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Resumo carl rogers

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Psicoterapia e Consulta Psicológica 
-Carl Rogers 
 
 
O Tratamento pelo Ambiente: Os métodos de ajudar os indivíduos que se 
encontram em dificuldade – problemas de comportamento, fracassos, perturbações 
emocionais, neuroses, delinquência, infelicidade conjugal – podem dividir-se em 
dois grupos principais. O primeiro compreende o tratamento dos problemas 
individuais através da ação do ambiente [...] Pode incluir todos os meios possíveis 
pelos quais o ambiente físico e psicológico do indivíduo pode levá-lo a uma 
adaptação satisfatória. Para um será o internamento numa casa de repouso, para 
outro a mudança de escola, para outro ainda a transferência de um serviço industrial 
para outro, enquanto que para uma criança pode implicar tirá-la da família e colocá-
la numa creche ou noutra instituição [...] A criança pode ser colocada num grupo 
especial de leitura uma vez por semana, pode dar-se ao operário uma nova 
máquina de modo a separá-lo de um companheiro que é causa de atrito, pode-se 
dar ao adulto o trabalho num grupo que lhe agrade. 
Se essas alterações forem bem estabelecidas e habilmente executadas, podem ser 
extremamente eficazes na alteração de atitudes, comportamento e adaptação do 
indivíduo. 
 
Tratamento Direto: A segunda grande categoria das técnicas de tratamento é 
constituída pelas técnicas por intermédio das quais o indivíduo inadaptado é 
diretamente influenciado num esforço para ajudá-lo a conseguir uma relação mais 
satisfatória com a sua situação. A esta categoria pertencem as entrevistas de 
tratamento, a consulta psicológica e os métodos psicoterapêuticos que são o objeto 
deste livro. 
Outro grupo de terapias diretas, em que cada uma delas conserva uma relação com 
as outras e com o processo de consulta psicológica, pode descrever-se como 
“terapias de expressão”, pois a catarse de sentimentos [...] Este grupo inclui a 
ludoterapia, a terapia de grupo, a arteterapia, o psicodrama e outras técnicas 
semelhantes. Cada uma delas desempenha um papel útil no tratamento dos 
problemas pessoais. 
 
 
- Alguns Métodos Antigos 
Métodos Desacreditados: Uma das técnicas mais antigas é a de ordenar e de 
proibir. Deve-se notar que este método foi posto de lado, não pela ausência de 
sentimentos humanitários, mas porque se demonstrou ser ineficaz. As ordens e 
ameaças não são técnicas que alterem profundamente o comportamento humano. 
De fato, só modificam superficialmente o P comportamento quando se apóiam em 
forças repressivas que têm pouco lugar numa sociedade democrática. Um segundo 
método de interesse histórico foi o que se poderia chamar de exortação. Neste 
grupo inclui-se o emprego de promessas. “Trabalhava-se” o indivíduo, de uma 
maneira geral, até que assinasse a promessa de deixar de beber, ou até prometer 
trabalhar seriamente, deixar de roubar, sustentar a mulher, ter boas notas no estudo 
ou cumprir qualquer outra finalidade louvável. Supunha-se que ficaria preso às suas 
boas intenções. 
A exortação e as promessas não são eficazes para provocar uma real modificação. 
Um terceiro método foi o recurso à sugestão, no sentido do encorajamento e do 
apaziguamento. Este método inclui técnicas como as de Coué e o seu conceito de 
autossugestão. 
 Diz-se ao paciente, de muitas maneiras: “Assim é melhor”, “Você está bem”, “Você 
está melhorando”, tudo na esperança de que reforce a sua motivação nesse 
sentido. Shaffer‟ mostrou bem como essa sugestão é essencialmente repressiva. 
Nega o problema existente e nega o sentimento do indivíduo com relação a ele. 
 
Catarse: A técnica da confissão ou catarse é outro método psicoterapêutico de 
antiga linhagem. A catarse não apenas liberta o indivíduo do medo e dos 
sentimentos de culpa conscientes, mas que, prolongada, pode trazer à tona atitudes 
profundamente escondidas que também exercem a sua influência no 
comportamento. Este método não foi posto de lado, mas desenvolveu-se e é 
amplamente utilizado. 
 
