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SM-M7-Saúde das mulheres e atenção ginecológica

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Catalogação elaborada na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária responsável: 
Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074
U588s Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de 
 Saúde Pública. Curso de Atenção Integral à Saúde das Mulheres – Modalidade a 
 Distância.
 Saúde das mulheres e atenção ginecológica [Recurso eletrônico] / Universidade Federal 
 de Santa Catarina. Organizadoras: Roxana Knobel; Carmem Regina Delziovo; Maria Cristina 
 Marques. - Florianópolis: UFSC, 2017.
 61 p. : il. color. 
 Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br 
 Conteúdo do módulo: Unidade 1 – As mulheres e as fazes da vida. – Unidade 2 – As fazes 
 de vida das mulheres: o fisiológico e o patológico. – Unidade 3 – Atenção à saúde nas fazes de 
 vida das mulheres.
 ISBN: 978-85-8267-111-5
 1. Saúde das mulheres. 2. Ginecologia. 3. Atenção básica. I. UFSC. II. Knobel, Roxana. 
 III. Delziovo, Carmem Regina. IV. Marques, Maria Cristina. V. Título. 
CDU: 618
 5 
GOVERNO FEDERAL
Ministério da Saúde
Secretaria de Atenção à Saúde (SAS)
Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas
Coordenação-Geral de Saúde das Mulheres
Universidade Federal de Santa Catarina
Reitor: Luiz Carlos Cancellier de Olivo
Vice-Reitora: Alacoque Lorenzini Erdmann
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Sérgio Fernando Torres de Freitas
Pró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto Soares
Pró-Reitor de Extensão: Rogério Cid Bastos
Centro de Ciências da Saúde
Diretora: Isabela de Carlos Back
Vice-Diretor: Ricardo de Sousa Vieira
Departamento de Saúde Pública
Chefe do Departamento: Fabrício Augusto Menegon
Subchefe do Departamento: Maria Cristina Marino Calvo 
Coordenadora do 
Curso de Capacitação: Elza Berger Salema Coelho
Créditos
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EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Coordenação-Geral de Saúde das Mulheres
 Caroline Schweitzer de Oliveira
 Célia Adriana Nicolotti
 Maria Esther de Albuquerque Vilela
 Thaís Fonseca Veloso de Oliveira
Gestora geral do Projeto
 Elza Berger Salema Coelho
Equipe de produção editorial
 Carolina Carvalho Bolsoni
 Deise Warmling
 Elza Berger Salema Coelho
 Larissa Pruner Marques
 Sabrina Blasius Faust
Equipe executiva
 Dalvan Antonio de Campos
 Gisélida Vieira 
 Patrícia Castro 
 Sheila Rubia Lindner 
 Tcharlies Schmitz
 Thiago Ângelo Gelaim
 
Consultoria técnica
 Carmem Regina Delziovo
Créditos
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AUTORIA DO MÓDULO
 Roxana Knobel
 Carmem Regina Delziovo
 Maria Cristina Marques
Assessoria pedagógica
 Márcia Regina Luz 
Identidade visual e Projeto gráfico 
 Pedro Paulo Delpino 
Diagramação 
 Paulo Roberto da Silva
Esquemáticos
 Naiane Cristina Salvi
Ajustes e finalização
 Adriano Schmidt Reibnitz
Design instrucional, revisão de 
língua portuguesa e ABNT 
 Eduard Marquardt
Fonte para imagens e esquemáticos
 Fotolia
Créditos
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Saúdes mulheres e atenção 
ginecológica
Damos boas-vindas e convidamos você a ini-
ciar os estudos sobre a saúde das mulheres e 
a atenção ginecológica.
Este módulo trata de questões relacionadas 
à atenção ginecológica nas fases de vida das 
mulheres. Iniciamos contextualizando estas 
fases de vida para na sequência abordar os 
processos fisiológicos e patológicos, a fim 
de levar você a refletir sobre sua prática, de-
senvolver um olhar criterioso e não medicali-
zante na atenção às questões fisiológicas na 
vida das mulheres, como também permanecer 
atento na identificação e tratamento dos pro-
cessos patológicos.
Na terceira unidade abordamos estratégias 
para a atenção às mulheres nas questões gi-
necológicas, incluindo informações sobre as 
práticas integrativas e complementares pos-
síveis de serem implementadas na Atenção 
Básica.
Acreditamos que a abordagem diferenciada de 
acordo com as necessidades e fases devam 
fazer parte do processo de trabalho da equipe 
de saúde, promovendo saúde e ampliando a 
qualidade de vida das mulheres.
Bons estudos!
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Prevenção de doenças e promoção 
da saúde na atenção às mulheres
As diferentes fases da vida das mulheres, as-
pectos fisiológicos e patológicos nas ques-
tões ginecológicas. Além de estratégias para 
a atenção ginecológica na Atenção Básica. 
Objetivo do módulo
Ao final deste módulo você deverá ser capaz 
de compreender e incorporar nas práticas 
de atenção à saúde das mulheres as ques-
tões ginecológicas relativas às diferentes 
fases de vida. 
Carga horária
30 horas.
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Sumário
Unidade 1 – UN1
As mulheres e as fases da vida 13
1.1 Percepções das fases de vida das mulheres 15
1.2 Construção social das fases de vida das mulheres e a medicalização 
 do corpo 21
Unidade 2 – UN2
As fases de vida das mulheres: o fisiológico e o patológico 23
2.1 Desenvolvimento, amadurecimento e envelhecimento das mulheres 25
Unidade 3 – UN3
Atenção à saúde nas fases de vida das mulheres 39
3.1 Estratégias para qualificar a atenção à saúde das mulheres 44
3.2 Práticas Integrativas e Complementares em Saúde 47
Resumo do módulo 52
Referências 54
Sobre as autoras 60
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UN1
As mulheres e as fases da vida
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UN1 As mulheres e as fases 
da vida
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
Nesta unidade apresentaremos conteúdos 
para que você pense sobre as fases de vida 
das mulheres e como as modificações fisio-
lógicas refletem na qualidade de vida, nas 
expectativas e na saúde delas. Inicialmente 
apontamos as percepções das fases de vida 
das mulheres para, a seguir, trazer uma refle-
xão sobre a medicalização do corpo e da fisio-
logia feminina.
1.1 Percepções das fases de vida 
 das mulheres
Neste módulo sobre a saúde das mulheres 
e a atenção ginecológica optamos, de forma 
didática, por trabalhar as fases da vida das 
mulheres pontuadas por eventos fisiológicos, 
resguardando as especificidades das diferen-
tes faixas etárias e dos distintos grupos popu-
lacionais. O que devemos entender neste con-
texto, segundo Pais (2009), é que as trajetórias 
de vida são singulares, mas inscrevem-se 
com regularidades e marcas culturais. Assim 
sendo, é importante compreender que ao lon-
go da vida cada mulher passa potencialmente 
por um conjunto de processos que afetam o 
seu funcionamento sexual, nomeadamente as 
mudanças hormonais e fisiológicas da puber-
dade, dos ciclos menstruais, do climatério e 
da menopausa.
Figura 1 – Nas diversas fases da vida das mulheres, suas 
trajetórias são singulares
Apesar de existirem os “marcadores” pontuais 
dos momentos da vida da mulher, cabe lem-
brar que há processos não pontuais envolvi-
dos. A puberdade inicia-se antes da menarca 
e o crescimento e desenvolvimento da mulher 
continua acontecendo após a primeira mens-
truação, assim como o processo de climatério 
se estende por um período antes e após a últi-
ma menstruação. 
Assim, acompanhe no esquemático a seguir a 
definição de puberdade, menacme, climatério 
e senilidade, segundo Calandra e Gurucherro 
(1991).
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UN1 As mulheres e as fases 
da vida
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
Muitas vezes há um prolongamento das fa-
ses de vida quando se considera o fator idade. 
Hoje, mulheres com 60 anos, com saúde bem 
conservada, não se entendem na senilidade. O 
que precisamos compreender neste contexto é 
que as trajetórias de vida são singulares, mas 
inscrevem-se em regularidades com marcas 
culturais e fisiológicas. As fases de vida e as 
representações que delas se tem são uma ní-
tida demonstração dessas regularidades. Des-
tacamos a variabilidade na determinação das 
fronteiras que separam as fases da vida das 
mulheres, a ponto que, para algumas, não faz 
sentido a contagem dos anos (PAIS, 2009). To-
dos os processos são culturalmente definidos 
e o papel social da mulher em cada um deles 
é fortemente influenciado pelo meioonde vive. 
Assim sendo, é importante compreender que 
ao longo da vida cada mulher passa poten-
cialmente por um conjunto de processos que 
afetam o seu funcionamento sexual, nomea-
damente as mudanças hormonais e fisiológi-
cas da puberdade, dos ciclos menstruais, da 
gravidez, do pós-parto e da menopausa. Cada 
mulher viverá estas fases de forma diferente de 
acordo com a percepção de si, de sua saúde e 
doença e de como aceita o processo de ama-
durecimento e envelhecimento, inerente à vida.
Neste tópico, portanto, não serão discutidas 
as mudanças e alterações que ocorrem na 
gestação e parto. Destaca-se a necessidade 
de compreender e valorizar a saúde da mulher 
para além de sua capacidade reprodutiva. 
É importante considerar que os períodos de 
mudança, desenvolvimento e envelhecimento 
também são períodos vulneráveis, nos quais 
a mulher pode apresentar mais insegurança e 
ansiedade, o que pode levar a um aumento da 
demanda dos serviços de saúde. 
Importante! A vida de todas as pessoas 
é marcada pela alternância de períodos 
de construção ou de manutenção, in-
tercalados por períodos de mudanças e 
transições, estes últimos mais ligados 
Menacme
Senilidade
Climatério
Puberdade
Período de maturação biológica que, através da modificações 
hormonais, culmina no aparecimento de caracteres sexuais 
secundários, na aceleração da velocidade de crescimento e, 
por fim, na aquisição de capacidade reprodutiva da vida adulta.
Fase que vai desde a menarca - primeiramenstruação - até a 
menopausa - última menstruação. Durante esta fase a mulher 
é capaz de procriar.
Fase de transição do estágio reprodutor para o não reprodutor, 
habitualmente entre os 40 e 65 anos.
Fase não reprodutiva da vida da mulher, com diminuição 
significativa dos hormônios sexuais.
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UN1 As mulheres e as fases 
da vida
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
a momentos de desenvolvimento. As 
fases de mudanças e transições são 
potencialmente mais vulneráveis, pois 
questões até então sedimentadas são 
reavaliadas face às novas tarefas a se-
rem desenvolvidas, exigindo mudanças 
descontinuas ao invés de pequenas al-
terações (COSTA, 2000).
