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PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 1 TUTORIA 4 – PROBLEMA 4 OBJETIVOS: 1- Descrever a avaliação do RN. 2- Explicar a escala de Apgar. (manobras pós-parto). 3- Explicar a fisiologia neonatal considerando as adaptações. (Circulatório – clampeamento do cordão – e respiratório). 4- Explicar o enleamento e alojamento em conjunto. 5- Explicar a importância dos formulários e preenchimentos da sala de parto. 6- Explicar a importância do Hospital do Amigo. Descrever a Avaliação Do RN. Introdução: O preparo para atender o RN na sala de parto inclui necessariamente: Realização de anamnese materna. Disponibilidade do material para atendimento. Presença de equipe treinada em reanimação neonatal. → O exame pode ser diferenciado dependendo do tempo de vida do RN. A avaliação do RN na sala de parto e o roteiro do exame físico mais abrangente, que geralmente pode ser feito a partir de 12 horas de vida, podem seguir os seguintes procedimentos: Avaliação na sala de parto → A primeira avaliação do RN realizada na sala de parto tem como objetivos determinar a vitalidade, fatores de risco, detecção precoce de malformações congênitas, traumas obstétricos e distúrbios cardiorrespiratórios que possam comprometer a saúde do neonato. Anamnese Materna A primeira etapa desta avaliação inicia-se antes do nascimento e consiste em adequada e detalhada anamnese com dados maternos e gestacionais, tais como: Intercorrências clínicas; Intercorrências gestacionais; Intercorrências no trabalho de parto e no parto; Líquido amniótico meconial? A gestação é de termo? → O conhecimento destes dados permite a detecção antecipada de situações de risco que podem auxiliar na recepção e assistência do RN. Material para atendimento → Todo material necessário para reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível, em local de fácil acesso, antes do nascimento. Esse material é destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de medicações. São eles: Fonte de calor radiante; Fontes de O2, ar e vácuo; Material para aspiração; Material para ventilação; Material para oxigenação; Material para intubação; Medicações. → A temperatura ambiente na sala de parto deve ser, no mínimo, de 26° C para que se mantenha com maior facilidade a temperatura corpórea normal do RN. Equipe Pelo menos um profissional, cuja responsabilidade seja apenas o recém-nascido (RN) e capaz de iniciar todos os procedimentos de reanimação neonatal, deve estar presente em todo nascimento → Sala de Parto Após o nascimento, o cuidado neonatal imediato inclui secar a criança, aspirar as secreções das vias aéreas e aquecê-lo. Durante o cuidado inicial na sala de parto se realiza a avaliação rápida do PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 2 estado clínico do neonato, respondendo as seguintes perguntas: Ausência de mecônio? Respirando ou chorando? Bom tônus muscular? Rosado? Gestação a termo? → Se todas as perguntas foram respondidas afirmativamente, o neonato não necessita de maiores intervenções, sendo realizado apenas a aspiração da boca e do nariz (vácuo ou bulbo), secagem e desprezo dos campos úmidos. → RN sadio deve estar em contato pele a pele com sua mãe, aguardar cessar os batimentos do cordão 1-3 minutos para realizar o clampeamento tardio do cordão e propiciar este contato pele a pele durante uma hora, mostrando para a mãe os sinais que o bebê está pronto para mamar, dentro da primeira hora de vida. → Neste momento procede-se o primeiro exame físico que deve ser objetivo e rápido, tendo como finalidade avaliar a vitalidade do RN para tomada de decisão. Condições vitais: realizada concomitantemente com as manobras de recepção do RN quando são apreciadas a integridade cardiorrespiratória e a neuromuscular. Para se demonstrar as condições de nascimento é estabelecido o índice de Apgar no 1º e 5º