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Projeto de iluminação a influencia no trabalho

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Brazilian Journal of Development 
 
 Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 11, p.91493-91512, nov. 2020. ISSN 2525-8761 
 
 
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OS IMPACTOS DA ILUMINAÇÃO SOBRE A SAÚDE E O CONFORTO EM 
EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS 
 
THE IMPACTS OF LIGHTING ON HEALTH AND COMFORT IN OFFICE 
BUILDINGS 
 
DOI:10.34117/bjdv6n11-529 
Recebimento dos originais: 19/10/2020 
Aceitação para publicação: 25/11/2020 
 
 
Sheila Regina Sarra 
Doutora, Universidade de São Paulo 
Instituição: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Departamento de Tecnologia 
Endereço: Rua do Lago 876, Cidade Universitária, 05508- 05508-080 São Paulo, SP, Brasil. 
E-mail: sheila_sarra@hotmail.com 
 
Roberta Consentino Kronka Mülfarth 
Professora Doutora, Universidade de São Paulo 
Instituição: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 
Departamento de Tecnologia, 
Endereço: Rua do Lago 876, Cidade Universitária, 05508- 05508-080 São Paulo, SP, Brasil 
 E-mail: rkronka@usp.br 
 
 
 
RESUMO 
Neste estudo discute-se como os problemas de iluminação presentes em edifícios de escritório são 
capazes de afetar a saúde e o conforto dos usuários. Partiu-se de uma análise integrada de dados sobre 
a arquitetura do edifício, o projeto do escritório, o projeto de iluminação, as condições ergonômicas e 
as avaliações físicas de conforto ambiental. Esses dados foram integrados com os resultados das 
avaliações das percepções dos usuários sobre suas condições de saúde e de conforto. Ao final do estudo, 
foi possível concluir que os problemas de iluminação se associaram com frequência a vários sintomas 
desagradáveis, especialmente irritação nos olhos, e a queixas de desconforto causadas por ofuscamento. 
Conclui-se que, para se atingir uma compreensão mais aprofundada dos problemas de iluminação, foi 
preciso integrar os dados sobre o ambiente físico com os dados da pesquisa da percepção dos usuários. 
Neste último aspecto, a aplicação de questionários aos usuários da edificação mostrou-se fundamental 
para identificar os reflexos dos problemas de iluminação. 
 
Palavras-Chave Conforto ambiental, iluminação, saúde. 
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ABSTRACT 
The article discusses how lighting problems can affect users’ health and comfort in office buildings. 
Beginning with data from building architecture, office project, lighting project, ergonomic conditions 
and ambiental comfort assessment, it was possible to obtain a comprehensive overview of the physical 
environment that was integrated with users’ information about their health and comfort conditions.. At 
the end of the study, it was possible to conclude that lighting problems were frequently associated with 
various unpleasant symptoms, especially eye irritation, and with discomfort complaints caused by 
glare. We concluded that to achieve a better understanding of the lighting problems it was necessary to 
integrate all the information about physical environment with the users’ opinion on health and comfort 
conditions. On this last point, the application of questionnaires to the building users was essential to 
identify the negative impacts of lighting problems. 
 
Keywords Environmental comfort, lighting, health. 
 
