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Beatriz Marinelli, 9º termo Urgência & Emergência CELULITE E ERISIPELA: INFECÇÕES CUTÂNEAS A celulite e a erisipela são infecções cutâneas que se desenvolvem a partir da entrada de bactéria via solu- ções de continuidade e quebras de barreira cutâneas, levando a quadros de inflamação aguda, piogênica da derme e tecido subcutâneo inferiores associados. CLASSIFICAÇÃO INFECCÇÕES DE PELE Infecções de derme e hipoderme: são as celulites e erisipela bacterianas simples; essas infecções envolvem a hipoderme até uma profundidade variável, sem necrose ou dano a tecidos musculares. Infecções de derme e hipoderme com necrose: são as infecções cutâneas como as celulites, mas com necrose dos tecidos conjuntivos e adiposos; porém, sem lesões musculares profundas. Fasceíte necrotizante: infecção muscular com necrose, que envolve e se estende além da fáscia pe- riférica profunda. ETIOLOGIA Celulite: grande variedade de organismo, sendo o mais comum o Streptococcus pyogenes ou Sta- phylococcus aureus; Erisipela: estreptococos beta-hemolíticos. Agentes específicos: mordida de cachorro ou gato ( Pastereulla multicida e Capnocytophaga spp); exposição a água ( Aeromonas hydrophila); celulite orbital ( S. aureus); imunossuprimidos ( fun- gos); HIV e pé diabético ( Pseudomonas aeroginosa). FATORES DE RISCO Insuficiência venosa (mais frequente fator de risco); Linfedema (tanto um fator predisponente como uma complicação da celulite); Doença vascular periférica; Diabetes mellitus; Obesidade; Tinea pedis; Úlceras de membros inferiores; Trauma local; Picadas de inseto. DIAGNÓSTICO E MANIFESTAÇÃO CLÍNICA O diagnóstico é clínico; Tanto a celulite como a erisipela manifestam-se como áreas na pele com eritema, edema e au- mento de temperatura. Erisipela: envolve a derme e rede linfática superficial com lesões que se elevam além do nível da pele, com uma clara linha de dermacação entre o tecido envolvido e o não envolvido. Há uma ten- dência de apresentar manifestações sistêmicas como febre e calafrios. Pode ainda apresentar le- sões características como as lesões em borboleta na face ou envolvimento da orelha. Celulite: envolve a derme mais profunda e gordura subcutânea, com curso mais indolente. A celuli- te pode ou não cursar com drenagem de secreção purulenta, o que não ocorre na erisipela. Beatriz Marinelli, 9º termo Urgência & Emergência A celulite e a erisipela afetam mais comumente as extremidades inferiores, e muitas vezes se apre- sentam como uma condição aguda, eritematosa e área edemaciada de pele. Em casos graves, bolhas, úlceras, edema, linfangite associada e linfadenopatia podem estar pre- sentes. Podem ocorrer sintomas sistêmicos como febre e mal-estar, podendo cursar com envolvimento de vasos linfáticos regionais e, na celulite de face, a trombose de seio cavernoso em pacientes com envolvimento de face. EXAMES COMPLEMENTARES Exames laboratoriais: não são necessários para o diagnóstico, são limitados a casos com necessi- dade de internação. Exames de imagem:são úteis quando há suspeita de um abscesso subjacente associado com celuli- te, fasceíte necrotizante, ou quando o diagnóstico de celulite é incerto; Ressonância magnética: podem ser úteis na suspeita de fasceíte necrosante. CONDUTA E TRATAMENTO A maioria dos pacientes com celulite apresenta quadros leves que podem ser tratados com anti- bióticos por via oral. Quando os pacientes têm sinais de resposta inflamatória sistêmica, alteração mental ou eritema com progressão rápida ou se receio de infecção de tecidos profundos, o tratamento inicialmente deve ser feito com antibióticos por via parenteral. Medidas gerais: repouso, elevação de membros afetados e analgesia. A área de celulite deve ser claramente marcada, com avaliação diária para a progressão ou regres- são para análise da eficácia da antibioticoterapia em pacientes internados. Terapia por via oral: uso de cefalosporinas de primeira geração, clindamicina, amoxacilina/clavu- lonato e tetraciclinas; Maior gravidade pode ser realizada a associação de ciprofloxacina com clindamicina. Duração do tratamento: deve ser individualizada, dependendo da resposta clínica, em geral 5 dias. Terapia parenteral: Oxacilina em dose de 1 a 2 g a cada 4 a 6 horas, evitando doses menores que 6 g ao dia. Erisipela é a maior suspeita: Antibiótico parenteral pode ser realizado com cefalosporinas como a cefazolina ou o ceftriaxone 2 g ao dia ou penicilina cristalina endovenosa. Melhora em 24 a 48 horas após o início da terapia antimicrobiana; Pacientes sem respoosta, deve-se considerar a possibilidade de agentes meticilino-resistentes; nes- se caso, a vancomicina é uma opção. BIBLIOGRAFIA: VELASCO, I, T, Saraiva et al. Medicina de Emergencia: abordagem prática. Manole, 14º ed
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