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LEI MARIA DA PENHA - atualizada até a Lei 14 188

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LEI MARIA DA PENHA (Atualizado até a Lei 14.188/2021) 
Elaborado por Giovanna Calvano 
Fonte: Aulas do Prof. Rogério Sanches Cunha (JusAula sobre Violência Doméstica) 
 
Finalidades da Lei 11.340/06: 
A) Coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher; 
B) Criação dos Juizados; 
C) Estabelecimento de medidas de assistência; 
D) Proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar; 
 
Constitucionalidade da lei Maria da Penha: 
• Quem defende a inconstitucionalidade alega violação ao art. 226, §§5º e 8º da CRFB; 
• STF entendeu pela constitucionalidade e reconheceu a natureza de ação afirmativa (igual-
dade material ou substancial); 
Abrangência da lei Maria da Penha (subjetiva): 
A) Transexuais: a lei 11.340/06 tem natureza eminentemente protetiva e assistencial, não pu-
nitiva, de modo que não há óbices em estender a proteção às transexuais; 
o Dispensa a cirurgia de transgenitalização ou efetiva alteração registral; 
o ADI 4275 – permitiu a mudança de nome independentemente de realização de cirur-
gia, dispensada a propositura de ação judicial; 
B) Travestis: a jurisprudência tem precedentes que permitem a incidência; 
C) Homens: a lei NÃO SE APLICA. Porém, nada impede a aplicação das medidas protetivas 
constantes da lei; 
o Homem em situação de vulnerabilidade – criança, adolescente, idoso, enfermo; 
o Base legal: art. 313, III, CPP (decretação de preventiva); 
D) Relações homoafetivas: 
o Femininas: é possível a aplicação (art. 5º, § único); 
o Masculinas: não, mas nada impede a aplicação das MEDIDAS PROTETIVAS 
quando uma das partes for homem vulnerável (idoso, enfermo); 
Conceito de violência doméstica (art. 5º): 
• Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer 
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual 
ou psicológico e dano moral ou patrimonial; 
• RSC defende que não se pode presumir que toda violência praticada contra mulher é ba-
seada no gênero; 
o Outra parcela da doutrina defende que não se pode dissociar as duas coisas, de 
modo que se presume que toda violência doméstica é baseada no gênero; 
o STJ tem entendido que é necessária a comprovação da motivação (preconceito, 
menosprezo ou discriminação); 
• O sujeito ativo da violência doméstica não precisa ser necessariamente um homem – lea-
ding case apreciado pelo STJ de mãe que praticava violência doméstica contra a filha; 
• Âmbito de aplicação: 
o Art. 5º, I: violência doméstica; 
▪ Patrão x Funcionária: “esporadicamente agregada”; 
▪ BIG BROTHER: Marcos e Emily (“esporadicamente agregada”); 
o Art. 5º, II: violência familiar; 
o Art. 5º, III: relação íntima de afeto – independentemente de coabitação; 
▪ A coabitação é necessária nos dois outros incisos? Silêncio ELOQUENTE? 
NÃO – o STJ sumulou a questão (600): Para a configuração da violência do-
méstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da 
Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
Formas de violência (art. 7º): 
• Rol exemplificativo (entre outras); 
• O artigo traz a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral; 
• Violência POLÍTICA – inovação legislativa mais recente e que não está entre as elencadas 
no artigo; 
• As formas de violência doméstica e familiar previstas no artigo 7º NEM SEMPRE corres-
pondem a uma infração penal (crime ou contravenção); 
o É possível que haja violência contra a mulher sem que haja cometimento crime ou 
contravenção; 
o Exemplo: adultério; 
o A medida protetiva deve ser concedida quando houver situação de violência, AINDA 
QUE os fatos não correspondam a crime ou contravenção: A lei Maria da Penha não 
é uma lei penal e a medida protetiva é autônoma, não está vinculada à existência de 
inquérito ou tramitação de ação penal; 
 