minutos de vida que inclui a avaliação da frequência cardíaca, esforço respiratório, tono muscular, irritabilidade reflexa e cor. Desconforto respiratório: avalia o esforço e ritmo respiratório. A presença de dificuldade respiratória pode revelar tanto comprometimento pulmonar (doença de membrana hialina, aspiração de mecônio, pneumotórax, etc.) como extrapulmonar (acidose, malformação cardíaca, hérnia diafragmática, atresia de coanas, etc.). Traumas obstétricos: lesões de pele, de partes moles, fraturas, lesões do sistema nervoso central, do sistema nervoso periférico e lesões viscerais. Defeitos externos: malformações externas que exigem atendimento de urgência, como onfalocele, gastrosquise, extrofia de bexiga, meningomielocele, síndrome de Pierre-Robin. Exame dos orifícios: atresia de coanas; atresia anal, atresia esofágica. Exame da placenta e cordão umbilical: as alterações grosseiras na placenta e cordão umbilical podem auxiliar no cuidado neonatal e contribuir para o esclarecimento diagnóstico de situações como desnutrição, asfixia, infecções, etc. Assistência ao RN com boa vitalidade → No RN com boa vitalidade, ou seja, RN a termo, com tônus normal, choro ou respiração regular e movimentação ativa, com Apgar de 1 e 5 minutos acima de 7, recomenda-se que após 1 hora de contato pele a pele, sejam verificados: Exame dos orifícios: permeabilidade dos orifícios naturais do corpo para o diagnóstico de fenda palatina, atresia de esôfago e anomalias anorretais. Medidas do RN: realizar mensuração do peso de nascimento. A Antropometria (comprimento, perímetro cefálico e torácico) poderão ser postergados e realizados no momento antes do primeiro banho e comparar essas medidas com curvas padrões. Classificação quanto à idade gestacional: A estimativa da idade gestacional permite a classificação do RN como → Com base na idade gestacional, classifica-se cada neonato como: Prematuro: < 34 semanas de gestação Pré-termo tardio: 34 a < 37 semanas A termo precoce: 37 0/7 semanas a 38 6/7 semanas A termo completo: 39 0/7 semanas a 40 6/7 semanas A termo tardio: 41 0/7 semanas a 41 6/7 semanas Pós-termo: > 42 semanas https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/problemas-perinatais/prematuros https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/problemas-perinatais/prematuros https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/problemas-perinatais/beb%C3%AA-p%C3%B3s-termo-p%C3%B3s-maturidade PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 3 → E auxilia no estabelecimento de risco de comprometimento neonatal ou de desenvolvimento em longo prazo. Classificação do Recém Nascido quanto ao peso e idade gestacional: → É realizada através da idade gestacional em semanas em relação ao peso de nascimento utilizando—se curvas de crescimento intra- uterino como a de Alexander, 1966 ou a de Fenton, 2003. → A análise da localização das medidas individuais dos RNs nos respectivos gráficos em questão, utilizados como referência, permite avaliar a situação nutricional de cada recém- nascido ao nascimento e pode sinalizar a qualidade do crescimento intrauterino. → A correlação entre peso-idade gestacional ao nascimento fornece uma estimativa do padrão de crescimento fetal, o qual pode ser expresso em percentis: Adequado para a idade gestacional (AIG): peso compreendido entre os percentis 10 e 90. Grande para a idade gestacional (GIG): peso acima do percentil 90. Pequeno para a idade gestacional (PIG): peso abaixo do percentil 10. Adendo: Exame Físico Do RN → O exame físico do RN deve ser realizado considerando as características próprias de sua anatomia e fisiologia, integrado à história materna e evolução clínica da criança. → De preferência, o exame deve ser conduzido em ambiente tranquilo, aquecido, iluminado, respeitando o estado de saúdeda criança e evitando manipulações excessivas, principalmente nas que são