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RELATÓRIO MEDSAÚDE BRUNO GUILHERME

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1 
 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA 
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS – CESC 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DO PLANO DE TRABALHO DO 
COORDENADOR: IMPLANTAÇÃO DA AVALIAÇÃO 
MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA 
À SAÚDE 
EDITAL FAPEMA Nº 017/2019 – MED SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAXIAS – MA 
2020 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ................................................................................ 4 
1.1 PROPONENTE .......................................................................................................... 4 
1.2 EQUIPE EXECUTORA ............................................................................................. 4 
1.3 EIXO TEMÁTICO ..................................................................................................... 5 
2. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 6 
2.1 UMA BREVE VISÃO HISTÓRICA DA GERIATRIA NO MUNDO E NO BRASIL 
 .......................................................................................................................................... 6 
2.2 INSTRUMENTOS PARA TRIAGEM E AVALIAÇÃO DA SAÚDE EM IDOSOS 
 .......................................................................................................................................... 7 
2.3 REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE PARA A PESSOA IDOSA .............................. 12 
3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO ............................................. 15 
4. OBJETIVOS ............................................................................................................... 16 
4.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 16 
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 16 
5. METODOLOGIA ....................................................................................................... 17 
5.1 TIPO DE ESTUDO .................................................................................................... 17 
5.2 LOCAL DO ESTUDO ............................................................................................... 17 
5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................................... 20 
5.4 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS ....................................................................... 20 
5.5 CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMARIA Á SAÚDE 
 .......................................................................................................................................... 22 
5.6 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS ..................................................................... 22 
5.7 ASPECTOS ÉTICOS LEGAIS .................................................................................. 22 
3 
 
6. INFRAESTRUTURA DISPONÍVEL PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
 .......................................................................................................................................... 23 
7. RESULTADOS ........................................................................................................... 23 
8. DISCUSSÃO ............................................................................................................... 34 
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 44 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 46 
APÊNDICE A - DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA PANDEMIA EM CAXIAS, 
MARANHÃO .................................................................................................................. 54 
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 56 
ANEXO A – FICHA ESPELHO DA CADERNETA DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA
 .......................................................................................................................................... 59 
ANEXO B - ÍNDICE DE VULNERABILIDADE CLÍNICO-FUNCIONAL-20 ...... 61 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 
 
1.1 PROPONENTE 
Nome: Leonidas Reis Pinheiro Moura 
CPF: 734.176.883-53 
E-mail: leoreimo@hotmail.com 
Instituição de Vínculo: Universidade Estadual do Maranhão 
Instituição executora: Centro de Estudos Superiores de Caxias 
Endereço institucional: Rua Quininha Pires, 746, Centro. CEP: 65600-000. Caxias-MA. 
Titulação: Mestre 
 
1.2 EQUIPE EXECUTORA 
 
NOME TITULAÇÃO FUNÇÃO ÁREA DE 
ATUAÇÃO 
NO 
PROJETO 
INSTITUIÇÃO VÍNCULO 
Leônidas 
Reis Pinheiro 
Moura 
Mestre em Saúde 
da Família 
Supervisor Enfermagem Professor Assistente do Curso 
de Enfermagem do Centro de 
Estudos Superiores de Caxias- 
CESC/UEMA 
Graciara 
Letícia 
Bezerra Lima 
Especialista em 
Saúde da Família 
Coordenador
a 
Enfermagem Enfermeira da Atenção 
Primária da Prefeitura Caxias 
Maranhão 
Bruno 
Guilherme da 
Silva Lima 
Especialista em 
Saúde da Família 
Coordenador Medicina Médico da Atenção Primária 
(UBS Pirajá) da Prefeitura 
Caxias Maranhão 
Thyago 
Carvalho 
Resende 
Especialista em 
Cirurgia Geral 
Coordenador Medicina Médico do Hospital Regional 
de Caxias Dr. Everaldo Aragão 
5 
 
Marisa 
Araújo Costa 
Especialista em 
Saúde da Família 
Coordenador
a 
Enfermagem Enfermeira da Atenção 
Primária (UBS Baixinha), da 
Prefeitura Caxias Maranhão 
Rytchelle 
Silva 
Machado 
Acadêmica de 
Enfermagem 
Monitora Enfermagem Acadêmica do Centro de 
Estudos Superiores de Caxias- 
CESC/UEMA 
Marília 
Ramalho 
Oliveira 
Acadêmica de 
Enfermagem 
Monitora Enfermagem Acadêmica do Centro de 
Estudos Superiores de Caxias- 
CESC/UEMA 
Maria das 
Dores 
Nascimento 
Sousa 
Acadêmica de 
Enfermagem 
Monitora Enfermagem Acadêmica do Centro de 
Estudos Superiores de Caxias- 
CESC/UEMA 
Juliana 
Barbosa 
Costa 
Acadêmica de 
Medicina 
Monitora Medicina Acadêmica do Centro de 
Estudos Superiores de Caxias- 
CESC/UEMA 
José Ivanildo 
Frota de 
Paula Pessoa 
Acadêmica de 
Medicina 
Monitor Medicina Acadêmico do Centro de 
Estudos Superiores de Caxias- 
CESC/UEMA 
Joseneide 
Teixeira 
Câmara 
Doutora em 
Medicina Tropical 
e Saúde Publica 
Colaboradora Enfermagem Professora Adjunta do Curso de 
Enfermagem do Centro de 
Estudos Superiores de Caxias- 
CESC/UEMA 
Beatriz 
Mourão 
Pereira 
Mestre em 
Biodiversidade, 
Ambiente e Saúde 
Colaboradora Enfermagem Professora substituta Curso de 
enfermagem do Centro de 
Estudos Superiores de Caxias- 
CESC/UEMA 
 
1.3 EIXO TEMÁTICO 
 Saúde do adulto e idoso 
 
6 
 
2. INTRODUÇÃO 
 
2.1 UMA BREVE VISÃO HISTÓRICA DA GERIATRIA NO MUNDO E NO BRASIL 
Segundo Pereira et al. (2009), a preocupação com a longevidade e a imortalidade 
sempre esteve presente na história da humanidade, sendo identificada na mitologia 
grega, em papiros do antigo Egito e também em escritos bíblicos. Médicos e filósofos 
da antiguidade fizeram observações sobre o envelhecimento, relacionando a perda do 
calor intrínseco à senectude. De acordo com Gaylord e Williams (1994), no século 
XIII, Roger Bacon propôs um programa de investigação epidemiológica da 
longevidade de indivíduos vivendo em diferentes locais e sob condições diversas. Para 
Bacon, seria possível proteger-se do envelhecimento através da adoção de uma dieta 
controlada, exercícios, repouso e estilo de vida moderados, além de inalações 
frequentes da respiração de uma jovem virgem. 
Ignatz Leo Nascher, médico vienense radicado nos Estados Unidos, propôs, em 
1909, a criação de uma nova especialidade médica, a Geriatria, destinada a tratar das 
doenças dos idosos e da velhice. Esse estudioso, queestimulou pesquisas sobre o 
envelhecimento, é considerado o pai da Geriatria (PAPALÉO NETTO, 2007). Em 
1930, a médica inglesa Marjorie Warren desenvolveu princípios considerados 
primordiais na prática da Geriatria moderna, sendo considerada a mãe da Geriatria. 
Uma de suas contribuições foi a sistematização da avaliação de pacientes idosos, um 
embrião da Avaliação Multidimensional do Idoso (BARTON; MULLEY, 2003) 
Em 1942, foi criada a American Society of Geriatrics, sendo publicado o periódico 
Geriatrics em 1946. No Reino Unido, foi fundada a Medical Society for the Care of 
the Elderly em 1947, passando a ser denominada British Geriatric Society em 1959 
(MORLEY, 2004). A International Association of Gerontology (IAG) foi fundada em 
1950, na Bélgica, sendo que, em 2004, passou a se denominar International 
Association of Gerontology and Geriatrics (IAGG), congregando sociedades 
científicas de todo o mundo, atuando na promoção e no desenvolvimento da geriatria e 
da gerontologia como ciências1. 
No Brasil, o estudo da geriatria e da gerontologia foi deflagrado a partir do Projeto 
de Lei nº. 8, do Senado Federal, de autoria de Attílio Vivacqua, que criava o Serviço 
 
1 http://iagg.info 
 
http://iagg.info/
7 
 
Nacional de Assistência à Velhice2. Mesmo sem a aprovação do referido projeto, um 
grupo de profissionais no Rio de Janeiro organizou-se, em 1961, para criar a Sociedade 
Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), com a finalidade de congregar 
profissionais envolvidos na assistência aos indivíduos com idade maior que 60 anos. 
 
2.2 INSTRUMENTOS PARA TRIAGEM E AVALIAÇÃO DA SAÚDE EM IDOSOS 
 
O conhecimento da condição funcional do idoso na sua comunidade é de 
primordial importância para uma triagem eficiente e para o adequado encaminhamento 
de linhas de ação que conduzam a uma abordagem multidisciplinar específica às 
necessidades do indivíduo. Para Veras (2012), construir uma base de dados sobre os 
doentes crônicos deve ser um dos objetivos das estratégias de prevenção de doenças, 
de monitoramento das condições de saúde de uma população, bem como da 
identificação dos fatores associados a essas condições. O autor sugere que, para os 
idosos, deve-se trabalhar em níveis preventivos, com graus distintos de intervenção. 
Ainda segundo o autor, o indivíduo idoso com capacidade funcional preservada, 
independente para todas as atividades de vida diária e portador de condições clínicas 
mais simples, definido como robusto por Moraes (2014), deve ser atendido e 
acompanhado pela atenção primária, por médicos clínicos ou generalistas não geriatras, 
desde que treinados e qualificados. Aqueles pacientes vulneráveis ou em risco de 
fragilização e também os idosos frágeis, devem ser acompanhados pela atenção 
secundária, ou seja, por profissionais de saúde especializados no cuidado ao idoso. 
Segundo Boult e Wieland (2010), evidências recentes mostram que a atenção à 
saúde dos idosos, com qualidade, resolutividade e custo-benefício favorável deve ser 
associada a quatro condições essenciais, que superam o simples diagnóstico e 
tratamento das doenças individuais: 
a) Avaliação multidimensional ou abrangente, capaz de reconhecer as mais 
diversas demandas biopsicossociais do paciente, seus valores, crenças, 
sentimentos e preferências para o cuidado; 
b) Elaboração, implementação e monitoramento de um plano de cuidados, 
composto por todas as intervenções preventivas, curativas, paliativas e 
 