Introdução 
Ao rever a bibliografia sobre metodologia de avaliação de conforto lumínico percebe-se que 
existe uma grande diversidade de abordagens, faltando, porém, desenvolver uma visão integrada capaz 
de articular todos os dados, incluindo a arquitetura do edifício, o projeto arquitetônico do escritório , o 
projeto de iluminação, a avaliação ergonômica, as avaliações físicas de conforto ambiental e as 
pesquisas de opinião dos usuários sobre suas condições de saúde e de conforto. Falta, portanto, uma 
visão mais abrangente e integrada da situação, interligando todas as dimensões das avaliações, de forma 
a propiciar uma compreensão mais aprofundada das relações entre arquitetura, ambiente luminoso e 
percepções dos usuários. 
Diversos autores realizaram estudos sobre as repercussões do projeto de iluminação sobre a 
saúde, o conforto, a produtividade e a segurança dos usuários das edificações. Segundo Boubekri (2008, 
p. 53-62), a luz é capaz de afetar o organismo humano de diversas formas, influenciando o 
funcionamento do sistema endócrino, o ritmo circadiano, a síntese de vitamina D e o estado emocional. 
A falta de exposição à luz natural pode desencadear quadros de depressão e desordens afetivas. Estudos 
de Smolders et al. (2013) também confirmaram que a exposição à luz natural durante o dia é importante 
para a vitalidade das pessoas. A privação da luz natural está associada a sensação de fadiga, falta de 
motivação e distúrbios afetivos. 
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Aries et al. (2013) salientam que, apesar da necessidade dos seres humanos de se expor 
periodicamente à luz do sol, vem ocorrendo uma redução das oportunidades em função do tempo 
prolongado que se passa nos ambientes fechados de escritórios. Para Bellia, Fragliasso e Stefanizzi 
(2017), o aproveitamento da luz natural nos ambientes de trabalho pode trazer impactos positivos sobre 
o desempenho visual e sobre as condições psicológicas dos funcionários, porém, é preciso evitar a 
ocorrência de ofuscamento. Szokolay (2008) refere que a fadiga visual pode ser causada tanto pelo 
excesso de luz (direta ou refletida), como também pela ocorrência de contrastes acentuados na área do 
campo visual. 
Segundo Vanderlei et al. (2019), a preocupação com a iluminação natural também ocorre nos 
ambientes de salas de aula, sendo um fator capaz de afetar o desempenho dos alunos e a produtividade 
dos professores. Para os autores, o bom desempenho da iluminação natural depende de um projeto 
cuidadoso de fachada, que consiga equacionar a área e a orientação das aberturas com as proteções 
externas mais indicadas. Estudos de simulação computacional realizados por Santana et al. (2020) em 
salas de aula mostraram que o aproveitamento da luz natural também pode trazer aumento da eficiência 
energética, agregando sustentabilidade ao projeto da edificação. Os autores concluem que o uso de 
técnicas de arquitetura bioclimática para o aumento da eficiência energética de edificações é 
perfeitamente viável e recomendável, sendo necessário, porém, controlar a distribuição da luz para 
evitar ofuscamento. 
Para Day et al. (2019), a introdução da luz natural nos ambientes de trabalho tem um grande 
potencial de reduzir o consumo energético e trazer benefícios aos usuários, mas é necessário que o 
projeto tenha qualidade técnica para que não ocorram repercussões negativas sobre o conforto e a 
saúde. Segundo os autores, um projeto de iluminação que contemple a iluminação natural deve atender 
aos seguintes fatores: 1) níveis adequados de luz para as tarefas; 2) boa distribuição da luz; 3)controle 
de ofuscamento; 4) integração entre iluminação natural e artificial para promover economia energética; 
5) estímulo adequado do ritmo circadiano dos ocupantes; 6) vistas de qualidade; 7) manter os limites 
da área envidraçada; 8) controle adequado dos ganhos térmicos. 
Segundo Ding (2018), diversos tipos de dispositivos de sombreamento, tanto internos ou 
externos, podem ser usados para controlar a entrada de luz natural e evitar a entrada de luz solar direta. 
O autor também cita os sistemas de redirecionamento e refletem da luz natural para garantir melhor 
distribuição interna. Iwata et al. (2017) apontam o uso de cortinas automatizadas para prevenção de 
ofuscamento e o emprego de sistemas de integração entre iluminação natural e artificial por meio de 
dispositivos de dimerização e sensores de luz. 
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Estudos de Konstantzos et al. (2015) assinalam que o grande desafio do planejamento das 
aberturas da fachada está em buscar um equilíbrio entre proporcionar vistas para o exterior, permitir a 
entrada de luz natural e controlar o ofuscamento. 
Ruffles (2005) destaca que os níveis de iluminância em um ambiente não dependem apenas 
da potência das fontes luminosas. O layout das estações de trabalho, as refletâncias dos materiais de 
revestimento, o tamanho e a disposição das luminárias também são importantes. 
Para os trabalhos em computadores, Benedetto et al. (2014) tratam dos efeitos do aumento dos 
níveis de luminância e de iluminância sobre a incidência de fadiga visual e sobre a produtividade em 
trabalhos de leitura no computador. 
Shikder et al. (2012) discutem que a população acima de 65 anos vem aumentando e os locais 
de trabalho precisam se adaptar às suas necessidades específicas. 
Por meio de estudos de luminância, Kwong (2020) aponta a necessidade de prevenir o 
desconforto visual nas áreas situadas próximo à fachada. Em suas avaliações, o autor calculou o DGI 
(Daylight Glare Index) a partir das medidas de luminância e comparou com as percepções dos usuários 
obtidas por meio da aplicação de questionários. O autor concluiu que diversos fatores subjetivos podem 
afetar as percepções dos usuários, mostrando a importância de confrontar todos os dados das 
avaliações. 
Os impactos dos contrastes de luminância também foram objeto de estudo de W. Kim e J. Kim 
(2010) por meio dos cálculos do DGI a partir da fórmula de Hopkinson (1). Segundo os autores, o 
desconforto torna-se mais intenso quando a luminância do entorno fica menor, exacerbando o contraste 
com a luminância na área da fonte de luz. 
 