O Emprego do Conselho: Um tipo de psicoterapia habitualmente utilizado é o 
conselho e a persuasão. Possivelmente poderia ser chamada de intervenção [...] o 
psicólogo escolhe o objetivo a atingir e intervém na vida do indivíduo para assegurar 
que ele caminhe nessa direção. 
exemplos: “Se eu fosse você...”, “Eu sugeriria...”, “Penso que você devia...” 
Este método tem duas fraquezas principais. O indivíduo muito independente rejeita 
necessariamente tais sugestões, para conservar a sua integridade. Por outro lado, a 
pessoa que já tinha tendência para ser dependente e deixar os outros tomarem 
decisões em seu lugar é arrastada para uma dependência ainda mais profunda. 
Esta técnica de sugestão e de conselho, embora possa de vez em quando ser útil 
na solução de um problema imediato, não favorece realmente o desenvolvimento do 
indivíduo. 
 
O Lugar da Interpretação Intelectualizada: Este método baseia-se numa melhor 
compreensão do comportamento humano. À medida que os conselheiros clínicos 
foram aprendendo a conhecer mais adequadamente os fatores subjacentes à 
conduta e as causas da estrutura de determinados comportamentos, procuraram 
estabelecer o diagnóstico das situações individuais da forma mais perfeita possível. 
 
- Uma Psicoterapia Mais Recente 
 
Características: Este novo método diverge do antigo por ter uma finalidade 
realmente diferente. Ele visa diretamente a uma maior independência e integração 
do indivíduo em vez de se esperar que esses resultados se consigam mais 
depressa pela ajuda do psicólogo na solução do problema. E o indivíduo, e não o 
problema, que é posto em foco. O objetivo não é resolver um problema particular, 
mas ajudar o indivíduo a desenvolver-se para poder enfrentar o problema presente 
e os futuros de uma maneira mais perfeitamente integrada. Se puder alcançar 
suficiente integração para lidar com um problema de uma forma mais independente, 
mais responsável, menos confusa e mais bem organizada, será capaz de lidar 
também da mesma maneira com os novos problemas que surgirem. 
Em primeiro lugar, há uma confiança muito mais profunda no indivíduo poder 
orientar-se para a maturidade, para a saúde e para a adaptação. A terapia não é 
uma forma de fazer algo para o indivíduo ou de induzi-lo a fazer algo sobre si 
mesmo. É antes um processo de libertá-lo para um amadurecimento e um 
desenvolvimento normal, de remover obstáculos que o impeçam de avançar. Em 
segundo lugar, esta nova terapia acentua mais fortemente os elementos emotivos, 
os aspectos afetivos da situação, do que os aspectos intelectuais. 
Em terceiro lugar, esta nova terapia acentua muito mais a situação imediata do que 
o passado do indivíduo. 
Devemos citar ainda outra característica geral deste novo ponto de vista. Pela 
primeira vez, esta posição salienta que a própria relação terapêutica é uma 
experiência de crescimento. Em todos os outros métodos mencionados, espera-se 
que o indivíduo se encaminhe para a maturidade e se modifique, tomando melhores 
decisões, depois da entrevista. Na nova prática, o próprio contato terapêutico é uma 
experiência de desenvolvimento. 
 
