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Violencia contra a infância e a adolescencia

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Cil��� Ro���
OFICINA 6
Objetivos de Aprendizagem
VIOLÊNCIA
CONTRA A
INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA
Intencionalidade:
Discutir a violência contra crianças e
adolescentes, acidentes na infância e
adolescentes, trabalho Infantil e ECA.
OBJETIVOS:
1. Conhecer o histórico de proteção à
criança e adolescente e legislação
brasileira e seus avanços (CF e
ECA);
2. Compreender a conformação da rede
de proteção e como as pessoas devem
atuar frente a situação de violência
da criança e adolescente;
3. Conhecer o papel da Equipe de
Saúde (médico, enfermeira, entre
outros.) na rede de proteção à
criança e ao adolescente;
4. Conhecer quais os tipos de violência
e medidas preventivas de combate a
violência as crianças e adolescentes;
5. Compreender a importância da
notificação de violência (conhecer o
sinan com relação a notificação de
violência de causas externas.)
6. Compreender sobre as
vulnerabilidades à violência contra
criança e adolescente (Definições);
7. Conhecer o perfil epidemiologico
contra criança e adolescente e o
trabalho infantil
8. Conhecer sobre os fatores que estão
relacionados com o aumento da
violência contra crianças e
adolescentes;
9. Descrever as principais causas de
acidentes de crianças e adolescentes
Cil��� Ro���
1. Conhecer o histórico de
proteção à criança e
adolescente e legislação
brasileira e seus avanços
(CF e ECA):
Dispõe o artigo 227, da Constituição Federal
que:
“É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança e ao adolescente, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão”.
Nota-se que o legislador passou a considerar
dever de todos a garantia de direitos sociais
mínimos à criança e ao adolescente, aliás não
poderia ser diferente. O detalhe é que a partir
de 1988, com a promulgação do Estado
Democrático de Direito, o legislador originário
constituinte avocou para o Estado a obrigação,
também conferidas à família e à sociedade.
No ano de 1990 o legislador infraconstitucional
seguindo orientação da Convenção
Internacional dos Direitos da Criança –
aprovada pela Assembléia Geral da ONU em 20
de novembro de 1989 – em complementação ao
artigo 227, da Constituição Federal, criou
através da Lei 8.069/90 o ECA – Estatuto da
Criança e do Adolescente.
O ECA, na sua primeira parte, versa sobre os
direitos fundamentais da criança e do
adolescente, prescrevendo no artigo 3º que a
criança e o adolescente gozam de todos os
direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, sendo obrigação do Estado assegurar
facilidades e oportunidades para que toda
criança e adolescente tenham desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em
condições de liberdade e de dignidade.
É interessante destacar que a legislação
especial – o ECA -, preocupou-se em reforçar a
necessidade de ser obrigação a tutela dos
direitos fundamentais básicos para à criança e
para o adolescente. Assim, o artigo 7º dispõe
que “A criança e o adolescente têm direito a
proteção à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento
sadio e harmonioso, em condições dignas de
existência”.
A história do Estatuto da Criança e do
Adolescente está intrinsecamente ligada ao
contexto de fim da Ditadura Militar e ao
processo de redemocratização do Brasil.
Diversas organizações, fundações empresariais
e movimentos sociais, entre eles os de
educação de origem católica, o de meninos e
meninas de rua e os sindicais, se mobilizaram
durante o processo da Constituinte para garantir
que os direitos das crianças e dos adolescentes
estivessem presentes na Carta Magna. Eles se
articularam no Fórum Nacional de Entidades
Não Governamentais de Defesa dos Direitos da
Criança e Adolescente (FNDCA), criado em
1988 – e foram determinantes para a inclusão
do art. 227 e 228 da Constituição, aprovada em
5 de outubro de 1988.
Referência:
Âmbito Jurídico. A Constituição Federal e o
Estatuto da Criança e do Adolescente como
leis que garantem a segurança e a dignidade
da criança e do adolescente. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-172/a
-constituicao-federal-e-o-estatuto-da-crianca-e-do-ad
olescente-como-leis-que-garantem-a-seguranca-e-a-d
ignidade-da-crianca-e-do-adolescente/. Acesso em:
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-172/a-constituicao-federal-e-o-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-como-leis-que-garantem-a-seguranca-e-a-dignidade-da-crianca-e-do-adolescente/
https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-172/a-constituicao-federal-e-o-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-como-leis-que-garantem-a-seguranca-e-a-dignidade-da-crianca-e-do-adolescente/
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https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-172/a-constituicao-federal-e-o-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-como-leis-que-garantem-a-seguranca-e-a-dignidade-da-crianca-e-do-adolescente/
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22 de nov de 2020.
CENPEC Educação. Conheça a história e a
importância do Estatuto da Criança e do
Adolescente. Disponível em:
https://www.cenpec.org.br/tematicas/conheca-a-hist
oria-e-a-importancia-do-estatuto-da-crianca-e-do-ad
olescente-eca. Acesso em: 22 de nov de 2020.
