital	é	dirigida	às	instituições	que	apresentam	projetos	de	
cursos	que	são	avaliados	por	especialistas	indicados	pelo	MEC.
A	importância	desse	programa	pode	ser	demonstrada	com	os	números	divulga-
dos	pelo	MEC	com	relação	aos	editais	publicados	em	2005	e	2006.	O	primeiro	 foi	
publicado	em	dezembro	de	2005,	com	expressiva	quantidade	de	propostas	de	polos	
e	cursos.	Ao	findar	o	prazo	para	o	envio	de	propostas	de	cursos,	foi	instalada	uma	co-
missão	de	especialistas	para	avaliar	os	projetos	apresentados.	O	trabalho	da	comissão	
resultou na seleção de 292 polos, com presença em todos os estados brasileiros, e 
de	49	instituições	de	ensino	superior,	sendo	39	universidades	federais	e	10	Centros	
Federais	de	Educação	Tecnológica	(CEFETS).	
O	segundo	edital	foi	publicado	em	dezembro	de	2006,	com	inscrições	até	maio	de	
2007.	A	única	diferença	em	relação	ao	primeiro	edital	foi	a	inclusão	da	possibilidade	
de	propostas	de	cursos	por	universidades	estaduais.	Os	trabalhos	de	avaliação	foram	
finalizados	em	maio	de	2008,	com	a	seleção	de	269	polos	de	apoio	presencial	e	um	
total	 de	 207	 novos	 cursos	 na	 área	 de	 formação	 de	 professores,	 sendo	 159	 cursos	
de	 licenciatura,	47	cursos	de	especialização	e	um	curso	de	aperfeiçoamento.	Esses	
cursos	serão	ofertados	por	34	universidades	 federais,	15	universidades	estaduais	e	
09	CEFETS.	Os	dados	apresentados	indicam	que	a	partir	de	2008	deveriam	estar	em	
funcionamento,	nas	cinco	regiões	do	Brasil,	561	polos	de	apoio	presencial.	
O	número	expressivo	de	instituições	que	se	propuseram	a	ofertar	cursos	superio-
res	na	modalidade	a	distância,	vinculados	ao	Sistema	Universidade	Aberta	do	Brasil,	
pode	 ser	 indicativo	 de	 que	mudanças	 significativas	 devem	 ocorrer,	 em	 um	 futuro	
próximo,	no	 interior	das	universidades	brasileiras,	especialmente	no	que	se	 refere	
à	incorporação	das	novas	tecnologias	de	informação	e	comunicação	ao	processo	de	
ensino-aprendizagem.
Na	perspectiva	de	Chaves	Filho	(2007,	p.	86),	“o	fértil	terreno	no	qual	se	lançam	
as	sementes	do	Projeto	UAB	propiciará	revisão	de	nosso	paradigma	educacional,	em	
termos	da	modernização,	gestão	democrática	e	financiamento”.	Essa	revisão	deverá	
provocar,	conforme	o	autor,	desdobramentos	para	a	melhoria	da	qualidade	da	edu-
cação,	 tanto	na	 incorporação	de	 tecnologias	e	metodologias	 inovadoras	 ao	ensino	
presencial	 quanto	 no	 sentido	 de	 promover	 educação	 a	 distância	 com	 liberdade	 e	
flexibilidade.
Destarte,	no	formato	traçado	para	o	Sistema	Universidade	Aberta	do	Brasil,	a	qua-
lidade dos cursos ofertados está estreitamente relacionada com a estrutura física dos 
polos	de	apoio	presencial.	Assim,	na	segunda	parte	deste	capítulo	faremos	uma	ex-
posição mais detalhada da estrutura física do polo de apoio presencial e dos recursos 
O sistema Universidade 
Aberta do Brasil: 
democratização e 
interiorização do ensino 
superior
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
28
humanos	que	devem	se	responsabilizar,	por	meio	de	um	trabalho	colaborativo,	pelas	
atividades presenciais desenvolvidas pelos alunos matriculados em cursos superiores 
a	distância.
pOlO DE ApOIO pRESENCIAl: BRAÇO OpERACIONAl DAS 
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUpERIOR
O	Polo	de	Apoio	Presencial	é	definido	como	a	estrutura	necessária	para	a	execu-
ção	descentralizada	de	 algumas	das	 funções	didático-administrativas	de	 curso,	 rede	
ou	sistema	de	educação	a	distância.	Isso	significa,	fundamentalmente,	um	local	situa-
do	no	Município	onde	se	desenvolvem	os	cursos	a	distância,	com	infraestrutura	para	
atender	tanto	as	necessidades	das	instituições	de	ensino	ofertantes	dos	cursos,	quanto	
às	necessidades	dos	estudantes.	Nesse	contexto,	é	de	responsabilidade	do	Município	
adequar	e	manter	o	Polo	com	todas	as	condições	necessárias	para	o	seu	pleno	funcio-
namento.	Por	conseguinte,	o	Polo	serve	como	referência	aos	estudantes;	nesse	local	
devem ser oferecidas condições de acesso aos meios modernos de informação e co-
municação,	bem	como	atendimento	pedagógico,	administrativo	e	cognitivo	necessário	
ao	desenvolvimento	do	curso.
