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1 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 Avaliação radiológica das Pneumonias no adulto OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Descrever as indicações, importância e limitações dos exames de imagens, aplicando de forma correta nos vários contextos clínicos Citar os padrões radiológicos das pneumonias reconhecendo-os nos exames de imagens Nomear os principais agentes etiológicos das pneumonias reconhecendo suas características Citar as complicações das pneumonias reconhecendo-as nos exames de imagem PNEUMONIA Processo inflamatório agudo do parênquima pulmonar A infecção pode ser por bactérias, fungos, micobactérias e vírus Ocupação alveolar por infiltrado necroinflamatório → Todo processo que causa inflamação, edema e conteúdo (no caso, o infiltrado inflamatório) vai se apresentar como uma área mais densa quando comparada com o parênquima pulmonar → Pneumonia = Consolidação, radiopacidade, área de aumento de densidade → Área de ocupação do espaço aéreo A resposta dos pulmões a qualquer tipo de inflamação ou infecção é limitada A maioria se apresenta como opacidades alveolares Patologias não infecciosas podem ter aspecto radiológico de pneumonia – exemplo: aspiração de algum corpo estranho que vai levar a um processo inflamatório pulmonar INDICAÇÕES DA RADIOGRAFIA Diagnóstico Extensão da doença, avaliação da gravidade (maior acometimento do parênquima, maior gravidade) Definir local de tratamento Detectar complicações Avaliar resposta ao tratamento Sugerir outras etiologias 2 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 POR QUE FAZER A RADIOGRAFIA? Definição do local de tratamento. Diretrizes brasileiras para pneumonia adquirida da comunidade em adultos imunocompetentes – 2009* DIAGNÓSTICO Clínica e exame físico + Exame de imagem → Diagnóstico de pneumonia PADRÃO RADIOLÓGICO X AGENTE Microrganosmos diferentes podem produzir achados radiológicos semelhantes → PADRÃO RADIOLÓGICO NÃO DEFINE AGENTE Entretanto, alguns achados radiológicos são sugestivos de determinados microrganismos Aspecto radiológico: Microrganismo Estágio da infecção Status imune do hospedeiro O padrão alveolar é mais associado a PNEUMONIAS BACTERIANAS. O padrão intersticial difuso é mais associado a PNEUMONIAS VIRAIS E ATÍPICAS. RADIOGRAFIA X TOMOGRAFIA A RADIOGRAFIA é um exame amplamente utilizado e pode ser o ÚNICO NECESSÁRIO. Logo, para abordagem inicial da pneumonia, deve-se solicitar RX de tórax. E, para pacientes de baixo risco ambulatoriais, deve ser o único solicitado. Entretanto, também pode-se solicitar a TOMOGRAFIA. A tomografia é indicada para: Idosos Imunocompetentes Padrão alveolar clássico Padrão intersticial difuso clássico difusa viral 3 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 Patologia pulmonar de base Pós-transplante Infecções por organismos atípicos Pneumonias sem resolução, pacientes muito graves Complicações pulmonares e não pulmonares Guia para intervenção (biópsia ou drenagem) [pacientes de moderado a alto risco] CLASSIFICAÇÃO Existem basicamente três formas da pneumonia com fatores do hospedeiro e organismos etiológicos diferentes, que mudam o curso da doença e o manejo do paciente. 1) Pneumonia adquirida na comunidade 2) Pneumonia adquirida em hospital 3) Pneumonia aspirativa Padrões radiológicos: 1) Lobar 2) Lobular ou broncopneumonia 3) Intersticial Podem ser divididas em dois grupos: 1) Doença do Espaço Aéreo – Padrão Alveolar a) Pneumonia lobar b) Pneumonia lobular ou broncopneumonia c) Geralmente pneumonias bacterianas (mas não pode afirmar que não existem outros agentes) 2) Doenças Intersticiais – Padrão Intersticial a) Pneumonia Intersticial b) Geralmente pneumonias atípicas e virais PNEUMONIA LOBAR Microrganismos provocam lesão alveolar, que causam aumento da secreção de líquido que se espalha para envolver todo um segmento ou lobo Inicialmente opacidade periférica, com