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1 Camila Carneiro Leão Cavalcanti Parasitologia: Revisão 1) Amebíase 2) Giardíase 3) Doença de Chagas 4) Leishmaniose AMEBÍASE Entamoeba hystolitica A ausência dos sintomas, ou sua intensidade, varia de acordo de fatores como: 1) tipo de cepa da ameba 2) o estado imunológico do hospedeiro 3) bactérias e talvez vírus associados Expressão de Gal/Gal/Nac (da membrana do parasita) que se liga aos receptores de lectina (do homem) e se fixam no intestino grosso As ENZIMAS da ameba promovem a PENETRAÇÃO e DIGESTÃO dos tecidos humanos + Secreção de substâncias tóxicas Transmissão OROFECAL por ÁGUA E ALIMENTOS CONTAMINADOS com CISTOS DA AMEBA “A Entamoeba histolytica tem dificuldade em penetrar na mucosa íntegra, acredita-se que a ameba penetre inicialmente nas regiões intraglandulares, em seguida ocorre o processo de adesão celular com a formação de um espaço intracelular denominado FOCO DE ADESÃO, onde as amebas secretam ENZIMAS PROTEOLÍTICAS: HIALURIDASES, PROTEASES E MUCOPOLISSACARIDASES (SILVA e GOMES, 2005)” “A SUPERFÍCIE MUCOSA PRIVADA DE FLUXO SANGUÍNEO, o que determina a NECROSE, com PERFURAÇÃO DA PAREDE INTESTINAL (SANTOS e SOARES, 2008), levando a INFECÇÃO SISTÊMICA através da circulação sanguínea atingindo principalmente o FÍGADO, formando abscessos, necrose coliquativa (NEVES, 1978). Pode atingir também o pulmão e raramente o cérebro, atingindo ainda a pele e a região anal ou vaginal (SILVA e GOMES, 2005)” QUADRO CLÍNICO COLITE NÃO ULCERATIVA DIARREIA CÓLICAS DISTENSÃO ABDOMINAL Dor abdominal COLITE ULCERATIVA DESINTERIA (pode ter células sanguíneas) CÓLICAS DISTENSÃO ABDOMINAL Febre Dor abdominal TRÍADE DE MANIFESTAÇÃO DO ABSCESSO HEPÁTICO → DOR + FEBRE + HEPATOMEGALIA DIAGNÓSTICO Parasitológico de fezes (COPROPARASITOLÓGICO) Presença de TROFOZOÍTOS OU CISTOS DO PARASITO NAS FEZES em aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou proctoscopia ou em aspirados de abscessos ou cortes de teciso Sorológico Pesquisa de antígeno Pesquisa de anticorpos IgA e IgG De imagem – Colonoscopia Visualização de ABSCESSO HEPÁTICO AMEBIANO TRATAMENTO Forma intestinal Metronidazol → AMEBICIDA Tinidazol Emetina *Teclozam (apenas para formas leves e assintomáticas) Forma extraintestinal Metronidazol Antibiótico CASO CLÍNICO (ARTIGO COMPLETO NA REFERÊNCIA) → ABSCESSO HEPÁTICO AMEBIANO Doente do sexo masculino, 42 anos de idade, raça negra, natural e residente em Angola, de férias em Portugal há cerca de duas semanas. Negava antecedentes patológicos 2 Camila Carneiro Leão Cavalcanti pessoais relevantes bem como hábitos medicamentosos ou outros. Recorre a um Serviço de Urgência dois dias depois de ter iniciado, de forma súbita, quadro de febre elevada (39- 40ºC), sensação de calafrio e dor intensa na base do hemitorax direito e no hipocôndrio direito agravada pela inspiração profunda, pelos movimentos do tronco e pelo decúbito direito. Ao exame físico, apresentava-se com bom estado geral e de nutrição, temperatura axilar de 39ºC, normotenso com uma frequência cardíaca de 110 bpm, sem sinais de dificuldade respiratória. A auscultação cardíaca era normal e à auscultação pulmonar verificou-se uma diminuição do murmúrio vesicular na base direita com discretos fervores crepitantes. O abdómen apresentava-se