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1 
 
 
NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO 
 
 
DIDÁTICA, TECNOLOGIA E A EDUCAÇÃO DO FUTURO 
 
 
 
NOVA GERAÇÃO – ASSESSORIA EDUCACIONAL 
CENTRAL - Núcleo de Pós Graduação em Educação, Segunda Licenciatura e Cursos Livres - 
Rua Antonio Gama de Cerqueira, 325 – São Miguel Paulista São Paulo / SP – 
Telefones: 11-2025-8405 
 
 
 
 
2 
 
TEXTO PARA REFLEXÃO 
 
 Plante o futuro 
 
 Um senhor já idoso amava muito as plantas. Todo dia acordava bem cedo para cuidar de seu 
jardim. Fazia isso com tanto carinho e mantinha o jardim tão lindo que não havia quem não 
admirasse suas plantas e flores. 
Certo dia resolveu plantar uma jabuticabeira. Enquanto fazia o serviço com toda dedicação, 
aproximou-se dele um jovem que lhe perguntou: 
- Que planta é essa que o senhor está cuidando? 
- Acabo de plantar uma jabuticabeira! - respondeu. 
- E quanto tempo ela demora em dar fruto? - indagou o jovem. 
- Ah! Mais ou menos uns 15 anos - respondeu o velho. 
- E o senhor espera viver tanto tempo assim? - questionou o rapaz. 
- Não meu filho, provavelmente não comerei de seu fruto. 
- Então, qual a vantagem de plantar uma árvore se o senhor não comerá de seu fruto O velho, 
olhando serenamente nos olhos do rapaz, respondeu: 
- Nenhuma, meu filho, exceto a vantagem de saber que ninguém comeria jabuticaba se todos 
pensassem como você. 
 O rapaz, ouvindo aquilo, despediu-se do velho e saiu pensativo. Depois de caminhar um pouco, 
encontrou à sua frente uma árvore e parou para descansar à sua sombra. 
 De repente olhou e percebeu que se tratava de uma jabuticabeira carregada de frutos maduros. 
 Pôde então saborear deliciosas jabuticabas. Enquanto comia, lembrou-se da sua conversa com 
o velho e refletiu: "Estou comendo esta jabuticaba porque alguém há 15 anos plantou esta 
árvore”. Talvez essa pessoa não esteja mais viva, mas seus frutos estão. 
"O importante é plantar e saber que um dia alguém será beneficiado”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
DIDÁTICA 
 
 Uma sociedade que não valoriza a educação e o professor perde a consciência do 
futuro. O futuro de um país não está na tecnologia, nem em preparar excelentes 
especialistas, mas sim em elevar o nível cultural, artístico e ético dos seus cidadãos. Essa 
é a chave de uma cidadania cuja formação se reverterá para toda a sociedade. Mas a 
qualidade transforma-se muitas vezes em um slogan de um discurso administrativo e 
político, longe da prática docente, do reconhecimento social do professor, do investimento 
na formação e na promoção de experiências inovadoras e criativas. 
 O melhor exemplo de qualidade humana é encontrado em escolas e instituições 
criativas. Em escolas que se propõem a tirar o melhor de cada aluno e desenvolver seu 
potencial. Delas sairão cidadãos e profissionais alegres e capazes de fazer avançar a 
sociedade nas mais diversas áreas. Uma sociedade plural precisa de engenheiros, 
advogados, médicos, administradores, mas também de artistas que são o fermento dos 
valores humanos, que se entregam à criação e desfrutam do seu trabalho, como ocorre 
com os bons professores. 
 Educar é tornar o homem consciente de si mesmo, de seus deveres e direitos, de sua 
responsabilidade para com sua espécie. Educar é tornar o homem capaz de pensar em si 
e nos seus relacionamentos com os outros de modo a perceber que é impossível que ele 
se nutra autonomamente (EMERENCIANO, 1996:140) Educar é mostrar que a inter-
relação, a parceria, a colaboração são fundamentais para o crescimento pessoal e da 
comunidade. Educar é despertar no homem a possibilidade da ação comprometida com o 
interpessoal e a consciência de que toda ação tem reflexo para além do pessoal e atinge 
os que estão ao seu redor. 
 
4 
 
 Desde o início da história da humanidade, os indivíduos e grupos travam 
relações recíprocas diante da necessidade de trabalharem conjuntamente para garantir 
sua sobrevivência. Essas relações vão passando por transformações, criando novas 
necessidades, novas formas de organização do trabalho e, especialmente, uma visão do 
trabalho conforme sexo, idade, ocupações, de modo a existir uma distribuição das 
atividades entre os envolvidos no processo de trabalho. Na história da sociedade, nem 
sempre houve uma distribuição por igual dos produtos do trabalho, tanto materiais quanto 
espirituais. Com isso, vai surgindo nas relações sociais a desigualdade econômica e de 
classe. 
 