 
 
Em relação aos parâmetros adotados pelas normas de avaliação de conforto lumínico, o mais 
conhecido é o nível de iluminância. A NBR 8995-1:2013 - Iluminação de ambientes de trabalho – Parte 
1: Interior estabelece níveis recomendados de iluminância para a área da tarefa e para a área do entorno 
imediato. Com relação à uniformidade, a norma recomenda valores mínimos de 0,7 para a área da 
tarefa e de 0,5 para o entorno imediato. A Norma Europeia EN 12464-1:2019 Light and lighting - 
Lighting of workplaces Part 1: Indoor workplaces também estabelece níveis recomendados de 
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iluminância e de uniformidade para a área da tarefa e para a área do entorno imediato, propondo que a 
área de fundo tenha níveis de iluminância correspondentes a 1/3 do valor do entorno imediato. 
Segundo Cole et al. (2008), as questões de conforto precisam ser reavaliadas à luz das 
necessidades de redução dos impactos sobre o meio ambiente, oferecendo mais oportunidades 
adaptativas aos usuários das edificações. Os autores salientam que o desempenho de um edifício não 
está predeterminado pelo processo de design, dependendo da forma de uso e do comportamento dos 
usuários. 
METODOLOGIA 
Este artigo apresenta um estudo de avaliação das condições de conforto lumínico em sete 
escritórios situados na Cidade de São Paulo. A metodologia empregada compreendeu sete etapas de 
avaliação, sendo cinco referentes à avaliação do ambiente físico e duas referentes à avaliação das 
percepções dos usuários da edificação. Ao final, todos os dados foram confrontados e analisados 
conjuntamente (Figura 1). 
 
ETAPAS DA METODOLOGIA 
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE 
FÍSICO 
AVALIAÇÃO DA ARQUITETURA DO EDIFÍCIO 
AVALIAÇÃO DO PROJETO DO ESCRITÓRIO 
AVALIAÇÃO DO PROJETO DE ILUMINAÇÃO 
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO TRABALHO 
AVALIAÇÕES FÍSICAS DE CONFORTO 
LUMÍNICO 
AVALIAÇÃO DA 
PERCEPÇÃO DOS 
USUÁRIOS 
PERCEPÇÃO DE CONFORTO 
PERCEPÇÃO DE SAÚDE (SINTOMAS 
RELACIONADOS AO TRABALHO) 
ANÁLISE CONJUNTA CONFRONTO DE TODOS OS DADOS 
Figura 1- Etapas da metodologia 
Fonte: elaborado pelo autor 
 