depressível, palpando-se cerca de 2 dedos abaixo do rebordo costal direito hepatomegalia dolorosa, sem esplenomegalia ou Murphy vesicular. Os exames analíticos iniciais mostravam leucócitos de 18.100/mm3, com neutrofilia e sem eosinofilia, PCR de 298 mg/L, TGP de 143 UI/L, TGO de 58 UI/L, fosfatase alcalina de 247 UI/L, gama-GT de 556 UI/L e bilirrubina total de 1,4 mg/dL. A ureia, creatinina e a urina II eram normais e a radiografia de tórax não evidenciava alterações. Foi realizada uma tomografia computorizada (TC) toraco- abdominal que revelou fígado com dimensões no limite superior da normalidade e no lobo direito três lesões focais hipodensas e hipocaptantes de 30, 27 e 15 mm, sugestivas lesões abcedadas (ABSCESSO HEPÁTICO AMEBIANO). REFERÊNCIAS 1. Parasitologia Humana - David Pereira Neves (10ª edição) 2. http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve- centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de- vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e- alimentos/doc/parasitas/entamoebah.pdf 3. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doenc as_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf 4. http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivo s/File/2010/artigos_teses/2011/ciencias/09revisao _mecanismo_fisiopatologico_amebiase.pdf 5. https://core.ac.uk/download/pdf/71737756.pdf (Caso clínico abscesso hepático amebiano) GIARDÍASE G. lamblia ou intestinalis ou duodenalis (sinônimos) Parasito monoxeno de ciclo biológico direto Forma infectante → CISTO Forma patogênica (que causa lesão) → TROFOZOÍTO A – Cisto (tetranucleado) B – Trofozoíto fase ventral C – Trofozoíto face lateral CICLO BIOLÓGICO Ingestão do cisto ↓ No estômago o HCl destrói a membrana externa do cisto ↓ No intestino acontece o desencistamento O cisto duplica suas organelas e depois se subdivide em 4 trofozoítos ↓ Os trofozoítos se fixam nas microvilosidades do intestino e se reproduzem por divisão binária ↓ Alguns trofozoítos descolam das microvilosidades devido ao peristaltismo e são levados para o intestino grosso ↓ No intestino grosso, acontece o encistamento e esse cisto é levado pelas fezes para o meio ambiente. [encistamento: mudança para um ambiente hostil = pH e bactérias diferentes | menor quantidade de bile e suco pancreático] http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/parasitas/entamoebah.pdf http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/parasitas/entamoebah.pdf http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/parasitas/entamoebah.pdf http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/parasitas/entamoebah.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2011/ciencias/09revisao_mecanismo_fisiopatologico_amebiase.pdf http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2011/ciencias/09revisao_mecanismo_fisiopatologico_amebiase.pdf http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/2011/ciencias/09revisao_mecanismo_fisiopatologico_amebiase.pdf https://core.ac.uk/download/pdf/71737756.pdf 3 Camila Carneiro Leão Cavalcanti QUADRO CLÍNICO Depende: Carga parasitária e tempo de infecção Idade, imunidade e estado nutricional do paciente ↓ imunidade (IgA), ↑ reprodução da giardíase e carga parasitária O indivíduo saudável tem barreiras (defesa natural) composta pela produção excessiva