 Uma nova educação para uma nova era 
 O ciclo infinito de idéias e ação, 
Infinita experiência, infinita invenção, 
Traz o saber do movimento, mas não da paz... 
Onde está a vida que perdemos vivendo? 
Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? 
Onde está o conhecimento que perdemos na informação? 
 T.S.Eliot, "The Rock" 
 Se pensarmos que cada vez mais o conhecimento deve tender à globalização e 
não à especialização, como durante muito tempo se admitiu, obrigando a obter informação 
das mais diversas áreas – para então criar o conhecimento – veremos que é impossível 
acessar toda a informação ao mesmo tempo. Mais que isso, inútil. 
 Apesar dessa constatação, nossa escola continua tentando formar seus alunos 
como se ainda estivessemos no século passado e não no limiar de uma nova era. 
Ensinando fatos e cobrando sua memorização, num nítido desvio psitacista, a escola 
esquece seu principal papel: o de ensinar a aprender. 
 A escola e a interdisciplinaridade 
 Conta a conhecida historinha que cinco cegos encontram um elefante. Cada um 
apalpa um pedaço e sai relatando às demais pessoas como era o animal que "viu". 
Infelizmente o nosso sistema educacional não se diferencia muito dessa visão cognitiva do 
elefante. Ensina-se "trombologia" numa disciplina, "patalogia" em outra, e espera-se que o 
aluno faça sozinho a parte mais difícil da tarefa, que é montar o elefante como um sistema 
completo em seu arcabouço de representação mental. 
 A interdisciplinaridade, tão falada mas tão pouco praticada, não apenas leva à 
formação mais completa do estudante e do cidadão, preparando-o para interagir com as 
 
5 
 
informações esparsas e construir seu conhecimento, como também permite uma 
compreensão mais profunda das próprias questões especializadas. Já se definiu 
inteligência como a capacidade de formular analogias; compete à escola ser o ambiente 
que forme tais competências, criando projetos de estudo multidisciplinares. 
 Podemos comparar o conhecimento a uma esfera que, à medida em que amplia seu 
volume, aumenta o número de pontos em contato com o desconhecido, devido ao 
aumento de sua superfície. Ao invés de pretender dominar o maior volume possível dessa 
esfera, devemos aprender a navegar nela (os bons navegantes não decoram todas as 
ondas e gotas de água, norteiam-se pelas estrelas e pelos mapas). 
 Por outro lado, a maior parte da informação é mero ruído quando não se encaixa 
em algum modelo, quando não possui utilidade imediata. O indivíduo deve ser sabedor da 
existência de determinadas informações e de onde se localizam para que, no momento 
adequado, as acesse. Nesse sentido, é papel importante da escola criar ambientes de 
aprendizagem fundamentados na pesquisa, enquanto busca e avaliação de informações. 
 As mudanças no mundo e o papel da educação 
 Com as rápidas transformações nos meios e nos modos de produção, resultado da 
revolução tecnológica e científica está entrando em uma nova era da humanidade. A 
natureza do trabalho e a relação econômica entre as pessoas e as nações sofrerão 
enormes transformações, mudando a natureza do que hoje podemos entender por 
profissão. Nestequadro a educação não apenas tem que se adaptar às novas 
necessidades como, principalmente, tem que assumir um papel de ponta nesse processo. 
 O profissional do futuro (e o futuro já começou) terá como principal tarefa aprender. 
Sim, pois para executar tarefas repetitivas existirão os computadores e robôs. Ao homem 
compete ser criativo, imaginativo, inovador. 
 A carga horária de trabalho desse profissional do futuro vai imaginá-la em cinco 
horas diárias. Dessas cinco horas, e sempre falando hipoteticamente, uma hora diária 
seria dedicada ao que podemos chamar de produção propriamente dita e as demais 
quatro horas seriam entregues ao estudo, à pesquisa, à aprendizagem. Isso não é mera 
futurologia, pois hoje as profissões baseadas no conhecimento (e não na venda de força 
de trabalho) já funcionam desta maneira. Uma única boa idéia justificará o salário de 
vários anos de um empregado numa empresa. 
 A escola tem que preparar seus alunos para esta realidade, eles terão que aprender 
a aprender, e aprender a fazê-lo com autonomia. O conceito de educação permanente 
será mais válido do que nunca. O homo studiosus como realização dos mais velhos 
 
