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A Importância da Psicopedagogia

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CURSO DE PSICOLOGIA
SERVIÇO DE PSICOLOGIA APLICADA – SPA CABO FRIO
CURSO DE: Psicologia
DISCIPLINA: Estágio Profissional IV
PROFª Ondina Maria A. de Almeida dos Santos
RELATÓRIO SEMESTRAL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
POR
CRISTIANE SANTANA RAMOS DOS SANTOS 
Cabo Frio
2017/1
CRISTIANE SANTANA RAMOS DOS SANTOS
20131100871
RELATÓRIO SEMESTRAL DO ESTÁGIO 
SUPERVISIONADO
Trabalho apresentado ao curso de
Psicologia, do
Instituto de Ciências da Saúde da
Universidade Veiga de Almeida,
em cumprimento às exigências
do estágio supervisionado.
Profª: Ondina Maria A. De Almeida Santos
Cabo Frio
2017/1
Sumário
Introdução__________________________________________________4
Histórico da Instituição _______________________________________5
Fundamentação Teórica_______________________________________7
Discussão do caso____________________________________________13
Conclusão__________________________________________________14
Bibliografia_________________________________________________15
Anexos_____________________________________________________16
1.0 Introdução
A busca pelo saber é uma prática do ser humano e as questões da aprendizagem, ou melhor, da não aprendizagem, é motivo de pesquisas intensas há décadas. Apesar de todos os esforços para a superação deste problema, chegam aos consultórios inúmeras queixas trazidas por pais e escolas e podemos constatar altas taxas de reprovação e evasão escolar, assim como alunos nos últimos anos do ensino fundamental e ensino médio sem a apropriação necessária do conteúdo para a escolaridade apresentada.
Mas não podemos entender o fracasso escolar como fator isolado. Durante muito tempo, acreditou-se que o fator biológico era o único contribuinte para o resultado da aprendizagem. Muito já se tem avançado e sabe-se que são muitos fatores que interagem para que a aprendizagem ocorra. Claro que as ações deveriam ser revistas como um todo, mas não será abordado neste trabalho as políticas educacionais e nem a prática docente numa perspectiva institucional.
Este relatório traz os principais teóricos que direcionam nosso trabalho enquanto equipe de estágio em psicopedagogia. Entendendo o meio como um facilitador ou não, faz-se necessário uma exploração do contexto nos grupos em que o sujeito está inserido. Pensando nisso, nossa equipe tem feito um trabalho junto aos seus pacientes, com a intenção de mostrar que, aliando a arte terapia de Recortar, Colar e Costurar pode-se chegar aos mesmos resultados de elaboração do inconsciente pontuado por Freud em seu texto Repetir, Recordar e Elaborar. 
Optei por fazer parte desta equipe para obter um entendimento mais amplo acerca das intervenções possíveis numa situação de dificuldade em aprender, que angustia o sujeito e traz estigmas que podem acompanha-lo para o resto da vida.
Serão apresentados o histórico da instituição, metodologia usada pela equipe de estágio em psicopedagogia desta universidade, discussão dos casos clínicos e as conclusões a que chego neste fim de semestre.
2.0 Histórico da Instituição
Em 1933, através do sonho de Mário Veiga de Almeida, tem início a história da UVA. Aos 16 anos, junto com sua irmã, Maria Anunciação de Almeida, começa a alfabetizar crianças que, com dificuldade de leitura, não conseguiam acompanhar a catequese junto à igreja de Santo Cristo, onde desenvolvia uma atividade voluntária. Utilizavam como sala de aula a mesa de jantar da modesta residência onde viviam, adotados por seus padrinhos, uma vez que perderam seus pais ainda crianças.
Em 1937, a sala de aula improvisada muda de endereço, para uma casa com poucas salas de aula, surgindo a primeira escola, o Colégio Sagrado Coração de Jesus.
Ensino Superior tem em 1971 seu início, com a criação da Escola de Engenharia Veiga de Almeida, com os cursos de Engenharia Civil e Engenharia Elétrica. Em 1992, a criação de novos cursos leva ao reconhecimento e oficialização, por parte do Ministério da Educação e Cultura (MEC), da Universidade Veiga de Almeida, que hoje conta com cinco campi e um centro de excelência em saúde. 
