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GT 1 Dor neuropática Definir e classificar dor neuropática Dor neuropática é a “dor que ocorre como uma consequência direta de uma doença ou lesão que afete o sistema somatossensorial” Etiologias Classificações Mista: generalizada nas duas instâncias do SN Tipos Hiperalgesia: superexpressão de um estímulo que já causa dor Alodinia: dor provocada por estímulos que normalmente não causam dor Dor espontânea: independente de estímulos Remetem a facilitação da dor Compreender a fisiopatologia da dor neuropática Mecanismos periféricas 1- Sensibilização periférica Células danificadas por lesões vão liberar produtos inflamatórios, algumas dessas substâncias tem a capacidade de modular a excitabilidade dos nociceptores tornando essas estruturas mais sensíveis aos estímulos térmicos e mecânicos (exemplo: prostaglandinas, bradicinina, K-), direta ou indiretamente causam dor (excitação neuronal) Neurônios por sua ver excitados estimulam a produção de várias substâncias de alerta, dentre elas a substância P, que também é pro-inflamatória, se liga ao epitélio dos vasos, causa vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos. Causa também a degranulação de mastócitos, liberando histamina (fazendo mais excitação nociceptiva), substâncias álgicas 2- Descargas ectópicas Coto amputado (desaferição) Como o terminal do axônio foi rompido, ele não acha o resto do prolongamento pra se ligar e acaba formando um emaranhado de brotamentos (chamado de neuroma), formado por vasos sanguíneos, tecido fibroso, grumos de axônios não mielinizados e células de schwann Como possui capacidade de condução de estímulos nervosos, ele passa a ser uma fonte de potencial elétrico espontâneo e evocado dando origem as descargas ectópicas (que geram estímulo doloroso sem precisar de estimulação) 3- Alterações na expressão dos canais de Na+ e Ca+2 Junto aos brotamentos, esses canais se acumulam em grande quantidade e aumentam a sua expressão, isso gera uma redução crônica do limiar de excitabilidade desses neurônios, gerado pelo fluxo aumentado de sódio e potássio do meio extracelular para o meio intracelular (despolarizando os neurônios), gerando dor 4- Transmissão efática Neurônios íntegros, que estando próximos de neurônios superexcitados, são também excitados (corrente elétrica passa lateralmente para os neurônios adjacentes normais) como se fosse um curto circuito na região, em que são disparados muitos estímulos e eles disparam também 5- Brotamento de fibras pós-ganglionares simpáticas Esse brotamento ocorre para local da lesão e para o corpo celular da fibra eferente primária no gânglio dorsal, através dessa conexão entre o sistema simpático e nociceptivo a norepinefrina vai ser causadora de dor, porque outro mecanismo de dor é a proliferação dos receptores alfa adrenérgicos no local da lesão e no corpo celular do neurônio dorsal (dor simpaticamente mantida) 6- Proliferação dos receptores alfa adrenérgicos Outro mecanismo de dor é a proliferação dos receptores alfa adrenérgicos no local da lesão e no corpo celular do neurônio dorsal (dor simpaticamente mantida) 7- Ativação de macrófagos Inflamação e lesão geram recrutamento de macrófagos que fazem ativação de TNF-alfa que vai fazer superexcitabilidade neuronal, estimulando descargas ectópicas Mecanismos centrais 1- Sensibilização central Glutamato (neurotransmissor excitatório pra dor) O impulso chegou e despolarizou a porção proximal da fibra e isso fez com que ela liberasse glutamato, na fenda sináptica ele tem dois receptores esperando por ele (AMPA e NMDA), quando ele se acopla ao receptor AMPA esse receptor se abre e permite o fluxo iônico (coloca sódio dentro da célula), despolarizando o neurônio de segunda ordem, já no receptor NMDA, ele é dependente de voltagem (depende do Mg para fazer a função) mas como o AMPA despolariza a membrana, ele libera o funcionamento do NMDA que coloca cálcio pra dentro da célula O cálcio dentro do neurônio causa excitabilidade de longa duração (envolve memória dolorosa), o cálcio dentro do neurônio ativa proteinocinases (como a C e a 2 dependente de cálcio e calmodulina), essas