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Fadiga Disciplina: Elementos de Máquinas Profa. Dra. Gabriela Camarinha Fadiga DEFINIÇÃO O processo de alteração estrutural permanente, progressivo e localizado, caracterizado pela geração e propagação de trincas, que ocorre em um material, submetido a carregamentos cíclicos, seguido de eventual falha estrutural. Processo que causa falha prematura ou dano permanente a um componente sujeito a carregamento repetitivos (cíclicos). Entre 80% e 90% dos componentes sob tensões variáveis sofrem fratura por fadiga. Importância do Estudo da Fadiga • O estudo da fadiga é importante porque a grande maioria das falhas de componentes de máquinas, em serviço, se deve à fadiga. • A ruptura por fadiga ocorre sem nenhum aviso prévio, ou seja, num dado momento a máquina está funcionando perfeitamente e, no instante seguinte, ela falha. Ensaio de Fadiga 28 de abril de 1989 - Avião perde parte de sua fuselagem devido ao processo de fadiga. Fadiga ESTÁGIOS INICIAÇÃO DA TRINCA PROPAGAÇÃO DA TRINCA RUPTURA A presença de defeitos pré-existentes pode reduzir ou eliminar a fase de iniciação, a qual pode ocupar até cerca de 90% da vida cíclica. (MEYERS; CHAWLA, 2009) Iniciação da Trinca Concentrador de tensão PRÉ EXISTENTE DESENVOLVIDO POR DEFORMAÇÃO PLÁSTICA Furos, rasgos de chaveta, partículas de segunda fase, ... O deslizamento persistente e irreversível de bandas de deslizamento produzido por deformação cíclica, provoca microdeformações que tendem a agrupar-se, denominadas de extrusões e intrusões na superfície, que tornam sítios para a nucleação das trincas de fadiga. FONTE:http://www.ebah.com.br Revisão Bibliográfica Propagação de Trinca EstriasMarcas de Praia A trinca cresce mecanismo repetitivo de abertura e fechamento correspondendo a um ciclo de deformação da ponta da trinca produz características marcantes escala macroscópicas “marcas de praia” microscópicos “estrias”. (MEYERS; CHAWLA, 2009).Fonte:http://www.ebah.com.br/content/ABAAABtoQAI/fadiga Ruptura RUPTURA Dúctil (Fratura alveolar) Frágil (Fratura por clivagem) Possui aspecto rugoso, a qual ocorre no momento em que a trinca atinge um tamanho crítico para os níveis de tensão presentes. (MEYERS; CHAWLA, 2009) Revisão Bibliográfica 7 Fadiga Os níveis de tensão em que ocorre a ruptura em carregamento variável são muito inferiores aos necessários para ruptura em carregamento estático. Tensões Cíclicas DEFINIÇÕES Exemplo: Carregamento cíclico estacionário controlado pela tensão, com onda senoidal. PARÂMETROS CÍCLICOS: - Tensão média: - Intervalo de Tensão: - Amplitude de Tensão - Razão entre tensão: σm = ( σmáx + σmin) 2 ∆𝜎 = 𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚𝑖𝑛 σa = (σmáx− σmin) 2 R = σmáx σmin Tipos de Carregamentos Resultados - Diagrama S/N • Os resultados do ensaio de fadiga geralmente são apresentados numa curva tensão-número de ciclos, ou simplesmente curva S-N. O S vem de stress, que quer dizer. tensão, e N representa o número de ciclos. • Ensaios