Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período GIARDÍASE • Protozoário intestinal (principalmente intestino delgado). • Agente etiológico: Giardia intestinalis (G. lamblia, G. duodenalis). • Infecção autolimitante. • Mais de 280mi de casos por ano no mundo (geralmente é uma doença assintomática, logo, sua disseminação é maior). • Mais problemática em crianças e em pessoas imunossuprimidas (ex: esteatorréia). • Causa de retardo de crescimento em crianças de países desenvolvimento. Fisiopatologia Formas • Trofozoíto - forma adulta. - forma intestinal. - 4 pares de flagelos, disco suctorial e 2 núcleos. • Cisto - forma infectante. - dura até 60 dias no ambiente. - 2-4 núcleos e parede resistente. Transmissão • Fecal-oral. - água, verduras, frutas,… - contato direto: creches, orfanatos, asilos. - artrópodes (ex: insetos, moscas, baratas). - manipuladores de alimentos. - zoonótica (contato com fezes de animais). - oral-anal. Ciclo de vida • Ciclo monoxeno, só precisa de 1 hospedeiro para completar o ciclo. • Reprodução assexuada. • Possui período de incubação de 1-2 semanas, com média de 9 dias. • A dose infecciosa é entre 10-25 cistos. • Os cistos liberam os trofozoítos, que vão ficar no intestino delgado, causando a patogenia. • Os trofozoitos se multiplicam por fição binária longitudinal, depois se encistam e saem nas fezes. • Os cistos saem de forma intermitente. • Os cistos resistem a cloração (cloro) da água, é necessário filtrar a água com filtros específicos ou ferver. • O trofozoíto se adere a mucosa e começa a se alimentar, gerando uma reação inflamatória, fazendo com que a parede do intestino diminua a absorção de água e nutrientes, aumentando o peristaltismo, levando a diarreia (esteatorreia, diarreia com fezes com muita gordura), desidratação, desnutrição, dores abdominais. • O patógeno leva à atrofia das vilosidades, perda das microvilosidades, inibição das atividades das dissacaridases, síndrome disabsortiva e favorece o hipercrescimento bacteriano. Diferentes cepas de G. duodenalis podem ser encontradas no mesmo hospedeiro, e os quadros de reinfecção são possíveis. Manifestações Clínicas • A maioria dos pacientes é assintomática e as infecções autolimitadas. Raramente evolui para quadros graves ou óbito. • A duração dos sintomas varia entre 3-10 semanas. Sintomas - Diarreia aguda ou crônica. - Esteatorreia (o principal tipo é causada pela giárdia). - Adinamia, distensão abdominal, flatulências, cólicas abdominais, náuseas, vômitos, fezes fétidas, anorexia, perda ponderal, febre baixa (rara), sintomas neurológicos (irritabilidade, alteração do sono, depressão, neurastenia), urticária. Geralmente, a diarreia é explosiva e aquosa, com fezes fétidas e mucoides. Marcadores de gravidade • Desidratação grave, perda pondera l , deficiência de dissacaridase, síndrome disabsortiva e retardo no crescimento são considerados complicações importantes da giardíase. Fatores de Risco • V i a j a n t e s p a r a á r e a s e n d ê m i c a s , imunocomprometidos, condições de higiene APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período precárias e relação sexual anal. Hipocloridria, s a n g u e t i p o A o u d e s n u t r i ç ã o s ã o considerados fatores predisponentes para a doença, a partir da colonização assintomática. Diagnóstico • Clínico, sugestivo • O diagnóstico se dá por identificação dos trofozoítas ou cistos de Giardia duodenalis nas fezes, por métodos convencionais ou moleculares. Exames de Rotina - Exame de fezes ( a f resco ou após conservação em álcool ou formalina 10%. O ideal é a coleta de três amostras, em dias diferentes, já que o cisto é liberado de forma intermitente. - A reação de polimerização em cadeia (PCR) detecta concentrações mínimas de até 10 parasitas/100 microlitros, sendo o PCR em tempo real útil para detectar infecções brandas ou assintomáticas. O uso da ingestão de cápsulas de gelatina (Entero-test) com tira de náilon e exames endoscópicos com biópsias podem auxiliar na detecção direta dos patógenos em sítios de colonização / infecção, com elevada sensibilidade e especificidade. Diagnóstico Diferencial - Amebíase. - Doença de Crohn. - Síndrome do intestino irritável. - Doença celíaca. - Gastroenterite viral. Tratamento O tratamento consiste em antibioticoterapia com Ni tazoxan ida , T in idazo l , Met ron idazo l , Albendazol ou Mebendazol. Não há consenso quanto à necessidade de tratamento de pacientes assintomát icos, exceto para