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DESCRIÇÃO A Epidemiologia do envelhecimento no Brasil e o conceito de envelhecimento à luz da manutenção da autonomia do idoso. PROPÓSITO Compreender a Epidemiologia do envelhecimento no Brasil e o conceito de envelhecimento em suas diversas dimensões enquanto elemento essencial para uma intervenção profissional que preze pela promoção da saúde, qualidade de vida e preservação da autonomia da pessoa idosa. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer o perfil epidemiológico do envelhecimento no Brasil MÓDULO 2 Identificar os diversos conceitos de envelhecimento e suas aplicações no cuidado à saúde INTRODUÇÃO Certamente, o que vamos falar aqui você já sabe: a população mundial apresenta uma tendência visível de envelhecimento nos próximos anos. Tendência esta que já vem sendo acompanhada nas últimas décadas em todo o mundo. Por conta disso, você, futuro fisioterapeuta, com habilidades e competências, deve estar preparado para lidar com um número cada vez maior de idosos em seu consultório ou clínica. Esses idosos estarão cada vez mais presentes, junto com vários tipos de comorbidades, como: diabetes, hipertensão, distúrbios mentais, vítimas de traumas etc. O presente tema propõe uma contextualização sobre o envelhecimento em nosso país, assim como, a abordagem do conceito de envelhecimento sob diversos prismas. Qual o perfil epidemiológico do envelhecimento e suas comorbidades no Brasil? Quais são os grandes desafios da atenção à saúde ao idoso, em seus diversos níveis (primária, secundária, terciária)? Como definir envelhecimento de acordo com a ciência atual? Vamos juntos responder a essas e outras questões, que formarão uma base de conhecimento importante para o entendimento da atuação do fisioterapeuta no campo da geriatria. MÓDULO I Reconhecer o perfil epidemiológico do envelhecimento no Brasil INTRODUÇÃO O envelhecimento é um processo natural e que todos nós, se tivermos uma vida longa, passaremos por essa fase. O que constatamos nas últimas décadas é que cada vez mais a proporção de idosos cresce em relação à proporção de jovens e adultos. Vivemos em um ritmo acelerado de envelhecimento no Brasil e no mundo e muitos fatores contribuem para isso, vide a queda da taxa de fecundidade (menos crianças nascendo), além do aumento da expectativa de vida do brasileiro. O envelhecimento não pode ser entendido como fim da vida, e sim como uma nova fase. Fase essa em que novas expectativas surgem, novas atividades de lazer ou carreira, novas experiências sociais. Além disso, a rica experiência e a sabedoria dos idosos podem auxiliar muito no desenvolvimento de suas famílias e comunidade ao redor. No entanto, isso só se torna possível se garantirmos ao máximo uma saúde satisfatória que irá contribuir para uma boa qualidade de vida, ou seja, o envelhecimento pode ser visto como negativo se negligenciarmos o cuidado à saúde, levando a um declínio da capacidade física e mental da pessoa. ATENÇÃO Segundo a OPAS (2018), a proporção da população mundial com mais de 60 anos passará de 12% para 22%, ou seja, quase que dobrará entre 2015 e 2050. Além disso, aproximadamente 80% dos idosos estarão em países de renda baixa e média. Os desafios para atender a essa transição demográfica e ofertar atenção em saúde com qualidade são grandes. Ainda segundo a OPAS (2018), em 2050, a previsão é de que o mundo terá 434 milhões de idosos, sendo 120 milhões só na China. Sabe-se que essa transição demográfica teve início em países de alta renda. Atualmente, esse perfil está mudando e países com renda baixa e média estão com seu ritmo de envelhecimento em aceleração. É previsto que, na metade do século XXI, países como Chile, China, Irã e Rússia terão uma proporção de idosos semelhante à do Japão. Vamos agora rever alguns conceitos importantes da Epidemiologia, para então mergulharmos nos dados estatísticos brasileiros. CONCEITOS BÁSICOS DE EPIDEMIOLOGIA A Epidemiologia é uma área bastante antiga, apesar de ter recebido um status de disciplina científica apenas na metade do século XX. Quando analisamos a palavra, temos: Epi = sobre; Demo = população; Logos = tratado, estudo. Poderíamos definir simplesmente Epidemiologia como o “estudo do que afeta a população”. Várias foram as definições de Epidemiologia ao longo do tempo. Para Pereira (2008), a Epidemiologia: É O RAMO DAS CIÊNCIAS DA SAÚDE QUE ESTUDA, NA POPULAÇÃO, A OCORRÊNCIA, A DISTRIBUIÇÃO E OS FATORES DETERMINANTES DOS EVENTOS RELACIONADOS COM A SAÚDE. Ainda de acordo com o autor, a Epidemiologia pode ser dividida em três grandes áreas temáticas, a saber: Doenças infecciosas e carenciais Doenças crônico-degenerativas e outros danos à saúde Serviços de saúde Considera-se que as três grandes aplicações da Epidemiologia são: Descrever as condições de saúde da população através dos estudos de prevalência, incidência e outros indicadores de saúde necessários para apresentar a atual situação em saúde na qual vivem as pessoas. Investigar os fatores que determinam a situação de saúde, ou seja, fatores de risco para uma determinada doença, relações de causalidade (quais fatores que causam determinado agravo) etc. Avaliar o impacto das ações para alterar a situação de saúde, medindo e monitorando as ações implementadas pelo serviço público no controle das doenças que afetam a população. Para que a Epidemiologia tenha sucesso em seus objetivos, é necessária a presença dos indicadores de saúde. Esses indicadores são números que refletem uma característica ou aspecto particular em saúde de uma população. Frequentemente, são apresentados enquanto medidas de frequência, como proporções, coeficientes (a razão entre o número de ocorrências de um evento e o número total) ou taxas (os coeficientes multiplicados por uma potência de 10, facilitando a interpretação dos resultados). Os indicadores de mortalidade são muito utilizados e existem diversos deles. Por exemplo, a taxa de mortalidade geral (TMG), que é calculada da seguinte forma: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como exemplo, considere uma população com 100.000 habitantes. Durante o ano de 2019, foram registrados 1.000 óbitos. A TMG será de: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O número 0,01 é o coeficiente. Para obtermos a taxa, basta multiplicarmos pela potência de 10. Por exemplo, se quisermos expressar em porcentagem (% = para cada 100), vamos usar n = 2: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Podemos expressar também a mesma taxa, mas, para cada 1.000 habitantes: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A escolha da taxa será feita de acordo com a necessidade ou objetivo daquele indicador. Como não é o escopo dessa disciplina, não vamos nos adentrar em outros tipos de indicadores de mortalidade, mas você pode pesquisar sobre eles: mortalidade infantil, mortalidade materna, mortalidade segundo causa do óbito etc. TMG = × 10n óbitos na população em um determinado período total da população no mesmo período TMG = × 10n = 0, 01 × 10n1.000100.000 TMG = 0, 01 × 102 = 0, 01 × 100 = 1% = 1 óbito para cada 100 habitantes TMG = 0, 01 × 103 = 0, 01 × 1. 