Zuin	 (2006)	assevera	que	os	polos	de	apoio	presencial	podem	ser	 identificados	
como	elementos	cruciais	para	o	desenvolvimento	do	processo	educacional/formativo	
a	distância.	Nos	locais	escolhidos	como	polos,	os	estudantes	dos	cursos	superiores	a	
distância	terão	acesso	a	bibliotecas,	serão	atendidos	pelos	tutores,	assistirão	às	aulas	e	
terão	a	sua	disposição	um	laboratório	de	informática	com	recursos	tecnológicos,	inter-
ligados	à		Internet,	que	lhes	possibilitarão	estudar	os	módulos	dos	respectivos	cursos	
na	forma	de	artigos	e	apostilas	on-line,	por	exemplo.	Além	de	tais	recursos,	os	polos	
também	contarão	com	salas	para	a	secretaria	acadêmica,	para	a	coordenação	do	polo,	
para os tutores, além de possuírem uma sala de professores e reuniões, uma sala de 
aula	presencial	típica	e	uma	sala	de	videoconferência.
Em	síntese,	o	Polo	é	o	“braço	operacional”	da	Instituição	de	Ensino	Superior	na	
cidade	do	estudante	ou	mais	próxima	dele,	onde	acontecem	os	encontros	presenciais,	
o acompanhamento e a orientação para os estudos, as práticas laboratoriais e as ava-
liações	presenciais.	Estudos	comprovam	que	o	polo	de	apoio	presencial	propicia	as	
condições	para	a	permanência	do	aluno	no	curso,	criando	um	vínculo	mais	próximo	
com	a	Universidade,	 valorizando	a	 expansão,	 a	 interiorização	e	 a	 regionalização	da	
oferta	de	educação	superior	pública	e	gratuita.	
Neste sentido, o polo de apoio presencial poderá constituir-se, em curto prazo, em 
um	centro	de	integração	e	desenvolvimento	regional	e	de	geração	de	empregos.	Logo,	
é	crucial	que	o	polo	seja	bem	projetado	para	atender	tanto	às	necessidades	das	institui-
29
ções	de	ensino	superior	quantoàs	necessidades	dos	estudantes,	permitindo	que	todos	
os	alunos	tenham	acesso	aos	meios	modernos	de	informação	e	comunicação.
Respeitando	as	especificidades	de	 cada	município,	o	Ministério	da	Educação	 re-
comenda	que	os	polos	de	apoio	presencial	tenham	uma	estrutura	física	básica	para	o	
desenvolvimento	das	atividades	presenciais,	contendo	uma	sala	para	a	Secretaria	Aca-
dêmica,	uma	Sala	para	a	Coordenação	do	Polo,	uma	sala	para	os	Tutores	Presenciais,	
uma	sala	de	Professores	e	Reuniões,	uma	sala	de	Aula	Presencial	Típica,	um	Laborató-
rio	de	Informática,	uma	Sala	de	Videoconferência	e	uma	Biblioteca.
Costa	(2007),	ao	apresentar	modelos	para	a	educação	superior	a	distância	no	setor	
público,	destaca	a	importância	do	laboratório	de	informática,	que	assume,	no	projeto	
UAB,	duas	funções	essenciais,	tendo	em	vista	que	deve	se	constituir	em	local	de	aten-
dimento	do	tutor	e	também	em	um	espaço	de	inclusão	digital.	
O	laboratório	de	informática	desempenha	papel	essencial	nos	cursos	a	distân-
cia	e	precisa	estar	equipado	com	computadores	em	rede,	com	acesso	à	Internet	
de	banda	larga,	de	forma	que	permita,	de	um	lado,	com	auxílio	de	um	ambiente	
virtual	de	aprendizagem	projetado	para	o	curso,	a	interação	do	estudante	com	
colegas,	docentes,	coordenador	de	curso	e	com	os	responsáveis	pelo	sistema	
de	gerenciamento	acadêmico	e	administrativo	do	curso,	e	de	outro	,	que	o	es-
tudante	possa	realizar	suas	tarefas	acadêmicas.	Para	atender	às	múltiplas	ativida-
des,	é	importante	a	existência	de	mais	de	uma	unidade	para	o	laboratório.	Pois,	
além	de	servir	de	espaço	pedagógico	para	a	realização	de	tutorias	presenciais,	
o	laboratório	deve	ser	de	livre	acesso,	para	permitir	que	os	estudantes	possam	
consultar	livremente	a	Internet,	enfim	ser	um	espaço	de	promoção	de	inclusão	
digital.	Portanto,	para	que	isso	ocorra,	é	necessária	a	compatibilidade	entre	a	
quantidade	de	equipamentos	e	o	número	de	alunos	atendidos,	respeitando	as	
particularidades	do	curso	e	do	local	do	pólo,	com	vistas	a	garantia	de	padrões	
de	qualidade	no	acesso	aos	equipamentos	(COSTA,	2007,	p.	4).