2http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod-mate=23971 
 
http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod-mate=23971
8 
 
reabilitadoras, definidas de forma compartilhada; 
c) Comunicação e coordenação com todos os profissionais e serviços necessários 
para a implementação do plano de cuidados, enfatizando os eventos de transição 
do cuidado; e 
d) Promoção do engajamento ativo do paciente e sua família no cuidado com sua saúde. 
 A consolidação dessas condições essenciais, entretanto, não é uma tarefa 
fácil, tendo em vista as características de saúde que são peculiares à população idosa. 
Diferentemente do processo evolutivo das crianças e adolescentes, que pode ser 
caracterizado pela consistência nas fases de desenvolvimento físico e mental, o 
processo de envelhecimento não segue um padrão homogêneo (MINAYO; COIMBRA 
JUNIOR, 2002), sendo possível que idosos com a mesma faixa etária apresentem 
condições clínico-funcionais completamente diferentes. Essa característica do 
envelhecimento traz consigo dificuldades relacionadas ao planejamento e à gestão dos 
processos de prevenção e tratamento das enfermidades típicas dessa etapa da vida 
(MORAES, 2012). 
Para se compreender claramente a distinção entre um idoso saudável e outro 
que necessita de acompanhamento especializado, torna-se pertinente explicitar o 
conceito de saúde, que, segundo a World Health Organization – WHO (1946), é um 
estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doenças. 
Nos indivíduos idosos, esse conceito é plenamente aplicável, uma vez que a maioria 
deles apresenta disfunções orgânicas ou doenças que, em muitos casos, não estão 
associadas à limitação de suas atividades ou restrição social. De acordo com Moraes 
(2008), o aspecto primordial da saúde de um indivíduo idoso é sua funcionalidade 
global, ou seja, sua capacidade de gerir sua própria vida de forma autônoma, ou de 
cuidar de si próprio de maneira independente. A portaria que instituiu a Política 
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa considera que “o conceito de saúde para o indivíduo 
idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência do que pela 
presença ou ausência de doença orgânica” (BRASIL, 2006). 
A vulnerabilidade é um processo que se desenvolve ao longo da vida como 
resultado pessoal das agressões sofridas pelo indivíduo, tanto no plano biológico 
quanto no plano material e, também, no plano social. A maneira como o indivíduo 
responde a essas agressões depende dos mecanismos de resposta desenvolvidos a partir 
das experiências vividas (SCHRÖDER-BUTTERFILL; MARIANTI, 2006). Para os 
propósitos deste trabalho, vulnerabilidade é considerada como a situação de um 
9 
 
indivíduo idoso que apresenta maior probabilidade de desenvolver desfechos clínicos 
adversos, capazes de comprometer sua autonomia e independência, tais como o 
declínio funcional e a institucionalização, podendo, na ausência de uma abordagem 
adequada, tornar-se um idoso frágil. 
A maior parte das concepções sobre fragilidade tem como foco principal 
problemas físicos que acometem os idosos, o que poderia, potencialmente, levar à 
fragmentação do cuidado ao idoso (GOBBENS et al., 2010). Clegg et al. (2013) 
consideram fragilidade como a presença de condições crônicas resultantes do declínio 
funcional, que podem levar à necessidade de institucionalização e até mesmo à 
possibilidade de óbito. Idosos frágeis tem um risco de até 4,46 vezes maior de 
apresentarem um ou mais desses problemas (FRIED, 2001). A American Medical 
Association estima que 40% dos idosos com idade igual ou superior a 80 anos são 
frágeis e apresentam comorbidades, havendo uma tendência de aumento dessa 
proporção (METZELTHIN et al., 2010). 
Fried (2001), conceituou fragilidade como sendo uma síndrome geriátrica, de 
caráter multifatorial, caracterizada pelo declínio cumulativo dos sistemas fisiológicos 
associado ao envelhecimento ou a doenças subclínicas, resultando em diminuição das 
reservas de energia e redução da resistência do indivíduo a fatores estressores. A partir 
desse conceito, foi criado o “fenótipo da fragilidade”, caracterizado pela presença de 
três ou mais dos seguintes critérios: 
• Perda de peso não intencional; 
• Redução da força muscular exemplificada por fraqueza; 
• Fadiga; 
• Ingesta alimentardiminuída; 
• Anormalidades do equilíbrio e da marcha; e 
• Baixo nível de atividade física. 
Embora sejam descritos na literatura vários instrumentos para triagem rápida 
de vulnerabilidade em idosos, aqueles que poderiam ser utilizados na atenção básica 
têm sua validação para uso prático ainda incipiente (HOOGENDIJK et al., 2013). A 
aplicação dos questionários pode ser feita de forma universal ou oportunista. Nesta 
última, o instrumento é aplicado quando o indivíduo entra em contato com o sistema 
de saúde. A desvantagem é que sempre existirá um número considerável de idosos que 
não tem acesso ao sistema de saúde e que, portanto, não serão avaliados. Na aplicação 
universal, todos os idosos residentes em determinada localidade são entrevistados, 
10 
 
garantindo a triagem para um número maior de pacientes idosos (HÉBERT et al., 
1996). Além disso, os instrumentos podem ser de autoaplicação ou baseados na 
observação direta do desempenho do paciente, sendo os últimos mais merecedores de 
crédito. Contudo, apresentam maior custo e, também, maior dificuldade de aplicação 
em grandes populações (METZELTHIN, 2010). Segundo Moraes (2014), os 
instrumentos para triagem rápida de vulnerabilidade em idosos deveriam ter caráter 
multidimensional, sendo de fácil aplicação e não exigindo uso de instrumental 
específico, ser validado para a população brasileira e evidenciar, de forma simples, o 
risco de mortalidade e declínio funcional, além do fenótipo da fragilidade. 
Metzelthin et al. (2010) compararam as propriedades psicométricas de três 
instrumentos de rastreamento de fragilidade em idosos que podem ser aplicados por via 
postal: o GFI, o SPQ e o TFI. A taxa de resposta foi de 77% e a prevalência de 
fragilidade variou entre 40% e 60%. O GFI e o TGI mostraram maior consistência 
interna e validade, em comparação ao SPQ. 
Hoogendijk et al. (2013) compararam cinco instrumentos utilizados para a 
identificação de fragilidade no idoso com dois instrumentos considerados padrão-ouro, 
o “fenótipo da fragilidade” descrito por Fried (2001) e a AMI feita pela equipe 
multidisciplinar. Os instrumentos avaliados foram o julgamento clínico do médico 
generalista, a presença de polifarmácia, a autopercepção da saúde, o PRISMA-7 e o 
GFI. Dentre eles, o PRISMA-7 mostrou melhor acurácia e maior concordância entre 
os instrumentos avaliados. Os autores sugerem que a utilização de um instrumento de 
triagem deve ser o primeiro passo, a partir do qual o idoso será avaliado de forma 
multidimensional, com o objetivo de definir as intervenções necessárias para a 
modificação da história natural do processo de fragilização e/ou prevenir desfechos 
adversos. 
Assim, podemos considerar a Avaliação Multidimensional do Idoso (AMI) 
como um procedimento diagnóstico de alto custo, que necessita ser, portanto, bem 
indicada. Torna-se, portanto, fundamental a utilização de instrumentos de triagem 
rápida, aplicados por profissionais de nível médio, como os agentes comunitários de 
saúde e/ou técnicos de enfermagem, capazes de reconhecer o idoso de risco de 
declínio funcional. Embora sejam descritos na literatura vários instrumentos para 
triagem rápida de vulnerabilidade em idosos, aqueles que poderiam ser utilizados na 
atenção básica têm sua validação para uso prático ainda incipiente (HOOGENDIJK 
et al., 2013). Apesar dos inúmeros instrumentos de rastreamento de vulnerabilidade 
11 
 
em idosos identificados na literatura, não foram encontrados trabalhos que avaliassem 
a inserção desses instrumentos no processo de planejamento do cuidado desses 
indivíduos, em longo prazo, tanto pela atenção primária quanto pela atenção 
secundária, permitindo, assim, a consolidação de uma estrutura em rede, priorizando 
os idosos mais fragilizados, num contexto de sistema de saúde, quer seja público ou 
privado. 
 
Quadro 1 – Classificação Clínico-Funcional do Idoso 
 
 CLASSIFICAÇÃO CLÍNICO-FUNCIONAL DO IDOSO 
 
ID
O
S
O
S
 R
O
B
U
S
T
O
S
 
Estrato 1: são idosos que se encontram no grau máximo de vitalidade. Apresentam 
independência para todas as AVD avançadas, instrumentais e básicas e ausência de doenças 
ou fatores de risco, exceto a própria idade. São indivíduos que envelheceram livres de doenças 
e não apresentam nenhuma outra condição de saúde preditora de desfechos adversos. 
Estrato 2: São idosos independentes para todas as AVD, mas que apresentam condições de 
saúde de baixa complexidade clínica, como a hipertensão arterial não complicada e/ou 
presença de fatores de risco como tabagismo, dislipidemia, osteopenia, dentre outros 
Estrato 3: São idosos independentes para todas as AVD, mas que apresentam doenças 
crônico-degenerativas bem estabelecidas e de maior complexidade clínica, como 
hipertensão arterial complicada, diabetes mellitus, história de ataque isquêmico transitório, 
acidente vascular cerebral sem sequelas, doença renal crônica, insuficiência cardíaca, doença 
pulmonar obstrutiva crônica, osteoartrite, doença arterial coronariana com ou sem infarto 
agudo do miocárdio, doença arterial periférica e câncer, osteoporose, fibrilação atrial, dentre 
outros. Nestes idosos, tais doenças não estão associadas à limitação funcional e, geralmente, 
apresentam-se de forma isolada. Neste grupo estão também incluídos também os idosos que 
apresentam um ou dois critérios do “fenótipo de fragilidade”. 
 