6 
 
sonhos humanistas, libertando o homem das tarefas desumanizantes (aquelas que 
qualquer máquina, robô ou computador pode fazer) e tornando a cultura, o saber e a arte 
sua principal tarefa. Neste cenário, onde está a diferença entre a escola e a profissão? 
 A cruel piada de que "quem sabe faz, quem não sabe ensina" reflete bem a 
desqualificação do profissional da educação. O amadorismo é hoje a maior "praga" da 
profissão de professor (ambas as palavras comungam da mesma origem, talvez 
possamos resgatar seu sentido). A idéia de sacerdócio justifica a incompetência e castiga 
com os maus salários, a pedagogia do afeto (amor e ódio) asfixia a pedagogia do 
intelecto. A própria gestalt das escolas reflete sua contradição com a exigência dos novos 
tempos: seu visual geralmente está mais para um cartório de notas do que para um 
ambiente estimulador do prazer intelectual. 
 Para alterarmos este quadro, não basta a lamúria, a mera boa-vontade ou mesmo a 
determinação política: há que mirar-se nos demais avanços da humanidade e integrá-los 
na escola. Por que a escola tem que ser mais atrasada e mais enfadonha do que a TV ou 
um vídeo game? Afinal, nenhuma criança demonstra atração por esta espécie de 
sadomasoquismo cognitivo. Uma das alternativas, e que pretendo aprofundar no resto 
deste artigo, é o uso da tecnologia educacional. 
 Tecnologia educacional e ambientes de aprendizagem 
 Em um mundo tecnológico, integrar novas tecnologias à sala de aula ainda é 
pouco frequente e um desafio para docentes. Em muitos casos, a formação não considera 
essas tecnologias, e se restringe ao teórico, ou seja, o professor precisa buscar esse 
conhecimento em outros espaços. Isso nem sempre funciona, pois frequentar cursos de 
poucas horas nem sempre garante ao professor segurança e domínio dessas tecnologias. 
 Embora alguns ainda se sintam inseguros e despreparados, muitos educadores já 
perceberam o potencial dessas ferramentas e procuram levar novidades para a sala de 
aula, seja com uma atividade prática no computador, com videogame, tablets e até 
mesmo com o celular. 
 O fato é que o uso dessas tecnologias pode aproximar alunos e professores, além 
de ser útil na exploração dos conteúdos de forma mais interativa. O aluno passa de mero 
receptor, que só observa e nem sempre compreende, para um sujeito mais ativo e 
participativo. O ideal seria testar as novas tecnologias e identificar quais se enquadram na 
realidade da escola e dos alunos. Uma das dificuldades é a falta de infraestrutura de 
 
7 
 
algumas escolas e a falta de formação de qualidade para os professores quanto ao uso 
dessas novas tecnologias 
 Nos dias de hoje, os diferentes usos dessas mídias (tecnologias) se confundem e 
passam a ser característicos das tecnologias de informação e de comunicação, que 
mudam os padrões de trabalho, do lazer, da educação, do tempo, da saúde e da indústria 
e criam, assim, uma nova sociedade, novas atmosferas de trabalho, novos ambientes de 
aprendizagem. Criando-se um novo tipo de aluno que necessita de um novo tipo de 
professor. Um professor ligado e compromissado com o que está acontecendo ao seu 
redor. 
 
 
 
Desafio aos professores: aliar tecnologia e educação 
 
 Seja por meio de celular, computador ou TV via satélite, as diferentes tecnologias já 
fazem parte do dia a dia de alunos e professores de qualquer escola. Contudo, fazer com 
que essas ferramentas de fato auxiliem o ensino e a produção de conhecimento em sala 
de aula não é tarefa fácil: exige treinamento dos mestres. "Ainda não conseguimos 
 
8 
 
desenvolver de forma massiva metodologias para que os professores possam fazer uso 
dessa ampla gama de tecnologias da informação e comunicação, que poderiam ser úteis 
no ambiente educacional." 
 O desafio é mundial. Mas pode ser ainda mais severo no Brasil, devido a eventuais 
lacunas na formação e atualização de professores e a limitações de acesso à internet - 
problema que afeta docentes e estudantes. 
 Normalmente se confunde "obter ou desenvolver tecnologia" com "adquirir 
artefatos tecnológicos"; enquanto que a primeira envolve o conhecimento, a segunda 
reflete a capacidade de aquisição apenas é pois tecnologia é, antes de tudo, uma questão 
de cabeça. 
 Como contraponto ao conceito de tecnologia podemos mencionar o Kwait: 
um país que pode comprar os computadores mais potentes, os carros mais velozes, 
os videocassetes mais modernos... mas que não sabe construir ou sequer consertar 
qualquer um deles. O inverso disso é Robinson Crusoe, o do clássico de Daniel 
Defoe: de mãos nuas, escapado de um naufrágio, reproduz em sua ilha deserta toda 
a tecnologia da época, usando apenas seu conhecimento e a vontade de 
transformar a realidade. 
 Na educação (e também em outros setores) essa distinção é fundamental, pois 
não há máquina que substitua o professor – e quando isso ocorre é porque o professor o 
merece. Tecnologia educacional é, por exemplo, usar uma lata de água, um pedaço de 
madeira e uma pedra para explicar a flutuação dos corpos; apertar a tecla de um vídeo 
sobre o assunto e deixar os alunos o assistirem passivamente, em contrapartida, nada 
tem de tecnologia. 
 Isso nos aponta para a formação de um novo educador. Por mais que pensemos 
em utilizar o vídeo, o computador ou mesmo o velho e bom quadro-negro, é na formação 
do professor que desenvolveremos a tecnologia educacional, preparando líderes, 
mediadores e estimuladores, mais do que detentores de determinados conhecimentos. O 
professor do final do século deve saber orientar os educandos sobre onde colher a 
informação, como tratar essa informação, como utilizar a informação obtida. Esse 
educador será o encaminhador da autoformação e o conselheiro da aprendizagem dos 
alunos, ora estimulando o trabalho individual, ora apoiando o trabalho de pequenos 
grupos reunidos por área de interesses. 
 
