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04- GASTRITE E ÚLCERA

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1 
 
NEMOEL ARAUJO NUTRIÇÃO CLINÍCA 
GASTRITE E ÚLCERA 
FISIOPATOLOGIA DA GASTRITE 
Gastrite consiste na inflamação da mucosa gástrica. Ela 
aparece de repente, tem curta duração e desaparece, na 
maioria das vezes, sem deixar sequelas. Pode ser desen-
cadeada por medicamentos (ácido acetilsalicílico, anti-in-
flamatórios, etc.), ingestão de bebidas alcoólicas, fumo, 
situações de estresse (queimaduras graves, politrauma, 
etc.). 
A gastrite crônica é definida histologicamente pela atrofia 
crônica progressiva da mucosa gástrica. 
O ponto central é o desequilíbrio entre os fatores que agri-
dem a mucosa (como ácido clorídrico, pepsina, bile, me-
dicamentos ulcerogênicos) e os que a protegem (como 
barreira mucosa, prostaglandinas, secreção mucosa). 
Esse desequilíbrio resulta em lesão da mucosa. 
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 
A subnutrição pode ocorrer principalmente nos casos em 
que existe estenose, a qual impede a ingestão normal de 
alimentos. É fundamental a investigação sobre a existên-
cia de deficiências nutricionais, com a finalidade de plane-
jar sua recuperação a partir do plano dietético. As defici-
ências mais comuns são de energia, proteínas e ferro (que 
pode ocorrer por causa de hemorragias constantes). 
Na gastrite crônica, é comum a deficiência de vitamina 
B12. 
 
TERAPIA NUTRICIONAL 
Objetivos 
Recuperar e proteger a mucosa gastrintestinal; 
Facilitar a digestão; 
Aliviar a dor; 
Promover um bom estado nutricional. 
RECOMENDAÇÕES 
Cabe aqui um relato histórico para que determinados ta-
bus alimentares possam ser compreendidos. No início do 
século XX, foi proposta uma dieta à base de leite e creme 
de leite, associada a antiácidos, para o tratamento da úl-
cera gastrintestinal. Baseava-se no princípio de que o leite 
proporcionaria a alcalinização gástrica e aliviaria a dor. A 
partir de 1940, a eficácia dessa dieta passou a ser questi-
onada, ao mesmo tempo que o tratamento medicamen-
toso evoluiu e surgiram os bloqueadores H2, bem como 
evoluíram as técnicas diagnósticas, com o aparecimento 
da endoscopia. 
 Outro fator que condenou essa dieta, chamada de tradi-
cional, foi o aumento na incidência de óbitos por doenças 
cardiovasculares nesses pacientes, correlacionado ao 
alto consumo de gordura saturada, que está presente no 
leite e no creme de leite. 
O conceito atual é de que o leite não é um alimento indi-
cado para aliviar a dor ou queimação, sintoma comum 
nesses pacientes. Embora possa levar ao alívio instantâ-
neo quando ingerido, o leite, por ser rico em cálcio e pro-
teínas, resulta em rebote ácido, isto é, estimula a produ-
ção ácida gástrica e acaba intensificando a dor. Ele deve 
ser consumido como parte da alimentação, na quantidade 
recomendada nos guias alimentares (2 a 3 porções/dia), 
e não em quantidades abusivas com o objetivo de aliviar 
a dor. 
ÚLCERA 
Tanto na úlcera como na gastrite, o ponto central é o de-
sequilíbrio entre os fatores que agridem a mucosa (como 
ácido clorídrico, pepsina, bile, medicamentos ulcerogêni-
cos) e os que a protegem (como barreira mucosa, prosta-
glandinas, secreção mucosa). Esse desequilíbrio resulta 
em lesão da mucosa. 
ETIOPATOGENIA DA ÚLCERA 
Um fator importante na etiopatogenia da úlcera é a pre-
sença da Helicobacter pylori, que aparece em cerca de 
70% das úlceras gástricas e de 90% nas duodenais. Essa 
bactéria, Gram-negativa, microaerófila, que possui forma 
espiralada e flagelos unipolares, é capaz de movimentar-
se em meios de alta viscosidade, aderindo-se ao epitélio 
superficial da mucosa, onde permanece protegida. Pos-
tula-se que, por meio de sua atividade mucolítica, altera o 
muco e propicia a retrodifusão de íons H+, resultando em 
mudança no equilíbrio entre os fatores protetores e agres-
sores. 
A bactéria, segundo alguns estudos, por ser sensível às 
alterações do pH, migraria para outra área na qual a ca-
mada de muco estivesse íntegra. O epitélio, livre do micro-
organismo, pode regenerar-se ou, já inflamado (gastrite) 
pela presença do bacilo, ulcerar-se quando atingido por 
agentes agressores. Embora os tipos de lesão nas gastri-
tes e úlceras sejam distintos do ponto de vista morfoló-
gico, no que diz respeito ao tratamento dietético podem 
estabelecer-se as mesmas diretrizes. 
OUTRAS RECOMENDAÇÕES 
A associação de gastrites e úlceras com Helicobacter 
pylori levou a várias liberações na dieta. Alguns até pro-
põem que não há necessidade de nenhum tipo de reco-
mendação dietética, bastando apenas a erradicação da 
bactéria. 
Deixando de lado posições extremistas, as recomenda-
ções dietéticas estão resumidas na Tabela 12.4, ressal-
tando que estas são para pacientes em acompanhamento 
ambulatorial, ou que estejam internados, mas sem inter-
corrências. 
2 
 
