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1 ANA PAULA – XXII UROLOGIA – ATD1 infecção do trato urinário Conceito: Colonização por agentes infecciosos com invasão tecidual, me qualquer parte do TU. Classificação: • QUANTO A TOPOGRAFIA: ✓ Alta → mais sistêmicas (geralmente relacionadas com febre) - pielonefrite ✓ Baixa → a prostatite pode dar febre – cistite, uretrite, epididimite/orquite, prostatite. • QUANTO A COMPLICAÇÃO: Classificação que implica se deve tratar ou não. ✓ Não complicadas → cistite aguda esporádica, recorrente baixa e/ou superior, limitada a mulheres não grávidas, pré menopausas sem anomalias anatômicas e funcionais relevantes ou comorbidades. No homem, NÃO tem infecção não complicada, toda ITU no homem é complicada. Já na mulher, pela uretra curta, pode ter. ✓ Complicadas → chance aumentada de complicações, em homens, gravidas, portadores de anormalidades anatômicas ou funcionais no TU, cateteres urinarias, doenças que levam a imunossupressão. ✓ Recorrentes → recorrência de complicadas e não complicadas, com frequência de pelo menos 3x/ano ou 2x em 6 meses. ✓ Associadas a cateter → presença de cateter há mais de 48 horas. 100% dos pacientes, após 48 horas com cateter, apresentarão infecção. Infecções inespecíficas: AGENTES MAIS FREQUÊNTES: • Aeróbicas gram – em forma de bacilos: Escherichia coli, Klebisiella sp (há muita Klebisiella resistente a carbapenimicos - KPC), Proteus mirabillis. As E. coli são muito comuns no trato urinário porque são provenientes do intestino, fazem parte da flora intestinal. A E. coli não sobrevive em meio ácido, por isso que, na maioria das vezes que penetra na uretra, pelo pH ácido, acaba morrendo. Com a mulher mais velha, pela queda de estrogênio, o pH tende a neutro, por isso que pode ter mais ITU → bacilo de Doderline secreta ácido e faz com que o pH vaginal diminua, para o bacilo existir, deve ter descamação epitelial, o que só ocorre na presença de estrogênio. Tratamento MULHER MENOPAUSADA com ITU recorrente → introduz estrógeno vaginal em dose baixa 2x/semana, o que recorrige o pH vaginal. • Cocos gram positivos: Staphylococcus e Enterococcus OUTROS: • Vírus (raro): citomegalovírus • Fungos → só existe uma situação, quando o paciente está muito tempo em UTI com múltiplos antibióticos • Nosocomiais: Pseudomonas aeruginosa 2 ANA PAULA – XXII UROLOGIA – ATD1 Infecções específica: São situações muito raras. Causadas por microrganismos que provocam doenças com quadro clínico definido. • Micobacterium tuberculosis. • Cândida albicans (imunossuprimidos: fármacos/HIV) Pacientes com leucocitúria persistente, sem etiologia, são fortes suspeitas de ITU por Micobacterium tuberculosis (tuberculose urinária) – mas apenas após descartar todas as hipóteses de infecção e cálculo. Quando diante dessa suspeita, deve-se pedir a cultura de BK, que demora cerca de 2 meses. Se confirmado o diagnóstico, trata-se como se fosse uma tuberculose. Vias de contaminação: ✓ Retrograda ou ascendente: principal, por flora fecal (E. coli) ✓ Hematogênica: atingem o parênquima renal (Staphylococcus aureus e Candida albicans). Pode ocorrer em usuários de drogas injetáveis. ✓ Linfática: rara (em casos de abscessos retroperitoneais ou pacientes com obstrução intestinal). A via linfática drena tudo que a veia também drena. Nesse caso, ocorre uma translocação. ✓ Extensão direta por outros órgãos: abscessos paravesicais (abscesso do lado da bexiga), pode ser dado por apendicites, DIPA, fistulas do trato genitourinário. Forma um abscesso e inflama a parede da bexiga nesse ponto, apresentando leucocitúria ao realizar urina I (muitas vezes o médico receita antibiótico nesse caso, o que melhora a leucocitúria, mas não trata a real causa) – por isso que apenas leucocitúria não é indicativo de ITU, deve-se procurar outra causa. Por