mais imaturas ou que estejam muito doentes. → Deve ser realizado entre 12 e 24 horas de vida, portanto, após o término do período de transição. Nesse período, ocorre uma série de alterações para a recuperação dos estresses causados pelo trabalho de parto, pelo nascimento e pela adaptação às exigências do meio extrauterino. → Essa transição requer ajustes do RN para tolerar a mudança de um meio líquido, relativamente estável (que proporciona nutrição e respiração adequada) para ambiente no qual ele deve ser muito mais independente fisiologicamente. → Os neonatos a termo completam esse período em poucas horas; entretanto, para os RN pré- termo, esse período pode ser mais longo e alguns podem necessitar de assistência especializada. EXPLICAR A ESCALA DE APGAR Conceito: o Escore de Apgar quantifica e sumariza a resposta do recém nascido à vida extra-uterina e às medidas de reanimação. Um valor de 0 a 2 é dado a cada um dos cinco itens. Os cinco valores são adicionados, sendo a soma dos itens o Escore de Apgar. Essa avaliação é feita com 1 e 5 minutos após o nascimento.2,6 Se o escore é inferior a sete no 5º minuto, recomenda-se sua aplicação a cada cinco minutos até 20 minutos de vida. → O Escore de Apgar não deve ser utilizado para determinar o início da reanimação nem as manobras a serem instituídas no decorrer do procedimento. No entanto, sua aferição permite avaliar a resposta do bebê às manobras realizadas e a eficácia dessas manobras. Manobras Reanimação Neonatal → Em todo nascimento deve haver uma equipe treinada em reanimação neonatal, com o PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 4 material adequado disponível, devidamente inspecionado e em funcionamento. 1) 1º Crianças que nascem em boas condições (a termo, com bom tônus, respirando ou chorando e com líquido amniótico claro) não devem ser separadas de suas mães após o parto. É importante que a pele seja enxugada com compressas secas e a criança mantida em contato pele a pele com a mãe. 2) 2º A conduta do pediatra frente à presença de líquido tinto de mecônio depende da vitalidade ao nascer. Caso o neonato apresente, logo após o nascimento, movimentos respiratórios rítmicos e regulares, tônus muscular adequado e FC >100 bpm, levar o paciente à mesa de reanimação, colocar sob fonte de calor radiante, posicionar sua cabeça com uma leve extensão do pescoço, aspirar o excesso de secreções da boca e do nariz com sonda de aspiração traqueal no 10 e, a seguir, secar e desprezar os campos úmidos, verificando novamente a posição da cabeça e, então, avaliar a respiração e a FC. Se a avaliação resultar normal, o RN receberá cuidados de rotina na sala de parto. 3) 3º Quando o neonato com líquido amniótico meconial fluido ou espesso, logo após o nascimento, não apresentar ritmo respiratório regular e/ou o tônus muscular estiver flácido e/ou a FC <100bpm , o pediatra deve realizar a retirada do mecônio residual da hipofaringe e da traqueia sob visualização direta , sob fonte de calor radiante. A aspiração traqueal propriamente dita é feita através da cânula traqueal conectada a um dispositivo para aspiração de mecônio e ao aspirador a vácuo, com uma pressão máxima de 100mmHg. Aspirar o excesso de mecônio uma única vez; se o RN permanecer com FC <100bpm, respiração irregular ou apneia, iniciar a Ventilação com Pressão Positiva (VPP). Primeiros Passos da Reanimação: → Colocar o RN sob calor radiante. → Posicioná-lo em decúbito dorsal, com pescoço em leve extensão, para manter a permeabilidade das vias aéreas. Se necessário, aspirar inicialmente a boca e depois as narinas, lateralizando a cabeça para um dos lados, mantendo o pescoço em leve extensão. A aspiração não é um procedimento isento de riscos; portanto, não deve ser realizada rotineiramente em crianças hígidas, mas sim naquelas que necessitam de reanimação. → Enxugá-lo e remover campos úmidos. → Reposicioná-lo