comprometimento de segmentos adjacentes e rapidamente confluente → Consolidação homogênea, causada por líquido, infiltração celular e exsudatos fibrinosos Escanograma – RX que se faz antes de iniciar a TC Evidencia áreas radiopacas e imagens císticas como se fossem bronquiectasias difusas; e o paciente está apresentando tosse e febre. Após a TC, é possível enxergar separadamente as: - Áreas de bronquiectasias (VERDE) → Imagens císticas distribuídas difusamente no parênquima - Áreas de consolidações (VERMELHO) PADRÃO ALVEOLAR em Pneumonia Lobar Doença do espaço aéreo PADÃO INTERSTICIAL – reticular difuso de acentuação da trama – e áreas de consolidação 4 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 Obs: Sempre procurar por derrame pleural em pacientes com suspeita de pneumonia. A presença de derrame indica necessidade de internamento. A pneumonia é uma área de consolidação homogênea, logo, não tem sinais de perda de volume ou expansão. Consolidação de todo/quase todo um lobo pulmonar Um ou mais lobos envolvidos O pneumococo é o agente etiológico mais comum. Principais agentes etiológicos: Streptococcus pneumoniae Klebisiella pneumoniaie Legionella pneumophila Haemophilus influenzae Mycobacterium tuberculosis LEMBRAR: O tratamento da pneumonia é EMPÍRICO de acordo com o perfil epidemiológico do paciente. NÃO precisa colher cultura para iniciar o tratamento. Só se colhe cultura se o paciente não apresentar resposta. BRONCOPNEUMONIA/PNEUMONIA LOBULAR O agente causa lesão direta das vias aéreas periféricas com dano da parede bronquiolar. A necrose das paredes leva à BRONQUIOLITE E BRONQUITE. Haverá secreção de líquido e células inflamatórias e posterior envolvimento do parênquima. Então, pode-se ter áreas de acometimento pequeno, na região centrolobular, e evolução para as regiões subsegmentar e segmentar, envolvendo todo o pulmão. Padrão radiológico da broncopneumonia: Nódulos centrolobulares ou peribrônquicos irregulares Posterior consolidação densa A infecção começa nas vias aéreas → Bronquíolos – Lóbulos – Segmentos Consolidações segmentares, multifocais, em mais de um lobo, com predomínio das regiões peribrônquicas Os focos NÃO são delimitados por cisuras → Têm margens mal definidas PNEUMONIA LOBAR “Respeito à cisura” Presença de broncogramas aéreos (poucos), não tem derrame, traqueia centrada (ou seja, não há sinais de perda de volume ou de expansão) 5 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 A broncopneumonia é o tipo mais frequente de apresentação, mesmo quando o agente é o pneumococo. É causada por microrganismos mais agressivos que provocam a destruição do parênquima e formação de abscessos. Outros agentes frequentes: Staphylococcus aureus Streptococcus pyogenes Klebsiella pneumoniae Haemophilus influenzae Pseudomonas aeruginosa Escherichia coli Anaeróbios PNEUMONIA LOBAR X BRONCOPNEUMONIA → A PNEUMONIA LOBAR respeita os lobos → Respeita as cisuras. → A BRONCOPNEUMONIA não respeita segmentação pulmonar e pode ter lesão única ou múltiplas. PNEUMONIA INTERSTICIAL Secundária agente infeccioso que danifica as células epiteliais ciliadas e células da mucosa brônquica. O dano causa edema e infiltração celular, infiltrados alveolares e espessamento do septo intersticial. Radiologia: Opacidades em vidro fosco OU; Opacidades reticulares, lineares ou reticulonodulares OU; Nódulos aleatórios BRONCOPNEUMONIA Focos de consolidação/de doença do espaço aéreo, geralmente multifocais, commargens não definidas - NÃO são delimitadas pelas cisuras. BRONCOPNEUMONIA NÃO respeita o lobo – doença no lobo inferior e superior. (VERMELHO) Pequenas áreas de cavitações Consolidação homogênea que respeita os lobos e os segmentos pulmonares NA IMAGEM: Pneumonia lobar de lobo médio Focos de consolidação dispersos no parênquima pulmonar. Pode ser lesão única ou múltipla. 