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Formação Sociocultural e Ética

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FORMAÇÃO 
SOCIOCULTURAL E ÉTICA
PROF. ME. ANDERSON CÊGA
“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à 
geração, sistematização e disseminação do conhecimento, 
para formar profissionais empreendedores que promovam 
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e 
cultural da comunidade em que está inserida.
Missão da Faculdade Católica Paulista
 Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
 www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, 
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a 
emissão de conceitos.
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E 
ÉTICA
PROF. ME. ANDERSON CÊGA
SUMÁRIO
AULA 01
AULA 02
AULA 03
AULA 04
AULA 05
AULA 06
AULA 07
AULA 08
AULA 09
AULA 10
AULA 11
AULA 12
AULA 13
AULA 14
EDUCAÇÃO AMBIENTAL - CONCEITOS 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – RESPONSABILIDADE POR 
DESASTRES AMBIENTAIS
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – CRIMES AMBIENTAIS
HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS – DIVERSIDADE HUMANA
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS - CONCEITO
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL BRASILEIRA
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – DIREITO DAS 
MULHERES
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – DIREITO DAS 
CRIANÇAS
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – DIREITO DOS 
IDOSOS
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – IDENTIDADE DE 
GÊNERO
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – HOMOFOBIA
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – PORTADORES 
DE NECESSIDADES ESPECIAIS
ÉTICA - CONCEITO
06
15
23
33
43
49
56
63
75
83
88
96
101
112
FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E 
ÉTICA
PROF. ME. ANDERSON CÊGA
AULA 15
AULA 16
ÉTICA E O MUNDO GLOBALIZADO DE HOJE
ÉTICA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO
119
128
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FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E 
ÉTICA
PROF. ME. ANDERSON CÊGA
INTRODUÇÃO 
O presente texto tem a finalidade de levá-lo à jornada do conhecimento, desmistificando 
algumas “verdades” aparentes do conhecimento popular. E assim, ao longo desta jornada 
descobriremos realmente do que se trata o direito ambiental, a cultura afro-brasileira, as 
relações étnico raciais, os direitos humanos e a ética.
A cada passo uma nova descoberta, um novo rumo que mudará completamente todo o 
seu modo de ver, e pensar a respeito de cada tema proposto. Espero que goste da forma 
apresentada, bem como a clareza desenhada no trajeto, para que ao final, possa refletir 
e considerar como sua mente, seu conhecimento e a forma como enxerga o presente se 
alterou. Lembre-se, deixe anotado o que pensa a respeito de cada tema, antes de iniciar os 
seus estudos, e ao final reveja como o enxerga após o conhecimento adquirido.
Parabéns por chegar até aqui, o primeiro passo, nos vemos ao final, e sinceramente espero 
que tenha repensado sua forma de enxergar o presente em uma perspectiva solidária global.
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AULA 1
EDUCAÇÃO AMBIENTAL - 
CONCEITOS
A Educação Ambiental é muitas vezes deixada de lado, ou mal interpretada, nesse sentido, 
temos a responsabilidade de esclarecer e ilustrar a importância deste assunto para todos 
vocês. 
Nesta perspectiva, a Lei 6.938/1981 trouxe a definição legal de meio ambiente:
“Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, 
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
No entanto, trata-se de conceito restritivo, segundo aponta Vladimir Passos de Freitas 
(2020), pois se limitaria aos recursos naturais, justificado pela época em que a lei foi editada.
O Supremo Tribunal Federal segue defende:
a incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por 
interesses empresariais nem ficar dependente de motivações de índole 
meramente econômica, ainda mais se se tiver presente que a atividade 
econômica, considerada a disciplina constitucional que a rege, está 
subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele que privilegia a 
‘defesa do meio ambiente’ (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo 
e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente 
cultural, de meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente 
laboral (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 2016).
De qualquer sorte, assim restou consagrada em nosso país, mas que representa muito 
mais do que a imediata e precipitada conclusão de que seria apenas o meio ambiente natural, 
como ar, solo, água, fauna e flora conforme prevê o conceito legal. Portanto, precisamos 
entender que temos um meio ambiente natural, cultural, artificial e do trabalho.
O objetivo da classificação é identificar a atividade degradante e o bem atingido pela 
agressão, mantendo a unidade conceitual de meio ambiente. Carlos Frederico Marés defende 
que:
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O meio ambiente, entendido em toda a sua plenitude e de um ponto de 
vista humanista, compreende a natureza e as modificações que nela 
vem introduzindo o ser humano assim, meio ambiente é composto pela 
terra, a água, o ar, a flora e a fauna, as edificações, as obras-de-arte e 
os elementos subjetivos e evocativos como a beleza da paisagem ou a 
lembrança do passado, inscrições, marcos ou sinais de fatos naturais 
ou da passagem de seres humanos (MARÉS, ...).
Portanto, podemos facilmente observar que o conceito de ambiente vai além daquilo que 
foi definido pela legislação e podemos classificá-lo em quatro categorias distintas:
CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO
Ambiente Natural É a água, o ar, o solo, a flora e a fauna e o equilíbrio 
dinâmico entre todos os seres vivos o local onde vivem. 
Ex.: § 1.º do art. 225 da CF.
Ambiente Artificial Está relacionado ao meio urbano, sendo o espaço 
construído (conjunto de edificações). Ex.: arts. 182 e 
21, XX, da CF e o Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001.
Ambiente Cultural Descreve a história de um povo, sendo integrado pelo 
patrimônio artístico, paisagístico, arqueológico, turístico, 
etc. Ex.: art. 216 da CF.
Ambiente Laboral ou do Trabalho É o ambiente onde as pessoas realizam as suas 
atividades de trabalho, sejam elas remuneradas ou 
gratuitas. As palavras-chave são salubridade e saúde 
físico-psíquica. Ex.: arts. 7.º, XXIII, e 200, VII, da CF.
MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL
Entende-se como meio ambiente artificial o espaço urbano construído, considerando as 
edificações (espaço urbano fechado) e os equipamentos públicos (espaço urbano aberto) 
– ruas, praças, áreas verdes, espaços livres em geral. Resumidamente, é a ação do homem 
consistente em transformar o meio ambiente natural em artificial. Também é chamado de 
meio ambiente construído por ser formado por todos os assentamentos humanos e seus 
reflexos urbanísticos.
O melhor exemplo de transformação é a cidade daí todas as preocupações em relação à 
qualidade de vida, expressão utilizada tanto no caput do art. 225 como no inciso V do seu 
§ 1.º. Citando José Afonso da Silva, Elida Séguin aponta para uma disciplina autônoma do 
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Direito Ambiental a partir do meio ambiente construído: o Direito Urbanístico. E com razão, 
pois as preocupações são as mesmas e o Estatuto da Cidade, que instituiu diretrizes gerais 
para política urbana, representa isso.
A poluição sonora, por exemplo, é uma das formas de degradação ao meio ambiente 
artificial, conforme já decidiu o STJ ao admitir a legitimidade do Ministério Público para propor 
ação civil pública na defesa da segurança do trânsito, matéria relativa à ordem urbanística, 
com vistas à proteção de direitos difusos e coletivos.
Se nós tínhamos antes da Constituição Federal de 1988 uma política nacional do meio 
ambiente (natural), a partir dela, por meio do art. 182 dotexto constitucional, passamos a ter 
também uma política de desenvolvimento urbano para a tutela do meio ambiente artificial 
e regulamentada pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001).
Esta lei estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da 
propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem 
como do equilíbrio ambiental (art. 1.°, parágrafo único). Dentre as diretrizes gerais da política 
urbana, aquelas que merecem destaque para o meio ambiente artificial são as seguintes:
• a garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à 
moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços 
públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações (art. 2.°, I);
• o planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população 
e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de 
modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos 
sobre o meio ambiente (art. 2.°, IV);
• a ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação 
à infraestrutura urbana;
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos 
geradores de tráfego, sem a previsão da infraestrutura correspondente;
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não 
utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental 
(art. 2.°, VI);
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• a adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana 
compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município 
e do território sob sua área de influência (art. 2.°, VIII);
• a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio 
cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico (art. 2.°, XII);
• a audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de 
implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos 
sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população 
(art. 2.°, XIII).
MEIO AMBIENTE CULTURAL
O patrimônio ambiental cultural ou meio ambiente cultural é aquele que abrange, segundo 
Vladimir Passos de Freitas (2020), as “obras de arte, imóveis históricos, museus, belas 
paisagens, enfim tudo o que possa contribuir para o bem-estar e a felicidade do ser 
humano” ou “aquilo que possui valor histórico, artístico, arqueológico, turístico, paisagístico 
e natural”.
O art. 216 da Constituição Federal conceitua o patrimônio cultural brasileiro como aqueles 
“bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores 
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade 
brasileira” e nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico.
A Emenda Constitucional 48/2005 veio acrescentar a previsão de que a lei estabelecerá o 
Plano Nacional de Cultura – PNC que, segundo o § 3.º do art. 215, terá duração plurianual, 
visando ao desenvolvimento cultural brasileiro e à integração das ações do Poder Público 
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que conduzem, entre outras, à defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro (inciso 
I). Este plano está em fase de elaboração na Câmara dos Deputados.