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AVALIAÇÃO DA ARQUITETURA DO EDIFÍCIO 
 Nesta etapa foram verificados os seguintes aspectos: projeto arquitetônico do edifício, 
implantação, entorno, planta do pavimento-tipo e características da fachada. 
AVALIAÇÃO DO PROJETO DO ESCRITÓRIO 
 Nesta etapa de avaliação, foram pesquisados: tipologia, densidade de ocupação, layout das 
estações de trabalho, materiais de revestimento. 
AVALIAÇÃO DO PROJETO DE ILUMINAÇÃO 
 Compreende a avaliação dos projetos de iluminação natural, artificial e os recursos 
utilizados para a integração entre ambos. 
No que diz respeito à iluminação natural foram avaliados os mecanismos de controle (internos e 
externos) e a ocorrência de ofuscamentos. 
 Quanto à iluminação artificial, foram avaliados os tipos de luminárias e de lâmpadas 
utilizadas, as opções de controle dadas aos usuários e as condições de limpeza e manutenção. 
Também foi avaliada a presença ou não de mecanismos de integração da iluminação artificial com a 
luz natural por meio de sensores de luz e dimerização e o oferecimento de possibilidades de controle 
aos usuários. 
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO TRABALHO 
 A Avaliação Ergonômica do Trabalho (AET) foi realizada de acordo com a metodologia 
proposta pela Escola Europeia, tendo por objetivo a análise das condições reais de trabalho. Para isto, 
as avaliações foram organizadas em três etapas consecutivas: Análise da Tarefa, Análise da Atividade 
e Conclusão. Na Análise da Tarefa verifica-se o que é prescrito para ser feito, os equipamentos 
utilizados, as estações de trabalho e as condições de conforto ambiental. Na Análise da Atividade 
observa-se o comportamento do trabalhador nas condições reais. Para chegar à conclusão da avaliação 
ergonômica procurou-se associar todas informações de forma a criar uma visão conjunta e integrada. 
AVALIAÇÕES FÍSICAS DE CONFORTO LUMÍNICO 
 Compreenderam avaliações quantitativas e qualitativas. As avaliações quantitativas tiveram por 
objetivo medir a iluminância total nos planos de trabalho. As medições foram realizadas com 
Luxímetro marca HOMIS modelo 630, escalas de 1, 10 e 100, leitura de 0 a 200.000 Lux, precisão 
3%. Os valores de iluminância medidos foram comparados com os níveis recomendados na NBR 
ISO/CIE 8995-1:2013 - Iluminação de ambientes de trabalho. Como a norma não especifica o sistema 
de iluminação, optou-se por medir a iluminância total, composta pela soma da luz natural e artificial. 
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 Nas avaliações qualitativas, verificou-se a distribuição da luz, pesquisando a ocorrência de 
ofuscamentos e de sombreamentos A presença de vistas para o exterior também foi avaliada, buscando 
o atendimento às necessidades subjetivas dos ocupantes. 
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE CONFORTO DOS USUÁRIOS 
 Nos estudos sobre qualidade ambiental, as percepções dos usuários são muito importantes, pois 
refletem a sua forma de sentir o edifício em seus contextos subjetivo e objetivo. Para isto, foram 
aplicados questionários estruturados de múltipla escolha. Todos os respondentes concordaram em 
participar da pesquisa e tiveram o sigilo preservado, conforme protocolo aprovado na Plataforma 
Brasil. 
 O questionário contém perguntas sobre iluminação geral, natural e artificial e sobre problemas 
de ofuscamento (Figura 2). 
Figura 2- Avaliação da percepção de conforto dos usuários 
 
Pesquisa de opinião sobre iluminação 
Importante: O sigilo do respondente será preservado 
Como considera a iluminação geral? Péssima Ruim Satisfatória Boa Excelente 
Como considera a iluminação natural? Péssima Ruim SatisfatóriaBoa Excelente 
Como considera a iluminação 
artificial? 
Péssima Ruim Satisfatória Boa Excelente 
Existem problemas de ofuscamento? Sempre Muito Médio Pouco Nunca 
 
Fonte: elaborado pelo autor 
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE SAÚDE DOS USUÁRIOS 
 Foram aplicados questionários, segundo protocolo aprovado na Plataforma Brasil, em que os 
respondentes concordaram em participar da pesquisa e tiveram o sigilo preservado. Foram pesquisados 
sintomas gerais e sintomas relacionados aos olhos (Figura 3). O objetivo da pesquisa dos sintomas foi 
o de relacionar os problemas de saúde com as condições presentes no ambiente físico dos escritórios. 
Procurou-se direcionar a análise dos resultados para um raciocínio integrado, colocando em evidência 
as repercussões das condições do espaço físico sobre as condições de saúde e de conforto relatadas 
pelos usuários. 
 
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Figura 3- Sintomas pesquisados nas avaliações de saúde 
 
SINTOMAS GERAIS 
CEFALEIA 
TONTURA 
CANSAÇO 
SONOLÊNCIA 
FALTA DE CONCENTRAÇÃO 
ESTRESSE 
SINTOMAS OCULARES 
IRRITAÇÃO 
SECURA 
VERMELHIDÃO 
Fonte: elaborado pelo autor 
CARACTERIZAÇÃO DOS ESCRITÓRIOS AVALIADOS 
Os escritórios estudados estão localizados na Cidade de São Paulo, em edifícios com 
arquitetura variada, construídos a partir de 1950. Foram avaliados 3 escritórios situados em edifícios 
modernistas que passaram por ações de reabilitação, 3 escritórios em edifícios contemporâneos com 
certificação de sustentabilidade e 1 escritório em edifício com projeto arquitetônico voltado para 
oferecimento de bem-estar por meio de espaços humanizados (edifício de poucos pavimentos, 
integrado com áreas verdes e espaços de .convivência e lazer) 
Suas tipologias foram classificadas segundo a forma predominante de acordo com Harrison, 
Wheeler e Whitehead (2004). Há quatro escritórios com predomínio de tipologia aberta (57%) e três 
com tipologia combinada (43%). As plantas, o pavimento e a metragem dos escritórios avaliados 
podem ser vistos na Figura 4. 
Figura 4 – Plantas e dados dos escritórios avaliados 
 
