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Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe- ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en- contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. multimídia Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. vivenciando Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê- -las com tranquilidade. áreas de conhecimento do Enem Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria- mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque- les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza- ção dos estudos e até a resolução dos exercícios. diagrama de ideias Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela- borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio- logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. conexão entre disciplinas Herlan Fellini De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. incidência do tema nas principais provas Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques- tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com- pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. teoria Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta- dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com- preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula. aplicação do conteúdo © Hexag Sistema de Ensino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020 Todos os direitos reservados. Autores Alessandra Alves Vinicius Gruppo Hilário Diretor-geral Herlan Fellini Diretor editorial Pedro Tadeu Vader Batista Coordenador-geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica Hexag Sistema de Ensino Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Matheus Franco da Silveira Raphael de Souza Motta Raphael Campos Silva Projeto gráfico e capa Raphael Campos Silva Imagens Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) ISBN: 978-65-88825-00-6 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis- posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre- sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2020 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br SUMÁRIO GEOGRAFIA HIDROGRAFIA, DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS E PROBLEMAS AMBIENTAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS E BIOMAS DO MUNDO Aulas 9 e 10: Dinâmicas climáticas 6 Aulas 11 e 12: Climas do Brasil 19 Aulas 13 e 14: Hidrologia e bacias hidrográficas 35 Aulas 15 e 16: Domínios morfoclimáticos I 66 Aulas 9 e 10: Solos 82 Aulas 11 e 12: Problemas ambientais mundiais 93 Aulas 13 e 14: Grandes biomas do mundo 101 Aulas 15 e 16: Classificações do relevo 114 Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura. H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades. Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicase culturais de poder. H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômi- co-social. H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos difer- entes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. H14 Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais. H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social. H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos. H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos. H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. Hidrografia, domínios morfoclimáticos e problemas ambientais: Incidência do tema nas principais provas UFMG Identificar os conceitos básicos dos temas abordados neste caderno e analisá-los com ênfase nos aspectos socioespaciais. Questões sobre domínios morfoclimáticos costumam aparecer com bastante frequência. Estudar esse tema, suas características, prin- cipalmente com o auxilio de mapas, ocasiona sempre sucesso no acerto. O tema domínios morfoclimáticos aparece com frequência nessa prova, sendo abordao de várias formas: com mapas, imagens e gráficos. Isso significa que o vestibulando não pode deixar de estudar com muita atenção esse tema. Os temas dessa frente não apresentam sur- presas nesse vestibular, que aborda conceitos básicos contidos neste caderno. Prova bem objetiva que também aborda temas físicos relacionados aos aspectos socioespaciais. A prova de Geografia da Santa Casa pede conteúdos bem específicos, ou seja, os detalhes e as particularidades do clima e dos biomas são bem relevantes. As avaliações do Enem buscam sempre colo- car o aluno diante de questões interdiscipli- nares e, às vezes, multidisciplinares, inclusive abordando todos os temas deste caderno. Nas provas, aparecem muitos recursos como mapas, gráficos e tabelas. É outro vestibular que relaciona esses temas com a sociedade e a economia. Tradicional, utiliza como base mapas, gráficos e tabelas Costuma ser uma prova bem tranquila. Os temas mais pedidos deste caderno são domínios morfoclimáticos e pontos básicos de climatologia. Esse vestibular não apresenta em seu edital mais recente e nem exigiu nas provas dos últimos vestibulares questões relacionadas à disciplina de Geografia. Colocamos esta dica no livro anterior: clima é um assunto certeiro nesse vestibular. Estude os conceitos e as características do clima e dos biomas do Paraná. Via de regra, geografia física sempre aparece a partir de questões regionais. No último vestibular da FUVEST, climatologia e domínios morfoclimáticas ganharam destaque. São temas recorrentes e devem ser estudados com afinco. Esse vestibular não apresenta em seu edital mais recente e nem exigiu nas provas dos últimos vestibulares questões relacionadas à disciplina de Geografia. 6 Dinâmicas climáticasAULAS 9 e 10 1. AtmosferA A atmosfera é uma camada relativamente fina de gases e material particulado (aerossóis) que envolve a Terra. Cer- ca de 97% da massa total da atmosfera concentra-se nos primeiros 302 km, contados a partir da superfície terrestre. Essa camada é essencial para a vida e o funcionamento ordenado dos processos físicos e biológicos sobre a Terra. A atmosfera protege os organismos da exposição a níveis ar- riscados de radiação ultravioleta, contém gases necessários para os processos vitais de respiração celular e fotossíntese e fornece a água necessária para a vida. 1.1. A composição da atmosfera A composição do ar não é constante nem no tempo, nem no espaço. Contudo, se removêssemos as partículas sus- pensas, vapor d’água e certos gases variáveis, presentes em pequenas quantidades, encontraríamos uma com- posição muito estável sobre a Terra, até uma altitude de aproximadamente 80 km. Oxigênio Dióxido de carbono, argônio, vapor de água e gases raros 21% 1% Nitrogênio 78% O nitrogênio e o oxigênio ocupam 99% do volume de ar seco e limpo. A maior parte do 1% restante é ocupado pelo gás inerte argônio. Embora estes elementos sejam abundan- tes, têm pouca influência sobre os fenômenos do tempo. A importância de um gás ou aerossol atmosférico não está rel- acionada à sua abundância relativa. Por exemplo, o dióxido de carbono, o vapor d’água, o ozônio e os aerossóis ocorrem em pequenas concentrações, mas são importantes para os fenômenos meteorológicos e para a vida. § Dióxido de carbono: por ser um eficiente absorve- dor de energia radiante (de onda longa) emitida pela Terra, ele influencia o fluxo de energia através da at- mosfera, fazendo com que a baixa atmosfera retenha calor, tornando a Terra propicia à vida. § Vapor d’água: é um dos mais variáveis gases na atmosfera e também tem pequena participação relativa. Nos trópicos úmidos e quentes constitui aproximadamente 4% do volume da baixa atmos- fera, enquanto sobre os desertos e regiões polares chega não mais que 1%, entretanto, sem ele não há nuvens, chuva ouneve, além de ter grande partici- pação na absorção da energia emitida pela Terra e também da energia solar. § Ozônio: é a forma triatômica do oxigênio (O3) e sua distribuição varia com a latitude, estação do ano, horário e padrões de tempo, podendo estar ligado a erupções vulcânicas e atividade solar. A presença de ozônio é de vital devido a sua capacidade de absorver a radiação ultravioleta do sol na reação de fotodisso- ciação (O3 hv = O2 + O ), onde o átomo livre recombi- na-se outra vez para formar outra molécula de ozônio, liberando calor. Na ausência da camada de ozônio a radiação ultravioleta seria letal para a vida. Desde os anos de 1970, tem havido contínua preocupação de que uma redução na camada de ozônio na atmos- fera pode estar ocorrendo por interferência antrópica. Acredita-se que o maior impacto é causado por um grupo de produtos químicos conhecido por clorofluo- rcarbonos (CFC). Os CFC são usados como propelentes em sprays aerossóis, na produção de certos plásticos e em equipamentos de refrigeração e condicionamento de ar. Como os CFC são praticamente inertes (não qui- micamente ativos) na baixa atmosfera, uma parte deles eventualmente atinge a camada de ozônio, onde