cinases promovem a fosforilação de receptores AMPA (aumentando sua efetividade, aumento do fluxo iônico, despolarização ainda maior do neurônio) e inserem novos receptores AMPA na membrana (amplificação do sinal, muitos receptores e muitos neurotransmissores) 2- Proliferação da micróglia A lesão estimula a proliferação dessas células na medula espinhal, elas são responsáveis por ativar o sistema imune no local, envolvendo a liberação de substâncias pró- inflamatórias e citotóxicas 3- Brotamento de fibras AB na medula espinhal Essas fibras Abeta chegam ao corno dorsal e inervam as regiões mais profundas do corno dorsal, responsáveis pela sensação tátil, já as fibras dolorosas Adelta e C inervam as regiões mais superficiais do corno dorsal A lesão das fibras nervosas periféricas pode induzir o brotamento das fibras Abeta para regiões mais superficiais do corno dorsal e essa indução se dá através da produção de fatores de crescimento como NGF, ou pelas próprias células do SN Os estímulos táteis vão ser, portanto, interpretador como estímulos dolorosos na medula espinhal 4- Inibição da modulação da dor Isso acontece quando interneurônios inibitórios segmentares mediados por GABA, glicina e opioides endógenos como a encefalina e também as vias inibitórias descendentes mediada por serotonina e norepinefrina tem as suas funções deprimidas, então tanto as vias descendentes inibitórias quanto o circuito intramedular de modulação da dor podem estar sujeitas a disparar estímulos espontâneos ou exacerbar pequenos estímulos 5- Hiperexcitabilidade e alterações neuroplásticas dos neurônios do tálamo e do córtex cerebral Tudo o que acontece com os neurônios do SNP, também podem acontecer no SNC Compreender a fisiopatologia da neuropatia na DM Dano neurológico causado pelo diabetes, pode ser focal ou difusa (apenas um local ou vários), sensitiva, motora ou autonômica Classificação Neuropatia difusa Polineuropatia somática diabética: acomete fibras finas, fibras grossas e mistas Autonômica: acomete sistema nervoso simpático ou parassimpático, cardiovascular, gastrointestinal e urogenital, disfunção sudomotora, hipoglicemia sem sintomas, função pupilar anormal Fisiopatologia Principal fator é a hiperglicemia (gera um aumento do estresse oxidativo e dos produtos de glicação avançada) crônica, estimulando cascatas inflamatórias e morte celular (neuronal) Insulina tem efeitos neuroprotetores (promove crescimento e maior sobrevida dos neurônios), como o diabético tem defeito parcial ou completo (tipo 2 ou tipo 1) de insulina, isso promove um risco maior a lesão celular Polineuropatia difusa simétrica Pode ser causada tanto por hiperglicemia crônica como aguda, ou até por uma redução abrupta da glicemia Costuma melhorar com o controle da glicemia Neuropatia autonômica Pode acometer vários sistemas: cardiovascular, geniturinário..., geralmente tem evolução crônica e insidiosa, pode causar comprometimento simpático e parassimpático em vários sistemas, de forma isolada ou associada (só de um sistema ou de vários) Quadro clínico da dor neuropática Atrofia da musculatura interóssea, dedos em garra, sobreposição dos dedos, encurtamento do tendão de aquiles 80% polineuropatia difusa simétrica Dor, queimação, formigamento, ardor, choques e câimbras, alterações da sensibilidade, alodínea Piora a noite e melhora com exercício Geralmente em MMII (neuropatia em bota, do joelho pra baixo) 50% assintomáticos Fazer o diagnósticodiferencial com outras causas de polineuropatia periférica sensitiva simétrica e crônica, através do quadro clínico: álcool, drogas, HIV, deficiência de vitamina B12 e amiloidose Amiloidose Mieloma múltiplo Insuficiência renal Hipotireoidismo Herpes zoster HIV Hanseníase Deficiência de vitamina B12 Alcoolismo Uso de medicações (hidralazina, isoniazida, nitrofurantoína) Doenças reumáticas Quimioterápicos Indicar racionalmente métodos gráficos (ENMG), imaginológicos (TC, RM) e histológicos (biópsia de nervo) no diagnóstico das neuropatias Eletroneuromiografia Não confirma a etiologia, mas dá o diagnóstico e serve para ver a progressão da doença
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