- Fases Características no Processo Terapêutico 
 O processo terapêutico os faz convergir e funde-os entre si. E apenas de uma 
maneira aproximada que se sucedem na ordem que indicamos a seguir. 
 I. O indivíduo vem procurar ajuda. Esta fase é justamente reconhecida como uma 
das mais importantes em terapia. 
II. A situação de ajuda está normalmente definida. Desde o princípio, o paciente tem 
consciência do fato de o psicólogo não ter as respostas, mas que a situação de 
ajuda oferece um lugar onde o indivíduo pode, auxiliado, elaborar as soluções para 
os seus próprios problemas. 
III. O psicólogo estimula a livre expressão dos sentimentos em relação ao problema. 
De certa forma, 
essa liberdade é provocada pela atitude amigável, interessada e receptiva do 
psicólogo. Em certa 
medida, é também devida ao aperfeiçoamentoda técnica da entrevista terapêutica. 
IV. O psicólogo aceita, reconhece e esclarece os sentimentos negativos. 
V. Quando os sentimentos negativos do indivíduo se exprimir, totalmente, segue-se 
a expressão receosa e hesitante dos impulsos positivos que promovem a 
maturidade. Nada provoca maior surpresa no estudante dedicado a este tipo de 
terapia pela primeira vez do que descobrir como essa expressão positiva é um dos 
aspectos mais certos e previsíveis de todo o processo. Quanto mais violentas e 
profundas forem as expressões negativas (desde que sejam aceitas e 
reconhecidas), tanto mais certas serão as expressões positivas de amor, de 
impulsos sociáveis, de auto respeito profundo,de desejo de maturidade. 
VI. O psicólogo aceita e reconhece os sentimentos positivos que se exprimem, da 
mesma maneira que aceitava e reconhecia os sentimentos negativos. Os 
sentimentos positivos não são aceitos com aprovação ou elogios. Os valores morais 
não entram neste tipo de terapia. Os sentimentos positivos são aceitos tanto quanto 
os sentimentos negativos, como uma parte da personalidade [...] tanto dos impulsos 
de imaturidade como os de maturidade, das atitudes agressivas e de sociabilidade, 
de sentimentos de culpa e de expressões positivas, que dá ao indivíduo 
oportunidade pela primeira vez na vida de se compreender a si próprio tal como é. 
VII. Esta compreensão, esta apreensão e aceitação de si constituem o aspecto mais 
importante de todo o processo. 
VIII. Confundido com este processo de compreensão – e saliente-se mais uma vez 
que as fases demarcadas não se excluem, mutuamente, nem se sucedem numa 
ordem rígida – dá-se um processo de esclarecimento sobre possíveis decisões, 
possíveis linhas de ação. Muitas vezes isso se liga a certa atitude de desespero. 
IX. Ocorre então um dos aspectos fascinantes desta terapia: o início de ações 
positivas, restritas, mas altamente significativas. 
X. As fases restantes não precisam que nos alonguemos. Quando o indivíduo 
atingiu uma compreensão considerável e tentou receosa e hesitantemente algumas 
ações positivas, os aspectos restantes são elementos de um maior crescimento. 
XI. Há da parte do cliente uma ação positiva cada vez mais integrada. Existe menos 
medo ao fazer escolhas e mais confiança na ação autodirigida. 
 
 
 
Problemas Iniciais Encontrados pelo Psicólogo 
Segunda Parte 
 
Qual o Tipo de Tratamento Indicado? De um ponto de vista ideal, o psicólogo 
preferiria deixar de lado qualquer decisão sobre o tratamento adequado até ter se 
familiarizado perfeitamente com o cliente e com os seus problemas. O psicólogo 
deve interrogar-se permanentemente sobre determinadas questões cruciais, 
procurando as respostas que determinarão o tipo de tratamento preferível. 
O Cliente Está sob Tensão? Uma das primeiras medidas do clínico experiente será 
verificar até que ponto o indivíduo se encontra num estado de tensão 
 