a ra- diação solar os separa em seus átomos formadores. Os átomos de cloro quando são liberados através de uma série de reações acabam convertendo parte do ozônio em oxigênio. A redução do ozônio aumenta o número de casos de certos tipos de câncer de pele, além de afetar também colheitas e ecossistemas. CompetênCia: 6 Habilidade: 30 7 Aerossóis Ao contrário do que muitos pensam, aerossóis não são substâncias gasosas. São partículas sólidas ou líquidas que se encontram suspensas em um meio gasoso (geralmente o ar). Alguns aerossóis líquidos agem como núcleos de con- densação para o vapor d’água e são importantes para a formação de nevoeiros, nuvens e chuva. Outros po- dem absorver ou refletir a radiação solar, influencian- do a temperatura. Assim, quando ocorrem erupções vulcânicas com expressiva liberação de poeira, a ra- diação solar que atinge a superfície da Terra pode ser sensivelmente alterada. Dentre os aerossóis sólidos, podemos citar a fumaça e a poeira, sendo que a poei- ra contribui para um fenômeno ótico que são as várias tonalidades de vermelho e laranja no nascer e pôr do sol. Assim, podemos dizer que este material pode ser de origem natural ou produzido a partir das ativi- dades humanas. As emissões antropogênicas de aerossóis atmosféricos têm aumentado significativamente causando vários impactos ambientais, que incluem efeitos adversos à saúde humana, como problemas de visão por exemplo. 1.2. Estrutura vertical da atmosfera Por conveniência de estudo a atmosfera é usualmente subdividida em camadas concêntricas de acordo com o perfil vertical médio de temperatura. Observe a figura e veja as características de cada subdivisão. § Troposfera: é a camada inferior da atmos- fera e se estende a uma altitude média de 12 km (≈ 20 km no equador e ≈ 8 km nos polos). A tropos- fera é o principal domínio de estudo dos meteorologis- tas, pois é nesta camada que ocorrem essencialmente todos os fenômenos que em conjunto caracterizam o tempo. Esses fenômenos só são possíveis pois é nes- sa camada que está a quase totalidade de vapores de água que envolvem o planeta. Nessa camada a tem- peratura diminui conforme a altitude aumente, ou seja, a cada 180 metros de altura há diminuição de 1 °C. § Estratosfera: estende-se até aproximadamente 50 km. Nos primeiros 20 km a temperatura permanece constante e depois vai aumentando até o topo da ca- mada. Temperaturas mais altas ocorrem na estratosfera porque é nesta camada que o ozônio está concentrado, pois esse gás tem a propriedade de absorver radiação ultravioleta do Sol. § Mesosfera: situada entre 50 e 80 km de altitude, é nessa camada que a temperatura novamente decre- sce em função da altitude. A temperatura pode atingir 95 °C negativos, no limite superior. Esse é o ponto mais frio da atmosfera. § Termosfera: está situada entre 80 e 400 km de alti- tude. É composta por camadas sucessivas de partículas chamadas íons, responsáveis por refletirem os sinais de rádio ao redor do nosso planeta. Por esse motivo essa camada também é conhecida como ionosfera. Da mesma forma que na estratosfera, as temperaturas nessa camada também aumentam conforme a altitude. Na ionosfera ocorre também o fenômeno das auroras. Quando este fenômeno ocorre em regiões próximas ao polo Norte é chamado de aurora boreal e quando aconteceu no polo Sul é chamado de aurora austral. Estes fenômenos são mais comuns entre os meses de fevereiro, março, abril, setembro e outubro. A aurora boreal pode aparecer em vários formatos: pontos lumi- nosos, faixas no sentido horizontal ou circulares. Porém, aparecem sempre alinhados ao campo magnético ter- restre. As cores podem variar muito como, por exemplo, vermelha, laranja, azul, verde e amarela. Muitas vezes aparecem em várias cores ao mesmo tempo. Em mo- mentos de tempestades solares, a Terra é atingida por grande quantidade de ventos solares. Nestes momen- tos as auroras são mais comuns. Embora esse show de luzes seja um fenômeno fantástico para observação, os ventos solares interferem em meios de comunicação (sinais de televisão, radares, telefonia, satélites) e siste- mas eletrônicos diversos. 1.3. Circulação geral da atmosfera A circulação do ar na escala global é composta de um complexo conjunto de sistemas de ventos e pressão. Para entender melhor é conveniente utilizarmos um modelo idealizado da Terra. Vamos considerar inicialmente que a Terra está parada (sem rotação), e que a superfície é toda homogênea. A energia solar, por unidade de área, absorvida na região equatorial é maior do que a absorvida nas regiões polares. O ar equatorial, em contato com superfície irá então se aquecer mais nessa região do que nos polos. O ar equa- torial torna-se mais “leve” e portanto sobe, enquanto o ar das regiões polares, mas frio e pesado, desce. Por uma questão de continuidade de massa, estabelece-se então uma “célula de circulação”: o ar na superfície, que vem dos polos, sobe para os altos níveis no equador, retorna aos polos em altos níveis, e desce nessas regiões, fechan- do assim a circulação da célula. Essa circulação deve-se ao gradiente de pressão entre os polos e o equador, num mecanismo semelhante ao da brisa. 8 Vamos agora permitir que a Terra adquira um movimento de rotação. Pelo efeito da força de Coriolis, os ventos em superfície, que sopravam de norte no Hemisfério Norte irão se transformar agora em ventos de nordeste, enquanto que no Hemisfério Sul, que vinham de sul, irão se transformar em ventos de sudeste. Circulações no sentido inverso (sudoeste no Hemisfério Norte e noroeste no Hemisfério Sul) deverão ocorrer nos níveis superiores de nossa Terra hipotética. Por outro lado, neste ponto, os ventos em superfície tem um direção oposta à da rotação da Terra. Pelo efeito da força de fricção, seria de se esperar que esse atrito fosse “diminuindo” a velocidade de rotação da Terra com o tem- po. Mas a velocidade de rotação da Terra é constante, ou seja, não se observa essa diminuição. Para satisfazer esse fato, houvesse a anulação dessa força de atrito, existindo assim ventos de oeste que se anulariam a força de atrito dos ventos de leste. Os ventos na superfície serão: § de nordeste, entre cerca de 30°N e o equador, e de sudeste entre 30°S (os quais existem e chamam-se “ventos alíseos”); § de sudoeste entre 30°N e 60°N, e no noroeste entre 30°S e 60°S (os quais existem e chamam-se “ventos de oeste”); § de noroeste entre 60°N e 90°N, e de sudeste entre 60°S e 90°S (os quais existem e chamam-se “ven- tos polares”). Fonte: Youtube multimídia: música - Chove chuva – Jorge Ben Jor Analisando essa atmosfera descrita numa seção vertical, observamos o aparecimento de três pares de células de circulação, na escala global:§ Célula de Hadley (entre 0° e 30°); § Célula de Ferrel (entre 30° e 60°); e § Célula Polar (entre 60° e 90°). Alta polar Frente polar Zona de convergencial Intertropical (ZCTT) Baixa subpolar 60º 0º B A A Baixa Equatorial subtropical subtropical Ventos alísios Ventos contra alísios A A B B 30º 60º Célula polar Célula de Ferrel Célula de Hadley Alta Alta 2. fenômenos meteorológicos devAstAdores 2.1. Tornados O tornado é um fenômeno que se forma a partir de uma nuvem de tempestade, o chamado Cumulonimbus. O tor- nado aparece primeiramente a partir da base da nuvem ex- pandindo-se até o chão. O movimento em rotação se dá do encontro de fortes correntes de ar em direções opostas que acontecem dentro da nuvem Cumulonimbus. Quanto mais intensas as correntes de ar ascendentes e descendentes dentro da nuvem, maior será a possibilidade de formar-se um rodamoinho que evolui para o tornado e que aparece como uma protuberância na base da nuvem. Nos casos mais intensos, o tornado tem condições de se desgarrar do Cumu- lonimbus e seguir um caminho próprio que pode se estender por quilômetros. Nesse caminho, a ventania vai levantando objetos, arrancando árvores e telhados, destruindo a vege- tação. O centro do tornado tem pressão baixa, o que atrai o ar, enquanto a rotação define a força centrífuga que afasta o ar para fora da rotação. Com o equilíbrio dessas duas forças o movimento de rotação continuaria indefinidamente. Entre- tanto, o atrito com o chão e com os inúmeros obstáculos que o funil encontra no caminho, acaba promovendo uma de- saceleração do tornado até sua dissipação. Quando ocorrem sobre o mar ou sobre grandes corpos d’água, os tornados podem ser vistos como uma coluna de água que se estende desde a base da nuvem até a superfície da água e, por isso, recebem o nome de tromba d’água. Como a convergência e divergência dos ventos na superfí- cie estão ligados à regiões de baixa e alta pressão, respec- tivamente, é de se esperar uma faixa de baixa pressão na região equatorial e em latitudes médias (≈60°), e faixas de alta pressão em latitudes subtropicais (≈30°) e polares. A região de convergência dos alíseos na região equatorial é chamada Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). As regiões de alta pressão (30°N e 30°S), chamada “latitude dos cavalos”, possuem ventos calmos. As regiões de baixa pressão (60°N e 60°S), são locais onde ocorre o encontro de massas de ar quente e úmido proveniente das regiões subtropicais, com o ar frio e seco das regiões polares, o que forma as conhecidas frentes frias e quentes e ciclones. 