 "Quanto menos informações inúteis colocarmos na cabeça de nossos alunos, mais 
espaço sobrará para as grandes idéias", disse o físico russo Lev Landau quando propôs a 
 
9 
 
mudança dos conteúdos de ensino de física em seu país – de cerca de 150 itens 
curriculares ele os reduziu para apenas cinco! 
 Neste exercício de repensar a educação é importante não cair nas armadilhas da 
"ditadura dos conteúdos", tantas vezes justificadora da falta de inovação ("como posso 
mudar minhas aulas se mal tenho tempo para dar o conteúdo?"). Mais vale um aluno 
entender bem e profundamente cinco princípios básicos da física do que não entender 
nada de 150. Mais vale aprender menosconteúdos mas aprender a ter prazer com o uso 
do intelecto, a apreciar a pesquisa, ler por conta própria e descobrir as demais 
informações, usando o professor como um consultor para suas dúvidas. 
 Há que transformar a sala de aula num ambiente interativo facilitador da 
aprendizagem. Uma espécie de bolha no espaço-tempo que leve a classe a navegar pela 
história da humanidade, pelas galáxias e pelos mundos microscópicos, onde calcular e 
argumentar sejam as ferramentas de interação lúdica entre os alunos e seus objetos de 
reflexão e pesquisa. 
 Para obter tal efeito, várias técnicas se poderiam aplicar, desde o uso de vídeo e 
jogos até mesmo arte dramática ou construção de maquetes. Porém, dada a dificuldade e 
investimento de tempo para se obter o mínimo de resultados, podemos dispor hoje de um 
instrumento que reúne todas estas possibilidades: o computador. Nele podemos trabalhar 
com a escrita e com os números, com a imagem e com o som, simular fenômenos, brincar 
com jogos, conectar outros países... 
 O computador na escola e o pensamento crítico na sala de aula 
 Quando se fala em computadores na escola sempre surgem as inevitáveis menções 
à merenda escolar, às janelas quebradas e aos baixos salários dos professores. Sem 
pretender entrar nessa discussão, pelo menos neste texto, não podemos deixar de 
levantar que é apenas com muita e da melhor tecnologia que evitaremos uma clivagem 
social ainda maior entre a escola pública e a privada (ou entre o Brasil e as nações 
desenvolvidas). Como disse Seymour Pappert, criador da linguagem Logo, a um 
interlocutor: "não morda meu dedo, olhe para onde estou apontando". 
 Nos parágrafos abaixo vamos nos deter exclusivamente nas possibilidades do uso 
da informática na criação de um ambiente não só facilitador, mas principalmente 
instigador, da reflexão crítica, do prazer pela pesquisa e da aprendizagem contínua e 
autônoma – mas o mesmo pode ser feito com outros recursos ou, preferencialmente, 
trabalhando com a junção deles. 
 A maioria dos computadores existentes nas escolas, quando não para uso 
 
10 
 
administrativo, destinam-se ao ensino da informática propriamente dita – até por uma 
estratégia de marketing dessas escolas. Mas poucas, com honrosas exceções, usam as 
possibilidades multimídia do computador na educação. Por que não levar o micro para 
dentro da sala de aula? Usá-lo como um instrumento do dia-a-dia do ambiente de estudo, 
uma ferramenta quotidiana de aprendizagem, um gerenciador de simulações e jogos na 
sala de aula, cruzando dados para pesquisas e fornecendo material para discussões e 
levantamento de hipóteses. 
 Imaginemos um professor de biologia usando um computador em sua classe, 
instigando uma pesquisa sobre felinos e seus hábitos. Os alunos pesquisando os animais, 
suas velocidades em corrida, seus hábitos alimentares, predadores etc. Ao invés das 
tradicionais redações de "pesquisa" as informações alimentariam um banco de dados, no 
computador da sala de aula. A pesquisa não terminaria aí, pelo contrário, iniciar-se-ia. A 
classe, estimulada pelo professor, levantaria hipóteses – por exemplo, quem corre mais: 
os felinos de hábitos noturnos ou diurnos? A pesquisa no computador apontaria para uma 
velocidade maior dos felinos de hábitos diurnos e o professor instigaria a discussão sobre 
o resultado. A classe discutiria a camuflagem natural da noite, a maior importância da 
velocidade à luz do dia etc. 
 Num mundo em que a quantidade de informação produzida diariamente supera a 
que pode ser absorvida por um ser humano durante toda a sua vida, há que preparar a 
relação com o saber na escola em bases completamente diferentes das que, hoje, são 
praticadas. Não basta que os alunos simplesmente se lembrem das informações: eles 
precisam ter a habilidade e o desejo de utilizá-las, precisam saber relacioná-las, sintetizá-
las, analisá-las e avaliá-las. Juntos, estes elementos constituem o que se pode chamar de 
pensamento crítico. Este aparece em cada sala de aula quando os alunos se esforçam 
para ir além de respostas simples, quando desafiam idéias e conclusões, quando 
procuram unir eventos não relacionados dentro de um entendimento coerente do mundo. 
 Mas sua aplicação mais importante está fora da sala de aula – e é para lá que a 
escola deve voltar seu esforço. A habilidade de pensar criticamente pouco valor tem se 
não for exercitada no dia-a-dia das situações da vida real. É aí que as simulações, feitas 
em computador ou não, têm seu papel, fornecendo o cenário para interessantes aventuras 
do intelecto. Existem simulações para quase todas as áreas: viagens por dentro do corpo 
humano, construção de cidades, viagens marítimas ou interplanetárias, aventuras em 
diversas épocas da história etc. 
 A tomada de decisões, "motor" básico de quase toda a simulação, pode levar 
o aluno a se colocar uma série de perguntas, visando algumas abordagens que a 
 