6 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 OU; Consolidações irregulares → O vidro fosco é uma opacidade no parênquima pulmonar, mas é possível visualizar os vasos. Na pneumonia intersticial, pode haver: Envolvimento da parede da via aérea e do septo alveolar Disseminação para o alvéolo, e causar doença do espaço aéreo Padrão geralmente bilateral e simétrico e pode ter opacidade em vidro fosco Agentes: Vírus M. pneumoniae Pneumocystis jirovecii PADRÃO NODULAR DOMINANTE Nos livros, o padrão nodular dominante pode aparecer como um 4º padrão radiológico das pneumonias (entre lobar, broncopneumonia, intersticial e nodular dominante) ou dentro da broncopneumonia (na broncopneumonia, quando se tem focos escavados, pode ter um aspecto de nódulo). Secundária à disseminação hematogênica de patógenos ou formação de granuloma Nódulos secundários a embolia séptica, tuberculose ou infecções fúngicas, e raramente infecção viral → Os nódulos podem ser escavados ou não (podem ou não ter gás no interior) Nódulos aleatórios que não respeitam limites segmentares ou padrão broncovascular Paciente extremamente grave e séptico ASPECTOS RADIOLÓGICOS DA PNEUMONIA AUMENTO DA DENSIDADE O fluido/exsudato inflamatório ocupa o espaço aéreo ou interstício e aparece denso na radiografia (“onde deveria ter ar, tem doença) Opacidades em vidro fosco PADRÃO RETICULAR DIFUSO “Pulmão sujo”, vasos mal definidos IMAGEM 1: “Padrão dominante intersticial, porque tem uma área de consolidação” IMAGEM 2: Consolidação 7 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 O padrão alveolar possui densidade homogênea − Exceção: broncograma aéreo ou cavitação CONFLUÊNCIA PRECOCE Inversamente proporcional à viscosidade de dentro do alvéolo Grandes opacidades homogêneas MARGENS MAL DEFINIDAS Grupos de ácinos doentes e outros parcialmente ventilados MARGENS BEM DEFINIDAS Toca a superfície pleural Diagnóstico diferencial com atelectasia Pneumonia geralmente não apresenta perda de volume PNEUMONIA X BRONCOGRAMA AÉREO Qualquer líquido ou tecido que ocupe o espaço aéreo pode apresentar o sinal do broncograma aéreo Sinal de perviedade da via aérea Não é específico de pneumonia IMAGEM 1: Consolidação + derrame pleural + broncogramas aéreos *Densidade homogênea Margem mal definida quando não toca a cisura Margem bem definida quando toca a cisura Não é uma atelectasia porque não há perda de volume. A traqueia está desviada porque a imagem está rodada. Observar as clavículas. O broncograma aéreo é mais comumente achado em pneumonias lobares → Isso significa que há perviedade da via aérea Na pneumonia há exsudato nas vias aéreas, por isso é um sinal que pode ser encontrado, mas não é específico. 8 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 AGENTES ETIOLÓGICOS STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE – PNEUMOCOCO Agente mais comum das pneumonias comunitárias, correspondendo a 30-40% dos casos Aspectos radiológicos: Broncopneumonia ou pneumonia lobar Pode ser multifocal e bilateral Mais comum: Consolidação com broncograma Tende a ser mais periférica Derrame parapneumônico (20-50%) Empiema também não frequente (5-12%) Cavitação rara LEMBRAR → NÃO EXISTE ACHADO ESPECÍFICO QUE PERMITA A DIFERENCIAÇÃO DA PNEUMONIA BACTERIANA E NÃO BACTERIANA Se RX negativo e história clínica convincente para pneumonia, deve-se realizar uma segunda radiografia de 24-48 horas. Padrão alveolar Aumento densidade Broncograma aéreo Margens bem ou mal definidas Confluência precoce Sem perda de volume Lobar ou broncopneumonia STAPHYLOCOCCUS AUREUS Bem menos frequente como agente etiológico das pneumonias comunitárias (2-5%). Mais comum em pacientes com influenza, debilitados, hospitalizados, usuário de drogas endovenosas com ou sem endocardite, infecções cutâneas ou subcutâneas. Os brônquios estão espessados. Esse paciente pode ter feito um quadro viral, mas, no momento da radiografia, o importante é a PNEUMONIA LOBAR NO LOBO SUPERIOR DIREITO Consolidação homogênea periférica basal, pulmão com volume preservado, pode