9 Formação de uma tromba d’água Vamos entender melhor 2 5 43 1. Encontro de massas de ar frio (de origem polar) e quente fazem, com que a massa quente, mais leve, suba formando o mesociclone. A subida de ar quen- te é compensada pela descida de ar frio e pesado. O mecanismo lembra um enorme saca-rolha num mo- vimento externo ascendente e interno descendente. 2. Caracteriza-se por ter o topo mais gelado do que a base. A diferença de temperatura provoca ventos mui- to fortes no interior. 3. O ar frio e pesado que desce e o ar quente que sobe formando o cone do tornado deslocam-se em função da dinâmica interna do fenômeno e também pela to- pografia da região em que se manifesta. Essa situação forma minifrentes frias. 4. Ela deu origem a um tornado. Uma rajada de vento escapou da nuvem e atingiu o solo com grande velo- cidade. 5. O ar quente no interior do tornado tem uma ten- dência natural de levantar e criar uma forte corrente para cima, enquanto o frio desce. A maioria dos tornados são escuros devido à poeira e de- tritos arrancados do solo, pois o redemoinho atua como um enorme aspirador de pó. A velocidade dos ventos de um tornado pode superar os 200 km por hora. Devido às suas pequenas dimensões e por estarem embaixo de um grande Cumulonimbus, esses fenômenos não são vis- tos por satélite, sendo que, radares meteorológicos detectam fenômenos de escala maior que um quilômetro e identifi- cam apenas assinaturas que podem indicar a presença de um tornado. Testemunhos pessoais são fontes importante de informações, principalmente quando acompanhados de vídeos ou fotografias. Lugares com baixa concentração populacional têm baixos valores de ocorrência de tornados, muitas vezes por falta de testemunhos. Contudo, regiões com grande concentração populacional e onde há recursos abundantes para registro e cobertura pela mídia, aparentam ter um maior número de ocorrências. Isso também justifica em parte a percepção popular de que tornados são mais fre- quentes hoje do que antigamente. 2.1.1. Tornados no Brasil? As regiões Sul e Sudeste do Brasil estão na segunda área de maior probabilidade de ocorrência de tornados no mundo, perdendo apenas para o Meio-Oeste dos Estados Unidos. O chamado “corredor de tornados” no Brasil compreende Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Existe controvérsia so- bre qual estado brasileiro registrou mais tornados. Estudos apontam que São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Cata- rina são os mais afetados. A região que inclui as cidades de Campinas, Itupeva e Jundiaí seria a mais afetada pelo fenômeno, já que está inserida em uma área de depressão periférica, mais plana e mais branda, favorecendo o deslo- camento de fluxo de ar. As condições climáticas são propícias para a ocorrência do fenômeno, pois são áreas onde o choque de massas de ar frio e seco vindas da Patagônia e massas de ar quente e úmido formadas na Amazônia resulta em grandes nuvens de tempestades. Além disso, a topografia plana dessas re- giões também contribuem para a ocorrência do fenômeno. A formação de tornados no Brasil só foi aceita pela co- munidade científica recentemente. Antes, os tornados eram classificados como tempestades ou vendavais. 2.1.2. Furacão, tufão e ciclone Furacões e tufões são o mesmo fenômeno meteorológico: ciclones tropicais. Os cientistas chamam essas tempestades de nomes diferentes, dependendo de onde elas ocorrem. No Atlântico e norte do Pacífico, as tempestades são cha- mados de “furacões“, hurricane em inglês, por causa do 10 deus caribenho do mal, chamado Hurrican. No noroeste do Pacífico, as mesmas tempestades poderosas são chamadas de “tufões“. No sudeste do oceano Índico e no sudoeste do Pacífico, elas são chamadas de “ciclones tropicais se- veros“. No norte do oceano Índico, elas são chamados de “tempestades ciclônicas severas“. No sudoeste do oceano Índico, elas são apenas “ciclones tropicais“. Escala de furacões de Saffir-Simpson Categoria Velocidade do vento Efeitos F1 119 e 153 km/h Ressaca de 1,2 a 1,5 metros acima do normal; algumas inundações; pouco ou nenhum dano estrutural F2 155 a 177 km/h Ressaca de 1,8 a 2,4 metros acima do normal; queda de árvores; danos a telhados F3 178 a 209 km/h Ressaca de 2,7 a 3,7 metros acima do normal; danos estruturais em casas; habitações sem alicerces destruídas; inundações severa F4 210 a 248 km/h Ressaca de 4 a 5,5 metros acima do normal; inundações severas no interior; grandes danos estruturais F5 acima de 249 km/h Ressaca de pelo menos 5,5 metros acima do normal; algumas inundações severas; adentrando o interior; sérios danos à maioria das estruturas de madeira 2.2. El Niño De tempos em tempos, as águas equatoriais do Pacífico aquecem de maneira anormal, resultando no aparecimen- to do fenômeno El Niño, que altera profundamente o clima em escala planetária. Esse aquecimento manifesta-se nos meses de setembro/outubro. Em dezembro, essa porção de água oceânica aquecida chega à costa peruana. Pelo fato de esse fenômeno ocorrer na costa da América do Sul na época do Natal, recebeu o nome de Menino Jesus, El Niño. Para os pescadores peruanos, sua ocorrência é um grande problema, pois o aquecimento das águas não permite que haja ressurgência e, consequentemente, diminui a pisco- sidade na correntede Humboldt que margeia a costa do Chile e do Peru. O El Niño é responsável por alterações climáticas em várias partes do mundo. Apesar disso, as causas que levam ao seu aparecimento ainda são desconhecidas. Diversas hipó- teses, incluindo algumas mirabolantes, já tentaram explicar o fenômeno sem resultado. Em 1982, ocorreu a manifestação mais forte já registra- da, tendo sido divulgada com grande alarde pela mídia. Em 1983, as temperaturas chegaram a 5,1 ºC acima dos níveis normais nas águas do oceano Pacífico. Estudos mais recentes apontam que a manifestação de 1972-1973 foi mais ativa que a do começo da década de 1980. Em outubro de 1997, registrou-se novamente o aqueci- mento das águas equatoriais do Pacífico. Em 1998, ela se apresentava 4 ºC acima dos níveis normais. O El Niño es- tava de volta com bastante força. Fonte: Youtube multimídia: vídeo Documentário When the Le- vees Broke: A Requiem in... A Requiem in Four Acts (Quando os Diques Rompem / Um Réquiem em Quatro Atos) do cineasta americano Spike Lee. O trabalho é uma homenagem humana e histórica à cidade de Nova Orleans, que sofreu com o furacão Katryna, e ao mesmo tempo mostra o protesto contra o governo do presidente George W. Bush e as feridas sociais deixadas pelo desastre natural. Para ser classificado como furacão, tufão ou ciclone, uma tempestade deve atingir velocidades de vento de pelo menos 119 km/h. São aglomerados de tempestades que têm origem em oceanos onde a temperatura superficial da água está acima de 27 ºC. Essa água mais quente evapora e entra em contato com o ar mais frio, formando nuvens do tipo Cumulonimbus, que vão absorvendo cada vez mais ar quente e úmido, aumentando as nuvens e criando um sistema de baixa pressão, formando grandes redemoinhos que giram cada vez mais rápido sobre o oceano. No Hemisfério Sul esses sistemas giram no sen- tido horário e no hemisfério norte, giram no sentido an- ti-horário. Quando se aproxima do continente os ventos vão perdendo intensidade em função do atrito com o solo e possíveis construções. São raros no Atlântico sul. O úni- co sistema classificado como furacão na história do Brasil foi o Catrina, que ocorreu em março de 2004. 