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LEI MARIA DA PENHA (Atualizado até a Lei 14.188/2021) Elaborado por Giovanna Calvano Fonte: Aulas do Prof. Rogério Sanches Cunha (JusAula sobre Violência Doméstica) Finalidades da Lei 11.340/06: A) Coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher; B) Criação dos Juizados; C) Estabelecimento de medidas de assistência; D) Proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar; Constitucionalidade da lei Maria da Penha: • Quem defende a inconstitucionalidade alega violação ao art. 226, §§5º e 8º da CRFB; • STF entendeu pela constitucionalidade e reconheceu a natureza de ação afirmativa (igual- dade material ou substancial); Abrangência da lei Maria da Penha (subjetiva): A) Transexuais: a lei 11.340/06 tem natureza eminentemente protetiva e assistencial, não pu- nitiva, de modo que não há óbices em estender a proteção às transexuais; o Dispensa a cirurgia de transgenitalização ou efetiva alteração registral; o ADI 4275 – permitiu a mudança de nome independentemente de realização de cirur- gia, dispensada a propositura de ação judicial; B) Travestis: a jurisprudência tem precedentes que permitem a incidência; C) Homens: a lei NÃO SE APLICA. Porém, nada impede a aplicação das medidas protetivas constantes da lei; o Homem em situação de vulnerabilidade – criança, adolescente, idoso, enfermo; o Base legal: art. 313, III, CPP (decretação de preventiva); D) Relações homoafetivas: o Femininas: é possível a aplicação (art. 5º, § único); o Masculinas: não, mas nada impede a aplicação das MEDIDAS PROTETIVAS quando uma das partes for homem vulnerável (idoso, enfermo); Conceito de violência doméstica (art. 5º): • Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial; • RSC defende que não se pode presumir que toda violência praticada contra mulher é ba- seada no gênero; o Outra parcela da doutrina defende que não se pode dissociar as duas coisas, de modo que se presume que toda violência doméstica é baseada no gênero; o STJ tem entendido que é necessária a comprovação da motivação (preconceito, menosprezo ou discriminação); • O sujeito ativo da violência doméstica não precisa ser necessariamente um homem – lea- ding case apreciado pelo STJ de mãe que praticava violência doméstica contra a filha; • Âmbito de aplicação: o Art. 5º, I: violência doméstica; ▪ Patrão x Funcionária: “esporadicamente agregada”; ▪ BIG BROTHER: Marcos e Emily (“esporadicamente agregada”); o Art. 5º, II: violência familiar; o Art. 5º, III: relação íntima de afeto – independentemente de coabitação; ▪ A coabitação é necessária nos dois outros incisos? Silêncio ELOQUENTE? NÃO – o STJ sumulou a questão (600): Para a configuração da violência do- méstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima. Formas de violência (art. 7º): • Rol exemplificativo (entre outras); • O artigo traz a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral; • Violência POLÍTICA – inovação legislativa mais recente e que não está entre as elencadas no artigo; • As formas de violência doméstica e familiar previstas no artigo 7º NEM SEMPRE corres- pondem a uma infração penal (crime ou contravenção); o É possível que haja violência contra a mulher sem que haja cometimento crime ou contravenção; o Exemplo: adultério; o A medida protetiva deve ser concedida quando houver situação de violência, AINDA QUE os fatos não correspondam a crime ou contravenção: A lei Maria da Penha não é uma lei penal e a medida protetiva é autônoma, não está vinculada à existência de inquérito ou tramitação de ação penal; Violência física: (Contravenção < Lesões Corporais < Feminicídio); • Lei 14.188/2021 - programa de cooperação Sinal Vermelho; • X vermelho na mão: qual é a real efetividade? Todo mundo já sabe o que significa, inclu- sive homens; • Incluiu o §13º, art. 129 do CP: Qualificadora da lesão corporal LEVE. o Medidas despenalizadoras: ▪ ANPP – de jeito nenhum, o próprio artigo 28-A não é aplicável nem a crimes praticados com violência nem aos casos de violência doméstica; ▪ Transação – não, pena máxima acima de 02 anos; ▪ Suspensão condicional do processo: • Incabível DENTRO do ambiente doméstico ou familiar (art. 41 da lei 11.340/06); • FORA do ambiente doméstico ou familiar, mas por razões da condição do sexo feminino: em tese, cabe sim, pois não há