 Uma das questões que o psicólogo deve pôr a si próprio logo no início da sua 
relação com o cliente. Estará o indivíduo sob uma tensão psicológica tal que torne a 
solução dos seus problemas mais satisfatória do que o estado atual? Será o mal- 
estar psicológico suficientemente grande para contrabalançar com a angústia de pôr 
a nu as atitudes íntimas, os sentimentos reprimidos que podem estar na raiz do 
problema? 
O Cliente é Capaz de Enfrentar a Sua Situação? Numa palavra, o psicólogo deve, 
no início dos seus contatos com o cliente, apreciar a força do indivíduo ou a sua 
capacidade para assumir as ações que alterem o curso da sua vida, devendo julgar 
também se a situação é suscetível de ser alterada, se as satisfações alternativas e 
os outros meios de lidar com a situação são possíveis. 
O Cliente Pode Receber Ajuda? Outra questão fundamental que o psicólogo deve 
formular com muita frequência é esta: “O indivíduo quer ajuda?” Trata-se sem 
dúvida de uma simplificação excessiva do problema. E certamente mais provável 
que a consulta psicológica tenha êxito quando, mantendo-se iguais as outras 
condições, o cliente deseje ajuda e reconheça conscientemente esse fato. 
O Cliente é Independente do Controle Familiar? Enquanto a criança for afetivamente 
dependente dos pais, sujeita ao controle familiar, vivendo em casa, a consulta 
psicológica da criança isolada fracassa com muita frequência e pode mesmo 
aumentar as suas dificuldades. Devemos recordar mais uma vez que uma das 
hipóteses sobre o resultado da terapia é que o indivíduo tenha capacidade e 
ocasião para agir com alguma eficácia em relação à sua situação, quando 
conseguiu um determinado grau de compreensão. 
O Cliente Tem a Idade, a Inteligência e a Estabilidade Desejáveis? Embora a nossa 
informação seja reduzida, temos razões para supor que a consulta psicológica é um 
método mais adequado e eficaz em certas faixas etárias e certos níveis de 
inteligência do que em outros. 
A idade é um fator ainda mais incerto. Parece claro que o indivíduo mais velho 
estará menos apto para se reorientar, para reorganizar a sua vida de forma tão 
eficaz como o indivíduo mais novo. 
Condições de indicação da consulta psicológica e psicoterapia: Pode-se dizer que o 
tratamento direto da consulta psicológica que implica contatos sistemáticos e 
prolongados é aconselhável quando estão reunidas todas as condições seguintes: 
A. O indivíduo está sob um determinado grau de tensão, provocada por desejos 
pessoais incompatíveis ou por um conflito entre as exigências sociais e ambientais e 
as necessidades do indivíduo. A tensão assim suscitada é maior do que a tensão 
provocada pela expressão dos sentimentos acerca dos seus problemas; 
B. O indivíduo tem uma certa capacidade para enfrentar a vida. Possui a suficiente 
capacidade e estabilidade para exercer um certo controle sobre os elementos da 
situação. As circunstâncias que enfrenta não são tão hostis ou tão instáveis que se 
tome para ele impossível controlá-las ou alterá-las; 
C. Verifica-se uma oportunidade para o indivíduo exprimir as suas tensões 
conflituosas nas entrevistas projetadas com o psicólogo; 
D. É capaz de exprimir essas tensões e conflitos, quer de uma forma verbal, quer 
por qualquer outro meio; 
E. É suficientemente independente, quer do ponto de vista afetivo, quer espacial, do 
controle familiar; 
 F. Está suficientemente liberto de uma instabilidade excessiva, particularmente de 
natureza orgânica; 
G. Possui uma inteligência capaz de enfrentar a sua situação, com um nível 
intelectual médio ou acima da média; 
H. Tem uma idade conveniente com idade suficiente para lidar de uma forma 
relativamente independente com a sua vida e suficientemente jovem para conservar 
uma certa elasticidade de adaptação. Em termos de idade cronológica, os limites 
situam-se entre os dez e os sessenta anos. 
 
Condições de Indicação de um Tratamento Indireto ou pelo Ambiente: A presença 
de qualquer uma das referidas condições é provavelmente suficiente para justificar a 
concentração do esforço em medidas de tratamento pelo meio mais do que em 
qualquer tipo de psicoterapia. 
A. Os fatores constituintes da situação do indivíduo são tão hostis que ele não pode 
enfrentá-los mesmo com a modificação das atitudes e da compreensão. 
Experiências destrutivas na família ou no grupo social, um ambiente negativo, 
juntando-se às suas deficiências de saúde, capacidades e aptidões, tornam a 
adaptação muito improvável a não ser que o meio se altere; 
 B. O indivíduo é inacessível à consulta psicológica, falhando uma razoável 
oportunidade e os esforços na descoberta de quaisquer meios pelos quais possa 
exprimir os seus sentimentos e problemas. (Um exemplo seria o de um indivíduo 
virado sobre si mesmo na fase inicial de uma psicose esquizofrênica, que não é 
capaz de exprimir as suas atitudes conflituais, no entanto evidentes); 
C. O tratamento eficaz pelo ambiente é mais simples e mais eficiente do queum 
método terapêutico direto. Provavelmente esta condição prevalece apenas quando 
a situação de origem do problema é quase inteiramente ambiental – uma orientação 
escolar inadequada, um lugar de residência desfavorável, um chefe irritável e 
incompetente, ou qualquer outro fator do ambiente que é responsável pelo 
problema; 
D. O indivíduo é demasiado jovem ou demasiado velho, ou demasiado instável para 
um tipo de terapia direta (ver as seções precedentes para uma definição mais 
rigorosa destas condições). 
 