Por sua vez, o Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá 
o patrimônio cultural brasileiro – art. 216, § 1.°, da CF – por meio de:
• inventários;
• registros;
• vigilância;
• tombamento;
• desapropriação, 
• de outras formas de acautelamento e preservação.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, autarquia federal, é o 
órgão responsável pela preservação, defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro.
Em dezembro de 2009, a Justiça Federal condenou o IPHAN por ter deixado de aplicar 
multas por danos ao patrimônio histórico e artístico nacional, previstas no Decreto-lei 25/1937, 
visto que o instituto tem poder de polícia para agir em defesa dos bens públicos tombados.
Segundo o art. 1.º do decreto referido, constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o 
conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse 
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu 
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
Em nível mundial de preservação do patrimônio histórico, cultural e natural, o principal 
órgão internacional é a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura – UNESCO.
Mas qualquer cidadão, desde que prove a sua cidadania com título eleitoral ou com 
documento que a ele corresponda é parte legítima para propor ação popular que vise a 
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (art. 5.°, LXXIII, da CF). 
A ação popular está regulamentada pela Lei 4.717/1965 e considera patrimônio público para 
este fim os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico (art. 
1.°, § 1.°).
Por sua vez, não podemos esquecer que o Ministério Público tem a função de promover o 
inquérito civil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio 
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (ciência do inciso III do art. 129 da CF).
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O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que:
MEIO AMBIENTE. Patrimônio cultural. Destruição de dunas em sítios 
arqueológicos. Responsabilidade civil. Indenização. O autor da destruição 
de dunas que encobriam sítios arqueológicos deve indenizar pelos 
prejuízos causados ao meio ambiente, especificamente ao meio ambiente 
natural (dunas) e ao meio ambiente cultural (jazidas arqueológicas com 
cerâmica indígena da Fase Vieira). Recurso conhecido em parte e provido 
(SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2016).
Atente-se ainda que compete aos municípios, segundo o inciso IX do art. 30 da CF, promover 
a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora 
federal e estadual. O inciso III do art. 23 também da Carta Magna distribui competência 
entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios para proteger os documentos, as obras 
e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais 
notáveis e os sítios arqueológicos.
Por fim, a Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) prevê a proteção do meio ambiente natural 
e artificial e também do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico 
(art. 2.º, XII).
MEIO AMBIENTE LABORAL OU DO TRABALHO
O meio ambiente laboral é aquele que envolve as condições do local onde é prestado o 
serviço pelo trabalhador, observada a sua saúde. 
Ou seja, no meio ambiente labora, é observada a salubridade no processo de produção e 
que envolvem fatores químicos, biológicos e físicos. Por exemplo, o STJ já decidiu, observando 
o meio ambiente do trabalho, que é aplicável sanção administrativa ao empregador que, 
emboracoloque EPI (Equipamento de Proteção Individual) à disposição do empregado, deixa 
de fiscalizar e fazer cumprir as normas de segurança, pois seu fornecimento e uso são 
obrigatórios.
Outro exemplo, o STJ decidiu que é cabível ação civil pública com o objetivo de afastar danos 
físicos a empregados de empresa em que muitos deles já ostentavam lesões decorrentes 
de esforços repetitivos (LER), tendo o Ministério Público Estadual legitimidade para propô-la, 
pois se refere à “defesa de interesse difusos, coletivos ou individuais homogêneos, em que 
se configura interesse social relevante, relacionados com o meio ambiente do trabalho”.
E por se tratar das condições de trabalho, o STF determinou que:
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COMPETÊNCIA – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – CONDIÇÕES DE TRABALHO. 
Tendo a ação civil pública como causas de pedir disposições trabalhistas 
e pedidos voltados à preservação do meio ambiente do trabalho e, 
portanto, aos interesses dos empregados, a competência para julgá-la 
é da Justiça do Trabalho (Supremo Tribunal Federal, 2016).
Portanto, o meio ambiente do trabalho está diretamente relacionado com a segurança do 
empregado em seu local de trabalho, conforme conclui Luís Paulo Sirvinskas (2020), tendo 
em vista que o “direito ambiental não se preocupa somente com a poluição emitida pelas 
indústrias, mas também deve preocupar-se com a exposição direta dos trabalhadores aos 
agentes agressivos”.
Elida Séguin (2021) aponta como riscos ambientais presentes nos ambientes de trabalho:
• Riscos físicos, como ruído, vibração, temperaturas extremas, pressões anormais, radiações 
ionizantes e não ionizantes;
• Riscos químicos, como poeiras, fumos, gases, vapores, névoas e neblinas, entre outros;
• Riscos biológicos, como fungos, helmitos, protozoários, vírus, bactérias, entre outros.
O inciso VIII do art. 200 da CF constitui o fundamento constitucional do meio ambiente 
do trabalho, senão vejamos:
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos 
da lei:
…
VIII – Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
O próprio capítulo Dos Direitos Sociais aponta para a preocupação do constituinte naqueles 
direitos que buscam a redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança (art. 7.º, XXII). A Norma Regulamentadora 15 (NR 15) trata das 
atividades e operações insalubres.
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Isto está na rede
Em 2020 o mundo conheceu a realidade de uma pandemia, a Covid-19 que apresentou 
seus primeiros contaminados no fim do ano de 2019 ganhou força mundial logo no 
início do ano de 2020. O medo e as precauções para conter a Covid-19 envolveram 
utensílios plásticos e descartáveis, como luvas e máscaras, que passaram a ser utilizados 
descontroladamente, proporcionando um acúmulo gigantesco de lixo plástico. Outro fator 
preocupante é o aumento nas compras online, pois devido a quarentena as compras pela 
internet aumentaram consideravelmente, e os produtos são enviados aos compradores 
por embalagens plásticas de péssima qualidade. 
Fonte: https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,a-covid-19-levou-a-uma-
pandemia-de-poluicao-plastica,70003344087
Isto acontece na prática
“BRIGA DE GALOS” (AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 1.856/RIO DE 
JANEIRO) Caso de notável relevância para o meio ambiente, em seu sentido ampliado, 
abordou a constitucionalidade da denominada “briga de galos”, assunto submetido ao 
crivo do Plenário do Supremo Tribunal Federal a partir do ajuizamento da Ação Direta 
de Inconstitucionalidade (ADI) nº 1.856/RJ (BRASIL, 2011), proposta pelo procurador-
geral da República, tendo como relator o ministro Celso de Mello, demanda julgada 
em 26.5.2011, quando se decidiu que a referida prática configura crime previsto no 
art. 32 da Lei nº 9.605/98, de 12.2.1998 (BRASIL, 1998), sendo, ainda, atentatória à 
própria Constituição da República, não configurando simples manifestação cultural, 
mas inquestionável ato de crueldade contra os animais empregados na disputa, 
cuja proteção jurídica, com nítido escopo socioambiental, encontra amparo na Lei 
Fundamental. Resumidamente, no voto proferido pelo ministro relator, Celso de Mello 
(BRASIL, 2011), reconheceu-se o impacto negativo que a legislação atacada representaria 
para a incolumidade do patrimônio ambiental dos seres humanos e para a preservação 
da fauna, razão pela qual se reconheceu a existência de conflito entre a Lei nº 2.895, 
de 20 de março de 1998 (Estado do Rio de Janeiro, 1998), a qual admitia e até mesmo 
regulava a chamada “briga de galos”), e a regra prevista no art. 225, caput, e § 1º, VII, 
da Constituição Federal (Brasil, 1988), dispositivo que veda qualquer crueldade contra 
os animais. Celso de Mello (Brasil, 2011), citando balizada doutrina da área ambiental, 
relembrou que o Constituinte, ao proteger a fauna e vedar práticas que submetam os 
animais a atos crueldade, objetivou tornar efetivo o direito fundamental à preservação 
da integridade do meio ambiente
https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,a-covid-19-levou-a-uma-pandemia-de-poluicao-plastica,70003344087 
https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,a-covid-19-levou-a-uma-pandemia-de-poluicao-plastica,70003344087 
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Anote isso
MEIO AMBIENTE, se divide em Natural, Artificial, Cultural e do trabalho. E não apenas 
grama, rios e animais, como a maioria das pessoas veem e acreditam que é. O meio 
ambiente foi dividido nestes macro ambientes para que sejam melhor estudados/ 
trabalhados, pois entender as particularidades é importante para que realmente ocorra 
a preservação da natureza e da vida na terra.
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AULA 2
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – 
RESPONSABILIDADE POR 
DESASTRES AMBIENTAIS
Os desastres ambientais marcaram a história da vida na terra desde o início. Estes desastres 
podem envolver a ação humana ou não. O Brasil já sofreu com vários desastres ambientais 
de grande magnitude, envolvendo perdas de muitas vidas humanas. 