vedação expressa e nem é o caso de incidência do art. 41 (analogia in malam partem); Lesão Leve Comum (129, caput) No ambiente doméstico e familiar (§9º) Podem ser vítimas homens Causa de aumento Contra a mulher por razões da condição do sexo feminino (§13º) Qualificadora o Representação: ▪ DENTRO do ambiente doméstico ou familiar (art. 41 da lei 11.340/06): IN- CONDICIONADA; ▪ FORA do ambiente doméstico ou familiar, mas por razões da condição do sexo feminino: CONDICIONADA (admite aplicação da 9.099/95) Violência psicológica: • Na prática, é mais comum que a física; o Violação da intimidade – acrescentada pela lei nº 13.772, de 2018; • Antes da lei 14.188/2021, podia se manifestar por meio da ameaça, constrangimento ilegal, stalking; • Tipificada em 2021: art. 147-B, CP; Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, cons- trangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave.” • Foi inserido na parte de crimes contra a liberdade individual; • Bem jurídico tutelado: vida livre de violência, tanto na esfera pública como na esfera pri- vada. (Convenção de Belém do Pará, art. 3º); • Medidas despenalizadoras: o ANPP: Não. Dentro do contexto de violência doméstica, é vedado pelo próprio 28-A. Fora do contexto de VD, não cabe pois é IMPO; o Transação e Suspensão Condicional do Processo: ▪ Dentro do contexto de violência doméstica e familiar: NÃO CABE; ▪ Fora do contexto de violência doméstica e familiar: É possível; • Sujeitos: o Ativo: crime comum; o Passivo: crime próprio (mulher). Conceito jurídico de mulher, abrangeria mulher trans; • Elemento subjetivo: o Conduta: Dolosa; o Resultado: dolo ou culpa (preterdoloso); ▪ A perseguição por um resultado doloso deve ser levada em conta na dosime- tria da pena; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art147b • Construção do tipo penal: o O legislador começou o tipo indicando o resultado (causar dano emocional) e elen- cou condutas executivas exemplificativas (como pode ser causado); o Permite a interpretação analógica (exemplos seguidos de uma fórmula genérica); o Edificado a partir do art. 7º, II, da Lei 11.340/06; o Problema: sobreposição de condutas – a ameaça pode ser meio de praticar tanto o stalking e a violência psicológica; Art. 147-A, CP (stalking) Art. 7º, II, LMP Art. 147-B (Violência psicológica) Art. 147-A. Perseguir alguém, reiterada- mente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restrin- gindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, inva- dindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. II - a violência psicológica, enten- dida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e dimi- nuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno de- senvolvimento ou que vise degra- dar ou controlar suas ações, com- portamentos, crenças e decisões, medianteameaça, constrangi- mento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz (stalking), insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, explora- ção e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a con- trolar suas ações, comporta- mentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constran- gimento, humilhação, mani- pulação, isolamento, chanta- gem, ridicularização, limita- ção do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodetermina- ção: • Ação penal: pública incondicionada (lei foi silente); • Conflito aparente de normas: o Princípio da subsidiariedade (expressa – se não constituir crime mais grave); o Lesão à saúde psicológica (patologia): Lesão corporal; o Pode absorver ameaça, constrangimento ilegal, vias de fato; o Stalking x Violência psicológica: análise importante pois seguem regimes jurídicos diferentes (ação penal pública condicionada x incondicionada); ▪ É possível o concurso de crimes quando as condutas forem praticadas em contextos distintos; ▪ Se praticados no mesmo contexto fático: o stalking absorve a violência psico- lógica. Se a vítima NÃO quiser representar pelo stalking, é possível que o promotor denuncie pela violência psicológica (incondicionada); Stalking Violência psicológica Conduta Vigilância constante, persegui- ção contumaz e violação de inti- midade Constrangimento, humilhação, mani- pulação, isolamento, chantagem e ridi- cularização, quando gerarem danos emocionais Ação pública Condicionada Incondicionada