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O modelo bioecológico de Bronfenbrenner: contribuições para o desenvolvimento humano Conceito: O desenvolvimento representa uma transformação que atinge a pessoa, que não é de caráter passageiro ou pertinente apenas à situação ou a um dado contexto. Trata-se de uma reorganização que procede de maneira continuada dentro da unidade tempo-espaço. O desenvolvimento se dá de maneira contínua e recíproca, no Inter jogo entre aspectos biológicos, psicológicos e ambientais, em que as forças que produzem a estabilidade e a mudança nas características biopsicológicas da pessoa, durante sucessivas gerações, são percebidas considerando os processos evolutivos e as transformações operadas na pessoa e no seu ambiente. Hereditariedade x ambiente: Na teoria de Bronfenbrenner, as variáveis genéticas e ambientais não são polos opostos, mas se complementam para produzir modificações no desenvolvimento humano. As variações sistemáticas nos componentes hereditários são analisadas como uma função articulada entre os processos proximais e as características do ambiente, no qual tais processos ocorrem. Bronfenbrenner chama a atenção para quais são os mecanismos pelos quais os genótipos se transformam em fenótipos. A herança genética não se constitui em algo imutável e já acabado, mas em traços e tendências que se integram e interagem com os fatores ambientais e que resultam em fatores imprescindíveis aos processos evolutivos. Unidade mínima de interação interpessoal: Díade. Ela é dividida em: Observacional: Consiste na observação cuidadosa e continuada do que o outro participante da díade está fazendo. De atividade: Realização conjunta de alguma atividade entre os dois participantes. Primária: A díade que continua a existir mesmo quando os parceiros não estão juntos, mas os sentimentos gerados pelos participantes ainda influenciam o comportamento um do outro. Propriedades de díade em atividades conjuntas: Reciprocidade, equilíbrio de poder e possibilidade de afetividade. “Assim, a aprendizagem e o desenvolvimento são facilitados pelo envolvimento de pessoas em uma interação, gerando padrões de relações que se tornam paulatinamente mais complexo em função das atividades recíprocas desenvolvidas e das relações afetivas estabelecidas de maneira sólida e duradoura.” Efeitos: Efeitos de primeira ordem: caracteriza-se pela influência direta que uma interação direta pode proporcionar. Efeitos de segunda ordem: caracteriza-se pela influência indireta de outras pessoas ou aspectos do ambiente físico na interação da díade, que tanto pode inibir quanto facilitar a interação e os padrões de atividades em desenvolvimento. Bidirecionalidade: assegura a interdependência e a influência mútua entre o indivíduo e seu ambiente, de maneira a permitir a compreensão dos efeitos e dos mecanismos que atuam de forma sistêmica sobre os processos evolutivos. (Ex: interação mãe-bebê) Paradigmas norteadores do modelo ecológico: Ambiente ecológico, transição ecológica, experimentos ecológico, experimento transformador e pesquisa ecológica. O ambiente ou contexto ecológico: Microssistema: é constituído por padrões e atividades, papeis e relações interpessoais experienciados pelos indivíduos em um dado ambiente, no qual as suas características físicas, sociais e simbólicas particulares funcionam de maneira a estimular ou inibir as relações interpessoais. Mesossistema: compreende a inter-relação entre dois ou mais sistemas em que a pessoa em desenvolvimento está inserida e participa ativamente. Exossistema: é composto por um ou mais ambientes, onde o indivíduo em desenvolvimento não participa ativamente de interações face a face, mas os acontecimentos nesses ambientes afetam ou são afetados pelo ambiente onde se encontra a pessoa em desenvolvimento. Macrossistema: engloba os sistemas de valores e crenças de uma cultura ou subcultura, submersos em um corpo de conhecimento, recursos materiais, costumes, estilo de vida, estrutura de oportunidades, obstáculos e opções no curso de vida. Mudanças do modelo ecológico para o biológico: pessoa, processo proximal, cronossistema. A pessoas e suas características propulsoras: A disposição comportamental é a característica responsável por iniciar ou manter os processos proximais; Disruptivas: Impulsividade, explosão, distração, apatia, falta de interesse. Geradoras: curiosidade, tendência em engajar e iniciar atividades sozinha ou com outros. Os recursos bioecológicos que podem otimizar ou limitar o funcionamento dos processos proximais. Limitam a integridade funcional do organismo: deficiências genéticas, baixo peso ao nascer, deficiências físicas. Engajam: habilidade, experiência e conhecimento que irão estender o domínio nos quais os processos proximais podem realizar o seu trabalho construtivo. As demandas da pessoa que são as características pessoais que afetam o desenvolvimento na medida em que fomentam ou desencorajam reações vindas do ambiente social. Ex.: Aparência física atrativa ou não atrativa, bebê feliz ou bebê agitado, hiperatividade ou passividade. Processos proximais e suas características fundamentais: Processo de interação entre o organismo e o ambiente caracterizados pelas interações entre ser humano ativo, biopsicológico, e as pessoas, objetos no ambiente imediato. Os processo proximais operam ao longo do tempo e são os mecanismos primários que produzem o desenvolvimento humano. Para que o desenvolvimento ocorra, a pessoa deve estar engajada em uma atividade que deve ocorrer regularmente em períodos extensos de tempo, com duração suficientemente longa para se tornar crescentemente mais complexa. O poder desses processos para influenciar o desenvolvimento varia, em função das características da pessoa em desenvolvimento, dos contextos imediatos e remotos e de períodos de tempo em que os processo proximais ocorrem. Portanto, destaca-se os componentes centrais da teoria bioecológica: Pessoa (P) – Processo (P) – Contexto (C) – Tempo Cronossistema: engloba as modificações e destaca a sua consistência, ao longo do tempo, no que tange não somente às características da pessoa, mas também à passagem do tempo no ambiente e na sociedade em geral. Ele destaca 3 tipos de tempo: Microtempo: continuidades ou descontinuidades frentes aos processos proximais (padrões e frequências das interações que processam de maneira regular); Mesotempo: retrata a periodicidade dos eventos entre grandes intervalos de tempo compreendendo dias, semanas e meses (tempo de duração do desemprego do pai); e Macrotempo: refere-se às mudanças nos eventos e nas expectativas da sociedade de correntes de mudanças como a chegada da internet no ambiente familiar, por exemplo. O modelo PPCT para a pesquisa do D.H.: Conceito de desenvolvimento humano centrado nas relações funcionais entre ambiente e organismo, fenótipo e genótipo. A partir de 1970, a variável tempo passou ser incluído nas pesquisas como uma propriedade do ambiente circundante e não somente como uma questão de idade cronológica. No que se refere aos processo proximais, as pesquisas devem considerar 4 tipos de influências sobre o desenvolvimento: a. A transmissão genética das características psicológicas; b. Os efeitos, subsequentes, do estado físico e psicológico do indivíduo na primeira infância; c. As interações e as relações interpessoais e atitudes, especialmente dentro da família; e d. Os efeitos do ambiente físico imediato sobre o desenvolvimento. As pesquisas devem ir além do microssistema. A não aplicação da bidirecionalidade nas pesquisas, sendo usada só nos discursos.
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