O estágio em Psicologia é atividade obrigatória do Curso de Formação de Psicólogo conforme a Lei de Regulamentação da Profissão de Psicólogo (Lei n° 4.119 de 27/ 08/1962 — Lei regulamentada pelo Decreto n° 53.464 de 21/01/1964), devendo o aluno realizar 840 h, no mínimo, para a obtenção do grau de Psicólogo. 
Para tanto, o Serviço de Psicologia Aplicada oferece diversas modalidades de estágios, com supervisão. O Plano de Estágio dos Setores atende à especificidade do SPA e às ênfases dadas ao Curso de Psicologia: socio-institucional e clínico-institucional
O Serviço de Psicologia Aplicada – SPA da Universidade Veiga de Almeida - tem dois objetivos fundamentais bem delineados: contribuir para a prática na Formação de Psicólogo do aluno do Curso de Psicologia e propiciar atendimento de qualidade à comunidade.
O SPA para fins funcionais se divide em Setores, que são subestruturas encarregadas, primordialmente, do planejamento e da supervisão dos estágios, possuindo a tarefa de adequar a Formação Profissionalizante às ênfases do Curso de Psicologia. Atuam criticamente, acerca dos conteúdos e das atividades de estágio, buscando garantir a adequação deste, ao currículo vigente no curso de psicologia.
Cada Setor referenda um campo de inserção da prática da Psicologia, assim como as linhas teóricas que servem de fundamento para o pensamento psicológico, devendo estar constituído por um ou mais supervisores que formarão equipes de atendimento conforme sua orientação teórica e as especificidades de suas práticas.
Desta forma as diversas propostas de atuação da Psicologia estão representadas no SPA em Setores. Estes, refletem suas especificidades, através de objetivos e planos de trabalho elaborados e tratados de forma independente.
Os diversos Setores, no entanto, integram um colegiado respaldado por um mesmo objetivo geral e compartilham um espaço reservado à reflexão e discussão de perspectivas voltadas para a formação do profissional psicólogo. Os Setores de Estágio são formados, a partir de propostas aprovadas pelo Corpo Consultivo do  SPA. Todos os Supervisores de Estágio precisam ser registrados no Conselho Regional de Psicologia – CRP como Psicólogos e cadastrados no SPA como Supervisores.
O Estágio de Formação Profissional visa coerência e integração com as ênfases do Curso de Psicologia e também a articulação de maneira eficiente entre teoria e prática. Busca-se coerência e continuidade entre o que se passa em sala de aula e nas atividades desenvolvidas na prática do aluno.
Desta forma pode-se identificar como as atividades de estágio se inserem no fluxograma do Curso de Psicologia e a procura de articulação entre as disciplinas ministradas ao longo da formação teórica que servem de base para as atividades dos alunos no SPA.
3.0 Fundamentação Teórica
Desde o início do século, conforme aponta Rubinstein et al. (2004), o insucesso escolar tem sido interesse científico e a psicopedagogia clínica, nascida no Brasil na década de 60, vem justamente para dar conta desta demanda e tentar entender as razões individuais pela qual o aluno fracassava. Contudo, Rubinstein (1999) lembra que muito antes de se falar em psicopedagogia, educação especial, pedagogia terapêutica e reeducação, já existiam experiências, desenvolvidas de forma praticamente intuitiva por educadores, voltadas para as questões relacionadas a limitação da aprendizagem. 
Segundo Silva (2012), o enfoque orgânico foi o primeiro a orientar os médicos e profissionais envolvidos com esta problemática e, durante muito tempo, foi determinante no tratamento utilizado. Rubinstein et al. (2004) pontua que com intuito de patologizar o fracasso escolar, foi adotado a nomenclatura Disfunção Cerebral Mínima, termo aceito por pais e professores. Uma forma sinalizada por Rubinstein (1999) como meio de desculpar o aprendiz e as instituições que possam ter de alguma forma contribuído para o insucesso. Embora esta práticaseja uma herança da Europa, Silva (2012) chama de simples e ingênua a forma como o Brasil a incorporou em suas ações para lidar com estes fenômenos.
Para Rubinstein et al. (2004), a partir dos anos 80, o modo de se pensar sobre o fracasso escolar ganhou novos rumos, por conta da contribuição de diversos autores, que transmitiram a necessidade de se compreender o paciente através da luz de diferentes lugares, que não só a organicista, instaurando a visão dinâmica da psicopedagogia. Para ele, isso não é negar os aspectos orgânicos envolvidos, mas é preciso rever as práticas que não tem contribuído para reverter o insucesso escolar.