Habitualidade (segundo RSC) Exige-se reiteração (crime habi- tual) Dispensa a reiteração; Habitual impróprio: a consumação dis- pensa a habitualidade, mas, se houver reiteração, será considerada dentro de uma conduta única; Resultado natura- lístico Não exige resultado específico, mas ameaça à integridade fí- sica/psíquica; restrição à capa- cidade de locomoção ou inva- são ou perturbação à esfera de liberdade ou privacidade; Exige-se a efetiva existência de danos emocionais; • Consumação: CRIME MATERIAL, com o efetivo dano emocional à vítima; o Cabível a tentativa, em tese; o Prova do resultado: depoimento da ofendida, testemunhas. Dispensa laudos técni- cos (médicos, psicológicos), mas pode ser comprovado por meio de documentos dessa natureza; o Divergência na consumação: ▪ (R. Sanches Cunha): NÃO EXIGE habitualidade1. • Na prática, é mais comum de forma habitual, mas o tipo não exige rei- teração; • Crime HABITUAL IMPRÓPRIO: Não exige habitualidade, mas a habi- tualidade configura crime único (valoração negativa da conduta habi- tual deve ser feita na dosimetria) ▪ (R. Greco): Crime habitual; o Individualização das condutas na denúncia: não sendo possível a individualização de cada ato, considera-se como conduta única, sendo suficiente a indicação do perí- odo aproximado em que esses atos foram praticados (RHC 129.490, STJ); o Prescrição: regulada com base no último ato; • Dano psíquico x Violência psicológica: Psíquico Psicológico Causa patologia médica (depressão, ansiedade, síndrome do pânico) E se a vítima já tem alguma patologia? Se o agente agrava o quadro clínico preexistente, tam- bém pratica LC (concausa preexistente) Não causa patologias somáticas; sofrimento não qualificável como doença. Crime de LESÃO CORPORAL Crime de violência psicológica Exige-se perícia Não há como realizar perícia • Âmbito de aplicação: não se restringe ao campo doméstico e familiar – esfera religiosa, la- borativa, comunitária; Violência Sexual: • Obrigar a utilizar determinado método contraceptivo ou impedir que utilize: pode configurar, no mínimo, constrangimento ilegal; 1 Exemplo: Uma dispensa de emprego que é feita mediante humilhação à funcionária; Violência Patrimonial: • É possível a aplicação de escusas absolutórias nos contextos de violência doméstica e fa- miliar? SIM. o STJ: RHC 42.918; ▪ A lei Maria da Penha não revogou nem expressa nem tacitamente o artigo 181 do CP; ▪ As escusas devem ser aplicadas sob pena de flagrante violação à isonomia: a mulher que furta o marido seria privilegiada e o objetivo da lei Maria da Pe- nha é a proteção da mulher vítima, não da mulher criminosa; ▪ Analogia in malam partem; o Há divergência de posicionamentos – Maria Berenice Dias; Violência Política • O artigo não visa punir a discriminação por cor, raça ou etnia em uma amplitude geral: é específico para situações que tenham por vítima a mulher candidata ou detentora de man- dato eletivo; Violência Tecnológica: • Aplicativos de emprego cujo algoritmo pretere mulheres, principalmente de idade mais avançada, com filhos; Atuação da autoridade policial: • Art. 10: adoção das providências legais cabíveis; o Lei 13.964/19 – acentuou a importância da cadeia de custódia (art. 6º, CPP): Pre- servação do local; o Perito oficial como guardião PREFERENCIAL dos vestígios: Contudo, dentro do contexto de pandemia, o Estado deve atribuir a mulher esse papel de confiança; • Lei 14.022: manteve a prioridade da realização de ECD nos casos de violência doméstica e familiar; • Quem é a autoridade policial do art. 10? Só o delegado da PC ou o da PF? o A PF também está incluída no art. 10 da LMP; o A polícia policial pode investigar crimes elencados na lei 10.446/022 sem que isso os transforme em crimes de competência federal; o A lei 13.642/02 alterou a redação do art. 1º da Lei 10.446/02 para incluir no rol de atribuições da polícia federal a competência para investigar “quaisquer crimes prati- cados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres.” Atendimento da mulher vítima no âmbito policial: • Revitimização da vítima de violência doméstica: Art. 10-A, §1º, III, LMP; o Depoimento sem dano – o art. 10-A, §2º dispõe sobre as diretrizes para a colheita de um depoimento sem revitimização; o Esse procedimento deve ser adotado PREFERENCIALMENTE, sempre que possí- vel – o legislador