Vale	ressaltar,	ainda,	que	tanto	o	laboratório	de	informática	quanto	a	estrutura	do	
polo	como	um	todo	deverão	ser	adequados	à	quantidade	de	cursos	ofertados	e	as	suas	
especificidades.	Em	se	tratando,	por	exemplo,	de	cursos	que	exigem	práticas	labora-
toriais,	como	Física,	Química	e	Ciências	Biológicas,	o	polo	de	apoio	presencial	deverá	
contar com espaços destinados para o desenvolvimento de práticas laboratoriais, con-
forme as recomendações do documento intitulado Referenciais de Qualidade para 
a Educação Superior a Distância.
Por	outro	lado,	diversas	áreas	do	conhecimento	científico	são	fortemente	base-
adas	em	atividades	experimentais.	Para	cursos	dessas	áreas,	as	experiências	la-
boratoriais	configuram-se	como	essenciais	para	a	garantia	de	qualidade	no	pro-
cesso	de	ensino-aprendizagem.	Portanto,	as	instituições	de	ensino	que	venham	
a ministrar cursos dessa natureza deverão possuir laboratórios de ensino nos 
pólos	de	apoio	presencial.	Os	insumos	para	as	atividades	nos	laboratórios	de	
ensino	deverão	ser	especificados	de	forma	clara	no	projeto	do	curso	(BRASIL,	
2007,	p.	28-29).
O sistema Universidade 
Aberta do Brasil: 
democratização e 
interiorização do ensino 
superior
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
30
No mesmo documento está explicitado o papel desempenhado pelos polos de 
apoio	presencial,	com	ênfase	na	importância	de	se	ter	um	horário	de	funcionamento	
bastante	diversificado	para	incluir	os	estudantes	trabalhadores.
Essa	unidade,	portanto,	desempenha	papel	de	grande	importância	para	o	sis-
tema	de	educação	a	distância.	Sua	instalação	auxilia	o	desenvolvimento	do	cur-
so	e	funciona	como	um	ponto	de	referência	fundamental	para	o	estudante.	Os	
pólos	devem	possuir	horários	de	atendimento	diversificados,	principalmente	
para incluir estudantes trabalhadores, com horário disponível reduzido e de-
vem,	se	possível,	funcionar	durante	todos	os	dias	úteis	da	semana,	incluindo	
sábado,	nos	três	turnos.	Deve-se	ressaltar	que,	por	meio	da	implantação	dos	
pólos,	as	instituições	de	ensino	poderão	viabilizar	a	expansão,	interiorização	
e	regionalização	da	oferta	de	educação	no	País.	[...]	Assim,	os	pólos	de	apoio	
presencial	devem	contar	com	estruturas	essenciais,	cuja	finalidade	é	assegu-
rar	 a	 qualidade	 dos	 conteúdos	 ofertados	 por	meio	 da	 disponibilização	 aos	
estudantes	de	material	para	pesquisa	e	recursos	didáticos	para	aulas	práticas	
e	de	laboratório,	em	função	da	área	de	conhecimento	abrangida	pelos	cursos	
(BRASIL,	2007,	p.	26).
Além	da	estrutura	física	adequada,	é	imprescindível	que	cada	polo	de	apoio	presen-
cial	possa	contar	com	o	trabalho	integrado	de	pessoas	capazes	de	exercer	as	funções	
elencadas	a	seguir:
•		Coordenador de Polo de apoio Presencial: responsável pela parte adminis-
trativa	e	gestão	acadêmica;
• Técnico em informática:	responsável	pela	manutenção	e	assistência	aos	equi-
pamentos	de	informática;
• Bibliotecário:	 responsável	 pela	 organização,	 armazenamento	 e	divulgação	o	
acervo,	visando	a	otimizar	o	uso	do	material	bibliográfico	e	proporcionar	servi-
ços	bibliográficos	e	de	informação;	
• Auxiliar para Secretaria:	responsável	pelos	serviços	gerais	de	secretaria;
• Tutor Presencial:	profissional	que	atua	nas	mediações	pedagógicas,	geralmen-
te	facilitando	a	aprendizagem	dos	estudantes.	Seu	papel	é	importante	nos	siste-
mas de EAD, sendo o principal responsável pelo processo de acompanhamento 
e	controle	do	ensino-aprendizagem.	A	recomendação	é	que	se	tenha	um	tutor	
presencial	para	cada	grupo	de	25	alunos.