usualmente empregam carregamento totalmente reverso (R= -1) • Relaciona-se um parâmetro da tensão (σa ou σmáx ) com a vida em fadiga (N). • Na representação gráfica usa-se escala log-linear ou log-log. Limite de Fadiga AÇOS Ligas não Ferrosas: Não exibem claramente o limite de fadiga Tensão Média – Curva S/N Diagrama S-N Diagrama S-N ou Curva de Wöhler Diagrama S-N Caso a) – Observa-se que a resistência à fadiga decai em função de N “ciclos” até atingir um patamar (limite de fadiga, que está associado à vida infinita em fadiga). Caso b) – Observa-se que nem todos materiais apresentam limite de fadiga. Para estes, se adota que o parâmetro para vida infinita em fadiga é N = 5E8 ciclos. Relação entre o limite de fadiga e resistência a tração Na ausência de dados experimentais confiáveis , ainda é possível estimar o diagrama S-N através das seguintes equações: 𝑆 𝑁 = 𝑎𝑁𝑏 Onde: 𝑎 = (0,9𝑆𝑢𝑡)² 𝑆𝑒 = (𝑆𝑚)² 𝑆𝑒 𝑏 = − 1 3 log 0,9𝑆𝑢𝑡 𝑆𝑒 = − 1 3 𝑙𝑜𝑔 𝑆𝑚 𝑆𝑒 𝑆𝑢𝑡 − limite de resistência a tração 𝑆𝑒 − 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑑𝑖𝑔𝑎 𝑆𝑚 − 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑠𝑝𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑎 10 3𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 Solução de forma aproximada, como mencionado por Shigley, Mischke e Budynas (2005). Exemplo 1 O limite de fadiga de uma peça de aço é 112 MPa, e sua resistência à tração é 385 MPa. Qual será a resistência à fadiga correspondentes a uma vida de 70E3 ciclos? Exemplo 2 Estime a vida esperada de um componente de aço SAE 4140, com resistência à tração 1248 MPa e limite de fadiga 624 MPa, para uma tensão alternada aplicada de 765 MPa. Estimativa de Resistência a Fadiga Os aços que apresentam o limite de resistência à fadiga Se, podem ter este limite estimado em função da resistência à tração S’ut: - Para Sut<1400MPa ou 200Kpsi 𝑆′𝑒 ≅ 0,5𝑆𝑢𝑡 - Para Sut≥1400MPa ou 200Kpsi 𝑆′𝑒 ≅ 700𝑀𝑃𝑎 Estimativa de Resistência a Fadiga Diversas ligas de alumínio fundidas, que não apresentam o limite de resistência à fadiga, nos projetos para vida infinita em fadiga de alto ciclo, se utiliza o parâmetro de resistência à fadiga Sf, correspondente a 5E8 ciclos. A resistência à fadiga Sf, pode ser estimada em função da resistência à tração Sut: - Para Sut<300MPa ou 48Kpsi 𝑆′𝑓(5𝐸8) ≅ 0,4𝑆𝑢𝑡 - Para Sut≥300MPa ou 48Kpsi 𝑆′𝑓(5𝐸8) ≅ 130𝑀𝑃𝑎 Fatores de correção da resistência à fadiga ou do limite de resistência teóricos O limite de resistência Se (e a resistência à fadiga Sf) de um elemento de máquina é diferente do limite de resistência S’e (e da resistência à fadiga S’f ) do corpo de prova. • Ccarreg – Fator de correção devido a solicitação Uma vez que as relações descritas anteriormente e a maioria dos dados publicados de resistência à fadiga se referem a ensaios sob flexão rotativa, um fator de correção da resistência para a solicitação devido à força normal deve ser aplicado. - Flexão: 𝐂𝐜𝐚𝐫𝐫𝐞𝐠 = 𝟏 - Normal: 𝐂𝐜𝐚𝐫𝐫𝐞𝐠 = 𝟎, 𝟕 - Torção pura: 𝐂𝐜𝐚𝐫𝐫𝐞𝐠 = 𝟏 Fatores de correção • Ctamanho – Fator