000 = 10 óbitos para cada 1. 000 habitantes Os indicadores de morbidade também são essenciais para a Epidemiologia. Entende-se por morbidade uma medida da frequência de determinada doença ou agravo à saúde. Vamos aqui falar dos dois mais famosos: PREVALÊNCIA INCIDÊNCIA A taxa de prevalência pode ser calculada da seguinte forma: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Já a incidência é calculada da seguinte maneira: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Vejam que entre prevalência e incidência existe uma diferença fundamental: Prevalência Enquanto a prevalência enxerga os casos existentes naquele momento (“agora”). Incidência Enxerga quantoscasos novos surgiram em um período (por exemplo, entre os dias 1 e 10 de janeiro, entre janeiro e dezembro de um determinado ano etc.). Vamos aprender com alguns exemplos. Digamos que, em uma pacata cidade de 10.000 habitantes, você faça a coleta de informações sobre quantos diabéticos vivem ali hoje. Vamos supor que você encontrou um total de 130 diabéticos. Geralmente, usamos um tipo de estudo chamado transversal (ou de corte). Portanto, vamos calcular a prevalência (casos existentes), usando a taxa por 100 habitantes: Prevalência = × 10ncasos existentes de uma doença ou agravo em determinado instante de tempo população em risco de ter a doença ou agravo naquele instante de tempo Incidência = × 10ncasos novos(registrados) em um período de tempo população em risco de ter a doença naquele período Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Agora, se na mesma cidade você quisesse saber qual a incidência de diabetes entre janeiro e dezembro de 2019, teria que registrar todo diagnóstico de diabetes dentro desse período, ou seja, novos casos da doença. Vamos então supor que você registrou um total de 20 casos novos, portanto, a incidência será: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A Estatística é uma ferramenta essencial para a Epidemiologia. Com ela, é possível dispor de técnicas para coletarmos, organizarmos, apresentarmos e interpretarmos conjuntos de dados. No entanto, foge ao escopo de nossa disciplina falarmos mais a fundo dessa ciência. ENVELHECIMENTO NO BRASIL A figura a seguir mostra a transição demográfica no Brasil entre os anos 1940, 1980, 2018 e uma projeção para 2060. Segundo o IBGE (2019), a população idosa tende a um crescimento significativo até 2060, em que um quarto da população deverá ter mais de 60 anos em 2043, com apenas 16,3% de jovens até 14 anos. A partir de 2047, a população brasileira irá parar de crescer, o que aumentará a taxa de envelhecimento, ou seja, a proporção de pessoas mais velhas será maior quando comparada à de grupos mais jovens. Imagem: (IBGE, 2019, s/pag). Relatório de órgão do governo, estando livre para serem replicadas. Prevalência = × 102 = 0, 013 × 100 = 1, 3%13010.000 Incidência = × 102 = 0, 002 × 100 = 0, 2%2010.000 O índice de envelhecimento é calculado pela porcentagem de idosos dividida pela porcentagem de jovens. Para o Brasil, as projeções apontam um aumentando em 173,47% no índice para 2060. Na pirâmide populacional, observamos esse aumento nas mudanças do padrão da pirâmide – um estreitamento da base (menos pessoas mais novas), juntamente com um alargamento do corpo e topo, ou seja, adultos e idosos, respectivamente. (IBGE, 2017) Segundo levantamento feito em 2017, a expectativa de vida no Brasil é de 75,46 anos, mas a projeção mostrava que as pessoas que nascerem em 2060 terão uma expectativa de vida de 81 anos. Outro dado apontado foi que 17,3% dos idosos possuem limitações para realizarem suas atividades de vida diária (AVD’s). Quando observados os idosos com mais de 75 anos, esse percentual sobe para 39,2% de idosos que apresentam essas limitações. (IBGE, 2017) A transição demográfica afeta a economia do país. Atualmente, há uma grande proporção de pessoas em idade ativa no Brasil. Isso é conhecido como bônus demográfico, quando a proporção maior de pessoas trabalhando mantém a economia girando. A proporção de homens ocupados (trabalhando) se manteve constante entre os anos de 1950 e 2010 (aproximadamente 27%); a proporção de mulheres ocupadas aumentou de 4,7% para 19,2%, caracterizando a inserção feminina no mercado de trabalho. Entre 1970 e 2010, houve um aumento do bônus demográfico. Em 2014, o bônus demográfico começa a entrar em declínio. Pesquisadores afirmam que é possível aproveitar ainda o bônus demográfico até 2040, no entanto chegará um momento em que o constante aumento do envelhecimento populacional afetará severamente a produtividade econômica. (CEE-FIOCRUZ, 2020) ATENÇÃO Importante salientar as consequências da pandemia de COVID-19 que afeta todo o mundo atualmente sobre a população de idosos. Um estudo recente, de Machado e outros colaboradores (2020), mostrou que 44,7% dos óbitos por COVID-19 ocorrerá no Brasil entre os idosos institucionalizados, seguindo os padrões observados em países do primeiro mundo, como Itália e Estados Unidos. ATUALIDADES EM EPIDEMIOLOGIA DA TERCEIRA IDADE NO BRASIL São muitos os estudos com dados atuais sobre prevalências e incidências de doenças e outras condições em saúde, fatores de risco e outros dados epidemiológicos referente ao idoso no Brasil. A seguir, vamos conhecer alguns desses estudos produzidos. FRAGILIDADE E QUEDAS EM IDOSOS Carneiro e outros colaborares (2017) investigaram a prevalência de fatores associados à fragilidade em idosos que estavam sendo atendidos pelo Centro Mais Vida de Referência em Assistência à Saúde do Idoso na cidade de Montes Claros – MG. Encontrou-se uma prevalência de fragilidade de 47,2% (medida através da escala Edmonton Frail Scale). javascript:void(0) EDMONTON FRAIL SCALE Edmonton Frail Scale é uma escala proposta para detecção de fragilidade em pessoas idosas. Foi validada e considerada confiável e viável para uso rotineiro até mesmo por não especialistas na área geriátrica e gerontológica. Autor: COELHO et al ., 2009 Algumas variáveis estavam associadas a essa fragilidade, como: Idade avançada Idosos sem companheiro Possuir um cuidador Presença de depressão Doença articular ou óssea Histórico de internação e quedas Duarte e outros colaboradores (2018) objetivaram avaliar se a ocorrência de quedas teria associação com componentes de fragilidade. Eles encontraram alta prevalência de quedas no ano anterior à entrevista (98,8% dos idosos). COMENTÁRIO A presença de componentes de fragilidade aumenta conforme a idade avança. Na amostra estudada, 34,6% dos homens e 30,8% das mulheres entre 60 e 64 anos não apresentavam fragilidade. Essa proporção caiu drasticamente em idosos com 90 anos ou mais (0,6% para homens e 0,8% para mulheres). Foram encontrados como principais fatores de risco: redução da força de preensão e exaustão. Pegorari e Tavares (2019) tentaram identificar fatores associados à síndrome da fragilidade em idosos vivendo na comunidade. Eles realizaram um estudo longitudinal de 2 anos e