Resumo: Quer o cliente venha por sua própria iniciativa ou porque foi mandado, o 
psicólogo começa a tomar, desde o primeiro contato com o indivíduo, determinadas 
decisões sobre qual o método de tratamento mais indicado. Se analisarmos os 
elementos dessas decisões com cuidado, verificamos que podemos estabelecer 
critérios através dos quais se possam efetuar essas decisões da forma mais 
inteligente. Muitas vezes, essas decisões podem ser tomadas a partir dos 
elementos obtidos no contato inicial com o cliente, sem um diagnóstico completo e 
sem o estabelecimento de uma história completa do caso. 
 
Aspectos Fundamentais de uma Relação Terapêutica: A primeira é um calor e uma 
capacidade de resposta por parte do psicólogo que torna a relação possível e a faz 
evoluir gradualmente para um nível afetivo mais profundo. Do ponto de vista do 
psicólogo, porém, trata-se de uma relação nitidamente controlada, uma ligação 
afetiva com limites definidos. 
A segunda qualidade da relação de consulta psicológica é a sua permissividade em 
relação à expressão de sentimentos. 
Sob este aspecto, a relação terapêutica difere nitidamente de outras relações da 
vida comum. Ela oferece um lugar onde o cliente pode trazer para a situação, tão 
rapidamente quanto as suas inibições lhe permitirem todos os impulsos proibidos e 
as atitudes inconfessáveis que complicam a sua vida. 
Ao mesmo tempo em que há esta liberdade completa de expressar sentimentos, 
existem limites definidos à ação do indivíduo na entrevista terapêutica, ajudando a 
criar uma estrutura que o cliente possa utilizar para conseguir uma melhor 
compreensão de si mesmo. Esses limites terapêuticos são um terceiro e importante 
aspecto da situação de consulta psicológica. 
Uma quarta característica da relação de consulta psicológica é ela estar livre de 
qualquer tipo de pressão ou coerção. 
 
Os Métodos Diretivo e Não-Diretivo 
O Método Diretivo: A definição mais comum do processo será provavelmente a de 
que o psicólogo descobre, diagnostica e trata os problemas do cliente desde que o 
cliente preste sua colaboração ativa ao processo. O psicólogo, de acordo com este 
ponto de vista, aceita a maior responsabilidade na solução do problema e essa 
responsabilidade torna- se o centro dos seus esforços. 
Pode-se dizer que a consulta psicológica do tipo diretivo é caracterizada por muitas 
perguntas, extremamente precisas, e de que se esperam respostas específicas e 
por informações ou explicações dadas pelo psicólogo. Estas duas técnicas ocupam 
mais da metade da parte do psicólogo neste tipo de entrevista terapêutica. O 
psicólogo dá cada vez mais oportunidades ao cliente para exprimir as suas atitudes 
em relação a pontos precisos e indica ao cliente os problemas e situações que ele, 
psicólogo, verifica necessitarem ser corrigidos. Esclarece, reformula ou reconhece o 
conteúdo daquilo que o cliente diz. Procura suscitar uma alteração propondo a 
atividade que o cliente devia empreender e, conjugando os dados e a influência 
pessoal, garantir a realização dessa atividade. Por outro lado, a consulta psicológica 
de tipo não diretivo é caracterizada pelo predomínio da atividade do cliente, que 
assume a maior parte da conversação sobre os seus problemas. As técnicas 
fundamentais do psicólogo são as que ajudam o cliente a reconhecer com maior 
clareza e a compreender os seus sentimentos, atitudes e padrões de conduta e as 
que encorajam o cliente a falar sobre eles. Metade das intervenções do psicólogo 
integra-se nestas categorias. O psicólogo pode atingir progressivamente esse 
objetivo, reformulando ou esclarecendo o conteúdo do diálogo com o cliente. 
 