haver pequeno derrame, raramente apresenta cavitações e é o agente que mais causa pneumonia redonda em crianças Lembrar: - Pode ser em um lobo ou multilobar - Pode ser uma consolidação pequena ou consolidação importante, a depender da gravidade - Pode ter padrão de vidro fosco e até de franca consolidação 9 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 → Causa mais comum de pneumonia por disseminação hematogênica ÊMBOLOS SÉPTICOS Sempre lembrar em: Pacientes usuários de drogas EV Alcoolistas Imunodeficientes CHD Infecções de pele (celulite, carbúnculo) E: Pacientes com cateter EV Paciente com tromboflebite pélvica Fístula arteriovenosa Osteomielite Abscesso peritonsilar Aspectos radiológicos: Broncopneumonia ou consolidação lobar Geralmente multifocal, bilateral, disseminação rápida Caráter destrutivo, podendo haver cavitações e abscessos Derrame pleural, pode locular Derrame: adultos (40%), crianças (70%), complicado (80%) e piopneumonia (25%) Formação de pneumatocele Associação com atelectasia se a via aérea estiver obstruída Área de consolidação intensa com presença de cavitações Observar: Contorno cardíaco → CONSOLIDAÇÕES RETROCARDÍACAS – PNEUMONIA RETROCARDÍACA Padrão de EMBOLIA SÉPTICA Imagens nodulares com presença de gás (VERMELHO). Área de consolidação (VERDE) ÊMBOLOS SÉPTICOS Na TC: Imagens arredondadas com densidade de partes moles + Presença de gás no interior Opacidades arredondadas, múltiplas, pode ter broncograma RX do mesmo paciente com um dia de diferença → Doença de rápida disseminação, muito agressivo O pulmão não está expandindo bem (aumento da silhueta cardíaca e mediastino alargado). 10 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 KLEBISIELLA PNEUMONIAE Mais frequente em idosos alcoólatras, diabéticos e DPOC Pneumonia com grande processo exsudativo Aspectos radiológicos: Pneumonias graves, extenso infiltrado pulmonar Pneumonia lobar ou broncopneumonia SINAL DE ABAULAMENTO DA FISSURA → “Pneumonia do lobo pesado” – Consolidação volumosa com expansão lobar e abaulamento fissural Consolidação lobar Cavitação 30-50%; podem ser múltiplas Empiema ABAULAMENTO DE FISSURA + CAVITAÇÃO = KLEBISIELLA PSEUDOMONAS AERUGINOSA Pacientes com doença pulmonar crônica, em respirador, hospitalizados, em UTI, imunodeprimidos, uso prolongado de antibióticos Aspecto radiológico: Padrão broncopneumônico Vidro fosco, espessamento de paredes brônquicas, opacidades reticulares, consolidações Derrame pleural em 40% Cavitações PNEUMONIA ATÍPICA Dissociação clínico-radiológica → Radiologia bem importante e clínica “discreta” Infiltrado maior do que esperado Geralmente broncopneumonia (Mycoplasma ou Chlamydia) Intersticial reticular ou reticulonodular nas viroses IMAGEM 2: Cavitação de parede espessada sem nível hidroaéreo (só tem gás) + Derrame de aspecto loculado + Padrão alveolar ao lado do derrame(ocupação do espaço aéreo) PNEUMONIA LOBAR Consolidação do lobo superior com presença de broncogramas aéreos Com ABAULAMENTO DA CISURA – “Bulging” 11 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 MYCOPLASMA PNEUMONIAE Causa comum de pneumonia comunitária em jovens, entre familiares, militares e grupos isolados → Similar às bactérias, mas não tem parede celular → Pico no outono e inverno → Precedida por ITR alta Achados radiológicos: Muito variado Infiltrado broncopneumônico Infiltrado intersticial Consolidações uni ou bilaterais Vidro fosco Predomina lobos inferiores Derrame pequeno em 5-20% CHLAMYDIA PNEUMONIAE Microrganismo intracelular. C. pneumoniae é causa comum de pneumonia comunitária → Faringite, febre, tosse não produtiva → Geralmente autolimitada → Aspecto radiológico não é específico Achados radiológicos: Espessamento peribroncovascular Derrame pleural Opacidades reticulares, lineares Consolidações Associado a febre e tosse seca. Infiltrado difuso, micronodular; pode ter doença do espaço aéreo (consolidações) 12 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 