Um desses períodos é a fase da puberdade, 
que desencadeia uma série de modificações 
orgânicas, sendo marcada pelo crescimento 
de pelos na região púbica, axilas e em outras 
regiões do corpo, a diminuição no crescimen-
to dos ossos, surgimento de acnes (espinhas), 
a chegada da menstruação (menarca) e ovu-
lação, o aumento do desejo sexual, as oscila-
ções de humor e as mudanças emocionais. 
Esta é uma fase de grandes mudanças físicas, 
sociais e emocionais. Por isso é importante 
que as meninas recebam apoio do serviço de 
saúde para saber como lidar com elas.
Ações de promoção de saúde, inclusive para 
pais, responsáveis e professores podem aju-
dar as meninas a progredir com êxito na tran-
sição para a vida adulta (UES et al., 2016). 
Fatores culturais e sociais, tabus e falta de 
diálogo e de oportunidades podem dificultar 
ou interromper seu desenvolvimento saudá-
vel, e como resultad, estas podem tornar-se 
vulneráveis a situações de risco para a saú-
de. Muitas dessas situações estão atreladas 
à desigualdade de gênero, visto que a nossa 
sociedade ainda é marcada pelo machismo, 
sexismo e misoginia. 
Figura 2 – Puberdade: grandes mudanças físicas, sociais 
e emocionais 
Em 2015 o Instituto Vladimir Herzog e o 
Instituto Patrícia Galvão, realizaram uma 
pesquisa intitulada “É nóis Inteligência 
Jovem” para compreender como o ma-
chismo atinge as meninas da periferia. 
Conheça os resultados no link: <http://
agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/
enois-inteligencia-jovem-faz-pesqui 
sa-sobre-machismo-e-violencia-contra 
-jovens-e-lanca-campanha/>, ou assis-
ta ao vídeo Machismo e violência contra 
a mulher na juventude, no link: <https://
youtu.be/bzPh3bJfVNM>.
Você, profissional da saúde, precisa ficar aten-
to para a inter-relação na puberdade para os 
riscos ambientais (ex.: falta de rede de apoio 
social), familiares (ex.: negligência parental) e 
pessoais (ex.: habilidades de enfrentamento 
deficitárias), bem como os diferentes desfe-
chos em saúde, como gravidez precoce, abu-
so de drogas, depressão, ansiedade, suicídio e 
violência.
Na sequência da vida das mulheres, a mena-
cme, compreendida como o período dos anos 
entre a primeira e a última menstruação, é 
uma fase em que oportunidades de realiza-
ção e desenvolvimento pessoal vêm à tona 
 18  18 
UN1 As mulheres e as fases 
da vida
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
para muitas mulheres. Contudo, este tam-
bém pode ser um momento de riscos à saúde 
quando associado ao sexo inseguro e à re-
produção, quando os direitos sexuais e repro-
dutivos não são assegurados e a demanda 
de planejamento reprodutivo não é atendida. 
Destaca-se que a vulnerabilidade feminina 
diante de certas doenças e causas de morte 
está mais relacionada à situação de discri-
minação na sociedade que a situação com 
fatores biológicos. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) 
afirma que os principais fatores de ris-
co para a morbimortalidade de mulhe-
res nesta fase da vida são: necessidade 
contraceptiva não atendida; deficiência 
de ferro; uso de álcool; hipertensão ar-
terial, altos níveis de colesterol e gli-
cose; uso de tabaco; excesso de peso 
e obesidade e sexo inseguro. Leia o 
relatório “Mulheres e saúde: evidências 
de hoje, agenda de amanhã”, disponível 
em <http://www.who.int/ageing/mulhe-
res_saude.pdf>.
Entre as situações de vulnerabilidade para as 
mulheres a violência se destaca: elas são as 
principais vítimas de violência por parceiro 
íntimo, sendo também mais suscetíveis à 
depressão e ansiedade. No mundo, um total 
estimado de 73 milhões de mulheres adultas 
sofre um grande episódio depressivo a cada 
ano. Estima-se que aproximadamente 13% 
das mulheres sejam afetadas por transtornos 
mentais após o parto, incluindo a depressão, 
no período de um ano após. 
Quanto a fatores de risco para a saúde das 
mulheres, a OMS reconhece seis fatores rela-
cionados a doenças crônicas. Acompanhe no 
esquemático, a seguir. 
Fatores de risco
para a saúde
das mulheres
Fonte: OMS
Hipertensão
arterial
Hiperglicemia
Inatividade
física
Uso de
tabaco
Excesso 
de peso e
obesidade
Colesterol 
elevado
Estes riscos somam juntos 37% dos óbitos 
globais em mulheres a partir dos 30 anos de 
idade. Com isso, você já pode perceber que 
as mulheres adultas enfrentam uma série de 
desafios em saúde, os quais incluem riscos 
crescentes para doenças crônicas não trans-
missíveis e violência. 
Outra fase na vida das mulheres é o clima-
tério. Nesta fase da vida feminina ocorre a 
transição do período reprodutivo ao não re-
produtivo. O Ministério da Saúde estabelece 
o limite etário para o climatério entre 40 e 65 
anos de idade, dividido em: 
Pós-
menopausa
Perimenopausa
Pré-
menopausa
 19  19 
UN1 As mulheres e as fases 
da vida
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
ÎÎ pré-menopausa – geralmente, inicia após 
os 40 anos, com diminuição da fertilidade 
em mulheres com ciclos menstruais regu- 
lares ou com padrão menstrual similar ao 
ocorrido durante a vida reprodutiva; 
ÎÎ perimenopausa – inicia dois anos antes da 
última menstruação e vai até um ano após 
(com ciclos menstruais irregulares e alte-
rações endócrinas); 
ÎÎ pós-menopausa – começa um ano após o 
último período menstrual (VALENÇA; GER-
MANO, 2010).
O climatério proporciona uma experiência em 
que todos os fenômenos involutivos do orga-
nismo são considerados como fisiológicos e, 
por isso, normais. Contudo, tem sido descri-
to com enfoque negativo, priorizando sempre 
seus aspectos biológicos. É como se os cor-
pos fossem desvalorizados pelas mudanças, 
sinalizando uma época da vida da mulher 
caracterizada por “perdas” (perda das possi-
bilidades, do vigor, libido, massa óssea, etc.) 
decorrentes do processo de envelhecimento.
O climatérioé uma etapa importante da vida da 
mulher, distinguindo-se pela diminuição gradual 
da produção de hormônios sexuais femininos 
a partir dos ovários. Esse fato predispõe as 
mulheres a um conjunto de sinais e sintomas 
desagradáveis, transitórios, nomeados como 
síndrome do climatério, além de patologias que 
podem sofrer influência das alterações hormo-
nais, como osteoporose e doenças cardiovas-
culares, entre outras. A irregularidade menstrual 
é universal e os fogachos e suores notur-
nos também são bastante frequentes, típicos 
Sintomas peculiares do climatério
Sintomas transitórios Sintomas não transitórios
Intervalo diminuído ou aumentado, as menstruações 
podem ser abundantes e com maior duração.
Mucosa mais delgada, propiciando 
prolapsos genitais, ressecamento e 
sangramento vaginal, dispareunia, 
disúria, aumento da frequência e 
urgência miccional.
Ondas de calor (fogachos), sudorese, calafrios, 
palpitações, cefaleia, tonturas, parestesias, insônia, 
perda da memória e fadiga.
Neurogênicas
Ciclos Menstruais
Diminuição da autoestima, irritabilidade, labilidade 
afetiva, sintomas depressivos, dificuldade de 
concentração e memória, dificuldades sexuais 
e insônia.
Psicogênicas
Comum haver aumento das frações 
de LDL e Triglicerídeos e redução do 
HDL.
Mudança na massa e arquitetura 
ósseas.
Fenômenos atróficos geniturinários
Distúrbios no metabolismo lipídico
Distúrbios no metabolismo ósseo
deste período. É importante enfatizar que as 
queixas que mais interferem na qualidade de 
vida da mulher no climatério são as de ordem 
psicossocial e afetiva. A intensidade das mo-
dificações presentes no climatério depende do 
ambiente sociocultural, das condições de vida 
da mulher e do grau de privação estrogênica. 
A maior parte dos sintomas peculiares do cli-
matério provém da diminuição dos níveis de 
estrogênio circulantes. Os mais frequentes são:
 20  20 
UN1 As mulheres e as fases 
da vida
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
As representações sobre a menopausa nas so-
ciedades ocidentais ainda são bastante negati-
vas com uma construção cultural de perda da 
feminilidade com o envelhecimento, relacionado 
também com adoecimento o que leva a medica-
lização dos sintomas transitórios nesta fase da 
vida. O término da possibilidade da reprodução, 
o sentimento de perda da feminilidade e o medo 
do envelhecimento são aspectos que cercam a 
experiência de muitas mulheres nesse período 
da vida e podem ser fonte de um mal-estar exis-
tencial, enunciado por elas de diferentes formas, 
muitas vezes não imediatamente evidentes.
A menopausa marca o início de outra etapa do 
ciclo de vida da mulher. Como ocorre em média 
entre 45 e 55 anos, e considerando que, atual-
mente, a expectativa de vida da mulher situa-se 
ao redor dos 79,1 anos (IBGE, 2016), significa 
que há ainda muito tempo de vida para ser vivi-
do após a menopausa, correspondendo a cerca 
de · de suas vidas.
O aumento da expectativa de vida e seu impac-
to sobre a saúde da população feminina forçam 
a adoção de medidas que visem à qualidade de 
vida durante e após o climatério. Deste modo, 
é imprescindível que essas mulheres tenham 
acesso à informação em saúde, numa aborda-
gem que seja significativa para elas, tanto para 
a compreensão das mudanças geradas pelo 
climatério quanto para serem capazes de en-
tender tal fase como integrante de seus ciclos 
de vida, e não como sinônimo de enfermidades, 
velhice, improdutividade e fim da sexualidade. 
Figura 3 – A menopausa marca o início de outra etapa do 
ciclo de vida da mulher
Você conhece ou tem alguma experiên-
cia de atenção a mulheres nas diferen-
tes fases da vida? Esta atenção valoriza 
as mudanças no corpo e mente das mu-
lheres com abordagem de promoção da 
saúde e prevenção de doenças?