e avaliar frequência cardíaca e ritmo respiratório. → A respiração deve ser regular e efetiva com expansão torácica visível. Respiração do tipo “gasping” é ineficaz e requer intervenção. A frequência cardíaca deve ser maior que 100 bpm. Ventilação com Pressão Positiva (VPP) → Se a respiração for irregular ou ausente, iniciar ventilação com pressão positiva com máscara e reanimador neonatal em ar ambiente se RN com idade gestacional maior ou igual a 34 semanas ou, com FiO2=0,4 se RN com idade gestacional < 34 semanas. A frequência da ventilação deve ser 40 – 60 ventilações por minuto, com reavaliações a cada 30 segundos. → Colocar oxímetro de pulso em mão direita em Rn pré-termo ou pulso radial direito em Rn a PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 5 termo. Conectar cabo no oxímetro somente após colocar o sensor no RN. → Se após 30 segundos, RN permanecer com FC<100 ou não iniciar respiração espontânea efetiva e regular, reavaliar técnica e iniciar ou aumentar oferta de oxigênio de acordo com oximetria de pulso (vide fluxograma reanimação). → Se não houver resposta em 30 segundos, reavaliar técnica e considerar intubação. Massagem Cardíaca → Iniciar massagem cardíaca se, após 30 segundos de ventilação com pressão positiva efetiva, a FC estiver abaixo de 60 bpm. Realizar massagem cardíaca de forma coordenada com a ventilação, sendo uma ventilação para cada três compressões torácicas, portanto 30 ventilações e 90 compressões por minuto. → Reavaliar a frequência cardíaca a cada 45-60 segundos e suspender a massagem quando estiver acima de 60 bpm. → Quando o RN apresentar FC acima de 100 bpm e respiração espontânea regular, pode-se interromper a ventilação e manter oxigênio inalatório com FiO2 de acordo com oximetria de pulso (vide fluxograma reanimação). Se o RN foi ventilado com ar ambiente, não há necessidade de O2 inalatório após suspender a ventilação. EXPLICAR A FISIOLOGIA NEONATAL CONSIDERANDO AS ADAPTAÇÕES (CIRCuLATÓRIO; CLAMPEAMENTO DO CORDÃO E RESPIRATÓRIO). Circulatório → A circulação fetal difere da circulação pós-natal em alguns aspectos fundamentais, como elevada resistência vascular pulmonar e reduzido fluxo pulmonar no feto; baixa resistência vascular sistêmica decorrente da presença da placenta, que é o local das trocas gasosas na circulação fetal; mistura (shunt) ou desvio do sangue mais oxigenado através do duto venoso e forame oval, do átrio direito para o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo e daí para aorta e cérebro do feto; e mistura (shunt) ou desvio do sangue menos oxigenado através do canal arterial, do ventrículo direito para a aorta descendente do feto (Figura 1). → A transição da circulação fetal para a pós-natal envolve a eliminação da circulação placentária, o estabelecimento da circulação pulmonar efetiva e a separação entre as circulações pulmonar e sistêmica, o que ocorre com o fechamento dos locais de mistura entre elas (forame oval, duto venoso e canal arterial). → As circulações sistêmica e pulmonar, que funcionavam em paralelo no feto, passam a funcionar em série. O ventrículo direito, que, no feto, trabalhava em um regime de alta resistência, torna-se responsável pela circulação pulmonar, que é de baixa resistência. Por outro lado, o ventrículo esquerdo fica responsável pela circulação sistêmica. → As alterações hemodinâmicas da transição da circulação fetal para a neonatal podem ser divididas em duas fases: Alterações perinatais imediatas que estabelecem a circulação neonatal nas primeiras 10 a 15 horas de vida; Alterações graduais na circulação e na resistência pulmonar que ocorre até a 6ª semana de vida. → Um dos aspectos mais importantes da transição da circulação fetal para a neonatal é o fechamento do canal arterial. Esse processo começa logoapós o nascimento, por meio de uma constrição inicial, já nas primeiras horas de vida. Com a redução da