A história da humanidade parte de um mundo de coisas em conflito para 
um mundo de ações em conflito. No início, as ações se instalavam nos 
interstícios das forças naturais, enquanto hoje é o natural que ocupa 
tais interstícios. Antes, a sociedade se instalava sobre lugares naturais, 
pouco modificados pelo homem, hoje, os eventos naturais se dão em 
lugares cada vez mais artificiais, que alteram o valor, a significação dos 
acontecimentos naturais (SANTOS, 2006, p. 96).
1984 - Vila Socó - uma falha em dutos subterrâneos da Petrobras espalhou 700 mil litros de 
gasolina nos arredores da vila, localizada em Cubatão (SP). Após o vazamento, um incêndio 
destruiu parte de uma comunidade local, deixando quase cem mortos.
Vila Socó depois da tragédia | Foto: Reprodução | O popular. Fonte: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-
mundo
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo
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Os desastres ambientais sempre chamam a atenção por sua extensão aos seres humanos, 
a exposição e a desapropriação forçada com que as pessoas são expostas pela destruição 
de seus bens, bens estes que muitos levaram a vida toda para conseguir reunir e assim 
propiciar conforto a seus entes queridos.
No entanto, o que poucas pessoas sabem é que o Estado em nosso caso o Brasil, é o 
responsável direto pelos desastres ambientais 
O fundamento constitucionalda responsabilização civil do Estado vem do parágrafo 6º, 
do artigo 37, o qual assegura que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito 
privado prestadoras de serviço público respondem pelos danos que seus agentes causarem 
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o agente causador, quando este atuar 
com dolo ou culpa.
A ideia central da responsabilização civil do Estado é a de que quem obtém o bônus, 
arca com o ônus, ou seja, como os serviços estatais a todos aproveita, nada mais justo que 
estes - a sociedade - respondam pelos danos decorrentes daquela atividade.
A Constituição Federal se refere à responsabilidade objetiva do Estado para com os lesados, 
excepcionando, todavia, ao servidor público, a responsabilidade subjetiva.
A responsabilização objetiva do Estado existe desde a Constituição Federal de 1.946 
(artigo 194), e foi repetida nas Constituições seguintes, de 1.967 (artigo 105) até chegar ao 
texto atual do artigo 37, § 6º.Oportuno o destacar que “tal responsabilidade não será elidida 
nem mesmo pela alegação de legalidade da atividade empreendida, tendo em vista caber 
ao Estado responder pelos danos decorrentes da consecução de suas políticas públicas”
Enquanto que no antigo liberalismo cabia ao Estado abster-se da sociedade, no pós-
modernismo é seu dever realizar prestações positivas no campo social, haja vista que:
[...]enquanto os ‘direitos individuais’ significam um não fazer do Estado 
e dos demais agentes públicos, os ‘direitos sociais’ devem ser vistos 
como aqueles que têm por objetivo ‘atividades positivas’ do Estado, do 
próximo e da sociedade, para subministrar aos homens certos bens e 
condições. (DANTAS, 2010, p.32)
Assim, “no Estado Democrático de Direito a base do Direito Administrativo só pode ser 
o Direito Constitucional”. O artigo 225 da Constituição Federal determina à sociedade e ao 
Poder Público o dever de proteção ambiental e, seu artigo 170, IV, dispõe que as atividades 
econômicas só se legitimam quando preservam o meio ambiente.
Não restam dúvidas que o artigo 225, § 3º, da Constituição Federal recepcionou a norma 
insculpida no artigo 14 e seu parágrafo 1º, da Lei nº 6.938/81, que estabelece a Política 
Nacional do Meio Ambiente, dispondo expressamente que quem deixar de tomar as medidas 
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necessárias à preservação ou correção de danos ambientais deverá, independentemente de 
sua culpa, repará-los ou indenizá-los:
Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, 
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à 
preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela 
degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
[...]
§ 1º. - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o 
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar 
ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados 
por sua atividade.
O artigo 225, da Constituição Federal, determina uma ação estatal e da sociedade, tanto 
preventiva como repressiva à proteção ambiental e, seu parágrafo primeiro reforça o dever do 
Poder Público a tal incumbência, daí a concluir que há uma obrigação pré-existente de tutela 
ambiental do Estado, surgindo, consequentemente, a possibilidade de sua responsabilização 
por omissão.
Outrossim, o dispositivo legal acima mencionado usa a expressão poluidor que, segundo 
definição da própria Lei 6.938/81, é toda “[...] pessoa física ou jurídica, de direito público 
ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação 
ambiental” (Art. 3º, IV).
Decorrência disto é a legitimidade passiva solidária de todo aquele que contribuir, direta 
ou indiretamente, para a degradação ambiental, ou seja, a pessoa física que emanou o ato 
também é responsável solidariamente à pessoa jurídica pela qual atuou.
Nota-se que o aludido dispositivo não faz distinção entre poluidor público ou privado, 
logo, da mesma forma que o administrador de uma empresa privada responde pelos danos 
ambientais por ela provocados, o administrador público responderá pelos danos ambientais 
provocados pela pessoa jurídica de direito público a qual representa, porém pela teoria 
subjetiva, conforme reza o artigo 37, § 6º, da Constituição Federal.
Neste ponto discordamos de parte da doutrina que entende haver uma equiparação 
isonômica entre o poluidor público e o privado, uma vez que a Constituição Federal 
expressamente excepcionou ao servidor público, a responsabilização nos casos de dolo ou 
culpa, ao passo que, em relação ao representante de pessoa jurídica de direito privado, a 
responsabilização por danos ambientais será independentemente de culpa.
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Não obstante se trate de um macro bem - meio ambiente - não há como prevalecer 
a legislação infraconstitucional em face de disposição expressa da Constituição Federal, 
devendo-se fazer uma interpretação conforme a constituição do artigo 3º, IV, da Lei 6.938/81.
Não há dúvidas, entretanto, ser cabível a responsabilização do agente público pelos danos 
ambientais, aos quais a pessoa jurídica de direito público que ele representa for poluidora 
direta ou indireta.
Isto porque, como ensina Paulo Affonso Leme Machado, os bens ambientais são valores 
constitucionais indisponíveis e, não raras vezes, a discricionariedade administrativa os 
interpreta em conformidade às suas expectativas - legítimas ou não - incorrendo em prejuízos 
aos seres humanos.
Aliás, a ação administrativa deve pautar-se pelos princípios da legalidade, moralidade, 
eficiência, impessoalidade e publicidade (Art. 37, caput, da Constituição Federal, e Art. 4º 
da Lei nº 8.429/92).
O parágrafo 4º, do artigo 37, da Constituição Federal, cumulado com sua regulamentação 
infraconstitucional, a Lei nº 8.429/92, elenca atos considerados de improbidade administrativa 
e as respectivas sanções.
O ato improbo pode decorrer do recebimento de uma vantagem indevida para deixar de 
praticar algo que deveria fazer, ou para fazer algo que não deveria (Art. 9º da Lei nº 8.429/92). 
Pode decorrer também de qualquer dano ambiental gerado por ação ou omissão, dolosa ou 
culposa, que lesa o erário público (Art. 10, da Lei nº 8.429/92). Além destes, pode decorrer 
até mesmo da infringência de um dos princípios da administração pública (Art. 11, da Lei nº 
8.429/92), sujeitando, em qualquer dos casos, o responsável às penalidades previstas nos 
artigos 37, § 4º da Constituição Federal, e 12º, da Lei nº 8.429/92.
Frisa-se, outrossim, que não cabe ao Estado escusar-se ao cumprimento das medidas 
necessárias à preservação ou correção dos danos ambientais alegando a cláusula da reserva 
do possível. A Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente, da Organização das Nações 
Unidas, determina aos Estados em desenvolvimento obrigação de planejamento integrado 
para assegurar a compatibilidade entre desenvolvimento e preservação ambiental (princípio 
13º) e, a questão já foi posta à apreciação do Supremo Tribunal Federal, que julgou incabível 
alegação da reserva do possível diante da omissão estatal na implantação de políticas 
públicas previstas na Constituição Federal, sempre que a omissão vier a comprometer a 
eficácia e integridade de direitos sociais.
Deve o Estado, portanto, priorizar políticas públicas definidas no texto constitucional, 
dentre as quais está a preservação e defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado 
para as gerações presente e futuras (Art. 225).
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O que vemos, no entanto, é o descaso do Poder Executivo para com a preservação 
ambiental, haja vista o descompromisso com os órgãos ambientais responsáveis, que não 
têm equipamentos modernos, tampouco quantidade e qualidade de pessoal necessários 
ao serviçode fiscalização e inspeção das obras e serviços potencialmente poluidores. Seus 
veículos estão sucateados e não há pessoal habilitado suficiente à demanda do país, o que 
se reflete na falha dos serviços de fiscalização ambiental e o grande número de danos ao 
meio ambiente.
Isto reforça a necessidade de responsabilização do Estado por omissão na preservação e 
proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado que, apesar de ser direito fundamental 
do ser humano e dever constitucional expresso do Poder Público, é tratado com descaso 
pelo Poder Executivo que não a prioriza.