É relevante conhecer as concepções das mu-
lheres sobre as mudanças que estão ocorren-
do em seu corpo. O profissional da saúde tem 
papel fundamental nesse processo de escla-
recimento, atuando não apenas para prevenir 
e amenizar sinais e sintomas climatéricos, 
mas para fortalecer a compreensão sobre 
este momento, estimular o autocuidado e for-
talecer as mulheres para viverem esta fase 
positivamente, adotando modos de vida sau-
dável, alimentação, atividade física prazerosa, 
possibilidades de lazer.
A saúde das mulheres idosas, na fase da seni-
lidade, varia expressivamente com fatores so-
cioeconômicos e culturais. As mulheres após 
a menopausa, principalmente após os 60 anos, 
podem apresentar algum desconforto nas re-
lações sexuais com penetração vaginal, devido 
às condições de hipoestrogenismo e, conse-
quentemente, hipotrofia dos tecidos genitais 
(BRASIL, 2006).
Entre os problemas ginecológicos em todas 
as fases da vida da mulher estão as Infecções 
Sexualmente Transmissíveis (ISTs), entre eles 
o HIV e o HPV, fator este associado ao surgi-
mento do câncer de colo de útero nas mulhe-
res. As mulheres que não sabem como evitar 
estas infecções ou que não podem fazê-lo 
enfrentam maiores riscos de adoecimento 
 21  21 
UN1 As mulheres e as fases 
da vida
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
e morte, sendo que há evidências de que a 
violência pode estar presente nestas situa-
ções. Assim, fica o alerta a você, profissional 
da saúde, para que fique atento aos sinais e 
sintomas de violência contra a mulher.
Figura 4 – As ISTs existem em todas as fases da vida da 
mulher
Lembre-se que a vulnerabilidade feminina 
diante de algumas doenças e causas de morte 
pode estar relacionada com situações de discri-
minação na sociedade, muito mais do que com 
fatores biológicos. Por esta razão, é importante 
analisar além da fase da vida da mulher e perce-
ber as especificidades – das mulheres negras, 
indígenas, trabalhadoras da cidade e do campo, 
as que estão privadas de liberdade e em situa-
ção de rua, as lésbicas, entre outras – que você 
pode reconhecer no seu território.
1.2 Construção social das fases 
 de vida das mulheres e a 
 medicalização do corpo 
As sociedades de consumo parecem atri-
buir aos indivíduos a responsabilidade pela 
plasticidade de seu corpo e pela manuten-
ção da juventude. Neste contexto, o espaço 
das práticas de consumo que demarcam pa-
drões de beleza, estabelecem modos de ser e 
de viver em torno da perfeição corporal, que, 
confundida com felicidade e realização, aca-
ba gerando grandes frustrações. Os corpos 
femininos erotizados e dominados demons-
tram o tipo ideal de beleza feminina a ser al-
cançado por meio do consumo dos produtos 
(MIRANDA, 2010).
Concomitantemente, existe uma verdadeira 
epidemia de insatisfação com a autoimagem, 
significativamente maior entre mulheres de 
todas as faixas etárias. Um dos fatores as-
sociados a essa insatisfação com a autoima-
gem é o padrão de corpo ideal que a mídia 
difunde (JAEGER, CÂMARA, 2015; LAUS et al., 
2014; RASO et al., 2016; SOUZA; ALVARENGA, 
2016).
Aproveitando o tema que estamos estu-
dando, conheça as ilustrações da artis-
ta Carol Rossetti, no link: <https://www.
carolrossetti.com.br/mulheres>.
Somada a isso, a patologização da normali-
dade é uma realidade no cuidado à saúde, e 
caminha de mãos dadas com a medicalização 
(CECCARELLI, 2010). 
Patologização da normalidade de-
fine-se como transformar uma carac-
terística ou reação humana normal em 
uma doença a ser tratada (TONE, 2012).
Figura 5 – A patologização da vida pode gerar demandas 
reais ao serviço de saúde. 
A patologização da vida e a insatisfação com 
a autoimagem podem gerar demandas reais 
ao serviço de saúde. São problemas que não 
 22  22 
UN1 As mulheres e as fases 
da vida
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
devem ser minimizados ou desvalorizados. 
Ações de promoção de saúde, tanto indivi-
duais como em grupo, podem servir para re-
fletir sobre diversos assuntos importantes, 
como o papel da mulher na sociedade, a fi-
siologia da mulher, o corpo ideal como algo 
inalcançável.Com relação às abordagens terapêuticas, um 
alerta que precisa ser feito para a medicaliza-
ção do corpo e vida das mulheres refere-se 
aos seguintes aspectos:
ÎÎ excesso de programas de rastreamento, muitos 
deles não validados;
ÎÎ medicalização de fatores de risco
ÎÎ solicitação de exames complementares em 
demasia;
ÎÎ excessos de diagnósticos, com rotulagem de 
quadros inexplicáveis.
ÎÎ medicalização de sintomas transitórios que po-
dem ser manejados através de outras abordagens.
A prevenção na área da saúde tem sido tradi-
cionalmente focada na doença, mas os con-
ceitos vão se modificando ao longo do tempo. 
Cada vez mais o que antes era considerado 
normal passa a ser doença. Mais que isso, 
fatores de risco estão sendo considerados 
equivalentes à doença (NORMAN; TESSER, 
2009). 
Talvez você já tenha ouvido falar sobre a pre-
venção quaternária. Este tipo de prevenção 
almeja evitar a ocorrência ou os efeitos do 
excesso de medicalização e intervenções, e 
se fundamenta em dois princípios básicos: o 
da proporcionalidade (ganhos devem superar 
os riscos) e o de precaução (versão prática do 
primum non nocere, ou seja, primeiro não le-
sar) (NORMAN; TESSER, 2009).
Este é um alerta importante para você e sua 
equipe discutirem o processo de trabalho, no 
cuidado de não medicalizar os processos fi-
siológicos da vida das mulheres. Nesse sen-
tido, na próxima unidade destacamos os as-
pectos fisiológico e patológico das fases de 
vida das mulheres. 
 23 
UN2
As fases de vida das mulheres: 
o fisiológico e o patológico
 24 
 25  25 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
Conhecer as singularidades de cada fase da 
vida das mulheres, assim como as modifica-
ções que as acompanha fornece subsídios 
para que os profissionais de saúde atuem no 
sentido de que as suas intervenções favo-
reçam o bem-estar das pessoas, famílias e 
comunidades (PEREIRA; SEGHETO, 2010). 
Nesse sentido, o atendimento à mulher com 
queixas ginecológicas tem particularidades 
de acordo com a fase que a mulher está vi-
vendo. Por isso, é necessária uma sensibi-
lização, reflexão e instrumentalização para 
realizar as ações de saúde de forma eficaz e 
centrada na mulher.
Figura 6 – O atendimento de saúde tem particularidades 
de acordo com a fase que a mulher está vivendo
A seguir, abordaremos estas fases e os as-
pectos fisiológicos e patológicos correspon-
dentes, apontando para os principais moti-
vos de procura pelos serviços de saúde da 
Atenção Básica.
2.1 Desenvolvimento, amadurecimento 
 e envelhecimento das mulheres
No cuidado à mulher, não basta saber se ela 
está na puberdade, na menacme ou na me-
nopausa. Estar na puberdade não é necessa-
riamente sinônimo de não querer ter filhos, e 
o início da menopausa não é concomitante a 
uma família no estágio tardio para a totalida-
de das mulheres. 
Com as mudanças sociais e as diferentes 
formas de viver, é interessante sempre in-
vestigar em que fase da vida ela se encon-
tra. Tanto mulheres púberes quanto aquelas 
iniciando a menopausa podem estar viven-
do a fase da vida de ter filhos pequenos, ou 
justamente de estar evitando engravidar, 
por exemplo. 
Outro ponto importante, já mencionado, mas 
que merece destaque, é que parece haver uma 
 26  26 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
tendência a considerar que referir-se à saúde 
da mulher é um sinônimo de referir-se à mu-
lher heterossexual e em idade reprodutiva. Por 
isso salientamos a importância do cuidado à 
mulher em todas as fases de vida, assim como 
a importância de considerar a saúde da mu-
lher para além do ciclo grávido puerperal. 
Os programas de atenção à saúde da mulher 
de maneira geral privilegiam pessoas heteros-
sexuais e com enfoque particular na saúde re-
produtiva. Nesse sentido, o desafio para você 
e sua equipe é ir além desta abordagem, iden-
tificando todas as necessidades de saúde das 
mulheres no seu território.
2.1.1 Mulheres na fase da puberdade 
 e menarca
Antecedendo a puberdade, a secreção de 
GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofi-
nas) aumenta e ocorre a resposta da hipófise 
com secreção de FSH e LH (hormônios Folícu-
lo estimunlate e Luteinizante), que resulta na 
maturação sexual da puberdade. A primeira 
manifestação será a telarca (desenvolvimento 
do broto mamário), seguida pela pubar-
ca. É normal nesta fase o desenvolvimento 
mamário assimétrico e o aparecimento de 
uma secreção vaginal fisiológica. Estabelece-
-se a forma corporal feminina, com depósito 
de gordura predominante na região das ma-
mas e dos quadris, resultante do desenvolvi-
mento esquelético, muscular e do tecido adi-
poso (LOURENÇO; QUEIROZ, 2010)
Ressaltamos que o desenvolvimento puberal 
normal apresenta uma ampla variação indi-
vidual, sem remeter a nenhuma patologia. 
Na população brasileira, a telarca ocorre em 
média aos 9,7 anos (± 3 anos) e a menarca 
ocorre aos 12,2 anos (± 2,4 anos) (LOURENÇO; 
QUEIROZ, 2010).
Figura 7 – Caderneta da Adolescente
Ministério da
Saúde
Fonte: Ministério da Saúde (2010).
A caderneta da adolescente é um guia para o 
atendimento nas unidades de saúde que per-
mite a avaliação dos seus principais aspectos, 
tais como crescimento e desenvolvimento, 
bem como o desenvolvimento puberal.
Você pode acessar a caderneta da ado-
lescente no link <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_
saude_adolescente_menina.pdf>.
Na puberdade e menarca a menina pode ser 
especialmente suscetível a considerar seu 
corpo inadequado e acreditar que há algo er-
rado ou patológico em seu processo de ama-
durecimento e desenvolvimento. É importante 
conhecer a fisiologia e utilizar as demandas 
das usuárias para reforçar o fisiológico e o 
empoderamento sobre seu corpo. 