11 Por causa dele, algumas regiões do planeta voltaram a ter o seu regime de chuvas muito alterado. Fortes estiagens e muito calor castigaram os Estados Unidos, o sudeste da África, a Indonésia, a Austrália e a América Central. Por outro lado, índices pluviométricos muito acima do nor- mal provocaram enchentes e prejuízos para a lavoura nos países europeus do Mediterrâneo, no oeste da Índia e no sul do Brasil. No Brasil, os efeitos de El Niño foram sentidos em difer- entes regiões. O Nordeste foi flagelado por uma forte seca, enquanto o Rio Grande do Sul enfrentava enchentes. Na úmida região Norte choveu muito menos do que o espe- rado, propiciando o aparecimento de grandes incêndios, como o que devastou 15% do estado de Roraima. <h tt ps :/ /s ea le ve l.j pl .g ov > as áreas em vermelho representam regiões quentes, onde ocorre o Fenômeno do el niño. chuvoso seco e quente quente quente quente quente quente chuvoso chuvoso e quente chuvosoe quente seco seco Dezembrom, Janeiro e Fevereiro chuvoso chuvoso chuvoso chuvoso seco seco seco secoe frio seco e frio seco e quente quente quente Junho, Julho e Agosto el niño e seus eFeitos sobre o clima Clima e Meio Ambiente – José Bueno Conti multimídia: livros 12 2.3. La Niña La Niña também é um fenômeno cíclico cuja manifestação opõe-se a do El Niño. Acontece quando ocorre um res- friamento maior que o normal das águas do Pacífico, em média, a cada dois ou sete anos, e pode durar aproxima- damente um ano. Em 1998, os cientistas apontaram um decréscimo de 1,9 ºC na temperatura da superfície das águas equatoriais no Pacífico, indicação de enfraquecimento do El Niño e da atividade do La Niña. No Brasil, La Niña alterou o regime de chuvas nordestino e provocou uma primavera atípica na região Sudeste, com índi- ces pluviométricos maiores do que a média nesse período, e temperaturas mais baixas que o normal, provocadas pela sucessão de dias nublados ou chuvosos. As áreas em azul rep- resentam regiões frias, onde ocorre o fenômeno do La Niña. Nos Estados Unidos, o inverno foi um dos mais rigorosos com temperaturas negativas recordes. A Europa também sentiu seus efeitos: tempestades de neve alastraram-se pelo continente, provocando avalanches nos Alpes austría- cos, além de atingir regiões onde raramente neva, como em Paris, na França. Os estudos mais recentes desse fenômeno indicam que não há padrões regulares nas consequências causadas por La Niña: há variações nos regimes de chuvas para mais ou para menos. Fo nt e: < ht tp s: // se al ev el .jp l.g ov > as manchas em azul indicam que as águas do pacíFico equatorial estão mais Frias Dezembro, Janeiro e Fevereiro Junho, Julho e Agosto Fo nt e: en os .cp tec .in pe .br frio e chuvoso quente e chuvoso quente frio e chuvoso frio frio frio frio seco secoe frio seco e quente seco e frio seco seco frio frio chuvoso chuvoso chuvoso chuvoso chuvoso chuvoso la niña e seus eFeitos sobre o clima 13 3. os grAndes climAs do plAnetA terrA O deslocamento das massas de ar formadas na dinâmica da circulação atmosférica é responsável pela ocorrência simultânea de diversos tipos de tempo atmosférico no pla- neta. Como as massas de ar não são um elemento estático, os tempos obtidos de sua atuação, também não. Apesar disso, a repetição de determinados tipos de tempo atmos- férico permite a identificação de grandes climas terrestres. 3.1. Clima equatorial Tipo de clima localizado entre 5ºN e 5ºS, ou seja, muito próx- imo da linha do Equador. As principais áreas de ocorrência são as bacias do Congo e do Amazonas, ilhas do sudeste Asiático e, ainda, da costa oriental da América Central. As temperaturas médias anuais situam-se entre 24 ºC e 27 ºC, e a temperatura média mensal é sempre superior a 18 ºC – o Sol anda sempre muito próximo do zênite, ponto mais alto na abóbada celeste. A amplitude térmica anual é inferior a 4 ºC, ou seja, as oscilações são mínimas. As chuvas são abundantes o ano todo. Num mês, rara- mente são inferiores a 60 mm. São chuvas de convecção, ou seja, oriundas do ciclo da água. 3.2. Clima tropical A área de ocorrência encontra-se entre 5ºN e 30ºS, de- stacando-se partes da Venezuela e da Colômbia, interior do Brasil, Sudão, porção oriental da África, parte da África do Sul, norte da Austrália e regiões da América Central. Suas temperaturas são constantes e elevadas ao longo do ano, visto que o Sol se encontra quase sempre próx- imo do zênite. Por isso, a duração dos dias e das noites não varia muito ao longo do ano. A amplitude térmica anual é superior à do clima equatorial, oscilando entre 15 ºC e 20 ºC. As chuvas são essencialmente de origem convectiva. No entanto, nas regiões montanhosas são comuns chuvas de origem orográfica, cujos totais anuais e mensais chegam a atingir valores muito elevados; por exemplo, no norte da Índia, numa localidade chamada Cherrapunji, a me- dia anual é de 11,4 mil mm, e em um único mês foram registrados 9,3 mil mm. Situação semelhante verifica-se nas serras próximas do litoral brasileiro. Mesmo assim, de maneira geral, as chuvas anuais nas áreas tropicais ainda são menores que nas regiões equatoriais. O clima tropical caracteriza-se genericamente pela ex- istência de duas estações ou períodos: a estação mais úmida e a estação seca. Observar e procurar entender alguns fatores climáticos, durante uma viagem para a praia ou para altitudes elevadas, e como eles influenciam nas atividades do dia a dia dos moradores das diferentes localidades observadas. Outra dica importante é observar os mapas meteorológicos dos telejornais. VIVENCIANDO 14 3.3. Clima desértico A área de ocorrência mais comum situa-se entre os 15ºN e 45ºS, coincidindo com asfaixas tropicais. São destaques o norte do México, o sudoeste dos EUA, todo o norte da África, a Arábia, o Irã, o Paquistão, o interior da Austrália, o sudoeste da África do Sul e a faixa formada por Peru e Chile. As temperaturas sofrem grandes oscilações ao longo do dia, superiores a 30 ºC, em função da pequena capacidade do solo de reter o calor. As temperaturas médias mensais são elevadas, situando-se acima dos 35 ºC. As chuvas são fracas ou inexistentes, sendo normalmente inferiores a 150 mm por ano. A precipitação ocorre sempre de forma lo- calizada, com aguaceiros irregulares. Pode ser desastrosa, visto que, como não há vegetação, o escoamento é muito rápido e pouco proveitoso, formando-se torrentes de lama. A maior parte da água que cai evapora em seguida. A aridez, reforçada pela presença de correntes frias que fornecem pouquíssima umidade para os litorais, é a princi- pal característica do clima desértico. 3.4. Clima mediterrâneo Sua área de ocorrência está entre 0ºN e 40ºS, destacan- do-se a bacia do Mediterrâneo, a Califórnia, o Centro do Chile, o sul da África do Sul e sul da Austrália As temperaturas são elevadas durante a maior par- te do ano, chegando à média de 22 ºC anuais. No in- verno, porém, as temperaturas são suaves. A amplitude térmica anual não é significativa e fica próxima dos 15 ºC, mas a média do mês mais frio nunca é inferior a 5 ºC. As chuvas ocorrem principalmente nos meses de out- ono e inverno, e a precipitação tem origem frontal as- sociada à passagem das frentes frias. O total anual de precipitação é superior a 500 mm, mas é inferior a 200 mm (média). Podemos afirmar que esse clima tem como características gerais um verão quente, seco e prolongado e um inverno suave, chuvoso e curto. 3.5. Clima temperado continental A principal área de ocorrência está entre 35º e 45º N, no interior dos continentes, em especial no nordeste e norte dos EUA, no interior da península Balcânica, no norte da China, interior da Coreia e do Japão e em toda a parte centro-leste da Europa. As temperaturas médias anuais são inferiores às do clima temperado oceânico (±10 ºC). A temperatura média do mês mais quente ultrapassa os 22 ºC, e a média do mês mais frio é inferior a 0 ºC, que significa considerável ampli- tude térmica anual. A pluviosidade é baixa, se comparada à do clima temper- ado oceânico. Nas regiões montanhosas, é ligeiramente mais elevada. As maiores precipitações concentram-se nos meses de verão, de origem convectiva, e no inverno, sob forma de neve. 15 3.6. Clima temperado oceânico A área de ocorrência se encontra entre 40ºN e 65ºS, com destaque para toda a parte atlântica da Europa, do norte da Espanha até o sul da Escandinávia, o litoral sul do Chile, o extremo sul da Austrália, a Nova Zelândia e a Tasmânia, o litoral noroeste dos EUA e o litoral sudoeste do Canadá. As temperaturas médias anuais giram em torno de 20 ºC e a amplitude térmica anual é considerável, embora diminuída pela proximidade do mar, que funciona como elemento de equilíbrio térmico. Essas temperaturas baixas são ameniza- das na costa atlântica europeia porque o calor da corrente marítima do golfo diminui o impacto do frio na região. As chuvas, geralmente de origem frontal, são abundantes durante todo o ano. Não há meses secos. A elevada nebu- losidade é característica, em função da alta umidade do ar. 3.7. Clima subpolar A área de ocorrência situa-se entre 55º e 65º N, onde estão a Suécia, a Finlândia, o norte da Rússia (Sibéria), o Alasca e grande parte do Canadá. Faz a transição do clima conti- nental frio para o clima polar. As temperaturas médias an- uais são muito baixas, e a média do mês mais quente não supera os 10 ºC; nos meses mais frios essa média pode atingir –30 °C. As chuvas são escassas e a maior parte das precipitações ocorre sob forma de neve ao longo do ano. 3.8. Clima polar Esse clima está presente nas latitudes mais elevadas, tanto ao Norte quanto ao Sul do planeta. As principais áreas de ocorrência são as regiões do norte da Sibéria, do Alasca, do Canadá, de toda a Groenlândia, da maior parte da Islândia e da Antártida. As temperaturas são sempre muito baixas, não há uma estação quente. A