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UNIVERSIDADE FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Avaliação à distância – AD1 Período – 2021.1 Disciplina: Teoria das finanças públicas Coordenador da Disciplina: José Luiz Aluno: Katiane R Matrícula: 191131104 Polo: N. Iguaçu Disserte sobre o Estado, sua importância e o impacto das diferentes visões estudadas em sua forma de organização e atuação. Percebam que estamos tratando de, no mínimo, quatro correntes distintas e a discussão teórica a respeito delas e fundamental para a realização de um bom trabalho. Portanto, procurem confrontar as ideias e teorias dos autores com a prática de ação estatal. Na década de 1980 quando Deng Xiaoping, líder do Partido Comunista Chinês implementou uma série de reformas econômicas e políticas na China socialista, uma célebre frase ficou marcada na história como o grande paradigma dos Estados atuais “Não importa a cor do gato, contanto que ele cace o rato”, foi através deste pensamento buscando objetivos de crescimento econômico, não importando muito com os meios, ou seja, com a ideologia política, que o país se tornou uma grande potência e um dos que mais cresce atualmente, também conhecido como “um Estado, dois sistemas”. Apesar dos números de seu PIB muitos consideram que é impossível um país manter duas correntes contraditórias como política econômica, o fato é que nos últimos anos todas as principais correntes mostraram seus momentos de auge e de crise, e isso fez diluir o engessamento das correntes econômicas tornando-se em muitos casos híbridas, ora mais keynesiana, ora mais liberal, ora mais marxista e ora mais neoliberal, mas sempre com a indiscutível presença do Estado, sem este agente a sociedade global na qual conhecemos hoje não existiria e tampouco a produção do espaço, das grandes cidades, da organização produtiva e da Atualmente com o advento das multi e transnacionais, com a difusão de um capitalismo monopolista e com o avanço da globalização, questiona-se o enfraquecimento da soberania do UNIVERSIDADE FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Estado perante o capital, onde muitos países tradicionalmente liberais impõem medidas para controle do território e outros historicamente centralizadores passam a abrir suas portas para comercialização global, ambos na tentativa de frear suas crises internas. Mas afinal, para onde caminham os Estados atuais? Como as correntes econômicas os organizam e como isso ainda impacta em sua administração e atuação nos dias de hoje? Para entendermos esse movimento é necessário pensar antes de tudo que as organizações sociais como o Estado são sempre derivados do momento histórico e produtos dos indivíduos e culturas locais, portanto, estão sujeitos às influências de sua época. Na era do metalismo ou capitalismo comercial, as teorias do liberalismo clássico proposto por Adam Smith no século XVIII pensavam o Estado como uma espécie de meio para garantia do desenvolvimento do capitalismo, era o Estado o encarregado de proteger a propriedade privada dos indivíduos, a vida, o livre mercado e às liberdades individuais, pressupostos esses baseados nas ideias iluministas de Voltaire (1694 - 1778). O contexto da época era de total aversão aos poderes despóticos das monarquias e a ascensão da classe burguesa que via na propriedade privada e na indústria a possibilidade de ascensão social sem a conquista de territórios como se pensava antes, a riqueza portanto poderia ser gerada pela indústria. Essa teoria serviu como base para a Revolução Industrial Inglesa que mais tarde veio a influenciar outros países, sobretudo os Europeus. Nesse período o papel do Estado era de intervenção mínima na economia, ficando esta a cargo da “mão invisível do mercado” ou como os franceses chamavam “Laissez faire, laissez aller, laissez passer” (“deixai fazer, deixai ir e deixai passar”), ou seja, um Estado sem interferência em taxas, nem subsídios, apenas com regulamentação suficiente para garantir os direitos à propriedade. Para isso fazia-se necessário a implementação de um estado democrático por direito, onde pessoas eram livres para consumir mercadorias, vender sua força de trabalho e possuíam direitos iguais. Esse regime democrático era essencial para enfraquecimento do mercantilismo e do protecionismo e garantia da acumulação de capitais. Todo trabalho humano era oriundo de interesses próprios em torno no lucro e da produção de mercadorias que em conjunto trabalhavam para o interesse em comum, embora para o autor essa motivação tivesse assentada no interesse privado. UNIVERSIDADE FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro No entanto, na medida que a indústria alavancou, e que os mercantilistas se tornaram donos dos meios de produção, inclusive donos da força de trabalho, a busca pelo lucro ludibriou a garantia dos direitos sociais que cada vez mais eram negligenciados. O inchaço urbano provocado pela aglomeração de indústrias nas cidades e pela escassez no campo geraram grandes fluxos migratórios de êxodo rural, gerando nas cidades o que Marx denominava de exército industrial de reserva, onde a inserção de máquinas gerava o desemprego estrutural e um excedente crescente de trabalhadores, reduzindo, portanto, seus salários. Isso configurou em um sistema de grande exploração fabril, resultando em aumento de sindicatos e reivindicações trabalhistas. As péssimas condições de trabalho e a exploração moveram Karl Marx, filósofo e economista alemão, a contestar as ideias