Nesta fase é essencial tratar com cuidado as 
questões sobre sexualidade. Em uma amostra 
de estudantes de 11 a 16 anos, em Florianópolis, 
15,9% referiram já haver iniciado atividade se-
xual, e quase 40% referia não utilizar preserva-
tivo (UES et al., 2016). Ressalta-se que contra-
cepção é um direito reprodutivo, considerado 
 27  27 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
direito humano fundamental. Portanto, as me-
ninas consideradas adolescentes podem de-
cidir livremente e responsavelmente sobre a 
própria vida sexual e reprodutiva, ter acesso à 
informação e aos meios para o exercício dos 
direitos individuais, livres de discriminação, 
coerção ou violência (TAQUETTE, 2010).
Figura 8 – A contracepção é um direito reprodutivo, consi-
derado direito humano fundamental
Ainda, destacamos que além das evidentes 
questões relativas à prevenção de Infecções 
Sexualmente Transmissíveis (IST), AIDS e 
gestação indesejada, você, como profissional 
da saúde, deve estar alerta para identificar 
vítimas de violência, discriminação, exposi-
ção não voluntária e bullying (FORCIER, 2017; 
SARGENT et al., 2016). Ressaltamos que a 
violência por parceiro íntimo (incluindo física, 
psicológica e sexual) é mais comum em mu-
lheres jovens, e, entre estas, nas envolvidas 
com outras atividades de risco, como uso de 
drogas e álcool (FORCIER, 2017). 
Outro destaque importante é para as ações 
de prevenção da exposição indesejada nas 
redes sociais, o cyber bullying e a discrimina-
ção, que devem ser prioridade para esta fase 
da vida (SARGENT et al., 2016). Lembre-se 
da importância do trabalho integrado com as 
escolas para desenvolver estas ações.
Importante! Um aspecto relevante é a 
identificação, no território, de meninas 
em situação de vulnerabilidade social e 
pessoal, articulando as políticas sociais 
básicas e a sociedade para uma ampla 
intervenção que favoreça a melhoria da 
qualidade de vida e promova ações de 
apoio, inclusãosocial, proteção e ga-
rantia de direitos. 
É muito frequente nesta fase que as me-
ninas considerem que os profissionais de 
saúde são a fonte mais confiável de cuida-
dos e conselhos sobre sexualidade, prin-
cipalmente quando não há diálogo entre 
pais e filhas (FORCIER, 2017). Assim, ao 
conversar sobre sexualidade, busque um 
diálogo aberto, que objetive respostas ho-
nestas, focado em objetivos pessoais e 
promova a responsabilidade e autocui-
dado. Observe os aspectos no esquemá-
tico na página a seguir, segundo Forcier 
(2017).
Lembre-se da importância das ações in-
terdisciplinares e intersetoriais para que se 
ampliem as possibilidades de atingir esta 
população e tenham mais resolubilidade.
Lembre-se também que meninas bissexuais, 
transgênero ou lésbicas têm maior risco de 
abuso, bullying, abuso sexual, violência por 
parceiro íntimo, problemas de saúde mental 
(depressão, ansiedade, suicídio, distúrbios 
alimentares e de imagem corporal), abuso de 
substâncias (FORCIER, 2017). 
 28  28 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
Figura 9 – Acolhimento e escuta qualificada no atendi-
mento às adolescentes
Leia na íntegra o caderno Orientações 
para o Atendimento da Adolescente, 
neste link: <http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/orientacoes_atendi-
mento_adolescnte_menina.pdf>.
Nesta fase não é recomendada a coleta do 
exame de Papanicolau (Citologia Oncótica). 
Antes dos 25 anos, prevalecem as infecções 
por HPV e as lesões de baixo grau, que terão 
Garanta a 
confidencialidade 
da consulta
Pense em prevenção e conheça os 
recursos de sua comunidade
Sinta-se confortável
em perguntar e ouvir
as respostas (caso 
você mesmo sinta
dificuldade com esse
ponto, avalie a 
possibilidade de outra
pessoa da equipe 
realizar o atendimento)
Mostre respeito, evite suposições 
(supor que a menina já tem 
atividade sexual, ou que ela é 
heterossexual, por exemplo)
Ajude a mulher a 
reconhecer 
comportamentos sexuais
de risco, relacionando com
outros comportamentos,
como o uso de bebidas 
alcóolicas
Escute as respostas, evite 
jargões médicos
Faça perguntas claras
sobre o que quer
saber (nesta fase, 
muitas não 
responderão se não 
forem perguntadas)
Na conversa com a adolescente
Motivos de procura por atendimento 
de saúde na puberdade e menarca
Um dos motivos é a avaliação do crescimento 
e desenvolvimento saudável, buscando escla-
recer dúvidas. Para que você possa relembrar 
os pontos importantes para este atendimen-
to, é importante acessar as Orientações para 
o Atendimento a Saúde da Adolescente. Este 
caderno traz subsídios para avaliação da pu-
berdade, crescimento e desenvolvimento, de-
talhando informações sobre desenvolvimen-
to puberal com imagens para os estádios de 
maturação sexual de Tanner, as quais podem 
ser muito úteis na consulta da adolescente e 
púbere. 
 29  29 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
uma regressão espontânea na maioria dos 
casos. Nas queixas relacionadas ao fluxo va-
ginal e cervicites com presença de mucopus e 
sangramento do colo ou dor a mobilização do 
colo tratar para a gonorreia e clamídia.
Devido ao grande número de mulheres assin-
tomáticas (em torno de 70% a 80% dos casos) 
e a baixa sensibilidade das manifestações clí-
nicas nas cervicites, “na ausência de laborató-
rio, a principal estratégia de manejo das cervi-
cites por clamídia e gonorreia é o tratamento 
das parcerias sexuais de homens portadores 
de uretrite”. 
 
O diagnóstico laboratorial da cervicite causada 
por C. trachomatis dever ser feito por biologia 
molecular e cultura. Para diagnóstico da cervi-
cite gonocócica, proceder à cultura em meio se-
letivo, a partir de amostras endocervicais e ure-
trais (BRASIL,2016). As infecções por Chlamydia 
e Gonococo são muito prevalentes e podem 
ser inicialmente assintomáticas, mas causar 
complicações futuras, tais como doença infla-
matória pélvica, infertilidade, dor pélvica cônica, 
complicações na gestação, além de disseminar 
a patologia para os contactuantes sexuais eco-
munidade (WORKOWSKI et al., 2015).
Outro motivo de procura pelos serviços de 
saúde nesta fase é o atraso na menarca e no 
desenvolvimento puberal.
A primeira dúvida é quando considerar a in-
vestigação de um atraso na menarca. A ame-
norreia primária é definida como a ausência 
de menstruação em mulheres com 15 anos 
com crescimento e desenvolvimento puberal 
normal (WELT; BARBIERI, 2016). Assim, con-
sidera-se necessária uma investigação antes 
dos 15 anos de idade nos seguintes casos:
ÎÎ mulheres com 13 anos e ausência de desenvolvi-
mento de caracteres sexuais secundários (desen-
volvimento mamário e de pelos); 
ÎÎ mulheres com menos de 15 anos e desenvol-
vimento puberal normal que apresentam dores 
pélvicas cíclicas (WELT; BARBIERI, 2016).
A causa mais comum de amenorreia primá-
ria são anomalias cromossômicas que levam 
a uma disgenesia gonadal (WELT; BARBIERI, 
2016). Outra causa que pode levar à consulta 
para avaliação da amenorreia primária é a Sín-
drome do Ovário Policístico, que será discutida 
mais adiante. Em todos os casos de amenorreia 
é preciso descartar a possibilidade de gestação.
Importante! Lembre-se: o primeiro diag-
nóstico diferencial a pensar frente a um 
quadro de amenorreia é a gestação!
Outro motivo de procura pelos serviços de saú-
de nesta fase são as alterações menstruais. 
Lembramos que no primeiro ano após a me-
narca (pode estender-se por dois anos), há 
uma imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-
-ovário e aproximadamente 50% dos ciclos são 
anovulatórios. Essa é a causa de irregularida-
de menstrual mais frequente nesta fase, e se 
não houver comprometimento hemodinâmico 
ou anemia, terá resolução espontânea com o 
amadurecimento (ACOG, 2015).
É preciso atentar para os aspectos fisiológicos 
deste amadurecimento e que você como pro-
fissional de saúde pode atuar de forma a re-
duzir a visão negativa que a adolescente pode 
ter desta fase. Oferecer apoio psicossocial fo-
cado no estresse situacional e na melhoria da 
 30  30 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
capacidade de resolução de problemas pode 
ser suficiente nos casos leves.
Figura 10 – Irregularidades menstruais: pergunte a 
respeito
Outra causa de irregularidade menstrual é 
a síndrome dos ovários policísticos. A sua 
clínica inclui sinais de hiperandrogenismo 
(hirsurtismo, acne), obesidade e resistência 
à insulina. A síndrome pode apresentar-se 
com apenas um desses sinais ou sinto-
mas, mas nenhum deles isolado é suficiente 
para estabelecer o diagnóstico. É importan-
te afastar outras causas de hiperandroge-
nismo, como tumores adrenais e ovarianos 
(ROSENFIELD, 2017). Essa patologia é uma 
das mais frequentes (PIMENTEL et al., 2012).
 
Acesse na íntegra o Protocolo Clínico e 
Diretrizes Terapêuticas: <http://portalar 
quivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/
abril/03/pcdt-sindr-ovarios-polic-hirsu 
tismo-acne-livro-2013.pdf>.
Por fim, lembre-se que nesta fase pode ocor-
rer sangramento menstrual excessivo, princi-
palmente na menarca, que pode levar à neces-
sidade de transfusão, provocar anemia e/ou 
refratário a tratamento. Nesta situação, é pre-
ciso pensar em distúrbios da coagulação ou 
alteração plaquetária. Lembramos que você 
deve sempre investigar outras causas, como 
sangramentos relacionados com ciclo grávido 
puerperal, traumas, infecções.
Regularidade do ciclo (variação em dias entre os ciclos mais longos e o 
mais curto): até 7 dias, podendo chegar a 9 dias. Nos extremos do 
menacme (adolescência e pré-menopausa) a variação pode ser maior 
(FRASER et al., 2011).
Dias de fluxo até 8 dias (FRASER et al., 2011).
Fatores sobre os ciclos menstruais
Volume de sangue a definição clínica é subjetiva. Um volumenormal é o 
que não interfere com a qualidade de vida, sem prejuízos físicos, 
psíquicos ou sociais para a mulher (FRASER et al., 2011).
Duração do ciclo de 24 e 28 dias (FRASER et al., 2011). Ciclos entre 
25 e 35 dias, são ovulatórios, ciclos mais curtos podem ocorrer por 
diminuição da fase folicular (ocorre com o avanço da idade) ou 
inadequação da fase lútea. Ciclos mais longos, geralmente são 
anovulatórios (WELT, 2017).