reconhece, por óbvio, a falta de estrutura para implementação ime- diata; • Providências assistenciais: Art. 11; o Assistência jurídica: prevista no Inciso V, incluído em 2019 - O delegado tem a obri- gação de informar sobre os direitos e o juiz tem a obrigação de encaminhar à ofen- dida a órgão de assistência judiciária; • Atuação da autoridade policial: Art. 12; o Tomada da representação: crimes como ameaça, estelionato, dano, stalking; o Novidade de 2019: Verificar a existência de posse ou porte de arma de fogo e juntar essa informação – viabilizar que o juiz determine a apreensão da arma (art. 18, IV); ▪ Se houver arma não legalizada: a autoridade policial pode realizar a busca e apreensão sem a necessidade de autorização judicial; ▪ O inciso se aplica normalmente ainda se for policial; o Informar sobre deficiência (se a mulher já tinha deficiência, se a violência acarretou deficiência ou agravou quadro clínico preexistente) – vulnerabilidade acentuada; • Importância de Delegacias especializadas – art. 12-A: concretiza um mandado internacio- nal do art. 8º, “c”, da Convenção de Belém do Pará; o É essencial identificar o ciclo de violência e interrompê-lo antes da ocorrência de fe- minicídios; • Requisição de serviços públicos (12-B, §3º): natureza de ordem, sob pena de crime de de- sobediência; Afastamento do Lar (12-C): • Antes da lei 14.188/2021 – o afastamento só era autorizado quando houvesse risco à vida ou à integridade física; 2 Dispõe sobre infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão uniforme, paraos fins do disposto no inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição. • Após a lei 14.188/2021 – passou a ser autorizado nos casos de risco à vida ou à integri- dade física ou psicológica; • Quem determina o afastamento? Em primeira análise, o juiz. Contudo, a lei 13.827 abriu algumas exceções, que só são autorizadas, sucessivamente: o Quando o Município não for sede de comarca – pelo delegado; o Quando não for sede de comarca e não houver delegado – qualquer policial (RSC defende que o termo deve ser interpretado em sentido amplo para incluir também a guarda municipal); • ADI ajuizada pela associação dos magistrados questionando a reserva de jurisdição – não foi deferida liminar, conclui-se pela presunção de constitucionalidade; Medidas protetivas: • Excetuado o afastamento do lar, todas as outras só podem ser determinadas pela autori- dade JUDICIAL; • Rol meramente exemplificativo (entre outras) – pelo poder geral de cautela, o juiz pode fi- xar outas medidas; • Devem observar: o fumus commissi delicti: é a demonstração da existência de indícios de que houve violência doméstica contra a mulher. o periculum libertatis: é a existência de um risco à vítima ou a terceiros caso a medida protetiva não seja imediatamente concedida. • A medida protetiva decai se não for ajuizada a ação principal? PREVALECE QUE NÃO. A MP perdura enquanto for necessária. Se o agressor entender que é desnecessária, deve produzir prova; • Independe de IPL ou AP preexistentes e pode ser concedida ainda que não haja fato tí- pico, desde que o fundamento seja a violência contra a mulher (art. 7º); • Recurso cabível: o recurso depende da natureza da medida: o Decisão CÍVEL – cabe agravo; o Decisão PENAL – Rese; o ENUNCIADO 73, MP/SP: O recurso cabível da decisão que indefere ou revoga me- dida protetiva de urgência vinculada a inquérito policial ou processo criminal é o re- curso em sentido estrito. Na hipótese de medida protetiva autônoma ou cível o re- curso cabível é o agravo de instrumento. o Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida prote- tiva de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência do- méstica e familiar. STJ. 5ª Turma. HC 298499-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 1º/12/2015 (Info 574). Medidas protetivas Que obrigam o agressor (art. 22) Medidas direcionadas para a vítima (art. 23) Proteção ao patrimônio da vítima (art. 24) Podem ser concedidas de maneira cumulativa, desde que pertinentes • Consequências do descumprimento: o Caracterização do crime de descumprimento (24-A, LMP); ▪ Só quando determinada pelo juiz (ou seja, se concedida pelo delegado e des- cumprida antes da homologação pelo juiz, não configura 24-A. Pode eventu- almente configurar desobediência); ▪ Tanto faz se