ID
O
S
O
S
 
E
M
 
R
IS
C
O
 
D
E
 
F
R
A
G
IL
IZ
A
Ç
Ã
O
 
O
U
 
F
R
Á
G
E
IS
 
Estrato 4: São idosos que apresentam evidências de sarcopenia-síndrome, 
comprometimento cognitivo leve e/ou comorbidades múltiplas (polipatologia, polifarmácia 
ou internação recente), mas continuam independentes para todas as atividades de vida diária, 
incluindo as avançadas, definidas como as atividades relacionadas à integração social, 
atividades produtivas, recreativas e/ ou sociais. 
Estrato 5: São idosos que apresentam evidências de sarcopenia-síndrome, comprometimento 
cognitivo leve e/ou comorbidades múltiplas e que já começam a apresentar declínio funcional 
12 
 
em AVD avançadas. Estes idosos ainda são independentes para as AVD instrumentais e 
básicas. 
Estrato 6: São os idosos que apresentam declínio funcional parcial nas atividades 
instrumentais de vida diária e são independentes para as AVD básicas. 
Estrato 7: São os idosos que apresentam declínio funcional em todas as atividades 
instrumentais de vida diária, mas ainda são independentes para as atividades básicas de vida 
diária. 
Estrato 8: São os idosos que apresentam dependência completa nas AVD instrumentais 
associada à semidependência nas AVD básicas: comprometimento de uma das funções 
influenciadas pela cultura e aprendizado (banhar-se e/ou vestir-se e/ou uso do banheiro) 
Estrato 9: São os idosos que apresentam dependência completa nas AVD instrumentais 
associada à dependência incompleta nas AVD básicas: comprometimento de uma das 
funções vegetativas simples (transferência e/ou continência), além de, obviamente, ser 
dependente para banhar-se, vestir-se e usar o banheiro. A presença isolada de incontinência 
urinária não deve ser considerada, pois é uma função e não uma atividade. 
Estrato 10: São os idosos que se encontram no grau máximo de fragilidade e, 
consequentemente, apresentam o máximo de dependência funcional, necessitando de ajuda, 
inclusive, para alimentar-se. No índice de Katz são classificados no estágio G (DUARTE et 
al., 2007) 
Fonte: MORAES, 2014. 
 
2.3 REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE PARA A PESSOA IDOSA 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) adotou a organização em Redes de Atenção à 
Saúde como estratégia para responder aos problemas vivenciados na gestão do sistema, 
como a fragmentação do sistema de saúde, a concorrência entre os serviços, o uso 
inadequado de recursos com elevação dos custos, a falta de seguimento horizontal dos 
usuários, o aumento da prevalência das doenças crônicas e a necessidade demonitoramento e avaliação. Nesse contexto, as Redes de Atenção à Saúde (RAS) são 
arranjos organizativos formados por ações e serviços de saúde, com diferentes 
configurações tecnológicas e missões assistenciais, articulados de forma 
complementar, de base territorial, tendo como atributos: a atenção básica como 
primeiro ponto de atenção e principal porta de entrada do sistema, constituída por 
13 
 
equipe multidisciplinar que cubra toda a população, integrando e coordenando o 
cuidado para atender às necessidades de saúde, conforme apregoa a Portaria 
4.279/2010, que estabelece diretrizes para a organização da RAS. (MENDES, 2011). 
A utilização dos pontos de atenção das RAS, a partir da orientação e organização 
do cuidado proposto pelo modelo de atenção à saúde da pessoa idosa, teve como 
motivações (BRAIL, 2011): 
• Estreitar e aperfeiçoar a articulação entre as equipes da atenção básica e as 
equipes dos demais componentes da RAS, para garantir maior resolutividade dos 
cuidados prestados à população idosa nos territórios e acompanhamento sistemáticos 
dos casos mais complexos. 
• Buscar melhores resultados sanitários nas condições crônicas, diminuição das 
referências para especialistas e hospitais, aumento da eficiência dos sistemas de saúde, 
produção de serviços mais custo-efetivos e melhorias na satisfação dos usuários em 
relação aos serviços de saúde. 
• Ampliar e qualificar o acesso da pessoa idosa ao SUS, a partir das suas 
especificidades. 
A Atenção Básica de Saúde, primeiro nível de atenção, deve atuar como porta de 
entrada do sistema, com ampla cobertura populacional e equipe multidisciplinar, 
devendo cumprir o papel de ordenadora da atenção, integrando e coordenando o 
cuidado, atendendo às necessidades de saúde no âmbito de sua atuação e garantindo o 
acesso qualificado aos demais serviços de saúde. O modelo de atenção considera, além 
dos pontos de atenção da Atenção Básica, os da Atenção Especializada Ambulatorial e 
Atenção Especializada Hospitalar e os sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico 
(MALTA, 2010). Esses pontos de atenção, a partir de suas densidades tecnológicas, 
prestam serviços de promoção, prevenção, apoio diagnóstico, tratamento, gestão de 
casos, reabilitação e cuidados paliativos, devendo atuar de forma articulada e integrada. 
O modelo requer pensar, portanto, em novos arranjos intra e intersetoriais, visando 
responder aos novos desafios que o acelerado processo de envelhecimento da 
população brasileira nos impõe (MENDES, 2011). 
A Atenção Básica (AB) desempenha um importante papel na estruturação da 
atenção à saúde no SUS como ordenadora e coordenadora do cuidado, visando garantir 
a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado, além de contribuir 
para a organização dos pontos de atenção, com ampliação do acesso e qualificação do 
cuidado. A Atenção Básica é a porta de entrada prioritária dos usuários do SUS 
14 
 
(BRASIL, 2011). 
A pessoa idosa sempre estará vinculada à atenção básica, independentemente de 
ser assistida em outro ponto de atenção, sendo a AB responsável pelo acompanhamento 
do caso, de forma articulada e integrada aos outros pontos de atenção. As UBS, 
compostas por equipes multiprofissionais, são responsáveis por ações de saúde 
individual e coletivas. No elenco de atividades e prioridades das equipes das UBS, 
encontram-se a identificação e o registro das condições de saúde da população idosa, 
com destaque para a população idosa frágil ou em processo de fragilização, no território 
(ROCHA, 2013). 
O cuidado da pessoa idosa inicia-se com a corresponsabilidade entre 
profissionais da atenção básica e dos profissionais que atuam nos demais pontos de 
atenção dos diferentes componentes, possibilitando as articulações necessárias para 
potencializar as ações desenvolvidas pela Rede de Atenção à Saúde (MENDES, 2011). 
No elenco de ofertas, destaca-se a importância de ações e serviços de promoção, 
prevenção, proteção, diagnóstico e reabilitação da saúde, por meio da ampliação da 
cobertura vacinal, orientações sobre alimentação e nutrição, práticas de atividades 
físicas, orientação sobre prevenção e acompanhamento de vítimas de violência, 
prevenção de quedas, higiene e saúde bucal, autocuidado, prevenção de doenças 
sexualmente transmissíveis, orientação e acompanhamento das doenças crônicas, do 
sofrimento mental, decorrentes ou não do uso de álcool e outras drogas, dirigidas não 
só a pessoa idosa, mas também aos seus familiares e cuidadores, e fundamentalmente 
na assistência às condições clínicas mais comuns que adoecem o idoso (BRASIL, 
2006). 
O Ministério da Saúde apresenta algumas estratégias, dirigidas aos profissionais 
de saúde; e em especial aos da atenção básica, como a implantação da caderneta de 
saúde da pessoa idosa, a ampla divulgação e distribuição do Caderno de Atenção 
Básica sobre envelhecimento e saúde da pessoa idosa e o investimento em diferentes 
formas de capacitação que objetivam instrumentalizar as equipes para ampliar e 
qualificar o acesso da pessoa idosa na atenção básica. Além disso, uma função 
fundamental nessa ampliação e qualificação do acesso é a identificação das pessoas 
idosas no território, mapeando os idosos mais vulneráveis, de forma a atender suas 
necessidades de saúde, além de acompanhar a evolução das condições de saúde com 
ênfase na funcionalidade e monitorar o seguimento na rede (ROCHA, 2013). A atuação 
integrada, desenvolvida pelas equipes multiprofissionais, que constituem os NASFs, 
15 
 
com as equipes de Saúde da Família (ESF), com as equipes de atenção básica para 
populações específicas e com o programa Academia da Saúde, além das equipes dos 
demais níveis de atenção, permite realizar discussões de casos clínicos, atendimento 
compartilhado entre profissionais tanto na Unidade de Saúde como nas visitas 
domiciliares, construção conjunta de projetos terapêuticos de forma a ampliar e 
qualificar as intervenções no território. Essas ações de saúde também podem ser 
intersetoriais, com foco prioritário nas ações de prevenção e promoção da saúde 
(OPAS). 
 
3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO 
 
A Secretaria Municipal de Saúde de Caxias, há três anos iniciou em parceria com o 
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), o Conselho das Secretarias Municipais 
de Saúde do Estado do Maranhão (COSEMS-MA) e a Secretaria de Estado da Saúde (SES), a 
Planificação da Atenção à Saúde (PAS), que tem o objetivo de fortalecer a APS por meio da 
organização e educação permanente das Equipes de Saúde da Família (eSF) com a qualificação 
da atenção à saúde da população e organização dos processos de trabalho dos profissionais de 
saúde, estabelecendo a APS como a ordenadora do cuidado do cuidado no sistema de saúde. 
Dentre os objetivos no processo de trabalho da eSF na APS, estão: validar a 
estratificação de risco das condições crônicas abordadas – gestação, criança menor que um ano, 
hipertensão, diabetes, idosos e doença renal crônica; e elaborar um plano de implantação das 
estratificações através de cursos rápidos para os profissionais das equipes de saúde da família 
(OPAS, 2013). 
Neste contexto, o rápido envelhecimento da população brasileira, aliado ao aumento da 
longevidade dos idosos traz profundas consequências na estruturação das redes de atenção à 
saúde, com maior carga de doenças crônicas e incapacidades funcionais. Consequentemente, 
constata-se o surgimento de novas demandas e o uso mais intensivo dos serviços de saúde. 
Todavia, ainda que as doenças sejam mais frequentes nesta faixa etária, nem sempre estão 
associadas a dependência funcional. 
O conceito de saúde deve estar claro no idoso. Não se deve confundir presença de doenças 
ou idade avançada com ausência de saúde. Define-se saúde como uma medida da capacidade 
individual de realização de aspirações e da satisfação das necessidades, independentementeda 
idade ou da presença de doenças (MORAES; LANNA, 2014). 
16 
 
O idoso apresenta características peculiares quanto à apresentação, instalação e desfecho 
dos agravos em saúde, traduzidas pela maior vulnerabilidade a eventos adversos, necessitando 
de intervenções multidimensionais e multissetoriais com foco no cuidado, é fundamental 
identificar condicionantes e determinantes do processo saúde/doença, em particular no que 
tange à capacidade funcional. A perda da funcionalidade contribui significativamente para o 
comprometimento da qualidade de vida da pessoa idosa, de seus familiares e cuidadores. Tanto 
que representa o condicionante mais importante de desfechos desfavoráveis na pessoa idosa, 
como hospitalização, institucionalização e morte, com grande impacto social e econômico. 
Em 2014, o documento Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS, publicado 
pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2014), definiu como estratégia principal a assistência à 
população idosa do SUS a partir do Modelo de Atenção Integral. Esse documento também 
aborda a importância e o potencial do trabalho em rede, definindo como estratégia a integração 
com os diferentes pontos de atenção do SUS, visando à produção do cuidado integral à pessoa 
idosa, adequado as suas necessidades 
A pessoa idosa apresenta profundas particularidades biopsicossociais que a diferenciam 
da população adulta, até mesmo dentro da faixa etária há heterogeneidade no processo de 
envelhecimento. Nesse sentido, destaca-se a importância da estratificação de risco, requisito 
fundamental para a estruturação de uma rede por meio da implantação da avaliação 
multidimensional do idoso na APS. 
 