média do mês mais quente não chega a 10 ºC, e a média do mês mais frio é muito in- ferior a 0 ºC. A média anual é a mais baixa de todo o mun- do. No período que corresponde ao verão, o aquecimento do ar é prejudicado pela inclinação dos raios solares, que diminuem a superfície de insolação na região. As chuvas inexistem, e as precipitações ocorrem sob forma de neve. 3.9. Clima frio de montanha ou clima de altitude A área de ocorrência desse clima está nas regiões de grande altitude das cadeias montanhosas. Todas as pre- cipitações ocorrem sob forma de neve, e as temperaturas chegam, nos pontos mais frios, a –30 ºC; durante o verão não chegam a 10 ºC. O principal fator que determina o frio é o ar rarefeito, em função da altitude. Nas regiões dos picos, a superfície inclinada não é favorável a um aquecimento homogêneo nem à retenção de calor. Assim, a irradiação do calor é bem menor nessas regiões. multimídia: sites www.inmet.gov.br 16 CLIMA SUBPOLAR CLIMA POLAR CLIMA DE ALTITUDE 20 -30 -40 -50 J J JF M MA A S O N O -20 -10 0 10 220 210 200 190 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 40 ºC ºC 5 -5 -10 -15 -20 J J JF M MA A S O N O 0 10 15 20 25 30 35 0 40 30 20 10 0 -5 -10 J J JF M MA A S O N O 5 0 10 15 20 25 30 60 50 40 30 20 10 0 Climas frios Subpolar Polar Alta Montanha P P Lat: 43º Norte Long: 11º Leste Áustria VARDO, Noruega Lat: 70º Norte Long: 3º Leste Groelândia Lat: 70º 50’ Norte Long: 40º 42’ Leste ºC P Correntes quentes Correntes marítimas Correntes frias Polar Temperada Intertropical Zonas climáticas Equatorial Tipos de clima (adaptado da classificação de Köppen) Fonte: Atlas geográfico. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE; e Strahler, A. N. Physical geography. 3. ed. New York: Wiley, e 1969. Tropical Subtropical Desértico Semiárido Mediterrâneo Temperado Frio Polar Frio de montanha ESCALA 1:150 000 000 750 0 1 500 km N PROJEÇÃO DE ROBINSON Correntes quentes Correntes marítimas Correntes frias Polar Temperada Intertropical Zonas climáticas Equatorial Tipos de clima (adaptado da classificação de Köppen) Fonte: Atlas geográfico. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE; e Strahler, A. N. Physical geography. 3. ed. New York: Wiley, e 1969. Tropical Subtropical Desértico Semiárido Mediterrâneo Temperado Frio Polar Frio de montanha ESCALA 1:150 000 000 750 0 1 500 km N PROJEÇÃO DE ROBINSON 150º180º 120º 90º 90º 60º 60º 90º 60º 30º 0º 0º 30º 30º 150º 180º120º90º60º30º Clima 3.10. Classificação climática de Strähler O norte-americano Arthur Strähler usa os conhecimentos sobre a circulação geral da atmosfera para classificar os climas. Ele reconhece a importância do mecanismo das massas de ar e das frentes na caracterização dos tipos de clima. Por isso, sua classificação é denominada dinâmica. Para ele, os principais tipos de climas são: § Climas das latitudes baixas: influenciados por massas de ar quente. § Climas das latitudes médias: influenciados por massas de ar tropicais e polares. § Climas das latitudes altas: influenciados por mas- sas de ar polares. Conheça os vários subtipos em que se dividem cada um desses tipos climáticos observando o mapa. O clima da Terra: classificação de Strähler Fonte: Youtube multimídia: música - Segue o seco – Marisa Monte 17 3.11. Classificação climática de Koppen O geógrafo russo Vladimir Köppen adota a climatologia tradicional, chamada de analítica, porque considera sep- aradamente os principais elementos que caracterizam os principais tipos de clima, como chuvas e temperatura. Recebeu muitas críticas porque, além de não considerar o mecanismo das massas de ar, sua classificação adota um sistema de letras maiúsculas e minúsculas, que exigea aquisição de uma nova linguagem ou código. Os climas do mundo são divididos em cinco grandes tipos climáticos, representados por letras maiúsculas: tropicais úmidos (A), secos (B), mesotérmicos (C), microtérmicos (D) e polares (E). Os subgrupos são diferenciados pela quantidade de chu- vas, à exceção dos climas polares. São representados com letras minúsculas e algumas maiúsculas. As subdivisões são definidas pela temperatura e representadas sempre com letras minúsculas. Assim, por exemplo, um clima do tipo Cwa é mesotérmico úmido, com chuvas de verão e verão quente. Fonte: Youtube multimídia: música - Felicidade – Marcelo Jeneci Fo nt e: s lid es ha re .c om .b r Apesar dos dois ramos do conhecimento possuírem um caráter interdisciplinar, a Meteorologia costuma estar mais atrelada à Física, enquanto a Climatologia é mais relacionado à Geografia. No entanto, um bom climatologista e um bom meteorologista precisam ter um amplo conhecimento sobre ambas as áreas. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS 18 DIAGRAMA DE IDEIAS FENÔMENOS CLIMÁTICOS DEVASTADORES FURACÃO TORNADO ANOMALIAS CLIMÁTICAS EL NIN ~ O LA NIN ~ A GRANDES CLIMAS TROPICAL DESÉRTICO EQUATORIAL MEDITERRÂNEO TEMPERADO CONTINENTAL TEMPERADO OCEÂNICO POLAR SUBPOLAR FRIO DE MONTANHA 19 Climas do BrasilAULAS 11 e 12 “(...) a compreensão de fenômenos como secas, en- chentes e elevação da temperatura não deve ser preocu- pação exclusiva de cientistas e pesquisadores, mas de todos os cidadãos. É necessário que os indivíduos per- cebam em que medida tais ocorrências são frutos de fa- tores naturais ou da ação do próprio ser humano. Após conhecer as várias dimensões dos fenômenos climáticos, cada cidadão será capaz de exigir, tanto das autoridades governamentais como de toda a sociedade, uma ação eficaz voltada para a preservação do meio ambiente e, consequentemente, da vida.” CONTI, José Bueno; FURLAN, sueli Angelo. 1. Introdução Para o entendimento do papel do clima na organização do espaço geográfico de uma dada região, parte-se do princípio de que ele é um dos elementos de seu sistema natural, o ambiente, e que disponibiliza seus recursos à so- ciedade. O clima vem assumindo um posto de destaque nas últimas décadas, sobretudo com a crescente preocupação com a degradação ambiental e com a contínua depleção dos recursos naturais, sendo considerado elemento-chave capaz de direcionar as ações do homem, que é o agente, a princípio, teoricamente apto a intervir no ambiente. Nesse sentido, o clima é um dos aspectos que expressa a relação entre a sociedade e a organização econômica e so- cial do espaço urbano, já que, por um lado, eventos extrem- os que estejam ligados à temperatura ou às precipitações fora dos padrões normais repercutem na qualidade de vida da população que habita as grandes cidades. Por outro, o espaço físico atua como fator geográfico de modificação das condições iniciais do clima, alterando, assim, as proprie- dades inerentes aos sistemas atmosféricos atuantes sobre uma dada região. Como vimos em aulas anteriores, o en- tendimento e a caracterização do clima de um lugar depen- dem do estudo do comportamento do tempo durante pelo menos 30 anos: das variações da temperatura e da umi- dade, do tipo de precipitação (chuvas, neve ou granizo), da sucessão das estações úmidas e secas etc. Por essa razão, o clima é definido por Max Sorre como uma “sucessão habit- ual dos tipos de tempo num determinado local da superfície terrestre”, enquanto o tempo é apenas o estado da atmos- fera de um lugar, num determinado momento. Tropicalidade Altitude Correntes marinhas Vegetação Relevo Continentalidade / maritimidade Massa de Ar O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, apre- senta uma ampliada diversidade climática, que se organiza por meio da ação de diversos fatores e elementos que influ- enciam o comportamento da atmosfera. Em alguns pontos, predominam os efeitos de massas de ar quente; em outros, de massas de ar fio. Há também as ações da vegetação, da altitude e das variações de latitude, entre outros aspectos. A maior parte da área do Brasil está localizada na Zona Intertropical, ou seja, nas zonas de baixas latitudes, com cli- mas quentes e úmidos. A essa característica, denominamos tropicalidade, determinada pela diferença de insolação recebida pelas várias regiões do país. Além dessa carac- terística importante do clima brasileiro, também podemos citar as elevadas temperaturas na maior parte do território, os regimes pluviométricos e o mecanismo das massas de ar. Outro fator interessante do clima brasileiro refere-se à amplitude térmica (diferença entre as médias anuais de temperatura máximas e mínimas), conforme se aproxima da linha do Equador, a amplitude térmica é menor. 