PNEUMONIAS VIRAIS Causam ITR superior – podem causar bronquite, bronquiolite e pneumonia Geralmente no inverno, e mais comum em diabéticos, idosos, cardiopatas, pneumopatas, fumantes e imunocomprometidos Geralmente as infecções virais têm início com traqueíte (inflamação da mucosa da traqueia) ou bronquite (inflamação da mucosa dos brônquios), e habitualmente não causam tantas manifestações radiológicas. O que se pode ver são as paredes dos brônquios espessadas, por exemplo. No caso da bronquiolite no adulto (infecção das pequenas vias aéreas), pode-se ter radiografia normal, acentuação da trama ou padrão reticulonodular (bronquiolite e inflamação peribronquiolar) – mais comumente; e espessamento das paredes brônquicas e atelectasia. Quando a bronquiolite evolui para broncopneumonia, observa-se consolidações. Na criança, devido ao menor calibre as vias aéreas, a bronquiolite pode cursar com aprisionamento aéreo, mas esses aspectos são menos comuns no adulto. No adulto é mais comum a ocorrência de atelectasias e o aspecto de espessamento da parede brônquica. BRONCOPNEUMONIA E PNEUMONIA VIRAL A broncopneumonia progride da região centrolobular para todo o lóbulo seguido por envolvimento da maior parte ou de todo o segmento pulmonar. PADRÃO ALVEOLAR Consolidação no terço médio do pulmão esquerdo PADRÃO INTERSTICIAL Acentuação de trama ou padrão reticulonodular e espessamento da parede brônquica 13 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 Os achados da broncopneumonia na radiografia incluem áreas de consolidação esparsas ou confluentes com bordas mal definidas. Podem ser unilaterais ou bilaterais Geralmente afetam mais de um lobo pulmonar Na tomografia é possível observar: Nódulos centrolobulares e padrão de árvore em brotamento, pequenos focos de consolidação com atenuação em vidro fosco e consolidação Espessamento parietal brônquico é comum Incomum: Pneumotórax, derrame pleural e linfoadenomegalia As opacidades com atenuação em vidro fosco podem se tornar difusas em síndrome de angústia respiratória aguda O QUE NÃO SE OBSERVA DE ROTINA EM INFEÇÕES VIRAIS? → DERRAME PLEURAL → CAVITAÇÃO → PNEUMOTÓRAX → LINFOADENOMEGALIA → PNEUMATOCELE Se presentes, SEMPRE pensar em infecção bacteriana INFLUENZA Vírus de RNA A − Doença mais grave − Epidemias e pandemias Existem pequenas áreas de consolidações porque a doença é a nível bronquiolar, mas o patógeno pode chegar ao espaço aéreo e na imagem serão evidenciados nódulos (padrão reticulonodular). Esses nódulos podem evoluir e formar as consolidações → Então, a BRONCOPNEUMONIA progride da região centrolobular para todo o lóbulo, seguido por envolvimento da maior parte ou de todo o segmento pulmonar. PADRÃO DE ACENTUAÇÃO DE TRAMA, mas com focos consolidativos nos lobos inferiores Espessamento brônquico Pequenos focos consolidativos periféricos que vão confluindo (SETA VERMELHA) Observar: A diferença entre o parênquima pulmonar normal (SETA VERDE) e o doente (SETA LARANJA) → Paredes brônquicas bem espessadas 14 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 − Vários subtipos – H1N1 B − Mais ITR superior C INFLUENZA A: H1N1 Infecção: Tosse seca, cefaleia, mialgia, febre baixa, conjuntivite *OMA em crianças Pneumonia: Cianose, hipoxemia e dor torácica → Maior mortalidade em > 65 anos Aspectos radiológicos: Inespecíficos Vidro fosco Consolidações multifocais uni ou bilaterais Predominância peribroncovascular e subpleural Derrame pleural é incomum SARS-COV-2: CORONAVIRUS Achados radiológicos inespecíficos + contexto clínico → Os achados radiográficos podem ser sutis. → Dano alveolar difuso → SARA Achados radiográficos: Anormal: 86,2% Vidro fosco dominante: 56,4% Bilateral: 51,8% Opacidades arredondadas Pode ter reticulação e consolidação Todos os lobos podem ser envolvidos Mais de dois lobos comprometidos Mais periférico Não é comum: derrame pleural, linfonodomegalia e lesões escavadas PADRÃO DOMINANTE