2. Compreender a
conformação da rede de
proteção e como as pessoas
devem atuar frente a
situação de violência da
criança e adolescente:
Previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente e na publicação intitulada “Linha de
Cuidado e Atenção Integral a Crianças,
Adolescentes e Famílias em Situação de
Violências”, a Rede de Proteção e Garantia de
Direitos das Crianças, Adolescentes e Jovens é
composta por órgãos com diferentes e
complementares responsabilidades. Cada
município e território, no entanto, tem
profissionais e sociedade construindo respostas
mais ou menos resolutivas.
1) Educação: a escola precisa se perceber
enquanto parte da rede de proteção social. Para
tanto, é importante que estabeleça parcerias
com os demais equipamentos públicos que
compõem os territórios. Esses vínculos podem
fortalecer ações preventivas e de
conscientização, bem como no atendimento,
acompanhamento e encaminhamentos dos
casos. Além disso, é importante que a escola
seja reconhecida como um espaço de atração
dos alunos, com o desenvolvimento de
atividades conectadas com o protagonismo dos
jovens e também com profissionais capacitados
para mediarem conflitos. O gestor escolar pode
desenvolver parcerias com outros órgãos desta
rede para oferecer capacitação aos educadores
na mediação de conflitos, na detecção de
comportamentos de riscos, de sinais de
violências e na ativação de fatores e rede de
proteção. Ademais, o planejamento pedagógico
é ferramenta fundamental, e deve oferecer
espaços de diálogos com estudantes e
familiares, através de palestras, educação entre
pares jovens ou atendimentos especializados a
famílias.
2) Saúde: os profissionais de saúde da Atenção
Primária, que atuam no mesmo território em que
está inserida a escola, podem criar
capacitações conjuntas com os profissionais da
educação, também através do PSE, para o
conhecimento e fortalecimento da linha de
cuidado e acionamento da rede de proteção às
crianças e adolescentes. Ademais, devem
auxiliar na detecção dos casos de violência,
realizar o acolhimento, atendimento
(diagnóstico, tratamento e cuidados), oferecer
atendimento psicológico quando necessário,
notificar os casos e encaminhar para rede de
cuidados e de proteção social. Atividades de
promoção da saúde que geram consciência e
autocuidado, promoção de saúde mental,
habilidades socioemocionais, prevenção de
violências e fortalecimento da cultura de paz
encontram um campo fértil na parceriados
profissionais de saúde, destacando-se o PSE,
com outros setores e escolas.
3) Assistência Social: O Sistema Único da
Assistência Social (SUAS) oferece ações e
serviços voltados para o fortalecimento da
família. Entre eles, dois são fundamentais para
o cuidado e a proteção social de crianças,
adolescentes e suas famílias em situação de
violências: i) Centros de Referência de
Assistência Social (CRAS): localizado em áreas
mais pobres, com maiores índices de
vulnerabilidade e risco social. Destina-se à
prestação de serviços e programas
socioassistenciais como Programa de Atenção
Integral as Famílias (Paif), ou o Benefício de
Prestação Continuada (BPC) na Escola, para o
acesso de crianças e adolescentes deficientes à
escola, entre outras ações. ii) Centro de
Referência Especializado de Assistência Social
https://www.cenpec.org.br/tematicas/conheca-a-historia-e-a-importancia-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-eca
https://www.cenpec.org.br/tematicas/conheca-a-historia-e-a-importancia-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-eca
https://www.cenpec.org.br/tematicas/conheca-a-historia-e-a-importancia-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-eca
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(CREAS): onde se oferecem serviços
especializados a famílias, crianças e
adolescentes nas diversas situações de
violação de direitos. Como unidade de
referência, deve promover a integração de
esforços, recursos e meios para enfrentar a
dispersão dos serviços e potencializar ações
para os(as) usuários(as). É destinada a famílias
e indivíduos que se encontram em situação de
risco pessoal e social, por ocorrência de
abandono, violência doméstica, maus tratos
físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual, uso de
substâncias psicoativas, cumprimento de
medidas socioeducativas, situação de rua,
situação de trabalho infantil, entre outras.
4) Conselho Tutelar: “é órgão permanente e
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos
direitos da criança e do adolescente” (art. 131
do ECA) 22 e tem como atribuições, entre
outras, demandar serviços públicos nas áreas
de saúde, educação, serviço social, previdência,
trabalho e segurança.
5) Direitos Humanos: A Política Nacional de
promoção, proteção e defesa dos direitos das
crianças e adolescentes está vinculada às
secretarias municipais, estaduais e nacional de
direitos humanos, responsáveis: pelo
fortalecimento do sistema e conselhos de
garantia de direitos de crianças e adolescentes;
pela política nacional de convivência familiar e
comunitária; pelo Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo – Sinase, que
interna adolescentes infratores; pelo Programa
de Proteção de Adolescentes Ameaçados de
Morte; por ações de prevenção e de
enfrentamento do abuso e da exploração
sexual; o enfrentamento da violência letal contra
adolescentes; a Educação sem violência, para o
cumprimento da Lei 13.010, de 26 de junho de
2014, que reconhece o direito da criança e do
adolescente de serem educados e cuidados
sem o uso de castigos físicos ou de tratamento
cruel ou degradante; e o Disque 100 (veja
abaixo).