11 
 
resolução de problemas implica: análise da situação (o que eu sei? o que preciso 
saber?); definição de metas e objetivos (o que é mais importante para mim? como 
eu quero que a situação se defina?); procura de analogias (quais são algumas 
situações semelhantes e quais são diferentes? como elas se ajustam?); 
consideração de opções (quais são as conseqüências de minhas opções? o que me 
levará em direção às minhas metas?); enfrentar as conseqüências (estou disposto a 
correr o risco? estou preparado para enfrentar as conseqüências?); rever decisões 
(me aproximei mais de minhas metas? este resultado exige uma ação posterior?); 
avaliação (como decidi o que fazer? o que posso aprender através destes 
resultados?); transferência de conhecimentos (como posso usar este processo 
novamente? o quanto isto é significativo para minha vida?). 
 Claro que tudo isto não ocorre espontâneamente, e aí entra o papel do professor, 
encorajando os alunos a fazerem conexões com eventos externos ao mundo da 
simulação, descobrindo a ligação entre a situação vivida e os conteúdos curriculares. 
Existem muitas táticas simples que o professor pode utilizar e que podem ser 
enormemente motivadoras, estimulando processos de transferência, tais como: encorajar 
os alunos a dramatizarem papéis que tenham diferentes perspectivas, para ver a situação 
por outros pontos de vista; elaborar vocabulários (incluindo palavras como objetivos, 
analogias, prioridades, conseqüências etc.) que os alunos possam usar em outras 
ocasiões; solicitar historietas pessoais que possam servir como analogias úteis e ajudem 
os alunos a tomar decisões. 
 É importante não cair nas "armadilhas" que a rotina do ensinar tantas vezes impõe. 
Dar todo o tempo para as respostas (o silêncio é um grande aliado), pois respostas 
pensadas, não apressadas, são as metas do pensamento crítico. Encorajar os alunos a 
explicarem como chegaram a suas conclusões, pedindo para eles verbalizarem como 
estão pensando sobre um problema enquanto raciocinam. Essas são algumas 
abordagens possíveis, mas a principal é usar a imaginação – sempre visando fazer do 
ambiente da sala de aula um estímulo que promova uma sensação de prazer pelo uso do 
intelecto. 
 Não só o uso do computador na sala de aula permite lidar com novas tecnologias, 
como também promove uma efetiva "subversão" das tépidas rotinas da didática – qual um 
cavalo de Tróia que carrega em seu bojo o novo e o desconhecido. 
 Além de poder usar programas em outras línguas, para ensiná-las – tornando 
assim em qualidade o que poderia ser um limitador de uso – o computador também 
permite uma interessante utilização de programas feitos com outras finalidades que não 
 