1.1. Relembrando... Uma vez sempre iluminada pelo Sol, por que a insolação não é igual em todos os lugares da Terra, durante o ano todo? Por duas razões: § No movimento de translação, a Terra gira em torno do Sol em uma órbita elíptica. No entanto, o Sol não está situado exatamente no centro dessa elipse. Por essa razão, a Terra não está sempre à mesma distância do Sol, enquanto percorre sua órbita. CompetênCia: 6 Habilidade: 30 20 Movimento de translação da Terra Fonte: <Alunoonline.uol.com.Br/geogrAFiA/ movimentos-trAnslAção.html>. (AdAptAdo) § Em seu movimento de rotação, o eixo da Terra tem uma inclinação de mais ou menos 23° em relação à perpen- dicular ao seu plano de órbita. Inclinação do eixo da Terra Fonte: <proJetoAzul.Blogspot.com.Br/2012/04/ inclinAção-dA-terrA-em-seu-eixo.html>. Uma das principais consequências do movimento de translação da Terra são as estações do ano, opostas nos dois hemisférios em virtude da inclinação do eixo terres- tre. As datas que marcam o início dessas estações de- terminam a maneira e a intensidade com que os raios solares atingem a Terra. Esses dias recebem o nome de equinócios e solstícios. No dia 21 de junho, os raios solares chegam verticalmente ao paralelo de 23º27’N (Trópico de Câncer), quando então ocorre o solstício de verão no Hemisfério Norte. É o dia mais longo e a noite mais curta do ano, que marcam o in- ício do verão nesse hemisfério. No Hemisfério Sul acontece o solstício de inverno, com a noite mais longa do ano, mar- cando o início da estação fria (inverno) nesse hemisfério. No dia 21 de dezembro, os raios de sol incidem vertical- mente sobre o Trópico de Capricórnio (23º27’S). É o sol- stício de verão no Hemisfério Sul, com o dia mais longo do ano e o início do verão nesse hemisfério. No Hemisfério Norte acontece a noite mais longa do ano. É o início do inverno naquele hemisfério. A partir dos solstícios, as diferenças de duração entre os dias e as noites vão diminuindo, até que em determinadas datas ficam exatamente iguais (12 horas), com exceção das regiões polares, porque os raios solares incidem perpen- dicularmente sobre a linha do Equador. É quando temos o equinócio (palavra que significa noites iguais aos dias), que ocorre nos dias 21 de março (equinócio de outono, no Hemisfério Sul, e de primavera, no Hemisfério Norte) e 23 de setembro (equinócio de primavera, no Hemisfério Sul, e de outono, no Hemisfério Norte). Em razão da posição geográfica ocupada pelo Brasil, não é muito fácil percebermos exatamente as estações do ano e os equinócios e solstícios, principalmente nas regiões próx- imas ao Equador. Essas duas ocasiões são mais perceptíveis à medida que nos afastamos do Equador (baixa latitude) em direção às altas latitudes. Fonte: <https: pt.wikipediA.org/wiki/solstício> 1.2. As diferenças de insolação A quantidade de luz solar (insolação) recebida pelas várias regiões do país durante o ano não é uniforme. Nas áreas 21 mais próximas do Equador, essa incidência de luz solar é mais ou menos constante durante todo o ano; por isso há poucas diferenças na duração dos dias e das noites nas quatro estações do ano. Porém, à medida que nosaprox- imamos das regiões subtropicais e temperadas, essas dif- erenças vão ficando cada vez mais claras: no inverno, as noites são mais longas; no verão, os dias duram mais. Essa é uma das explicações para o horário de verão: quando se adianta uma hora nos relógios dos estados da porção Sul, para que haja melhor aproveitamento da luz solar, economiza-se mais energia elétrica. Não é adotado na porção Norte, porque não haveria resultados práticos. O que explica essa diferente insolação recebida por todo o território brasileiro é o movimento de translação e suas consequências: os solstícios e equinócios, que configuram as estações do ano, bem como a inclinação do eixo de ro- tação da Terra. A troposfera (local de movimentação das massas de ar) não é uma camada homogênea e, por isso, as massas de ar são classificadas de acordo com a latitude e as suas regiões de origem, continental ou marítima. As massas que se orig- inam em latitudes altas são chamadas de massas polares ou árticas e as massas de ar que se formam em latitudes baixas são denominadas massas de ar tropical ou equa- torial. Massas de ar continentais são secas, enquanto que as marítimas são de monção úmida. Os sistemas frontais separam as massas de ar que têm diferentes densidades e temperaturas. Uma vez que uma massa de ar se move para longe de sua região de origem, fatores como a vegetação e disponibilidade de água numa determinada região podem modificar rapidamente o seu caráter. Isto quer dizer que, ao se deslocarem, as massas de ar vão aos poucos, perdendo as suas características de temperatura, pressão e umidade originadas no momento de sua formação. Esse desloca- mento ocorre sempre no sentido das altas pressões para as baixas pressões. Frentes quentes e frentes frias Frente quente é a parte dianteira de uma massa de ar quente em movimento. O ar frio é relativamente den- so e o ar quente tende a dominá-lo, produzindo uma larga faixa de nuvens e uma chuva fraca e persistente e às vezes nevoeiro esparso. As frentes quentes ten- dem a deslocar-se lentamente e podem ser facilmente alcançadas por frentes frias, formando frentes oclusas. Quando uma frente deixa de se mover, chamamos de frente estacionária. As frentes quentes deslocam-se do equador para os polos. Como o ar quente é menos denso que o ar frio, a massa de ar quente sobe por cima da massa de ar mais frio e geralmente ocorre precipitação. A temperatura eleva-se já ligeiramente antes da chegada da frente quente, porque as nuvens aumentam localmente o “efeito de estufa” na atmos- fera, absorvendo radiação da superfície terrestre e emitindo radiação de volta à superfície. Uma frente quente é representada simbolicamente por uma linha sólida com semicírculos que apontam para o ar frio e na direção do movimento. Frente fria é a borda dianteira de uma massa de ar fria, em movimento ou estacionária. Em geral a massa de ar frio apresenta-se na atmosfera como um domo de ar frio sobre a superfície. O ar frio, relativamente denso, introduz-se sob o ar mais quente e menos denso, provocando uma queda rápida de temperatu- ra junto ao solo, seguindo-se de tempestades e tam- bém de trovoadas. As frentes frias deslocam-se dos Fonte: YoutuBe multimídia: vídeo Documentário de 2010 “Clima – Criando a paisagem” 2. ElEmEntos do clIma do BrasIl: as massas dE ar Massa de ar, em meteorologia, são grandes porções de ar que apresentam condições internas de temperatura, pressão e umidade relativamente homogêneas, influen- ciadas pela região onde são formadas. Cobre centenas ou milhares de quilômetros quadrados e possui as mes- mas características da superfície que está abaixo dela. O local de formação da massa de ar é denominado região de origem e é neste local que a massa de ar irá adquirir suas características de temperatura, pressão e umidade. Portanto, uma massa de ar que se forma sobre uma su- perfície gelada, como a Antártida, apresenta característi- cas típicas dessa região, ou seja, temperatura baixa, alta pressão e pouca umidade. 22 polos para o Equador, predominante de No- roeste, no Hemisfério Norte, e de Sudoeste no Hemisfério Sul. Não estão associadas a um pro- cesso suave: as frentes frias movem-se rapi- damente e forçam o ar quente a subir. Quando uma frente fria passa, a temperatura pode baixar mais de 5 °C só durante a primeira hora. Quan- do uma frente deixa de se mover, designa-se por frente estacionária. Uma frente fria é represen- tada simbolicamente por uma linha sólida com triângulos que apontam para o ar quente e na direção do movimento. Frente fria Frente quente Frente oclusa Frente estacionária 2.1. O mecanismo das massas de ar no Brasil As massas de ar constituem elemento determinante dos climas brasileiros porque podem mudar bruscamente o tempo nas áreas onde atuam. O Brasil sofre a influência de praticamente todas as massas de ar que atuam na América do Sul, exceto as que têm ori- gem no oceano Pacífico (oeste), cuja influência é limitada pela cordilheira dos Andes que barra a sua passagem para o interior do continente. O mecanismo das massas de ar no Brasil depende da circu- lação geral da atmosfera na Terra. Por ter 92% de seu território na zona tropical e estar loca- lizado no Hemisfério Sul, onde as massas líquidas (oceanos e mares) ocupam mais espaço do que as massas sólidas (terras), o Brasil é influenciado predominantemente pelas massas de ar quente e úmida. 2.1.1. Massa equatorial continental (mEc) Quente e úmida, com origem na região noroeste da Ama- zônia. Durante o inverno, essa massa restringe sua atuação à Amazônia ocidental, que é chuvosa durante todo o ano. No verão ocorre o escoamento de ar quente e úmido em baixos níveis altimétricos, em direção às latitudes mais al- tas e a leste. Ou seja, durante o verão, a massa equatorial continental exerce influência sobre a Amazônia oriental, Meio-Norte (PI e MA), Centro-Oeste, Sudeste e, às vezes, sobre o sertão nordestino. Tem papel fundamental no transporte de umidade para outras regiões do país, devido ao forte processo de evapotranspiração da floresta. 