Assim, “se o Estado lesar um bem juridicamente protegido para satisfazer um interesse 
público, mediante conduta comissiva legítima, responderá com fundamento no princípio 
da isonomia, pois, se todos se beneficiam com conduta do Estado, também deverão arcar 
com seu ônus”, além de que, a reparação do dano aproveitará a toda a sociedade e, na 
impossibilidade da repará-lo, a indenização deve ser destinada a um fundo de reparação 
do meio ambiente, uma vez que, em qualquer dos casos, a sanção imposta ao Estado se 
reverterá em benefício social.
O Estado, entretanto, não é um segurador universal, cabendo uma análise caso a caso 
sobre o seu dever fiscalizatório em relação ao dano causado, para ser legitimado passivo 
de uma ação reparatória, uma vez que:
Para que haja responsabilização em matéria ambiental é necessário apenas verificar se, no 
caso concreto, o sujeito se caracteriza como poluidor direto ou indireto, o que passa pela ideia 
de nexo e, no caso de omissão do Estado deverá considerar a natureza e os limites de seu 
dever fiscalizatório. Por isto é que, em casos tais, para que o Estado possa ser considerado 
poluidor indireto o intérprete deverá perscrutar a existência de culpa administrativa, isto é, 
se a fiscalização podia ou não ser exigida da Administração (17).
Em suma, em se tratando de responsabilidade na reparação de dano ambiental por 
ação, basta a conduta, o resultado e o nexo causal, ainda que indireto, ao passo que, para 
a responsabilização por omissão, acresce-se aos elementos retro mencionados a culpa 
administrativa que, conforme narrado, significa o simples não funcionamento do serviço.
Esta culpa administrativa é mais facilmente identificada, e até presumida, naquelas 
atividades potencialmente poluidoras às quais a lei exige prévio licenciamento ambiental, 
podendo, entretanto, o Estado elidir a presunção da culpabilidade.
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Isto está na rede
Desde o dia 25 de janeiro, a população brasileira acompanha as repercussões de 
mais um crime ambiental de proporções incalculáveis. O rompimento da barragem de 
“Brumadinho 1”, na região do Córrego do Feijão (MG) já entrou para a história em função 
do número de vítimas identificadas até o momento, sendo que as buscas ainda não se 
encerraram. “Um crime dessas proporções é sempre impactante, porque evidencia a 
permissividade do Estado brasileiro com o grande capital na exploração dos recursos 
naturais, negligenciando alertas emitidos por organismos internacionais, movimentos 
sociais e órgãos ambientais sobre os riscos de sua existência”, avalia a presidente do 
CFESS, Josiane Soares. Assim como o ocorrido em Mariana (MG) em 2015, também 
a mina de Brumadinho acumulava um histórico de problemas notificados por órgãos 
ambientais desde 1998, como multas por deslizamentos, despejo de efluentes nos rios 
e poluição do ar (conforme noticiado pelo Portal Terra – clique aqui para saber mais. 
“Em razão de tais fatos, o Conjunto CFESS-CRESS, alinhado com o Movimento de 
Atingidos por Barragens (MAB) e outras organizações em defesa dos direitos humanos, 
reforça que não se pode naturalizar a retórica do ‘desastre’ ambiental, para qualificar o 
que ocorreu em Brumadinho, como também não foi ‘desastre’ a situação de Mariana, 
sobre a qual também nos manifestamos à época”, relembra a presidente do CFESS 
(clique para ler a nota sobre Mariana). Desastres são imprevistos e o rompimento dessa 
barragem já era uma tragédia anunciada, diante da qual não se registra nenhuma medida 
preventiva, nem voltada à população residente na região e, tampouco, voltada aos/às 
trabalhadores/as da Vale, também atingidos/as. “Embora indenizações e reparações de 
quaisquer naturezas não possam suprimir as consequências do ocorrido, responsabilizar 
esses empreendimentos tem o sentido político de mostrar que o valor econômico 
dessas atividades não pode se sobrepor ao valor das vidas que foram perdidas e 
prejudicadas pelo seu funcionamento. Tem também o sentido político de alertar para 
o movimento, fortemente presente na composição do atual Executivo Federal e do 
Congresso Nacional, que caminha de braços dados com as mais retrógradas frações 
da classe dominante brasileira interessada em flexibilizar os parcos dispositivos legais 
que regulam o avanço do capital sob o meio ambiente – o que inclui os direitos das 
populações que vivem e trabalham nessas localidades”, analisa a conselheira do CFESS 
Mariana Furtado. AÇÃO POLÍTICA E DEMANDAS AO TRABALHO DE ASSISTENTES 
SOCIAIS NA REGIÃO O Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais (CRESS-
MG) vem desempenhando importantes ações em defesa dos direitos da população 
afetada pelo crime socioambiental de Brumadinho. O conselheiro Leonardo Koury 
Martins, coordenador da Comissão de Ética e Direitos Humanos, tem acompanhado 
diretamente as atividades do “gabinete de crise” em conjunto com o Conselho Regional de 
Psicologia (CRP), a Comissão de Direitos Humanos da OAB, o MAB e outras instituições 
do estado. Leonardo destaca que um dos avanços pactuados na última reunião, realizada 
em 30 de janeiro, foi o compromisso do poder público municipal de convocar os/as 
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profissionais da região para uma reunião interdisciplinar de “alinhamento” com suas 
entidades representativas. “O trabalho em andamento busca assegurar o atendimento 
emergencial, mas não deve se restringir a este. Precisamos acionar o conjunto mais 
amplo das políticas públicas, a exemplo das políticas de desenvolvimento territorial e 
habitação de interesse social, considerando-se os diversificados impactos presentes 
numa situação como esta”, enfatiza o conselheiro. Para demarcar esse propósito, o 
CRESS-MG produziu uma nota de orientação à categoria profissional, disponibilizada 
em seu site. Outra questão importante é a organização administrativa do CRESS-MG, 
para atender à demanda emergencial de novos pedidos de inscrição em função de 
contratações temporárias que estão ocorrendo em decorrência da necessidade de 
recompor as equipes para atendimento na região. “Organizamos um fluxo específico e 
mais célere, para agilizar a aprovação dessas novas inscrições e eventuais reinscrições, 
considerando a necessidade de possibilitar o trabalho profissional com qualidade e 
prestado em condições legais por profissionais devidamente inscritos/as no CRESS”, 
informa a conselheira vice-presidente, Ana Maria Bertelli. O CFESS reafirma que o 
compromisso de assistentes sociais em todo o Brasil é com a qualidade dos serviços 
prestados e o acesso da população aos direitos sociais e humanos. O Conselho Federal 
se solidariza com a população e com os/as trabalhadores/as da Vale afetados/as pelo 
que o CFESS considera um crime. “Conclamamos, juntamente com o CRESS-MG, as/
os assistentes sociais da região a se empenharem na realização de suas atribuições, 
munidas/os de nossas bandeiras de luta, pois assegurar um trabalho competente e 
com direção política é essencial para combater as desumanidades e os impagáveis 
custos da exploração do trabalho no capitalismo”, completa a presidente do CFESS.
Fonte: http://cress-sc.org.br/2019/02/11/crime-ambiental-de-brumadinho-traz-
desdobramentos-para-a-rede-socioassistencial
Isto acontece na prática
2015 - Rompimento da barragem de Mariana -em 5 de novembro de 2015, o rompimento 
da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana (MG), provocou a liberação de uma 
onda de lama de mais de dez metros de altura, contendo 60 milhões de metros cúbicos 
de rejeitos. Em Minas Gerais, na última década, ocorreram desastres ambientais com 
mineração em Nova Lima (2001), em Miraí (2007), em Itabirito (2014), e em Brumadinho 
2019.
http://cress-sc.org.br/2019/02/11/crime-ambiental-de-brumadinho-traz-desdobramentos-para-a-rede-socioassistencial
http://cress-sc.org.br/2019/02/11/crime-ambiental-de-brumadinho-traz-desdobramentos-para-a-rede-socioassistencial
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Anote isso
Dentre todos os desastres ambientais ocorridos no Brasil, quantas pessoas foram 
realmente condenadas até os dias de hoje? As pessoas jurídicas pagam as multas 
ambientais, mas na esfera penal, não são condenadas.
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AULA 3
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – CRIMES 
AMBIENTAIS
O ambiente é o que somos em nós mesmos. Nós e o ambiente 
somos dois processos diferentes; nós somos o ambiente e 
o ambiente somos nós (JIDDU KRISHNAMURTI).
O Brasil frequentemente se transforma em um circo dos horrores em matéria ambiental, 
em razão da tragédia consumada ocorrida na barragem em Brumadinho, bem como a 
anunciada pelo Governo Federal para a Amazônia em favor das empresas mineradoras 
em 2017, a principal lei sobre o meio ambiente é a atual Lei 9.605/98, conhecida como Lei 
Ambiental. Embora não haja dúvida quanto ao avanço jurídico alcançado pelo advento do 
novo ordenamento, estamos ainda bastante atrasados no tocante à necessária revisão, 
especialmente no que diz respeito à parte criminal.