6) Ministério Público: As Atribuições do
Ministério Público relacionadas à garantia de
direitos das crianças e adolescentes são: i)
Proteção dos direitos das crianças e
adolescentes; ii) Exigência dos poderes e
serviços públicos do bom cumprimento dos
serviços de relevância pública para a garantia
dos direitos elencados na Constituição e no
ECA, promovendo as medidas necessárias à
sua garantia; iii) Proteção do Patrimônio Público
e direitos coletivos que ofereçam garantias dos
direitos; iv) E controle externo da atividade
policial. A Ouvidoria do Ministério Público deve
ser acionada toda vez que algum dos órgãos ou
responsáveis pela rede de garantia de direitos
prestar serviços inadequados ou insuficientes
para a proteção de crianças e adolescentes. As
Coordenações relacionadas à Criança e
Adolescentes, à Escola, à Saúde e à
Assistência Social podem ser contactadas pelos
gestores públicos para a indução de boas
políticas, práticas e atuação colaborativa,
aperfeiçoando ações através da grande
potência de uma parceria com o Ministério
Público.
7) Defensoria Pública: tem a função de
oferecer, de forma gratuita e integral, a
assistência e orientação jurídica aos cidadãos
que não possuem condições de pagar as
despesas de um advogado ou de documentos
pessoais. Algumas Coordenadorias de Defesa
dos Direitos da Criança e do Adolescente
desenvolvem formação em mediação de
conflitos que podem ser realizadas em parceria
com gestores da educação, saúde, entre outros.
8) Judiciário: O Art. 148 do ECA define as
competências da Justiça da Infância e da
Juventude, que são conhecer e apurar: ato
infracional atribuído a adolescente, aplicando as
medidas cabíveis; adoções; pedidos de guarda
e tutela; casos encaminhados pelo Conselho
Tutelar; e aplicar penalidades administrativas
nos casos de infrações contra norma de
proteção à criança ou adolescente; entre outras
ações.
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9) Segurança Pública: Deve oferecer
Delegacias Especializadas de Proteção à
Criança e ao Adolescente; à Mulher; assim
como profissionais capacitados na garantia dos
direitos das crianças e adolescentes, e com
capacidade técnica especializada prevenção e
resolução de crimes contra crianças e
adolescentes, como a exploração sexual infantil,
o tráfico humano, a tortura, a pedofilia e os
crimes pela internet.
* Podem ser incluídos na rede:
10) Protagonismo Juvenil: Associações,
grupos ou redes de crianças adolescentes e
jovens que atuem na defesa e garantia de seus
direitos e de políticas sociais, agremiações
estudantis, entre outras.
11) Cultura e Lazer: políticas de acesso à
cultura, produção cultural, bibliotecas, espaços
públicos de lazer são fundamentais para a
criação e valorização de identidades, além de
oferecerem diversão, reflexão e atuação social.
12) Desenvolvimento Econômico: o acesso
ao trabalho e geração de renda precisam
caminhar aos lado das políticas de proteção às
famílias e de desenvolvimento das capacidades
produtivas dos adolescentes e jovens.
13) Universidades: são um dos mais vigorosos
parceiros dos gestores públicos, pois podem
oferecer: núcleos de pesquisa especializados
que dialoguem na construção de diagnósticos
de políticas, populações específicas e questões
sociais relevantes; cursos de extensão,
especialização e pós-graduação em temáticas
de enfrentamento a violências e promoção de
cultura de paz.
14) Organizações Não-Governamentais que
atuem na Defesa dos Direitos das Crianças e
Adolescentes.
15) Redes e Organismos internacionais como
UNICEF e UNESCO
Referência:
ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).
Sobre a violência contra crianças,
adolescentes e jovens brasileiros. Disponível
em:
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posiciona
mentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-cri
ancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/.
Acesso em: 20 de nov de 2020.
3. Conhecer o papel da Equipe
de Saúde (médico,
enfermeira, entre outros.)
na rede de proteção à
criança e ao adolescente:
De modo geral, os profissionais de saúde da
Atenção Primária, que atuam no mesmo
território em que está inserida a escola, podem
criar capacitações conjuntas com os
profissionais da educação, também através do
PSE, para o conhecimento e fortalecimento da
linha de cuidado e acionamento da rede de
proteção às crianças e adolescentes. Ademais,
devem auxiliar na detecção dos casos de
violência, realizar o acolhimento, atendimento
(diagnóstico, tratamento e cuidados), oferecer
atendimento psicológico quando necessário,
notificar os casos e encaminhar para rede de
cuidados e de proteção social. Atividades de
promoção da saúde que geram consciência e
autocuidado, promoção de saúde mental,
habilidades socioemocionais, prevenção de
violências e fortalecimento da cultura de paz
encontram um campo fértil na parceria dos
profissionais de saúde, destacando-se o PSE,
com outros setores e escolas.
Referência:
ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).
Sobre a violência contra crianças,adolescentes e jovens brasileiros. Disponível
em:
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-criancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-criancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-criancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/
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https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posiciona
mentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-cri
ancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/.
Acesso em: 20 de nov de 2020.
4. Conhecer quais os tipos de
violência e medidas
preventivas de combate a
violência as crianças e
adolescentes;
Violência Física - é o uso da força física como
meio de educar. Muitos pais ou responsáveis
surram seus filhos porque entendem ser um
bom “corretivo”. Acreditam que o fato de terem
sido educados de maneira agressiva os
tornaram o que são, e assim educam,
esquecendo-se das dores que tais atitudes lhes
trouxeram e ainda carregam consigo.