De acordo com Rubinstein (1999), o desejo de saber é inerente à espécie humana. Pensando nisso, Bossa (2007 apud Silva, 2012), diz que é preciso que sejam criadas situações facilitadoras do prazer de aprender e vê este como o objetivo do psicopedagogo. Não só o enfoque no biológico, como o neurologista, nem só a psiquè como o psicólogo ou só no conteúdo escolar como o pedagogo, mas com foco no vetor da aprendizagem que busca critérios diagnósticos, de modo a compreender a falha e estabelecer um plano de trabalho envolvendo a família, escola e todos profissionais que habitam o universo do aprender deste sujeito. 
Com base no que diz Rubinstein (1999), geralmente as pessoas com insucesso acadêmico são marcadas também pelo fracasso em outros setores da vida. Para ele, o psicopedagogo ao se colocar numa posição de tolerância ativa, acolhe a performance possível e investe numa mediação bem conduzida que facilite a transformação capaz de libertá-lo da obrigação de responder às expectativas do outro, sair do lugar onde o puseram ou ele mesmo se colocou.
Silva (2012) relata que em 1979 foi criado o primeiro curso regular de psicopedagogia com enfoque na reeducação, embora houvesse preocupação com a prevenção e, posteriormente assume caráter mais terapêutico. E somente a partir dos anos 90 que se multiplicaram os cursos de especialização. Rubinstein et al. (2004), pontua que seu modo de intervir considera o potencial e as melhores condições para um processo satisfatório de aprendizagem. E Silva (2012) corrobora com esta ideia ao falar que o objeto de estudo da psicopedagogia não é mais a oposição ao aprender, mas o sujeito aprendendo.
Para Palangana (2015), existem diferentes visões e formas de explicar como o sujeito aprende e se desenvolve, mas todos os conceitos teóricos têm como aspecto básico a relação que o indivíduo faz com o objeto de conhecimento. Portanto, não se pode desconsiderar a contribuição social e fazer análises parciais que, como diz Rubinstein et al. (2004), leva ao equívoco e a não superação do problema.
De acordo com Palangana (2015), é na interação que o sujeito adquire conhecimento o que justifica, para ele, a abordagem interacionista ter em Jean Piaget e Lev Vygotsky dois dos seus maiores expoentes, cujas características principais é observar a relevância social na constituição deste processo, embora suas teorias sejam pautadas em diferentes paradigmas. 
Jean William Fritz Piaget, biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, um dos nomes mais importantes do século XX por sua trajetória profissional longa e produtiva, tem como tema central para seus estudos o desenvolvimento da aprendizagem e denomina sua teoria, segundo Gouveia (2011), como epistemologia genética. Para Piaget (2013), mais cedo ou mais tarde, qualquer explicação psicológica da inteligência se apoia na biologia ou na lógica, mas não ditam as soluções, apenas formulam problemas, o que aumenta a dificuldade de se construir um modelo teórico para explicar a teoria do conhecimento, como ressalta Palangana (2015), que diz ter Piaget recorrido à psicologia, já que ela é capaz de estabelecer conexões entre a filosofia e a biologia. 
Por acreditar que as estruturas da aprendizagem obedeçam às mesmas leis que as do desenvolvimento natural dessas estruturas, Piaget (1972) pontua que a aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento e vê na maturação um fator importante a ser considerado, pois o estímulo só será significativo se houver estrutura que permita a assimilação para acolher o estímulo e produzir resposta. Exemplifica esta ideia ao dizer que não se pode ensinar matemática para uma criança de 5 anos, já que ela não tem estrutura ainda para aprender, pois a experiência lógico-matemática não consiste em agir sobre o objeto e construir algum conhecimento, mas sim uma experiência de dedução e construção de estruturas abstratas necessárias para que haja a operação. 
Gouveia (2011) afirma que, para Piaget, a inteligência se ancora na organização biológica, especialmente nos reflexos. O autor conta que a construção do objeto de ação se dá a partir a percepção e da imagem do objeto e, finalmente, a internalização da imagem e a representação por imagem, no período sensório-motor. Piaget (1982) acredita que é o desenvolvimento dos hábitos, o que ele chama por reação circular e dos exercícios reflexos que preparam o terreno para esta função executiva e chama de inteligência a adaptação para situações novas. Piaget (1972), em sua teoria do desenvolvimento, demarcou 4 estágios, embora ele mesmo pontue que pode haver diferenças nas idades cronológicas médias, conforme ele verificou, de acordo com a sociedade em que o sujeito esteja inserido. No entanto, a sucessão é constante, como podemos observar a classificação dada por ele:
Fase Sensório-motor (pré-verbal) - Para o bebê o objeto não tem permanência. Se está fora do seu campo de percepção, ele não existe.
