Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fichamento Livro: “Curso de Direito Tributário Completo” - Leandro Paulsen Capítulo XV - Infrações à legislação tributária O autor inicia o capítulo falando acerca do descumprimento das obrigações tributárias, o qual consiste no descumprimento de obrigações contributivas (pagar tributo) ou de colaboração com a administração tributária (descumprimento de obrigações acessórias, não realização de retenções e de repasses etc.). (p. 368) A lei pode estabelecer penalidades para os infratores penalidades para os infratores. “A penalidade pecuniária é a mais comum, ou seja, a pena de multa. As multas têm como pressupostos de fato, por vezes, o simples descumprimento de obrigações acessórias; em outros casos, o inadimplemento ou atraso: a demora; ainda, violações mais graves que configuram sonegação.” (p. 368) A pena de perdimento é aplicada na hipótese de irregularidades graves na importação de bens. É que a realização de importação exige o cumprimento do rito próprio (obtenção da guia de importação, realização do contrato de câmbio etc.), pagamento dos respectivos impostos (IPI, II, ICMS, PIS-Importação, Cofins-Importação) e idoneidade da documentação que a subsidia no que diz respeito à origem, autenticidade e compatibilidade da declaração com os bens verdadeiramente internalizados. (p. 368) A situação de inadimplência também implica, muitas vezes, restrições a direitos. Quando justificáveis, são válidas; quando irrazoáveis ou desproporcionais, acabam por se apresentar como mecanismos ilegítimos de retaliação aos contribuintes faltosos, sendo denominadas sanções políticas. (p. 369) Além disso, Paulsen trata acerca da responsabilidade por infrações à legislação tributária, a qual é disciplinada pelos arts. 136 a 138 do CTN. a responsabilidade por infrações independe da intenção do agente ou do responsável. Com isso, dispensa o dolo como elemento dos tipos que definem as infrações tributárias. A regra geral em matéria de infrações tributárias, assim, é que a culpa é suficiente para a responsabilização do agente. A necessidade do dolo é que deve ser expressamente exigida, quando assim entender o legislador. Trata-se de regra inversa à que se tem no direito penal, porquanto o art. 18 do Código Penal dispõe: “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”. (p. 380) Na sua segunda parte, o art. 136 estabelece que a responsabilidade por infrações independe da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Isso significa que, praticado o ato que a legislação indica como implicando infração a que comina multa, não se perquirem outros aspectos atinentes à situação. (p. 382) O art. 137 do CTN, por sua vez, estabelece o caráter pessoal da responsabilidade pelas infrações que configuram também crimes ou contravenções, definidas por dolo específico ou que envolvam dolo específico dos representantes contra os representados (art. 137, incisos I, II e III). Conforme expusemos ao cuidarmos da responsabilidade tributária, em casos como esses até mesmo o tributo fica a cargo exclusivo do agente, marcando a diferença entre as hipóteses e a abrangência das responsabilidades dos arts. 134 e 135 do CTN, embora haja séria divergência doutrinária a respeito. (p. 383) Um outro instituto jurídico falado nesse capítulo é o da denúncia esponânea, que tem por objetivo estimular o contribuinte infrator a tomar a iniciativa de se colocar em situação de regularidade, pagando os tributos que omitira, com juros, mas sem multa. Incentiva, portanto, o “arrependimento fiscal”: “o agente desiste do proveito pecuniário que a infração poderia trazer” e cumpre sua obrigação. (p. 384) Restringe-se a créditos cuja existência seja desconhecida pelo Fisco e que nem sequer estejam sendo objeto de fiscalização, de modo que, não fosse a iniciativa do contribuinte, talvez jamais viessem a ser satisfeitos. Na medida em que a responsabilidade por infrações resta afastada apenas com o cumprimento da obrigação e que o contribuinte infrator, não o fazendo, resta sempre ameaçado de ser autuado com pesadas multas, preserva-se a higidez do sistema, não se podendo ver na denúncia espontânea nenhum estímulo à inadimplência, pelo contrário. (p. 384) Capítulo XVI - Constituição do crédito