resistência vascular pulmonar, o fluxo através do canal arterial passa a ser da esquerda para direita (aorta para pulmonar). → A elevada incidência de persistência do canal arterial em recém-nascidos pré-termo é decorrente de maior sensibilidade do tecido do canal arterial às substâncias vasodilatadoras (prostaglandinas e óxido nítrico) e de menor resposta constritora ao oxigênio. → A circulação em paralelo que ocorre nos fetos permite que a maioria dos bebês com PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 6 cardiopatia congênita apresente um bom desenvolvimento fetal e chegue ao termo. Tanto o forame oval quanto o canal arterial podem servir de escape para eventuais defeitos cardíacos fetais. Ilustração mostrando a circulação fetal. Observam-se os locais de misturas entre as circulações: ducto venoso (1), forame oval (2) e canal arterial (3). O fluxo de sangue mais oxigenado e direcionado através do ducto venoso e forame oval para o atrio esquerdo, ventrículo esquerdo e aorta ascendente. Por outro lado, o fluxo de sangue menos oxigenado e direcionado através do canal arterial para aorta descendente e placenta, local em que se realizam as trocas gasosas no feto. Respiratório → Durante a gravidez, o feto tem seu sangue oxigenado e gás carbonico eliminado através da placenta, uma vez que seus pulmões estão inativos. Logo após a expulsão, o recém- nascido deve estabelecer sua respiração através dos alvéolos, substituindo o líquido pulmonar por ar atmosférico de maneira apropriada no primeiro minuto de vida. → No decorrer da 24ª e 30ª semana de gestação, é produzido surfactante pelas células alveolares, que diminui a tensão superficial, evitando o colabamento dos alvéolos ao término da expiração. Por esse processo, o surfactante faz com que as trocas gasosas sejam facilitadas, a pressão para a insuflação necessária para abertura das vias respiratórias diminuída, a complacência pulmonar melhorada e o esforço respiratório reduzido. → Antes do evento do nascimento, o pulmão permanece repleto de líquido e recebe de 10 a 15% do débito cardíaco. O início da função respiratória é estabelecida por estímulos químicos, térmicos, físicos e sensoriais, como dor e luminosidade, sendo que a primeira respiração deve ocorrer dentro de 20 segundos após o parto. Após os primeiros minutos de vida, com a expulsão e reabsorção do líquido presente nos pulmões, este enche- se de ar e o fluxo sangüíneo aumenta consideravelmente, cerca de oito a dez vezes. → Com a compressão do tórax ao passar pelo canal vaginal, cerca de um terço do líquido pulmonar, é expelido pela boca e nariz, e os dois terços restantes são absorvidos pela circulação pulmonar e sistema linfático, dentro de 6 a 24 horas após o nascimento. Após o nascimento, com a compressão mecânica do tórax e expulsão do líquido pulmonar, ocorre uma descompressão do tórax, criando-se assim, uma pressão negativa que traz o ar para dentro dos pulmões. A completa expansão pulmonar e distribuição do ar pelos alvéolos ocorre quando o recém-nascido chora, porque o choro cria uma pressão intratorácica positiva, mantendo os alvéolos abertos e forçando o restante do líquido pulmonar para os capilares pulmonares e sistema linfático. Após as primeiras respirações, o recém-nascido assume sua atividade ventilatória e de oxigenação, com a substituição do espaço antes ocupado pelos fluidos pulmonares por ar atmosférico. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 7 Clampeamento do cordão → Após o bebê ter nascido e ser secado com um pano limpo e seco, e se estiver completamente ativo e reativo, ele pode ser colocado de bruços sobre o abdome da mãe, onde pode ser coberto com um cobertor seco e quente. → O momento ideal para pinçar o cordão de todos os recém-nascidos, independentemente de sua idade gestacional, é quando a circulação do cordão umbilical cessou, o cordão está achatado e sem pulso (aproximadamente 3 minutos ou mais depois do nascimento). → Depois de as pulsações do cordão terem cessado (aproximadamente 3 minutos após o parto), procede-se o clampeamento e o corte, de acordo com técnicas estritas de higiene e limpeza. EXPLICAR O ENLEAMENTO E ALOJAMENTO EM CONJUNTO Conceito: Alojamento em Conjunto é um sistema hospitalar em que o recém-nascido sadio, logo após o nascimento, permanece ao lado da mãe, 24 horas por dia, num mesmo ambiente, até a alta hospitalar. → Tal sistema possibilita a prestação de todos os cuidados assistenciais, bem como a orientação à mãe sobre a saúde do binômio mãe e filho. → A colocação do recém-nascido junto à mãe de forma descontínua não oferece as vantagens citadas e não é, por definição, considerada como "Alojamento Conjunto". Vantagens → A permanência do recém-nascido sadio com sua mãe, com a prática de ações que configuram o sistema conhecido como "Alojamento Conjunto", tem por vantagens: Estimular e motivar o aleitamento materno, de acordo com as necessidades da criança, tornando a amamentação mais fisiológica e natural. A amamentação precoce provoca a contração do útero e de seus vasos, atuando como profilaxia das hemorragias pós-parto; Favorecer a precocidade, intensidade, assiduidade do aleitamento materno, e sua manutenção por tempo mais prolongado; Fortalecer os laços afetivos entre mãe e filho, através do relacionamento precoce; Permitir a observação constante do recém-nato pela mãe, o que a faz conhecer melhor seu filho e possibilitar a comunicação imediata de qualquer anormalidade; Oferecer condições à enfermagem de promover o treinamento materno, através de demonstrações práticas dos cuidados indispensáveis ao recém-nascido e à puérpera; Manter intercâmbio biopsicossocial entre a mãe, a criança e os demais membros da família; Diminuir o risco de infecção hospitalar; Facilitar o encontro da mãe com o pediatra por ocasião das visitas médicas para o exame do recém-nascido, possibilitando troca de informações entre ambos; Desativar o berçário para recém-nascidos normais, cuja área poderá ser utilizada de acordo com outras necessidades do hospital. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 8 População a ser Atendida Mães - na ausência de patologia que impossibilite ou contraindique o contato com o recém-nascido. Recém-Nascidos - com boa vitalidade, capacidade de sucção e controle térmico, a critério de elemento da equipe de saúde. → 2.1. Considera-se com boa vitalidade os recém- nascidos com mais de 2 quilos, mais de 35 semanas de gestação e índice de APGAR maior que 6 no 5° minuto. Em caso de cesariana, o filho será levado para perto da puérpera entre 2 a 6 horas após o parto, respeitando as condições maternas. Recursos para Implantação Recursos Humanos. → A dotação de recursos humanos deve depender da disponibilidade de cada serviço. → As unidades hospitalares com sistema de Alojamento Conjunto devem manter uma equipe mínima de recursos humanos, de rotina e de plantão, respeitando seu grau de complexidade. Recomenda-se uma equipe multiprofissional treinada, constituída por: a) Enfermagem: 1 enfermeiro para 30 binômios; 1 auxiliar para 8 binômios; b) Médicos: 1 obstetra para 20 mães; 1 pediatra para 20 crianças. c) Outros Profissionais: Assistente social; Psicólogo; Nutricionista. Recursos Físicos → Os quartos e/ou enfermarias devem obedecer a certo padrão, com tamanho adequado para acomodar a dupla mãe-filho, sendo a área convencionalmente estabelecida de 5m2 para cada conjunto leito materno/berço. → De acordo com as disponibilidades locais, poderá haver modificação dessa metragem no sentido de dar prioridadeao alojamento conjunto. → O berço deve ficar com separação mínima de 2 m do outro berço. → Objetivando melhor funcionamento, o número de duplas mãe-filho por enfermaria deverá ser de no máximo 6. As acomodações sanitárias serão estabelecidas