Fase Pré-Operacional - Há o início da linguagem, da função simbólica e do pensamento. As ações são transformadas em operações, a partir da reconstrução feita de tudo o que foi desenvolvido na fase anterior, mas ainda não conserva.
Fase Operatório Concreto – São capazes de ordenar e classificar, construir ideia de números, operações espaciais e temporais.
Fase Operatório Formal ou hipotético-dedutivas – O sujeito é capaz de raciocinar com hipóteses e não só com objetos. 
Piaget (2013) supõe uma regulação energética interna e externa, uma forma de equilíbrio, segundo ele, para a qual tendem todas as estruturas. Ele esclarece em sua obra de 1972 que é uma compensação ativa, auto reguladora, uma probabilidade sequencial, onde o sujeito só alcança o segundo nível se tiver alcançado o equilíbrio anterior. Este trecho resume a aquisição da inteligência de uma forma interessante:
A organização é a forma; a acomodação é a experiência; a assimilação une os conteúdos da experiência à forma. À acomodação correspondem as características de objeto, espaço, tempo e causalidade. Essas categorias organizam os dados da experiência que é percebida e pensada de acordo com essas categorias. À assimilação correspondem as relações qualitativas e quantitativas que vão dar lugar às relações lógicas e matemáticas. É o próprio funcionamento da atividade inteligente, a sua coerência formal. (GOUVEIA. 2011, p. 122)
Piaget (1972, p.7) corrobora com esta ideia dizendo que “se uma estrutura desenvolveu-se espontaneamente, uma vez alcançado um estado de equilíbrio, ela é duradoura e continuará através de toda a vida”. 
Lev Semenovitch Vygotsky, judeu, psicólogo, pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida, destacando-se como importante pensador em sua área e época. 
Para Neves e Damiani (2006) Vygotsky, contrapondo-se às ideias vigentes à época, não entendia a aprendizagem como mera aquisição de informações, mas um processo ativo e interpessoal, uma vez que ele entendia o homem primeiro como sujeito social para depois se tornar individual. Esta visão interacionista não levava em conta apenas as subjetividades, mas também a situação histórica e seu estudo não é focado no conhecimento, e sim no desenvolvimento humano.
Assim como Piaget, Vygotsky acredita que a aprendizagem começa muito antes da aprendizagem escolar e em sua obra de 1988 fala da importância da aprendizagem escolar para o desenvolvimentoda criança que, embora estes dois processos não coincidam, ele alega que o processo do desenvolvimento segue o da aprendizagem. Oliveira (1995) conclui que, para Vygotsky, se o indivíduo não tivesse contato com a cultura os processos internos do desenvolvimento não ocorreriam, uma trajetória de fora para dentro, a partir de um meio que o provoque.
Segundo Vygotsky (1988), existe uma relação entre o nível de desenvolvimento e a capacidade potencial para a aprendizagem. Duas crianças no mesmo nível do desenvolvimento efetivo podem apresentar níveis de desenvolvimento potencial distintos. E para encontrar a relação entre estas duas coisas, é necessário estabelecer a diferença entre o nível das tarefas realizadas com auxílio de um adulto (Zona de Desenvolvimento Potencial) e o nível das que a criança desenvolve sozinha (Zona de Desenvolvimento Real). E, de acordo com esta ideia, cada caso deve ser visto de forma individualizada, como pontua no trecho:
A criança atrasada, abandonada por si mesma, não pode atingir nenhuma forma evolucionada de pensamento abstrato; e precisamente por isso, a tarefa da escola consiste em fazer todos os esforços para encaminhar a criança nesta direção, para desenvolver o que lhe falta. (VYGOTSKY, 1988, p.6)
Não podemos entender o sujeito sem levar em consideração que ele é um sujeito do desejo. E, para isso, lançamos mão também das ideias trazidas pela psicanálise, mais precisamente por Freud e Lacan.