tributário Nesse capítulo, o autor inicialmente faz uma apresentação acerca da natureza do crédito tributário. A relação obrigacional tributária, de pagar tributo ou penalidade, tem duas faces: obrigação e crédito. (p. 388) Obrigação e crédito surgem concomitantemente, não se pode falar de uma obrigação de prestar dinheiro, senão vinculando um devedor a um credor. Se há obrigação, há também o respectivo crédito. (p. 388) Com a incidência da norma tributária impositiva sobre o fato gerador, surge a relação jurídico-tributária. Tem ela natureza obrigacional, caráter bilateral e, por objeto, pagar tributo. Passam a existir, assim, o débito e o crédito tributários. (p. 389) A constituição ou formalização do crédito tributário, ou seja, a representação documental de que o crédito existe em determinado montante perante certo contribuinte ciente da sua obrigação, pode se dar de várias maneiras, não estando de modo algum restrita ao lançamento por parte da autoridade. (p. 390) A quase totalidade dos tributos é sujeita a lançamento por homologação, ou seja, a lei determina que o contribuinte apure e pague o tributo por ele devido, restando à administração tributária a fiscalização da atividade do contribuinte. Poderá com ela concordar, homologando-a expressa ou tacitamente, ou dela discordar, lançando de ofício eventual diferença, ainda devida. (p. 392) Declarado o débito e vencido, o contribuinte não mais ostenta situação de regularidade, não tendo direito à certidão negativa de débito. Declarado o débito, pode o Fisco inscrever o crédito em dívida ativa com suporte direto na declaração, independentemente de lançamento. (p. 394) Outro ponto falado nesse capítulo é sobre os lançamentos de ofício, por declaração e por homologação. O lançamento é, como diz o art. 142 do CTN, ato privativo da autoridade fiscal. Isso porque é o modo de formalização do crédito tributário que é feito independentemente do reconhecimento do débito pelo contribuinte e mesmo contrariamente ao entendimento deste. (p. 396) No lançamento por declaração, o contribuinte fornece ao Fisco elementos para que apure o crédito tributário e o notifique para pagar o tributo devido. Note-se que não se cuida de declaração em que o contribuinte reconheça o débito, pois, se fosse o caso, dispensaria lançamento pelo Fisco. A declaração diz respeito a fatos necessários à apuração, pelo Fisco, do crédito tributário. O contribuinte, nesses casos, cumpre seu dever de informar, mas espera a notificação quanto ao montante a ser pago. (p. 396) No lançamento por homologação, é o contribuinte quem apura e paga o tributo, cabendo ao Fisco simplesmente chancelar tal apuração quando a entenda correta, mediante homologação expressa ou tácita. Nenhum ato do Fisco, portanto, se faz necessário para que o crédito tributário reste consolidado como sendo aquele reconhecido e pago pelo contribuinte. Por isso, aliás, boa parte da doutrina considera o lançamento por homologação como um autolançamento pelo contribuinte. (p. 396) O lançamento de ofício, por sua vez, é aquele realizado direta e exclusivamente pelo Fisco quando a lei assim o determine ou quando o tributo seja submetido por lei a uma das modalidades anteriores (mediante declaração ou por homologação), mas o contribuinte não tenha realizado os atos que lhe cabiam, ou seja, não tenha prestado as informações ou apurado e pago o tributo devido. Neste caso, o lançamento de ofício terá caráter supletivo, será a única forma de o Fisco obter a formalização do seu créditotributário. (p. 397) Além disso, há o instituto do lançamento por apuração. O lançamento deve ser realizado mediante a verificação concreta da ocorrência do fato gerador e do cálculo do tributo considerando sua base de cálculo própria. Contudo, nem sempre isso é possível. Há casos em que a autoridade, embora verificando que o fato gerador ocorreu, não dispõe de elementos suficientes para a apuração da base de cálculo com exatidão em face da ausência ou inidoneidade da documentação respectiva, tendo de recorrer ao arbitramento ou aferição indireta. Denomina-se lançamento por arbitramento, pois, o realizado mediante apuração da base de cálculo mediante elementos indiciários ou presunções legais. (p. 400) Ainda, Paulsen fala sobre a liquidação