de muco, defensinas (substâncias tóxicas para o parasita), presença de IgA/IgE/IgG e liberação de histamina pelos mastócitos. Todos esses mecanismos existem para impedir que a giárdia se liga à lectina (receptor do homem para o parasita). Em indivíduos com menor imunidade, a defesa natural estará mais baixa, e ele terá menores quantidades de IgA e menor produção de muco. A menor quantidade de muco faz com que as lectinas sejam expostas, fazendo com que a giárdia consiga se ligar ao receptor e se fixar na mucosa intestinal para continuar o seu ciclo biológico.Uma vez fixados, elas irão realizar a divisão binária, aumentando a carga parasitária. Este aumento da carga parasitária pode causar um “tapete” (ATAPETAMENTO), que levará a uma maior produção de muco (que, nesta fase, será pouco eficiente porque já existe uma alta carga parasitária) e aumento do peristaltismo como resposta imune inflamatória. → IgA e IgE – Mastócitos – Maior produção de histamina a nível tecidual → FEBRE, DOR E MAL- ESTAR → Aumento do peristaltismo → DIARREIA → O atapetamento faz com que exista uma “barreira de giárdias” impedindo a absorção intestinal dos nutrientes e de gordura → MÁ ABSORÇÃO DE VÁRIOS NUTRIENTES, INCLUINDO AS VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS (K E D A), VITAMINA B12, XILOSE, LACTOSE E DE FERRO → DESNUTRIÇÃO E ANEMIA → Baixas concentrações das vitaminas lipossolúveis e perda de gordura nas fezes → CABELOS E UNHAS QUEBRADIÇOS, PELE DESEGMENTADA E RESSECADA, XEROFTALMIA, ANEMIA E PERDA PONDERAL → A giárdia libera enzimas proteolíticas que causam lesões nas microvilosidades intestinais e as junções celulares. A lesão as junções celulares podem levar o indivíduo ao desenvolvimento de ALERGIAS ALIMENTARES + VÔMITOS, DIARREIA, DORES ABDOMINAIS INTENSAS, ENJOO E PERDA DE ELETRÓLITOS → Lesão irritativa da mucosa + aumento da produção de muco + aumento do peristaltismo + perda de gordura nas vezes → FEZES EXPLOSIVAS E FÉTIDAS (diarreia + gases + ↑ muco + esteatorreia) A LESÃO IRRITATIVA acontece na FORMA AGUDA DA DOENÇA, que dura um curto intervalo de tempo porque é interrompida pela ação do sistema imune. A FORMA CRÔNICA DA DOENÇA leva ao ATROFIAMENTO DA MUCOSA INTESTINAL, provocando Síndrome da Má Absorção. FORMAS CLÍNICAS O paciente pode ser: Assintomático Sintomático E apresentar: Forma aguda Forma crônica ASSINTOMÁTICO Paciente imunocompetente e com baixa carga parasitária SINTOMÁTICO Paciente imunossuprimido que apresentará ALTA carga parasitária FORMA AGUDA Febre Dor abdominal Mal-estar Diarreia explosiva e fétida (sem presença de gordura ou sangue) FORMA CRÔNICA Baixa absorção de nutrientes ou não absorção de nutrientes (atapetamento e atrofia das microvilosidades) → Síndrome da Má Absorção − Desnutrição (PERDA DE PESO*** - NÃO é anorexia) − Cabelos e unhas quebradiços, pede desegmentada e ressecada, xeroftalmia (má absorção das vitaminas K E D A e B12) − Esteatorreia Lesão das junções das células intestinais e atrofia das microvilosidades − Alergias alimentares − Enjoo e vômito − Diarreia 4 Camila Carneiro Leão Cavalcanti − Dores abdominais intensas − Perda de eletrólitos (diarreia) DIAGNÓSTICO Parasitológico → Pesquisa de CISTOS E TROFOZOÍTOS NAS FEZES. Lembrar: Coleta da amostra de fezes – IDEAL: 5 amostras e com a porção do meio do bolo fecal. 