Violência física: (Contravenção < Lesões Corporais < Feminicídio); 
• Lei 14.188/2021 - programa de cooperação Sinal Vermelho; 
• X vermelho na mão: qual é a real efetividade? Todo mundo já sabe o que significa, inclu-
sive homens; 
• Incluiu o §13º, art. 129 do CP: Qualificadora da lesão corporal LEVE. 
o Medidas despenalizadoras: 
▪ ANPP – de jeito nenhum, o próprio artigo 28-A não é aplicável nem a crimes 
praticados com violência nem aos casos de violência doméstica; 
▪ Transação – não, pena máxima acima de 02 anos; 
▪ Suspensão condicional do processo: 
• Incabível DENTRO do ambiente doméstico ou familiar (art. 41 da lei 
11.340/06); 
• FORA do ambiente doméstico ou familiar, mas por razões da condição 
do sexo feminino: em tese, cabe sim, pois não há vedação expressa e 
nem é o caso de incidência do art. 41 (analogia in malam partem); 
Lesão Leve
Comum (129, caput)
No ambiente 
doméstico e familiar 
(§9º)
Podem ser vítimas 
homens
Causa de aumento
Contra a mulher por 
razões da condição do 
sexo feminino (§13º)
Qualificadora
o Representação: 
▪ DENTRO do ambiente doméstico ou familiar (art. 41 da lei 11.340/06): IN-
CONDICIONADA; 
▪ FORA do ambiente doméstico ou familiar, mas por razões da condição do 
sexo feminino: CONDICIONADA (admite aplicação da 9.099/95) 
Violência psicológica: 
• Na prática, é mais comum que a física; 
o Violação da intimidade – acrescentada pela lei nº 13.772, de 2018; 
• Antes da lei 14.188/2021, podia se manifestar por meio da ameaça, constrangimento ilegal, 
stalking; 
• Tipificada em 2021: art. 147-B, CP; 
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que 
vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, cons-
trangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir 
ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave.” 
• Foi inserido na parte de crimes contra a liberdade individual; 
• Bem jurídico tutelado: vida livre de violência, tanto na esfera pública como na esfera pri-
vada. (Convenção de Belém do Pará, art. 3º); 
• Medidas despenalizadoras: 
o ANPP: Não. Dentro do contexto de violência doméstica, é vedado pelo próprio 28-A. 
Fora do contexto de VD, não cabe pois é IMPO; 
o Transação e Suspensão Condicional do Processo: 
▪ Dentro do contexto de violência doméstica e familiar: NÃO CABE; 
▪ Fora do contexto de violência doméstica e familiar: É possível; 
• Sujeitos: 
o Ativo: crime comum; 
o Passivo: crime próprio (mulher). Conceito jurídico de mulher, abrangeria mulher 
trans; 
• Elemento subjetivo: 
o Conduta: Dolosa; 
o Resultado: dolo ou culpa (preterdoloso); 
▪ A perseguição por um resultado doloso deve ser levada em conta na dosime-
tria da pena; 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art147b
 
• Construção do tipo penal: 
o O legislador começou o tipo indicando o resultado (causar dano emocional) e elen-
cou condutas executivas exemplificativas (como pode ser causado); 
o Permite a interpretação analógica (exemplos seguidos de uma fórmula genérica); 
o Edificado a partir do art. 7º, II, da Lei 11.340/06; 
o Problema: sobreposição de condutas – a ameaça pode ser meio de praticar tanto o 
stalking e a violência psicológica; 
Art. 147-A, CP 
(stalking) 
Art. 7º, II, LMP 
Art. 147-B 
(Violência psicológica) 
Art. 147-A. Perseguir 
alguém, reiterada-
mente e por qualquer 
meio, ameaçando-lhe a 
integridade física ou 
psicológica, restrin-
gindo-lhe a capacidade 
de locomoção ou, de 
qualquer forma, inva-
dindo ou perturbando 
sua esfera de liberdade 
ou privacidade. 
II - a violência psicológica, enten-
dida como qualquer conduta que 
lhe cause dano emocional e dimi-
nuição da autoestima ou que lhe 
prejudique e perturbe o pleno de-
senvolvimento ou que vise degra-
dar ou controlar suas ações, com-
portamentos, crenças e decisões, 
medianteameaça, constrangi-
mento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, 
perseguição contumaz (stalking), 
insulto, chantagem, violação de sua 
intimidade, ridicularização, explora-
ção e limitação do direito de ir e vir 
ou qualquer outro meio que lhe 
cause prejuízo à saúde psicológica 
e à autodeterminação; 
Art. 147-B. Causar dano 
emocional à mulher que a 
prejudique e perturbe seu 
pleno desenvolvimento ou 
que vise a degradar ou a con-
trolar suas ações, comporta-
mentos, crenças e decisões, 
mediante ameaça, constran-
gimento, humilhação, mani-
pulação, isolamento, chanta-
gem, ridicularização, limita-
ção do direito de ir e vir ou 
qualquer outro meio que 
cause prejuízo à sua saúde 
psicológica e autodetermina-
ção: 
 