Escritório A - Pavimento 15, Área = 675m² 
 
Escritório E - Pavimento 3, Área = 582 m² 
 
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Escritório B - Pavimento 1, Área = 675 m² 
 
Escritório F - Pavimento 5, Área = 582m² 
 
Escritório C - Pavimento 7, Área = 570 m²
 
Escritório G - Pavimento 12, Área = 60 m² 
 
Escritório D - Pavimento 2, Área = 91 m²
 
 
Fonte: elaborado pelo autor 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ANÁLISE CONJUNTA DOS RESULTADOS DO ESTUDO 
ARQUITETURA DO EDIFÍCIO E PERCEPÇÃO DE CONFORTO 
 A Figura 5 mostra os resultados do confronto de dados sobre a arquitetura do edifício com as 
pesquisas de percepção de conforto pelos usuários. 
Figura 5 - Relação da arquitetura do edifício com a pesquisa de opinião sobre conforto 
 Arquitetura do edifício 
Percepção de 
conforto 
 Estilo 
Tipo de 
planta 
Proporção 
de vidro na 
fachada 
Tipo de 
vidro 
Proteções 
passivas 
externas 
Iluminação 
natural 
A Modernista 
Estreita 
Retangular 
70% Simples 
Brise de 
alumínio 
60% ofuscamento 
25% insatisfeitos 
B Modernista 
Estreita 
Retangular 
70% Simples 
Brise de 
alumínio 
44% ofuscamento 
18% insatisfeitos 
C 
Contemporânea 
Leed Core & Shell 
Prata 
Estreita 
Retangular 
50% 
Controle 
solar 
Ausente 
40% ofuscamento 
14% insatisfeitos 
D 
Arquitetura com 
padrão humanizado 
Estreita 
Retangular 
75% Simples 
Tela 
metálica 
(parcial) 
86% ofuscamento 
30% insatisfeitos 
E 
Contemporânea 
Leed Core & Shell 
Quadrada 50% 
Controle 
solar 
Ausente 
39% ofuscamento 
11% insatisfeitos 
F 
Contemporânea 
Leed Core & Shell 
Quadrada 50% 
Controle 
solar 
Ausente 
36% ofuscamento 
3% insatisfeitos 
G Modernista 
Profunda 
Retangular 
50% Simples Ausente 
25% ofuscamento 
0% insatisfeitos 
Fonte: elaborado pelo autor 
A análise da Figura 5 mostra elevada proporção de queixas de ofuscamento e maior 
insatisfação com a iluminação natural nos Escritórios A, B e D. Esse resultado está relacionado com 
os seguintes fatores: 
 Maior proporção da área envidraçada na fachada 
 Uso de vidro simples na fachada. 
 Planta retangular e estreita. 
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Apesar de haver brises horizontais nos Escritórios A e B, eles são de alumínio e de pequenas 
proporções, mostrando-se insuficientes para controlar a entrada de luz natural. No Escritório D, a tela 
metálica recobre apenas uma parte da fachada. 
Com relação à orientação das fachadas iluminantes, elas estão voltadas para Noroeste nos 
escritórios A, B e D. Nos Escritórios C, E, F e G, estão voltadas para Nordeste. 
PROJETO DO ESCRITÓRIO E PERCEPÇÃO DE CONFORTO 
A Figura 6 mostra os resultados do confronto de dados sobre projeto do escritório com as pesquisas de 
percepção de conforto pelos usuários. 
Figura 6 - Relação do projeto do escritório com a pesquisa de opinião sobre conforto 
 Projeto do escritório Pesquisa de opinião 
 Tipologia 
Divisão do 
espaço 
Materiais de 
revestimento 
Iluminação natural 
A Combinada 
Sem barreiras à 
luz natural 
Piso: madeira clara 
Teto: branco 
Paredes: branco 
Móveis: branco 
60% ofuscamento 
B 
Aberta 
 
Sem barreiras à 
luz natural 
Piso: madeira clara 
Teto: branco 
Paredes: branco 
Móveis: branco 
44% ofuscamento 
C 
Aberta 
 
Barreiras à luz 
natural em 
vários postos 
Piso: madeira 
Teto: várias cores 
Paredes: várias cores 
Móveis: branco 
40% ofuscamento 
D 
Aberta 
 
