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Resenha de ilha das flores - documentário

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Universidade do Vale dos Sinos 
Alimentos e Nutrientes II 
Nome: Jennifer Ianca Reis dos Santos 
Data: 18/08/2020 
 
 
Resenha crítica sobre Ilha das Flores 
 
 
 O documentário Ilha das Flores é uma produção de Mônica Schmiedt, Giba Assis Brasil, Nôra 
Gulart, com roteiro de Jorge Furtado, que teve seu lançamento no ano de 1989. Ilha das 
Flores é um local na cidade de Porto Alegre destinado ao depósito de lixo. O curta, com 
o mesmo nome da ilha, apresenta a trajetória de um tomate, desde a colheita ao 
descarte por uma dona de casa (senhora Anete), até a chegada ao lixão da ilha, onde 
seres humanos disputam alimentos, que que sequer servia de alimento para os porcos, 
já que os próprios animais descartavam. 
 De forma um pouco ácida, o curta metragem de 13 minutos retrata o desperdício 
dos processos de produção e consumo atuais e a desigualdade social gerada pelo 
sistema de capitalismo, interferindo na liberdade do ser humano. Também critica a 
ausência de políticas públicas para solucionar a pobreza de uma parte da população 
brasileira. 
 O curta possui um formato híbrido. Possui ficção, como pôr exemplo, os 
personagens de classe média, sendo a dona Anete, sua família e sua cliente, que compra 
perfumes. O curta também conta com fatos e opinião do autor. Possui um ritmo 
acelerado do narrador e um conhecimento vasto de disciplinas, sendo geografia, 
história, biologia e religião. Esse último está bem exemplificado na frase de início “Deus 
não existe.” Ou seja, é um curta que faz um importante comentário social a partir de um 
grande conhecimento de disciplinas. Vários termos são repetidos para conectar todos 
os conceitos, fazendo com que seja de fácil entendimento, também deixando a 
abordagem cômica. 
 Resumidamente, Ilha das Flores começa mostrando um agricultor de Porto Alegre, 
que planta, colhe e vende tomates para um supermercado. Já no mercado, uma mulher 
chamada Anete compra tomate para o almoço e ela pode comprá-los graças ao seu 
trabalho, que é vender perfumes, produzido por flores. Um dos tomates que ela arracem 
comprou, está estragado e é jogado no lixo. O tomate vai para aterro sanitário, onde o 
material orgânico é separado. Os alimentos que estão em uma boa condição servem de 
alimento para os porcos em um terreno na Ilha das Flores (flores essas, que são feitos 
os perfumes). O que os porcos não comem é então dado aos seres humanos, entre eles, 
crianças, que no curta, são extremamente magros, desnutridos. Ou seja, eles estão 
abaixo dos porcos em uma “escala”, simplesmente por não terem nenhum dinheiro, 
serem pobres. 
 Isso mostra a realidade do sistema capitalista inserido: os seres humanos sem 
condições financeiras são deixados de lado e marginalizados, vivem em condições piores 
que porcos. Um outro tema que o curta retrata é a produção e consumo. É percebível 
que os seres humanos consumem demais e depois não sabem o que fazer com os 
resíduos que sobram, acabam virando lixo. Porém, não sabemos lidar com o lixo. Muitos 
não sabem que se pode utilizar a casca de banana, a casca de laranja, como por exemplo. 
 O curta termina de uma forma impactante, o famoso “sono no estomago”. Um 
conceito de liberdade é dito no final pelo narrador, porém, que tipo de liberdade é essa 
que estamos, já que estamos presos em um sistema tão desumano? Só seremos livres 
se tivermos dinheiro, condição financeira? Só seremos livres quando fazermos parte 
então do sistema capitalista? Ilha das Flores nos deixa com um misto de sensações, 
sendo os principais a sensação de insuficiência e indignação, de querer mudanças nesse 
sistema desigual e cruel que a sociedade está inserida. 
 Dito isso, é importante ressaltar que essa desigualdade, anos depois do curta, ainda 
acontece no mundo todo. Esse problema ainda não foi resolvido. Existe ainda uma 
categoria de pessoas que vive e sobrevive de atividades informais em lixões e aterros 
sanitários. 
 Ilha das Flores é um curta metragem que precisa ser visto e debatido pela população 
brasileira. É importante que seja visto na escola, no ensino fundamental ou médio, para 
que desde cedo, as pessoas possam debater, dar um passo para mudar o mundo, fazer 
sua parte e evitar a produção de lixo. 
 Jorge Furtado deu um show de crítica em Ilha das Flores. Nascido em Porto Alegre, no 
ano de 1959, Jorge Furtado é um diretor já consagrado no ramo cinematográfico 
brasileiro. Já dirigiu O Homem que Copiava (2003) e Saneamento Básico, o Filme (2007), 
dois longas já reconhecidos pela crítica também. Rasga Coração (2018) é a sua obra mais 
recente. Já ganhou diversas premiações e escreveu alguns livros. 
 Essa resenha crítica foi escrita por Jennifer Ianca Reis dos Santos, Acadêmica do 
Curso de Nutrição da Universidade do Rio dos Sinos (UNISINOS).

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