4. OBJETIVOS 
 
4.1 OBJETIVO GERAL 
 Implantar a avaliação multidimensional do idoso em atenção primária à saúde 
direcionada a estratificação de risco para a detecção dos problemas de saúde que mais 
frequentemente afetam a qualidade de vida do idoso. 
 
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 Identificar a prevalência dos problemas de saúde incluídos na avaliação 
multidimensional proposta nos pacientes com mais de 60 anos no ambiente da atenção 
primária à saúde. 
 Classificar os indicadores de vulnerabilidade clínico-funcional da população idosa na 
Atenção Primaria à Saúde. 
17 
 
 Avaliar a saúde de forma global do Idoso para identificação de problemas e dos riscos 
na Atenção Primaria à Saúde. 
 Determinar a eficácia do instrumento de avaliação multidimensional do idoso na 
identificação de problemas de saúde através da sua comparação com a prática do 
atendimento clínico dispensado aos idosos em ambulatórios na Atenção Primaria à 
Saúde. 
 Verificar a efetividade do instrumento de avaliação multidimensional do idoso para uso 
sistemático em atenção primária à saúde. 
 Subsidiar o planejamento e a organização de serviços de atenção primária à saúde de 
forma a desenvolver ações específicas na modificação de situações de risco e na 
resolutividade de problemas 
 Capacitar a equipe de saúde para a utilização e manejo da Caderneta do Idoso. 
 Capacitar a equipe de saúde para a estratificação de risco inicial e o grau de fragilidade 
da saúde do idoso aplicando o VES-13 
 Capacitar os profissionais de nível superior para utilização do Índice de Vulnerabilidade 
Clínico-Funcional-20 (IVCF-20). 
 Capacitar os profissionais de nível superior para a aplicação da Avaliação 
Multidimensional do Idoso na Atenção Básica. 
 
 
5. METODOLOGIA 
 
5.1 TIPO DE ESTUDO 
Trata-se de pesquisa-ação, que se define como a construção cooperativa de 
conhecimentos com base na realidade vivida (TRIPP, 2010), desenvolvida com dados coletados 
em observações dos participantes nas atividades cotidianas da eSF. 
 
5.2 LOCAL DO ESTUDO 
Caxias é um município no estado do Maranhão, no Meio-Norte, no Brasil. É a quinta 
mais populosa cidade do estado, com uma população segundo o último censo de 2010 de 
155.129 habitantes e a estimativa da população de 2018 é de 164.224 habitantes. Sua área é de 
5.150,667 quilômetros quadrados, o que a torna a terceira maior cidade do Maranhão. Possui 
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,624 abaixo da média nacional que corresponde 
18 
 
a 0,755. Apresenta densidade demográfica, de acordo com o censo de 2010 feito pelo Instituto 
de Geografia e Estatística, de 30,12 hab./km². Tem por municípios limítrofes Timon, São João 
do Sóter, Teresina Codó e Coelho Neto. (IBGE, 2019). 
Ressalta-se que as principais atividades econômicas do município de Caxias são: 
agricultura, pecuária e indústria. E isso faz com que Caxias se encontre na terceira posição em 
relação às categorias quantitativas de população, economia e estruturação social no Maranhão 
(IBGE, 2016). 
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são definida como ações que incidam sobre os 
prestadores (públicos ou privados) de modo a contribuir na melhoria do acesso, da 
integralidade, da qualidade, da resolubilidade e na humanização destas ações e tem como uma 
das principais características o cuidado integral e multiprofissional bem como o compromisso 
com resultados sanitários (BRASIL,2014). 
É importante destacar que o município de Caxias apresenta a seguinte capacidade 
instalada da RAS: 
Unidades Assistenciais Quantidade 
Unidades Básicas de Saúde (UBS) 36 
Maternidade Carmosina Coutinho 01 
Centro de Referência Materno Infantil (CEAMI), Rede cegonha 01 
Hospital Geral de Caxias Gentil Filho 01 
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência/ Transporte sanitário 01 
Hospital Regional Dr. Everaldo Aragão 01 
Centro de Orientação e Aconselhamento de Caxias 01 
Serviço de Atendimento Médico Especializado 01 
CAPS III 01 
CAPS AD 01 
CAPS IJ 01 
Policlínica Municipal de Especialidades 01 
Laboratório Municipal de Analise Clinicas 01 
19 
 
 
O estudo seria realizado nas áreas adscritas das UBS Baixinha e UBS Pirajá, mas por 
conta da pandemia do Coronavírus (Diagnóstico situacional da pandemia em Caxias, Maranhão 
consta no Apêndice A), as atividades foram interrompidas em meados março de 2020. A UBS 
Baixinha está localizada no bairro Baixinha no município de Caxias/MA. Trata-se de uma 
unidade de atendimento à saúde do tipo Centro de Saúde, Unidade Básica, a equipe é composta 
por um médico, uma enfermeira e uma odontóloga, três técnicas de enfermagem, uma auxiliar 
de saúde bucal, uma recepcionista, três vigias, uma auxiliar de serviços diversos e nove agentes 
comunitários de saúde. A equipe conta com o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), 
composta por oito profissionais de diferentes categorias e seis residentes da Residência 
Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), sendo 
duas enfermeiras, duas fisioterapeutas, uma nutricionista e uma farmacêutica. Além disso, a 
UBS Baixinha tem cadastrados em seu território adscrito uma população de 3240 pessoas, 
sendo 1112 famílias. Atualmente a eSF é cuidadora de algumas subpopulações estratificadas e 
com o manejo adequado aos diferentes estratos de riscos identificados: 100% de gestantes, 
100% de crianças de até 2 anos de idade, 100% de hipertensos e diabéticos estratificados e com 
uma subpopulação de 397 idosos. 
A UBS Pirajá está localizada no bairro Pirajá do município de Caxias/MA. Trata-se de 
uma unidade de atendimento à saúde do tipo Unidade Básica, a equipe é composta por um 
médico, enfermeira e odontóloga, três técnicas de enfermagem, uma auxiliar de saúde bucal, 
uma recepcionista, três vigias, uma auxiliar de serviços diversos e oito agentes comunitários de 
saúde. A equipe conta com o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), composta por oito 
profissionais de diferentes categorias. A UBS Pirajá tem cadastrados em seu território adscrito 
uma população de 1820 pessoas, sendo 867 famílias. Atualmente a eSF é cuidadora de algumas 
subpopulações estratificadas e com o manejo adequado aos diferentes estratos de riscos 
identificados:100% de gestantes, 100% de crianças de até 2 anos de idade, 40% de hipertensos 
e diabéticos estratificados e com uma subpopulação de 174 idosos. 
 
Unidades de Pronto-atendimento (UPA) 01 
Vigilância Epidemiológica 01 
Vigilância Sanitária 01 
Unidade de Controle de Zoonoses 01 
20 
 
5.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA 
A população/amostra foi composta por pessoas com 60 anos ou mais que residem na 
área adscrita das UBSs Baixinha e Pirajá, ou seja, seria um total 397 idosos e 174 idosos, 
respectivamente. Ainda fizeram parte da população/amostra os profissionais de saúde das duas 
UBS, sendo 31 profissionais da UBS Baixinha e 24 profissionais da UBS Pirajá, assim, serão 
571 idosos e 55 profissionais de saúde. Devido a pandemia do Coronavírus as coletas foram 
suspensas em meados de março de 2020, sendo assim, foi realizada a coleta em três microáreas 
da UBS Baixinha, a ficha espelho da caderneta do idoso com IVCF-20 foi aplicada no total de 
120 idosos. 
 
5.4 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS 
As avaliações foram pautadas na “Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa”, 
presente nas Orientações técnicas para a implementação de Linha de Cuidado para Atenção 
Integral à Saúde da Pessoa Idosa no Sistema Único de Saúde – SUS (BRASIL, 2018) e a 
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa SUS (BRASIL, 2017) do Ministério da Saúde. 
Para fazer a estratificação inicial foi aplicada a ficha espelho da caderneta de saúde da 
pessoa idosa que consta dados pessoais, logradouro, informações pessoais como situação 
familiar e pessoa de referência, data de entrega da caderneta do idoso, se possui alguma 
deficiência, além de dados relacionados as condições/situações de saúde. Foi aplicado 
simultaneamente a ficha espelho, o Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF20). 
O IVCF-20 é um questionário que contempla aspectos multidimensionais da condição 
de saúde do idoso, sendo constituído por 20 questões distribuídas em oito seções: idade (1 
questão), auto-percepção da saúde (1 questão), incapacidades funcionais (4 questões), cognição 
(3 questões), humor (2 questões), mobilidade (6 questões), comunicação (2 questões) e 
comorbidades múltiplas (1 questão). Cada seção tem pontuação específica que perfazem um 
valor máximo de 40 pontos. Quanto mais alto o valor obtido, maior é o risco de vulnerabilidade 
clínico-funcional do idoso, entre 0-6 pontos é a ausência de declínio funciona, de 7-14 pontos 
pode haver um possível declínio, e idosos com a pontuação ≥ 15 pontos, significa a presença 
de declinio funcional. (MORAES et al., 2016; MORAES et al., 2019). 
No campo de alterações visuais, seria utilizado o cartão de Snellen em vez do cartão 
Jaeger, por ser o mesmo passível de aplicação em indivíduos sem escolaridade, será considerada 
alterada a não visibilidade acima de 20/40. Seria testado cada olho separadamente e, após, os 
dois olhos juntos, devendo a pessoa estar utilizando suas lentes corretivas, caso fizesse uso 
(BRASIL, 2017). 
21 
 