 31  31 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
2.1.2 Mulheres na fase da menacme 
A partir da menarca, a mulher entra na fase re-
produtiva, ou menacme. Os ciclos menstruais 
podem variar em duração, dias de sangra-
mento, volume de sangue, sem decorrência de 
nenhuma patologia. Acompanhe no esquemá-
tico abaixo, os fatores a serem considerados:
Nesta fase, as ações de saúde devem indivi-
dualizar o que cada mulher necessita em ter-
mos de proteção contraceptiva. 
 
Importante! Na menarca e no puerpé-
rio podem ocorrer ciclos ovulatórios. É 
importante discutir com as mulheres e 
seus parceiros sobre métodos de pla-
nejamento reprodutivo eficazes nestas 
fases.
Acompanhe, a seguir, os motivos de procura 
por atendimento de saúde nesta fase.
Motivos de procura por atendimento de 
saúde na menacme 
Um dos motivos de procura no serviço de saú-
de nesta fase é a anormalidade da menstrua-
ção, uma queixa frequente entre as mulheres. 
O diagnóstico e o tratamento das amenorreias, 
tanto primárias (a mulher nunca menstruou) 
quanto secundárias (a mulher menstruava e 
para de menstruar) pode ser estudado no Pro-
tocolo de Atenção Básica Saúde das Mulheres. 
Acesse o Protocolo de Atenção Básica 
Saúde das Mulheres. Disponível em: 
<http://189.28.128.100/dab/docs/
portaldab/publicacoes/protocolo_sau 
de_mulher.pdf>.
O Sangramento Uterino Anormal (SUA) é um 
termo abrangente e pode corresponder a di-
versas patologias. Desde 2011 a Federação In-
ternacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) 
propõe uma terminologia para uniformizar a 
nomenclatura, evitando termos mal definidos 
e confusos (FRASER et al., 2011). A FIGO tam-
bém propõe um sistema simples de diagnós-
tico que abrange todos os possíveis atuantes 
ou contribuintes para o SUA numa determi-
nada mulher (não gestante e na menacme). 
A proposta é utilizar o acrônimo PALM-COEIN, 
que inclui quatro categorias de critérios obje-
tivos estruturais (PALM: pólipo, adenomiose, 
leiomioma e malignidade/hiperplasia) e qua-
tro que não estão relacionadas com anoma-
lias estruturais (COEI: coagulopatia, disfunção 
ovulatória, endometrial, iatrogênica) e a letra 
N para as não classificadas (MUNRO, 2016). 
Acompanhe no esquemático abaixo.
Acesse o guia prático Manejo de Sinto-
mas Menstruais/Manejo do Sangramen-
to Uterino Anormal (Sua) da Federação 
Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 
em: <http://www.adolescenciaesaude.
com/imagebank/PDF/v6n4a05.pdf?ai 
d2=6&nome_en=v6n4a05.pdf>. 
Pólipo
Adenomiose
Leiomioma
Malignidade/
hiperplasia
Coagulopatia
Disfunção 
ovulatória
Disfunção
endometrial
Disfunção 
iatrogênica
Não 
classificadas
PALM COEI
N
A dor abdominal e pélvica em mulheres é tam-
bém motivo de preocupação e de necessidade 
de consulta. Pode acontecer em todas as faixas 
etárias, porém é mais frequente na menacme. 
 32  32 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
É importante afastar motivos ginecológicos 
(e obstétricos) para permitir o diagnóstico di-
ferencial e tratamento adequado. No protocolo 
de saúde da mulher (já referenciado), há qua-
dros e tabelas sintéticos para ajudar no diag-
nóstico diferencial e tratamento.
A dor na relação sexual (dor vulvovaginal ou 
pélvica, provocada ou exacerbada pela reala-
ção sexual) tem uma prevalência variada entre 
6 e 40%, mas é pouco discutida e apresentada 
(REZAEE et al., 2017). Há diversas formas de 
classificar a dor na relação sexual, mas suge-
re-se buscar ao menos um dos seguintes sin-
tomas (McCABE et al., 2016).
Dor na penetração
Dor vulvovaginal e pélvica no
contato genital
Medo e ansiedade sobre dor 
pélvica e vulvovaginal em 
antecipação ou como resultado 
de um contato sexual
Hipertonicidade e hiperatividade
dos músculos do assoalho pélvico
Investigue com a mulher, os sintomas
da dor na relação
A origem da dor na relação sexual geralmente 
é multifatorial, mas fatores físicos (apresen-
tados a seguir), sexuais, psicossociais devem 
ser investigados (REZAEE et al., 2017). 
Acompanhe no esquemático abaixo, os fato-
res identificáveis.
causas
 inflamatórias: 
líquen, doença 
inflamatóriada 
bexiga
causas
neoplásicas 
e neurológicas: 
esclerose múltipla, 
neuroplatias 
periféricas,
fibromialgia
traumas
Fatores identificáveis para a origem da dor na relação sexual
infecciosos: 
DIP, candidiase, 
IST, infecções 
urinárias
hormonais: o uso de 
anticoncepcionais pode
contribuir para uma secura
vaginal e pouca lubrificação,
assim como os estados
hipoestrogênicos do 
climatério e 
senilidade
anatômicos: síndrome
de dor pélvica 
miofascial, e menos
frequentemente, 
anormalidade 
mullerianas 
e distopias
 33  33 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
Outros fatores que devem ser investigados são 
de caráter psicossocial – lembrar que histórias 
de abuso físico e sexual estão significativamen-
te associadas a queixas sexuais. Mas o abuso 
não é uma condição necessária para ter dor.
Mulheres que tiveram dor na relação por qual-
quer motivo, principalmente de forma regular, 
tendem a ter medo e ansiedade de voltar a 
sentir. Esse medo, por si só, pode levar à con-
tração voluntária ou involuntária dos múscu-
los vaginais, piorando a dor na penetração e 
tornando o quadro crônico. Além disso, de-
pressão e ansiedade e outros quadros psi-
quiátricos podem estar independentemente 
associados a dores crônicas, inclusive dor 
na relação sexual. No caso de mulheres com 
companheiro(a) fixo, conflitos, dificuldade de 
comunicação, discrepância de desejo sexual 
entre os cônjuges e abusos podem gerar ou 
piorar um quadro de dor na relação sexual. É 
importante considerar também que o próprio 
quadro clinico pode gerar ou agravar conflitos 
entre casais. A dor pode ter origem idiopáti-
ca, quando não é descoberta nenhuma causa 
identificável, ou quando a dor persiste mes-
mo quando a causa é tratada (REZAEE et al., 
2017). Acompanhe o esquemático ao lado.
no início da penetração
(vestibulodinea e infecções agudas)
na penetração profunda 
(DIP, disfunções pélvicas, problemas 
urinários ou intestinais, endometriose)
não relacionada com a relação sexual 
(neuralgias, disfunções do 
assoalho pélvico)
após a relação sexual 
(fissuras e outras dermatoses)
antes do contato genital (vulvodinea generalizada 
ou ansiedade com contato sexual)
No atendimento, é importante você diferenciar se a 
mulher tem um quadro de dor
 34  34 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
O exame ginecológico é imprescindível, mas 
pode ser especialmente desconfortável e an-
siogênico pela queixa de base. Um cuidado 
especial com consentimento e confiança deve 
ser tomado para o exame dessas mulheres. É 
importante que o exame seja completo. inspe-
ção de genitália externa, busca de pontos do-
lorosos, especular, toque bimanual. Se o qua-
dro álgico impedir ou dificultar o exame, o uso 
de lidocaína gel pode ajudar. Se mesmo assim 
for intolerável, buscar outras alternativas ou 
referenciar ao serviço de ginecologia.
Se identificada a causa, deve ser tratada. É 
importante valorizar a queixa e ajudar a mu-
lher a lidar com o quadro clínico. Pode ser ne-
cessário o encaminhamento ao especialista 
conforme a causa encontrada (ginecologista, 
urologista,neurologista) (REZAEE et al., 2017).
Outro motivo de procura pelos serviços de saú-
de nesta fase é o aumento ou alteração da se-
creção vaginal. Lembramos que o status hor-
monal da mulher possibilita mudanças no trato 
genital feminino, com a presença de secreção 
fisiológica com odor característico. Essa se-
creção aumenta na gestação, durante o uso de 
medicação com estrógeno (anticoncepcionais 
orais, por exemplo), no período ovulatório e pré-
menstrual. No esquemático abaixo, você pode 
acompanhar algumas causas que exigem uma 
investigação do profissional de saúde quando 
acompanhadas de secreção vaginal.
odor forte e
desagradável for 
acompanhada
de disúria ou
dor na relação 
sexual
for 
acompanhada
de dor em baixo
do ventre
presença
de
sangue
Causas que exigem investigação quando
acompanhadas da secreção vaginal
febre
ardência,
hiperemia ou
prurido 
vulvar
O uso de sabonetes e outros produtos para 
limpeza da área genital é muito comum entre 
mulheres na América Latina, sendo que mais 
de 70% das mulheres das mulheres utilizam 
(LÓPEZ et al., 2015). Nestes casos, alguns 
cuidados devem ser tomados, porque a lava-
gem excessiva ou com produtos inadequados 
podem danificar a flora vaginal normal e a pe-
lícula protetora natural, levando a um aumen-
to de infecções e sintomas vulvo-vaginais. 
A higiene vulvar que parece prevenir infec-
ções inclui limpeza adequada com movimen-
tos sempre da vulva em direção ao ânus, não 
fazer a higiene mais de 2-3 vezes ao dia e, se 
utilizar um sabonete, que seja não irritativo 
e que mantenha ou reestabeleça o pH ácido 
(LÓPEZ et al., 2015). 
Outro ponto importante a ser destacado nes-
ta fase é a necessidade de fazer o rastrea-
mento do câncer de colo pelo exame cito-
patológico (exame de Papanicolau). A rotina 
recomendada para o rastreamento é a repe-
tição do exame a cada três anos, após dois 
exames normais consecutivos realizados 
com um intervalo de um ano. A repetição em 
um ano após o primeiro teste tem como ob-
jetivo reduzir a possibilidade de um resultado 
 35  35 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
falso-negativo na primeira rodada do rastre-
amento. Deve ser oferecido às mulheres na 
faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram 
atividade sexual. 