3 amostras trazem maior sensibilidade positivo e 1 amostra é mais propensa a falso negativo. Se fezes diarreicas, a análise deve ser feita a fresco e de imediato. TRATAMENTO Metronidazol* (5 doses) Tiridazol* (DU) Nitazoxonida Secnidazol REFERÊNCIAS 1. Parasitologia Humana - David Pereira Neves (10ª edição) 2. https://www.researchgate.net/profile/Rodrigo- Vitorino/publication/274074799_Atualidades_sobr e_giardiase/links/5514a7750cf260a7cb2d02c3/Atu alidades-sobre-giardiase.pdf 3. http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/biosaud e/article/view/26968/19408 DOENÇA DE CHAGAS Agente etiológico: Trypanosoma cruzi Vetor: Triatomíneo (barbeiro) Contaminação a partir das FEZES DO BARBEIRO – O barbeiro pica e, quando está se alimentando do sangue, defeca. O indivíduo vai coçar a picada durante o sono e leva as fezes contaminadas do barbeiro para a ferida, permitindo a entrada do T. cruzi na corrente sanguínea → Por isso, é importante lembrar que um indivíduo pode ser picado, mas não ser contaminado pelo protozoário Transmissão vetorial, oral, sanguínea e vertical Atenção às áreas endêmicas Transmissão oral – Alimentos → Caldo de cana e açaí (o barbeiro pode ser moído junto com a cana e o açaí) QUADRO CLÍNICO CASO SUSPEITO DE DOENÇA DE CHAGAS AGUDA Pessoa com FEBRE PROLONGADA (superior a 7 dias) e uma ou mais das manifestações clínicas: Edema de face ou de membros Enxantema Adenomegalia Hepatomegalia Esplenomegalia Cardiopatia aguda Manifestações hemorrágicas Icterícia Sinal de Romanã* → Edema bipalpebral unilateral por reação inflamatória à penetração do parasito na conjuntiva e adjacências Chagoma de inoculação* → Lesões furunculóides não supurativas mais frequentemente encontrada em membros, tronco e face, por reação inflamatória à penetração do parasito, que se mostra descamativa após duas ou três semanas E: Residente ou visitante de área endêmica, ou Tenha recebido transfusão de sangue ou transplante, ou Tenha ingerido alimento suspeito de contaminação pelo T. cruzi, ou Sejam recém-nascido de mãe infectada https://www.researchgate.net/profile/Rodrigo-Vitorino/publication/274074799_Atualidades_sobre_giardiase/links/5514a7750cf260a7cb2d02c3/Atualidades-sobre-giardiase.pdf https://www.researchgate.net/profile/Rodrigo-Vitorino/publication/274074799_Atualidades_sobre_giardiase/links/5514a7750cf260a7cb2d02c3/Atualidades-sobre-giardiase.pdf https://www.researchgate.net/profile/Rodrigo-Vitorino/publication/274074799_Atualidades_sobre_giardiase/links/5514a7750cf260a7cb2d02c3/Atualidades-sobre-giardiase.pdf https://www.researchgate.net/profile/Rodrigo-Vitorino/publication/274074799_Atualidades_sobre_giardiase/links/5514a7750cf260a7cb2d02c3/Atualidades-sobre-giardiase.pdf 5 Camila Carneiro Leão Cavalcanti SINAL DE ROMANÃ CHAGOMA CHAGÁSICO CASO SUSPEITO DE DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA Raros parasitos circulantes na corrente sanguínea → NÃO pode indicar gota espessa Inicialmente, esta fase é assintomática e sem sinais de comprometimento cardíaco e/ou digestivo Caracterizado pelos MEGAS Pode apresentar-se como uma das seguintes formas: Forma indeterminada − Paciente assintomático e sem sinais de comprometimento do aparelho circulatório (clínica, eletrocardiograma e radiografia de tórax normais) e do aparelho digestivo (avaliação