Negligência - caracteriza-se pelo descaso dos
pais ou responsáveis para com as coisas que
são essenciais ao desenvolvimento sadio dos
filhos. É o descuido com a alimentação, saúde,
higiene, vida escolar, vestuário e outros. Estes
atos são praticados por pessoas de todas as
classes sociais.
Violência Sexual – é o ato através do qual um
ou mais adultos (do mesmo sexo ou não) usam
a criança ou adolescente com a finalidade de
obter prazer sexual. Não é só o uso da criança
ou adolescente como parceiro sexual, mas
também quando os adultos estimulam e
manipulam os órgãos sexuais da criança ou
forçam-nas a estimular ou manipular seus
órgãos sexuais.
Violência Psicológica – é a violência que
humilha, rejeita, fere moralmente a criança ou
adolescente. Envolve a indiferença a rejeição
afetiva. Pode haver o uso de frases como: “Você
é burro!”, “Você é um inferno na minha vida!”,
“Eu ainda vou te matar!”, assim como colocar a
criança de castigo em um quarto escuro ou
amedrontá-la de outras formas. Estas frases e
atitudes causam danos que prejudicam o
desenvolvimento psicológico e social da criança.
A violência econômica e patrimonial - são
todos os atos destrutivos ou omissões do(a)
agressor(a) que afetam a saúde emocional e a
sobrevivência dos membros da família. Inclui:
roubo; destruição ou retenção de bens pessoais
(roupas, objetos, documentos, animais de
estimação e outros) ou de bens da sociedade
conjugal (residência, móveis e utensílios
domésticos, terras e outros); recusa de pagar a
pensão alimentícia ou de participar nos gastos
básicos para a sobrevivência do núcleo familiar;
uso dos recursos econômicos da pessoa idosa,
tutelada ou incapaz, destituindo-a de gerir seus
próprios recursos e deixando-a sem
provimentos e cuidados.
Considerando que a violência doméstica é um
problema de todos nós, e não é só a
identificação e a notificação desta forma de
violência que auxiliam na redução desta
problemática, outras contribuições podem ser
desenvolvidas, principalmente no tocante à
prevenção. Cada profissional que atua na área
da família ou da infância e adolescência poderá
contribuir, de acordo com suas possibilidades.
Prevenção Primária: é aquela que tenta evitar
que a violência venha a acontecer. Deve ser
dirigida a toda população, através dos
programas de atendimento pré-natal, grupos de
mães, pais, adolescentes, debates nos meios
de comunicação, escolas e igrejas de todos os
credos. É preciso levar a informação, orientar
como uma criança deve ser cuidada e
protegida.
Prevenção Secundária: está voltada para
grupos da população que apresentam situações
de risco. Nas escolas, por exemplo, os
educadores percebem nas crianças indícios de
que elas podem estar sendo vítima de algum
tipo de violência, tais como: comportamento
agitado, agressividade ou apatia. Nas unidades
de saúde, pode-se observar doenças típicas
daquelas que sofrem negligência, tais como
sarna, diarréia e outras. Este tipo de prevenção
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-criancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-criancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-criancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/
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age de modo a reverter e mudar a atitude
agressiva através de informação e orientação. É
mais eficaz em pequenos grupos para que o
assunto seja bem discutido, debatido e venha
provocar mudanças de atitude.
Prevenção Terciária: é aquela voltada para o
vitimizado e suas vítimas. Diante da violência
consumada, trabalha-se para que não se repita.
São casos cuja gravidade exige um tratamento
contínuo e prolongado. Trata-se a criança e/ou
adolescente vitimizado na tentativa de
atenuar-se os danos e sequelas que a violência
provoca e para que, no futuro, ela não venha
vitimizar seus filhos.
Referência:
CRAMI (Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos
na Infância). Classificação dos tipos de
violência contra crianças e adolescentes e os
tipos de intervenções. Disponível em:
http://www.famerp.br/index.php/tipos-de-violencia.
Acesso em: 20 de nov de 2020.
Ministério dos Direitos Humanos. Violência contra
Crianças e Adolescentes: Análise de Cenários
e Propostas de Políticas Públicas. Disponível
em:
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteud
o/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-
adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-poli
ticas-publicas-2.pdf. Acesso em: 20 de nov de 2020.
5. Compreender a importância
da notificação de violência
(conhecer o sinan com
relação a notificação de
violência de causas
externas):
Segundo BRASIL (2017), “O trabalho de cada
profissional que atende pessoas em situação de
violência é estratégico para o fortalecimento da
vigilância e da rede de atenção e proteção”. A
notificação de violência é uma forma de cuidado
com a vítima pois essa se encontra
desamparada, com baixa autoestima,
necessitando de ajuda. A notificação de
violência pode ser feita por qualquer profissional
de saúde, independentemente de ser
confirmada ou não, uma simples suspeita já é
motivo suficiente para notificar o caso.
É importante o envolvimento de toda equipe e
dos familiares, após o atendimento e a
realização da notificação e dos
encaminhamentos, o caso deve ser
acompanhado pela equipe de saúde com
investigação sobre o possível agressor. Pois
segundo o manual citado, “O acompanhamento
da vítima por profissional de saúde favorece a
interlocução interinstitucional com consolidação
da Rede, minimiza a vitimização, favorece o
vínculo, contribui para a adesão ao tratamento,
entre outros benefícios”. (GDF, 2009).