2.1.2. Massa equatorial atlântica (mEa) Quente e úmida, formada no Atlântico equatorial e atuan- te sobretudo nos litorais do Nordeste e amazônico (Pará e Amapá). Essa massa contribui com 45% das chuvas que caem durante o período chuvoso nas proximidades da costa litorânea leste dos estados do Pará e Amapá. A massa equa- torial atlântica, ao encontrar com o ar do continente, forma as chamadas linhas de instabilidade (LI), caracterizadas pelos grandes conglomerados de nuvens cumulonimbus (nuvens cinzas que causam chuvas e trovoadas). São formadas gra- ças à circulação de brisa marítima – por influência da mEa –, podendo prolongar-se para o interior do continente ou até mesmo para o extremo oeste da Amazônia. A mEa é a causadora de precipitações na Amazônia central durante a estação seca (inverno); ao cair da tarde, em virtude da di- minuição da temperatura do ar e do acúmulo de vapor de água, ocorrem chuvas convectivas nas áreas dessas linhas. No litoral nordestino, causa chuvas principalmente no perío- do de inverno – de maio a setembro –, época em que a ZCIT se desloca para o norte e a circulação dos ventos alísios se intensifica (sopram para leste), trazendo mais chuvas. As Linhas de Instabilidade – LI, que se formam princi- palmente nos meses de verão no Hemisfério Sul (de- zembro a março), encontram-se ao sul da Linha do Equador influenciando as chuvas no litoral norte do Nordeste e regiões adjacentes e ocorrem no período da tarde e início da noite. As Linhas de Instabilidade são bandas de nuvens causadoras de chuva, normalmente do tipo cumulus, organizadas em forma de linha (figura), daí o seu nome. Sua formação se dá basicamente pelo fato de que com a grande quantidade de radiação solar incidente sobre a região tropical ocorre o desenvol- vimento das nuvens cumulus, que atingem um nú- mero maior à tarde, quando a convecção é máxima,com consequentes chuvas. Outro fator que contribui para o incremento das Linhas de Instabilidade, prin- cipalmente nos meses de fevereiro e março, é a pro- ximidade da ZCIT. Se uma linha de instabilidade se forma sobre regiões áridas, uma tempestade de areia conhecida como haboob pode resultar na formação de fortes ventos que carregam consigo poeira da superfície. Atrás de uma linha de instabilidade madura, uma área de baixa pressão em altitudes médias pode se formar, o que tende a criar um súbito aumento de tempera- tura por conta da massa de ar descendente que não mais está sendo resfriada pela chuva. 23 vezes pelo ar quente continental, e dirige-se a norte pelo Atlântico, preferencialmente. Mesmo vindo via oceano, chega enfraquecida ao litoral oriental, onde encontra a mTa, causando chuvas frontais. Às vezes, a mPa conseg- ue vir através do continente no verão, atingindo o Sul e algumas partes do Sudeste brasileiro, causando mais chuvas frontais do que propriamente o frio. No inverno, essa massa penetra a América do Sul pela Patagônia – no sudeste da Argentina –, onde se encaminha para o Brasil, entrando pelo Rio Grande do Sul. Como vem por terra, a massa chega já bem mais seca que na sua origem e, por ser inverno, é muito mais fria do que no verão. A mPa pode chegar na Amazônia no inverno e causar o fenôme- no conhecido por friagem. Atuação das massas de ar no Brasil – inverno e verão Brasil - Massas de ar Brasil - Massas de ar Verão Equador Inverno mEc mEa mTa mEc mTa mPa mTc Equador Alísio de sudeste mEa → Equatorial atlântica mEc → Equatorial continental mTa → Tropical atlântica mPa → Polar atlântica mTc → Tropical continental mTc mEa Fonte: educação.globo.com/geogra�a 2.1.3. Massa tropical atlântica (mTa) Quente e úmida se forma próxima à latitude 30°S, entre o Brasil e a África. Essa massa de ar traz umidade e chu- vas para o litoral oriental brasileiro – notadamente entre o “cotovelo” do RN e o norte do RS – ao longo do ano. Grande parte dos maiores índices pluviométricos no litoral é registrado no verão, com exceção do litoral oriental do Nordeste, pois naquela latitude as temperaturas variam muito pouco durante o ano, e os alísios sopram com mais força no inverno. A mTa também penetra o continente, trazendo chuvas orográficas em diversos locais, como no planalto da Borborema, na chapada Diamantina e nas ser- ras do Mar e da Mantiqueira. 2.1.4. Massa tropical continental (mTc) Quente e seca, forma-se no anticiclone tropical na planície do Chaco. O Chaco é uma região de planícies alagáveis que se estendem pelo norte da Argentina, noroeste do Paraguai, leste da Bolívia (mais seco) e chega ao Brasil, onde recebe o nome de Pantanal – no sudeste do MT e no oeste do MS. A baixa do Chaco se intensifica no verão e forma um anticiclone em altos níveis, que é a alta da Bolívia. No verão, a mTc penetra no país pelo oeste, atua com mais força sobre o Pantanal e exerce ação admirável em outras regiões, como no noroeste paranaense, Goiás, Tocantins e nas partes restantes do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de ação periférica em Minas Gerais e oeste paulista. 2.1.5. Massa polar atlântica (mPa) É a mais famosa de todas. Tem origem no oceano Atlânti- co, junto ao extremo sul da Patagônia. É fria e úmida. No verão, por causa das temperaturas muito altas predom- inantes no continente sul-americano, a massa não con- segue penetrar com força no continente, barrada muitas Climatologia – noções básicas e climas do Brasil - Francisco Mendonça e Ines Moresco Danni-Oliveira Climatologia – noções básicas e climas do Brasil é uma obra de referência que reúne conceitos básicos de climatologia e meteorologia, com destaque para os domínios climáticos e sistemas atmosféricos que regem tempo e climas do continente sul- americano e Brasil. multimídia: livros 24 Zona de Convergência Intertropical Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é a área que circunda a Terra, próxima ao equador, onde os ventos orig- inários dos Hemisférios Norte e Sul se encontram. A ZCIT era inicialmente chamada, entre os anos 1920 e 1940, de Frente Intertropical (FIT), mas, com o reconhecimento, nos anos 1940 e 1950, da relevância da convergência de ventos para a determinação do clima tropical, o termo ZCIT passou a ser aplicado. Na escala planetária, a ZCIT está localizada no ramo ascendente da célula de Hadley, atuando no sentido de transferir calor e umidade dos níveis inferiores da atmosfera das regiões tropicais para os níveis superiores da troposfera e para médias e altas latitudes. Entretanto, a ZCIT dinamicamente é uma região de baixa pressão, tendo convergência de escoamento em baixos níveis e divergência em altos níveis, sendo a fonte principal de precipitação nos trópicos (chuvas fortes), responsável por condições de mau tempo sobre uma extensa área e o desenvolvimento vertical das nuvens que se estende até a alta troposfera das regiões tropicais. Onde a ZCIT se junta à circulação de monção, ela é chamada de cavado de monção, termo de uso mais comum na Austrália e em algumas regiões da Ásia. Os primeiros marinheiros deram a este cinturão de calma o nome de dol- drums (literalmente, desânimo), por causa da inatividade e estagnação em que eles ficavam após dias sem ventos. Permanecer numa calmaria nesta região, num clima quente e abafado, poderia significar a morte numa época em que o vento era o único propulsor eficiente para os navios no oceano. Mesmo hoje, marinheiros em barcos de lazer ou de competição procuram cruzar a região o mais rápido possível, pois o clima errático e os padrões de vento podem causar atrasos indesejados. A ZCIT se apresenta como uma faixa de nuvens com grande desenvolvimento vertical (Cb – Cumulonimbus), fre- quentemente de tempestades, que circunda o globo próximo ao equador. No Hemisfério Norte, os ventos alísios se movem de nordeste para sudoeste, enquanto no Hemisfério Sul eles vão de sudeste para noroeste. Quando a ZCIT está posicionada ao norte ou ao sul do Equador, essas direções variam conforme a força de Coriolis, provocada pela rotação da Terra. A ZCIT está inserida numa região onde ocorre a interação de características marcantes atmosféricas e oceânicas, tais como: § Zona de confluência dos Alísios (ZCA); § Zona do Cavado Equatorial; § Zona de Máxima Temperatura da Superfície do Mar (TSM); § Zona de Máxima Convergência de Massa; § Zona da banda de Máxima Cobertura de Nuvens Convectivas. Todas essas características interagem próximo à faixa equatorial. Apesar dessa interação, as características não se apresentam, necessariamente ao mesmo tempo, sobre a mesma latitude. 