clínica e radiológica normais de esôfago e cólon) Esse quadro poderá perdurar por toda a vida da pessoa infectada ou pode evoluir tardiamente para uma das formas a seguir. Forma cardíaca − Evidências de acometimento cardíaco que, frequentemente, evolui para quadros de MIOCARDIOPATIA DILATADA e INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC) → CORAÇÃO CHAGÁSICO − Essa forma ocorre em cerca de 30% dos casos crônicos e é a maior responsável pela mortalidade na doença de Chagas Crônica Forma digestiva − Evidências de acometimento do aparelho digestivo que, frequentemente, evolui para MEGACÓLON ou MEGAESÔFAGO − Ocorre em cerca de 10% dos casos Forma associada (cardiodigestiva) − Ocorrência concomitante de lesões compatíveis com as formas cardíacas e digestivas A fase crônica da doença de Chagas (DCC) evolui para óbito em cerca de 1% a 10% dos casos estudados e não tratados, especialmente em crianças. CASO SUSPEITO DA DOENÇA DE CHAGAS POR TRANSMISSÃO ORAL Sintomatologia INESPECÍFICA Na maioria dos casos aparentes ocorre: Prostração, diarreia, vômitos, inapetência, cefaleia, mialgias, aumento de gânglios linfáticos Manchas vermelhas na pele, de localização variável, com ou sem prurido Crianças menores frequentemente ficam irritadiças, com choro fácil e copioso Sintomatologia ESPECÍFICA É caracterizada pela ocorrência, com incidência variável, de uma ou mais manifestações: Miocardite difusa com vários graus de severidade Pericardite, derrame pericárdico, tamponamento cardíaco Cardiomegalia, insuficiência cardíaca, derramepleural São ainda comumente observados: Edema de face, membros inferiores ou generalizado Tosse, dispneia, dor torácica, palpitações, arritmias Hepatomegalia e/ou esplenomegalia leve a moderada Têm sido observados casos por transmissão oral com presença de manifestações digestivas de maior gravidade, como por exemplo, epigastralgia, icterícia, eventos hemorrágicos (hematêmese, hematoquezia ou melena) e outros tipos de sinais hemorrágicos concomitantes. Quadros clínicos graves podem cursar com meningoencefalite, especialmente em lactentes ou em casos de reativação (imunodeprimidos) 6 Camila Carneiro Leão Cavalcanti DIAGNÓSTICO DOENÇA DE CHAGAS AGUDA Critério parasitológico T. Cruzi circulante no sangue periférico identificado por exame parasito → GOTA ESPESSA, com ou sem identificação de qualquer sinal ou sintoma. Critério sorológico Sorologia positiva com anticorpos IgM anti-T. Cruzi na presença de evidências clínicas e epidemiológicas indicativas de DCA, ou; Sorologia positiva com anticorpos IgG anti-T. Cruzi por IFI com alteração na sua concentração de pelo menos três títulos em um intervalo mínimo de 21 dias em amostras pareadas, na presença de evidências clínicas e epidemiológicas indicativas de DCA,ou Soroconversão em amostras pareadas com intervalo mínimo de 21 dias, ou seja, sorologia negativa na primeira amostra e positiva na segunda, por qualquer método. Critério clínico-epidemiológico Exames parasitológicos e sorológicos inicialmente negativos na presença de quadro febril com manifestações clínicas compatíveis com DCA em pacientes com: − Vínculo epidemiológico com casos confirmados de DCA durante surto por transmissão oral, ou habitação ou visita em área endêmica DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA Parasitológico Xenodiagnóstico, inoculação em camundongo e hemocultura → O PARASITA ESTARÁ DENTRO DO TECIDO (por isso os megas) Sorológico RFC RHA RIFI ELISA Molecular PCR Exames de imagem → Podem evidenciar o CORAÇÃO CHAGÁSICO, MEGACÓLON E MEGAESÔFAGO Outros exames complementares que podem ser solicitados → Hemograma, exame de urina, provas de função hepática, eletrocardiograma REFERÊNCIAS 1. Parasitologia Humana - David Pereira Neves (10ª edição) 2. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_v igilancia_prevencao_doenca_chagas.pdf LEISHMANIOSE Parasitose ciclo heteróxeno – Ciclo no HOMEM, no VETOR e no CÃO/gato/rato Homem e cachorro/gato/rato são os hospedeiros definitivos Vetor → Lutzomyia A manifestação clínica depende tanto do agente etiológico quanto da forma que o sistema imune tenta debelar a infecção parasitária. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_prevencao_doenca_chagas.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_prevencao_doenca_chagas.pdf 7 Camila Carneiro Leão Cavalcanti LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) Leishmania brasiliensis e Leishmania amazonensis LEISHMANIOSE CUTÂNEA ÚLCERA DE BAURU OU FERIDA BRABA L. brasiliensis Úlcera no local mais da inoculação do protozoário Aspecto de cratera, lua, vulcão NÃO tem disseminação. Se o paciente apresentar mais de uma lesão, significa que ele foi picado mais de uma vez. Localizada na derme ou epiderme No local da picada do protozoário vai se formar um pequeno nódulo que aumentará de tamanho até formar uma ferida recoberta por uma costa ou secreção purulenta → FERIDA EM CRATERA COM BORDAS ERITEMATOSAS E ELEVADAS O sistema imune vai tentar matar o parasita a partir da necrose tecidual. Por isso, o parasita MIGRA DO CENTRO PARA A BORDA DA LESÃO Lembrar: MÉTODO DIAGNÓSTICO A PARTIR DA RASPAGEM DAS BORDAS DA LESÃO LEISHMANIOSE CUTÂNEA-DIFUSA L. amazonensis Mais grave que a cutânea LESÃO ÚNICA não responsiva ao tratamento e evolui com MÚLTIPLAS NODULAÇÕES NÃO- ULCERADAS que recobrem grandes extensões cutâneas → TEM DISSEMINAÇÃO (LINFÁTICA) O protozoário atinge a linfa e causa BOLBAS COM LESÕES SATÉLITES. O paciente SEMPRE VAI SABER QUAL FOI A PRIMEIRA LESÃO. “Doutor, primeiro apareceu isso aqui, depois foram surgindo outras iguais a ela” LEISHMANIOSE CUTÂNEA-MUCOSA L. brasiliensis Lesões ULCEROSAS DESTRUTIVAS NAS MUSOCAS DO NARIZ, BOCA E FARINGE NARIZ DE ANTA OU ESPÚNDIA (clássico → o nariz é a região mais acometida porque, como é uma área mais “fria” por ser uma extremidade, a ação dos macrófagos é mais reduzida na região de acordo com alguns autores) TEM DISSEMINAÇÃO HEMATOGÊNICA. Entretanto, o protozoário NÃO permanece no sangue, ele apenas migra. As lesões da leishmaniose cutânea mucosa são SECUNDÁRIAS À LESÃO CUTÂNEA PRÉVIA CURADA SEM TRATAMENTO OU COM TRATAMENTO INADEQUADO. O paciente NÃO SENTE DOR – “Doutor, tô com a uma ferida no nariz que não dói e não cicatriza nunca” 8 Camila Carneiro Leão Cavalcanti LEISHMANIOSE VISCERAL (LV) → CALAZAR L. infantum (chagasi) EVOLUÇÃO SILENCIOSA – O paciente NÃO presenta lesão aparente Letal em crianças até 5 anos e oportunista em adultos → SEMPRE TESTAR O PACIENTE PARA HIV se diagnóstico confirmado O parasita migra para os órgãos linfoides e a medula óssea interrompe a produção celular → PANCITOPENIA Pode ser