Sistema de Vigilância de Violências e
Acidentes (Viva)
O Sistema de Vigilância de Violências e
Acidentes (Viva) foi implantado pelo Ministério
da Saúde em 2006, através da Portaria MS/GM
nº 1.356, de 23 de junho de 2006, sendo
composto por dois componentes: Vigilância de
violência interpessoal e autoprovocada do
Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Viva/Sinan) e Vigilância de
violências e acidentes em unidades sentinela de
urgência e emergência (Viva Inquérito).
http://www.famerp.br/index.php/tipos-de-violencia
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas-2.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas-2.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas-2.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas-2.pdfCil��� Ro���
No período de 2006 a 2008, a vigilância de
violências e acidentes foi implantada em
serviços de referência para violências (centros
de referência para violências, centros de
referência para IST/Aids, ambulatórios
especializados, maternidades, entre outros). A
partir de 2009, o Viva passou a compor o
Sistema de Informação de Agravos de
Notificação, integrando a Lista de Notificação
Compulsória em Unidades Sentinela.
O objetivo do Viva é conhecer a magnitude e a
gravidade das violências e acidentes e fornecer
subsídios para definição de políticas públicas,
estratégias e ações de intervenção, prevenção,
atenção e proteção às pessoas em situação de
violência.
Vigilância Contínua (Viva/Sinan)
Desde 2011, com a publicação da Portaria nº
104, de 25 de janeiro de 2011, as notificações
de violência doméstica, sexual e outras
violências tornaram-se compulsórias para todos
os serviços de saúde, públicos ou privados, do
Brasil. Em 2014, a Portaria MS/GM nº 1.271, de
06 de junho de 2014, atualizou a lista de
doenças e agravos de notificação compulsória
atribuindo caráter imediato (em até 24 horas
pelo meio de comunicação mais rápido) à
notificação de casos de violência sexual e
tentativa de suicídio para as Secretarias
Municipais de Saúde.
De acordo com a Portaria de Consolidação nº 4,
de 28 de setembro de 2017, são objetos de
notificação compulsória casos suspeitos ou
confirmados de ‘Violência doméstica e/ou outras
violências’, e de notificação imediata casos de
‘Violência sexual e tentativa de suicídio’. O
instrutivo de notificação de violência
interpessoal e autoprovocada, publicado em
2016, define como objetos de notificação.
“Caso suspeito ou confirmado de violência
doméstica/intrafamiliar, sexual, autoprovocada,
tráfico de pessoas, trabalho escravo, trabalho
infantil, tortura, intervenção legal e violências
homofóbicas contra mulheres e homens em
todas as idades. No caso de violência
extrafamiliar/comunitária, somente serão objetos
de notificação as violências contra crianças,
adolescentes, mulheres, pessoas idosas,
pessoa com deficiência, indígenas e população
LGBT.”
Adicionalmente à notificação à autoridade
sanitária, o Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990) determina a comunicação obrigatória de
casos suspeitos e confirmados de violências
contra crianças e adolescentes ao conselho
tutelar. O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1
de outubro de 2003) determina a comunicação
obrigatória de casos suspeitos e confirmados de
violência contra idosos à autoridade policial,
Ministério Público ou Conselho Municipal,
Estadual ou Nacional do Idoso. O Estatuto da
Pessoa com Deficiência (Lei 13.146, de 6 de
julho de 2016) determina a comunicação
Cil��� Ro���
obrigatória de suspeita ou confirmação de
violência contra pessoa com deficiência à
autoridade policial e ao Ministério Público. A Lei
nº 13.931, de 10 de dezembro de 2019,
determina a comunicação obrigatória de
suspeita ou confirmação de violência contra
mulheres à autoridade policial.
Por fim, reitera-se a importância da notificação
como instrumento de cuidado e garantia de
direitos. A notificação se constitui como uma
primeira etapa para a inclusão de pessoas em
situação de violência em linhas de cuidado, a
fim de prover atenção integral a essas pessoas
e garantir seus direitos.
Vigilância sentinela (Viva Inquérito)
O Viva Inquérito tem os objetivos de descrever o
perfil das vítimas de violências (interpessoais ou
autoprovocadas) e dos acidentes (trânsito,
quedas, queimaduras, dentre outros) atendidas
em unidades de urgência e emergência
selecionadas, identificar fatores de risco e de
proteção associados à ocorrência de violências
e acidentes e propor medidas específicas de
vigilância e prevenção de violências e acidentes
e de promoção da saúde e cultura da paz.
Atualmente a pesquisa está em sua sexta
edição, tendo sido realizada nos anos de 2006,
2007, 2009, 2011, 2014 e 2017.
No ano de 2006, a pesquisa foi realizada em 65
serviços selecionados de 34 municípios e no
Distrito Federal, abrangendo 23 unidades da
Federação, totalizando 46.795 atendimentos
registrados. Em 2017, a pesquisa foi realizada
em 23 capitais, no Distrito Federal e 13
municípios selecionados, totalizando 121
serviços sentinelas de urgência e emergência.