Sigmund Freud, foi um médico nascido em Viena, precursor da psicanálise e grande parte de sua obra foi baseada em experiências pessoais. Trouxe questionamentos acerca da sexualidade infantil, o que não teria sido dito antes. Para ele, a sexualidade é posta no centro da vida psíquica e existe desde o princípio da vida e não só a partir da puberdade como afirma o senso comum.
Ele define as fases do desenvolvimento de acordo com a relação que o sujeito faz com o prazer, como é pontuado Coelho (2014): 
Fase Oral (até 1 ano de idade) - A zona de erotização é a boca. O ato de sugar o seio materno não é apenas fisiológico para obter alimento.
Fase Anal (de 1 a 3 anos de idade) - A zona de erotização é o ânus. O controle dos esfíncteres é algo que traz conflito entre o prazer de satisfazer as suas necessidades e o controle exigido pelos pais.
Fase Fálica (de 3 a 5 anos de idade) - A zona de erotização é o órgão sexual pela manipulação ou exibição dos mesmos. Começa a curiosidade sobre o próprio corpo e a noção das diferenças entre os sexos.
Latência (de 5 a 11 anos de idade) - Se caracteriza pela diminuição das atividades sexuais, um intervalo, e início das atividades intelectuais.
Fase genital (da adolescência em diante) - Quando o objeto de desejo passa a ser externo: o outro.
Embora a pulsão do saber seja inscrita na mesma época em que a criança passa pela sua “primeira florescência” da vida sexual, Freud (1905) fala que esta pulsão não pode ser computada nem subordinada â sexualidade, mas suas relações são significativas, já que a pulsão do saber é atraída pelos problemas sexuais e talvez até despertada por eles. A esta parada ou bloqueio no curso normal no terreno do pensamento Freud chama, segundo Santiago (2005), de inibição. 
Segundo Coelho (2014), as ideias psicanalistas sobre o desenvolvimento infantil podem orientar a atuação do professor em sala de aula. Ele continua dizendo que o sujeito carrega para a fase seguinte elementos da fase anterior, seja por frustração ou excesso de prazer, podendo chegar a vida adulta com fixação que explicaria comportamentos como mania de chupar os dedos, hábito de fumar ou roer unhas, o autocontrole ou desleixo, anorexia e o comportamento sedutor.
Os analistas pós Freudianos também tentaram reintroduzir a dimensão pulsional nas formas de inibição como sintoma, como é dito por Santiago (2005), já que o objeto causa do desejo organiza e regula a ação do sujeito no mundo. Dentre os pós freudianos, Lacan é destacado quando pontua nesta obra citada a importância do Outro no circuito ressaltando, principalmente a relação dual entre mãe e filho, que coloca a criança numa posição em que não tem outra saída senão ficar exposto à fantasia inconsciente da mãe, alienando-se em si mesmo sobre a forma de déficit.
É percebido nas queixas de pais e professores a falta de desejo pelo saber, um grande desafio apontado neste trecho:
O grande desafio da Psicopedagogia é dar sentido à transmissão cultural. Se hoje a facilidade dos meios de comunicação disponibiliza o acesso à informação, é preciso por parte do aprendiz disponibilidade interna (desejo) para buscar o sentido e ao mesmo tempo desenvolver disciplinas para propor boas questões. (RUBENSTEIN et al., 2004, P. 8).
Pensando nisso, é necessário que seja feita uma investigação completa, para que equívocos sejam evitados, compreender o insucesso como algo mais amplo e não uma mera patologia e buscar alternativas para amenizar ou inibir qualquer obstáculo à aprendizagem.
4.0 Discussões dos Casos:
As discussões de casos são feitas nas supervisões de estágio, orientadas pela professora Ondina Maria A. de Almeida dos Santos, realizadas as quartas-feiras, das 14h às 16:30h, onde as situações e as intervenções feitas são debatidas entre o grupo.
Pensando na ruptura do vínculo do paciente com o terapeuta, fui orientada a não fazer atendimento durante este semestre por estar cursando o último estágio profissional. Contudo, participei ativamente e recebi as orientações devidas e o modo de intervir nas situações trazidas pelas colegas de equipe.
Como a maioria da equipe está em fase inicial de atendimento, foram passadas as atividades indicadas para os primeiros encontros e os estágios para a confecção do livro de pano. Reunimos material para sua execução, que ficará em uma caixa reservada à equipe no SPA desta universidade. 