• Ação penal: pública incondicionada (lei foi silente); 
• Conflito aparente de normas: 
o Princípio da subsidiariedade (expressa – se não constituir crime mais grave); 
o Lesão à saúde psicológica (patologia): Lesão corporal; 
o Pode absorver ameaça, constrangimento ilegal, vias de fato; 
o Stalking x Violência psicológica: análise importante pois seguem regimes jurídicos 
diferentes (ação penal pública condicionada x incondicionada); 
▪ É possível o concurso de crimes quando as condutas forem praticadas em 
contextos distintos; 
▪ Se praticados no mesmo contexto fático: o stalking absorve a violência psico-
lógica. Se a vítima NÃO quiser representar pelo stalking, é possível que o 
promotor denuncie pela violência psicológica (incondicionada); 
 Stalking Violência psicológica 
Conduta 
Vigilância constante, persegui-
ção contumaz e violação de inti-
midade 
Constrangimento, humilhação, mani-
pulação, isolamento, chantagem e ridi-
cularização, quando gerarem danos 
emocionais 
Ação pública Condicionada Incondicionada 
Habitualidade 
(segundo RSC) 
Exige-se reiteração (crime habi-
tual) 
Dispensa a reiteração; 
Habitual impróprio: a consumação dis-
pensa a habitualidade, mas, se houver 
reiteração, será considerada dentro de 
uma conduta única; 
Resultado natura-
lístico 
Não exige resultado específico, 
mas ameaça à integridade fí-
sica/psíquica; restrição à capa-
cidade de locomoção ou inva-
são ou perturbação à esfera de 
liberdade ou privacidade; 
Exige-se a efetiva existência de danos 
emocionais; 
 
• Consumação: CRIME MATERIAL, com o efetivo dano emocional à vítima; 
o Cabível a tentativa, em tese; 
o Prova do resultado: depoimento da ofendida, testemunhas. Dispensa laudos técni-
cos (médicos, psicológicos), mas pode ser comprovado por meio de documentos 
dessa natureza; 
o Divergência na consumação: 
▪ (R. Sanches Cunha): NÃO EXIGE habitualidade1. 
• Na prática, é mais comum de forma habitual, mas o tipo não exige rei-
teração; 
• Crime HABITUAL IMPRÓPRIO: Não exige habitualidade, mas a habi-
tualidade configura crime único (valoração negativa da conduta habi-
tual deve ser feita na dosimetria) 
▪ (R. Greco): Crime habitual; 
o Individualização das condutas na denúncia: não sendo possível a individualização 
de cada ato, considera-se como conduta única, sendo suficiente a indicação do perí-
odo aproximado em que esses atos foram praticados (RHC 129.490, STJ); 
o Prescrição: regulada com base no último ato; 
• Dano psíquico x Violência psicológica: 
Psíquico Psicológico 
Causa patologia médica (depressão, ansiedade, 
síndrome do pânico) 
E se a vítima já tem alguma patologia? Se o 
agente agrava o quadro clínico preexistente, tam-
bém pratica LC (concausa preexistente) 
Não causa patologias somáticas; 
sofrimento não qualificável como 
doença. 
Crime de LESÃO CORPORAL Crime de violência psicológica 
Exige-se perícia Não há como realizar perícia 
 
• Âmbito de aplicação: não se restringe ao campo doméstico e familiar – esfera religiosa, la-
borativa, comunitária; 
 
Violência Sexual: 
• Obrigar a utilizar determinado método contraceptivo ou impedir que utilize: pode configurar, 
no mínimo, constrangimento ilegal; 
 