no processo trabalhista. A Justiça do Trabalho, nos termos do art. 114, § 3º, da CF, tem competência para executar, de ofício, as contribuições devidas pela empresa sobre os valores a que for condenada a pagar ao trabalhador, decorrentes das sentenças que proferir. A matéria é regulada pela Lei n. 10.035/00, que acresceu ao art. 879 da CLT o § 1º-A no sentido de que a “liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas”. (p. 402) Com isso, criou-se nova modalidade de formalização do crédito relativo a tais contribuições previdenciárias. Conforme o STJ, “A sentença da Justiça do Trabalho, ao condenar o empregador a uma obrigação de natureza trabalhista, tem por consequência, o reconhecimento da existência do fato gerador da obrigação tributária, consubstanciando o título executivo judicial que fundamenta o crédito previdenciário da Fazenda Pública”. (p. 402) Capítulo XVII - Suspenão da exigibilidade do crédito tributário No art. 151 do Código Tributário Nacional, são arroladas as hipóteses em que o Fisco fica impedido de exigir a sua satisfação e de tomar qualquer medida com vista a constranger o contribuinte ao pagamento. São essas hipóteses: moratória; o depósito do seu montante integral; as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; a concessão de medida liminar em mandado de segurança; a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; o parcelamento. (p. 404) Essas hipóteses suspensivas podem ser sintetizadas da seguinte maneira: a) foi dado prazo para pagamento do tributo ou penalidade, seja por força de moratória ou de parcelamento concedido ao contribuinte (incisos I e VI); b) há incerteza quanto à existência do crédito, colocado em dúvida por impugnação, manifestação de inconformidade ou recurso ainda não definitivamente julgados na esfera administrativa, ou suspenso por decisão judicial que tenha reconhecido a relevância ou verossimilhança dos argumentos do sujeito passivo em ação por este ajuizada (incisos III, IV e V); ou c) o crédito está garantido por depósito em dinheiro (inciso II). (p. 404) A suspensão da exigibilidade do crédito tributário, por quaisquer das hipóteses do art. 151 do CTN, impede que o Fisco cobre o respectivo montante do contribuinte e que o considere como simples inadimplente. (p. 419) Algumas causas suspensivas podem ocorrer antes mesmo da formalização do crédito tributário. Exemplo é a liminar em mandado de segurança preventivo ajuizado pelo contribuinte, que determina ao Fisco que se abstenha de exigir determinado tributo cujo vencimento está por ocorrer e que, portanto, ainda não foi sequer objeto de lançamento ou de declaração do contribuinte. Em casos como esse, o que ocorre, a rigor, não é a suspensão da exigibilidade do crédito, pois ainda não há crédito exigível. O efeito será de obstar a exigibilidade do crédito que venha a ser constituído. Aliás, é importante saber que a ocorrência das hipóteses previstas no art. 151 não impede o lançamento nem interfere no prazo decadencial que continua a correr normalmente. Mas, se e quando ocorrer o lançamento, a constituição do crédito tributário será desprovida de exigibilidade enquanto perdurar a causa suspensiva. (p. 419) A suspensão da exigibilidade impede o Fisco de realizar a cobrança do crédito, seja administrativa ou judicial. Assim, já não poderá enviar ao contribuinte avisos de cobrança, tampouco poderá ajuizar execução fiscal620. Note-se que esta pressupõe título certo, líquido e exigível621. Somente a Certidão de Dívida Ativa (CDA) relativa a crédito exigível é que habilita o credor ao ajuizamento de execução fiscal e, se já ajuizada, a prosseguir com a execução. Se a causa suspensiva ocorre antes do ajuizamento da execução, deve ela ser extinta porque não havia título exigível a ampará-la. Mas “a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, perfectibilizada após a propositura da execução fiscal, ostenta o condão somente de obstar o curso do feito executivo, e não de extingui-lo”, de modo que a execução ficará suspensa622. Em contrapartida, o prazo prescricional fica igualmente suspenso, porquanto é o prazo de que dispõe o Fisco para a cobrança, só correndo quando lhe é permitido agir no sentido de buscar a satisfação do seu crédito. (pgs. 419- 420)
Compartilhar