prevenção de disseminação para coabitantes. Dieta oral livre, preferencialmente sem lactose, conforme aceitação, se paciente lúcido e orientado. Variações de dieta de acordo com comorbidades. AMEBÍASE • Causada pelo protozoário ameboide (emitem pseudópodes para se locomover). • Agente etiológico: entamoeba hystolítica. • 500 milhões de casos no mundo, 90% assintomático, os que apresentam sintomas podem evoluir para óbito. • Podem penetrar o intestino grosso, cair na corrente sanguínea, alcançando órgãos e evoluindo para gravidade. • +/-100mil mortes por ano. • Pode causar diarreia do turista. • Associada à saneamento precário. Fisiopatologia Transmissão - Direta: fecal-oral. Em ambiente com sombra os cistos se multiplicam grandemente e podem durar 20 dias. • Período de incubação: 7 dias - 4 meses. • Habitat: ficam na luz do intestino grosso (mais comum); na mucosa ou submucosa do intestino (sintomas mais fortes com diarreia com sangue ou muco); órgãos (na forma magna, ele penetra na parede do intestino ou cai na corrente sanguínea, chegando ao fígado, pulmão, cérebro, pele, causando lesões). • Há a forma minuta e a forma magna (mais potente). • A gravidade depende do parasito (cepas diferentes), do hospedeiro (estado nutricional, imunidade, pré-disposição) e da quantidade de cistos (ambiente). Ciclo • Se inicia pela ingestão do cisto maduro. I. Passam pelo estômago, resistem a ação o suco gástrico, chegando ao final do intestino delgado e início do intestino grosso, onde acontece o desincistamento, os protozoários saem dos cistos pela fenda da parede do cisto (já saí o metacisto), se transformando na próxima forma. II. O metacisto começa sofrer divisões nucleares e citoplasmáticas, dando origem a 4 e depois 8 trofozoítos (formas ativas de reprodução, alimentação), que causam a doença em si. III. Migram para o intestino grosso e colonizam, ficam aderido a mucosa, de forma comensal. Em algum momento eles se desprendem, ca indo na luz do intest ino grosso, principalmente no colo, sofrem ação de APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período desidratação, eliminam as substâncias nutritivas do citoplasma e se transformam em pré-cistos. IV. Começam a secretar uma membrana cística e se transformam em cistos mononucleados, esse núcleo começa a se dividir se transformando em cistos tetranucleados. V. Esses cistos tetranucleados são eliminados junto com as fezes, chegando ao ambiente, podendo chegar a um novo hospedeiro. Normalmente esses cistos são eliminados em fezes normais, quando há diarreia. menos cistos são liberados. No ciclo de pessoas sintomáticas, no colo há uma quebra do equilíbrio entre parasita e hospedeiro, fazendo com que os trofozoítos invadam a submucosa intestinal, multiplicando- se ativamente no interior das úlceras que foram formados, e podem, através da circulação porta, atingir alguns órgãos como fígado, pulmão, cérebro e pele(amebíase extraintestinal). O trofozoíto presente nas úlceras são os da forma magna, logo, eles não formam os cistos, são hematófagos e muito ativos. Obs: Os abscessos hepáticos amebianos são as manifestações mais comuns da amebíase invasiva, mas outros órgãos podem estar envolvidos, inclusive sítios pleuropulmonares, cardíaco, cerebral, renal, geniturinário, peritoneal e cutâneo. Infecções prévias e o tratamento anterior não protegem os indivíduos de colonizações futuras ou amebíase recorrente invasiva. Profilaxia - Saneamento básico; - Educação sanitária; - Tratar doentes. Fatores de Risco - O déficit nutricional, decorrente dos efeitos na funcionalidade do sistema imune. - Os fatores predisponentes da colite fulminante incluem nutrição não adequada, gestação, uso crônico de corticoides, e crianças. Manifestações Clínicas • Existem os assintomáticos e os sintomáticos. • Os quadros mais graves ocorrem em crianças, idosos ou em uso crônico de corticoides. Complicações • Colite amebiana: Evolução dos sintomas em 1-2 semanas, sendo a diarreia a manifestação mais comum. Cólicas, diarreia aquosa ou sanguinolenta, perda ponderal ou anorexia são sintomas típicos. De 10-30% dos pacientes apresentam febre. O quadro clínico pode mimetizar o quadro de apendicite. O sangramento retal sem diarreia é passível de ocorrer, especialmente em crianças. • Abscesso hepático amebiano: forma mais comum de amebíase extraintestinal, ocorrendo em +/- 5% dos pacientes com amebíase intestinal sintomática, sendo mais frequente em homens. A evolução cursa entre 2-4 