 
1 Exemplo: Uma dispensa de emprego que é feita mediante humilhação à funcionária; 
Violência Patrimonial: 
• É possível a aplicação de escusas absolutórias nos contextos de violência doméstica e fa-
miliar? SIM. 
o STJ: RHC 42.918; 
▪ A lei Maria da Penha não revogou nem expressa nem tacitamente o artigo 
181 do CP; 
▪ As escusas devem ser aplicadas sob pena de flagrante violação à isonomia: 
a mulher que furta o marido seria privilegiada e o objetivo da lei Maria da Pe-
nha é a proteção da mulher vítima, não da mulher criminosa; 
▪ Analogia in malam partem; 
o Há divergência de posicionamentos – Maria Berenice Dias; 
 
Violência Política 
 
 
 
• O artigo não visa punir a discriminação por cor, raça ou etnia em uma amplitude geral: é 
específico para situações que tenham por vítima a mulher candidata ou detentora de man-
dato eletivo; 
 
Violência Tecnológica: 
• Aplicativos de emprego cujo algoritmo pretere mulheres, principalmente de idade mais 
avançada, com filhos; 
 
 
Atuação da autoridade policial: 
• Art. 10: adoção das providências legais cabíveis; 
o Lei 13.964/19 – acentuou a importância da cadeia de custódia (art. 6º, CPP): Pre-
servação do local; 
o Perito oficial como guardião PREFERENCIAL dos vestígios: Contudo, dentro do 
contexto de pandemia, o Estado deve atribuir a mulher esse papel de confiança; 
• Lei 14.022: manteve a prioridade da realização de ECD nos casos de violência doméstica 
e familiar; 
• Quem é a autoridade policial do art. 10? Só o delegado da PC ou o da PF? 
o A PF também está incluída no art. 10 da LMP; 
o A polícia policial pode investigar crimes elencados na lei 10.446/022 sem que isso os 
transforme em crimes de competência federal; 
o A lei 13.642/02 alterou a redação do art. 1º da Lei 10.446/02 para incluir no rol de 
atribuições da polícia federal a competência para investigar “quaisquer crimes prati-
cados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, 
definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres.” 
Atendimento da mulher vítima no âmbito policial: 
• Revitimização da vítima de violência doméstica: Art. 10-A, §1º, III, LMP; 
o Depoimento sem dano – o art. 10-A, §2º dispõe sobre as diretrizes para a colheita 
de um depoimento sem revitimização; 
o Esse procedimento deve ser adotado PREFERENCIALMENTE, sempre que possí-
vel – o legislador reconhece, por óbvio, a falta de estrutura para implementação ime-
diata; 
• Providências assistenciais: Art. 11; 
o Assistência jurídica: prevista no Inciso V, incluído em 2019 - O delegado tem a obri-
gação de informar sobre os direitos e o juiz tem a obrigação de encaminhar à ofen-
dida a órgão de assistência judiciária; 
• Atuação da autoridade policial: Art. 12; 
o Tomada da representação: crimes como ameaça, estelionato, dano, stalking; 
o Novidade de 2019: Verificar a existência de posse ou porte de arma de fogo e juntar 
essa informação – viabilizar que o juiz determine a apreensão da arma (art. 18, IV); 
▪ Se houver arma não legalizada: a autoridade policial pode realizar a busca e 
apreensão sem a necessidade de autorização judicial; 
▪ O inciso se aplica normalmente ainda se for policial; 
o Informar sobre deficiência (se a mulher já tinha deficiência, se a violência acarretou 
deficiência ou agravou quadro clínico preexistente) – vulnerabilidade acentuada; 
• Importância de Delegacias especializadas – art. 12-A: concretiza um mandado internacio-
nal do art. 8º, “c”, da Convenção de Belém do Pará; 
o É essencial identificar o ciclo de violência e interrompê-lo antes da ocorrência de fe-
minicídios; 
• Requisição de serviços públicos (12-B, §3º): natureza de ordem, sob pena de crime de de-
sobediência; 
Afastamento do Lar (12-C): 
• Antes da lei 14.188/2021 – o afastamento só era autorizado quando houvesse risco à vida 
ou à integridade física; 
 