Queremos	destacar,	com	o	risco	da	redundância,	que	a	existência	de	um	polo	de	
apoio	presencial	é	de	fundamental	importância	para	o	êxito	dos	cursos	oferecidos	pela	
EAD.	Esse	polo	deve	contar,	conforme	demonstrado	pelos	documentos	emanados	do	
MEC/UAB,	com	toda	a	infraestrutura	e	recursos	humanos	necessários	ao	desenvolvi-
mento	dos	trabalhos.	Cabe	ainda	salientar	que,	em	função	do	o	Sistema	UAB	funcionar	
31
em	forma	de	consórcio,	é	de	responsabilidade	dos	municípios	providenciarem	a	estru-
tura	física	e	humana	dos	polos.
Assim,	o	polo	de	apoio	presencial	somente	poderá	se	constituir	como	um	“braço	
operacional”	das	instituições	que	ofertam	cursos	superiores	a	distância	em	um	deter-
minado	município	se	atender,	de	fato,	os	parâmetros	de	qualidade	estabelecidos	na	
legislação	educacional	vigente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A	apresentação	sistematizada	e	contextualizada	do	Sistema	Universidade	Aberta	do	
Brasil	indica	que	esse	programa	pode	contribuir	para	o	processo	de	democratização	
e	 interiorização	do	ensino	superior	público,	 tendo	em	vista	a	adesão	de	um	núme-
ro	significativo	de	instituições	públicas	que,	por	terem	sido	contempladas	em	editais	
abertos	pelo	Ministério	da	Educação,	fazem	parte	de	uma	espécie	de	consórcio	públi-
co	que	tem	como	principal	objetivo	o	aumento	do	número	de	vagas	nas	instituições	
públicas,	tanto	para	os	cursos	de	graduação	quanto	para	os	cursos	de	pós-graduação	
lato sensu.
Devemos	ressaltar,	contudo,	que	é	necessário	um	acompanhamento	constante	do	
MEC	para	 a	garantia	da	qualidade	dos	 cursos	ofertados,	 sem	perder	de	 vista	que	a	
educação	a	distância	pode	 contribuir	para	o	processo	de	democratização	do	 saber,	
especialmente	no	que	diz	respeito	ao	projeto	para	a	interiorização	do	ensino	superior	
brasileiro.
No	projeto	de	consecução	do	Sistema	UAB	está	explícito	que	todo	o	processo	de-
verá ser acompanhado pelo MEC, desde a construção dos polos de apoio presencial 
até	a	elaboração	do	conteúdo	programático	dos	cursos.	Mais	do	que	isto,	salienta-se	a	
necessidade	de	uma	avaliação	constante	para	verificar	se	os	polos	de	apoio	presencial	
e	os	cursos	superiores	ofertados	na	modalidade	de	educação	a	distância	atendem,	de	
fato,	os	mesmos	padrões	de	qualidade	dos	cursos	regulares.
Para	finalizar,	é	interessante	observarmos	a	forma	como	Telma	Maria	Cruz	(2007)	
procura	chamar	atençãopara	a	necessidade	de	uma	avaliação	criteriosa	do	Sistema	
Universidade	Aberta	do	Brasil.	A	seu	ver,	a	UAB	tem	muitos	méritos,	como	o	ideal	de	
expansão, a interiorização e a inclusão dos estratos sociais historicamente desfavore-
cidos.	Todavia,	a	pressa	em	atingir	percentuais	que	representam	uma	redução	desses	
números,	sem	ao	menos	aguardar	os	resultados	parciais	dos	egressos	do	Projeto	Pilo-
to,	pode	causar	temor.	
Cruz	(2007)	enfatiza	que	é	importante	que	as	universidades	que	aderiram	ao	Siste-
ma	Universidade	Aberta	do	Brasil,	visando	também	à	injeção	de	recursos	e	à	atualiza-
ção	do	polo	de	comunicações	em	mídias,	fiquem	atentas	para	que	não	se	arrependam	
O sistema Universidade 
Aberta do Brasil: 
democratização e 
interiorização do ensino 
superior
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
32
de	ter	inserido	seu	histórico	de	qualidade	em	uma	situação	no	mínimo	de	fragilidade,	
diante	dos	ambiciosos	números	de	atendimento,	pretendidos	a	curto	prazo,	pela	Se-
cretaria	de	Educação	a	Distância	(SEED)	do	Ministério	da	Educação	(MEC).