Para avaliação auditiva, seria utilizado o Teste do Sussurro. O examinador, a 30 cm de 
cada ouvido da pessoa idosa, sussurra uma pergunta simples. O teste é considerado alterado 
quando o idoso não responde à pergunta. 
 Para avaliação do humor e depressão, seria utilizada a Escala de Depressão Geriátrica 
de 15 itens (Geriatric Depression Score – GDS-15), sendo considerada positiva com pontuação 
igual ou superior a seis pontos (BRASIL, 2018). Nos campos de cognição e memória, seria 
utilizado o Mini Exame do Estado Mental (MEEM), juntamente com o “Teste do Relógio”, 
instrumento complementar para o rastreio de alterações das funções cognitivas, sendo que sua 
associação ao MEEM pode melhorar sua acurácia como teste de rastreio (BRASIL, 2018). 
No campo da função dos membros superiores, seria avaliada a capacidade do idoso em 
tocar a nuca com ambas as mãos e apanhar um lápis sobre a mesa com ambas as mãos e devolvê-
lo. No caso de incapacidade, o teste seria considerado alterado (BRASIL, 2018). Para avaliação 
da função dos membros inferiores, seria aplicada diretamente a Escala de Avaliação do 
Equilíbrio e da Marcha de Tinneti, sendo o ponto de corte considerado de 19 ou menos 
(BRASIL, 2018). 
 Para avaliação de atividades de vida diárias, seria aplicado o Formulário de Avaliação 
das Atividades Básicas de Vida Diária (Katz). Será considerada alterada a pontuação menor 
que 48 (BRASIL, 2017). No quesito quedas, se avaliaria o risco perguntando-se se o idoso havia 
caído nos últimos meses e analisando-se fatores de risco no domicílio, como escadas, tapetes 
soltos e ausência de corrimãos (BRASIL, 2017). 
Foi analisado também os perfis de “vacinação”, “medicação em uso” e 
“encaminhamentos”, para completar os dados e fornecer as informações essenciais as equipes 
das UBSs Baixinha e Pirajá. Foram considerados “em dia” com a imunização pacientes 
vacinados oportunamente contra febre amarela (FA), dT (difteria e tétano) e influenza. Foram 
considerados sob polifarmácia aqueles que utilizavam cinco ou mais medicamentos 
(GRIMMSMANN; HIMMEL, 2009). 
Foi realizado um treinamento com os monitores, coordenadores do projeto e com os 
profissionais das eSF da Baixinha e Pirajá por professores do Departamento de Ciências da 
Saúde do Centro de Estudos Superiores de Caxias da Universidade Estadual do Maranhão e 
também pela enfermeira da UBS Baixinha com conhecimentos sobre saúde do idoso e 
“Avaliação global da pessoa idosa”. 
 
 
 
22 
 
5.5 CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMARIA Á SAÚDE 
A capacitação para os profissionais da UBS Baixinha e da UBS Pirajá foi realizada 
utilizando uma adaptação do Caderno de Formação – Ação para Capacitação dos Profissionais 
da Atenção Básica sobre a Saúde da Pessoa Idosa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017), com 
carga horária de 30 horas, dividida em cinco módulos: 
• Módulo 1: Introdução à Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa; 
• Módulo 2: Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa; 
• Módulo 3: Identificação da Pessoa Idosa Vulnerável; 
• Módulo 4: Temas Importantes no Cuidado à Pessoa Idosa; 
• Módulo 5: Aplicação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. 
Em dezembro de 2019 se deu inicio à capacitação com abordagem dos módulos 1, 2, 3 
e 4. O módulo 5 foi realizado nos turnos da manhã e tarde entre os dias 27/01 e 31/01/2020, 
com a equipe em campo, onde essa semana foi exclusiva para treinamento da aplicação dos 
instrumentos e identificação de possíveis dúvidas. 
Este curso foi realizado com o intuito de, a curto prazo, capacitar todos os envolvidos 
no projeto para a correta condução da pesquisa, e, a longo prazo, para que os profissionais de 
saúde da Atenção Primária possam oferecer um acompanhamento diferenciado à população 
idosa. 
 
5.6 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS 
Os dados dos questionários foram digitados no programa Epi-Info Versão 13.2, em 
estrutura preparada durante o trabalho de campo, imediatamente após sua codificação, feita 
pelos próprios pesquisadores. Todos os questionários foram revisados com crítica automática 
de dados. Os dados foram digitados novamente em uma segunda etapa, após as devidas 
correções. Para preparar o arquivo, foram verificadas a amplitude e consistência dos dados, bem 
como será feito o cruzamento das variáveis, visando à limpeza dos bancos de dados. Para obter 
as frequências, foram listadas e verificadas as distribuições das variáveis. 
 
5.7 ASPECTOS ÉTICOS LEGAIS 
Todos os participantes foram convidados livremente em participar, assinando 
pessoalmente, quando alfabetizados, ou por meio de um responsável legal, quando analfabetos 
ou impossibilitados funcionalmente de assinar, um Termo de Consentimento Livre Esclarecido 
(Apêndice B), concordando em participar das atividades propostas e com a divulgação dos 
dados em conjunto, sendo garantido o anonimato de acordo com a Resolução nº 466, de 12 de 
23 
 
dezembro de 2012, sobre pesquisa com seres humanos.Este trabalho foi submetido ao Comitê 
de Ética da Universidade Estadual do Maranhão, tendo parecer de número 3.724.722. 
 
6. INFRAESTRUTURA DISPONÍVEL PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO 
 
Para o desenvolvimento deste projeto, se dispôs da infraestrutura física, equipamentos, 
matérias, insumos e impressos disponibilizados pelas UBS Baixinha e UBS Pirajá para ser 
realizado as atividades de campo e coleta de dados. As salas de aulas, laboratório de ensino e 
pesquisa do Centro de Estudos Superiores de Caxias da Universidade Estadual do Maranhão 
estava à disposição do projeto. 
 
7. RESULTADOS 
Segundo a pesquisa realizada através de questionários com uma amostra de 397 idosos, 
os dados coletados demonstram que houve prevalência do sexo feminino, com predomínio de 
61,21 % (243) dos casos no ano de 2020. Quanto a faixa etária a predominância se deu entre 60 
a 74 com 66,25% (263) dos eventos, considerando a mínima de 60 e máxima de maior ou igual 
a 85 anos. Para a raça 69,52% (276), referem-se a cor parda, seguida da cor preta com 16,88% 
(67). No que tange à situação familiar verificou que 87,41% (347) dos idosos moram com 
parentes e 12,09% (48) moram sozinhos (Tabela 1). 
TABELA 1 - Distribuição geral dos dados sociodemográficos de todos os idosos atendidos 
na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. 
 
VARIÁVEIS (n=397) n % 
Sexo 
Masculino 154 38,79% 
Feminino 243 61,21% 
Faixa etária 
60 a 74 anos 263 66,25% 
75 a 84 anos 90 22,67% 
≥ 85 anos 44 11,08% 
Raça/cor 
Branca 52 13,10% 
Preta 67 16,88% 
Parda 276 69,52% 
Amarela 2 0,50% 
Situação familiar 
Mora só 48 12,09% 
Com parentes 347 87,41% 
Outros 2 0,50% 
TOTAL 397 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. 
24 
 
 
 Mediante dados obtidos na coleta de dados, no que se refere aos tipos de deficiência, 
sendo estas: física, visual, auditiva, intelectual/cognitiva, 84,63% (336), referiram não ter 
nenhuma incapacidade. Contudo, aos que relataram algum desses condicionamentos, a forma 
física apresentou-se prevalência de 7,30% (29), seguida de um percentual de 3,78% (15) para a 
visual. Já em relação à auditiva, apresentou-se 3,27% (13), na sequência a intelectual/cognitiva 
com 1,51% (6) dos casos (Tabela 2). 
Ao considerar o idoso como acamado e/ou domiciliado, a primazia deu-se com 97,98% 
(389), dos casos para os anciões não acamados, seguido de 79,09% (314), para não domiciliado 
(Tabela 2). 
Quanto as comorbidades, tais como: hipertensão, diabetes, os dados apontam 
predomínio da hipertensão arterial com 46,85% (186) dos elementos analisados, seguido de 
30,23% (120) dos casos que não possuem nenhuma doença crônica. Além disso, hipertensão + 
diabetes apresentaram 14,86% (59) dos quadros. Ademais a diabetes, como premissa única, 
denotou uma taxa de 5,79% (23) das condições informadas. Para mais, outras patologias 
relatadas, obteve um percentual de 2,27% (9) (Tabela 2). 
 
TABELA 2 - Distribuição geral dos dados sobre as condições de saúde de todos os idosos 
atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. 
 
Variáveis (n=397) n % 
Tem alguma deficiência? 
Sim 61 15,37% 
Não 336 84,63% 
Auditiva 
Não 384 96,73% 
Sim 13 3,27% 
Visual 
Não 382 96,22% 
Sim 15 3,78% 
Física 
Não 368 92,70% 
Sim 29 7,30% 
Cognitiva/intelectual 
Não 391 98,49% 
Sim 6 1,51% 
Está acamado 
Sim 8 2,02% 
Não 389 97,98% 
Está domiciliado 
Sim 83 20,91% 
Não 314 79,09% 
25 
 
Possui alguma dessas doenças 
crônicas? 
 