Em portadoras do vírus HIV ou imunode-
primidas o exame deve ser realizado logo 
após o início da atividade sexual, com pe-
riodicidade anual após dois exames normais 
consecutivos realizados com intervalo se-
mestral. Mulheres sem história de atividade 
sexual ou submetidas a histerectomia total 
por outras razões que não o câncer do colo 
do útero não necessitam fazer o rastrea-
mento (INCA, s/d).
2.1.3 Mulheres na fase do climatério 
 e menopausa
A menopausa natural é definida como a au-
sência permanente de ciclos menstruais, de-
terminada retrospectivamente depois de 12 
meses de amenorreia sem outras causas. A 
média de idade da menopausa é 51,4 anos 
(CASPER, 2017). 
A menopausa antes dos 40 anos é anormal 
e decorre de uma falência ovariana precoce 
(CASPER, 2017). Antes que os ciclos mens-
truais cessem completamente, na maioria 
das mulheres ocorre a perimenopausa ou 
transição menopausal, que pode cursar com 
ciclos irregulares, mudanças endócrinas e si-
nais e sintomas (CASPER, 2017). 
O climatério é um processo fisiológico com 
curso previsível, que durará de 4 a 6 anos 
(BOUMA et al., 2012). 
Motivos de procura por atendimento 
de saúde no climatério e menopausa
A procura por serviços de saúde nesta fase 
pode estar relacionada aos sintomas fisiológi-
cos.
O sintoma característico da perimenopausa e 
do início da menopausa são as ondas de ca-
lor. Ocorrem em mais de 80% das mulheres 
em algumas culturas, mas apenas 20-30% 
das mulheres buscam atendimento por esse 
motivo. Sem nenhum tratamento, as ondas de 
calor param espontaneamente, mas a maioria 
das mulheres apresenta o sintoma por 4 ou 
5 anos, com 9% das mulheres descrevendo o 
sintoma após os 70 anos (CASPER, 2017). 
Outros sintomas da transição menopausal e 
da menopausa em si, são: distúrbios do sono 
(prevalência de 32 a 46%), depressão, secura 
vaginal, alterações cognitivas, dores articulares 
(CASPER, 2017). 
distúrbios do sono
secura vaginal
alterações coginitvas
dores articulares
depressão
ondas de calor
Sintomas da transição menopausal 
e da menopausa
Na abordagem destes sintomas parece haver 
duas tendências de pensamento. Por um lado, 
há uma corrente que enfoca mais a fisiologia 
do processo autolimitado, que é o climatério, 
e nos riscos do uso de hormônios (BOUMA et 
al., 2012). Por outro lado, outra corrente ba-
 36  36 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
seia-se nos benefícios da Terapia de Reposi-
ção Hormonal (TRH) e na raridade dos efeitos 
colaterais (WENDER; POMPEI; FERNANDES, 
2014). Ambas as tendências concordam, no 
entanto, que a terapêutica deve ser individu-
alizada e por tempo restrito (BOUMA et al., 
2012; WENDER et al., 2014). 
A TRH é muito eficaz em melhorar os sinto-
mas vasomotores, tem efeito positivo no hu-
mor e na qualidade do sono e melhora/previne 
a atrofia vaginal, melhorando a função sexual; 
previne fraturas ostoporóticas, reduz o risco 
de Diabete Melittus Tipo 2 e diminui o risco de 
câncer colo retal (WENDER et al., 2014). No en-
tanto, o uso de TRH tem efeitos adversos ra-
ros, mas potencialmente fatais, pois aumenta 
o risco de tromboembolismo venoso, câncer 
de mama, e, dependendo do momento de iní-
cio, pode aumentar os riscos cardiovasculares 
(BOUMA et al., 2012; WENDER et al., 2014).
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Geron-
tologia chama a atenção quanto à evidência 
científica forte de que “está contraindicada 
a prescrição de terapia de reposição de hor-
mônios como terapêutica antienvelhecimento 
com os objetivos de prevenir, retardar, modu-
lar e reverter o processo de envelhecimento; 
prevenir a perda funcional da velhice; e preve-
nir doenças crônicas e promover o envelhe-
cimento e/ou longevidade saudável (nível de 
evidência A) (BRASIL,2016).
Entre os fitoterápicos presentes na Relação 
Nacional de Medicamentos Essenciais (Rena-
me), o único que está associado ao tratamen-
to dos sintomas do climatério é a isoflavona 
da soja. Destaca-se o tratamento com a Cimi-
cifuga Racemosa em associação com outros 
fitoterápicos, pareceu diminuir os sintomas 
vasomotores conforme uma revisão sistemá-
tica (ISMAIL et al., 2015); contudo, o mesmo 
não é mostrado na revisão da biblioteca Co-
chrane, embora esta sugira mais estudos com 
o fitoterápico (LEACH; MOORE, 2012).
Figura 11 – Exercícios físicos: prática complementar
O tratamento com fitoterápicos como a Cimi-
cifuga Racemosa em associação com outros, 
também fitoterápicos, pareceu diminuir os sin-
tomas vasomotores conforme uma revisão 
sistemática (ISMAIL et al., 2015); contudo, o 
mesmo não é mostrado na revisão da bibliote-
ca Cochrane, embora esta sugira mais estudos 
com o fitoterápico (LEACH; MOORE, 2012).
Para uso ou não de TRH, é necessário uma deci-
são compartilhada de tratamento com a mulher. 
A tomada de decisão compartilhada é 
definida como o processo de envolver 
as usuárias nas decisões clínicas.
No site da clínica Mayo (em inglês), os 
riscos e benefícios da TRH estão muito 
bem explicados e facilitam o aconselha-
mento e a tomada de decisão. Acesse: 
<http://www.mayoclinic.org/diseases-
-conditions/menopause/in-depth/hor-
mone-therapy/art-20046372>.
Outro link interessante de estudar é 
o Consenso Brasileiro de Terapêutica 
Hormonal na Menopausa, em <https://
pt.scribd.com/document/284001558/
Consenso-Brasileiro-de-Reposicao 
-Hormonal>. Acesse ainda: <https://
www.menopause.org/for-women/se-
xual-health-menopause-online>.
 37  37 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulherese atenção 
ginecológica
UN2
Lembre-se que até os 64 anos é necessário 
continuar com a coleta do exame de preven-
ção do câncer – Papanicolau.
Com relação ao rastreamento para câncer de 
mama, a diretriz atual para mulheres assin-
tomáticas recomenda o uso da mamografia 
com periodicidade bienal nas mulheres en-
tre 50 e 69 anos (BRASIL, 2015b). O autoe-
xame das mamas não é mais recomendado 
(BRASIL, 2015b).
Conheça melhor a discussão sobre 
diagnóstico precoce de câncer de 
mama. Acesse: <https://www.horapar-
to.org/mamografia-para-triar-cancer-
-de-mam>.
2.1.4 Mulheres na fase da senilidade
Envelhecer é parte do processo fisiológico da 
vida. O tempo modifica diversos processos 
biológicos. O envelhecimento não é um pro-
cesso homogêneo; em uma mesma pessoa os 
órgãos e sistemas envelhecem em tempos di-
ferentes, condicionados por múltiplos fatores 
(como genéticos, ambientais e de hábitos de 
vida) (TAFFET, 2017).
É um momento oportuno para refletir sobre 
estereótipos do envelhecimento e estar atento 
aos nossos próprios preconceitos sobre en-
velhecer (KINGSBERG, 2002). Lembramos que 
as mulheres idosas devem ser questionadas 
sobre sua sexualidade e sobre queixas geni-
to-urinárias (AGRONIN, 2017). 
Motivos de procura por atendimento de 
saúde na senilidade 
Nas queixas ginecológicas, o envelhecimento 
aumenta o risco de incontinência urinária, in-
fecção urinária e dispareunia. 
A incontinência urinária ainda é sub-diagnos-
ticada e sub-tratada (HARRIS et al., 2007). As 
mulheres podem não se queixar espontanea-
mente de incontinência urinária, seja por ver-
gonha, falta de conhecimento (considerar o 
sintoma como normal e esperado para a idade, 
desconhecer a possibilidade de tratamento) ou 
medo de procedimentos cirúrgicos (HARRIS 
et al., 2007). No entanto, a incontinência pode 
ter impacto sobre a qualidade de vida, a função 
sexual, a morbidade e a sobrecarga sobre os 
cuidadores (GOTOH et al., 2009). 
Figura 12 – Senilidade: reflita sobre os estereótipos do 
envelhecimento 
A incontinência pode ser devido à diminuição 
da inervação e alterações neurológicas, que 
levam a uma diminuição da contratilidade do 
músculo detrusor, da capacidade vesical e da 
capacidade de suspenderamicção (TAFFET, 
2017). Na mulher idosa, a atrofia causada pela 
falta de estrogênios diminui o tamanho de 
uretra e sua pressão máxima de oclusão, au-
mentando a chance de incontinência urinária 
e infecção do trato urinário (TAFFET, 2017). 
 38  38 
As fases de vida das 
mulheres: o fisiológico e 
o patológico
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN2
A falta de estrógenos causa também atrofia da 
mucosa vaginal e de todo o assoalho pélvico, 
aumentando a chance de distopias genitais 
(retocele e cistocele). A secreção fisiológica 
diminui junto com a flora vaginal, levando a 
um aumento de pH que facilita a colonização 
pela flora entérica (TAFFET, 2017). 
São mudanças fisiológicas do corpo que pre-
cisa de adaptações, como por exemplo exercí-
cios para musculatura pélvica, uso de lubrifi-
cantes vaginais, entre outros.
A sexualidade da mulher idosa é carregada 
de preconceitos e tabus com ideia de que a 
sexualidade está ligada a reprodução e a pre-
sença dos hormônios ovarianos. Nesta fase 
sintomas relacionados a atrofia genital podem 
ocorrer e podem causar dispareunia. Atentar 
para os sintomas clínicos e psíquicos e apoiar 
a iniciativa da mulher na melhoria das rela-
ções sociais e familiares, orientar lubrifican-
tes vaginais a base de água na relação sexual 
e considerar terapia para alívio dos sintomas 
associados a atrofia genital (BRASIL, 2016).
Figura 13 – As mulheres podem vivenciar de forma 
saudável este período 
É importante que você, como profissional 
da saúde, auxilie as mulheres a vivenciar de 
forma saudável este período. O envelhecimen-
to também traz maturidade emocional, e em 
muitos casos favorece o vínculo e as relações 
íntimas entre os casais. Destacamos a im-
portância de focar a orientação na comunica-
ção entre o casal e na possibilidade de obter 
prazer na relação (e até mesmo mais prazer), 
mesmo com a diminuição da frequência dos 
intercursos sexuais (AGRONIN, 2017). 