Trata-se de uma pesquisa transversal por
amostragem, realizada em serviços sentinela de
urgência e emergência selecionados
intencionalmente. São coletados dados de todos
os atendimentos por violências e acidentes
realizados nos serviços participantes em turnos
diurnos e noturnos de 12 horas de duração
distribuídos aleatoriamente ao longo de um
período de 30 dias.
Os atendimentos são classificados em dois
grupos: violências e acidentes. Define-se como
violência “o uso da força contra um grupo ou
uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer
possibilidade de resultar em lesão, morte, dano
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou
privação”. Acidentes são definidos como
“eventos não intencionais e evitáveis,
causadores de lesões físicas e emocionais, no
âmbito doméstico ou social como trabalho,
escola, esporte e lazer”.
Foram consideradas as definições constantes
da décima revisão da Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas
relacionados à Saúde (CID –10), referentes ao
capítulo XX – Causas externas de morbidade e
mortalidade. Entre os eventos de causas
acidentais, foram incluídos: acidentes de
transporte, quedas, queimaduras e demais
eventos acidentais, como cortes com objetos
perfuro cortantes, queda de objetos sobre
pessoa, envenenamento acidental, sufocação,
afogamento entre outros. Os eventos violentos
foram classificados em lesões autoprovocadas
voluntariamente/tentativa de suicídio,
agressões, maus-tratos e intervenção legal.
Referência:
SILVA, M. C. M.; A importância da notificação
de violência no sistema de notificação de
agravos de notificação. Floriano, PI. 2018.
Disponível em:
https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/1466
2/1/11-MARIJANY%20TCC.pdf. Acesso em: 20 de
nov de 2020.
SINAN (Sistema de Informação de Agravo de
Notificação). Violência
Interpessoal/Autoprovocada. Disponível em:
http://portalsinan.saude.gov.br/violencia-interpesso
al-autoprovocada. Acesso em: 20 de nov de 2020.
6. Compreender sobre as
vulnerabilidades à violência
https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/14662/1/11-MARIJANY%20TCC.pdf
https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/14662/1/11-MARIJANY%20TCC.pdf
http://portalsinan.saude.gov.br/violencia-interpessoal-autoprovocada
http://portalsinan.saude.gov.br/violencia-interpessoal-autoprovocada
Cil��� Ro���
contra criança e adolescente
(Definições):
A vulnerabilidade social é uma condição de
fragilidade material ou moral de indivíduos ou
grupos diante de riscos produzidos pelo
contexto econômico-social. Está relacionada a
processos de exclusão social, discriminação e
violação de direitos desses grupos ou
indivíduos, em decorrência do seu nível de
renda, educação, saúde, localização geográfica,
dentre outros (MONTEIRO 2011, XIMENES,
2010).
Em linhas gerais, uma pessoa está em
vulnerabilidade social quando ela apresenta
sinais de desnutrição, condições precárias de
moradia e saneamento, não possui família, não
possui emprego, dentre outros, e esses fatores
compõem um quadro de risco social, ou seja, é
um cidadão, mas ele não tem os mesmos
direitos e deveres dos demais. A pessoa que
está nesse contexto torna-se um “excluído”, que
ocorre quando indivíduos são impossibilitados
de partilhar dos bens e recursos oferecidos pela
sociedade, fazendo com que essa pessoa seja
abandonada e expulsa dos espaços da
sociedade..
Crianças e adolescentes são as principais
vítimas da violência e, por conseguinte, estão
em constante risco social. Portanto, importante
contextualizar de forma resumida o processo de
desenvolvimento da criança e do adolescente.
De acordo com o artigo 2° do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), criança é a
pessoa com até 12 anos incompletos. A
legislação brasileira e a Organizaçãodas
Nações Unidas (ONU) reconhecem a criança
como pessoa em condição peculiar de
desenvolvimento, que deve ser tratada como
sujeito de direitos legítimos e indivisíveis e que
demanda atenção prioritária por parte da
sociedade, da família e do Estado.
O desenvolvimento da criança implica uma série
de aprendizagens que serão essenciais para a
sua formação, mais tarde, como adulto. Durante
os primeiros anos de vida, a criança deve, para
além de despertar os sentidos, desenvolver a
sua linguagem para depois aprender a ler e
escrever. Com o tempo, a criança passa a ser
educada na escola onde adquire os
conhecimentos que a sociedade considera
imprescindíveis para a formação das pessoas.
Neste processo educativo, a criança assimila os
valores da sua cultura e a concepção vigente da
moral e a ética.
Referência:
Ministério dos Direitos Humanos. Violência contra
Crianças e Adolescentes: Análise de Cenários
e Propostas de Políticas Públicas. Disponível
em:
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteud
o/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-
adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-poli
ticas-publicas-2.pdf. Acesso em: 20 de nov de 2020.
7. Conhecer o perfil
epidemiologico contra
criança e adolescente e o
trabalho infantil:
As violências e os acidentes são as maiores
causas das mortes de crianças, adolescentes e
jovens de 1 a 19 anos, no Brasil. Entre essas
chamadas causas externas, as agressões são
as que mais matam crianças e adolescentes, a
partir dos 10 anos. O suicídio (a violência contra
si mesmo) tornou-se a terceira maior causa das
mortes de nossos adolescentes e jovens, entre
15 e 25 anos. A violência é ainda mais letal
contra o sexo masculino, os homicídios são a
causa da metade dos óbitos de rapazes de 15 a
19 anos. E ao se fazer o recorte de raça da taxa
de homicídios, verificamos o extermínio da
juventude negra. Não à toa aparecemos como a
quinta nação mais violenta do mundo, com taxa
de homicídio maior do que a de países em
guerra.