Hipertensão 186 46,85% 
Diabetes 23 5,79% 
Hipertensão + diabetes 59 14,86% 
Não possui nenhuma doença crônica 120 30,23% 
Outras 9 2,27% 
TOTAL 397 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. 
A aplicação do questionário Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional-20 (IVCF-
20), foi realizado em 120 idosos, demonstrou que houve prevalência do sexo feminino, com 
predomínio de 62,51 % (75) dos casos. Quanto a faixa etária a predominância se deu entre 60 
a 74 anos com 56,67% (68) dos eventos, considerando a mínima de 60 e máxima de maior ou 
igual a 85 anos. Para a raça 74,17% (89), referem-se a cor parda, seguida da cor preta com 
17,50% (21). No que tange à situação familiar verificou que 90.83% (109) dos idosos moram 
com parentes e 7,50% (9) moram sozinhos (Tabela 3). 
TABELA 3 - Distribuição dos dados sociodemográficos dos idosos que foram entrevistados, 
Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. 
VARIÁVEIS (n=120) n % 
Sexo 
Masculino 45 37,50% 
Feminino 75 62,50% 
Faixa etária 
60 a 74 anos 68 56,67% 
75 a 84 anos 40 33,33% 
≥ 85 anos 12 10,00% 
Raça/cor 
Branca 8 6,6% 
Preta 21 17,50% 
Parda 89 74,17% 
Amarela 2 1,67% 
Situação familiar 
Mora só 9 7,50% 
Com parentes 109 90,83% 
Outros 2 1,67% 
TOTAL 120 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. 
 Em relação a possuir algum tipo de deficiência seja física, auditiva, 
intelectual\cognitiva, visual, esses dados se encontram na tabela 4. Apontando que 30 dos 120 
entrevistados relataram possuir algum tipo de deficiência, representando 25%. Desses, 12,50% 
(15) tinham deficiência física, cerca de 7,50% (9) deficiência visual, 5% (6) deficiência auditiva 
26 
 
e 2,50 % (3) alguma deficiência intelectual\cognitiva. Na amostra pesquisada, mais de 30% 
(38) se encontravam domiciliados e 2,50% (3) acamados (Tabela 4). 
Quanto as patologias existentes, sendo elas: hipertensão arterial sistêmica, diabetes, 
houve relevância da hipertensão, com percentual de 48,33% (58) dos elementos analisados, 
seguida de 26,67% (32) que não possuem nenhuma das doenças anteriormente citadas, assim 
como, não relataram a presença de outros diagnósticos (Tabela 4). 
 
TABELA 4 - Distribuição dos dados sobre a presença de deficiência nos idosos atendidos na 
Unidade Básica De Saúde Da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. 
Variáveis (n=120) n % 
Tem alguma deficiência? 
Sim 30 25,00% 
Não 90 75,00% 
Auditiva 
Não 114 95,00% 
Sim 6 5,00% 
Visual 
Não 111 92,50% 
Sim 9 7,50% 
Física 
Não 105 87,50% 
Sim 15 12,50% 
Cognitiva/intelectual 
Não 117 97,50% 
Sim 3 2,50% 
Está acamado 
Sim 3 2,50% 
Não 117 97,50% 
Está domiciliado 
Sim 38 31,67% 
Não 82 68,33% 
Possui alguma dessas doenças 
crônicas? 
 
Hipertensão 58 48,33% 
Diabetes 5 4,17% 
Hipertensão + diabetes 18 15,00% 
Não possui nenhuma doença crônica 32 26,67% 
Outras 7 5,83% 
TOTAL 120 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. 
Em relação à ocorrência de diagnósticos, internações e quedas, 59,17% (71) não 
referiram nenhuma ocorrência, enquanto 40,83% (49) relataram algum episódio, sendo destes, 
14,29% (7) corresponderam a quedas sem fratura, 10,20% (5) à hipertensão + diabetes, 8,16% 
27 
 
(4) à hipertensão, 4,08% (2) a Alzheimer, 4,08% (2) a quedas com fraturas, 4,08% (2) a 
COVID-19, 4,08% (2) à pneumonia, 4,08% (2) à diabetes, 2,04% à hérnia de disco, 2,04% (1) 
à internação por desorientação, 2,04% (1) à internação por desinteria, 2,04% (1) à mastectomia 
(+12 anos), 2,04% (1) à mioma + glaucoma + AVC, 2,04% (1) à cardiopatia + pneumonia 
(2019) + queda (2020) e 2,04% (1) à tireoidectomia (Tabela 5). 
 
TABELA 5 - Distribuição dos dados sobre as condições de saúde dos idosos atendidos na 
Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. 
 
Variáveis (n=120) n % 
Teve algum diagnóstico, 
internações e quedas? 
 
Sim 49 40,83% 
Não 71 59,17% 
Total 120 100,00% 
Se sim, qual (is)? 
Quedas sem fraturas 7 14,29% 
Quedas com fratura 2 4,08% 
Has + dm 5 10,20% 
Has 4 8,16% 
Alzheimer 2 4,08% 
Covid-19 2 4,08% 
Dm 2 4,08% 
Pneumonia 2 4,08% 
Queda + artrose + hipertensão 1 2,04% 
Alzheimer + cardiopatia e queda 1 2,04% 
Anemia congênita + artrose + 
hipertensão 
1 2,04% 
Artrose + hipertensão 1 2,04% 
Avc e cirurgia de períneo 1 2,04% 
Bursite + avc + lesão no pé 1 2,04% 
Dengue (2014) 1 2,04% 
Desbridamento(pé diabético) 1 2,04% 
Diabetes + depressão 1 2,04% 
Diabetes + alzheimer 1 2,04% 
Fratura (fêmur) + hipertensão + 
avc 
1 2,04% 
Artrose + hipertensão 1 2,04% 
Artrose + hipertensão + hérnia de 
disco 
1 2,04% 
Hipertensão + avc 1 2,04% 
Hipertensão + hérnia de disco 1 2,04% 
Hipertensão + osteoporose 1 2,04% 
Hérnia de disco 1 2,04% 
Internação por desorientação 1 2,04% 
28 
 
Internação por desinteria 1 2,04% 
Mastectomia (+12 anos) 1 2,04% 
Mioma + glaucoma + avc 1 2,04% 
Cardiopatia + pneumonia (2019) 
+ queda (2020) 
1 2,04% 
Tireoidectomia 1 2,04% 
Total 49 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. 
 
No que se refere a questões neuropsicológicas, 60% (72) dos idosos apresentaram 
cognição normal e 40% (48) cognição alterada, assim como 59,17% (71) demonstraram humor 
normal e 40,83% (49) humor alterado (Tabela 6). 
No quesito dos hábitos de vida, 90% (108) negaram uso de álcool e 10% (12) 
afirmaram consumo. Já em relação ao tabagismo, 93,33% (112) dos idosos são não-fumantes e 
6,67% (8) são fumantes. Quanto à prática de atividades físicas, 23,33% (28) relataram praticar, 
enquanto 76,67% (92) são sedentários (Tabela 6). 
Sobre a presença de dor com duração igual ou superior a 3 meses, 58,33% (70) 
relataram a ocorrência e 41,67% (50) negaram. Dos casos positivos, em relação à intensidade 
dessa dor, 22,86% (16) descreveram como leve, 47,14% (33) como moderada e 30% (21). 
Ainda em relação às respostas positivas, quanto a localização, 21,43% (15) referiram dor na 
coluna, 17,14% (12) no joelho, 12,86% (9) nas articulações, 10% (7) nos membros inferiores, 
5,71% (4) nas costas, 5,71% (4) nos membros superiores (braços) (Tabela 6). 
 
TABELA 6 - Distribuição dos dados sobre informações complementares das situações de saúde 
dos idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. 
 
Variáveis (n=120) n % 
Cognição 
Normal 72 60,00% 
Alterada 48 40,00% 
Total 120 100,00% 
Humor 
Normal 71 59,17% 
Alterado 49 40,83% 
Total 120 100,00% 
Uso de álcool 
Sim 12 10,00% 
Não 108 90,00% 
Total 120 100,00% 
Fumante 
Sim 8 6,67% 
29 
 
Não 112 93,33% 
Total 120 100,00% 
Atividade física 
Sim 28 23,33% 
Não 92 76,67% 
Total 120 100,00% 
Presença de dor com duração 
igual ou superior a 3 meses? 
 
Sim 70 58,33% 
Não 50 41,67% 
Total 120 100,00% 
Se sim, qual a intensidade? 
Leve 16 22,86% 
Moderada 33 47,14% 
Intensa 21 30,00% 
Total 70 100,00% 
Se sim, qual a localização? 
Coluna 15 21,43% 
Joelho 12 17,14% 
Articulações 9 12,86% 
Membros inferiores 7 10,00% 
Costas 4 5,71% 
Membros superiores (braços) 4 5,71% 
Lombar 3 4,29% 
Pés 3 4,29% 
Barriga 1 1,43% 
Cabeça 1 1,43% 
Cervical e joelho 1 1,43% 
Dores musculares 1 1,43% 
Mãos, joelho e pernas 1 1,43% 
Ombro 1 1,43% 
Pés e costas 1 1,43% 
Pulmão 1 1,43% 
Quadril 1 1,43% 
TOTAL 70 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020. 
Quanto ao uso de medicação para comorbidades preexistentes, pode-se perceber que de 
um quantitativo de 120 indivíduos entrevistados, 35 fazem uso de duas medicações diárias, o 
que corresponde a 29, 17% dos casos. Contudo, 26.67% (32) não utilizam nenhum fármaco 
atualmente (Tabela 7). 
 
TABELA 7 - Distribuição dos dados sobre o uso de medicamentos dos idosos atendidos na 
Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. 
 
Variáveis (n=120) n % 
Atualmente faz uso de quantos 
medicamentos? 
 
30 
 
1 23 19,17% 
2 35 29,17% 
3 11 9,17% 
4 9 7,50% 
5 ou mais 10 8,33% 
Nenhum 32 26,67% 
TOTAL 120 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 
De acordo com os dados coletados dos questionários do IVCF-20 com amostra de 120 
pessoas idosas que são atendidas na Unidade Básica de Saúde da Baixinha de Caxias – MA, foi 
encontrado que a faixa etária de 60 a 74 anos foi a mais prevalente com 56,67% (68), seguido 
da de 75 a 84 anos com 33,33% (40) e o restante com idade igual ou superior a 85 anos (Tabela 
8). 
No quesito de autopercepção de saúde, a maior parte dos idosos, 60% (72), consideram 
que, em comparação a outros idosos de mesma idade, sua saúde está regular ou ruim. O restante, 
40% (48), relata saúde excelente, muito boa ou boa nessa mesma comparação (Tabela 8). 
Outro ponto abordado no IVCF-20 diz respeito à possibilidade da execução de 
atividades rotineiras, tais como fazer compras, administrar seu dinheiro, realizar trabalhos 
domésticos – como lavar louças, arrumar a casa – e tomar banho. Quanto a fazer compras, 
72,50% (87) relataram não deixarem de fazer compras em razão do envelhecimento. 
No que tange a administração da renda, 72,50% (87) falaram que não deixaram de 
controlar seu dinheiro, gastos ou pagar suas contas por conta da sua velhice. Em relação à 
execução de pequenos serviços domésticos, 75,83% (91) relataram que o processo de 
envelhecimento não o impediu de realizar esses trabalhos diários e o restante, 24,17% (29), 
deixaram de realizar essa atividade. E, relacionado a tomar banho, a maior parte dos idosos, 
92,50% (111) referiram não deixar de tomar banho sozinho (Tabela 8). 
 