Aproveitando esta ideia, uma estagiária que está atendendo uma criança desde o semestre anterior, adaptou o livro que traria a contação de uma história feita pelo paciente e transformou em livro do alfabeto, onde ele recorta as letras que são coladas e costuradas em feltro amarelo para estimular a memória. Este trabalho ainda não foi terminado, no entanto, foi muito bem aceito pela supervisora e demais colegas de equipe.
Neste período também contamos com a jornada do SPA, onde uma das alunas levou ao público a ideia deste projeto que estamos iniciando.
Em todos os casos discutidos, questões emocionais e/ou familiares eram frequentemente apontadas como facilitador para a inibição do saber, inclusive adultos trouxeram situações e falas que aconteceram na infância principalmente, como apontaram nossos teóricos.
Conclusão
Embora não tenha feito atendimento, foi percebido que a dificuldade de aprendizagem é uma queixa constante e que não atinge a um único grupo etário, já que foram atendidos, durante este semestre pessoas de diferentes faixas etárias.
As questões da aprendizagem estão frequentemente ligadas, mas não necessariamente, a bloqueios emocionais que podem ter suas causas conhecidas ou não. E, para tanto, a luz trazida pela psicanálise conduz de maneira eficaz a intervenção e seus resultados. Contudo, os outros fatores ligados ao processo de aprendizagem, não devem ser esquecidos.
A equipe de estágio de psicopedagogia busca entender o paciente como um sujeito ativo, que reage ao meio. Neste sentido, utiliza métodos que facilitem a apreensão do conhecimento, unindo a criação de hábitos, como a planilha de leitura e modo de resumo para textos e a elaboração das questões em conflito.
A arte terapia é uma ferramenta bastante utilizada em terapias, no entanto, acompanhar a evolução deste trabalho proposto pela equipe em acessar o inconsciente através do recorte, colagem e costura, me motiva a buscar mais sobre o assunto.
Considero como positivo este trabalho e minha passagem por esta equipe, mesmo sabendo que tenho um longo caminho de busca e práticas.
Bibliografia
COELHO, Wilson Ferreira. Contribuições da Psicanálise. In: Psicologia da Educação. – São Paulo:Education do Brasil, 2014.- (Coleção bibliográfica Universitária Pearson) Unidade 4, pág 95- 102. 
FREUD, Sigmund. A sexualidade infantil. Tres ensayos sobre una teoría sexual, 1905.
GOUVEIA, Denise da Crus. Epistemologia Genética de Piaget e Psicopedagogia In: Psicopedagogia: Teorias da Aprendizagem. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2011, p. 119-160
NEVES, Rita de Araujo; DAMIANI, Magda Floriana. Vygotsky e as teorias da aprendizagem. 2006.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Pensar a Educação: contribuições de Vygotsky In: Piaget e Vygotsky: Novas Contribuições para o debate. Ed. Ática S.A., 1995
PALANGANA, Isilda Campaner. Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget e Vigotski: a relevância do social. Summus Editorial, 2015.
PIAGET, Jean. A psicologia da inteligência. Editora Vozes Limitada, 2013.
______. Desenvolvimento e aprendizagem. Studying teaching, 1972.
______. O Nascimento da Inteligência na Criança. mental, v. 258, p. 259, 1982.
RUBINSTEIN, Edith; CASTANHO, Marisa Irene; NOFFS, Neide de Aquino. Rumos da psicopedagogia brasileira. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 21, n. 66, p. 225-238, 2004.
______. Da Reeducação para a Psicopedagogia: Um Caminhar In: Psicopedagogia, Uma Prática, Diferentes Estilos, Casa do Psicólogo, 1999, p. 17-40. 
SANTIAGO, Ana Lydia. A inibição intelectual na psicanálise. Zahar, 2005.
SILVA, Kátia Cilene da. Introdução à Psicopedagogia. Curitiba, InterSaberes, 2012.
VYGOTSKY, Lev Semenovich et al. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. _____ et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone: EDUSP, 1988.
Anexos
 
Abaixo estão algumas das ferramentas que aprendemos a utilizar:
Planilha de leitura:
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Objetivo:
Promover o hábito da leitura.
Apropriado para qualquer idade, desde que seja alfabetizado.
Consigna:
Você terá uma rotina de leitura. Comece com 5 minutos por dia na primeira semana.
Na segunda semana, aumente este tempo para 8 minutos. 
Na terceira semana será aumentado para 10 minutos.