de acordo com as normas de construção hospitalar do Ministério da Saúde. Recursos Materiais → Na área destinada a cada binômio mãe e filho, serão localizados: cama, mesinha de cabeceira, berço, cadeira e material de asseio. → Para cada enfermaria são necessários 1 lavatório e um recipiente com tampa para recolhimento da roupa usada. EXPLICAR A IMPORTÂNCIA DOS FORMULÁRIOS E PREENCHIMENTOS DA SALA DE PARTO → Nos últimos anos, o Governo Federal tem realizado ações e campanhas para reduzir o sub-registro de nascimentos no país e possibilitar o acesso do brasileiro à documentação básica, o que lhe permite exercer seus direitos civis básicos. Uma ação fundamental tem sido a implantação do uso obrigatório em todo o território nacional da Declaração de Nascido Vivo – DN –, documento padrão do Ministério da Saúde, hábil para a lavratura da Certidão de Nascimento pelos Cartórios de Registro Civil e, portanto, para a garantia dos direitos de cidadania. Bloco I – Identificação do recém-nascido Campos de 1 a 6 → Este Bloco se destina a colher informações inerentes ao nascido vivo e contem seis campos Nome do Recém-nascido – preencher com o nome declarado pela mãe, escrito por extenso, sem abreviaturas, e em letra legível. Deve-se estimular fortemente a mãe a ter o nome da criança definido no momento do nascimento, e sempre que possível PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 9 que haja a participação do pai na escolha do nome da criança. Mas se após o nascimento isto não esteja ainda definido, ela poderá informar parcialmente o nome (apenas prenome por exemplo) para o preenchimento da DN. Deve-se informar à mãe e ao pai que o nome que constará do registro e certidão de nascimento será o que for declarado perante o oficial de registro, mesmo que seja diferente do que constar da DN, caso em que o cartório não deve recusar ou devolver a DN. Data e hora do nascimento → 2 Data – anotar a data do nascimento seguindo o padrão dia, mês e ano (dd / mm/ aaaa). Hora: anotar a hora exata ou aproximada em que ocorreu o nascimento, no padrão 24h. Atentar que não existe 24:00. Ou o nascimento foi às 23h59 minutos ou foi às 00h00, que já será anotado quando ocorrido nos primeiros segundos de um dia que se inicia. → 3 Sexo - assinalar com um “X” a quadrícula correspondente ao tipo de sexo. A alternativa “Ignorado” só deverá ser assinalada em casos especiais como genitália indefinida ou hermafroditismo (não esquecendo neste caso de também informar a anomalia congênita nos campo 6 e 41). → 4 Peso ao nascer - colocar o peso em gramas, utilizando as quatro caselas. Este peso deve ser tomado até a 5ª hora após o nascimento, levando-se em consideração o fato de que após este tempo haverá uma redução ponderal. Quando o peso não é conhecido, colocar traço. → 5 Índice de Apgar- anotar os valores do Índice de Apgar, medidos no 1º e no 5º minuto de vida, entre “00” e “10”, com dois algarismos. Quando for impossível conhecer os valores correspondentes, colocar um traço (-) nas respectivas caselas. Obs: No Anexo C - Definições, encontra-se uma descrição detalhada sobre este índice. → 6 Detectada alguma anomalia congênita? Assinalar com um “X” a quadrícula correspondente. Caso exista alguma anomalia congênita detectável no momento do nascimento, informar sua presença neste campo e fazer uma descrição completa no campo 41 do Bloco VI (Anomalia congênita) Bloco II – Local da ocorrência Campos de 7 a 13 → Este Bloco se destina a colher informações sobre o local onde ocorreu o parto e contém sete campos. → 7 Local da ocorrência - assinalar com um "X" a quadrícula correspondente ao local onde ocorreu o parto, de acordo com as alternativas seguintes: Hospital: se o nascimento ocorreu em um estabelecimento de saúde que tem por finalidade básica prestar assistência médica em regime de internação, possuindo leitos e instalações apropriadas, com assistência