TABELA 8 - Distribuição dos dados referentes ao IVCF-20 sobre a faixa etária e a auto 
percepção de saúde de idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, 
Maranhão, Brasil. 2020. 
Variáveis (n=120) n % 
Faixa etária 
60 – 74 anos 68 56,67% 
75 – 84 anos 40 33,33% 
≥ 85 anos 12 10% 
Em geral, comparando com outras pessoas de sua idade, 
você diria que sua saúde é: 
 
Excelente, muito boa ou boa 48 40,00% 
Regular ou ruim 72 60,00% 
Você deixou de fazer compras? 
31 
 
Não 87 72,50% 
Sim 33 27,50% 
Você deixou de controlar seu dinheiro, gastos ou pagar as 
contas de sua casa? 
 
Não 87 72,50% 
Sim 13 27,50% 
Você deixou realizar pequenos trabalhos domésticos, como 
lavar louça, arrumar casa ou limpeza leva? 
 
Não 91 75,83% 
Sim 15 24,17% 
Você deixou de tomar banho sozinho? 
Não 111 92,50% 
Sim 9 7,50% 
TOTAL 120 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 
 
No que tange às variáveis relacionadas à cognição presentes no IVCF-20, os dados 
coletados sobre o declínio da memória – ou esquecimento – denotaram que a maior parte da 
amostra, 53,33% (64), não relataram que parentes notabilizam sinais de esquecimento e o 
restante, 46,67% (56), relatam que seus familiares percebem sinais de declínio cognitivo. Destes 
que existe uma percepção do esquecimento, 50% (28) – 23,33% do total – declaram que esse 
esquecimento está piorando nos últimos meses e 37,93% (22) – 18,33% do total – que isso o 
impede de realizar as atividades do cotidiano (Tabela 9). 
Na análise do humor, percebeu-se que a maior parte, 54,17% (65) não referiram 
apresentar sinais de tristeza, desânimo ou desesperança e 67,50% (81) relataram não ter perdido 
o interesse na realização de práticas prazerosas (Tabela 9). 
 
TABELA 9 - Distribuição dos dados referentes ao IVCF-20 sobre as condições cognitivas e 
humorais de idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, 
Brasil. 2020. 
 
Variáveis (n=120) n % 
Algum familiar ou amigo falou que você está ficando 
esquecido? 
 
Não 64 53,33% 
Sim 56 46,67% 
Este esquecimento está piorando nos últimos meses? 
Não 92 76,67% 
Sim 28 23,33% 
Este esquecimento está impedindo a realização de alguma 
atividade do cotidiano? 
 
Não 98 81,67% 
Sim 22 18,33% 
32 
 
No último mês, você ficou com desânimo, tristeza ou 
desesperança? 
 
Não 65 54,17% 
Sim 55 45,83% 
No último mês, você perdeu o interesse ou prazer em 
atividades anteriormente prazerosas? 
 
Não 81 67,50% 
Sim 39 32,50% 
TOTAL 120 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 
 
Quanto aos questionamentos diante da mobilidade senil a qual consta no IVCF-20, 
buscou-se avaliar o alcance, a preensão e pinça, a capacidade aeróbica/muscular, a marcha e a 
continência esfincteriana.Diante dos dados coletados dessa amostra, 89,17% (107) da amostra 
não eram incapazes de elevar os braços acima da linha dos ombros e 89,17 (107) não foram 
incapazes de manusear ou segurar pequenos objetos (Tabela 10). 
Constatou-se que 44,17% da amostra possuía pelo menos um dos fatores que denotam 
limitações na capacidade aeróbica e/ou muscular, sendo o fator mais prevalente a incapacidade 
da realização da marcha de 4m em menos de 5s com 30% (36) da amostra, seguido da 
circunferência da panturrilha inferior a 31cm com 15,83% (19), da perda de peso não 
intencional de 4,5kg ou 5% do peso corpóreo com 4,17% (5) e, por fim, do IMC menor que 
22kg/m² com 2,5% (3) (Tabela 10). 
Em relação a marcha de forma geral, foi analisado que 78,33% (94) não possuem 
dificuldades para caminhar que os impossibilitem a prática de alguma atividade do cotidiano. 
Também foi encontrado que 89,17% (107) da população idosa da amostra não tiveram duas ou 
mais quedas no último ano. Concluindo as variáveis que se referem à mobilidade, 80,83% da 
amostra não referiu perder urina ou fezes de maneira involuntária em algum momento (Tabela 
10). 
Os dados coletados também avaliaram questões referentes à comunicação do idosos 
da amostra no que tange a sua capacidade de enxergar e escutar. Os resultados revelaram que 
há mais idosos com problemas de visão capazes de impedir a realização de atividades rotineiras, 
com 32,50% (39) do que problemas de audição 14,17% (17) (Tabela 10). 
TABELA 10 - Distribuição dos dados referentes ao IVCF-20 sobre a mobilidade e counicação 
de idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, Maranhão, Brasil. 2020. 
 
Variáveis (n=120) n % 
Você é incapaz de elevar os braços acima do nível dos 
ombros? 
 
Não 107 89,17% 
33 
 
Sim 13 10,83% 
Você é incapaz de manusear ou segurar pequenos objetos? 
Não 107 89,17% 
Sim 13 10,83% 
Você tem alguma das quatro condições abaixo relacionadas 
(Perda de peso, IMC, circunferência da panturrilha e 
tempo de marcha)? 
 
Não 67 55,83% 
Sim 53 44,17% 
Perda de peso não intencional de 4,5kg ou 5% do peso 
corporal 
 
Não 115 95,83% 
Sim 5 4,17% 
IMC < que 22kg/m² 
Não 81 67,50% 
Sim 39 32,50% 
Circunferência da panturrilha a <31cm 
Não 19 15,83% 
Sim 101 84,17% 
Tempo gasto no teste de velocidade da marcha (4m) >5s 
Não 36 30,00% 
Sim 84 70,00% 
Você tem dificuldade para caminhar capaz de impedir a 
realização de alguma atividade do cotidiano? 
 
Não 94 78,33% 
Sim 26 21,67% 
Você teve 2 ou + quedas no último ano? 
Não 107 89,17% 
Sim 13 10,83% 
Você perde urina ou fezes, sem querer, em algum 
momento? 
 
Não 97 80,83% 
Sim 23 19,17% 
Você tem problemas de visão capazes de impedir a 
realização de alguma atividade no cotidiano? 
 
Não 81 67,50% 
Sim 39 32,50% 
Você tem problemas de audição capazes de impedir a 
realização de alguma atividade no cotidiano? 
 
Não 103 85,83% 
Sim 17 14,17% 
TOTAL 120 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 
 
Em conformidade com a Tabela 11, 2,50% (3) dos idosos participantes da pesquisa, 
apresentavam 5 ou mais doenças crônicas, a pesquisa demostrou que mais de 5% (7) da amostra, 
34 
 
faz uso regular de 5 ou mais medicamentos diferentes por dia, além de que um pouco mais 5% 
(7) relataram internação nos últimos 6 meses. 
TABELA 11- Distribuição dos dados referentes ao IVCF-20 sobre comorbidades múltiplas e 
pontuação final dos idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde da Baixinha, Caxias, 
Maranhão, Brasil. 2020. 
 
Variáveis (n=120) n % 
Você tem alguma das 3 condições abaixo 
relacionadas? 
 
Não 102 85,00% 
Sim 18 15,00% 
5 ou + doenças crônicas 
Não 117 97,50% 
Sim 3 2,50% 
Uso regular de 5 ou + medicamentos 
Não 113 94,17% 
Sim 7 5,83% 
Internação recente, nos últimos 6 meses 
Não 113 94,17% 
Sim 7 5,83% 
Total 120 100,00% 
Pontuação final (score): 
≥ 15 pontos 30 25,00% 
0 - 6 pontos 54 45,00% 
7 - 14 pontos 36 30,00% 
TOTAL 120 100,00% 
Fonte: Autoria dos próprios autores, 2020 
 
8. DISCUSSÃO 
O envelhecimento está intimamente associado ao processo de fragilização. Contudo, a 
idade, por si só, é um preditor de fragilidade inadequado, uma vez que o processo de 
envelhecimento segue padrão heterogêneo. A idade cronológica é apenas uma aproximação 
precária da idade biológica (FRIED, 2016). Dessa forma, saúde no idoso pode ser compreendida 
como a capacidade individual de satisfação das necessidades biopsicossociais, 
independentemente da idade ou da presença de doenças (MORAIS, et al., 2016). 
De acordo com os dados obtidos na coleta realizada entre os meses de janeiro a 
novembro de 2020, com idosos na idade maior ou igual a 60 anos, atendidos na Unidade Básica 
de Saúde da Baixinha, município de Caxias-MA, utilizando como ferramenta, um questionários 
sociodemográfico juntamente com o questionário do Índice de Vulnerabilidade Clínico-
Funcional-20 (IVCF-20), o qual é um instrumento totalmente brasileiro e extremamente 
eficiente na avaliação dos principais determinantes clínico-funcional da saúde do idoso. 
35 
 