 
Fonte: GUIAS DE MEDICINA AMBULATORIAL E HOS-
PITALAR DA EPM-UNIFESP - NUTRIÇÃO 3ª EDIÇÃO 
LILIAN CUPPARI 
GASTRITE 
Inflamação da mucosa gástrica 
Aguda: rápido início da inflamação e dos sintomas 
Crônica: meses a décadas com redução e exacerbação 
dos sintomas 
Atrofia da mucosa gástrica  Perda das células parietais 
do estômago  perda da secreção de ácido clorídrico e 
fator intrínseco = ANEMIA FERROPRIVA E MEGALO-
BLÁSTICA (deficiência de ferro e vitamina B12) 
 Gastrite AGUDA: medicamentos (aspirina, AAS, 
anti-inflamatórios não esteroides, corticoides), es-
tresse físico ou psíquico, bebidas alcoólicas e a 
ingestão acidental ou proposital de substâncias 
corrosivas 
 Gastrite CRÔNICA: Infecção por H. pylori é res-
ponsável pela maioria dos casos de inflamação 
CRÔNICA da mucosa gástrica, úlceras pépti-
cas e gastrite atrófica (inflamação crônica com 
deterioração da membrana mucosa e das glându-
las, resultando em acloridria e perda do fator in-
trínseco) e câncer gástrico 
A infecção não se resolve espontaneamente e os riscos 
de complicações aumentam com a duração da infecção 
O uso crônico de aspirina ou outros anti-inflamatórios não 
esteroides, bebidas alcoólicas, substâncias erosivas, ta-
baco > pode aumentar a chance da gastrite aguda evoluir 
para crônica 
 
SINTOMAS 
Náuseas, vômitos, mal-estar, anorexia, hemorragia e dor 
epigástrica 
 
ÚLCERA 
Apresenta erosão através da camada muscular da mu-
cosa para dentro da submucosa ou muscular própria 
 
 A mucosa gástrica e duodenal é protegida das 
ações digestivas de ácido e pepsina pela secreção de 
muco, produção de bicarbonato, remoção do excesso de 
ácido pelo fluxo sanguíneo normal e pela renovação e re-
paro rápidos das lesões de células epiteliais 
 
 A úlcera péptica se refere à lesão que ocorre em 
decorrência da falha dos mecanismos normais de defesa 
CAUSAS 
 H. Pylori 
 Gastrite crônica 
 Aspirina e outros AINE 
 Doença grave (úlcera de estresse) 
 Estresse 
O uso excessivo de formas concentradas de etanol pode 
danificar a mucosa gástrica, agravar os sintomas de úlce-
ras e interferir na cicatrização 
 Doses moderadas de bebida alcoólica em indiví-
duos saudáveis não parecem causar úlcera 
 O consumo de cerveja e vinho aumenta as secre-
ções gástricas, enquanto as baixas concentrações de ál-
cool não o fazem 
 O uso de nicotina diminui a secreção de bicarbo-
nato, diminui o fluxo sanguíneo da mucosa e exacerba a 
inflamação 
SINTOMAS 
 Dor ou desconforto abdominal 
 Anorexia 
 Perda de peso 
 Náuseas 
 Vômitos 
 Azia 
 