12 
 
as educacionais. Destacam-se nesse campo os jogos. Geralmente muito bem feitos e 
motivacionais, podem tornar-se uma interessante ferramentadidática nas mãos de um 
professor, criando um ambiente lúdico que pode ser a base para uma abordagem 
diferenciada da matéria. 
 Esse uso do computador exige, mais que nunca, um professor preparado, 
dinâmico e investigativo, pois as perguntas e situações que surgem na classe fogem do 
controle pré-estabelecido do currículo. Essa é a parte mais difícil desta tecnologia. 
 Educação versus treinamento 
 Até hoje se considera que o lugar da educação é na escola e que no ambiente 
profissional as tarefas da aprendizagem devam ficar a cargo do chamado treinamento – 
terminologia que sempre faz lembrar o adestramento de animais. 
 Tal distinção não faz mais sentido no limiar do século 21. Deve ser papel da 
escola formar seus alunos para o mundo profissional, uma vez que o conhecimento e a 
capacidade de ser um sujeito crítico e autônomo deixam de ser apenas um apanágio da 
cidadania e passam a ser o fundamento da atividade profissional. Também a empresa, por 
outro lado, deixa de precisar de sujeitos prontos e acabados (formados) para usar na 
produção, pois o aprender passa a ser sua nova linha de montagem. O tradicional 
"treinamento" deve ser cada vez mais substituído pela educação permanente no ambiente 
profissional. 
 Nesse sentido, a exposição feita acima, acerca das potencialidades dos 
ambientes interativos de aprendizagem gerados por simulações com computadores, cabe, 
cada vez mais, no ambiente da empresa. O uso de jogos, a mais antiga forma de 
simulação da humanidade (homo ludens), expande-se nas empresas e seus resultados 
revelam-se muito positivos. Tais jogos, ao contrário do que se possa pensar, não 
necessitam obrigatoriamente simular o ambiente de trabalho. Ao contrário, colocar um 
grupo de profissionais numa situação de jogo que fuja de seu dia-a-dia (suponhamos, uma 
caça ao tesouro numa ilha de piratas) obriga à criatividade, à descoberta e permite fazer 
analogias e transposição de conhecimentos. Um jogo do controle de estoque, além de 
possivelmente enfadonho, permitiria a aplicação mecânica de "regrinhas" decoradas, sem 
o repensar que um ambiente totalmente novo obriga. 
 Repensar o gap que existe entre a escola e a empresa, assim como entre ricos e 
miseráveis, entre produção e felicidade, são os desafios que temos na construção de uma 
sociedade humanista e democrática. Nesse processo, a educação tem um papel 
fundamental, como aponta Adam Schaff: "a educação contínua há de ser um dos métodos 
 
13 
 
(talvez o principal) capazes de garantir ocupações criativas às pessoas estruturalmente 
desempregadas". 
 
 Reflexões sobre os quatro pilares de uma educação para o século XXI e suas 
implicações na prática pedagógica. 
 
 O livro Educação, um tesouro a descobrir, sob a coordenação de Jacques Delors, 
aborda de forma bastante didática e com muita propriedade os quatro pilares de uma 
educação para o século XXI, associando-os e identificando-os com algumas máximas da 
Pedagogia prospectiva e subsidia o trabalho de pessoas comprometidas com a busca por 
uma educação de qualidade. Diz o texto na página 89: "À educação cabe fornecer, de 
algum modo os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo 
tempo, a bússola que permite navegar através dele". Segundo o autor, a analogia com a 
prática pedagógica se mostra quando diz que a educação deve preocupar-se em 
desenvolver quatro aprendizagens fundamentais, que serão para cada indivíduo os pilares 
do conhecimento: 
 -aprender a conhecer, indica o interesse, a abertura para conhecimento, que 
verdadeiramente liberta da ignorância; 
 -aprender a fazer, mostra a coragem de executar, de correr riscos, de errar mesmo 
na busca de acertar; 
 - aprender a conviver, aqui temos o desafio da convivência que apresenta o 
respeito a todos e o exercício de fraternidade como caminho do entendimento e, 
finalmente; 
 - aprender a ser, visto, como o mais importante, por explicitar o papel do cidadão e o 
objetivo de viver. 
 Os pilares são quatro, os saberes e competências a se adquirir são 
apresentados, divididos. 
 Estas quatro vias não podem, no entanto, se dissociar por estarem imbricadas, 
constituindo interação com o fim único de uma formação holística do indivíduo. 
 Jacques Delors (1998) aponta como principal conseqüência da sociedade do 
conhecimento a necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda vida, fundamentada 
em quatro pilares, que são, pilares do conhecimento e da formação continuada. 
 
http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/reflexoessobreosquatropilares.htm
http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/reflexoessobreosquatropilares.htm
 
14 
 
 A seguir, uma síntese dos quatro pilares para a educação do século XXI. 
 
 Aprender a conhecer - É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, 
descobrir, construir e reconstruir o conhecimento para que não seja efêmero, que se 
mantenha através do tempo, que valorize a curiosidade, a autonomia e a atenção, 
permanentemente. É preciso também pensar o novo, reconstruir o velho, reinventar o 
pensar. 
 Aprender a fazer - Não basta preparar-se com cuidados para inserir-se no setor do 
trabalho. A rápida evolução por que passam as profissões pede que o indivíduo esteja 
apto a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, desenvolvendo 
espírito cooperativo, de humildade na re-elaboração conceitual e nas trocas, valores 
necessários ao trabalho coletivo. Ter iniciativa, gostar de uma certa dose de risco, ter 
intuição, saber comunicar-se, saber resolver conflitos e ser flexível. Aprender a fazer 
envolve uma série de técnicas a serem trabalhadas. 
 Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros - No mundo atual este é 
um importantíssimo aprendizado por ser valorizado quem aprende a viver com os outros, 
a compreender os outros, a desenvolver a percepção de interdependência, a administrar 
conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum. 
 Aprender a ser - É importante desenvolver sensibilidade, sentido ético e estético, 
responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e crítico, imaginação, criatividade, 
iniciativa e desenvolvimento integral da pessoa em relação à inteligência. A aprendizagem 
precisa ser integral não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo. 
 A partir dessa visão dos quatro pilares do conhecimento, pode-se prever grandes 
conseqüências na educação. O ensino-aprendizagem voltado apenas para a absorção de 
conhecimento, que tem sido objeto de preocupação constante de quem ensina, deverá 
dar lugar ao ensinar a pensar, saber comunicar-se, saber pesquisar, ter raciocínio lógico, 
fazer sínteses e elaborações teóricas, ser independente e autônomo, enfim, ser 
socialmente competente. 
Uma educação fundamentada nos quatro pilares acima elencados sugere alguns 
procedimentos didáticos que lhe seja condizente, como: 
 Relacionamento do tema com a experiência do estudante e de outros personagens 
do contexto social; 
 Desenvolvimento da pedagogia da pergunta (Paulo Freire e Antonio Faundez - Por 
uma Pedagogia da Pergunta - Paz e Terra, 1985); 
 Relação dialógica com o estudante; 
 