Sem barreiras à 
luz natural 
Piso: cerâmica clara 
Teto: branco 
Paredes: branco 
Móveis: várias cores 
86% ofuscamento 
E 
Aberta 
 
Sem barreiras à 
luz natural 
Piso: carpete cinza 
Teto: gelo 
Paredes: bege 
Móveis: várias cores 
39% ofuscamento 
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F 
Aberta 
 
Sem barreiras à 
luz natural 
Piso: carpete cinza 
Teto: gelo 
Paredes: bege 
Móveis: várias cores 
36% ofuscamento 
G 
Combinada 
 
Barreiras à luz 
natural em 1 
posto 
Piso: cerâmica bege 
Teto: creme 
Paredes: várias cores 
Móveis: madeira 
25% ofuscamento 
 
Fonte: elaborado pelo autor 
A elevada proporção de queixas de ofuscamento nos Escritórios A, B e D está relacionada com a 
associação dos seguintes fatores: 
 Uso de materiais de revestimento branco no teto e nas paredes. 
 Mobiliário revestido com material branco de alta refletividade. 
 Ausência de obstruções à propagação da luz natural. 
PROJETO DE ILUMINAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE LUZ 
A seguir são apresentados os aspectos relevantes dos projetos de iluminação natural e 
artificial e os resultados em relação à distribuição de luz. 
Figura 7 - Relação do projeto de iluminação com a distribuição de luz 
 
 Iluminação natural Iluminação artificial Resultados 
 Controle 
Dimerizaçã
o 
Lâmpada 
Manutençã
o 
Distribuição de luz 
A 
Vidro simples 
Brise móvel: aberto 
Persianas: abertas 
Não 
Fluorescen
te tubular 
Adequada 
Alta próximo à 
fachada 
B 
Vidro simples 
Brise móvel: 
fechado 
Persianas: fechadas 
Não 
Fluorescen
te tubular 
Lâmpadas 
queimadas 
Áreas com: 
iluminação 
insuficiente 
C 
Vidro de controle 
solar 
Persiana 
automatizada 
Não LED Adequada 
Alta próximo à 
fachada 
Áreas com: 
iluminação 
insuficiente 
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D 
Vidro simples 
Tela metálica 
Persianas: abertas 
Não LED Adequada 
Muito alta próximo à 
fachada 
Áreas com: 
iluminação 
insuficiente 
E 
Vidro de controle 
solar 
Persianas: 
semiabertas 
Não LED Adequada 
Alta próximo à 
fachada 
F 
Vidro de controle 
solar 
Persianas 
semiabertas 
Não LED Adequada 
Alta próximo à 
fachada 
G 
Vidro simples 
Persianas fechadas 
Não LED Adequada 
Alta próximo à 
fachada 
Áreas com: 
iluminação 
insuficiente 
Fonte: elaborado pelo autor 
A falta de dimerização e integração entre iluminação natural e artificial provocou áreas com 
excesso de luz nas nos escritórios com entrada de muita luz natural. 
Outro problema encontrado foi a falta de manutenção de luminárias com insuficiência de iluminação 
nas áreas afetadas. Nos escritórios com lâmpadas de LED esse problema não foi encontrado, sugerido 
que a vantagem da maior vida útil dessas lâmpadas. 
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA E PERCEPÇÃO DE SAÚDE 
Entre os problemas ergonômicos relacionados com a iluminação, o mais comum foi a presença 
de telas de computadores voltadas para as áreas iluminantes, facilitando a ocorrência de reflexos. Nos 
escritórios em que esta situação se associou a alta incidência de radiação solar na fachada e descontrole 
de entrada de luz natural houve maior incidência de sintomas de irritação dos olhos e de estresse. É o 
caso do Escritório D com 42% de respostas afirmativas em relação a irritação dos olhos e 86% de 
queixa de estresse. 
AVALIAÇÕES FÍSICAS E PERCEPÇÕES DOS USUÁRIOS 
Os principais problemas encontrados nas avaliações físicas foram: 
 Áreas com níveis de iluminância muito elevados, situadas próximo à fachada, 
provocando brilhos excessivos nas superfícies de trabalho. 
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 Áreas com níveis de iluminância insuficientes para as tarefas desempenhadas, 
provocando dificuldades para sua realização. Para trabalhos em computador o nível 
recomendado pela NBR ISO/CIE 8995-1:2013 - Iluminação de ambientes de trabalho é de 500 
Lux. 
 Nessas duas situações ocorreram problemas de desconforto visual. No Escritório D, no horário 
das 15:00 horas, o nível mínimo de iluminância foi de 210 lux e o máximo foi de 40.000 lux, 
dependendo da posição do posto de trabalho. As pesquisas de conforto revelaram 86% de queixas de 
ofuscamento e 30% de avaliação ruim para a iluminação natural. No Escritório C, no horário das 10:00 
horas, o nível mínimo de iluminância foi de 170 lux e o máximo foi de 750 lux, dependendo da posição 
do posto de trabalho. As pesquisas de conforto revelaram 42% de queixas de ofuscamento e 16% de 
avaliação ruim ou péssima para a iluminação artificial. 
ANÁLISE GLOBAL DAS PERCEPÇÕES DE CONFORTO 
Nos sete escritórios avaliados foram aplicados 148 questionários. Desse total, 73 eram do 
sexo feminino (49%). 
O Gráfico 1 mostra os resultados gerais nos sete escritórios avaliados. Nota-se que as 
queixas mais comuns foram de ofuscamento (45%), insatisfação com iluminação natural (14%) e 
insatisfação com iluminação artificial (7%). 
Gráfico 1 – Resultados da pesquisa de percepção de conforto nos sete escritórios avaliados 
 