observaram que ser idoso com 80 anos ou mais já é considerado como um preditor, independentemente de pré-fragilidade e de fragilidade. Dependências para realizar atividades básicas da vida diária e redução na performance de membros inferiores conseguiram predizer a fragilidade. Além disso, o aumento de um ponto no escore de Atividades Avançadas da Vida Diária reduziu a fragilidade em 15%, no modelo estimado. A prevalência e fatores associados à fragilidade em idosos também foi tema abordado por Farías-Antúnez e Fassa (2019) em Pelotas - RS. Eles encontraram uma prevalência de fragilidade de 13,8%. Tal proporção foi maior em idosas, com 75 anos ou mais, vivendo sem companheiro. As comorbidades mais associadas à fragilidade foram: epilepsia, isquemia e insuficiência cardíaca. javascript:void(0) ATIVIDADES AVANÇADAS DA VIDA DIÁRIA O escore referente à Escala de Atividades Avançadas da Vida Diária (AAVDs). AAVDs podem indicar boa saúde física e mental, e a redução no engajamento nessas atividades pode sugerir início de declínio funcional, alterações cognitivas e fragilidade. Uma das consequências da fragilidade são as quedas. Souza e outros colaboradores (2019) avaliaram a incidência de quedas em idosos de Uberaba – MG, determinando os fatores preditivos de quedas e quedas recorrentes, através de um estudo longitudinal entre 2014 e 2016. A incidência de quedas encontrada foi de 37,1%: 20% quedas recorrentes e 17,1% uma queda em um único evento. Observou-se que o aumento de um ponto no escore de performance física diminuiu em até 17%a incidência de quedas. O escore na escala de quedas associou-se diretamente com uma maior ocorrência de quedas. Foto: Shutterstock.com A prevalência e os fatores associados a quedas em idosos da zona rural de Pelotas - RS foram abordados por Santos e outros colaboradores (2019) através de um estudo transversal. Eles observaram uma prevalência de quedas de 27,9% e que os fatores sexo feminino, hipertensão e diabetes estão associados a essas quedas. Uma grave consequência das quedas são as fraturas, que podem deixar o idoso acamado por longos períodos, senão até o final da vida. Madeiras e outros colaboradores (2019) preocuparam-se em analisar o perfil da assistência à fratura de fêmur em idosos, tentando verificar se há associação com condições socioeconômicas e demográficas, no estado do Paraná. O estudo compreendeu os anos entre 2008 a 2013 e concluiu que fatores econômicos desempenham papel fundamental na atenção da saúde da população idosa. Foto: Shutterstock.com POLIFARMÁCIA NA TERCEIRA IDADE ATENÇÃO Um importante aspecto quando falamos de geriatria é o que estudiosos chamam de polifarmácia, ou seja, o uso de uma grande quantidade de medicamentos, de forma contínua. Diversos problemas podem surgir, como a ingestão de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI’s), o não uso de medicamentos adequados ou de doses excessivas, ou duração de tratamento além da indicada pelo médico. (BEER et al ., 2011) Romano-Lieber e outros colaboradores (2018) analisaram a sobrevida de idosos expostos à polifarmácia. Eles encontraram uma sobrevida de 77,2% após cinco anos para idosos que usam polifarmácia, contrastando com a sobrevida de 85,5% para idosos que não são usuários. A polifarmácia também se mostrou um fator de risco para o óbito. Silva e outros colaboradores (2020) usaram o banco de dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) entre os anos de 2008 e 2010 para estimar a prevalência da polifarmácia e identificar outras associações. A ELSA-Brasil é um estudo de corte que monitora trabalhadores públicos ativos e aposentados em seis capitais das regiões Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil. A prevalência de polifarmácia encontrada foi de 11,7% (total de 15.105 adultos entre 35 e 74 anos). Assim como em outros estudos, a polifarmácia estava associada ao tratamento de doenças crônicas. Encontrou- se ainda uma associação da polifarmácia aos fatores: mulheres idosas, nível educacional, renda e ter ou não plano de saúde. Foto: Shutterstock.com Um outro estudo que abordou a polifarmácia foi o de Constantino e outros colaboradores (2020), no município de Niterói – RJ. A prevalência de polifarmácia foi de 23,9%. Da amostra, 24,8% utilizavam MPI’s. Fatores associados à polifarmácia foram doença coronariana, diabetes, comorbidades e índice de massa corporal. O uso de MPI’s estava fortemente associado com a polifarmácia. SEDENTARISMO EM IDOSOS Em um passado não muito distante, o sedentarismo não era algo tão comum como atualmente. O que vemos hoje é um crescimento da falta de atividade física em diversas faixas etárias, por diferentes motivos: facilidade de acesso a jogos eletrônicos, televisão e internet, muitas horas sentado no trabalho, o que leva à diminuição da prática de atividades físicas e da duração das horas de sono, bem como a alimentação não balanceada, acentuando a prevalência de sobrepeso e obesidade na população. Existe uma estimativa nos Estados Unidos de que idosos permanecem sentados cerca de 65 a 80% do tempo durante seu período acordado. (DIAZ et al ., 2017) Leão e outros colaboradores (2020) buscaram descrever o comportamento sedentário em idosos provenientes da zona rural do extremo sul brasileiro. Eles encontraram uma média de comportamento sedentário de 274,9 minutos ao dia, sendo que 47,4% desse tempo era assistindo à televisão. Existiu uma tendência menor de comportamento sedentário conforme a idade aumenta e uma tendência maior desse comportamento conforme aumenta a escolaridade e a renda. Idosos casados tenderam a apresentar em média 53 minutos ao dia de comportamento sedentário a mais, enquanto idosos ativos (ainda trabalhando) tinham 107 minutos ao dia a menos. Foto: Shutterstock.com HIPERTENSÃO ARTERIAL E OUTRAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES NA TERCEIRA IDADE A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma comorbidade bastante comum na população idosa. No Brasil, estima-se uma prevalência de HAS de 44,4% entre idosos com 60 a 64 anos; 52,7% na faixa etária de 65 a 74 anos; e 55,5% em idosos com 75 anos ou mais, segundo Picon et al . (2013) Para os autores, existe uma subestimativa da HAS no Brasil. Um estudo de Sousa et al . (2019) verificou a prevalência, tratamento e controle da HAS em idosos de Goiânia – GO. Eles encontraram uma prevalência de HAS de 74.9%. Homens obtiveram maior prevalência (78.6%). A taxa de tratamento foi de 72,6%, sendo observada com mais frequência em fumantes. A taxa de controle da HAS foi de 50,8%, sendo maior nas mulheres. Foto: Shutterstock.com Um estudo objetivando investigar a associação de variáveis contextuais e individuais com a HAS foi desenvolvido por Bento e outros colaboradores (2020), através de uma abordagem transversal usando dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013. A amostra consistiu em 10.211 idosos, com 60 anos ou mais. A HAS estava presente em 66,7%. O risco de desenvolver HAS foi maior em estados com maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e o