15 
 
 Envolvimento do estudante num processo que conduz a resultados, conclusões ou 
compromissos com a prática; 
 Processo de auto-aprendizagem, co-responsabilidade no processo de 
aprendizagem; 
 Utilização do jogo pedagógico com o princípio de construir o texto. 
DOCÊNCIA NO FUTURO E TECNOLOGIAS 
 O professor, antes de tudo, deve ensinar o aluno a ser protagonista do processo 
de absorção do conhecimento e que, nesse processo, o docente é cada vez mais 
importante. Ele acredita que o futuro contempla uma educação universal,com trocas 
permanentes, inclusive no formato digital. 
 Educar é permitir, aos interlocutores educativos, a dúvida, o erro, a possibilidade 
de revisar e alterar posições - a partir de argumentação sólida. 
 O que assistimos, entretanto, como educação, no âmbito escolar, em geral, não 
se configura dessa forma. Muitas escolas permanecem como que impermeáveis às 
mudanças que afetam tanto a sociedade estruturalmente quanto as atividades de 
produção e de trabalho. As novas gerações freqüentam uma escola semelhante aquela 
que nossos avós freqüentaram. 
 O homem do futuro precisa ser rápido na identificação de novos relacionamentos, 
crítico nos seus julgamentos, isto é, cada indivíduo precisa ter habilidades e competência 
para aumentar sua capacidade de adaptação às mudanças contínuas. Além de 
compreender o passado e o presente, o homem necessita antever o futuro e antecipar 
mudanças, através de pressuposições, precisa saber definir, debater, sistematizar e atuar 
(TOFFLER, 1970). E educação escolar não pode esquecer essas competências uma vez 
que cada vez mais a educação se dá não apenas na escola, mas também na família, na 
comunidade, com profissionais e ao longo de toda a vida, não de maneira isolada e 
solitária, mas através das relações com outros estudiosos, com outros cidadãos, com 
outras pessoas. 
 Aprender significa ser capaz de reelaborar e reconstruir conhecimento através da 
formulação de questionamentos, de análise e síntese das descobertas. O indivíduo 
aprende é ao ser capaz de dialogar com o seu interlocutor, seja ele o professor, o livro, o 
jornal, o programa de TV. Dependendo do grau de escolaridade, aprender envolve saber 
questionar as verdades apresentadas, refletir, investigar suas dúvidas e elaborar nova 
síntese que lhe satisfaça a inquietação inicial. 
 Aprender significa ser capaz de pesquisar com olhos inquisidores, orientados 
 
16 
 
por inquietações que tragam contribuições ao crescimento individual e coletivo. É um 
processo multifacetado e estimulante se interconectar diversas áreas do conhecimento 
mediadas pelas mídias impressa, audiovisual e digital em uma rede de relações 
interpessoais. 
 Um bom professor deve ter três tipos de competências básicas: 
 - didática para saber comunicar, atrair, impressionar e motivar a 
autoaprendizagem; 
 - psicopedagogia para saber adaptar o conteúdo à idade e maturidade dos 
alunos; e 
 - domínio dos conteúdos curriculares para saber recriá-los, transformá-los e 
enriquecê-los com as experiências de vida, que são as principais fontes de aprendizagem. 
 
 As duas primeiras competências são comuns a qualquer professor. Um bom 
professor precisa ainda ter criatividade para surpreender, estimular e despertar no aluno a 
crença de que ele pode aprender por si mesmo. Um professor tem que dominar o código 
do seu campo de forma teórica e prática. Se ensina pintura, tem que saber pintar; se 
música, compor; se artes plásticas, modelar ou esculpir; se artes cênicas, desempenhar 
papéis diferentes. Um bom professor cria espaços e cenários para o estudante se 
surpreender e surpreender o seu professor com suas criações. Quando ele conseguir isso, 
terá deixado uma marca criativa em seus alunos. 
 