Nesse	aspecto	é	que	reside,	a	nosso	ver,	a	importância	de	estudos	e	pesquisas	que	
buscam	analisar	a	proposta	de	criação	do	Sistema	Universidade	Aberta	do	Brasil,	bem	
como	verificar,	in loco, a forma como os cursos superiores estão sendo ofertados nos 
polos	de	apoio	presencial.	O	que	esperamos	é	que	o	desenvolvimento	de	estudos	e	
pesquisas	possam		indicar	proposições	para	que	as	distorções	observadas	sejam	rapi-
damente	corrigidas	e,	ainda,	que	os	aspectos	positivos	venham	contribuir	para	uma	
revisão	criteriosa	dos	cursos	e	programas	ofertados	na	modalidade	de	educação	a	dis-
tância.
Mais	do	que	isto,	é	essencial	que	o	Sistema	Universidade	Aberta	se	constitua,	de	
fato,	em	um	programa	governamental	que	possa	ter	sua	existência	e	seu	financiamento	
garantido	de	forma	permanente,	considerando	que	muitas	vezes	os	programas	públi-
cos instituídos em um determinado momento são extintos, sem uma avaliação prévia, 
em	função	de	mudanças	na	estrutura	do	governo	federal,	estadual	ou	municipal.
BRASIL.	Lei	no	9.394/96,	de	20	de	dezembro	de1996.	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	
Educação	Nacional.	Diário Oficial da União,	Brasília,	DF,	1996.	Disponível	em:	
<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>.	Acesso	em:	
3	fev.	2001.
BRASIL.	Ministério	da	Educação.		Referenciais de qualidade para a Educação 
Superior a distância. Brasília,	DF:	MEC,	2007.	Disponível	em:	<http://www.mec.
gov.br>.		Acesso	em:	6	jul.	2008.
BRASIL.	Ministério	da	Educação.	Decreto no 5.800/2006. Dispõe sobre o sistema 
Universidade	Aberta	do	Brasil.	Brasília,	DF:	MEC,	2006.	Disponível	em:	<http://www.
mec.gov.br>.	Acesso	em:	9	ago.	2006.	
CHAVES	FILHO,	Hélio.	A	Universidade	Aberta	do	Brasil:	estratégia	para	a	formação	
superior	na	modalidade	de	EAD.	Revista Fonte,	Belo	Horizonte,	n.	6,	p.	85-91,	jan./
jun.	2007.
Referências
33
1) O	texto	faz	uma	apresentação	sistematizada	e	contextualizada	do	programa	denominado	
Universidade	Aberta	do	Brasil	(UAB).	A	partir	da	leitura	inicial,	você	deverá	realizar	uma	
pesquisa	nos	sites	de	busca	da	Internet,	em	livros	e	periódicos	que	tratam	dessa	questão.	
Apresente	o	resultado	de	sua	pesquisa	em	um	texto	descritivo/dissertativo	em	que	você	
pode	 confirmar	 ou	 refutar	 a	 ideia	 de	 que	 a	 UAB	 pode	 contribuir	 para	 o	 processo	 de	
democratização	e	interiorização	do	ensino	superior	no	Brasil.
Proposta de Atividade
COSTA,	José	Celso	da.	Modelos	de	Educação	superior	a	distância	e	a	implementação	
da	Universidade	Aberta	do	Brasil. Revista Brasileira de Informática na Educação, 
Florianópolis,	v.	15,	n.	2,	p.	9-16,	maio/ago.	2007.	Disponível	em:	<http://
bibliotecadigital.sbc.org.br/?module=Public&action=PublicationObject&subject=0
&publicationobjectid=93>.	Acesso	em:	12	ago.	2008.
CRUZ,	Telma	Maria.	Universidade Aberta do Brasil: implementações	e	previsões.	
2007.	Dissertação	(Mestrado)-Universidade	de	Brasília,	Brasilia,	DF,	2007.
MOTA,	Ronaldo;	CHAVES	FILHO,	Hélio;	CASSIANO,	Webster	Spiguel.	Universidade	
Aberta	do	Brasil:	democratização	do	acesso	à	educação	superior	pela	rede	pública	de	
educação	a	distância.	In:	BRASIL.	Ministério	da	Educação.	Desafios da Educação a 
distância na formação de professores. Brasília,	DF:	SEED/MEC,	2006.
ZUIN,	Antonio	A.	S.	Educação	a	distância	ou	Educação	distante?:	o	programa	
Universidade	Aberta	do	Brasil,	o	tutor	e	o	professor	virtual.	Educ. Soc., Campinas, 
v.	27,	n.	96	,	p.	935-954,	out.	2006.	Edição	especial.