Fonte: elaborado pelo autor 
As queixas de ofuscamento e a insatisfação com a iluminação natural mostraram relação com 
o projeto de fachada, ocorrendo principalmente nos edifícios em que a proporção de vidro simples 
supera 50% da área da fachada. Essa condição foi encontrada nos Escritórios A, B e D, provocando 
altas incidências de problemas de ofuscamento, mesmo na presença de proteções passivas externas de 
fachada, as quais se revelaram insuficientes para regular a entrada de luz natural. 
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A insatisfação com a iluminação artificial mostrou relação com níveis insuficientes de 
iluminância decorrentes dos seguintes problemas: 
 Falhas no projeto de iluminação 
 Falta de manutenção de luminárias e lâmpadas. 
 Falta de integração entre os projetos de iluminação natural e artificial por meio de sensores de 
luz e recursos de dimerização e automação. 
 
ANÁLISE GLOBAL DAS PERCEPÇÕES DE SAÚDE 
A queixa ocular mais comumente apontada nos 148 questionários aplicados foi de irritação 
nos olhos. Esteve presente em 45% dos questionários dos sete escritórios avaliados. 
Com relação aos sintomas gerais, predominaram as queixas de estresse, presente em 66% dos 
questionários dos sete escritórios avaliados. É um sintoma geral que se associa a diversos fatores, 
incluindo o desconforto visual e a presença de outros sintomas que prejudicam o desempenho na 
realização das tarefas. 
Aa maiores incidências de irritação nos olhos ocorreram nos escritórios C, D e G, conforme 
pode ser observado no Erro! Fonte de referência não encontrada.. 
Nos Escritórios C e G os resultados podem ter relação com os baixos níveis de iluminância 
encontrados em muitas estações de trabalho. No Escritório D, o resultado pode ter relação com os 
elevados níveis de iluminância nas áreas situadas junto à fachada ao lado de áreas com níveis de 
iluminância muito baixos, acentuando os contrastes e dificultando a adaptação do olho. 
Gráfico 2 - Incidência de irritação nos olhos na pesquisa junto aos usuários 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor 
 