CONSOLIDATIVO Pneumonia por H1N1 OPACIDADE COM PADRÃO DE VIDRO FOSCO Opacidade que permite a visualização dos vasos (VERMELHO) Doença PERIFÉRICA 15 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 Padrão radiológico clássico da COVID: → Opacidades arredondadas com padrão de vidro fosco → Pode ter consolidação → Mais de dois lobos comprometidos → Mais periférico O Colégio Americano de Radiologia padronizou a conclusão do laudo da seguinte forma: 1) PADRÃO NEGATIVO PARA PNEUMONIA DE ETIOLOGIA VIRAL → Imagem completamente normal 2) PADRÃO SUGESTIVO DE PNEUMONIA DE ETIOLOGIA VIRAL → Típico de pneumonia viral 3) PADRÃO INDETERMINADO → Quando existe uma ou duas opacidades em vidro fosco (segundo a professora, o que ela mais vê) 4) PADRÃO ATÍPICO → Paciente com consolidação e derrame pleural – parece pneumonia bacteriana Múltiplas consolidações distribuídas difusamente pelos pulmões Consolidações com predomínio periférico EM COMUM: Consolidações bilaterais/infiltrações; Sem derrame pleural Múltiplas consolidações Poucas consolidações Padrão mais reticular com alguns focos consolidativos INÍCIO DA COVID: Múltiplas opacidades arredondadas com padrão de vidro fosco Laudo: Aspecto radiológico sugestivo de pneumonia de etiologia viral 16 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 PNEUMONIA ASPIRATIVA Entrada de materiais sólidos ou líquidos nas vias aéreas e pulmões Pode ser causada por microrganismos ou por produtos químicos → Microrganismos que colonizam orofaringe e estômago, anaeróbios e gram- negativos são os mais comuns (precisa de antibioticoterapia de amplo espectro) DOENÇA CONSOLIDATIVA DE OCUPAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO – COM CORPO ESTRANHO Padrão consolidativo com posterior colonização bacteriana. Aspectos Radiológicos: MUITO IMPORTANTE → Habitualmente em segmento posterior dos lobos superiores e segmentos posterior e superior dos lobos inferiores − Localização das consolidações em paciente que aspirou o corpo estranho deitado: lobos superiores em segmento posterior ou segmento mais superior e posterior do lobo inferior Acometimento mais comum do pulmão direito → Anatomia – angulação mais reta em relação à carina (“caminho mais fácil”) Dependem do volume aspirado, pH e tempo de infecção Pode seruni ou bilateral Focal ou multifocal Pneumonia típica, broncopneumonia Pode apresentar empiema, abscesso pulmonar (e cavitação), atelectasia – Depende do patógeno que vai colonizar o pulmão/tempo de início do tratamento/ utilização de antibiótico adequado, se o corpo estranho obstruiu algum local e qual foi este local, entre outros. É muito variado. Evolução crônica, pneumonia necrosante O mais importante para o diagnóstico radiológico é a HISTÓRIA CLÍNICA DO PACIENTE. Mais comum em pacientes internados em UTI, mas também pode acontecer em idosos com problemas de deglutição, por exemplo. As opacidades confluíram, mas ainda é possível perceber o maior acometimento periférico PADRÃO DOMINANTE DE VIDRO FOSCO A paciente tem 73 anos e ainda está na 1ª semana da doença. Ainda não tem consolidações. 17 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 PNEUMONIA COM RADIOGRAFIA NORMAL? Poder até pode, mas NÃO EXISTE PNEUMONIA SEM ALTERAÇÃO RADIOLÓGICA. Pode ser: Infiltrado tênue não visualizado na radiografia, mas visualizado na TC Infecção muito precoce (< 24h) Imunodeprimidos − Infiltrado com ativação local de macrófagos com liberação de mediadores inflamatórios. O paciente imunodeprimido não consegue ter uma resposta imune adequada, que acaba não fazendo o aspecto de consolidação (fazem mais vidro fosco, sem evolução). − Pode clínico apresentar sem quadro expressão radiológica − A TOMO EM PACIENTES IMUNODEPRIMIDOS TEM INDICAÇÃO MUITO PRECOCE Erro técnico (radiografia muito penetrada/pouco penetrada) Possibilidade de pneumonia retrocardíaca → SEMPRE SOLICITAR PERFIL SEMPRE SOLICITAR RX EM PA E PERFIL PARA ADULTO EM TODO PACIENTE COM SUSPEITA