Anotações
O sistema Universidade 
Aberta do Brasil: 
democratização e 
interiorização do ensino 
superior
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
34
35
João Batista Pereira
INTRODUÇÃO
Neste	capítulo,	procuramos	elaborar	uma	discussão	sobre	o	que	se	espera	de	um	
aluno	do	Ensino	Superior.	Também	serão	discutidas	a	função	do	Tutor	e	a	atividade	de	
tutoria	na	Educação	a	Distância	(EAD).	Julgamos	essas	discussões	necessárias,	pois	po-
derão trazer informações aos alunos do ensino superior sobre como melhor aproveitar 
essa etapa de sua formação educacional e, além disso, por ser a EAD ainda recente, 
é	necessário	trazer	subsídios	que	possam	auxiliar	os	envolvidos	nessa	modalidade	de	
ensino.
Entretanto, antes de adentrarmos ao objetivo deste, torna-se necessária uma breve 
análise relativa ao funcionamento do sistema educacional brasileiro e do conceito de 
educação.	
A	 forma	 como	 se	 organiza	 o	 nosso	 sistema	 educacional	 tem	 sua	matriz	 concei-
tual	na	Revolução	Francesa,	no	Relatório	Condorcet.	Cabe	 salientar	que	Condorcet	
foi	nomeado,	no	final	do	século	XVIII,	Presidente	do	Comitê	de	Instrução	Pública	da	
Assembléia	Legislativa	Francesa,	e	elaborou	o	relatório	que	leva	seu	nome.	Embora	não	
aplicado	naquele	momento,	pois	a	França	se	encontrava	em	guerra	iminente,	esse	rela-
tório	serviu	de	base	para	a	implantação	da	Escola	Pública	naquele	país	no	século	XIX.
Condorcet,	que	viveu	em	um	mundo	em	transformação,	advogou	em	seu	relatório	
uma	escola	pública,	universal,	única,	laica,	gratuita,	para	ambos	os	sexos,	em	todos	os	
seus	níveis.	O	bem-estar	coletivo	seria	garantido	pelo	desenvolvimento	das	potencia-
lidades	de	cada	um,	independente	da	classe	social	a	que	pertencesse	o	indivíduo.	Ao	
Estado	caberia	prover	meios	–	no	caso,	a	escola	–	para	que	esses	talentos	pudessem	se	
desenvolver.	Convém	ressaltar	que	o	modelo	proposto	por	Condorcet	era	“piramidal”:	
na	base	as	escolas	primárias,	a	seguir	as	secundárias,	Institutos,	Liceus	e	Sociedade	Na-
cional	das	Ciências	e	das	Artes.	Somente	o	primeiro	nível	de	ensino	(escola	primária),	
Os cursos superiores a 
distância e o sistema 
de tutoria
3
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
36
naquele	momento,	seria	levado	à	totalidade	dos	cidadãos.	A	universalização	dos	outros	
níveis	iriam	se	dar	gradativamente,	quando	o	Estado	tivesse	condições	para	tanto.	
Também	cabe	destacar	que	a	essência	do	Relatório	Condorcet	transfere	para	a	de-
sigualdade	de	talentos	as	desigualdades	de	fortunas.	À	escola	caberia	a	função	de	tor-
nar	iguais	os	diferentes.	Ou	seja,	independentemente	de	classe	social,	o	aluno	teria	a	
oportunidade	de	desenvolver	seus	talentos.	Essa	diferença	seria	a	única	“natural”,	e	
aceitável	em	uma	sociedade	democrática	(BOTO,	2003).
Se	fizermos	uma	breve	reflexão,	notaremos	as	semelhanças	entre	o	modelo	propos-
to	por	Condorcet	e	o	brasileiro.	Embora	com	algumas	diferenças	de	nomenclatura	e	de	
número	de	níveis,	nosso	sistema	educacional	também	tem	uma	estrutura	piramidal,	na	
qual	o	acesso	aos	níveis	posteriores	de	ensino	–	notadamente	o	ensino	superior	públi-
co	–	ainda	é	definido	pela	questão	dos	talentos.	A	universalização	dos	ensinos	médio	
e	fundamental	públicos	se	encontra	em	curso	no	Brasil.	No	caso	do	ensino	superior	
público,	o	número	de	candidatos	supera,	em	muito,	as	vagas	oferecidas	nos	cursos.	
O	exame	vestibular,	critério	de	seleção,	nada	mais	é	do	que	a	aferição	dos	 talentos	
educacionais	dos	alunos	que	nele	seinscrevem.	Embora	possa	nos	parecer	natural,	a	
metodologia	de	acesso	ao	ensino	superior	público	é	excludente,	já	que	não	oferece	o	
número	de	vagas	suficientes	para	atender	à	demanda.	
Visando	à	“expansão	pública	da	educação	superior,	considerando	os	processos	de	
democratização	e	acesso”	(BRASIL,	2008a),	no	ano	de	2006	foi	criado	o	Sistema	Uni-
versidade	 Aberta	 do	 Brasil	 (UAB).	 Esse	 programa	 do	Ministério	 de	 Educação	 já	 foi	
apresentado	sucintamente	no	segundo	capítulo	deste	livro.