2 Dispõe sobre infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão uniforme, paraos fins do disposto no inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição. 
• Após a lei 14.188/2021 – passou a ser autorizado nos casos de risco à vida ou à integri-
dade física ou psicológica; 
• Quem determina o afastamento? Em primeira análise, o juiz. Contudo, a lei 13.827 abriu 
algumas exceções, que só são autorizadas, sucessivamente: 
o Quando o Município não for sede de comarca – pelo delegado; 
o Quando não for sede de comarca e não houver delegado – qualquer policial (RSC 
defende que o termo deve ser interpretado em sentido amplo para incluir também a 
guarda municipal); 
• ADI ajuizada pela associação dos magistrados questionando a reserva de jurisdição – não 
foi deferida liminar, conclui-se pela presunção de constitucionalidade; 
Medidas protetivas: 
• Excetuado o afastamento do lar, todas as outras só podem ser determinadas pela autori-
dade JUDICIAL; 
• Rol meramente exemplificativo (entre outras) – pelo poder geral de cautela, o juiz pode fi-
xar outas medidas; 
• Devem observar: 
o fumus commissi delicti: é a demonstração da existência de indícios de que houve 
violência doméstica contra a mulher. 
o periculum libertatis: é a existência de um risco à vítima ou a terceiros caso a medida 
protetiva não seja imediatamente concedida. 
• A medida protetiva decai se não for ajuizada a ação principal? PREVALECE QUE NÃO. A 
MP perdura enquanto for necessária. Se o agressor entender que é desnecessária, deve 
produzir prova; 
• Independe de IPL ou AP preexistentes e pode ser concedida ainda que não haja fato tí-
pico, desde que o fundamento seja a violência contra a mulher (art. 7º); 
• Recurso cabível: o recurso depende da natureza da medida: 
o Decisão CÍVEL – cabe agravo; 
o Decisão PENAL – Rese; 
o ENUNCIADO 73, MP/SP: O recurso cabível da decisão que indefere ou revoga me-
dida protetiva de urgência vinculada a inquérito policial ou processo criminal é o re-
curso em sentido estrito. Na hipótese de medida protetiva autônoma ou cível o re-
curso cabível é o agravo de instrumento. 
o Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida prote-
tiva de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência do-
méstica e familiar. STJ. 5ª Turma. HC 298499-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da 
Fonseca, julgado em 1º/12/2015 (Info 574). 
Medidas protetivas
Que obrigam o agressor 
(art. 22)
Medidas direcionadas 
para a vítima (art. 23)
Proteção ao patrimônio 
da vítima (art. 24)
Podem ser concedidas 
de maneira cumulativa, 
desde que pertinentes
• Consequências do descumprimento: 
o Caracterização do crime de descumprimento (24-A, LMP); 
▪ Só quando determinada pelo juiz (ou seja, se concedida pelo delegado e des-
cumprida antes da homologação pelo juiz, não configura 24-A. Pode eventu-
almente configurar desobediência); 
▪ Tanto faz se o juiz que deferiu é cível ou criminal; 
▪ É IMPO? 
• 1ª corrente: SIM, pois não seria crime contra a mulher, mas contra a 
administração da justiça. Aplicável a lei 9.099 e todos os seus reflexos; 
• 2ª corrente: NÃO, pois é um crime contra a mulher, que volta a ficar 
exposta a riscos. Inaplicável a lei 9.099/95 em razão do art. 41 da 
LMP; 
o O fato de impossibilidade de concessão de fiança pelo delegado 
corrobora com a teses porque é uma característica incompatível 
com uma IMPO; 
o Pode ser motivo para decretação de prisão preventiva; 
▪ Art. 20, LMP c/c 313, III, CP; 
▪ Violência doméstica e familiar NÃO APENAS contra a mulher; 
▪ Pode ser decretada DE OFÍCIO? O art. 20 preconiza que é possível tanto na 
fase de IPL quanto da ação penal. Houve revogação tácita desse artigo? 
• 1ª Corrente: Princípio da Especialidade. A LMP é lei especial em rela-
ção ao CP (para fase objetiva); 
o Nota Técnica 5/2021 - Possibilidade de decretação da pri-
são cautelar ex officio nos casos de violência doméstica 
(TJDFT); 
• 2ª Corrente: não pode decretar de ofício. Em primeiro lugar, o sistema 
acusatório não pode ser mitigado na lei Maria da Penha. Em segundo 
lugar, a redação do art. 20 só reproduz a redação antiga do CPP. 
▪ Preventiva e contravenção (vias de fato): Vide link 
 