SALA DE AULA INVERTIDA 
 
 Outra educação é possível, na qual o aluno é o protagonista e aprende de forma 
mais autônoma, com o apoio de tecnologias. Isso é o que os estudiosos da área 
defendem há décadas, mas na maior parte das instituições de ensino brasileiras perdura o 
modelo tradicional de ensino: o professor expõe os conteúdos e os alunos ouvem e 
anotam explicações para, em seguida, estudar e fazer exercícios. 
 Como alternativa, uma nova didática vem sendo adotada de forma crescente em 
vários países, colocando-se como uma das tendências da educação: a sala de aula 
invertida (flipped classroom). Nela, o aluno estuda os conteúdos básicos antes da aula, 
com vídeos, textos, arquivos de áudio, games e outros recursos. Em sala, o professor 
aprofunda o aprendizado com exercícios, estudos de caso e conteúdos complementares. 
Esclarece dúvidas e estimula o intercâmbio entre a turma. 
 
17 
 
 
 Na pós-aula, o estudante pode fixar o que aprendeu e integrá-lo com 
conhecimentos prévios, por meio de atividades como, por exemplo, trabalhos em grupo, 
resumos, intercâmbios no ambiente virtual de aprendizagem. O processo é permeado por 
avaliações para verificar se o aluno leu os materiais indicados, se é capaz de aplicar 
conceitos e se desenvolveu as competências esperadas. 
 A metodologia tem alcançado resultados positivos, com impacto nas taxas de 
aprendizagem e de aprovação, como também no interesse e na participação da turma. 
Disseminada nos últimos anos pelos professores norte-americanos Jon Bergmann e 
Aaron Sams, foi testada e aprovada por universidades classificadas entre as melhores do 
mundo, como Duke, Stanford e Harvard. 
 Em Harvard, nas classes de cálculo e álgebra, os alunos inscritos em 
aulas invertidas obtiveram ganhos de até 79% a mais na aprendizagem do que os que 
cursaram o ensino tradicional. Na Universidade de Michigan, um estudo mostrou que os 
alunos aprenderam em menos tempo. O MIT (Massachusetts Institute of Technology) 
considera a Flipped Classroom fundamental no seu modelo de aprendizagem. O método é 
adotado em escolas da Finlândia e vem sendo testado em países de alto desempenho em 
educação, como Singapura, Holanda e Canadá. 
 Poderíamos discutir até que ponto a sala de aula invertida é mesmo uma inovação. 
Vygotsky (1896-1934), por exemplo, já destacava a importância do processo de interação 
social para o desenvolvimento da mente. Seymour Papert, na linha de Piaget, já defendia 
na década de 60 uma didática em que o aluno usasse a tecnologia para construir o 
conhecimento. E, sem ir tão longe, o próprio Paulo Freire era adepto de que o professor 
transformasse a classe num ambiente interativo, usando recursos como vídeos e 
televisão. “Não temos que acabar com a escola”, disse num diálogo com Papert em 1996, 
mas sim “mudá-la completamente até que nasça dela um novo ser tão atual quanto a 
tecnologia”. 
 
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 Em todo caso, seja um método novo ou apenas um nome diferente para o que há 
muito se pensa para a educação do futuro, é fundamental que escolas e faculdades 
brasileiras conheçam mais sobre essa pedagogia. Sobretudo porque ela apresenta 
contribuições importantes para alguns dos maiores desafios do nosso alunado: motivação, 
hábito de leitura, qualidade da aprendizagem. 
 Além disso, a sala de aula invertida valoriza o papel do professor, como orientador 
dos percursos de pesquisa e mediador entre estudantes e conhecimentos. E pode ajudar 
a desenvolver competências como capacidade de autogestão, responsabilidade, 
autonomia, disposição para trabalhar em equipe. 
 Sem cair no erro de importar tal e qual um modelo estrangeiro, nada impede que, 
no Brasil, o método seja estudado, sejam realizados estudos, ensaios e experiências e, na 
sequência, se adaptem alguns dos princípios e recursos para as necessidades do nosso 
contexto. Algumas escolas e universidades já vêm fazendo isso e, em breve, talvez 
verifiquemos resultados surpreendentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCLUSÃO 
 
 Presenciamos um momento muito importante em nosso país, o da demanda 
por educação, que ao crescer, faz com que sociedade e instituições, em uníssono, 
movimentem-se no atendimento a esta urgência nacional. Esta é uma tarefa importante e 
é isso que se espera que o Brasil faça. Temos materiais e temos idéias. 
 É preciso pôr em prática todos os estudos e projetos para a modernização daeducação. 
Para mudar nossa história e lograr conquistas precisamos ousar em cortar as cordas que 
impedem o próprio crescimento, exercitar a cidadania plena, aprender a usar o poder da 
visão crítica, entender o contexto desse mundo, ser o ator da própria história, cultivar o 
sentimento de solidariedade, lutar por uma sociedade mais justa e solidária e, acima de 
tudo, acreditar sempre no poder transformador da Educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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