do liberalismo clássico sendo um dos grandes nomes do socialismo científico que veio a influenciar diversas revoluções no século XX. Para ele, o Estado neste sistema liberal, onde há um “contrato social” em que a sociedade abre mão de certas liberdades e paga impostos em prol de segurança, bens coletivos, justiça e legislação, estaria subjugado aos interesses das classes dominantes e serviria para a reprodução dessa divisão de classes favorecendo certos grupos em detrimento de outros. Essa ideia se contrapunha aos contratualistas como Thomas Hobbes que pensava que o Estado era quem determinava a organização da sociedade. Já Marx pensava o contrário, a composição da sociedade, em suas relações de classe, que determinavam a estrutura do Estado. Desse modo, o Estado seria uma forma de organização da burguesia para garantir seus interesses e a manutenção da propriedade privadas. Para ele, em uma sociedade coletivizada o Estado deveria deixar de existir e os meios de subsistência e produção seriam comuns a todos, resultando no comunismo. No entanto, para chegar a este estágio seria necessário a implementação de um Estado capturado pelo proletariado em que os meios de produção não estariam nas mãos de alguns indivíduos, mas sim do próprio Estado, isto é, uma economia planificada que resultaria em uma sociedade sem classes, sem propriedade privada, sem o fundamentalismo em torno do consumismoou da produção de mercadorias pela busca do lucro, a fim de mitigar os efeitos da desigualdade social, porém para ele isto só seria alcançado através da luta de classes. Outro pensador e jornalista, UNIVERSIDADE FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Antonio Gramsci, afirmava que o Estado estaria capturado por uma superestrutura ideológica que fazia às pessoas aceitarem as normas sociais e as diversas formas de sujeição, influenciando inclusive na estrutura econômica. Para ele, os governos teriam vantagens sob às massas uma vez que seriam formados pela classe intelectual dominante, criando leis para benefício deste grupo hegemônico. Essas ideias disseminaram-se sobretudo no oriente, conseguindo espaço no leste europeu, no golfo da pérsia, na antiga União Soviética, no sudeste asiático como China e Coreia do Norte, além de Cuba que ficou eternizada como precursora do socialismo na América, contrapondo-se veementemente aos Estados Unidos, de viés liberal. Para Marx, a razão pela qual este sistema não vigorava encontrava-se na ideologia presente na subjetividade das relações sociais, desse modo, a classe do proletariado reproduzia as relações de exploração oriundas da burguesia, e ao tomar o Estado como nos países descritos, reproduziam o mesmo sistema de exploração, por isso tal sistema ficou conhecido como utópico. A URSS que anunciou o socialismo através da Revolução Russa, ocorrido paralelamente à Segunda Guerra Mundial, não foi capaz de segurar o sistema diante da arrancada do neoliberalismo de Milton Friedman no Reino Unido. Este sistema econômico passou a ter grande aceitação dos Estados após duas grandes crises do capitalismo no século XX, a de 1929 e a de 1970, a quebra da bolsa de valores de Nova York e a Crise do Petróleo respectivamente. A primeira causada pelo excedente produtivo do modelo industrial fordista e a segunda por conta de conflitos geopolíticos entre Irã e Iraque envolvendo EUA. Para mitigar tais crises, principalmente a primeira, o então presidente americano Franklin Roosevelt, que governou entre 1933 e 1937, influenciado pelas ideias do Welfare State, estado de bem-estar social, defendidas pelo economista britânico John Maynard Keynes, implementou programas como o New Deal injetando dinheiro público em grandes obras e criando assim empregos imediatos para atenuar a crise vivida pelo país na época. Para ele, se o Estado aguardasse o movimento autônomo do mercado para recuperar a economia, em pouco tempo todos estariam vivendo situação de miséria. Contrapondo-se ao laissez-faire, seu pensamento econômico era pautado UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB em investimentos públicos e níveis de consumo, em que o governo tinha a importância central de conceder linhas de crédito a baixo custo mantendo assim os investimentos privados, porém a longo prazo a medida gerou estagnação econômica, vultuosos déficits fiscais e recessão. Nesta mesma época, o austríaco Joseph Schumpeter pregava que a economia só sairia do estado de inércia e alavancaria caso surgisse alguma inovação como a inserção de uma nova mercadoria, a criação de um modelo de produção ou a comercialização de mercadorias, entre outros. O monetarismo ou neoliberalismo mostrava-se como uma medida sedutora em meados do século XX, em que se resgata-se o livre mercado, colocando como foco a política monetária, seus efeitos sob o preço das coisas, o controle da disponibilidade da moeda, a menor presença do Estado. Este modelo foi aplicado à rigor na Inglaterra no governo de Margaret Thatcher, nos EUA no governo de Ronald Reagan, no Chile no regime ditatorial de Pinochet, entre outros. Para ele, o Estado deveria atuar não só controlando os gastos (política fiscal), mas principalmente controlando a taxa de juros (política monetária), mantendo a inflação controlada e desse modo, gerando pouco impacto na produção. Referências: Bodart, Cristiano das Neves. Contraposições de Karl Marx às ideias contratualistas. cafecomsociologia. 2016. https://maisretorno.com/blog/termos/m/milton-friedman
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