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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 Este estudo mostrou que o processo de avaliação da iluminação dos edifícios é um procedimento 
complexo que depende de uma visão integrada de todos os fatores atuantes. Esta forma de análise 
revelou-se muito importante para uma compreensão mais aprofundada da origem dos problemas e para 
a elaboração das medidas corretivas. 
Neste contexto, foi fundamental analisar conjuntamente as informações sobre a arquitetura do 
edifício, o projeto do escritório, a avaliação ergonômica, as avaliações físicas de conforto ambiental e 
os resultados das pesquisas de percepção realizadas junto aos usuários sobre as condições de saúde e 
de conforto. 
Dentro da avaliação da arquitetura do edifício, as relações entre área envidraçada e área total 
da fachada se mostraram muito importantes, repercutindo de forma acentuada sobre o conforto dos 
usuários. Mesmo na presença de dispositivos de sombreamento externos e internos, a elevada 
proporção da área envidraçada em relação à área total da fachada (acima de 50%) se acompanhou das 
maiores frequências de queixas de ofuscamento. O uso de vidro simples na fachada e plantas do 
pavimento-tipo com formato retangular e estreito foram fatores agravantes. 
Observou-se que, em grande parte dos escritórios, as estratégias de controle de entrada de luz 
natural pela fachada não foram suficientes para garantir sua distribuição homogênea e a ausência de 
ofuscamento. Os problemas decorrentes das condições variáveis da iluminação natural também não 
puderam ser resolvidos porque os projetos de iluminação não previram o uso de dispositivos de 
integração da iluminação natural com a iluminação artificial. 
Na avaliação do projeto dos escritórios, a tipologia, a forma de distribuição do espaço e os 
materiais de revestimento tiveram influência relevante sobre os resultados. A alta refletividade dos 
materiais de revestimento favoreceu a ocorrência de brilhos e de ofuscamento. 
Na avaliação do projeto de iluminação, tiveram importância a falta de integração entre os 
projetos de iluminação natural e artificial e as condições de manutenção de luminárias e lâmpadas.Além de propiciar maior conforto lumínico, o uso de sensores de luz e de recursos de automação para 
controle e dimerização das luminárias também oferece um alto potencial de economia energética em 
um país como o Brasil, rico em luz natural. 
Nas avaliações ergonômicas, a disposição das estações de trabalho e dos equipamentos 
revelaram-se de grande importância para o conforto lumínico. As telas de computadores voltadas para 
as aberturas se associaram à maior ocorrência de reflexos e queixas de ofuscamento. 
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Com relação às avaliações físicas ambientais, procurou-se interpretar os resultados de forma 
contextualizada, confrontando com as avaliações da percepção dos usuários. Tendo em vista que o 
conforto ambiental tem componentes subjetivos, sociais, culturais e individuais, foi fundamental 
pesquisar e compreender a percepção dos usuários. 
A busca de sintomas por meio de questionários aplicados aos usuários também foi muito 
valiosa para verificar as consequências dos problemas ambientais sobre a saúde. As queixas de irritação 
nos olhos foram bastante comuns, associando-se tanto à quantidade excessiva de luz e ofuscamento 
como aos baixos níveis de iluminância para as tarefas executadas. 
CONCLUSÕES 
A presente análise traz a oportunidade de discutir os problemas de iluminação com foco na 
saúde e no conforto do usuário. Cuidar da saúde dos usuários dos edifícios é uma medida de grande 
importância, capaz de prevenir patologias incapacitantes, evitar acidentes, garantir a produtividade e 
melhorar a qualidade de vida. Neste sentido, as medidas que visam proporcionar iluminação de 
qualidade são cruciais para a preservação da saúde. As condições de iluminação podem provocar 
reações físicas, mudar o comportamento, afetar as emoções e repercutir sobre o ritmo circadiano. 
Apesar de seus efeitos benéficos, a exposição excessiva à luz natural também pode trazer 
impactos negativos sobre a saúde. A prevenção de diversas patologias depende da limitação da 
exposição a certas faixas da luz natural, especialmente à radiação ultravioleta. Com a redução da 
camada de ozônio, maior proporção de UV-B tem alcançado a superfície da Terra, trazendo mais riscos 
à exposição à luz natural. A regulação da entrada de luz natural é importante para o conforto visual e 
para a prevenção do câncer de pele e de doenças degenerativas do olho. O emprego de dispositivos de 
sombreamento da fachada e de distribuição de luz pode trazer grandes benefícios para os usuários das 
edificações. O desenvolvimento de vidros de controle solar também pode trazer benefícios nesse 
sentido, desde que o seu emprego não inviabilize o uso da ventilação natural. A integração entre a 
iluminação natural e a artificial é, também, uma medida essencial para garantir que haja compensação 
durante as oscilações de luz natural e para promover economia energética. Como já foi mencionado, o 
edifício precisa ser enxergado como um todo e as medidas adotadas para melhora de um fator não 
podem acarretar prejuízos de outros aspectos. 
Como perspectiva para futuros estudos, fica a proposta de incluir uma visão mais abrangente 
nas avaliações de iluminação, buscando integrar todos os fatores atuantes e considerar sempre a 
percepção dos usuários em relação aos efeitos sobre a saúde e o conforto. Apesar de ser uma análise 
complexa e interdisciplinar, ela traz a vantagem de um conhecimento mais completo e aprofundado 
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sobre a situação. Lembrando, sempre, que um dos focos principais da sustentabilidade está voltado 
para a preservação da saúde, do conforto e do bem-estar dos usuários das edificações. Dentro desta 
visão prevencionista, a realização de avaliações periódicas da qualidade dos ambientes internos e o 
planejamento das medidas corretivas são fundamentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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