índice de Gini (que mede o grau de desigualdade na distribuição de renda). Outros fatores associados foram: ser do sexo feminino, com idade de 70 anos ou mais, negras, com comorbidades, sobrepeso, alta circunferência de cintura e idosos que tiveram quatro ou mais consultas médicas. ÍNDICE DE GINI O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem). O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. Na prática, o Índice de Gini costuma comparar os 20% mais pobres com os 20% mais ricos. SAIBA MAIS Medeiros e outros colaboradores (2019) investigaram a prevalência da ocorrência simultânea de fatores de risco cardiovasculares, assim como sua associação com características sociodemográficas em idosos de Florianópolis – SC. A simultaneidade de fatores de risco ocorreu em quase 60% da amostra. Somente 8,6% não tinham nenhum comportamento de risco. O sexo masculino aumenta a probabilidade de se acumular fatores de risco em 11%; cada ano a mais de escolaridade reduz as chances em 4%. DEPRESSÃO E OUTROS TRANSTORNOS MENTAIS A depressão é outra condição que afeta a terceira idade e a cada ano tem sua prevalência aumentada. A literatura traz uma prevalência de depressão que pode variar de 2% a 50%, dependendo de diversos fatores, como: faixa etária, local e gênero. Fatores de risco associados à depressão na terceira idade são: Sexo feminino Viver sem companheiro(a) Baixo nível socioeconômico Alcoolismo javascript:void(0) Presença de comorbidade crônica Histórico familiar de depressão ATENÇÃO Por outro lado, fatores, como apoio social, participação em atividades sociais, atividade física ou religiosa, são comprovadamente protetores contra essa patologia. (GULLICHI et al ., 2016) Em uma metanálise, observou-se maior prevalência de doenças depressivas e sintomas depressivos significativos em idosos institucionalizados. (CASTRO-DE-ARAÚJO et al ., 2013) Para Castro-de-Araújo e outros colaboradores (2020), as mulheres idosas são as que mais visitam os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) devido à depressão. Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, quanto mais avançada a idade, maior o risco de se ter doençasdepressivas. Cordeiro e outros colaboradores (2020) descreveram o perfil de saúde mental de idosos de uma unidade de Saúde da Família em Recife – PE, através de um estudo transversal. Eles observaram que 52,2% dos idosos não apresentaram sintomas depressivos, 68,6% sem déficit cognitivo, 67,9% com alta resiliência e 95,8% alto apoio social. No entanto, dos idosos com sintomas depressivos, 62% apresentaram déficits cognitivos. Além disso, os autores identificaram correlação negativa entre a presença de sintomas depressivos com resiliência, apoio social e satisfação com a vida. No estudo de Gullichi, junto com outros colaboradores (2016), foi avaliada a prevalência de fatores associados à depressão na terceira idade em um município do interior de Santa Catarina. Eles observaram prevalência de depressão de 20,4% nos idosos estudados. Uma análise ajustada encontrou maior prevalência para o sexo feminino (25,2%) em idosos solteiros (64%), com renda familiar de até 1,9 salários-mínimos (40%), fumantes (39,1%) e que foram hospitalizados no último ano (34,5%). Fatores protetores foram a participação de atividades coletivas (lazer, bailes, cultos religiosos) e realização de atividades físicas. METANÁLISE Técnica estatística especialmente desenvolvida para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes, sobre uma mesma questão de pesquisa, combinando, em uma medida resumo, os resultados de tais estudos. Minayo et al . (2012) abordaram a questão do suicídio em idosos no Brasil, bastante relacionada com a depressão. Através de uma técnica metodológica chamada de autópsia psicossocial, os autores analisaram a história de vida do indivíduo, além de avaliarem antecedentes, impacto na família, tentativas anteriores e outros fatores. Observou-se que existe uma importante influência da cultura masculina hegemônica (maior número de suicídios em homens), mostrando que um olhar especial deve ser lançado em idosos com enfermidades crônicas, que levem a deficiências, à perda da autonomia funcional e à impotência sexual. javascript:void(0) Foto: Shutterstock.com A demência foi abordada por Melo e outros colaboradores (2020) em um estudo descritivo, investigando as estimativas do estudo Global Burden of Disease (Carga Global de Doença), entre 2000 e 2016. Os autores demonstraram que a prevalência de demência aumentou 7,8%, ou seja, passou de 961,7 para 1.036,9 pessoas com demência para cada 100.000 habitantes. Também observaram que os perfis de mortalidade aumentam com a idade. As demências ficaram em segundo lugar como principais causas de morte em idosos com mais de 70 anos, em 2016. Em outro estudo por Steiner, junto com outros colaboradores (2020), verificou-se a importância em se investir em capacitação e treinamento dos profissionais da saúde que lidam com esse perfil de idoso. O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) foi estudado por Menta e outros autores (2020), em um estudo transversal em Porto Alegre – RS. Eles encontraram uma alta prevalência de TAG na amostra (9%), em comparação com a literatura. Ao mesmo tempo, alertaram sobre a deficiência no diagnóstico e tratamento da doença nos serviços de atenção básica. Foram encontradas associações entre TAG e aposentadoria, histórico de quedas, convivência com quatro ou mais pessoas na mesma moradia, ser hospitalizado mais de uma vez no último ano, e autopercepção de saúde como regular. INCAPACIDADE EM IDOSOS Uma das mais temidas condições de quem está passando pela terceira idade é a incapacidade. Entende-se por incapacidade uma limitação de uma atividade ou restrição para participação, indicando aspectos negativos entre um indivíduo saudável e fatores contextuais (como fatores pessoais e ambientais). (GUCCIONE; ELROD, 2013). A OMS (Organização Mundial de Saúde) criou um modelo de incapacidade composto de três dimensões: BIOMÉDICA PSICOLÓGICA (DIMENSÃO INDIVIDUAL) SOCIAL Cada nível influencia o outro, e todos eles são influenciados por fatores ambientais (FARIAS; BUCHALLA, 2005). Autor: Adaptado de FARIAS e BUCHALLA, 2005. Pag. 187-193. Bernardes e outros autores (2019) tiveram como objetivo investigar as associações da incapacidade em três níveis: ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA (ABVD’S) ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA (AIVD’S) MOBILIDADE A investigação desses níveis foi realizada considerando diversas comorbidades em Belo Horizonte – MG. Foram encontrados os seguintes resultados: 7,9% dos idosos apresentavam incapacidade nas ABVD’s, 19,8% nas AIVD’s e 19,9% eram dependentes para mobilidade. Ao se analisar as comorbidades, verificou-se grande associação do acidente vascular encefálico (AVE) em todos os domínios de incapacidade. O infarto agudo do miocárdio associou-se significativamente com a incapacidade para AIVD e mobilidade, principalmente, quando havia associação de diabetes e hipertensão