assintomática ou sintomática Se sintomático: − Febre ao entardecer e irregular − Perda ponderal − Esplenomegalia − Hepatomegalia − Linfadenopatia ou micropoliadenia − Pancitopenia → Plaquetopenia, leucopenia, anemia − ***Pode ser confundida com barriga d’água nos estágios iniciais Se assintomático: − Sem manifestações clínicas evidentes (muito discreta) − Baixa quantidade de anticorpos − Pode ter cura espontânea − ***INTRADERMORREAÇÃO DE MONTENEGRO REATIVA PACIENTE SINTOMÁTICO FASE AGUDA: Febre alta (< 4 semanas) mais comum ao entardecer Palidez cutâneo-mucosa Hepatoesplenomegalia discreta Baço menor que 5cm → Alta quantidade de IgG PANCITOPENIA Neves, 10ª edição A medula óssea se encontra hiperplasiada e extremamente parasitada. A eritropoiese e granulopoiese são normais no início do processo infeccioso e durante as fases mais adiantadas da infecção, entretanto, acontece uma desregulação da hematopoiese que é caracterizada pela diminuição da produção celular. Anemia Trombocitopenia Leucopenia ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS Hipoalbuminemia Hipergamaglobulinemia DADOS CLÍNICOS QUE FAVORECEM O DIAGNÓSTICO LEISHMANIOSE CUTÂNEA Lesão ÚNICA, com CROSTA OU PUS, BORDAS ELEVADAS E ERITEMATOSAS INDOLOR LEISHMANIOSE CUTÂNEA-DIFUSA Lesão ÚNICA que EVOLUI para MÚLTIPLAS NODULAÇÕES NÃO-ULCERADAS BOLBAS COM LESÕES SATÉLITE O paciente SEMPRE sabe qual foi a 1ª lesão 9 Camila Carneiro Leão Cavalcanti LEISHMANIOSE CUTÂNEA-MUCOSA Lesão ULCEROSA DESTRUTIVANAS MUCOSAS DO NARIZ, BOCA E FARINGE NARIZ DE ANTA OU ESPÚNDIA CROSTA ou PURULENTA INDOLOR Secundária a lesão satélite primária curada naturalmente ou com tratamento inadequado LEISHMANIOSE VISCERAL → Febre irregular → Perda de peso → Palidez cutâneo-mucosa → Hepatoesplenomegalia → Pancitopenia → Hipergamaglobulinemia → Hipoalbuminemia → *Região endêmica DIANGÓSTICO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) Parasitológico → ESCARIFICAÇÃO ou RASPAGEM DE BORDAS DA LESÃO Sorológico → DAT, teste rápido ou rK39, IFI, ELISA DA LEISHMANIOSE VISCERAL (LV) Parasitológico → PUNÇÃO DA MEDULA ÓSSEA e/ou PUNÇÃO DO BAÇO Sorológico → DAT, teste rápido ou rK39, IFI, ELISA TESTE DE INTRADERMORREAÇÃO DE MONTENGRO (IDRM) Inoculação de 0,1mL de extrato de promastigotas (antígenos) e leitura entre 48-71 horas Se área > 5mm de diâmetro, TESTE POSITIVO ATENÇÃO! CRITÉRIO DIAGNÓSTICO APENAS PARA A LEISHMANIOSE TEGUMENTARAMERICANA Pode ser utilizada como critério de CURA para a LEISHMANIOSE VISCERAL porque só positiva após o tratamento da doença e não durante a infecção aguda Sensibilidade LTA +++ LMC ++ LV ATIVA -, LV APÓS CURA + TRATAMENTO Antimoniato de N-metilglucamina ou Glucantime (1ª escolha) Anfotericina B crisalina Anfotericina B lipossomal (*gestantes, lesão renal e hepática, iodo, AIDS e crianças menores que 5 anos) Metilfosina (menos usado no BR, único VO) REFERÊNCIAS 1. Parasitologia Humana - David Pereira Neves (10ª edição) 2. https://www.scielo.br/pdf/rbepid/v7n3/11.pdf 3. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manu al_vigilancia_leishmaniose_2ed.pdf https://www.scielo.br/pdf/rbepid/v7n3/11.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_leishmaniose_2ed.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_leishmaniose_2ed.pdf
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