Na quarta semana, 12 minutos de leitura.
Na quinta semana passa para 15 minutos.
Na sexta ele continua com 15 minutos.
Na sétima e oitava são 18 minutos por dia.
Aumentando até chegar 30 minutos de leitura por dia para crianças e 45 minutos para adultos.
Observe que a partir da quinta, o tempo se mantém por duas semanas.
Com dislexicos, o processo é mais lento.
Prova de Conservação de Líquido:
a) Copinhos: 
Material:
2 copos idêntico;
1 copo com o mesmo formato mais estreito e mais alto;
1 copo com o mesmo formato mais largo e mais baixo;
Obs: Os copinhos devem ser transparentes.
Objetivo:
Avaliar se a criança tem conservação de líquido.
Apropriada para crianças que estão sendo alfabetizadas. No mínimo 4 anos e máximo 8 anos.
Consígna:
Dispor os recipientes de modo que a visibilidade seja adequada.
Colocar água (a mesma quantidade) nos dois copos idênticos. Perguntar a criança se tem o mesmo volume. 
Passe a água de um dos copos para o mais alto e pergunte se continuam com a mesma quantidade de água. Independente da resposta, pergunte o porquê. Caso ele tenha dito que em um dos dois tem mais água, retornar com a água para o copo inicial. E perguntar se agora eles têm a mesma quantidade.
Manipule novamente passando a água de um dos copos para o mais largo e faça a mesma pergunta. Peça para justificar sua resposta.
b) Garrafas:
Material:
1 folha impressa com uma garrafa em 4 posições diferentes. Como esta:
Objetivo:
Avaliar a conservação de líquido.
Apropriada para pessoas maiores de 9 anos.
Consigna:
Observe estas garrafas. É a mesma garrafa, só que em posições diferentes. Ela está vedada, sem a possibilidade do líquido sair. Marque com o lápis preto nas outras, de acordo com a quantidade da primeira, a posição que o líquido estará quando a garrafa assumir estas posições representadas. A folha deve permanecer neste mesmo sentido.
Curtograma:
Material:
Uma folha conforme o exemplo:
	Gosto e Faço
	Gosto e Não Faço
	Não Gosto e Faço
	Não Gosto e Não Faço
Objetivo:
Promover autoconhecimento, trazer à tona assuntos que podem ficar ocultos por força da rotina diária.
Apropriada para qualquer idade desde que a pessoa seja alfabetizada.
Consigna:
Aqui está uma folha com quatro quadrantes onde cada um deles têm uma classificação acerca de seus gostos e suas ações. Liste-os conforme o enunciado de cada um.
Método Aloê:
Material:
Texto
Caneta amarela 
Post It ou qualquer outro papel para fazer a etiquetação.
Objetivo:
Aprimoramento da linguagem oral-escrita
Técnica de Ativação da Página que auxilia na memorização.
Técnica de Organização de Pensamento que auxilia o resumo.
Apropriado para qualquer idade, desde que seja alfabetizado.
Consigna:
Você tem este texto. Leia o primeiro parágrafo. Feito isso, selecione os núcleos ideativos (iluminar as palavras com maior relevância). Leia agora apenas as palavras destacadas. Faça isso com cada parágrafo até que todos os parágrafos estejam lidos e marcados.
Leia todo texto, mas apenas os núcleos sinalizados (TAP).
A partir desta técnica fica mais fácil elabora o resumo (TOP). Classicamente, o texto tem introdução (assunto que eu vou apresentar- frase chave: aquela que abre o texto), desenvolvimento (Frase de apoio) e conclusão (Fechamento). Dar um título a este resumo, que será escrito no post it e anexado no início do texto e, sempre que quiser voltar nele, basta ler este resumo que lembrará do contexto.
Classificação de Fieldman:
Material:
40 objetos distintos;
8 folhas brancas;
Objetivo:
Avaliar a noção de classificação. Chegar a grupo dos animados e inanimados/ criado pela natureza e criado pelos homens.
Apropriada para pessoas a partir de 6 anos e meio.
Consigna:
Nesta caixa tem vários elementos. Aqui tem 8 folhas e, sobre elas, você deverá formar oito grupos. Após feito isso, pedir que os nomeie. Misturar tudo, dispor 4 folhas e pedir que agora ele forme 4 grupos e nomeie. Novamente misture tudo, disponha 2 folhas para que ele forme apenas 2 grupos e nomeie.

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