A atual investigação demonstrou que houve prevalência do sexo feminino sob o sexo 
masculino. Assim como, a faixa etária, apresentando predominância da idade entre 60 a 74 com 
66,25% (263) dos eventos coletados, considerando a mínima de 60 e máxima de maior ou igual 
a 85 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2019, em 1940, de cada 
mil pessoas que atingiam os 65 anos de idade, 259 chegariam aos 80 anos ou mais. Em 2018, 
de cada mil idosos com 65 anos, 637 completariam 80 anos. As expectativas de vida ao atingir 
80 anos, em 2018, foram de 10,4 anos para mulheres e 8,6 para homens. Em 1940, esses valores 
eram de 4,5 anos para as mulheres e 4,0 anos para os homens. 
A aplicação do questionário Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional 20 (IVCF-
20), foi realizado em 120 idosos, a maioria do sexo feminino, representando 62,50%, 
demostrado na tabela 3. O resultado encontrado corrobora, com o achado por outros autores, 
como os de Neri et al. (2013) e Busato et al. (2014), nos quais, a taxa de mulheres participantes 
foi maior, quando comparada ao sexo masculino. 
Isso se deve, entre outras causas a feminilização do envelhecimento, uma vez que a 
expetativa de vida para o sexo feminino, em média é de 8 anos a mais que o sexo masculino, 
representação que justifica a prevalência no brasil de mulheres idosas, outro ponto a ser 
considerado é a busca maior das mulheres por serviços de saúde, contribuindo para a 
preservação da saúde e aumento da expectativa de vida (BUSATO et al.,2014). 
No que se refere à raça concluiu-se que a maior taxa consiste na população 
autodeclarada de cor parda com 69,52% (276), seguida da cor preta com 16,88% (67), e da cor 
branca 13,10% (52), demonstrando a disparidade entre negros e brancos, a raça apesar de não 
ser um fator de determinância para idade apresenta predominância no substrato da população. 
Atualmente, de acordo com pesquisas recentes, eles são maioria na faixa dos 60 aos 64 anos, 
representando 42,3% do total, enquanto os brancos são 28,2% e os pretos 26,7%. No entanto, 
esse percentual vai decaindo absurdamente nas demais faixas. Os pardos são 27% dos 
entrevistados com idade entre 65 e 69 anos; 13,6% entre 70 e 74 anos; e 6,6% na casa dos 74 a 
79 anos; reduções que não se verificam na mesma equivalência entre brancos e negros. 
Segundo Malta (2014), as disparidades entre negros e brancos também são 
evidenciadas nas taxas de tabagismo, no uso de bebidas alcoólicas e na prática de atividade 
físicas. Em contrapartida, Lobo (2017) em sua análise encontrou maiores prevalências de 
comorbidades como hipertensão arterial nos indivíduos de cor da pele preta, nos índios e nas 
pessoas de coloração amarela. 
Ao se tratar da faixa etária a literatura demostra que a idade em si não é um fator 
determinante para a institucionalizaçãoou fragilização, mas sim as condições de saúde 
36 
 
associadas, que contribuem para o aparecimento de agravos a saúde, sendo a diminuição e/ou 
perda da capacidade funcional, um deles (GÜTHS et al.,2017). 
No Brasil, estima-se que exista, atualmente, cerca de mais de 4 milhões de idosos quem 
vivem sozinhos no Brasil. Um retrato do crescimento da população idosa brasileira em um 
período de 50 anos. No Brasil, 15,7% das pessoas com 60 anos ou mais de idade moram 
sozinhas, com maiores percentuais nas regiões Sul (15,9%) e Sudeste (15,7%) (IBGE, 2020). 
Diante disso, idosos que moram sozinhos podem ser considerados mais vulneráveis e 
desprovidos de apoio social diante de dificuldades de saúde. (TAVARES, et al., 2020). O 
presente estudo denotou com um percentual de 87,41% (347), que idosos residentes de Caxias-
MA, moram com parentes, entre eles: filhos e netos, esposo (a). Corroborado pelos estudos de 
Del Duca et al. (2012), a maioria dos cuidadores eram entes da própria família: filho (a) – 40,7% 
e esposo(a) – 37,0% foram as respostas mais relatadas pelos entrevistados e apenas 4,3% dos 
idosos disseram ter cuidador formal contratado. 
Logo, diverge dos dados nacionais, os quais demostram uma prevalência de idosos 
morando sozinhos. Contudo, países como África do Sul, existe aumento na proporção de 
domicílios com três gerações co-residindo. Isto é, foi constatado que mais de um terço dos 
homens jovens residem em domicílios com três gerações. Esta proporção é ainda maior se se 
considera apenas a população negra (vide Bertrand, Miller e Mullainathan, 2000). 
Comumente, os homens mantem-se como provedor da família até o fim da vida, 
enquanto as mulheres diante da morte do marido, ou ao se separar, tendem a morar com os 
filhos, o abandono do idoso e a não manutenção da rede de relacionamentos, favorecem a piora 
das condições de saúde, uma vez que, os que chegam a senescência e residem sozinhos, recebem 
pouco auxilio na manutenção da saúde e nas atividades do cotidiano (BERTUZZI et al., 2012); 
(GÜTHS et al.,2017); (SILVA et al., 2018). 
O trabalho vigente, no que corresponde as deficiências, nomeadamente como: física, 
auditiva, visual, intelectual/cognitiva, das informações coletadas não predomínio de nenhuma 
inabilidade. Entretanto, aos que relataram algum desses condicionamentos, a forma física 
apresentou-se prevalência de 7,30% (29), seguida de um percentual de 3,78% (15) para a visual. 
Já em relação à auditiva, apresentou-se 3,27% (13), na sequência a intelectual/cognitiva com 
1,51% (6) dos casos. 
As alterações provocadas pelo processo de envelhecimento do ser humano, que 
envolve aspectos fisiológicos, biológicos e neurológicos, podem levar a perda natural e 
gradativa das funções dos sistemas, entre eles o auditivo, visual , assim como a perda da 
capacidade funcional, demostrando a complexidade e a importância do acompanhamento do 
37 
 
envelhecimento, para que o mesmo ocorra de forma sustentável e prezando pela promoção da 
saúde e a prevenção de agravos e morbidades aos indivíduos (VALENCA, et al., 2017). 
O envelhecimento predispõe ao risco de déficit cognitivo, classificado como a falta de 
precisão na linguagem, memoria, funções de planejamento e execução de tarefas, atenção e 
percepção. A deficiência cognitiva em idosos possa provocar retardo de respostas motoras, 
devido a lentidão no processamento e integração das informações sensórias no Sistema Nervoso 
Central, resultante do envelhecimento (ANDRADE, et al.,2020). 
A deficiência auditiva geralmente se desenvolve de forma progressiva, especifica, de 
forma individual no idoso, sendo denominado na gerontologia de presbiacusia, seu 
aparecimento pode desencadear sérias consequências a saúde psicológica e a vida social do 
idoso, coo isolamento social, frustação e depressão (CRUZ, et al. 2012). 
O trabalho de Souza (2015), apresenta dados sobre idosos acima de 60 anos e suas 
respectivas deficiências, sendo que o número de idosos que possuem algum tipo de deficiência 
é de 20.588.871, número este que está distribuído em quatro deficiências pesquisadas: a 
primeira é a deficiência visual que corresponde a 47.72% do total de idosos com deficiência; 
em segundo lugar, a deficiência física com um total de 33%; em terceiro lugar, a deficiência 
auditiva com 21,59%; e, por último, a deficiência mental/intelectual com 2,61%. 
Outros estudos apontam que a maioria dos idosos era do sexo feminino, na faixa etária 
entre 80 e 89 anos, também apresentava deficiência visual. (FILHO, et al., 2014). A prevalência 
de deficiência em idosos é alta. Entretanto, a falta de estudos de base populacional em âmbito 
nacional, pode explicar o fato de a Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de 
Deficiência fazer referência à literatura internacional, ao citar a presbiacusia como principal 
causa de deficiência auditiva em idosos, com incidência de aproximadamente 30% na 
população com mais de 65 anos (BRASIL, 2002). 
Atualmente, pode-se verificar que a condição de incapacidade e de deficiência tem 
relevância no âmbito da saúde pública, embora a assistência a essa população se insira 
marginalmente no sistema de saúde. A situação da assistência à pessoa com deficiência no 
Brasil ainda apresenta um perfil de fragilidade, desarticulação e descontinuidade de ações na 
esfera pública e privada (GIROND, 2011). 
Ao considerar o idoso como acamado e/ou domiciliado, a primazia deu-se com 97,98% 
(389), dos casos para os anciões acamados, seguido de 79,09% (314), para domiciliado. Del 
Duca et al. (2012), identificaram que a prevalência do cuidado domiciliar foi de 25,4%, sendo 
que a maioria dos cuidadores eram entes da própria família, filho (a) 40,7% e esposo (a) 37%, 
sem grandes informações sobre o cuidado cotidiano do idoso. 
38 
 
O envelhecimento acarreta alterações fisiológicas que limitam a capacidade de 
desempenhar atividades diárias, resultando na diminuição da autonomia funcional e 
consequentemente tornando-o frágil e dependente (MARTINS, 2018). Essas alterações 
propiciam o aumento do risco de acidentes, como as quedas, que podem levar o idoso a ficar 
restrito ao leito e trazer repercussões como o aparecimento de úlceras por pressão, infecções 
respiratórias e urinárias, dentre outras (MORAES, 2012). No presente estudo, em relação à 
ocorrência de quedas, predominaram as quedas sem fratura correspondendo à 14,29% (7) dessas 
ocorrências, enquanto o percentual das quedas com fratura foi de 4,08% (2). Índices menores 
do que encontrado em estudos semelhantes como LINO et al. (2016), onde a presença de quedas 
foi identificada em 23% da população. 
As quedas na população idosa são consideradas de enorme atenção na saúde pública, 
uma vez que pode resultar em consideráveis prejuízos à saúde, como fraturas, hospitalização, 
imobilidade, institucionalização e em casos mais extremos, o óbito, os individuas que possuem 
problemas no controle postural, são mais suscetíveis a quedas (ANDRADE et al., 2020). 
No presente estudo, em relação à ocorrência de quedas, predominaram as quedas sem 
fratura correspondendo à 14,29% (7) dessas ocorrências, enquanto o percentual das quedas com 
fratura foi de 4,08% (2). Índices menores do que encontrado em estudos semelhantes como 
LINO et al. (2016), onde a presença de quedas foi identificada em 23% da população. 
Outra variável de suma importância trata-se das comorbidades, que afetam, na sua 
grande maioria, os idosos, tais como: hipertensão arterial e diabetes mellitus. As quais 
demonstraram para os elementos analisados a hipertensão arterial com 46,85% (186) seguido 
de 30,23% (120) dos casos que não possuem nenhuma doença crônica, hipertensão + diabetes 
apresentaram 14,86% (59) dos quadros e diabetes, como premissa única, denotou uma taxa de 
5,79% (23) das condições informadas. Para mais, outras patologias relatadas, obteve um 
percentual de 2,27% (9). Além disso, a maior parte

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