arterial. ATENÇÃO Drummond, junto com outros autores (2020), verificou se alguns tipos de dependência para ABVD’s e AIVD’s têm associação com a ocorrência de quedas em idosos, através de um estudo transversal com amostra de 23.815 pessoas. O uso do banheiro e as transferências estavam fortemente associadas com as quedas, assim como ir às compras ou cuidar das finanças. A relação da capacidade funcional com as desigualdades de renda foi estudada por Veloso e outros autores (2020) na cidade de Campinas - SP. Nesse estudo, não foi encontrada associação entre renda e dependência funcional para ABVD’s. No entanto, as AIVD’s, como o uso de telefone, o controle do uso de remédios e o uso de transporte tiveram forte associação com idosos de baixa renda. Esses mesmos idosos também apresentaram dificuldade para realizar atividades avançadas da vida diária, por exemplo, uso da Internet, dirigir veículos e visitar familiares. COMORBIDADES EM IDOSOS Um assunto de muito interesse são as comorbidades associadas à terceira idade. Essas doenças são foco de diversos estudos em idosos e não ocorrem sempre de forma isolada, estão, geralmente, associadas com outros fatores. A chamada “multimorbidade”, ou seja, a coexistência de múltiplas condições patológicas no mesmo indivíduo está presente em muitos indivíduos com idade avançada, o que aumenta o risco de hospitalização, reduz a qualidade de vida e aumenta os custos com sistemas de saúde. (MACINKO et al ., 2011) Foto: Shutterstock.com Costa e outros autores (2018) tentaram identificar a prevalência de multimorbidade e clusters (grupos) de condições em saúde entre idosos do município de Pelotas - RS em relação à condição socioeconômica. Os autores encontraram uma proporção de apenas 6,6% dos idosos não apresentando nenhum ou apresentando um problema de saúde. Para cada dez idosos, seis apresentavam cinco ou mais problemas de saúde. Foram detectados três clusters , envolvendo doenças musculoesqueléticas/mentais/funcionais, doenças cardiometabólicas e doenças respiratórias. As desigualdades socioeconômicas e o nível educacional também se mostraram associados à quantidade de comorbidades presentes. SAIBA MAIS Em um estudo mais recente, Montes e outros colaboradores (2020) encontraram um padrão de multimorbidade de 50% mais prevalente entre homens, e 16% mais prevalente em mulheres, ambos com pouca força de preensão manual. Em homens com miopenia (perda de massa muscular), a presença de dinapenia (perda de força e potência muscular relacionada ao envelhecimento) aumentou as chances de se apresentar multimorbidade. Schmidt e outros autores (2020) investigaram a associação entre multimorbidade no idoso e a presença de incapacidade funcional nas ABVD’s e AIVD’s no Brasil. Eles puderam observar que idosos com condições mentais e musculoesqueléticas precárias apresentam maior chance em desenvolver incapacidade nas ABVD’s. Já idosos com condições cardiopulmonares precárias tiveram maior chance em ter incapacidade para as AIVD’s. VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO A violência contra o idoso é uma realidade e precisa ser encaradapelos órgãos públicos e por toda a sociedade. A OMS adota a seguinte definição para violência contra o idoso, de acordo com o International Network for the Prevention of Elderly Abuse (INPEA): é um ato (único ou repetido) ou omissão que causa danos ou estresse ao idoso, ocorrendo em qualquer relação no qual existe uma expectativa de confiança. Em um país com tantas diferenças socioculturais, como o Brasil, a prevalência de violência contra o idoso varia de 3,2% a 20,8%, dependendo da região. Belisário e outros colaborares (2018) foram em busca de uma possível associação entre a violência contra o idoso e a fragilidade, também realizando uma análise geográfica das variáveis. O estado de pré-fragilidade e de fragilidade no idoso foram associados à agressão física e verbal. FRAGILIDADE Associada à agressão física. PRÉ-FRAGILIDADE Associada com a agressão verbal. Os autores ainda encontraram concentração de clusters (grupos) de idosos que sofrem agressões em determinadas regiões da cidade de Uberaba - MG. Alencar Junior e Moraes (2018) verificaram, a nível nacional, que características sociodemográficas e de saúde dos idosos associaram-se a prevalência de violência contra eles, cometida por pessoa desconhecida, sem nenhum laço afetivo ou de parentesco. Idosos entre 60 a 69 anos foram os que apresentaram maior prevalência desse tipo de violência. O fato de terem verificado maior prevalência de violência na região Centro-Oeste pode ser um indício da influência de desigualdades econômicas e sociais, assim como do crescimento populacional acelerado. Já Lino e outros autores (2019) estudaram a prevalência de indícios de violência contra idosos que dependem de cuidadores familiares e verificaram possíveis associações com abuso em uma região de baixa renda no Rio de Janeiro. O que se observou foi preocupante: indícios de abuso foram identificados em mais de 30% dos cuidadores. A presença de elevado nível de sobrecarga nos cuidadores aumentou em 11 vezes as chances de ocorrer violência contra o idoso; o alcoolismo aumentou em 3,8 vezes. Idosos homens e com depressão apresentaram, respectivamente, 2,9 e 6,9 vezes mais chances de sofrerem abuso. Foto: Shutterstock.com Andrade e outros autores (2020) buscaram caracterizar o perfil da prevalência de atos de violência contra os idosos, assim como encontrar associações entre fatores demográficos e características da ocorrência. Os autores usaram dados do VIVA Inquérito, do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes, que se refere ao atendimento de idosos vítimas de violência em quase todo o Brasil. Eles verificaram que a maioria das vítimas eram homens e o tipo de violência mais prevalente foi a física, atingindo mais a cabeça. Contatou-se que o agressor geralmente é desconhecido. MÁ NUTRIÇÃO NO IDOSO A má nutrição em idosos é outro ponto preocupante. Estudos mostram que mais de 30% de idosos podem estar desnutridos e mais de 40% de idosos com fragilidade podem estar em risco de má nutrição. Quando observamos a mortalidade, estima-se que tenhamos 3,34 mortes de idosos entre 60 a 69 anos para cada 1.000 habitantes. Essa taxa passa para 11 mortes para cada 1.000 habitantes, em idosos acima de 70 anos. (DAMIÃO et al ., 2017) Foto: Shutterstock.com O estudo de Damião, junto com outros autores (2017), objetivou avaliar a prevalência de risco de má nutrição com fatores socioeconômicos, comportamentais e de saúde na região do Triângulo Mineiro. Um dos achados foi que o perfil de maior risco para má nutrição seria o de mulheres idosas, sem educação formal, negras e de baixa renda, vivendo sozinhas, fumantes ou com comorbidades crônicas. Pereira e outros autores (2020) analisaram a relação entre a qualidade da dieta e a multimorbidade em idosos. Com uma amostra de 1.426 idosos, encontrou-se maior chance em desenvolver pelo menos cinco comorbidades em idosos homens, que consumiam alimentos integrais. Os autores encontraram menor chance de multimorbidade com relação ao maior consumo de carnes. Não foi observada associação com outros alimentos saudáveis. EPIDEMIOLOGIA DO IDOSO O especialista Christiano Bittencourt Machado fala sobre noções básicas de Epidemiologia, incluindo indicadores de saúde. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SEGUNDO O IBGE (2019), A POPULAÇÃO IDOSA TENDE A UM CRESCIMENTO SIGNIFICATIVO ATÉ 2060; UM QUARTO DA POPULAÇÃO DEVERÁ TER MAIS DE 60 ANOS EM 2043 (COM APENAS 16,3% DE JOVENS ATÉ 14 ANOS). ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA NO QUE DIZ RESPEITO AO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO IDOSO NO BRASIL: A) Na pirâmide populacional, observamos esse aumento nas mudanças no padrão da pirâmide – um estreitamento da base juntamente com um alargamento do corpo e topo. B) A expectativa de vida ao nascer no Brasil é de 84 anos. C) A pandemia pela COVID-19, atualmente, não deve afetar o perfil epidemiológico da população. D) Não há previsão de aumento da população de idosos até o ano de 2060. E) Sabe-se que a transição demográfica teve início em países de baixa renda, e somente nos dias de hoje o perfil está mudando para países com renda alta e média. 2. DIVERSOS ESTUDOS REALIZADOS ANUALMENTE TRAZEM DADOS NOVOS A RESPEITO DO ENVELHECIMENTO NO BRASIL. ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA QUE APONTA INFORMAÇÕES A RESPEITO DAS MAIS RECENTES EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS: A) Fatores como idade avançada, não possuir um companheiro(a) e presença de depressão estão geralmente associados com a fragilidade no idoso. B) A polifarmácia pode estar associada ao uso dos medicamentos potencialmente inapropriados (MPI’s). C) O sedentarismo está geralmente associado ao tempo assistindo à televisão, e à idosos casados. D) Existe uma prevalência de depressão que varia de 2 a 50% em idosos, dependendo da faixa etária, do local e do gênero. E) A chamada “multimorbidade”, a coexistência de múltiplas condições patológicas no mesmo indivíduo, está presente em muitos indivíduos com idade avançada, o que reduz o risco de hospitalização, reduz a qualidade de vida e aumenta os custos com sistemas de saúde. GABARITO 1. Segundo o IBGE (2019), a população idosa tende a um crescimento significativo até 2060; um quarto da população deverá ter mais de 60 anos em 2043 (com apenas 16,3% de jovens até 14 anos). Assinale a alternativa correta no que diz respeito ao perfil epidemiológico do idoso no Brasil: A alternativa "A " está correta. Podemos observar a transição demográfica no Brasil e em outros países através da pirâmide populacional. Um estreitamento da base (menos pessoas mais novas), juntamente com um alargamento do corpo e topo (ou seja, adultos e idosos, respectivamente). 2. Diversos estudos realizados anualmente trazem dados novos a respeito do envelhecimento no Brasil. Assinale a alternativa incorreta que aponta informações a respeito das mais recentes evidências científicas: A alternativa "E " está correta. A “multimorbidade”, que é a coexistência de múltiplas condições patológicas no mesmo indivíduo, aumenta o risco de hospitalização. MÓDULO 2 Identificar os diversos conceitos de envelhecimento e suas aplicações no cuidado à saúde INTRODUÇÃO Como podemos definir envelhecimento? São apenas as transformações corporais e fisiológicas de um indivíduo conforme a idade avança? A OMS, em 2002, apresentou o envelhecimento populacional não só como um desafio para o século XXI, mas também como um “triunfo da humanidade” e, por essa razão, deveria ser vista de uma forma positiva. Para isso, a Organização criou o termo envelhecimento ativo (active ageing ), conceituando-o como: PROCESSO DE OTIMIZAÇÃO DAS OPORTUNIDADES PARA SAÚDE, PARTICIPAÇÃO E SEGURANÇA COM O OBJETIVO DE MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA À MEDIDA QUE A PESSOA ENVELHECE. (OMS, 2002) Esse termo seria usado tanto a nível individual como populacional. A palavra “ativo” tem forte impacto uma vez que designa a participação do idoso na vida social, econômica, cultural, espiritual e civil da sociedade. Mesmo após a aposentadoria, o idoso pode continuarsendo um membro fundamental para sua família e comunidade. A figura a seguir mostra os determinantes do envelhecimento ativo. Observamos que questões transversais são cultura e gênero. Cultura porque, através de seus valores e tradições, a sociedade enxergará a população idosa de diversas maneiras. Gênero, porque as características e necessidades fisiológicas de homens e mulheres diferem entre si. Imagem: (OMS, 2002). Os determinantes do envelhecimento ativo. Em um levantamento de informações feito pelo Município de Campinas, São Paulo – SP, entre os anos de 2014 e 2015, sobre o envelhecimento ativo de idosos, indivíduos que responderam ao inquérito de saúde apontaram resultados positivos, com uma grande participação do idoso na dimensão social e na prática de atividade física. Atividades como a realização de cursos, o uso da internet e o exercício de trabalho remunerado também tiveram destaque. ATENÇÃO Observou-se entre homens com 80 anos ou mais uma menor prevalência de participação em atividades físicas e trabalho remunerado; em mulheres com idade mais avançada, identificou-se prevalência menor de participação nas atividades socioculturais. Obviamente, encontramos no Brasil diversas realidades, no entanto as informações obtidas mostraram a importância de se criar uma estratégia pública para garantir um envelhecimento saudável e feliz. Em 2015, a OMS lança a definição de envelhecimento saudável: Envelhecimento saudável é um “processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar na idade avançada.” Todo idoso possui uma capacidade intrínseca, ou seja, todas as suas capacidades físicas e mentais, que podem ser usadas em momento oportuno. No entanto, isso não irá determinar o que o idoso é capaz de realizar. Para isso, definimos a capacidade funcional, que é a soma dos: ATRIBUTOS RELACIONADOS À SAÚDE QUE PERMITEM QUE AS PESSOAS SEJAM OU FAÇAM O QUE COM MOTIVO VALORIZAM. (OMS, 2015) O profissional de saúde deve ter ciência de que nem a capacidade intrínseca nem a funcional permanecem constante com o avanço da idade. Ainda segundo a OMS (2015), falar de envelhecimento merece uma abordagem bem mais complexa e abrangente. Vejamos alguns pontos que a Organização nos apresenta: Não podemos mais pensar na pessoa tipicamente velha. Vemos em nosso dia a dia idosos com um vigor e disposição invejáveis, além de possuírem todas as suas capacidades cognitivas e mentais intactas. Por outro lado, é possível encontrar jovens com uma saúde completamente deteriorada, falta de condicionamento físico, saúde mental afetada etc. Grande parte da diversidade que encontramos entre os idosos provém da influência dos ambientes físicos e sociais (embora, claro, uma parte dessa diversidade esteja relacionada à genética). Ambientes como o lar e a comunidade ao redor podem influenciar a saúde de forma direta, seja de forma positiva seja negativa. O estereótipo do idoso como uma