de correção devido ao tamanho Os dados tabelados de limite de resistência e de resistência à fadiga se baseiam no corpo de prova de ensaio de flexão rotativa, de tamanho padronizado. Peças maiores possuem resistência à fadiga menor. Para seção circular, se utilizam as seguintes relações: - D ≤ 0,3in (8mm): 𝐂𝒕𝒂𝒎𝒂𝒏𝒉𝒐 = 𝟏 - 0,3in < D ≤ 10in 𝐂𝐭𝐚𝐦𝐚𝐧𝐡𝐨 = 𝟎, 𝟖𝟔𝟗𝑫 −𝟎,𝟎𝟗𝟕 - 8mm < D ≤ 250in : 𝐂𝐭𝐚𝐦𝐚𝐧𝐡𝐨 = 𝟏, 𝟏𝟖𝟗𝑫 −𝟎,𝟎𝟗𝟕 Fatores de correção • Csuperf – Fator de correção devido a superfície Os dados se baseiam no acabamento polido do corpo de prova padronizado de ensaio de flexão rotativa. Imperfeições na superfície reduzem a resistência à fadiga. Para aços pode ser estimado o fator de superfície por: Fatores de correção • Ctemp – Fator de correção devido a temperatura Os ensaios de flexão rotativa são geralmente realizados à temperatura ambiente. Temperaturas extremamente baixas ou elevadas influenciam no limite de resistência, no entanto, para temperaturas baixas o escoamento é critério de projeto preponderante. Para altas temperaturas, deve ser considerado o comportamento do material na fluência. • Em temperaturas moderadas, pode-se considerar, para aços submetidos a fadiga: Fatores de correção • Cconf – Fator de correção devido a confiabinlidade Como já dito, a confiabilidade padrão das curvas S-N obtidas no ensaio de flexão rotativa é 50%. • Como os ensaios apresentam dispersão considerável, ensaios mais confiáveis consideram a correção: Fatores de correção Exemplo 6.1 Norton - Adaptado Construa um diagrama S-N estimado para uma barra de aço e defina suas equações. Quantos ciclos de vida podem ser esperados se a tensão alternada é de 100 MPa? Dados: O Sut obtido experimentalmente é 600 MPa. A barra tem d=121,12 mm e tem acabamento superficial de laminado a quente. A temperaturamáxima de operação é de 500°C. O carregamento aplicado é flexão pura alternada. A vida infinita é requerida e pode ser obtida, pois este aço dúctil apresentará limite de fadiga. Será considerado um fator para confiabilidade de 99,9%. Exemplo 6.1 Norton - Adaptado 1 – Estimar limite de fadiga do aço: 𝑆′𝑒 = 0,5𝑆𝑢𝑡 = 0,5 × 600 = 300𝑀𝑃𝑎 2- Carregamento de flexão: Ccarreg=1 3 – Fator de tamanho: 𝐂𝐭𝐚𝐦𝐚𝐧𝐡𝐨 = 𝟏, 𝟏𝟖𝟗𝑫 −𝟎,𝟎𝟗𝟕 = 𝟏, 𝟏𝟖𝟗 × 𝟏𝟐𝟏, 𝟏𝟐−𝟎,𝟎𝟗𝟕 = 𝟎, 𝟕𝟒𝟕 4 – Acabamento (laminação a quente) 𝐶𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓 = 𝐴𝑆𝑢𝑡 𝑏 = 57,7 × 600−0,718 = 0,584 5- Fator de Temperatura: 𝐶𝑡𝑒𝑚𝑝 = 1 − 0,0058 𝑇 − 450 = 1 − 0,0058 × 50 = 0,71 6 – Fator confiabilidade 99% - 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑓 = 0,753 𝑆𝑒 = 𝐶𝑐𝑎𝑟𝑟𝑒𝑔𝐶𝑡𝑎𝑚𝑎𝑛ℎ𝑜𝐶𝑡𝑒𝑚𝑝𝐶𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝐶𝑐𝑜𝑛𝑓𝑆′𝑒 𝑆𝑒 = 1 × 0,74 × 0,584 × 0,71 × 0,753 × 300 = 70𝑀𝑃𝑎 • BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley: projeto de engenharia mecânica. 10ª Ed. Porto Alegre: Amgh Editora, 2016. • NORTON, R. L. Projeto de máquinas: Uma abordagem integrada. 4ª Ed. Porto Alegre: Artmed Editora AS, 2013. Referência Bibliográfica
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