A seguir, na unidade 3 trazemos algumas con-
siderações e informações sobre a atenção à 
saúde nas fases de vida da mulher.
 39 
UN3
Atenção à saude nas fases de vida 
das mulheres
 40 
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Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN3 Atenção à saúde nas 
fases de vida das 
mulheres
Neste módulo o enfoque são as questões 
ginecológicas, fisiológicas e patológicas, 
bem como os principais motivos de procura 
das mulheres pelos serviços de saúde. Nes-
se sentido, iniciamos esta unidade pergun-
tando: Como é o atendimento a mulheres 
com queixas ginecológicas em sua unida-
de? Há espaço físico adequado para realizar 
essas consultas? Você se sente tranquilo e 
preparado para conversar sobre assuntos 
mais íntimos, como a sexualidade?
Figura 14 – Atendimento a mulheres com queixas gineco-
lógicas na Atenção Básica 
Vamos falar um pouco sobre este atendi-
mento. Na anamnese, não é infrequente que 
a mulher não saiba “como iniciar” a consulta 
e também não é infrequente que o profissio-
nal de saúde faça uma anamnese dirigida para 
fatos objetivos – menarca, característica dos 
ciclos menstruais, numero de gestações. Essa 
pode ser uma estratégia a ser utilizada para 
“quebrar o gelo”, mas também pode limitar a 
abrangência da anamnese e dificultar o cui-
dado centrado na mulher (CALANDRA; GURU-
CHERRI, 1991). 
Destacamos dois episódios que são frequen-
tes na atenção à saúde das mulheres com re-
lação a queixas ginecológicas, descritos por 
Calandra (1991).
O primeiro é uma consulta ginecológica de 
rotina, mulher sem queixas e com exame fí-
sico e ginecológico normal. O profissional 
de saúde, satisfeito, comunica à mulher que 
tudo está bem. Todos os registros são feitos 
e solicitados os exames necessários. Já na 
porta do consultório, ao se despedir, a mulher 
diz: “Então... Eu queria perguntar... É normal 
que eu já não tenha vontade de ter relações 
sexuais? É pela idade?”.
A outra situação é uma consulta de emergên-
cia solicitada pela mulher em função de uma 
 42  42 
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN3 Atenção à saúde nas 
fases de vida das 
mulheres
também é importante conversar com os ou-
tros profissionais da equipe sobre este tipo 
de abordagem. Evidências sugerem que mui-
tas mulheres têm perguntas e necessitam de 
informações sobre sua função sexual, mas 
não costumam perguntar ao profissional de 
saúde (FRANKEL; WILLIAMS; EDWARDSEN, 
2015; RAMALHEIRO; GODINHO; MAIA, 2011). 
Os motivos alegados para isso pelas mulheres 
são vergonha e receio de que o profissional de 
saúde não considere este assunto relevante 
(RAMALHEIRO et al., 2011).
Importante! Crie um contexto seguro 
para falar de saúde e função sexual. Ga-
ranta a confidencialidade do atendimen-
to. O seu interesse no assunto deve ser 
totalmente voltado para os riscos para a 
saúde e nas orientações para o autocui-
dado e hábitos de vida saudáveis, sem 
emitir juízos de valor sobre preferências 
sexuais ou escolhas de vida. 
Lembre-se que a cultura local e a cultura de 
origem da mulher em atendimento podem 
influenciar muito a abordagem nessa esfera. 
Aprender as perguntas típicas e apropriadas e 
ter claro (para si mesmo e para a mulher) so-
bre o motivo de perguntar sobre sexualidade 
podem ajudar a abordar o tema (FRANKEL et 
al., 2015). 
 
Perguntar sobre a orientação sexual, o número 
de parceiros(as) anteriores e atuais, o uso de 
condom e outras proteções é importante, pois 
ajuda a pensar ações preventivas e terapêuti-
cas, de autocuidado e hábitos de vida saudá-
veis. A população de mulheres homossexuais, 
por exemplo, pode ser especialmente vulnerá-
vel a não receber acompanhamento adequado 
e demorar para buscar atendimento em caso 
de necessidade,pois tem menos acesso a 
serviços de saúde, consultas ginecológicas e 
sofrem discriminação e preconceito perpetra-
do pelos profissionais de saúde (ARAÚJO et 
al., 2006; BARBOSA; FACCHINI, 2009). 
Há ainda outro desafio na abordagem à saúde 
da mulher: avaliar se ela sofre ou sofreu algum 
tipo de violência e abuso sexual. Apesar de ser 
um evento que deve ser notificado, há sub-
diagnóstico, sub-registro e subnotificação. 
Em geral, os profissionais da saúde desconhe-
cem como ou temem abordar o tema (KIND et 
al., 2013). No entanto, a porcentagem de mu-
lheres que relatam terem sido vítimas de vio-
lência (cometida pelo parceiro íntimo) durante 
vulvo vaginite. A mulher tinha prurido há três 
semanas e neste dia “não estava mais aguen-
tando”. Na consulta, foi diagnosticada e tra-
tada uma candidíase. Após ser orientada e 
medicada, e com a consulta já dada por en-
cerrada pelo profissional de saúde, a mulher 
consegue perguntar se não tinha nada nas 
mamas, já que uma amiga sua acabava de re-
ceber um diagnóstico de carcinoma. 
Gostaríamos de trazer a reflexão sobre as per-
guntas que as mulheres trazem consigo e por 
falta de tempo ou por vergonha acabam não 
fazendo aos profissionais no atendimento. 
Essas questões são um indicativo importante 
de que a comunicação profissional de saúde-
-mulher precisa ser repensada, e geralmente 
refletem o verdadeiro motivo da consulta. Por 
isso, é interessante que o profissional faça 
perguntas mais abertas, como “Em que posso 
ajudar?” ou “O que está preocupando você?” 
(CALANDRA; GURUCHERRI, 1991; GUSSO; 
LOPES, 2012)
Outra dificuldade que pode aparecer é con-
versar sobre sexualidade e questões sexu-
ais. Se não abordado espontaneamente pela 
mulher, é importante que você aborde o tema; 
 43  43 
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN3 Atenção à saúde nas 
fases de vida das 
mulheres
toda a vida variou entre 15 e 71%, dependendo 
do país em estudo realizado pela Organização 
Panamericana de Saúde (OPS, 2013). Assim, 
ressalta-se a importância de diagnóstico e a 
necessidade de acolhimento e cuidado para 
essas mulheres, que podem estar em intenso 
sofrimento físico e psíquico (KIND et al., 2013; 
OPS, 2013).
Figura 15 – Facilite a comunicação, evite preconceitos
Com relação ao atendimento ginecológico, 
lembramos que toda mulher com queixas gi-
necológicas deve ser examinada. O exame fí-
sico é uma ferramenta imprescindível para o 
cuidado em saúde. O prurido vulvar, por exem-
plo, pode ser realmente uma vulvite micótica, 
mas também pode ser uma atopia, um líquen, 
uma lesão herpética, uma neoplasia. Alguns 
diagnósticos diferenciais podem ser feitos so-
mente mediante exame físico. O mesmo ocor-
re com queixas de dor, sangramento ou des-
conforto. Além disso, a anamnese e o exame 
físico, em si, podem ser instrumentos de con-
forto e de percepção de cuidado (CALANDRA; 
GURUCHERRI, 1991).
Veja a palestra do médico Abraham 
Verghese sobre a consulta e o exame 
clínico. Acesse: <https://www.ted.com/
talks/abraham_verghese_a_doctor_s_
touch?language=pt-br>.
Por outro lado, é importante considerar que 
o exame ginecológico “de rotina” pode ser 
desconfortável, causar ansiedade, constran-
gimento e diagnósticos e tratamentos des-
necessários. Não há nenhuma evidência de 
benefício do exame ginecológico em mulheres 
não gestantes e assintomáticas, além da de-
tecção precoce de câncer de colo (QASEEM et 
al., 2014). 
Lembramos também que há uma lacuna 
de evidências no papel do exame clínico de 
mamas de rotina nas pacientes assintomáticas 
(BRASIL, 2015b), exame muitas vezes realiza-
do juntamente com o ginecológico.
Assim, é importante destacar que preci-
samos solicitar sempre o consentimen-
to da mulher para realizar o exame físico 
(GUPTA; HOGAN; KIRKMAN, 2001). É neces-
sário explicar os passos do exame e a ne-
cessidade de cada passo. Durante ou ao final 
do exame, deve-se explicar os achados mais 
relevantes. E não esquecer de registrar em 
prontuário.
O ultrassom transvaginal pode ser muito útil 
em diversas queixas ginecológicas. Avalia a 
presença de tumores e miomas, a espessu-
ra do miométrio nas alterações menstruais, 
ajuda no diagnóstico de cistos e massas ane-
xiais, sendo muito importante no diagnóstico 
diferencial de quadros álgicos. 
Mas não há nenhuma evidência que suporte 
a necessidade de ultrassom pélvico de rotina, 
apenas para avaliar se “está tudo bem”.
 44  44 
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN3 Atenção à saúde nas 
fases de vida das 
mulheres
A seguir, abordamos algumas estratégias que 
você poderá utilizar para a atenção à saúde 
das mulheres.
3.1 Estratégias para qualificar 
a atenção à saúde das mulheres
Iniciamos destacando a importância de au-
mentar a capacidade de cuidado da Atenção 
Básica, tendo como norte a diminuição do 
sofrimento e da dependência das mulheres, a 
(re)construção de graus progressivos de au-
tonomia, a capacidade delas de gerir a própria 
vida (com apoio e suporte dos profissionais de 
saúde e das redes sociais), considerando as 
singularidades enquanto sujeitos e coletivos 
(BRASIL, 2013a).
A PNAISM estabelece a atenção às mulheres 
a partir dos 10 anos de idade. Neste sentido, a 
atenção à saúde das mulheres precisa se dar 
em todas as fases da vida.
Procure discutir com a sua equipe quais 
são as ofertas de atenção à saúde das 
mulheres na sua Unidade de Saúde. Há 
oferta para as mulheres nas diferentes 
fases da vida? 
As mulheres são grandes usuárias dos servi-
ços de saúde, no entanto elas pouco procu-
ram ou recebem nas unidades de atendimento 
ações voltadas à promoção de saúde. Nesse 
sentido, um alerta importante é a necessidade 
de que a unidade e equipe de saúde tenham 
um “cardápio” diversificado de ofertas de cui-
dado, grupos variados, oficinas, práticas cor-
porais e de autocuidado, atividades lúdicas e 
laborais, entre outras, que ampliem as pos-
sibilidades de cuidado e promoção de saúde 
para as mulheres. 