Vale	lembrar,	porém,	que	além	da	expansão,	o	sistema	UAB	visa	à	interiorização	da	
oferta	de	cursos	em	nível	superior.	O	uso	de	novas	tecnologias,	como	a	rede	mundial	
de	computadores	e	a	comunicação	por	satélite	e	fibra	ótica,	permite	que	as	mais	diver-
sas	regiões	do	país	sejam	atendidas	por	essa	modalidade	de	ensino.	
Fazer	uso	dessas	tecnologias,	sem	que	as	mesmas	se	tornem	o	fim,	mas	o	meio	pelo	
qual	o	ensino	superior	público	de	qualidade	chegue	a	parcelas	cada	vez	maiores	da	
população,	é	o	grande	desafio	que	se	coloca	para	a	EAD.
EDUCAÇÃO E ENSINO SUpERIOR
José	Carlos	Libâneo	(2001,	p.	3)	aponta	que	“um	dos	fenômenos	mais	significativos	
dos	processos	 sociais	 contemporâneos	 é	 a	 ampliação	do	 conceito	de	 educação	e	 a	
diversificação	das	atividades	educativas	[...]”.
Embora	Libâneo	divida	a	educação	em	formal,	não-formal,	e	informal,	outros	auto-
res	efetuam	essa	divisão	apenas	em	formal	e	não-formal	(COSTA;	MENEZES	apud	ROS-
SI;	RODRIGUES;	NEVES,	2005).	Sem	querer	aprofundar	essa	discussão,	adotaremos	a	
37
divisão	efetuada	por	Costa	e	Menezes	(apud	ROSSI;	RODRIGUES;	NEVES,	2005)	para	
as	discussões	que	se	seguem.
A	educação	é	uma	das	atividades	que	mais	caracteriza	o	ser	humano.	Desde	que	
nascemos, somos educados:
A	princípio,	pelos	nossos	pais	e	familiares	mais	próximos,	posteriormente,	pe-
los	meios	de	comunicação	de	massas	 (rádio,	 televisão,	 jornais,	 revistas	etc.),	
pelas	pessoas	com	as	quais	convivemos,	enfim,	pela	sociedade	(apud	ROSSI;	
RODRIGUES;	NEVES,	2005,	p.	30).
Os	autores	em	tela	classificam	essa	 forma	de	educação,	não-sistematizada,	como	
informal.
Quanto	à	educação	formal,	é:
[...]	aquela	que	ocorre	no	âmbito	das	instituições	escolares,	distinguindo-se	da	
informal	em	razão	de	sua	sistematização.	Ou	seja,	nas	escolas,	utiliza-se	um	mé-
todo	(pedagógico)	para	atingir	objetivos	previamente	traçados:	executa-se	um	
plano	de	estudos	anteriormente	elaborado	(apud	ROSSI;	RODRIGUES;	NEVES,	
2005,	p.	30).
Após	essas	considerações,	é	necessário	que	entendamos	o	que	se	pretende	com	
a	educação	formal	porque,	se	desvelarmos	para	que	se	educa,	poderemos	ter	uma	
noção	melhor	do	que	se	objetiva	com	a	educação	e,	por	conseguinte,	com	o	ensino	
superior.
Dermeval	Saviani	postula	que	“trabalho	e	a	educação	são	atividades	especifica-
mente	humanas”.	O	homem	educa,	e	 se	educa,	desde	a	 sua	origem	e,	ao	mesmo	
tempo,	necessita	transformar	o	meio	em	que	vive	através	do	trabalho,	para	produzir	
a	sua	subsistência	(SAVIANI,	2007).	No	que	tange	à	educação	formal,	há	uma	dico-
tomia	 entre	 as	 finalidades	 educacionais:	 educa-se	 para	 o	 trabalho	 (homo faber), 
ou	para	que	o	indivíduo	possa	entender	(e	superar)	o	mundo	que	o	rodeia	(homo 
sapiens)?	
A	divisão	entre	educação	e	trabalho	deu-se	com	a	origem	da	propriedade	privada,	
porque	desse	momento	em	diante	seria	possível	aos	proprietários	sobreviver	sem	
trabalhar.	Na	Grécia	Antiga,	por	exemplo,	iam	para	a	escola	aqueles	que	tinham	tem-
po	livre,	havendo	a	diferenciação	entre	escola	e	trabalho	–	este	último	era	efetuado	
pelos	escravos	(SAVIANI,	2007).	