semanas de infecção, porém os quadros associados a viagens podem evoluir em cinco meses a anos. Febre consiste na manifestação APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período típica, dor em quadrante superior direito e desconforto abdominal. O acometimento da superfície diafragmática do fígado pode levar a dor pleurítica à direita ou dor referida em ombro. Náuseas, vômi tos , d is tensão abdominal, diarreia e constipação ocorrem em 10-35% dos pacientes. Dois terços dos casos de abscesso hepático amebiano apresentam acometimento colônico direi to. Perda ponderal, anorexia e anemia também podem estar presentes. As complicações incluem ruptura intratorácica, intraperitoneal ou intrapericárdica, com ou sem infecção bacteriana secundária, acometimento da pleura ou pericárdio ou abscesso cerebral. • Ameboma: formação de granuloma anelar colônico em resposta ao agente etiológico, resultando em lesão local ampla na forma de massa abdominal em quadrante inferior direito, com necessidade de diagnóstico diferencial de carcinoma, tuberculose, doença de Crohn, actinomicose ou linfoma. • Amebíase pseudopulmonar: resultado de disseminação do abscesso hepático por contiguidade por ruptura do hemidiafragma direito. Os sintomas envolvem tosse, dor pleurítica e dispneia. Fístula hepatobrônquica não é comum, mas pode resultar em expectoração de trofozoítas de E. histolytica no escarro. • A m e b í a s e c e r e b r a l : D e c o r re n t e d e disseminação hematogênica, geralmente, em torno de 0,6% dos casos com abscesso hepático amebiano. Os sintomas agudos envolvem náusea, vômitos, cefaleia e alteração do estado mental, com progresso rápido podendo levar ao óbito em torno de 12-72 horas. • Peritonite amebiana: Geralmente secundária à ruptura de abscesso hepático, com maior frequência quando em lobo hepático esquerdo. Os pacientes apresentam febre e distensão abdominal. • Pericardite amebiana: Complicação grave da amebíase hepática, por ruptura do abscesso em lobo esquerdo. A apresentação clínica inclui dor torácica e sinais de ICC. • Amebíase geniturinária: úlceras genitais dolorosas ou amebíase em tubas uterinas. Sinais e Sintomas de acordo com o sítio anatômico: - Colite amebiana: Desconforto abdominal em quadrante inferior, febre, perda ponderal. A forma fulminante se caracteriza com dor e d i s t e n s ã o a b d o m i n a l i n t e n s a e descompressão dolorosa; - Abscesso hepático: Febre, hepatomegalia, desconforto intercostal direito, particularmente posterior, perda ponderal, podendo ocorrer anemia, icterícia, embora raras; - Amebíase pleuropulmonar: Efusões pleurais à direita, empiema, atelectasia basilar, pneumonia e abscesso pulmonar; - Peritonite amebiana: Febre, distensão abdominal, dor e tensão à palpação; - Pericardite amebiana: Sinais de ICC, atrito pericárdico; - Amebíase cerebral: Alteração do nível de consciência e sinais neurológicos focais; - Amebíase geniturinária: Secreção profusa em úlceras genitais. Diagnóstico • Envolve a detecção de Entamoeba histolytica por antígenos nas fezes ou por PCR do material fecal. • A detecção de cistos de Entamoeba nas fezes não diferencia entre E. histolytica e E. dispar (não patogênica). • Exames de sangue: Podem apresentar leucocitose sem eosinofil ia (80% dos pacientes), níveis elevados de fosfatase alcalina e transaminases, aumento moderado de bilirrubinas, anemia moderada e elevado VHS. • Microscopia: Exame de fezes a fresco com coloração tricrômica com detecção de trofozoítas contendo hemácias internalizadas. Sensibilidade de 33-50% com melhora para acima de 85%, se examinadas 3 amostras de fezes coletadas em períodos alternados. • Cultura: Realizada de material fecal, biópsia retal ou aspirado de abscesso hepático com sucesso de 50-70%, mas com sensibilidade inferior à microscopia. • Detecção de antígeno: Vários kits comerciais com base em ELISA para a detecção de antígenos de E. histolytica em amostras de fezes estão disponíveis. Baseiam-se em uso de anticorpos monoclonais para estruturas de superfície específicas (lectina GAL/GalNAc) c o m s e n s i b i l i d a d e d e 7 1 - 1 0 0 % e especificidade de 93-100%. Tais ki ts apresentam também aplicabilidade para soro e aspirado hepático com sensibilidade > 96% para ambos os espécimes. • Sorologia: Anticorpos séricos contra amebas estão presentes em 70-90% dos indivíduos com infecção intestinal sintomática por E. histolytica, e em 99% dos indivíduos com abscessos hepáticos sintomáticos. Os