Importante! Algumas estratégias po-
dem ser adotadas pelas equipes para 
qualificar a atenção às mulheres, dentre 
elas o acolhimento, o projeto terapêuti-
co singular, a atenção multidisciplinar e 
as metodologias de trabalho em grupos. 
Nesse sentido, iniciamos abordando o acolhi-
mento, lembrando que este não é um local na 
unidade de saúde, mas sim uma postura ética. 
Não se trata de um espaço nem de ação pro-
fissional isolada. Para que a equipe de saúde 
incorpore o acolhimento no seu processo de 
trabalho implica os profissionais compartilha-
rem seus saberes, possibilidades, projetos e 
necessidades. É importante considerar neste 
processo de acolhimento as especificidades 
na população feminina – negras, indígenas, 
trabalhadoras da cidade e do campo, as que 
estão em situação de prisão, as lésbicas e as 
diferentes fases da vida em que se encontram, 
relacionando as suas necessidades de saúde.
Figura 16 – No acolhimento deve-se considerar as especi-
ficadades das mulheres
No atendimento à saúde das mulheres em 
todas as fases da vida, observam-se ainda 
alguns pontos que devem ser considerados 
na abordagem clínica, destacando-se o esta-
belecimento do vínculo de confiança entre a 
equipe de Saúde, a usuária e sua família. Uma 
atitude acolhedora e compreensiva também 
possibilitará a continuidade do trabalho, com 
objetivos específicos e resultados satisfató-
rios no dia a dia. 
 45  45 
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN3 Atenção à saúde nas 
fases de vida das 
mulheres
Importante! Você, profissional da saú-
de, deve promover a participação e a 
interação com as mulheres, sem as im-
posições de uma relação de poder, am-
pliando as possibilidades de vinculação 
e resolubilidade na atenção.
Os profissionais da saúde em geral têm receio 
de atender as adolescentes, em especial as 
mais jovens, sem que estas estejam acompa-
nhados de um adulto responsável. Este ponto 
merece uma atenção especial. Na legislação 
brasileira,o Estatuto da Criança e Adolescen-
te (ECA, Artigo 2o) considera criança a pessoa 
até 12 anos de idade incompletos e adoles-
cente aquela entre doze e dezoito anos de ida-
de. O Código Civil determina os 18 anos para 
a prática de todos os atos da vida civil, com 
a possibilidade de maioridade civil, que pode 
ser alcançada para maiores de 16 anos em 
face de alguns atos, como emancipação, ca-
samento, entre outros. É importante que você, 
como profissional, conheça estes aspectos 
para atuar de acordo com a legislação e assim 
contribuir para a garantia dos direitos desta 
população. O ECA é o embasamento legal, na 
garantia dos direitos e proteção para as meni-
nas de10 aos 19 anos de idade.
O art. 3a do ECA descreve que “a criança 
e o adolescente gozam de todos os di-
reitos fundamentais inerentes à pessoa 
humana, sem prejuízo da proteção in-
tegral de que trata essa lei, asseguran-
do-se-lhes, por lei ou por outros meios, 
todas as oportunidades e facilidades, a 
fim de lhes facultar os desenvolvimen-
tos físico, mental, moral, espiritual e 
social, em condições de liberdade e de 
dignidade”. Portanto, qualquer exigên-
cia que possa afastar ou impedir o exer-
cício pleno da adolescente de seu direi-
to fundamental à saúde e à liberdade, 
como a obrigatoriedade da presença de 
um responsável para acompanhamento 
no serviço de saúde, constitui lesão ao 
direito maior de uma vida saudável. O 
ECA ressalva o direito da criança e da 
adolescente em defender seus direitos 
quando seus interesses venham a coli-
dir com os de seus pais ou responsável. 
Destaca-se que são direitos fundamen-
tais a privacidade, a preservação do si-
gilo e o consentimento informado, e que 
o “Poder familiar” (antigo Pátrio poder) 
dos pais ou responsáveis legais não é 
um direito absoluto.
Caso o profissional de saúde entenda que a 
adolescente não possui condições de decidir 
sozinha sobre alguma intervenção em razão 
de sua complexidade, deve, primeiramente, re-
alizar as intervenções urgentes que se façam 
necessárias, e, em seguida, abordar a adoles-
cente de forma clara sobre a necessidade de 
que um responsável a assista e a auxilie no 
acompanhamento (SÃO PAULO, 2006). Quan-
do a adolescente resistir em informar determi-
nadas circunstâncias de sua vida à família, a 
equipe de saúde deve preservar a adolescente 
em exercer seu direito à saúde. 
Figura 17 – A equipe de saúde deve preservar a adoles-
cente em exercer seu direito à saúde
Com relação às demais estratégias que você 
pode utilizar na atenção às mulheres, destaca-
mos uma ferramenta disponível indicada para 
casos complexos na saúde, o Projeto Terapêu-
tico Singular (PTS). Lembre-se que o PTS é um 
instrumento de organização do cuidado em 
 46  46 
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN3 Atenção à saúde nas 
fases de vida das 
mulheres
saúde construído entre equipe e usuária, con-
siderando as singularidades desta e a comple-
xidade da situação que se apresenta. No PTS, a 
identificação das necessidades de saúde, a dis-
cussão do diagnóstico e a definição do cuidado 
devem ser compartilhadas (BRASIL, 2014). 
A construção de um PTS pode ser sistema- 
tizada em quatro momentos, confira no es-
quemático ao lado.
Para conhecer mais sobre o Projeto Te-
rapêutico Singular, acesse o Caderno 
de Atenção Básica – Saúde Mental, 
disponível em: <http://dab.saude.gov.
br/portaldab/biblioteca.php?conteu-
do=publicacoes/cab34>. 
 
Outra estratégia que destacamos é o traba-
lho em equipe multidisciplinar, sendo funda-
mental para a atenção à saúde das mulheres, 
como também a intersetorialidade, com des-
taque para as ações que integram a saúde 
com a educação, como, por exemplo, as de-
senvolvidas no Programa de Saúde na Escola 
(PSE), que tem fundamental importância para 
a melhoria da saúde das meninas que fre-
quentam a escola. 
Diagnóstico e análise: 
deverá conter uma avaliação 
ampla que considere a integralidade 
do sujeito (em seus aspectos físicos, 
psíquicos e sociais) e que possibilite 
uma conclusão a respeito dos riscos, 
vulnerabilidade, resiliências e 
potencialidades dele. Deve tentar captar 
como o sujeito singular se produz diante 
de forças como as doenças, os desejos e 
os interesses, assim como também o 
trabalho, a cultura, a família e a 
rede social.
Momentos da construção do Projeto Terapêutico Singular
Definição de ações e 
metas:
após realizados os diagnósticos, 
as equipes que desenvolvem o PTS 
fazem propostas de curto, médio e 
longo prazo, quais serão discutidas e 
negociadas com o usuário em 
questão e/ou com familiar, 
responsável ou pessoa próxima. 
Construir um PTS é um processo 
compartilhado e, por isso, é 
importante a participação do usuário 
na sua definição.
Divisão de responsabilidades: 
é importante definir as tarefas de cada um 
(usuários, equipe de AB e Nasf) com clareza. 
Além disso, estabelecer que o profissional com 
melhor vínculo com o usuário seja a pessoa de 
referência para o caso favorece a dinâmica de 
continuidade no processo de cuidado. A definição da 
pessoa com a função de gestão do PTS ou gestão do 
caso é fundamental para permitir que, aconteça o que 
acontecer, tenha alguém que vai sempre lembrar, 
acompanhar e articular ações.
Reavaliação: 
neste momento, 
discute-se a
evolução do caso, 
fazendo-se as devidas 
correções de rumo, caso 
sejam necessárias.
 47  47 
Saúdes das mulheres e atenção 
ginecológica
UN3 Atenção à saúde nas 
fases de vida das 
mulheres
Conheça as Experiências na Comu-
nidade de Práticas – Saúde na Es-
cola, disponível em: <https://cursos.
atencaobasica.org.br/temas/programa-
-saude-na-escola>.
Algumas experiências com metodologias de 
grupos podem ser utilizadas na atenção à saú-
de das mulheres. Assim, experiências desen-
volvidas por alguns municípios ajudam você a 
ampliar seu leque de ações no território.
É importante promover espaços de conversa 
em grupo de mulheres, para troca de saberes, 
troca de informações. Mulheres na menopau-
sa, grupos de mulheres sobre sexualidade, ro-
das de conversa na sala de espera para exame 
ginecológico, podem ser estratégias potentes 
para ampliar a autoconfiança das mulheres, 
difundir práticas de alimentação, atividades 
físicas, estimular a busca de atividades de la-
zer, fortalecer grupalidade entre as mulheres 
da comunidade, impulsionar outras iniciativas 
relativas à saúde na comunidade. Promover 
estes espaços é promover o protagonismo 
das mulheres para com sua saúde.
 
 
Conheça a experiência com Práticas 
Integrativas e Complementares volta-
das para Adolescentes. As atividades 
demonstram que é possível um modelo 
que inclua as PICS no cuidado e atenção 
à saúde em equipe multiprofissional. 
Atendimentos individuais e em grupos, 
com técnicas como yoga, meditação, 
auriculoterapia, aromaterapia, fitotera-
pia, florais e uma horta medicinal. Aces-
se: <https://cursos.atencaobasica.org.
br/relato/1435>.
3.2 Práticas integrativas e 
 complementares em saúde (PICS)
As Práticas Integrativas e Complementares 
em Saúde (PICS) têm-se ampliado na Aten-
ção Básica. A Política Nacional de Práticas 
Integrativas e Complementares no SUS bus-
ca a ampliação da oferta de ações de saúde e 
abertura de possibilidades de acesso a estes 
serviços. Publicado na forma das portarias 
ministeriais no 971, de 3 de maio de 2006, e 
no 1.600, de 17 de julho de 2006, propõe-se a 
implementação da acupuntura, da homeopa-
tia, da fitoterapia, da medicina antroposófica 
e do termalismo e crenoterapia. Em janeiro 
de 2017, a portaria no 145 ampliou a oferta de 
PICS no SUS, incluindo também a arteterapia, 
meditação, musicoterapia, tratamento natu-
ropático, tratamento osteopático, tratamento 
quiroprático e reiki.
O termo integrativas identifica que são 
práticas que podem ser utilizadas con-
juntamente, baseadas em avaliações 
científicas de segurança e eficácia de 
boa qualidade. O termo complementares 
se aplica em função de poderem ser uti-
lizadas em associação

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