o juiz que deferiu é cível ou criminal; ▪ É IMPO? • 1ª corrente: SIM, pois não seria crime contra a mulher, mas contra a administração da justiça. Aplicável a lei 9.099 e todos os seus reflexos; • 2ª corrente: NÃO, pois é um crime contra a mulher, que volta a ficar exposta a riscos. Inaplicável a lei 9.099/95 em razão do art. 41 da LMP; o O fato de impossibilidade de concessão de fiança pelo delegado corrobora com a teses porque é uma característica incompatível com uma IMPO; o Pode ser motivo para decretação de prisão preventiva; ▪ Art. 20, LMP c/c 313, III, CP; ▪ Violência doméstica e familiar NÃO APENAS contra a mulher; ▪ Pode ser decretada DE OFÍCIO? O art. 20 preconiza que é possível tanto na fase de IPL quanto da ação penal. Houve revogação tácita desse artigo? • 1ª Corrente: Princípio da Especialidade. A LMP é lei especial em rela- ção ao CP (para fase objetiva); o Nota Técnica 5/2021 - Possibilidade de decretação da pri- são cautelar ex officio nos casos de violência doméstica (TJDFT); • 2ª Corrente: não pode decretar de ofício. Em primeiro lugar, o sistema acusatório não pode ser mitigado na lei Maria da Penha. Em segundo lugar, a redação do art. 20 só reproduz a redação antiga do CPP. ▪ Preventiva e contravenção (vias de fato): Vide link Art. 22 Art. 23 Art. 24 I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao ór- gão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ; II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus fa- miliares e das testemunhas, fixando o li- mite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familia- res e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe I - encaminhar a ofen- dida e seus dependen- tes a programa oficial ou comunitário de prote- ção ou de atendimento; II - determinar a recon- dução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor; III - determinar o afasta- mento da ofendida do lar, sem prejuízo dos di- reitos relativos a bens, guarda dos filhos e ali- mentos; IV - determinar a sepa- ração de corpos. V - determinar a matrí- cula dos dependentes I - restituição de bens in- devidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de com- pra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autoriza- ção judicial; III - suspensão das pro- curações conferidas pela ofendida ao agressor; IV - prestação de caução provisória, mediante de- pósito judicial, por perdas e danos materiais decor- rentes da prática de vio- lência doméstica e fami- liar contra a ofendida. https://www.tjdft.jus.br/institucional/administracao-superior/vice-presidencia/centro-de-inteligencia/notas-tecnicas/2021-1/nota-tecnica-5-2021.pdf/view https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2018/09/29/632-e-incabivel-prisao-preventiva-em-contravencoes-penais-no-ambito-da-violencia-domestica/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. VI – comparecimento do agressor a pro- gramas de recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020) VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento indivi- dual e/ou em grupo de apoio. (Inclu- ído pela Lei nº 13.984, de 2020) da ofendida em institui- ção de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transfe- rência deles para essa instituição, independen- temente da existência de vaga. (Inclu- ído pela Lei nº 13.882, de 2019) Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. Lei 9.099 (art. 41) x Inaplicabilidade: • Inaplicáveis os seguintes institutos: o Composição civil, transação, SCP; o Termo Circunstanciado; o Representação em lesão leve; • Os crimes que seguem o regime jurídico da LMP não são processados no JECRIM; • Súmulas 536 e 542, STJ; • Contravenção penal: o 1ª corrente (majoritária): Não se aplica a lei 9.099/95 – vide súmulas 589 e 588 do STJ. Interpretação teleológica – a palavra crime inclui contravenções; o 2ª corrente: Aplicável a lei 9.099/95; ANPP e violência doméstica: • Art. 28-A, §2º, IV, CPP – dentro do ambiente doméstico/familiar, incabível o ANPP inde- pendentemente do sexo da vítima; • ATENÇÃO: fora do âmbito doméstico e familiar, não será cabível quando for crime contra a mulher por razão do sexo feminino; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L13984.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13882.htm#art2
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