Com o advento da Revolução Industrial, a separação entre instrução e trabalho 
foi	posta	em	questão.	Nesse	ponto,	a	escola	se	aproximou	do	processo	produtivo.	A	
separação entre trabalho produtivo e intelectual, existente até então, foi substituída 
por	um	ensino	voltado	às	atividades	manuais,	em	contraponto	a	um	voltado	para	
Os cursos superiores a 
distância e o sistema de 
tutoria
INTRODUÇÃO À 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
38
as	profissões	intelectuais	(SAVIANI,	2007).	Sob	esse	prisma,	por	um	lado	o	ensino	
entendido	como	instrução	teria	como	finalidade	a	preparação	intelectual.	Por	outro,	
a	nova	forma	de	trabalho	oriunda	da	mecanização	da	produção	necessitava	que	o	
trabalhador	conhecesse	apenas	“rudimentos	educacionais”.	Ou	seja,	não	se	nega-
va a necessidade de escolarização dos trabalhadores, porém, uma escolarização 
mínima1.
No	Brasil,	a	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	–	LDB,	Lei	n0 9394/96	–	ao	
conceituar a educação, também define a sua finalidade:
Art.	1º.	A	educação	abrange	os	processos	 formativos	que	se	desenvolvem	
na	vida	 familiar,	na	 convivência	humana,	no	 trabalho,	nas	 instituições	de	
ensino	 e	 pesquisa,	 nos	movimentos	 sociais	 e	 organizações	 da	 sociedade	
civil	e	nas	manifestações	culturais.	
§	1º.	Esta	Lei	disciplina	a	educação	escolar,	que	se	desenvolve,	predominan-
temente,	por	meio	do	ensino,	em	instituições	próprias.	
§	2º.	A	educação	escolar	deverá	vincular-se	ao	mundo	do	trabalho	e	à	prá-
tica	social	(BRASIL,	2008).
Notamos	 que	 a	 Lei	 em	 questão	 conceitua	 a	 educação	 como	 sendo	 formal	 e	
informal;	e	que	a	educação	escolar	(formal)	deve	estar	ligada	“ao	mundo	do	tra-
balho	e	à	prática	social”.	Ou	seja,	os	conteúdos	escolares	devem	estar	em	sintonia	
com	as	transformações	que	ocorrem	no	mundo	do	trabalho	e,	ao	mesmo	tempo,	
permitir	entender	como	a	sociedade	funciona,	para	que	o	aluno	possa	ser	um	ator	
social.
Quando	trata	da	educação	superior,	a	mesma	Lei	esclarece	suas	finalidades:
Art.	43.	A	educação	superior	tem	por	finalidade:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e 
do	pensamento	reflexivo;
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a 
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento 
da	sociedade	brasileira,	e	colaborar	na	sua	formação	contínua;
III	 -	 incentivar	o	 trabalho	de	pesquisa	e	 investigação	científica,	 visando	o	
desenvolvimento	da	ciência	e	da	tecnologia	e	da	criação	e	difusão	da	cultu-
ra, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em 
que	vive;
IV	-	promover	a	divulgação	de	conhecimentos	culturais,	científicos	e	técni-
cos	que	constituem	patrimônio	da	humanidade	e	comunicar	o	saber	através	
do	ensino,	de	publicações	ou	de	outras	formas	de	comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional 
1 Adam Smith (1723-1790), fundador da Escola de Economia Liberal Clássica, discutiu a educação em 
sua mais conhecida obra (A riqueza das nações). Nessa, afirmou que a educação das pessoas comuns de-
veria contemplar apenas rudimentos educacionais (ler, escrever e contar). Há, na obra em questão, uma 
concepção do que deveria ser a educação das “pessoas comuns”. Cf. Smith (1983).
39
e	possibilitar	a	correspondente	concretização,	integrando	os	conhecimen-
tos	 que	 vão	 sendo	 adquiridos	numa	estrutura	 intelectual	 sistematizadora	
do	conhecimento	de	cada	geração;
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em par-
ticular	os	nacionais	e	regionais,	prestar	serviços	especializados	à	comunida-
de	e	estabelecer	com	esta	uma	relação	de	reciprocidade;
VII	 -	promover	a	extensão,	aberta	à	participação	da	população,	visando	à	
difusão	das	conquistas	e	benefícios	resultantes	da	criação	cultural	e	da	pes-
quisa	científica	e	tecnológica	geradas	na	instituição	(BRASIL,	2008).
Através	da	leitura	do	artigo	supracitado	é	possível	constatarmos	que	o	Legisla-
dor,	na	medida	em	que	contemplou	a	formação	científica	cultural	e	a	inserção	dos	
diplomados nas respectivas atividades profissionais, procurou suplantar a dicoto-
mia	entre	a	preparação	intelectual	e	para	o	trabalho.
Logo,	segundo	a	Lei	em	pauta,	o	que	se	espera	de	um	aluno	graduado	em	um	
curso	superior	é	que	este	tenha	uma	visão	ampla,	ao	mesmo	tempo	em	que	deve	
entender	a	sociedade	em	que	vive	–	e	para	 isso	deve	estar	municiado	da	crítica