Objetivos Subjacentes: A primeira diferença fundamental em relação ao objetivo 
reside na questão de saber quem escolhe os fins do cliente. O grupo diretivo admite 
que seja o psicólogo a selecionar os objetivos desejáveis e socialmente aprovados 
que o cliente deve atingir; esforça- se então por ajudar o indivíduo a alcançá-los. 
Uma idéia implícita é a de que o psicólogo é superior ao cliente, pois se presume 
que este é incapaz de aceitar a plena responsabilidade de escolher os seus próprios 
objetivos. A consulta psicológica não diretiva baseia-se na convicção de que o 
cliente tem o direito de escolher os seus próprios fins na vida, mesmo que estes 
sejam divergentes daqueles que o psicólogo teria escolhido para ele. Crê-se 
igualmente que se o cliente tiver um pouco a compreensão de si mesmo e dos seus 
problemas, é provável que faça acertadamente a sua escolha. 
O ponto de vista não diretivo confere um grande valor ao direito que todo indivíduo 
tem de ser psicologicamente independente e de manter a sua integridade psíquica. 
O ponto de vista diretivo confere um alto valor ao conformismo social e ao direito do 
mais apto dirigir o menos apto. Estas perspectivas têm uma relação importante tanto 
com uma filosofia social e política como com as técnicas da terapia. Esta diferença 
nos juízos de valor tem como consequência que o grupo diretivo mostra a tendência 
para centrar os seus esforços no problema que o cliente apresenta. 
 O grupo não diretivo coloca a ênfase sobretudo no próprio cliente, não no 
problema. Se o cliente conseguir, através da experiência terapêutica, uma 
compreensão suficiente para esclarecer a sua relação com a situação real, poderá 
então escolher o método de se adaptar à realidade que tiver maior valor para ele. 
 
O Processo da Consulta Psicológica 
Terceira Parte 
 
Estimular a Liberdade O Melhor Guia é o Cliente: O caminho mais seguro para as 
questões importantes, para os conflitos dolorosos, para as zonas que a consulta 
psicológica pode tratar de forma construtiva, é seguir a estrutura dos sentimentos do 
cliente tal como ele os exprime livremente. 
As melhores técnicas de entrevista são aquelas que estimulam o cliente a exprimir-
se tão livremente quanto possível, esforçando-se conscienciosamente o P psicólogo 
por se abster de qualquer iniciativa ou resposta que orientassem a entrevista ou 
suscitassem o seu conteúdo. 
 
Para uma consulta psicológica e uma psicoterapia eficaz, um dos principais 
objetivos do psicólogo é ajudar o cliente a exprimir livremente as atitudes afetivas 
que estão na base dos seus problemas de adaptação e dos seus conflitos. Na 
busca deste objetivo, o psicólogo recorre a vários métodos que tornam o cliente 
apto a exprimir os seus sentimentos de uma maneira livre, sem inibições. O 
psicólogo esforça-se fundamentalmente em responder e reconhecer verbalmente os 
conteúdos afetivos. Este princípio permanece, seja qual for o tipo de atitude afetiva 
– atitudes negativas de hostilidade, desânimo, medo ou atitudes positivas de 
afeição, coragem e autoconfiança, ou atitudes ambivalentes e contraditórias. Este 
método é salutar, que os sentimentos do cliente se dirijam a si próprios, aos outros, 
quer ao psicólogo e à situação da consulta. Em cada caso, o psicólogo procura 
responder ao sentimento expresso, aceitando-o abertamente como um elemento do 
problema e da relação terapêutica. Evita o reconhecimento verbal de atitudes 
reprimidas que o cliente ainda não foi capaz de exprimir. O cliente encontra neste 
processo uma libertação afetiva dos sentimentos até então reprimidos, uma maior 
consciência dos elementos fundamentais da sua própria situação e uma capacidade 
crescente para reconhecer os seus sentimentosde uma maneira livre e sem receio. 
Descobre também que a situação se esclareceu através desse processo de 
exploração e começa a perceber as relações entre as suas várias reações. E este o 
início e o fundamento da compreensão que analisaremos a seguir. 
 