A Lei Ambiental é uma lei de natureza mista, ou seja, possui conteúdo variado, disciplinando 
temas como o Direito Penal, Direito Processual Penal e Direito Administrativo. Entretanto, dos 
oitenta e dois artigos que a compõem, sessenta e nove deles são de natureza criminal, que, 
por sua vez, criam trinta e quatro tipos penais incriminadores: seis contra a fauna; catorze 
contra a flora; cinco referentes à poluição; quatro em prejuízo do ordenamento urbano e do 
patrimônio cultural; e por fim, outros cinco que atentam contra a administração ambiental. 
Vamos ver os crimes propriamente ditos.
Contra a fauna
Os atentados que se relacionam à fauna, então previstos na Lei 5.197/67 (Código de Caça) 
e o Decreto-Lei 221/67 (Código de Pesca) foram consolidados então na Seção I do Capítulo V.
Cumpre salientar que as penas cominadas guardam, de certo modo, uma adequação à 
gravidade dos fatos, distanciando-se do que foi outrora previsto que, por considerar como 
inafiançáveis os delitos cometidos contra a fauna silvestre e, por estabelecer sanções um 
tanto quanto rigorosas em demasia, tinha sua aplicação prática um tanto quanto discreta. 
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Aplica-se, na grande maioria dos casos, os princípios da insignificância e da irrelevância 
penal do fato (= delito de bagatela), absolvendo então os acusados.
Considerações acerca dos tipos penais em se tratando a fauna merecem destaque.
Inicialmente no art. 29 fez o legislador referência à “espécimes”, assim sendo, este deu 
sentido de que o tipo penal só se verificará com a ação em face de vários exemplares da 
fauna, ou seja, que o dano aplicado em relação a tão somente um exemplar não configura-
se crime.
Com relação ao art. 30, verificou-se a utilização da expressão: “exportar para o exterior”, 
se não verificando-se essa redundante, ao menos restringiu a possibilidade da prática de tal 
fato típico no comércio tão somente interno, fato muito comum em se tratando de Brasil.
Outra questão importante é a que se refere ao art. 32, que trata da prática de abuso 
contra os animais, haja vista não se ter definido legalmente o que se configura como sendo 
a “prática de abusos”. “Maus-tratos” é o nome jurídico da conduta que consta o art. 136 do 
Código Penal, no entanto, praticada contra animais possui uma pena maior do que contra 
o humano.
Contra a flora
Dos crimes contra a flora, previstos na Seção II do Capítulo V, destaca-se a incorporação 
como sendo conduta criminosa a maioria das contravenções penais outrora previstas na 
Lei 4.771/65 (Código Florestal).
Em se tratando desta modalidade de crimes, sem dúvidas um dispositivo legal que merece 
destaque é o art. 42, que se refere à fabricação, venda, transporte ou soltura de balão. O referido 
artigo é, sem dúvida, um comportamento adequado para figurar no rol das contravenções 
penais ou das infrações administrativas, haja vista, ter como escopo inibir conduta típica 
da cultura brasileira. 
Da poluição
Em se tratando dos crimes previstos na Seção III do Capítulo V da Lei dos Crimes Ambientais, 
o legislador destacou no art. 54 os crimes de poluição, revogando então tipificação análoga 
prevista no art. 15 da Lei 6.938/81, em face de possui um conteúdo mais abrangente. Dispõe 
o referido artigo da seguinte redação: 
Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem 
ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a 
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mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena - 
reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º Se o crime é culposo: Pena 
- detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 2º Se o crime: I - tomar 
uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; II - causar 
poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, 
dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da 
população; III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção 
do abastecimento público de água de uma comunidade; IV - dificultar ou 
impedir o uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de resíduos 
sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, 
em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 3º Incorre nas mesmas penas 
previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim 
o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de 
risco de dano ambiental grave ou irreversível.
Destaca-se que o caput prevê a forma dolosa do crime. O tipo penal tutela então a saúde 
humana, podendo o crime ser figurado como de perigo ou de dano. A segunda parte, tara 
o artigo da incolumidade animal e vegetal, sendo o referido crime tão somente de dano, 
vez que, explicitamente tipifica a conduta capaz de provocar a mortandade de animais ou 
a efetiva destruição significativa da flora.
Tratou o § 1º da modalidade culposa do referido crime, em todas as suas modalidades. 
Já em seu § 2º cuida do crime qualificado pelo resultado, onde se permite a aplicação de 
uma pena mais severa. Por fim o § 3º prevê a omissão na adoção de medidas de precaução 
em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível, valorizando-se então os princípios 
de direito ambiental.
Da desconstituição da pessoa jurídica.
Visualizada em diversos países a teoria da “desconsideração da personalidade jurídica”” ou 
da “despersonificação da pessoa jurídica” vem, sem dúvidas, ganhando espaço na doutrina 
brasileira e aos poucos sendo aplicada nos Tribunais, não só no que se relaciona ao direito 
ambiental, mas também a outros ramos do direito.
A referida consiste em extinguir a personalidade jurídica sempre que a existência desta, 
porventura, obstar ao ressarcimento dos prejuízos causados à qualidade do meio ambiente, 
de acordo com o art 4º da lei 9.605: “Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre 
que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade 
do meio ambiente”.
A referida Lei dos Crimes Ambientais, no que se refere à desconsideração dapersonalidade 
jurídica (art. 4º), praticamente reproduz o que aduz o artigo 28, § 5º do Código de Defesa do 
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Consumidor. O principal parâmetro da questão é sem dúvidas a necessidade de reparação 
dos prejuízos causados.
O que na realidade se depreende é que a “desconsideração” é enfim aplicada quando a 
pessoa jurídica em questão foge das finalidades a que foi criada ou, mesmo dentro dela, 
comete atos que, se analisados, demonstram fraude à lei ou ao contrato, em detrimento de 
terceiros.
Como objeto da possível desconsideração ou despersonalização é, indubitavelmente, coibir 
a fraude, em todos os sentidos, bem como o abuso de direito, haja vista o cometimento 
de excessos. Há de se destacar que a despersonalização só anula os atos em questão 
impugnados, preservando então os demais que se verificarem alheios aos atos outrora 
impugnados.
Vislumbra-se que não é qualquer prática delituosa que motivará a desconsideração. Destaca 
Valdir Sznick (2001, p.243), que a desconsideração se dará 
quando há uma ocultação da pessoa por trás da pessoa jurídica e 
ocorrendo o levantamento do véu do véu (lifting the corporate veil) se 
descobre o uso abusivo ou excessivo da pessoa jurídica, mascarando 
a verdadeira finalidade da mesma. A má direção da empresa (com o 
abuso ou o uso excessivo) constitui-se em uma infração e, pois, um 
comportamento ilícito, justificando a desconsideração.
Em suma, grande parte da doutrina de direito ambiental entende que agiu bem o legislador 
ao inserir na Lei dos Crimes Ambientais a possibilidade da desconsideração da personalidade 
jurídica, combatendo a fraude e o abuso de direito, por meio de seus sócios, agredindo o 
meio ambiente e locupletando-o.
A aplicação das penas
No que se relaciona à aplicação das penas, o referido diploma legal (lei. 9.605/98) não 
dista em nada do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei. 2.848, de 07 de dezembro de 1940), 
prevendo penas de multa, restritivas de liberdade e restritivas de direito.
Entretanto, destaca-se a preferência legislativa em relação às penas restritivas de direito e 
as pecuniárias e isso se explica por dois motivos. Inicialmente as referidas penas aplicam-se 
a quaisquer pessoas, ou seja, às pessoas físicas e jurídicas; e, haja vista a enorme diferença 
entre os delinquentes ambientais e àqueles que tem ocupado o sistema prisional brasileiro. 
Ainda em relação à segunda situação notar-se-ia um contrassenso se o legislador optasse 
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pela pena restritiva de liberdade, vez que a sociedade suportaria o dano causado e às custas 
no que se relaciona a privação de liberdade do delinquente.
Das penas aplicáveis às pessoas físicas.
Ambas as penas do referido diploma legal aplicam-se às pessoas físicas, sendo elas, as 
restritivas de liberdade, de direito e multa.
Penas restritivas de liberdade.
As penas privativas de liberdade que se verificam no ordenamento jurídico nacional são 
as de detenção e as de reclusão e prisão simples em se tratando de contravenção penal.
Diferencia-se a detenção e a reclusão por um aspecto meramente formal, de acordo 
com o art. 33 do Código Penal. Dispõe este da seguinte redação: “a pena de reclusão de ser 
cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto, 
ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado”. Assim sendo, tal diferença 
consiste tão somente no regime de cumprimento de pena.
Em se tratando da Lei dos Crimes Ambientais, como anteriormente citado, fez o legislador 
explicita preferência pela restritiva de direito, podendo até, em determinados casos, ser 
substituída pelas restritivas de direito. Assim sendo, verifica-se que sua aplicabilidade se 
dá tão somente no último caso.
Penas Restritivas de direito.
Face ao disposto no artigo 7º da Lei 9.605/98, que dispõe da seguinte redação:
as penas privativas de direitos são autônomas e substituem as privativas 
de liberdade quando: I – trata-se de crime culposo ou for aplicada 
pena privativa de liberdade, inferior a quatro anos; II – a culpabilidade, 
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, 
bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a 
substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do 
crime.