DE PNEUMONIA Para criança não é solicitado por causa da maior exposição ao raio-X. Só é solicitado se clínica muito favorável para pneumonia e radiografia normal – pode ser pneumonia retrocardíaca. RESOLUÇÃO DA PNEUMONIA COMUNITÁRIA Cura sem sequela ENTÃO, NÃO é necessário solicitar radiografia para confirmar a cura. A pneumonia tem MELHORA RADIOLÓGICA MAIS LENTA DO QUE A MELHORA CLÍNICA → RADIOLOGIA NÃO É CRITÉRIO DE CURA − 50% resolução completa 2 semanas após início dos sintomas − 2/3 com 6 semanas POR CAUSA DESSAS 6 SEMANAS, A radiografia só deve ser repetida após 06 semanas do início dos sintomas em: Fumantes com mais de 50 anos (o fumante pode ter CA de pulmão, então é necessário ter certeza de que não existia um tumor por trás da opacidade da pneumonia) Persistência dos sintomas ou achados anormais no exame físico − A persistência de achados radiológicos após 06 semanas requer investigação adicional (Diretrizes brasileiras para pneumonia adquirida na comunidade em adultos imunocompetentes) Pacientes com resolução mais lenta: Idade avançada DPOC Imunossupressão Alcoolismo Diabetes Pneumonia multilobar RESUMO: SÓ É NECESSÁRIO SOLICITAR RADIOGRAFIA PARA CONTROLE APÓS TRATAMENTO EM PACIENTES COM RISCO DE CA DE PULMÃO E NOS QUE PERSISTEM COM SINTOMAS. 18 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 COMPLICAÇÕES As mesmas da pneumonia na criança. Radiografia − Escolha para início de investigação USG − Avaliação de derrame − Guia procedimentos TC − Resolução de dúvidas diagnósticas e na radiografia − Alteração clínica com radiografia normal − Diagnóstico com outras patologias (paciente que está fazendo o tratamento, mas não melhora – pode encontrar um TEP, por exemplo) − Não resposta ao tratamento − Paciente grave − Paciente imunodeprimido (1ª escolha) − Complicações ABSCESSO PULMONAR Área de necrose pulmonar causada por infecção microbiana Progride para formação de cavidade com gás, com ou sem nível líquido Cavidades isoladas ou sobrepostas à consolidação Margens internas geralmente lisas e *parede mais espessada do que a pneumatocele 70% com nível hidroaéreo Agentes mais comuns: Anaeróbios, S. aureus e Pseudomonas aeruginosa PNEUMONIA NECROTIZANTE Gangrena pulmonar → Pulmão necrosado dentro da cavidade de um abscesso Desenvolve-se geralmente em uma CONSOLIDAÇÃO LOBAR Inicialmente são observadas pequenas transparências/hipodensidades no pulmão consolidado, que coalescem e formam uma cavidade contendo líquido e tecido pulmonar desvitalizado Causas mais comuns: Klebsiella pneumoniae, Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus e anaeróbios Mesmo paciente Observar a imagem arredondada com densidade de partes moles e a parede do abscesso com bordas lisas. No Rx não é possível ver a parede inferior porque tanto a parede quanto o líquido têm densidade de partes moles, então se misturam (isso também aconteceria na TC). O abscesso não borra o contorno cardíaco → O abscesso está no LOBO INFERIOR. *Se estivesse no lobo médio, teria borrado o contorno cardíaco e estaria na parte anterior na tomografia. 19 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 TC em janelas de partes moles. Fase contrastada. PNEUMATOCELE Espaço gasoso formado por espaços aéreos distendidos durante a resolução da pneumonia Arredondada Paredes finas contida em área de pneumonia Pode persistir após a resolução da pneumonia como imagem de aspecto cístico Associada a Staphylococcus em crianças e Pneumocystis em adultos Não confundir com cavitação O quadro clínico é muito importante na avaliação da pneumatocele. Obs: A pneumatocele também pode ser gerada por trauma. DERRAME PLEURAL COMPLICADO → EMPIEMA Radiografias em perfil e em decúbito lateral com raios horizontais USG → Derrames pequenos, suspeitos de loculação/empiema, facilitação da coleta de líquido TC → Pequenos derrames e loculações SEMPRE COM CONTRASTE INTRAVENOSO Porque é preciso ver a superfície pleural espessada e impregnando para confirmar o diagnóstico de empiema loculado. DERRAME (VERMELHO) PARÊNQUIMA NORMAL (VERDE) ↓ O PULMÃO ESTÁ ATELECTASIADO ÁREAS DE NECROSE COM FOCOS DE GÁS (AMARELO) Derrame pericárdico Observar que a densidade do derrame pericárdico e do derrame pleural é a mesma. O pulmão atelectasiado permite a visualização dos vasos pulmonares. Fase contrastada → Coração (SETA BRANCA) Área de atelectasia resolvida (VERMELHO) Pneumatocele em área de pneumonia Obs: Se fosse dito que o paciente tem esse Rx e não estivesse melhorando + com febre, poderia se pensar em cavitação. 