O que é o Insight? É a integração da experiência acumulada. Significa uma nova 
orientação do eu. Todas estas expressões se revelam verdadeiras. Todas elas 
acentuam o fato de o insight ser essencialmente uma nova maneira de percepção. 
Surgem vários tipos de percepção que nós agrupamos sob a designação de insight 
(compreensão). 
Alcançar o Insight: Este termo implica a percepção de um novo sentido na 
experiência do indivíduo. Ver novas relações de causa e efeito, alcançar uma nova 
compreensão do sentido que têm os sintomas da conduta, compreender o modelo 
do próprio comportamento essa aprendizagem constitui o insight. 
O Aumento Progressivo da Compreensão de Si: Devemos insistir em que estes 
aspectos do insight são apenas fases de um processo total de uma melhor 
compreensão de si. Esta compreensão alcança-se pouco a pouco, passo a passo, à 
medida que o indivíduo desenvolve uma força psíquica suficiente para suportar as 
novas percepções. 
Reconhecimento e Aceitação do Eu: O desenvolvimento do insight envolve muitas 
vezes não apenas o reconhecimento do papel representado, mas também o 
reconhecimento dos impulsos reprimidos no interior do eu. Enquanto o indivíduo 
rejeitar determinadas atitudes que descobre em si, manterá atitudes de 
compensação de caráter defensivo. Quando é capaz de enfrentá-las claramente e 
de aceitar como fazendo parte de si esses sentimentos menos louváveis, tende a 
desaparecer a necessidade de reações defensivas. 
 
 
O Emprego de Técnicas que Esclarecem as Relações: Podemos resumir alguns dos 
princípios que regem as técnicas que estamos analisando do seguinte modo: a 
autocompreensão é mais eficaz quando surge espontaneamente. Se o psicólogo 
conseguir tornar o cliente livre para olhar com clareza para si próprio e para os seus 
problemas, será por iniciativa do cliente que se desenvolverá a forma mais válida de 
insight. O psicólogo pode ajudar neste processo reformulando o insight já 
alcançado, esclarecendo os novos insights a que o cliente chegar. Pode ajudar o 
cliente a explorar e a reconhecer as suas opções, as possíveis linhas de ação que 
estão diante dele. O psicólogo pode, além disso, sugerir relações ou formas de 
reação que aparecem com evidência nos elementos livremente apresentados pelo 
cliente. Na medida em que essas relações são aceitas e novamente aplicadas pelo 
cliente, representam sem dúvida elementos complementares do insight. 
 
As Fases Finais 
A medida que o cliente ganha a consciência e a autocompreensão que analisamos 
no capítulo anterior, dá-se uma alteração nítida do caráter da relação terapêutica. O 
cliente fica sob menos tensão. Aborda com mais confiança os seus problemas. 
Tenta com menos freqüência pôr-se na dependência do psicólogo e mostra que 
trabalha melhor com ele. 
 
A Amplitude da Reeducação: Ocorre durante estas fases terminais da consulta 
psicológica um determinado grau de reeducação[...] Deve-se notar que no tipo de 
terapia centrada no cliente, descrita neste livro, não há nenhuma tentativa para 
resolver os problemas do cliente através da reeducação. Não se espera que todos 
os seus problemas sejam resolvidos através da consulta psicológica, nem se supõe 
que este seja um objetivo desejável [...] o cliente vai buscar nos seus contatos 
terapêuticos não necessariamente uma solução acabada para cada um dos seus 
problemas, mas uma capacidade para enfrentar os seus problemas de uma forma 
construtiva. Segue-se daí que a reeducação não é, como às vezes se supôs, a 
reforma do indivíduo em todos os aspectos de sua vida. É antes uma prática 
suficiente na aplicação das novas compreensões na construção da autoconfiança e 
na capacitação para prosseguir de uma maneira sã, sem o apoio da relação da 
consulta psicológica. Estas experiências de reeducação são, na sua maior parte, o 
cumprimento de um insight expansivo e a multiplicação dos passos positivos já 
iniciados. 
 