médica permanente de pelo menos um médico Outros estabelecimentos de saúde: se o nascimento ocorreu em outros estabelecimentos que prestam atenção à saúde coletiva ou individual, que não sejam hospitais (Postos/Centros de Saúde, Unidades Básicas de Saúde, dentre outros) Domicílio: se o nascimento ocorreu em um domicílio, que poderá ser a residência da própria mãe ou de outra pessoa. Outros: se o nascimento não ocorreu em um estabelecimento de saúde ou domicílio → 9. Ignorado: quando não for possível identificar onde ocorreu o nascimento → 8 Estabelecimento - preencher com o nome do hospital ou de outro estabelecimento de saúde onde ocorreu o nascimento. Código CNES: corresponde ao código do estabelecimento de saúde constante do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde. O código não precisa ser preenchido, exceto se orientado pela Secretaria de Saúde a fazê-lo. O digitador ou codificador preencherá a partir da tabela completa, disponível no sistema. → 9 Endereço da ocorrência, se fora do estabelecimento ou da residência da Mãe (rua, praça, avenida, etc) preencher o endereço completo de onde ocorreu o nascimento, desde que este tenha se dado em outro local, fora do estabelecimento de saúde ou da residência da Mãe. Obs: Somente preencher este caso se a escolha no Campo 7 PEDRO SANTOS – MEDICINA 2020.2 10 (Local da ocorrência) tenha sido 3-Domicílio ou 4-Outros. No caso de 3-Domicílio, este só deve ser preenchido quando o nascimento tiver ocorrido em domicílio diferente da residência da Mãe. → 10 CEP - anotar o Código de Endereçamento Postal correspondente ao endereço constante do campo anterior. → 11 Bairro/Distrito - preencher o nome do bairro ou distrito ao qual pertence o logradouro, conforme constam do respectivo Cadastro de Logradouros. Código: O código não precisa ser preenchido, exceto se orientado pela Secretaria de Saúde a fazê-lo. O digitador ou codificador preencherá a partir da tabela completa, disponível no sistema. → 12 Município de ocorrência - preencher com o nome do Município onde ocorreu o nascimento. Código: O código não precisa ser preenchido. O digitador ou codificador preencherá a partir da tabela completa, disponível no sistema. → 13 UF – preencher com a sigla da Unidade da Federação (Estado ou DF) à qual pertence o Município de ocorrência do nascimento. Bloco III – Mãe Campos de 14 a 27 Este Bloco, contendo quatorze campos, contempla informações sobre a Mãe do recém-nascido e algumas de suas características tais como escolaridade, ocupação habitual e situação conjugal. → 14 Nome da Mãe – preencher o nome completo da Mãe, sem abreviaturas. Sempre solicitar um documento de identificação, com foto. → 15 Cartão SUS - anotar o número do Cartão SUS da Mãe. Quando não se dispuser desta informação deve-se passar um traço neste campo5 . → 16 Escolaridade (última série concluída) – Esta pergunta deve ser respondida em duas etapas, informando inicialmente o “Nível” de escolaridade que a mãe cursou (1 - Fundamental I; 2 - Fundamental II; 3 – Médio; 4 - Superior incompleto; 5 - Superior completo) e em seguida a última “Série” concluída com aprovação se no quesito “Nível” foi informada a alternativa 1, 2 ou 3. Caso não tenha estudado, anotar sem escolaridade (opção 0 – Sem escolaridade no campo Nível). BLOCO IV – Pai Campos 28 e 29 Este Bloco, com apenas dois campos, se destina a colher informações sobre o nome e idade do Pai do nascido vivo a que se refere a DN. → 28 Nome do Pai – preencher com o nome completo do pai do recém-nascido, escritopor extenso, sem abreviaturas, conforme informado pela mãe, em letra legível. BLOCO V – Gestação e parto Campos 30 a 40 Este Bloco, com onze campos, se destina a colher informações sobre as gestações anteriores (campo 30), a gestação atual (campos 31 a 35), o parto e suas intercorrências (campos 36 a 40).
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