A violência mais atendida nas unidades de
saúde, contra crianças e adolescentes de 0 a 13
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas-2.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas-2.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas-2.pdf
https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/crianca-e-adolescente/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas-2.pdf
Cil��� Ro���
anos, é o estupro, que ocorre na própria casa
da vítima em 58% dos casos. Entre aqueles
com 10 a 19 anos, a violência sexual é
igualmente a mais sofrida, na maioria contra as
meninas. Os agressores são na maior parte os
próprios pais, padrastos, familiares, namorados
ou pessoas conhecidas das vítimas. Dados
mundiais assemelham-se, 90% das
adolescentes de diversas nacionalidades,
vítimas de violência sexual, denunciam que o
autor da primeira violação era alguém próximo
ou conhecido. Infelizmente, apenas 1% delas
procura ajuda profissional após o estupro pelo
medo da rejeição social e familiar, e pelas
ameaças sofridas pelo agressor. O terror
aprofunda-se com a repetição do estupro em
38% dos casos, podendo-se prorrogar por
torturantes longos períodos, quando praticada
por familiares ou outros conhecidos. As
consequências vão desde distúrbios
emocionais, doenças sexualmente
transmissíveis, gravidez não desejada, até a
morte da adolescente, que tira sua própria vida
ou falece na tentativa de um aborto clandestino.
Além do abuso sexual, a violência contra
crianças e adolescentes abrange os maus-tratos
físicos e emocionais e a negligência. No mundo,
e possivelmente no Brasil, há uma média de
uma em cada quatro crianças vítima de maus
tratos físicos, segundo a Organização Mundial
da Saúde. À medida que as crianças crescem,
também se tornam comuns a violência entre
colegas e a violência nas relações íntimas —
bullying, brigas, violência sexual e agressão,
muitas vezes com armas de fogo e armas
brancas.
TRABALHO INFANTIL:
Após uma trajetória consistente de redução do
trabalho infantil, em 2014, os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
(Pnad/IBGE) apontaram o contingente de 3,31
milhões de crianças e adolescentes com idade
entre 5 e 17 anos trabalhando no país,
indicando um preocupante aumento no número
de crianças e adolescentes submetidos ao
trabalho (143.540 a mais que os dados de
2013). A edição de 2015 da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad) constatou
uma redução de 659 mil crianças e
adolescentes ocupados em relação ao ano de
2014. Verificou-se tal redução no grupo etário
de 10 a 17 anos, enquanto houve aumento de
8,5 mil crianças de 5 a 9 anos ocupadas. Mais
de 60% das 2,6 milhões de crianças e
adolescentes ocupados se encontram nas
regiões Nordeste e Sudeste, as mais populosas
do país, sendo que, proporcionalmente, a
Região Sul lidera a concentração de crianças e
adolescentes nessa condição. A análise mais
atenta dos dados aponta para uma
especificidade que requer um olhar prioritário e
estratégico, que é o trabalho infantil na
agricultura. É possível perceber que o trabalho
especificamente agrícola se concentra entre as
crianças mais novas (entre 5 e 9 anos),
enquanto o contrário sucede no grupo de 15 a
17 anos.
A erradicação do trabalho infantil foi incluída
como uma das metas do ODS 8 – Promover o
crescimento econômico sustentado, inclusivo e
sustentável, emprego pleno e produtivo, e
trabalho decente para todos. O texto da meta
8.7 diz que os países devem “tomar medidas
imediatas e eficazes para erradicar o trabalho
forçado, acabar com a escravidão moderna e o
tráfico de pessoas, e assegurar a proibição e
eliminação das piores formas de trabalho
infantil, incluindo recrutamento e utilização de
crianças-soldado, e até 2025 acabar com o
trabalho infantil em todas as suas formas”
O cenário atual nos mostra que ainda temos um
longo caminho pela frente. Entretanto, é
fundamental revisarmos as nossas estratégias
para diagnosticar e propor soluções e políticas
públicas voltadas para o novo perfil do trabalho
infantil que emerge após anos consecutivos de
redução do indicador. Este breve estudo busca
trazer luz para o fenômeno do trabalho infantil
na agricultura e com ele esperamos contribuir
para que o Brasil seja, até 2025, um país livre
do trabalho infantil.
Cil��� Ro���
Referência:
ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).
Sobre a violência contra crianças,
adolescentes e jovens brasileiros. Disponível
em:
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posiciona
mentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-cri
ancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/.
Acesso em: 20 de nov de 2020.
FUNDAÇÃO ABRINQ. O trabalho infantil no
Brasil. Disponível em:
https://www.fadc.org.br/sites/default/files/2019-08
/trabalho-infantil-no-brasil.pdf. Acesso em: 20 de
nov de 2020.