A Conclusão das Entrevistas Terapêuticas O que Isso Significa para o Cliente: 
Quando o processo da consulta psicológica teve êxito e o cliente acaba por 
compreender a si mesmo com suficiente clareza para efetuar novas escolhas e 
reforçá las através dos comportamentos adequados, vem inevitavelmente ao 
espírito a possibilidade de pôr fim às entrevistas. Em face dessa possibilidade, o 
cliente tem uma atitude ambivalente bem conhecida que acompanha toda a 
experiência de crescimento. 
Não é raro que o cliente, se o psicólogo for o primeiro a reconhecer que a 
independência está sendo alcançada e a mencionar que pouco mais de ajuda é 
necessária, responda apresentando novamente todos os seus antigos sintomas. 
 
Resumo 
O cliente ganha autoconfiança à medida que consegue novas compreensões e 
empreende um maior número de ações positivas dirigidas ao seu objetivo. A 
confiança leva-o a desejar terminar com a consulta psicológica, mas ao mesmo 
tempo receia perder este apoio. O reconhecimento pelo psicólogo desta 
ambivalência permite ao cliente ver claramente a escolha que tem à sua frente e 
desenvolver a segurança de que é capaz de lidar com os seus problemas de forma 
independente. O psicólogo auxilia-o fazendo o cliente sentir-se livre para terminar a 
relação assim que esteja preparado. Normalmente, a consulta psicológica termina 
com uma sensação de perda de ambas as partes, mas como reconhecimento 
recíproco de que a independência é um passo salutar para a maturidade. 
A duração do processo terapêutico está tão dependente da competência do 
psicólogo em manter os contatos centrados no cliente como da gravidade da 
desadaptação ou de qualquer outro fato. 
 
Algumas Questões Práticas 
 Qual Deve Ser a Duração de uma Entrevista? Parece certo que um limite 
conhecido, quer seja de quinze, de trinta, de quarenta e cinco ou de sessenta 
minutos é um fator mais importante do que a duração efetiva da entrevista. Não nos 
parece aconselhável uma duração superior a sessenta minutos[...] Algumas 
entrevistas de uma hora, particularmente no início da consulta psicológica, estão 
recheadas de elementos importantes. A medida que os sentimentos vão sendo 
expressos e as entrevistas se centram mais na aquisição da compreensão e das 
decisões referentes a novos passos a dar, o cliente pode utilizar parte da hora numa 
conversa que evita os problemas reais com que luta. 
 
Qual Deve Ser o Intervalo Entre as Entrevistas? Intervalos de vários dias ou de 
uma semana entre as entrevistas parecem ser os mais eficazes, dando ao cliente 
oportunidade de assimilar as suas aquisições, atingir um certo nível de 
compreensão e empreender as ações que efetivem os novos impulsos no sentido 
da maturidade. 
Que Deve o Psicólogo Fazer em Face do Não Comparecimento às Entrevistas? 
No caso de faltas às entrevistas, o psicólogo tem duas coisas importantes a fazer. A 
primeira é estudar as suas notas, de modo especial as que se referem à última 
entrevista. As suas técnicas eram do tipo de forçar, suscetíveis de criar 
resistências? Houve uma interpretação muito prematura? O cliente enfrentou uma 
escolha muito difícil antes de estar preparado para ela? Mostrou através dos seus 
progressos que estava preparado para terminar os contatos e essa nova 
independência não foi reconhecida nem aceita? É provável que se descubra um 
destes fatores e que isso explique o esquecimento da entrevista ou de avisar o 
psicólogo. A segunda coisa a fazer é facilitar tanto quanto possível ao cliente o 
regresso, ajudando-o ao mesmo tempo a sentir que se escolher não voltar, essa 
solução é também aceita pelo psicólogo.

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