 Verifica-se como anteriormente referido, que o legislador brasileiro sem dúvida fez estrita 
opção pela pena restritiva de direito.
O fato acima descrito se deu face algumas características dos crimes ambientais.
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Inicialmente nota-se que há, indubitavelmente, uma diferença entre o perfil do delinquente 
que o comete em relação ao que comete um crime, como de homicídio, assim sendo, não 
é concebível que a lei preveja a estes, a mesma cominação de pena, nem mesmo o regime 
de cumprimento.
Ainda à disposição do art. 7º, parágrafo único, da Lei dos Crimes Ambientais, as penas 
restritivas de direito terão a mesma duração das restritivas de liberdade.
Sem dúvida é uma evolução do direito moderno, haja vista a busca incessante de se 
afastar as penas restritivas de liberdade em função do colapso que vive o sistema prisional 
brasileiro, e são elencadas de acordo dispõe o art. 8º do referido diploma legal: “I – prestação 
de serviços à comunidade; II – interdição temporária de direitos; III – suspensão parcial ou 
total de atividades; IV – prestação pecuniária; V – recolhimento domiciliar”.
Das penas acima citadas é mister enfatizar que não se verifica uma sobreposição ou 
uma hierarquia entre elas, tendo o juiz discrionariedade na aplicação das mesmas, no 
entanto, verifica-se ao passo da atual conjuntura econômica nacional, a maior aplicação da 
pena de prestação de serviços à comunidade e a pena de prestação pecuniária, sendo que 
historicamente a primeira se deriva da segunda, ao passo que era aplicada àquelas pessoas 
que não reuniam condições de solver com as pecuniárias. 
Penas da Pessoa Jurídica
Após descrever as penas aplicáveis às pessoas físicas, a Lei dos Crimes Ambientais 
elucida acerca das penas cabíveis as pessoas jurídicas.
Dispõe o art. 21: “as penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas 
jurídicas, de acordo com o art. 3º são: I – multa; II – restritivas de direitos; III – prestação 
de serviços à comunidade”.
No que se relaciona à aplicação da pena, define o artigo anteriormente citado, três 
possibilidades. Inicialmente as penas são impostas: isoladas, assim sendo uma só pena a 
ser aplicada; alternativa, onde nota-se que há mais de uma pena, no entanto, tão somente 
uma é aplicada, e; por fim as cumulativas, onde verifica-se mais de uma pena e sendo, então, 
aplicadas ambas em cúmulo.
Em se tratando da pessoa jurídica a pena alternativa, ou seja, a restritiva de direito será 
aplicada como regra, vez que a Parte Especial do diploma legal em questão prevê tão 
somente penas privativas de liberdade, o que se verifica como sendo fator motivador de 
muitos contrários à punição penal da pessoa jurídica.
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Ainda neste, foi citada as modalidades de penas no que se relaciona à sua aplicação. 
Na prática, quando, porventura, se verificar uma pena alternativa, aplicar-se-á a restritiva de 
direito; quando notar-se a cumulativa, aplicar-se-á tão somente a restritiva de direito.
Em face ao grau dos danos causados, os prejuízos causados e a extensão da degradação 
visualizada, entendem doutrinadores que ao lado da pena de multa, poderá ser aplicada outra 
restritiva de direito, como a prestação de serviços à comunidade.
A Lei 9.605/98 devidamente elencou as penas restritivas de direito a serem aplicadas 
à pessoa jurídica, sendo elas, de acordo com o art. 22: “as penas restritivas de direito da 
pessoajurídica são: I – suspensão parcial ou total das atividades; II – interdição temporária 
de estabelecimento, obra, atividades; III – proibição de contratar com o Poder Público, bem 
como dele obter subsídios, subvenções ou doações”.
Em se tratando da suspensão das atividades, explicada no § 1º do artigo supra citado, 
assim como se verifica no direito administrativo, constitui-se um ato punitivo. Dada a gravidade 
do dano, verificar-se-á a aplicação da suspensão parcial ou total, no entanto nota-se que a 
suspensão susta tão somente a execução (continuação).
Em se tratando da interdição, explica o § 2º: “a interdição será aplicada quando o 
estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização ou em 
desacordo com a concedida, ou com a violação de disposição legal ou regulamentar”.
Nota-se que este acima traz de forma taxativa os casos onde caberá a aplicação da 
interdição.
São sujeitas a interdição em face das disposições legais:
a) obra ou atividade – aqui, trata-se de qualquer execução, inclusive se esta tiver natureza 
tão somente de reparos, como, por exemplo, reforma em galerias de águas pluviais. Nota-
se que para a sua aplicação há a necessidade de que esta esteja contrariando a lei ou a 
regulamento; 
b) estabelecimento – nota-se aqui que há a necessidade da participação de uma empresa 
ou firma que está a desenvolver atividades que não estão de acordo com as disposições 
legais.
No que se relaciona à interdição, verificar-se-á esta quando: 1 – autorização: tal verifica-
se pôr em relação ao funcionamento, bem como a construção de uma obra. Em ambos os 
casos a não existência da autorização torna a atividade clandestina; 2 – em desacordo: aqui, 
há a autorização para realização de determinada atividade, no entanto, poderá ser verificada 
em duas situações distintas – a) concedida: verifica-se quando a autorização é dada para a 
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consecução de atividade diversa da que realmente se verifica ocorrendo; b) violação: quando 
apesar de ter autorização para realização daquela determinada atividade, não a executa de 
acordo com as disposições legais.
Por fim, a proibição de contratar com o Poder Público é aplicada às pessoas jurídicas de 
grande repercussão em suas áreas de atuação.
Dispõe o § 3º, do art. 22 da Lei dos Crimes Ambientais que: “A proibição de contratar 
com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder 
a dez anos”.
No que se relaciona a pessoa física, tal restrição foi fixada de 03 (nos casos de crimes 
culposos) a 05 anos (nos casos de crimes dolosos). No caso da pessoa jurídica, previu 
o legislador o prazo máximo de 10 anos. Sabe-se que as penas que vedam subsídios e 
adjacências repercutem em muito nas empresas, haja vista sua natureza financeira.
Do art. 23 ao art. 25, prevê a Lei dos Crimes Ambientais acerca da prestação de serviços, 
da liquidação forçada e da apreensão de produtos.
Inicialmente da prestação de serviços à comunidade tal se verificará num desenvolvimento 
por parte da pessoa jurídica condenada de programas e projetos de cunho social, bem como 
o desenvolvimento de recuperação de áreas degradadas. Na impossibilidade de se verificar o 
cumprimento destas, poderá ser aplicada a contribuição a entidades, sendo que pela ordem, 
tais deverão ser: ambientais, culturais e públicas.
Isto está na rede
O ano de 2020 surpreendeu a todos com notícias preocupantes com relação à saúde 
pública, meio ambiente e sustentabilidade. O ano da Pandemia Covid-19, que gerou 
um aumento absurdo de lixo plástico, também se destacou com notícias sobre o 
desmatamento da Amazônia, que foi um dos temas mais comentados, pois 2020 foi 
um ano recorde em desmatamento. “A comparação refere-se ao período de agosto de 
2019 a julho de 2020, que é o calendário oficial de monitoramento da Amazônia, usado 
pelo Inpe para calcular as taxas anuais de desmatamento. Mais de 9,2 mil quilômetros 
quadrados (km2) de floresta foram derrubados [...]. Os sistemas não indicam qual foi 
a causa do desmatamento, apenas comprovam que ele ocorreu; mas é fato sabido — 
comprovado por diversos estudos — que a maior parte dessas derrubadas na Amazônia 
ocorre à margem da lei.”.
Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/desmatamento-da-amazonia-dispara-de-novo-
em-2020/
https://jornal.usp.br/ciencias/desmatamento-da-amazonia-dispara-de-novo-em-2020/
https://jornal.usp.br/ciencias/desmatamento-da-amazonia-dispara-de-novo-em-2020/
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Isto acontece na prática
A pedido do Ministério Público Federal, um ex-cacique da etnia Guarani M’Bya foi 
sumariamente absolvido após ter sido acusado criminalmente por ter desmatado uma 
área para roçado e construção de ocas na região de Iguape (SP). A denúncia foi do 
Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), que viu na conduta do indígena 
uma violação à Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/1998). Porém, quando o processo 
foi transferido para a Justiça Federal, o MPF defendeu a absolvição do acusado, 
com base em direitos que o ordenamento jurídico brasileiro garante às populações 
tradicionais – tese que prevaleceu. O indígena, liderança da aldeia Jeiyty, inserida na 
terra indígena Ka’aguy Hovy, no Vale do Ribeira, teria participado, segundo a denúncia, 
de uma supressão de vegetação nativa em uma área de 0,753 ha, correspondente a 
um campo de futebol, voltada à instalação de pequenas moradias e ao plantio voltado à 
subsistência de sua comunidade. Inicialmente, a constatação desse fato deu origem a um 
inquérito policial e, em 2015, à denúncia do MP-SP. Entretanto, após o reconhecimento da 
competência da Justiça Federal para julgar o caso, o MPF passou a atuar, e, contrariando 
a interpretação dos promotores do MP-SP, destacou que a conduta apurada deveria ser 
analisada à luz não apenas da Lei de Crimes Ambientais, mas também da Constituição 
Federal e de outras normas que reconhecem direitos a comunidades tradicionais. Isso 
porque, embora, em tese, um desmatamento possa ser considerado um delito, a prática 
não resulta em significativo dano ao meio ambiente quando feita da forma tradicional 
dos povos indígenas, com baixo impacto e prevendo períodos de regeneração após 
o ciclo de desmate, plantio e colheita. O MPF lembrou que o direito das comunidades 
indígenas à exploração de suas terras é previsto no artigo 231 da Constituição Federal 
e no Estatuto do Índio (Lei 6.001/73), que garantem a esses povos tradicionais a posse 
permanente das áreas ocupadas e o usufruto exclusivo do solo e dos rios que por elas 
passem. Pontuou, ainda, que a Fundação Nacional do Índio (Funai) reconheceu, no ano 
passado, os limites do território Ka’aguy Hovy e sua vinculação tradicional ao grupo 
Guarani. “Tanto a ordem constitucional quanto a legislação extrapenal asseguram aos 
povos indígenas seu modo de vida tradicional, e deixam explícito o reconhecimento 
às suas atividades produtivas concernentes à exploração dos recursos ambientais 
necessários a seu bem-estar e à reprodução física e cultural. Desta forma, todo manejo 
ambiental que se insira neste contexto de direito tradicional (e não esteja, por exemplo, 
voltado à monetização da terra) deve ser considerado inserido em um plexo de direitos 
fundamentais indígenas”, afirmou o procurador da República Yuri Corrêa da Luz, autor 
do pedido que resultou na absolvição do ex-cacique. O MPF argumentou que este 
vínculo entre o desmate e o modo de vida dos índios já seria suficiente para inocentá-
lo. Mas, além disso, pontuou que, agindo de acordo com suas práticas tradicionais, o 
líder da aldeia não poderia ter clareza sobre a ilicitude de sua conduta, e por isso atuou, 
no mínimo, em “erro de proibição culturalmente condicionado”, capaz de eximi-lo de 
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qualquer responsabilidadepenal. A Justiça Federal, acolhendo os argumentos do MPF, 
absolveu sumariamente o indígena, reconhecendo sua inocência. Para o procurador 
da República atuante no caso, “trata-se de uma decisão relevante, que dá segurança 
aos indígenas da região do Vale do Ribeira, e reconhece seu direito constitucional 
de manejarem tradicionalmente seu território, buscando sua subsistência de forma 
ambientalmente sustentável e em harmonia com seus modos de ser, fazer e viver”. O 
número da ação é 0000058-94.2018.403.6129.
Fonte: http://www.mpf.mp.br/sp/sala-de-imprensa/noticias-sp/guarani-acusado-de-
crime-ambiental-em-iguape-sp-e-absolvido-a-pedido-do-mpf
Anote isso
Desmatamento criminoso, grilagem de terras e agressões contra animais silvestres 
são considerados crimes ambientais - Foto: Divulgação/Ibama
Interessados em denunciar crimes ou agressões ao meio ambiente podem entrar em 
contato com o serviço Linha Verde do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pelo telefone 0800-61-8080 ou pelo e-mail 
linhaverde.sede@ibama.gov.br. A ligação é gratuita de qualquer ponto do País e funciona 
de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 8h às 18h.
No site do Ibama também é disponibilizado um serviço para registro de ocorrências 
on-line. Para fazer a denúncia via internet (e/ou manifesto, reclamação, sugestão, 
informação) é preciso acessar a página específica do Instituto e preencher os dados 
corretamente. 
Por telefone ou pela internet, cabe ao informante citar com clareza qual o tipo de 
crime que está ocorrendo, exemplo: cativeiro de animais, desmatamento, poluição, 
caça, acidente com produtos químicos, degradação de área, maus tratos de animais, 
queimada, contra servidores, irregularidades administrativas, pesca predatória, entre 
outros.
São indispensáveis dados precisos sobre a localização para o registro da denúncia. A 
insuficiência de informações, na maioria das vezes, impossibilita ou retarda o atendimento.
Cabe ressaltar que dados cadastrais do informante (nome, telefone, endereço) são 
mantidos em sigilo, visando resguardar a sua integridade física e conforme garante o 
direito individual dos cidadãos em relação à inviolabilidade de sua intimidade.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambiente/2014/08/saiba-como-denunciar-
crimes-e-agressoes-ao-meio-ambiente
http://www.mpf.mp.br/sp/sala-de-imprensa/noticias-sp/guarani-acusado-de-crime-ambiental-em-iguape-sp-e-absolvido-a-pedido-do-mpf
http://www.mpf.mp.br/sp/sala-de-imprensa/noticias-sp/guarani-acusado-de-crime-ambiental-em-iguape-sp-e-absolvido-a-pedido-do-mpf
http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambiente/2014/08/saiba-como-denunciar-crimes-e-agressoes-ao-meio-ambiente
http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambiente/2014/08/saiba-como-denunciar-crimes-e-agressoes-ao-meio-ambiente
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AULA 4
HISTÓRIA E CULTURA AFRO-
BRASILEIRA E INDÍGENA
“Nós temos que ter orgulho em ser quem somos. Almejar a 
excelência. Quando fizermos isso, a América estará pronta 
para nos ajudar.” (THABANG – África do Sul)
Nos dias de hoje, o território brasileiro concentra a maior população africana fora da 
própria África. E é exatamente por conta desse motivo que a cultura oriunda desses povos 
exerce uma grande influência em nosso país, com destaque principalmente para o Nordeste 
do estado.
Porém, foi só junto com o início do século XX que grande parte das manifestações, 
costumes, ritos e outros começaram a fazer parte também da cultura brasileira, sendo 
considerados expressões não essencialmente africanas, porém, artes genuinamente afro-
brasileiras.
Sendo assim, hoje a cultura negra é também fundamental para formar a identidade de 
nossa nação, motivo pelo qual a cultura afro-brasileira se estabelece em todo nosso território. 
Vale destacar que ela é também o resultado das crenças dos indígenas e dos portugueses, 
que por muitos anos, nos influenciaram com suas músicas, culinária e religiões.
Características da Cultura Afro-Brasileira
Uma das principais características da cultura afro-brasileira é que não há homogeneidade 
cultural em todo território nacional.
A origem distinta dos africanos trazidos ao Brasil forçou-os a apropriações e adaptações para 
que suas práticas e representações culturais sobrevivessem. Assim, é comum encontrarmos 
a herança cultural africana representada em novas práticas culturais.
As manifestações, rituais e costumes africanos eram proibidos. Só deixaram de ser 
perseguidos pela lei na década de 1930, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas. Assim, 
elas passaram a ser celebradas e valorizadas, até que, em 2003, é promulgada a lei nº 
10.639/03 que altera a lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), e passa a 
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exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio tenham em seus currículos 
o ensino da história e cultura afro-brasileira.
Os dois grupos de maior destaque e influência no Brasil são:
• os Bantos, trazidos de Angola, Congo e Moçambique;
• os Sudaneses, oriundos da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné.
Devemos ressaltar que as regiões mais povoadas com a mão de obra africana foram: 
Bahia, Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São 
Paulo e Rio Grande do Sul. Isso devido à grande quantidade de escravos recebidos (região 
Nordeste) ou pela migração dos escravos após o término do ciclo da cana-de-açúcar (região 
Sudeste).
Aspectos da Cultura Afro-brasileira
De partida, temos de frisar que a cultura afro-brasileira é parte constituinte da memória 
e da história brasileira e que seus aspectos transbordam as margens desse texto.
Ela compõe os costumes e as tradições: a mitologia, o folclore, a língua (falada e escrita), 
a culinária, a música, a dança, a religião, enfim, o imaginário cultural brasileiro.
As Festividades Populares
Principais Características da Cultura Afro-brasileira
• O Carnaval, a maior festa popular brasileira, celebrada no início do ano e mobilizando 
a nação.
• A Festa de São Benedito, principal festa do Congado (expressão da cultura afro-
brasileira), comemorada no final de semana após a Páscoa.
• E, por fim, a Festa de Yemanjá, realizada no dia 2 de fevereiro.
A influência afro-brasileira está patente em expressões como Samba, Jongo, Carimbó, 
Maxixe, Maculelê, Maracatu. Eles utilizam instrumentos variados, com destaque para Afoxé, 
Atabaque, Berimbau e Tambor. Não podemos perder de vista que estas expressões musicais 
são também corporais. Elas refletem nas formas de dançar, como no caso do Maculelê, uma 
dança folclórica brasileira, e do samba de roda, uma variação musical do samba.
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Temos outras expressões de música e dança como as danças rituais, o tambor de crioula 
e os estilos mais contemporâneos, como o samba-reggae e o axé baiano.
