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Pé torto congênito

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Pé torto congênito 
(SBOT – Tratado de Ortopedia) 
Pé torto congênito é a denominação utilizada para um conjunto de 
deformidades presentes no pé da criança ao nascimento. 
Trata-se de uma das principais malformações do sistema 
musculoesquelético, que clinicamente caracteriza-se pelo equino do 
retropé, varo calcâneo, cavo, adução e supinação do médio e antepé. 
As alterações anatômicas e morfológicas encontradas envolvem 
todos os tecidos musculoesqueléticos abaixo do joelho, não se 
restringindo ao pé. 
Há predominância no sexo masculino na proporção de 2:1 e o 
acometimento é bilateral em 50% dos casos. O lado direito tem ligeira 
predominância. 
 
Etiologia 
A etiologia do PTC ainda é desconhecida. Parece ser uma entidade 
multifatorial, podendo resultar de causas genéticas com diferentes heranças, causas ambientais e causas relacionadas 
ao desenvolvimento. 
 
Teorias etiológicas: 
• Teoria cromossômica: defeito presente na célula germinativa, antes da fecundação. 
• Teoria embrionária: defeito que ocorre após a fecundação por volta da oitava semana gestacional. 
• Teoria neuromuscular: desequilíbrio do desenvolvimento neuromuscular levando ao predomínio da ação de grupos 
musculares. 
• Teoria da parada do desenvolvimento embrionário: a posição do pé encontrada ao nascer é semelhante àquela 
observada no terceiro mês de gestação. 
• Teoria esquelética: as deformidades ocorreriam em razão de alterações ósseas e posicionais do fator tálus, calcâneo, 
navicular e cuboide. 
• Teoria genética 
 
Patologia 0 
• As alterações do PTC resultam do mau alinhamento e das deformidades dos ossos, associados à retração das partes 
moles. 
• O tálus é o principal responsável na gênese da deformidade. Seu colo encontra-se menor e curvado em direção 
plantar e medial. 
• O navicular está deslocado medial e dorsal em relação ao talus, posicionando-se quase em contato com o maléolo 
tibial. 
• O calcâneo encontra-se em equino e varo sob o talus, e o cuboide medialmente em relação ao calcâneo. 
• A articulação talonavicular encontra-se luxada e o tornozelo em equino. 
• As partes mols estão bastante retraídas atuando como forças deformantes e impedindo a correção da deformidade 
óssea e o realinhamento das articulações. 
• O tendão calcâneo contribui para o varismo do retropé em razão da sua inserção mais medial. 
• O tendão tibial posterior mostra-se mais espesso, retraído e ramificado em sua inserção. 
• O tendão tibial anterior concorre para manter a supinação do antepé 
• O PTC não tratado apresenta mudanças adaptativas em sua estrutura ficando rígido e esteticamente prejudicado. 
Seu aspecto dorsolateral se encontra espesso com áreas de pressão e hipertrofia. 
 
Diagnóstico 
• O diagnóstico é clínico e de fácil realização uma vez que as deformidades são típicas (equino, varo, cavo e aduto). 
• O diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível, de preferencia ainda no berçário, procurando sinais de outras 
anormalidades congênitas, como doenças neurodisplásicas, sindrômicas e displasia do desenvolvimento do quadril. 
 
Deformidades clássicas: 
A borda lateral do pé está aumentada em relação à medial, podendo apresentar prega cutânea plantar pronunciada. 
O calcâneo encontra-se em equino e hipoplásico sob o talus, que é palpável na região lateral do dorso do pé. O tubérculo 
do navicular está localizado medialmente abaixo do maléolo tibial. O tendão calcâneo está retraído e tenso na região 
posterior do tornozelo. 
 
Outras deformidades: 
Atrofia da perna, tamanho menor de pé, encurtamento do membro afetado, torção tibial interna. 
 