8. Conhecer sobre os fatores
que estão relacionados com
o aumento da violência
contra crianças e
adolescentes:
A suspensão das aulas presenciais durante a
pandemia intensificou as situações de violência
contra crianças e adolescentes, que agora
precisam conviver mais tempo com seu
agressor. Esses episódios são acentuados pelo
fato de as famílias estarem sofrendo com a
queda na renda, desemprego, sobrecarga com
tarefas de casa e filhos. Resultando, também,
em um maior consumo de álcool.
Vale lembrar que grande parte dos domicílios
brasileiros são pequenos e acomodam várias
pessoas. O que gera maior tensão entre os
membros da família, se transformando, muitas
vezes, em abusos físicos e psicológicos.
A violência sexual contra crianças e
adolescentes apresenta causas múltiplas e
complexas. Ela está relacionada com questões
sociais,econômicas e culturais e deve ser
analisada com cuidado e critério levando em
conta as diferentes variáveis para o abuso e a
exploração sexual. Além das causas diversas,
existem também contextos em que o problema
se insere que podem agravá-lo ou dificultar o
seu enfrentamento.
Os fatores indutores da violência sexual
precisam ser combinados com grupos sociais e
culturais, momentos históricos e características
econômicas. Isolado, um fator como a pobreza
não deve ser considerado indutor da violência.
Os fatores culturais também têm um peso
importante quando falamos de violência sexual
contra crianças e adolescentes. E neste
universo entra a questão de gênero, os rituais
sobre iniciação sexual, tradições de grupos
específicos, um forte apelo ao consumo,
erotização infantil, entre outras coisas.
Referência:
PORTABILIS. O aumento da violência contra
crianças e adolescentes durante a pandemia e
o que fazer para combatê-la?. Disponível em:
https://blog.portabilis.com.br/o-aumento-da-violenc
ia-contra-criancas-e-adolescentes-durante-a-pandem
ia-e-o-que-fazer-para-combate-la/. Acesso em: 20 de
nov de 2020.
CHILDHOOD. Causas da violência sexual
contra crianças e adolescentes. Disponível em:
https://www.childhood.org.br/causas-da-violencia-s
exual-contra-criancas-e-adolescentes. Acesso em: 20
de nov de 2020.
9. Descrever as principais
causas de acidentes de
crianças e adolescentes:
No estudo houve a predominância do sexo
masculino com 1.512 casos (62,5%), seguidos
de 909 (37,5%) do feminino. O tipo de acidente
mais frequente foi queda, (48,7%), seguidos de
acidentes por contato com objetos (16,5%) e
acidente não identificado com lesão indefinida
(10,6%). Nota-se, a prevalência do sexo
masculino em mordeduras (77,7%),
atropelamento (75,0%), intoxicação exógena
(72,7%), choques físicos (72,2%), picadas de
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-criancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-criancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/posicionamentos-oficiais-abrasco/sobre-a-violencia-contra-criancas-adolescentes-e-jovens-brasileiros/40061/
https://www.fadc.org.br/sites/default/files/2019-08/trabalho-infantil-no-brasil.pdf
https://www.fadc.org.br/sites/default/files/2019-08/trabalho-infantil-no-brasil.pdf
https://blog.portabilis.com.br/o-aumento-da-violencia-contra-criancas-e-adolescentes-durante-a-pandemia-e-o-que-fazer-para-combate-la/
https://blog.portabilis.com.br/o-aumento-da-violencia-contra-criancas-e-adolescentes-durante-a-pandemia-e-o-que-fazer-para-combate-la/
https://blog.portabilis.com.br/o-aumento-da-violencia-contra-criancas-e-adolescentes-durante-a-pandemia-e-o-que-fazer-para-combate-la/
https://www.childhood.org.br/causas-da-violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes
https://www.childhood.org.br/causas-da-violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes
Cil��� Ro���
animais (66,7%), acidente não identificado
com lesão indefinida (65,4%), contato com
objetos (65,0%), quedas (60,9%), corpo
estranho (56,1%), colisão (54,3%) e acidente
não identificado com lesão entorse (53,3%).
Observa-se que os casos de queimaduras
(50,0%), intoxicação (66,7%), ingestão ou
introdução de corpo estranho (55,3%) e em
outros acidentes (62,9%) ocorreram
predominantemente na faixa etária de 1 a 4
anos. Enquanto a queda (27,4%), choque físico
(44,4%), mordedura (38,4%) e picada de
animais (50,0%) foram em crianças de 5 a 9
anos. Em crianças menores de um ano, e nas
de um a quatro anos, a maioria tiveram o
segmento cefálico atingido, correspondendo a
75,0% e 34,0% respectivamente. Enquanto que
nas crianças de cinco a nove anos (28,2% e
23,6%) e nos adolescentes de 10 a 13 anos
(35,7% e 30,8%) os membros superiores e
inferiores foram respectivamente os mais
acometidos.
Referência:
FILÓCOMO, F. R. F. et al.; Perfil dos acidentes na
infância e adolescência atendidos em um
hospital público. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/ape/v30n3/1982-0194-ap
e-30-03-0287.pdf. Acesso em: 22 de nov de 2020.
https://www.scielo.br/pdf/ape/v30n3/1982-0194-ape-30-03-0287.pdf
https://www.scielo.br/pdf/ape/v30n3/1982-0194-ape-30-03-0287.pdf

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