Art. 22 Art. 23 Art. 24 
I - suspensão da posse ou restrição do 
porte de armas, com comunicação ao ór-
gão competente, nos termos da Lei nº 
10.826, de 22 de dezembro de 2003 ; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local 
de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, 
entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus fa-
miliares e das testemunhas, fixando o li-
mite mínimo de distância entre estes e o 
agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familia-
res e testemunhas por qualquer meio de 
comunicação; 
c) freqüentação de determinados lugares 
a fim de preservar a integridade física e 
psicológica da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos 
dependentes menores, ouvida a equipe 
I - encaminhar a ofen-
dida e seus dependen-
tes a programa oficial 
ou comunitário de prote-
ção ou de atendimento; 
II - determinar a recon-
dução da ofendida e a 
de seus dependentes 
ao respectivo domicílio, 
após afastamento do 
agressor; 
III - determinar o afasta-
mento da ofendida do 
lar, sem prejuízo dos di-
reitos relativos a bens, 
guarda dos filhos e ali-
mentos; 
IV - determinar a sepa-
ração de corpos. 
V - determinar a matrí-
cula dos dependentes 
I - restituição de bens in-
devidamente subtraídos 
pelo agressor à ofendida; 
II - proibição temporária 
para a celebração de 
atos e contratos de com-
pra, venda e locação de 
propriedade em comum, 
salvo expressa autoriza-
ção judicial; 
III - suspensão das pro-
curações conferidas pela 
ofendida ao agressor; 
IV - prestação de caução 
provisória, mediante de-
pósito judicial, por perdas 
e danos materiais decor-
rentes da prática de vio-
lência doméstica e fami-
liar contra a ofendida. 
https://www.tjdft.jus.br/institucional/administracao-superior/vice-presidencia/centro-de-inteligencia/notas-tecnicas/2021-1/nota-tecnica-5-2021.pdf/view
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2018/09/29/632-e-incabivel-prisao-preventiva-em-contravencoes-penais-no-ambito-da-violencia-domestica/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm
de atendimento multidisciplinar ou serviço 
similar; 
V - prestação de alimentos provisionais 
ou provisórios. 
VI – comparecimento do agressor a pro-
gramas de recuperação e reeducação; 
e (Incluído pela Lei nº 13.984, de 
2020) 
VII – acompanhamento psicossocial do 
agressor, por meio de atendimento indivi-
dual e/ou em grupo de apoio. (Inclu-
ído pela Lei nº 13.984, de 2020) 
 
da ofendida em institui-
ção de educação básica 
mais próxima do seu 
domicílio, ou a transfe-
rência deles para essa 
instituição, independen-
temente da existência 
de vaga. (Inclu-
ído pela Lei nº 
13.882, de 2019) 
 
Parágrafo único. Deverá 
o juiz oficiar ao cartório 
competente para os fins 
previstos nos incisos II e 
III deste artigo. 
 
 
Lei 9.099 (art. 41) x Inaplicabilidade: 
• Inaplicáveis os seguintes institutos: 
o Composição civil, transação, SCP; 
o Termo Circunstanciado; 
o Representação em lesão leve; 
• Os crimes que seguem o regime jurídico da LMP não são processados no JECRIM; 
• Súmulas 536 e 542, STJ; 
• Contravenção penal: 
o 1ª corrente (majoritária): Não se aplica a lei 9.099/95 – vide súmulas 589 e 588 do 
STJ. Interpretação teleológica – a palavra crime inclui contravenções; 
o 2ª corrente: Aplicável a lei 9.099/95; 
 
ANPP e violência doméstica: 
• Art. 28-A, §2º, IV, CPP – dentro do ambiente doméstico/familiar, incabível o ANPP inde-
pendentemente do sexo da vítima; 
• ATENÇÃO: fora do âmbito doméstico e familiar, não será cabível quando for crime contra a 
mulher por razão do sexo feminino; 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2

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