pessoa dependente não pode mais existir. Isso só leva a preconceitos e à discriminação. Supor que todos os idosos são dependentes implica pensar que são apenas um fardo para a economia de um país. Em muitos países de baixa e média renda, a participação dos idosos na economia é significativa. Muito se tem falado sobre os custos aumentados em atenção à saúde com o envelhecimento populacional. No entanto, muitas evidências não comprovam essa declaração. É comum atualmente vermos a frase “70 é o novo 60”, querendo dizer que pessoas mais velhas de hoje possuem saúde melhor em relação aos idosos da geração passada. Novamente, não está muito claro ainda, segundo evidências, se realmente a qualidade desses anos extras é satisfatória. O envelhecimento no futuro será muito diferente do envelhecimento do passado. O aumento na urbanização, mudanças no mercado de trabalho, globalização etc. Todos esses fatores influenciam o atual processo de envelhecimento. Devemos pensar que gastar dinheiro com a saúde dos idosos não é gasto, e sim investimento. Se permitimos um melhor bem-estar dos idosos, estamos contribuindo para uma melhor qualidade de vida de toda a sociedade. Na obra de Guccione (2013, p. 3), lemos que os “sinais de que um indivíduo está envelhecendo com sucesso são: (1) ausência de doença e incapacidade; (2) alta função cognitiva e funcional; (3) participação social ativa”. Segundo o autor, existe uma diferença entre o envelhecimento bem-sucedido e o envelhecimento ideal: ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO ENVELHECIMENTO IDEAL ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO Processo de envelhecimento no qual evita-se a doença e a incapacidade, juntamente com a manutenção das funções físicas e cognitivas, participando ativamente das atividades sociais e produtivas. Não há doença pré-estabelecida. ENVELHECIMENTO IDEAL Processo de envelhecimento com uma comorbidade associada. Os profissionais de saúde devem trabalhar para reduzir os efeitos incapacitantes da doença, evitando assim o ciclo chamado de “doença-incapacidade-nova doença”. O importante aqui é manter uma qualidade de vida satisfatória. Wong ainda desmistifica algumas percepções sobre os idosos: A PERCEPÇÃO DE QUE UMA PESSOA É IDOSA É UM CONSTRUTO- SOCIAL QUE DIFERE MUITO ENTRE AS CULTURAS E GRUPOS SOCIAIS. [...] NA REALIDADE, CONSIDERAR UM INDIVÍDUO IDOSO ESTÁ, COM MAIOR FREQUÊNCIA, ASSOCIADO AO SEU ASPECTO FÍSICO E À SUA CONDIÇÃO DE SAÚDE DO QUE À IDADE CRONOLÓGICA. (WONG, 2013, p. 12, 13) Wong (2013) ainda ressalta que essa tendenciosidade etária, ou seja, perceber o idoso apenas pela sua condição física é bastante presente na cultura ocidental. Há relatos de que profissionais de saúde admitem que marginalizam pacientes idosos, por exemplo, gastando menos tempo com eles durante o processo terapêutico. Podemos observar como se dá o declínio da capacidade fisiológica do idoso através da chamada curva descendente do envelhecimento (WONG, 2013). A figura mostra essa curva, na qual se observa que, com o passar dos anos, o vigor (no eixo y) vai se reduzindo e o indivíduo perde progressivamente a capacidade de participar de atividades de lazer, trabalho e da vida diária, perdendo depois a função. Na sequência, o idoso entra em um estágio de fragilidade e, finalmente, alcança a falência, levando ao óbito. Essa curva se comportará de forma diferente para cada idoso, dependendo dos determinantes que já estudamos aqui - lembra do envelhecimento ativo? Imagem: Wong, 2013, pag. 3. Curva descendente do envelhecimento. A ATENÇÃO À SAÚDE NA TERCEIRA IDADE: SAÚDE PÚBLICA Segundo a OMS (2015), políticas em saúde pública devem ser desenvolvidas na atenção ao idoso, tomando-se como partida quatro pontos principais: 1. Alinhar os atendimentos à população idosa de acordo com o perfil epidemiológico atual, garantindo a integralidade dos serviços. Como principais ações, podemos citar: Avaliação abrangente a toda a população idosa, com um plano de cuidados especial para cada indivíduo. Ofertar os serviços em saúde para o idoso o mais perto possível do local onde vive, sendo bastante bem-vindas atuações baseadas na comunidade. No Brasil, um grande exemplo seria a estratégia da saúde da família. Fornecer atendimento baseado em equipes multidisciplinares. Apoiar e estimular o autocuidado por parte dos idosos, com educação em saúde. Disponibilizar medicamentos, vacinas e tecnologias que garantam o atendimento adequado ao idoso. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal 2. Estabelecer sistemas de atenção à saúde de longo prazo, desenvolvendo as bases necessárias, construindo e mantendo profissionais de saúde treinados e garantindo a boa qualidade dos cuidados. Como principais ações, destacam-se: Assumir a importância do cuidado de longo prazo a nível de saúde pública. Desenvolver, com planejamento adequado, um sistema de atenção à saúde de longo prazo. Estabelecer mecanismos, financiar os cuidados ao idoso, de forma equitativa e sustentável. Estabelecer concretamente o papeldo governo na implementação das ações. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal 3. Criar ambientes favoráveis aos idosos, seja no tocante ao transporte, habitação, lazer etc. Algumas abordagens seriam: a. Combater a discriminação com campanhas, legislações contra a discriminação, e utilizar os meios de comunicação para se garantir uma visão equilibrada sobre o processo de envelhecimento. b. Garantir a autonomia do idoso, promulgando legislações, ofertando tecnologias de apoio e serviços à comunidade, fornecendo mecanismos de planejamento de ações e criando oportunidades de aprendizado para essa população. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal 4. Aprimorar a medição, o monitoramento e a compreensão, com estratégias que incluem: a. Estabelecer um consenso sobre as métricas e abordagens para avaliação do processo de envelhecimento. b. Ter uma melhor compreensão da situação em saúde da população idosa. c. Avaliar melhor a atual situação do envelhecimento saudável da população idosa e o que estabelecer enquanto estratégias para melhorá-la na comunidade. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A RELAÇÃO ENTRE ENVELHECIMENTO E HOMEOSTASIA Para Brown o envelhecimento seria um declínio da homeostasia, que podemos conceituar como: “Os processos fisiológicos que mantém estável o ambiente corporal interno.” A ideia de Brown é a seguinte: conforme vamos envelhecendo, perdemos nossa capacidade de lidar com o estresse. Sabemos que o estresse (seja físico, mental, fisiológico, hormonal etc.) tem a capacidade de tirar nosso corpo da homeostasia, a não ser que nossos processos homeostáticos consigam restaurar a homeostase. Quando falamos de envelhecimento bem-sucedido, conforme definido por Guccione (2013), verificamos que o idoso consegue manter uma alta capacidade para tolerar o estresse. Segundo Brown, podemos descrever as diferenças na tolerância ao estresse entre idosos que passaram por um envelhecimento malsucedido e os que passaram por um bem-sucedido, conforme figura a seguir. Quando vemos o eixo vertical (Estresse físico), devemos entender “A” como uma capacidade física inadequada de adaptação, até para níveis baixos de estresse; “B” como um nível de estresse capaz de manter a homeostasia; e “C” como um nível de estresse que vai além da capacidade corporal de manter homeostasia. Repare que, no envelhecimento bem-sucedido, o idoso mantém uma alta capacidade de tolerância ao estresse: ele consegue obter uma “janela de homeostasia” (representada pelas linhas pontilhadas) maior; já o idoso que envelhece mal tem baixa tolerância. A prática de atividades físicas aumenta essa tolerância ao estresse. Do contrário, doenças crônicas e sedentarismo tendem a diminuir essa tolerância. Imagem: Adaptado de Brown (2013, pag. 26). ESTRATÉGIA GLOBAL E PLANO DE AÇÃO PARA O ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA OMS No ano de 2016, a 69º Assembleia da OMS lançou a Estratégia Global e Plano de Ação para o Envelhecimento e Saúde da OMS. A versão revisada do documento foi discutida pelo Comitê Executivo no dia 27 de janeiro de 2016 em Genebra (Suíça), e representantes de 30 países membros participaram das discussões. Essa estratégia teve dois objetivos principais: Manter cinco anos de ações baseadas em evidências para maximizar a capacidade funcional de todas as pessoas. Até 2020, estabelecer evidências e parcerias necessárias para apoiar a década do envelhecimento saudável (de 2020 a 2030). Os objetivos específicos dessa estratégia foram: Ter compromisso em desenvolver ações em envelhecimento saudável nos países. Desenvolver um ambiente amigável para todas as idades (age-friendly environments ). Garantir acesso ao cuidado à saúde adequado para os idosos. Desenvolver sistemas de cuidado à saúde sustentáveis, que garantam equidade no atendimento a longo prazo. Aperfeiçoar as metodologias de avaliação, pesquisa e monitoramento em envelhecimento saudável. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal O ENVELHECIMENTO O especialista Christiano Bittencourt Machado apresenta definições de envelhecimento, envelhecimento ativo e saudável, políticas públicas para os idosos, segundo a OMS. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE CRIOU O TERMO ENVELHECIMENTO ATIVO (ACTIVE AGEING ), CONCEITUANDO-O COMO O “PROCESSO DE OTIMIZAÇÃO DAS OPORTUNIDADES PARA SAÚDE, PARTICIPAÇÃO E SEGURANÇA COM O OBJETIVO DE MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA À MEDIDA QUE A PESSOA ENVELHECE”. ESSE TERMO SERIA USADO TANTO A NÍVEL INDIVIDUAL COMO POPULACIONAL. SOBRE O ENVELHECIMENTO, É CORRETA A AFIRMATIVA: A) A palavra “ativo” tem impacto nesse termo, uma vez que designa a participação do idoso apenas na vida social. B) Após a aposentadoria, fica mais difícil para o idoso continuar sendo um membro fundamental para sua família e comunidade. C) A cultura é um fator fundamental no envelhecimento ativo, porque através de seus valores e tradições a sociedade enxergará a população idosa como pessoas que necessitam de nossos cuidados. D) A importância de se criar uma estratégia pública para garantir um envelhecimento saudável e feliz. E) Quanto mais avançada a idade, mais provável encontrar um idoso participando de atividades socioculturais. 2. A ATENÇÃO À SAÚDE NA TERCEIRA IDADE DEVE SER PLANEJADA ATRAVÉS DE POLÍTICAS EM SAÚDE PÚBLICA. SEGUNDO A OMS (2015), ALGUNS PONTOS PRINCIPAIS DEVEM SER LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DESSAS POLÍTICAS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO CONDIZ COM UM DESSES PONTOS: A) Alinhar os atendimentos à população idosa de acordo com o perfil epidemiológico atual, garantindo a integralidade dos serviços. B) Estabelecer sistemas de atenção à saúde de longo prazo, desenvolvendo as bases necessárias, construindo e mantendo profissionais de saúde treinados, e garantindo a boa qualidade dos cuidados. C) Desenvolver sistemas de cuidado à saúde que garantam atendimento a longo prazo apenas para idosos. D) Criar ambientes favoráveis aos idosos, seja no tocante ao transporte, habitação, lazer etc. E) Aprimorar a medição, o monitoramento e a compreensão. GABARITO 1. A Organização Mundial de Saúde criou o termo envelhecimento ativo (active ageing ), conceituando-o como o “processo de otimização das oportunidades para saúde, participação e segurança com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que a pessoa envelhece”. Esse termo seria usado tanto a nível individual como populacional. Sobre o envelhecimento, é correta a afirmativa: A alternativa "D " está correta. Os resultados positivos encontrados em Campinas, como uma grande participação dos idosos na dimensão social e na prática de atividade física, mostram a importância de se criar uma estratégia pública, com políticas e ações adequadas para garantir um envelhecimento ativo (saudável). 2. A atenção à saúde na terceira idade deve ser planejada através de políticas em saúde pública. Segundo a OMS (2015), alguns pontos principais devem ser levados em consideração para a elaboração dessas políticas. Assinale a alternativa que não condiz com um desses pontos: A alternativa "C " está correta. Os serviços de atenção à saúde devem ser ofertados de forma que atendam aos princípios de universalidade, equidade e integralidade do cuidado à pessoa idosa. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS O envelhecimento nunca pode ser visto como “o fim de tudo”. Como a própria OMS declarou, o envelhecimento é um “triunfo da humanidade”. Graças aos avanços da tecnologia e ciência aplicadas à saúde, podemos viver mais e viver bem! Vimos ao longo do conteúdo que o Brasil passa por uma transição demográfica importante: quando avaliamos a pirâmide populacional, percebemos um estreitamento da base (menos pessoas mais novas), juntamente com um alargamento do corpo e topo, ou seja, adultos e idosos, respectivamente. Até 2060, teremos um padrão já visto em países de alta renda. Muitosidosos requerem maior atenção no tocante aos cuidados em saúde. Portanto, devemos trabalhar na prevenção, com políticas e planos de ação que garantam a todos um envelhecimento ativo, saudável, capaz de permitir ao idoso viver seus dias felizes, com sua família e comunidade, participando ativamente da vida social, econômica e comunitária. Diversos estudos demonstram a relação entre envelhecimento, doenças, uso de medicamentos, níveis de escolaridade, alimentação, vida social e violência. Cabe ao profissional de saúde ou que atue em qualquer área conhecer tais relações para atuar de maneira adequada a cada caso. As políticas públicas devem ser desenvolvidas levando em consideração o alinhamento dos atendimentos à população idosa de acordo com o perfil epidemiológico atual, o estabelecimento de sistemas de atenção à saúde de longo prazo, a criação de ambientes age-friendly (amigo do idoso), com aprimoramento da avaliação e monitoramento do envelhecimento populacional. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ALENCAR JUNIOR, F. O.; MORAES, J. R. 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