 
3 
 
COMPLICAÇÕES 
 Hemorragia 
 Perfuração 
ÚLCERAS GÁSTRICAS X DUODENAIS 
Gástricas: 
 Podem ocorrer em qualquer parte do estômago, 
mas a maioria ocorre ao longo da curvatura me-
nor 
 Geralmente estão associadas à gastrite generali-
zada, envolvimento inflamatório de células pa-
rietais (produtoras de ácido) e atrofia das células 
produtoras de ácido e pepsina com o avançar da 
idade 
Duodenais: 
 Caracterizada pelo aumento da secreção ácida, 
em muitos casos da secreção noturna e diminui-
ção da secreção de bicarbonato 
 A maioria ocorre nos primeiros centímetros do 
bulbo duodenal,em uma área logo abaixo do pi-
loro 
 
TRATAMENTO CLÍNICO 
Antibióticos: erradicação do Helicobacter pylori (???) 
Medicamento supressores da secreção ácida (inibidores 
da bomba de prótons ou bloqueadores de receptores de 
H2) 
Hemorragias, estenoses e perfurações  tratamento ci-
rúrgico 
TRATAMENTO NUTRICIONAL 
 Durante várias décadas, fatores dietéticos ganha-
ram ou perderam importância como um compo-
nente importante na causa e tratamento de dis-
pepsia, gastrite e úlcera. 
 Há poucas evidências de que fatores dietéticos 
específicos podem causar ou exacerbar a gastrite 
e úlcera péptica 
 Valor energético total: suficiente para manter ou recu-
perar o estado nutricional 
DISTRIBUIÇÃO CALÓRICA 
Carboidratos  50 a 60% 
Proteínas  10 a 15% 
Lipídios  25 a 30% 
 
Atenção para deficiência de micronutrientes (Fe e B12) 
 Dieta de Sippy: leite, ovos e nata batidos 
 Mathewson: estudou efeito lácteo do aumento na 
produção de ácido pelos aminoácidos derivados 
da hidrólise das proteínas do leite 
 
OBSERVAÇÃO E ORIENTAÇÃO 
Os alimentos ricos em proteína abrandam temporaria-
mente as secreções gástricas, mas também estimulam a 
secreção de gastrina, ácido e pepsina 
 O leite ou creme de leite não são considerados 
terapêuticos 
 Na gastrite crônica, deve-se avaliar o estado do 
ferro e da vitamina B12 
Os estados de baixa acidez resultam em redução da ab-
sorção de ferro, cálcio e outros nutrientes, devido ao papel 
do ácido clorídrico na biodisponibilidade dessas substân-
cias 
O pH dos alimentos tem pouca importância terapêutica, 
exceto em pacientes com lesões na boca ou no esôfago 
 pH gástrico: 1,0 a 3,0 
 pH do suco de laranja: 3,2 a 3,6 
 pH dos refrigerantes: 2,8 – 3,5 
Respeitar a tolerância individual do paciente 
 O consumo de grandes quantidades de álcool 
pode causar no mínimo uma lesão da mucosa superficial 
e agravar a doença existente ou interferir no tratamento 
da úlcera 
 Bebidas alcoólicas aumentam a secreção ácida = 
potente irritante da mucosa gastrintestinal 
 Cervejas e vinhos aumentam significativamente 
as secreções gástricas 
Cafés e chás (cafeína / mateína): aumento da produção 
ácida gástrica, resultando em irritação da mucosa e pode 
diminuir a pressão do EEI 
Refrigerantes: são relacionados ao aumento da produ-
ção ácida e por serem gasosos provocam distensão gás-
trica e podem relacionar-se à dispepsia 
Pimentas malagueta, caiena e preta (capsaicina): irri-
tantes da mucosa gastrointestinal 
Boas práticas alimentares com nutrientes adequados, in-
gestão de frutas, vegetais e fibras podem diminuir o risco 
de complicações por H. pylori 
Deficiências nutricionais x cicatrização de feridas 
DIETA PARA DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA 
 Seguir uma dieta leve; 
 Investigar se há anemia e, quando presente, cor-
rigir; 
 Verificar se há deficiência de cobalamina e, 
quando presente, corrigi-la; 
 Evitar grandes refeições (fracionamento); 
 Evitar alimentos condimentados (pimenta); 
 Evitar excesso de café; 
 Evitar o álcool e fumo; 
 Incluir cotas extras de proteínas e vitamina C para 
a cicatrização. 
IRRITANTES GÁSTRICOS E ESTIMULANTES DA SE-
CREÇÃO ÁCIDA DO ESTÔMAGO 
 Irritantes: 
 Pimenta, curry, páprica 
 Estimulantes da secreção ácida: 
 Café, chá, refrigerante e álcool

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