O PTC pode ser classificado em três formas: 
• Postural: flexível e corrige com manipulação ou necessita apenas de algumas trocas de gesso para obtenção da 
correção das deformidades. 
• Idiopático: as deformidades são mais estruturadas e rígidas, não se corrigem com a manipulação. 
• Teratológico: rigidez associada com síndromes, principalmente a artrogripose múltipla congênita, com alto índice de 
recidivas e dificuldade de correção. 
 
Aspectos radiográficos 
O exame radiográfico não tem grande importância para o diagnóstico do PTC no recém-nascido, pois este é 
essencialmente clínico. Entretanto, é útil para acompanhar a evolução do tratamento e análise dos resultados. Nas 
crianças maiores, as radiografias são importantes para se avaliar os resultados e para planejar correções cirurgicas em 
caso de recidiva. 
 
Tratamento 
Tratamento conservador 
• O tratamento para o PTC é bastante controverso, entretanto há um consenso que o seu início deva ser precoce e de 
forma conservadora, logo nos primeiros dias de vida, aproveitando a plasticidade biológica da criança. 
• O objetivo principal do tratamento é tornar o PTC plantígrado, funcional e indolor. 
 
Atualmente, o método de Ponseti tem sido o mais utilizado. Na primeira consulta deve-se realizar palpação detalhada 
do pé com identificação das relações anatômicas dos ossos, seguida de manipulação gentil e imobilização com gesso. 
Durante a manipulação, procura-se promover o alongamento das partes moles, facilitando a correção da deformidade. 
Todo o membro foi previamente acolchoado por meio de uma dupla malha tubular. A confecção do gesso é realizada em 
duas etapas: na primeira, imobiliza-se a porção mais proximal do membro, mantendo o joelho fletido a 90 graus e, na 
segunda, após manobra de correção das deformidades, termina-se o gesso distalmente. Para se obter a correção da 
deformidade, todos os ossos distais ao tálus são rodados e lateralizados por baixo do mesmo, enquanto este se encontra 
fixo na mortalha do tornozelo. A manipulação se inicia com um polegar posicionado sobre a porção lateral da cabeça 
do tálus, usando-o com um fulcro, enquanto uma comtrapressão é exercida no primeiro metatarsiano e cuneiforme 
medial. Essa primeira aplicação deve promover a supinação do antepé, alinhamento do primeiro metatarso que se 
encontra verticalizado e pronado, corrigindo assim o cavismo do pé. O gesso é trocado a cada semana, seguindo uma 
sequência de progressão baseada na correção da inversão e no ganho de abdução. 
 
Tenotomia do calcâneo: quando não se obtém ganho na correção e deformidade em equino se mantém resistente, 
realiza-se a tenotomia percutânea do calcâneo. A tenotomia pode ser praticada no ambulatório sob anestesia local ou 
no centro cirúrgico (é o preferido). 
 
Após a tenotomia, o pé é imobilizado com gesso inguinopodálico com tornozelo em flexão dorsal de 15 graus e rotação 
externa acentuada. Após a retirada do ultimo gesso e com o pé corrigido, coloca-se um aparelho de abdução com barra 
transversal semelhante ao de Dennis-Brown com as boras posicionadas em 45 graus de abdução do pé normal e 70 para 
o pé deformado, com 10 graus de dorsiflexão. O protocolo de uso de órteses de abdução foi de 23h diárias nos primeiros 
3 meses, passando-se a seguir para o uso noturno, ao redor de 12 h, durante 4 anos. 
 
Tratamento cirúrgico 
• Indicado para recidivas frequentes da deformidade ou pés que não respondem ao tratamento conservador. 
• As técnicas empregadas atuam nas partes moles, buscando liberar apenas as estruturas que estão contraturadas, 
nas deformidades mais flexíveis. No entanto, os pés mais rígidos, a liberação das partes moles deve ser mais extensa. 
 
Tratamento do pé torto inverterado 
Devido às baixas condições socioeconômicas do Brasil, muitos pacientes não são tratados logo após o nascimento o 
iniciam o tratamento e o abandonam. Assim, muitas crianças com PTC procuram tratamento, já andando sobre o pé 
deformado, sendo que a deambulação prejudica ainda mais a deformidade.

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