Finalmente, merece destaque especial a Capoeira. Ela é uma mistura de dança, música 
e artes marciais proibida no Brasil durante muitos anos e declarada Patrimônio Cultural 
Imaterial da Humanidade em 2014.
A Culinária
A culinária é outro elemento típico da cultura afro-brasileira. Ela introduziu as panelas de 
barro, o leite de coco, o feijão preto, o quiabo, dentre muitos outros. Entretanto, os alimentos 
mais conhecidos são aqueles da culinária baiana, preparados com azeite dendê e pimentas. 
Destacam-se Abará, Vatapá e o Acarajé, bem como o Quibebe nordestino, preparado com 
carne-de-sol ou charque; além dos doces de pamonha e cocada.
E, por fim, o prato brasileiro mais conhecido de todos: a feijoada. Ela foi criada pelos 
escravos como uma apropriação da feijoada portuguesa e produzida a partir dos restos de 
carne que os senhores de engenho não consumiam.
A Religião
A religião afro-brasileira se caracterizou pelo sincretismo com ocatolicismo, donde unia 
aspectos do cristianismo às suas tradições religiosas. Isso ocorreu para que eles pudessem 
realizar as práticas religiosas africanas secretamente (associação de santos com orixás), 
uma vez que a conversão era apenas aparente. Assim, nasceram do sincretismo Batuque, 
Xambá, Macumba e Umbanda, enquanto se preservaram algumas variações africanas da 
Quimbanda, Cabula e o Candomblé.
Características da Cultura Indígena
Os povos indígenas, pela diversidade étnica, contribuíram de formas diferentes em relação a 
muitos aspectos culturais. Calcula-se que existam mais de 230 povos indígenas no Brasil, com 
hábitos, línguas e crenças diversas. Eles estão espalhados em mais de 670 Terras Indígenas 
que já foram identificadas e homologadas ou encontram-se em processo de homologação.
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Religião e Crenças
As crenças religiosas e superstições tinham um importante papel dentro da cultura indígena. 
Fetichistas, os indígenas temiam ao mesmo tempo um bom Deus – Tupã – e um espírito 
maligno, tenebroso, vingativo – Anhangá, ao sul e Jurupari, ao norte. Algumas tribos pareciam 
evoluir para a astrolatria, embora não possuíssem templos, e adoravam o Sol (Guaraci – mãe 
dos viventes) e a Lua (Jaci – nossa mãe).
Tupã - Deus indígena
O culto dos mortos era rudimentar. Algumas tribos incineravam seus mortos, outras 
os devoravam, e a maioria, como não houvesse cemitérios, encerrava seus cadáveres na 
posição de fetos, em grandes potes de barro (igaçabas), encontrados suspensos tanto nos 
tetos de cabanas abandonadas como no interior de sambaquis. Os mortos eram pranteados 
obedecendo-se a uma hierarquia. O comum dos mortais era chorado apenas por sua família; 
o guerreiro, conforme sua fama, poderia ser chorado pela taba ou pela tribo. No caso de um 
guerreiro notável, seria pranteado por todo o grupo.
Moradia
Como sabemos os indígenas têm costumes bem diferentes dos costumes de nós urbanos, 
um deles é morar em ocas ou malocas que medem mais ou menos 20 metros de comprimento 
por 10 metros de largura e 6 metros de altura, feitas de madeira e cobertas por folhas de 
palmeiras. Fazem uma espécie de parede dupla com um espaço entre ambas o que permite 
uma ventilação adequada, tornando o ambiente, no seu interior bastante agradável, seja no 
frio ou no calor. Uma aldeia é composta de várias malocas, onde habitam várias famílias. 
Cada maloca possui um chefe daquele grupo, que quando reunidos formam uma espécie de 
“colegiado”. As casas eram construídas em volta de um pátio, local de festas e de reunião. 
O conjunto de casas formava uma aldeia. Os moradores de várias aldeias, unidos por laços 
familiares e interesses comuns, formavam um povo ou uma nação.
Modo de vida
Um outro costume que os índios têm de diferente de nós é o modo de viver deles: vivem 
da caça, da pesca e coleta de vegetais silvestres, obedecendo aos ciclos de atividades 
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de subsistência da Floresta Tropical: chuvas, enchentes, estiagem e seca. Reúnem-se em 
grupos que podem ser: de casais, consanguíneos (parentesco), intercasamento e relações 
de servidão. Na maioria dos grupos o casamento pode ser dissolvido.
Preservam a infância da mulher que só pode se tornar esposa após a primeira menstruação 
(acompanhada de ritual especial, de acordo com a tribo). Não existem padrões morais de 
virgindade ou adultério, tudo se resolve com conversas entre parentes próximos e com 
acordos entre as famílias. Temos tribos matriarcais, patriarcais, monogamia (um só esposo 
ou esposa – com uniões que podem ser dissolvidas) e poligamia (um esposo com várias 
esposas, ou uma esposa com vários maridos).
A chefia
Cada nação indígena tem um líder, que comanda a tribo nas caçadas e nas guerras ou na 
resolução de alguma disputa interna. Ele costuma conversar com as pessoas e ouvir suas 
opiniões e, sempre que precisa tomar uma decisão importante, pede conselhos aos mais 
velhos. Além dele, há o pajé que é o líder espiritual e possui grande prestígio e poder entre 
os nativos, pois ele conhecia e manipulava as ervas curativas, faz as oferendas aos deuses 
e se comunica com as divindades.
O trabalho
Os índios trabalham para conseguir alimento, fazer uma casa, uma rede, uma festa, ou 
seja, para satisfazer às necessidades básicas do grupo. O trabalho nas aldeias é coletivo, 
dividido entre todos os membros que moram na tribo. Essa divisão era feita de acordo com 
o gênero (homens e mulheres) e por idade.
• Em geral, as tarefas masculinas são: caçar, pescar, preparar a terra para o plantio e 
defender a comunidade.
• As atividades femininas são: plantar, coletar frutos e raízes, cozinhar, fazer utensílios 
de cerâmica e cestos, além de cuidar dos filhos.
Assim como outros povos, eles modificam o espaço geográfico para sobreviver e o fazem 
de acordo com a sua cultura, isto é, com o seu modo de viver, agir e pensar.
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Acessórios e armas
Os índios costumam construir seus próprios acessórios, como suas armas, fabricam arcos 
perfeitos, instrumentos cortantes feitos com bicos de aves e enfeites plumários.
A caça feita pelos índios é composta geralmente por venenos aplicados nas armas usadas. 
Dentre as armas, destaca-se a zarabatana, tubo comprido que funciona por compressão de 
ar. Suas setas são untadas com um veneno chamado curare, extraído da casca de cipós. 
Os índios também utilizam a prática de envenenar os peixes por sufocação com o uso do 
timbó, cipó que é jogado em uma determinada parte do rio e, força os peixes a vir à tona e, 
assim, eles são facilmente capturados.
Artesanato
Hábeis artesãos, os índios produzem diversos tipos de artefatos para atender suas 
necessidades cotidianas e rituais, que assumem, hoje, o importante papel de gerador de 
recursos financeiros, beneficiando as Comunidades com uma renda complementar.
Assim surgem fantásticos trançados que tomam a forma de cestos, bolsas e esteiras, 
moldam a cerâmica que dá origem a panelas e esculturas, entalham a madeira da qual 
nascem armas, instrumentos musicais, máscaras e esculturas, além das plumárias e adornos 
de materiais diversos como cocos, sementes, unhas, ossos, conchas que, com habilidade e 
tecnologia, são transformados em verdadeiras obras de arte. A produção de variados objetos 
da cultura indígena, como material, ferramentas, instrumentos, utensílios e ornamentos, 
com os quais um grupo humano busca facilitar sua sobrevivência, está ligada à escolha 
e utilização das matérias-primas disponíveis; ao desenvolvimento da técnica adequada de 
manufatura; às atividades envolvidas na exploração do ambiente e na adaptação ecológica; 
à utilidade e finalidade prática dos objetos e instrumentos produzidos.
Pintura
Os índios pintam seu corpo, sua cerâmica e seus tecidos com um estilo que podemos 
chamar “abstrato”. Observam a natureza, mas não a desenham, mas ao contrário do que 
se pensa, não devemos chamá-la de primitiva. Partem do elemento natural para torná-lo 
geométrico. Usam diversos tipos de cocares, braceletes, cintos, brincos. Geralmente não 
matam as aves para comer, usam apenas suas penas coloridas, que guardam enroladas 
em esteiras para conservar melhor, ou em caixas bem fechadas com cera e algodão. A Arte 
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Plumária é exuberante e praticamente restrita aos homens. Nas tribos, onde as mulheres 
usam penas, são discretas, colocadas nos tornozelos e pulsos, geralmente em cerimônias 
especiais.
Tecidos
Alguns índios, como os Vaurá, plantam algodão e fazem vários enfeites, como os usados 
em seus pentes. Usam uma tinta preta extraída do suco de jenipapo.
As vestimentas usadas pelos índios estão relacionadas às necessidades climáticas, à 
observação da natureza e aos seus

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