25 Influências da ZCIT no Brasil A ZCIT é um dos principais sistemas geradores de precipitação na região Norte e Nordeste do Brasil. A quantidade de precipitação durante o verão do HS na região Norte, é influenciada por fatores como os mecanismos de brisa marítima, que particular- mente ocorre o ano todo; a penetração de sistemas frontais, pois nessa época do ano a Alta Subtropi- cal do Atlântico Sul (ASAS) está mais para o ocea- no permitindo assim que o fenômeno de bloqueio não ocorra dentro do continente; ao aparecimento da Baixa do Chaco, que aumenta a confluência em baixos níveis e dessa maneira articula a convecção profunda associada a alta umidade vinda da flor- esta Amazônica e enfim a ZCIT, que na estação de verão está posicionada em latitudes que compreendem a parte Norte e Nordeste do Brasil. No inverno a ZCIT está posicionada em latitudes mais ao norte, entretanto sua influência restringe-se apenas ao estado de Roraima. Em anos de El Niño o ramo descendente da célula de Walker se desloca para a região sobre a Amazônia inibindo a convecção. Os ventos Alísios de nordeste estão bem mais fracos, diminuindo assim o fluxo de umidade vinda dos oceanos que penetra na região Amazônica. Contudo, a ZCIT está posicionada bem mais ao norte do que sua posição normal e então períodos de El Niñosão extremamente secos, durante o que seria a estação chuvosa (janeiro, fevereiro e março - JFM) da região Norte, mais precisamente na Amazônia Central. A região Nordeste fica bem ao sul da ZCIT em anos secos, ou seja, em uma região preferencialmente de subsidência que inibe a precipitação. Em anos chuvosos a ZCIT se desloca até 6ºS atingindo a costa norte do Nordeste, permanecendo por períodos mais longos no HS até o mês de maio. Vale lembrar que o antici- clone do Atlântico Norte e consequentemente os ventos alísios de nordeste estarão mais intensos em anos chuvosos, logo a ZCIT estará mais ao sul. Zona de Convergência do Atlântico Sul Climatologicamente, a zona de convergência do Atlântico Sul (ZCAS) pode ser identificada, na composição de imagens de satélite, como uma banda de nebulosidade de orientação Noroeste/Sudeste, estendendo-se desde o sul da região amazônica até a região central do Atlântico Sul. Atua geralmente entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste. Para a ZCAS se formar é necessário uma frente fria bloqueada sobre o sudeste e alimentada pela umidade que vem da Amazônia em altitude, formando assim, um grande corredor de umidade de nuvens carregadas. Para ser considerada ZCAS, é preciso que esse processo dure pelo menos quatro dias, pois quando uma frente fria fica parada por menos de quatro dias, os meteorologistas chamam esse fenômeno de Zona de Convergência de Umidade (ZCOU). Quando a ZCAS se forma é sinal de grandes volumes de chuvas que, as vezes, perduram por quase uma semana, podendo provocar transbordamentos de rios e enchentes. A época mais comum para a formação da ZCAS no Brasil é o verão, pois é justamente nessa época do ano que acontece o fluxo de umidade da Amazônia para o Sudeste do país. Os meteorologistas conseguem prever a for- mação da ZCAS com pelo menos 11 dias de antecedência. mm. 3300 3000 2700 2400 2100 1800 1500 1200 900 600 300 Fonte: INMET 1931/1930 26 2.2. Pluviosidade do Brasil Apesar de o país apresentar médias anuais pluviométricas em torno de mil milímetros, as chuvas não se distribuem de modo uniforme por toda sua extensão. Em algumas áreas, como em trechos da Amazônia, no lito- ral sul da Bahia e no trecho paulista da serra do Mar, chove mais de 2 mil milímetros por ano. É o caso da Amazônia, de Belém (PA), com 2,2 mil mm anuais, e em São Paulo; na área banhada pelo rio Itapanhaú, em Bertioga, chove mais de 4 mil milímetros. No extremo oposto está o Sertão do Nordeste, com totais bem abaixo da média do país, como nas localidades de Cabaceiras, na Paraíba (331 mm anuais), e Areia Branca, no Rio Grande do Norte (588 mm anuais). Na maior parte do território brasileiro chove anualmente mil e dois mil milímetros. A porção situada abaixo do paralelo 20ºS, onde predomina o clima subtropical, é caracterizada pela relativa uniformi- dade das chuvas ao longo do ano. 2.3. Temperaturas Em quase 95% de nosso território, temos médias térmicas superiores a 18 ºC, como decorrência da tropicalidade. Ob- serve no mapa Temperatura Média Anual. Entretanto, o comportamento das temperaturas está su- jeito à influência de outros fatores além da latitude: a alti- tude, a continentalidade e as correntes marítimas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no Brasil a temperatura máxima (43,2 ºC) foi registrada, em 1982, na cidade de Bom Jesus do Piauí, no estado do Pi- auí; e a mínima (–11,6 ºC), na cidade de Xanxerê, no estado de Santa Catarina, em 25 de julho de 1945. No primeiro caso, latitude e a influência do oceano pode explicar a ocor- rência de altas temperaturas; no segundo, o frio extremo é consequência da conjugação dos fatores latitude (média) e altitude (alta). Temperatura média anual Fonte: YoutuBe multimídia: música - A chuva cai – Beth Carvalho 3. os fatorEs do clIma no BrasIl Diversos fatores podem modificar os elementos que com- põem o clima. No caso brasileiro, destacamos a altitude, a latitude, a continentalidade, a maritimidade e as correntes marinhas, que podem ter maior ou menor influência no clima brasileiro. 27 3.1. Altitude Quanto maior a altitude, mais frio será. Mas somente a in- fluência da altitude, isolada de outros fatores, não é muito marcante no Brasil, porque mais de 95% do relevo brasilei- ro está a menos de 1,2 mil metros de altitude. Campos do Jordão, em São Paulo, e as serras gaúchas e catarinenses, com altitudes acima de 1,2 mil metros são exceções. Esta tabela ilustra diferentes médias térmicas anuais registradas suas altitudes. Relação entre a altitude e a temperatura Fonte: iBge. Anuário estAtístico do BrAsil, 1999. 3.2. Latitude Esse fator influencia os climas no Brasil porque o território brasileiro apresenta quase 40º de variação latitudinal. Nas altas latitudes, as temperaturas são mais baixas e as amplitu- des térmicas, maiores. Portanto, as cidades próximas à linha do Equador (região Norte) têm amplitudes térmicas menores e temperaturas mais altas do que as cidades do Sul e do Sudeste, em virtude das diferenças de latitude entre elas. Fator latitude e médias térmicas. Fonte: iBge. AtlAs nAcionAl do BrAsil, 2000. 3.3. Continentalidade e maritimidade Quanto menor a distância em relação ao mar, menor a am- plitude térmica de uma cidade, porque a proximidade do mar torna as temperaturas mais estáveis. Isso ocorre em consequência do “efeito regulador de caráter térmico” que as águas dos oceanos exercem sobre as terras próximas. Por exemplo, a cidade de Santos, em São Paulo, possui me- nor amplitude térmica do que cidades localizadas no inte- rior do território brasileiro, como as dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Fonte: <proFessorAlexinowAtzki.weBnode.com.Br/climAtologiA/ FAtores-do-climA/continentAlidAde-e-mAritimidAde>. 28 3.4. Correntes marítimas O Brasil sofre influência de duas correntes marítimas quentes: a corrente do Brasil (no sentido sul) e a corrente das Guianas (no sentido norte), que contribuem para os climas quentes. Correntes marítimas que atuam no Brasil Tropical Semiárido 4. clImas do BrasIl SEMIÁRIDO 4.1. Clima equatorial O clima equatorial abrange a região norte brasileira, o norte do Mato Grosso e de Tocantins e, ainda, o oeste do Maranhão. Todo esse espaço é conhecido por Amazônia (entre 5°N e 10°S), área que apresenta clima, vegetação e hidrografia típicos de regiões equatoriais. O clima é quente e úmido. Devido aos altos valores de energia so- lar incidente na superfície amazônica, o comportamento da temperatura do ar mostra pequena variação ao longo do ano. A amplitude térmica sazonal é da ordem de 1° a 2 °C/ano – a menor do Brasil – sendo que os valores médios se situam entre 24 °C no mês mais frio e 26 °C no mês mais quente. Em particular, Belém (PA) apresen- ta temperatura média mensal máxima de 26,5 °C, no mês de novembro, e temperatura mínima de 25,4 °C, em março. Manaus (AM), por outro lado, possui seus extremos de temperatura nos meses de setembro (27,9 °C) e abril (25,8 °C). A exceção é aquela parte mais ao sul (Rondônia e Mato Grosso). A região amazônica possui uma precipitação média de aproximados 2,3 mil mm por ano. Existem algumas dif- erenças no clima da Amazônia, dividido em equatorial úmi- do e equatorial subúmido (ou semiúmido). Na Amazônia ocidental – mais especificamente noroeste do Amazonas –, onde atua a massa equatorial continental durante todo o ano, não existe estação seca, e as médias pluviométricas são altas. Na fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela, o total anual atinge os 3,5 mil mm, e o clima é dito equa- torial superúmido. No litoral do Pará e do Amapá, os níveis de precipitação também são altos (cerca de 2,5 mil mm ao ano) e sem período de seca definido, pois há influência das linhas de instabilidade que se formam ao longo da costa litorânea durante o período da tarde e são forçadas pela brisa marítima. Nessa área, o clima é equatorial úmido. O período de chuvas ou de forte atividade convectiva na região
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