20 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 OPACIDADE COM NÍVEL LÍQUIDO ABSCESSO INTRAPULMONAR Tipicamente esférico Nível líquido com mesma extensão nas duas incidências (mesma extensão de líquido tanto em PA quanto em perfil → Lesão esférica) Geralmente circundada por parênquima → Menor probabilidade de atingir a parede torácica EMPIEMA Forma geralmente lentiforme/lenticular Nível líquido tem maior comprimento em uma das incidências (e seu maior eixo está relacionado com o maior eixo da pleura) O nível líquido pode atingir a parede torácica PNEUMONIA X ATELECTASIA Comparar imagens de atelectasia e pneumonia nos mesmos lobos. PNEUMONIA ATELECTASIA Não tem perda de volume Tem perda de volume Os dois pacientes podem chegar na emergência com febre e tosse Ambos os pacientes com apenas um lobo comprometido Derrame pleural/ Empiema loculado *Poderia trazer a suspeita de uma massa, por exemplo Derrame pleural/Empiema loculado Observar o espessamento da pleura próxima ao empiema e comparar com o pulmão direito. Ao olhar a imagem: - Não é uma pneumonia lobar porque não respeita a cisura (apesar de ser “bem desenhado”) - Não é uma lesão esférica, então não é abscesso EMPIEMA COM GÁS NO INTERIORMorfologia “clássica” do empiema 21 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 O paciente pode ter um tumor que provocou uma atelectasia no lobo superior pulmonar (por exemplo), e uma bactéria entrou na via aérea e provocou a pneumonia → PNEUMONIA DISTAL AO TUMOR PNEUMONIA X TUBERCULOSE PNEUMONIA X CÂNCER A pneumonia pode ser distal ao câncer → PNEUMONIA DISTAL AO TUMOR Tumor escavado periférico simulando um abscesso (o CA pode cavitar, mas é possível diferenciar pela borda escavada) Opacidade e sintomas que não desaparecem após tratamento TC é indicada na suspeita de neoplasia A TB pode se apresentar com aspecto de consolidação Os contextos clínicos são diferentes TB = lobo superior TB tem acometimento hilar Pneumonia Atelectasia (repuxamento da cisura) Pneumonia Atelectasia (repuxamento da traqueia e de todas as estruturas mediastinais) Câncer Consolidação com áreas de cavitação. As margens do câncer são escavadas, irregulares. O que levantou a suspeita de neoplasia nessas imagens? ALARGAMENTO DO MEDIASTINO (linfonodo) 22 Aula 04 – Radiologia Médica Básica – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.1 RESUMO Diagnóstico pneumonia: CLÍNICA + EXAME FÍSICO + RX ALTERADO Exames de imagens confirmam se existem ALTERAÇÕES PARENQUIMATOSAS consistentes com o diagnóstico clínico RADIOGRAFIA RX SIMPLES DE TÓRAX é o EXAME DE ESCOLHA na AVALIAÇÃO INICIAL das pneumonias comunitárias e das suas complicações Alteração radiológica é utilizada como UM DOS CRITÉRIOS PARA INTERNAMENTO HOSPITALAR OU EM UTI e GUIA PARA A INVESTIGAÇÃO MICROBIOLÓGICA (mas NÃO CONFIRMA A ETIOLOGIA. PRECISA DE CULTURA.) A RADIOGRAFIA E A TC TÊM VALOR LIMITADO NO DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO DAS PNEUMONIAS BACTERIANAS. USG Indicada para AVALIAR DERRAME PLEURAL e GUIAR PROCEDIMENTOS TC Utilizado para DÚVIDAS DIAGNÓSTICAS DISSOCIAÇÃO CLÍNICO-RADIOLÓGICA (radiologia não condizente com a clínica) Avaliação de COMPLICAÇÕES ESCOLHA PARA PACIENTES GRAVES E IMUNODEPRIMIDOS POUCA OU NENHUMA RESPOSTA AO TRATAMENTO SUSPEITA DE NEOPLASIA PROGRAMAR PROCEDIMENTOS
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