isso que infecção assintomática, teoricamente não é tratada. Fisiopatologia: • MECANISMO DE ASCENSÃO: Fator bacteriano: fimbrias (pili 1) A E. coli possui fimbrias ou pili. A uretra possui receptores, e as fimbrias se fixam nesses receptores para evitarem saírem pelo jato urinário. O cramberry ocupa esses receptores, portanto, não trata, apenas previne. • DEFESA DO HOSPEDEIRO: ✓ Alteração do pH pelo estrogênio ✓ Alta concentração de ureia ✓ Fluxo urinário ✓ Fatores antiadesivos e antibacterianos da bexiga Situações de risco: ✓ Obstrução urinária: cálculos ✓ Refluxo vesicouretral → quando volta urina da bexiga para o rim ✓ Gestação ✓ Diabetes → glicosúria e imunossupressão ✓ Relação sexual → pode-se dar um antibiótico profilático após a relação. Isso ocorre porque o esperma é alcalino, alterando o pH vaginal. Quadro clínico: • CISTITE (inflamação da bexiga): ✓ Disuria ✓ Polaciuria ✓ Urgência miccional ✓ Dor supra púbica ✓ Em crianças: pode ocorrer apenas febre ✓ Estranho → febre (procurar outra causa) • PIELONEFRITE: ✓ Febre com calafrios ✓ Dor lombar ✓ Mal estar ✓ Náusea com vômito ✓ Risco de sepse • URETRITE: Sai líquido pela uretra (secreção uretral) + disúria + polaciúria. Geralmente com relação anal desprotegida. É uma espécie de DST (E. coli no canal anal). Na mulher, a maioria das uretrites são assintomáticas, porque a mulher já possui 3 ANA PAULA – XXII UROLOGIA – ATD1 uma secreção fisiológica que pode ser confundida. A diferença entre cistite e uretrite é apenas a secreção. • PROSTITE: Atinge a próstata, mas na maioria das vezes é febril. • ORQUIEPIDIDIMITE: Atinge o testículo. Bacteriúria assintomática: • NÃO DEVE SER RASTREADA OU TRATADA EM SITUAÇÕES ABAIXO: ✓ Mulheres sem fatores de risco ✓ Diabéticos bem controlado ✓ Pós menopausadas ✓ Idosos institucionalizados ✓ Portadores de disfunção do TU e/ou reconstrução do mesmo ✓ Transplantes renais ✓ Antes de cirurgias de artroplastia Porque quando se trata uma ITU assintomática aumenta as chances de que, na próxima, seja sintomática. • RASTREAR E TRATAR: Antes de procedimentos urológicos que violem a mucosa. • RASTREAR: Gestantes para ABU e realizar tratamento convencional (por 7 dias). Diagnóstico laboratorial: • URINA I: Micção espontânea (jato médio) Sonda Punção supra púbica • UROCULTURA COM ANTIBIOGRAMA: É necessário saber qual é a bactéria e como tratar. Se pedir urocultura apenas, não é fornecido o antibiograma (solicitar o exame completo). Recomendação ITU não complicada: A uroanálise não é necessária para o diagnóstico de infecção urinária não complicada em mulheres com sintomas de disuria, polaciuria e ausência de corrimento vaginal. Ou seja, pode-se tratar uma mulher que chegue com esses sintomas sem necessitar fazer urina I e urocultura. Exame negativo não exclui a probabilidade de ITU (resultado falso-negativo para bacteriúria, mesmo na presença de infecção ativa), que deve ser investigada por meio de cultura de urina em casos de ITU complicada. Da mesma forma, resultados falso-positivos podem ocorrer, como nos casos de contaminação de coleta. Recomendação: em mulheres sem fatores de risco para ITU complicada nem queixas vaginas e com sintomas de disúria e polaciúria, existe elevada probabilidade de cistite, não havendo necessidade da solicitação de exames subsidiários para instituição do tratamento. OBS: perguntar se tem corrimento, porque pode ser causada por fungo. Nesse caso, se passar antibiótico, piora ainda mais o quadro. Tratamento: • NÃO COMPLICADAS: Antibioticoterapia empírica de 1ª escolha: ✓ Fosfomicina trometamol 3g de dose única – Monuril ® ✓ Nitrofurantoina 100 mg 6/6 horas por 5 dias Esquemas alternativos: ✓ Cefalosporina (Cefadroxila) 500 mg 12/12 horas por 3 dias ✓ Sulfametoxazol/Trimetoprima800/160 mg por 3 dias (mulheres) ou 7 dias (homens) Situações especiais: ✓ Gestação: penicilinas/Cefalosporinas/ Fosfomicina Nitrofuratoina/Trimetoprima/Sulfometoxazol (Bactrim) → restrições de acordo com o trimestre. ✓ Insuficiência renal – drogas não nefrotóxicas (corrigir dose se TGF < 20 ml/min) As fluorquinonas não são mais consideradas drogas de primeira escolha no tratamento da cistite não complicada devido aos seus efeitos colaterais e resistência. • COMPLICADAS: 4 ANA PAULA – XXII UROLOGIA – ATD1 Pacientes ambulatoriais: ✓ Ciprofloxacino 500-750 mg (via oral) – 2 vezes ao dia por 7 dias ✓ Levofloxacino 750 mg (via oral) – 1 vez ao dia por 5 dias. Pacientes internados: ✓ Ceftriaxona 2g EV 1 vez ao dia ✓ Levofloxacino 750 mg EV 1x/dia ✓ Ciprofloxacino 400 mg EV de 12/12 horas A utilização de nitrofuratoina deve ser evitada na pielonefrite devido a baixa concentração renal desses antibióticos. • PORTADORES DE CATETER URINÁRIO: Tratamento com antibiótico não mostra benefício. Não tem o que fazer, não se trata. Pielonefrite aguda: É a infecção que acomete o sistema coletor e o parênquima renal. • QUADRO CLÍNICO: ✓ Dor lombar unilateral ✓ Náusea/vomito ✓ Febre >38ºC ✓ Giordano presente (começar pelo lado que não doi) • PROPEDÊUTICA ARMADA: ✓ Urina I/Urocultura: não são específicos ✓ USG ✓ TC de abdome TODA PIELONEFRITE NECESSITA DE INTERNAÇÃO? Uma das coisas que se deve avaliar é se a pielonefrite é obstrutiva ou não. Se houver uma obstrução, por cálculos ou estenose, não adianta fornecer apenas antibiótico, também é necessário desobstruir. Se for necessário desobstruir, é necessário internar. Se não houver obstrução, nem sempre irá necessitar de internação. Pielonefrites complicadas de natureza nosocomial, associadas à instrumentação do TU (cirúrgica urológica), a anormalidades do TU ou doenças sistêmicas também devem ser internados. • TRATAMENTO ORAL (EMPÍRICO): ✓ Ciprofloxacino 500 – 750 mg por 7 dias ✓ Levofloxacino 750 mg por 5 dias ✓ Sulfametoxazol/Bactrim 160/800 mg por 14 dias • TRATAMENTO PARENTERAL: ✓ Criprofloxacino 400 mg ✓ Levofloxacino 750 mg ✓ Cefotaxima 2g ✓ Ceftriaxona 1- 2g De segunda linha, tem-se Gentamida e Amicacina, o problema é que são nefrotóxicos e podem levar à surdez. Quando se receita um antibiótico deve-se trocar a droga caso o paciente já tenha utilizado, para ter maior sensibilidade. Estudo de imagem: REALIZAR QUANDO: • Bacteriúria resistente • Crianças: em todo RN, todos os meninos independentemente da idade (nesses casos, são sempre consideradas complicadas) • Pielonefrite aguda • Antecedentes de doença • ITU com hematúria macroscópica Infecção crônica: • MANUTENÇÃO: ITU não tratada ou tratada inadequadamente. O tratamento adequado é conforme a urocultura e antibiograma. • RECIDIVA: ITU recidivada após tratamento e confirmação de nova infecção. O tratamento é conforme urocultura e antibiograma + medidas profiláticas. • COLONIZAÇÃO: bacteriúria persistente sem sintomatologia. Amoxacilina não funciona para o tratamento de infecção do trato urinário. Isso porque diferentemente dos outros antibióticos, a droga para tratar ITU age “lavando” o trato urinário, portanto, necessita ter contato com a via. Dessa forma, como a amoxacilina tem alta metabolização hepática e baixa excreção renal, não funciona, mesmo se mostrando sensível na urocultura. 5 ANA PAULA – XXII UROLOGIA – ATD1 Medidas profiláticas: • CRANBERRY: Fitoterápico Adesão ao local de fixação das fimbrias Ingestão de 16 PAC (proteína do cranberry) • UROVAXON: São partículas de E. coli atenuadas para estimulação imunológica. Bons resultados, mas apenas para mulheres com ITU de repetição. • ANTIBIÓTICO PROFILÁTICO: Doses menores de ATB por um longo período (60-90 dias), vai protegendo o trato urinário. Geralmente macrodantina. Bons resultados • ESTRÓGENO VAGINAL: Corrige pH vaginal.
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