kits comerciais com base em ELISA apresentam sensibilidade de 97,9% e especificidade de 94,8% em pacientes com abscesso hepático. • PCR: Diversos métodos com base em PCR direcionados para genes específicos de E. histolytica estão disponíveis para uso em material fecal e a partir de aspirados de abscessos hepáticos. É atualmente o método APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). • Exames Radiológicos - Abscesso hepático: A radiografia torácica pode demonstrar efusão pleural à direita e elevação do hemidiafragma à direita. A USG e TC de abdome são sensíveis mas não específicos, sendo a USG preferencial, em razão de baixo custo, rapidez e ausência de irradiação. Nesse exame, o abscesso aparece com lesão única, homogeneamente hipoecoica arredondada, localizada de forma predominante no lobo hepático direito superior. - Abscesso cerebral: TC de crânio demonstra lesões irregulares sem cápsula ou edemas. • Aspirado hepático: A punção guiada por USG ou TC pode ser realizada para o diagnóstico preciso somente nos casos de abscesso com dimensões > 12 cm, ruptura iminente, abscesso localizado à esquerda ou falha da terapia medicamentosa. O conteúdo do aspirado, geralmente, é constituído de líquido amarelo-acastanhado, com ausência de leucócitos e as amebas não são visualizadas com frequência. Enviar o material para microscopia, cultura, detecção de antígeno e PCR, se disponíveis. • Endoscopia digestiva baixa: O material deve ser enviado para realização de microscopia, cultura e PCR. As indicações de realização desses procedimentos incluem presença de sorologia positiva ou urgênciadiagnóstica e amostras de fezes negativas, investigação de massa colônica ou cecal, ou suspeita d iagnóst ica e levada de amebíase. O procedimento deve ser realizado anteriormente ao uso de corticoides, em caso de suspeita de DII. A colite fulminante é uma contraindicação relativa de colonoscopia, dado o risco de perfuração intestinal. • Achados histológicos: Os espécimes de biópsia intestinal devem ser obtidos das bordas das úlceras para avaliação da presença de trofozoítas móveis. Os achados histológicos podem incluir espessamento de mucosa não específico, múltiplas úlceras discretas intercaladas por regiões normais, mucosa edemaciada e difusamente inflamada, necrose ou perfuração de parede. A invasão amebiana da mucosa e submucosa é característica da colite amebiana. Tratamento Pode incluir terapia medicamentosa, intervenção cirúrgica e medidas preventivas, de acordo com a necessidade. A maioria dos indivíduos pode ser tratada ambulatorialmente, porém as indicações para internação incluem: - C o l i t e g r a v e e h i p o v o l e m i a , c o m necessidade de reposição volêmica; - Abscesso hepático de etiologia não definida e não respondendo a terapia empírica; - Colite fulminante; - Peritonite ou suspeita de ruptura de abscesso hepático. • A avaliação laboratorial das fezes após tratamento é recomendada para controle de erradicação. As infecções assintomáticas em áreas endêmicas não são tratadas. • A intervenção cirúrgica é recomendada para casos de abdome agudo (colite amebiana perfurada, sangramento gastrintestinal maciço, megacólon tóxico), falha de tratamento, empiema após ruptura de abscesso hepático amebiano, e lesão em lobo hepático esquerdo com risco de ruptura. • A drenagem está indicada para abscessos com mais de 10 cm de diâmetro em lobo hepático esquerdo e ruptura iminente sem resposta ao tratamento medicamentoso em 3-5 dias. Tratamento Farmacológico 1. Antibioticoterapia: - metronidazol - tinidazol - secnidazol - nitazoxanida Tratamento farmacológico hospitalar 1. Antibioticoterapia 2. Ana lgés ico e ant i té rmico (d ip i rona, paracetamol) 3. Antiemético (metoclopramida, bromoprida). 4. Proteção gástrica (omeprazol, pantoprazol). APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período ASCARIDÍASE • “Lombriga”. • Causada por um verme de corpo cilíndrico, alongado e com as extremidades afiladas. • Filo nematódeo: Ascaris lumbricoides ou Ascaris suum. • +/- 30% da população mundial possui ascaridíase. • Cosmopolita, acontece em todo mundo. • Mais comum em crianças de até 10 anos. • São dióicos (macho e fêmea), com dimorfismo sexual (diferença entre macho e fêmea). Fisiopatologia A transmissão fecal-oral acontece a partir de alimentos obtidos em solo ou fontes aquosas contaminadas com fezes humanas. Pode apresentar caráter zoonótico associado à ingestão de carne suína contaminadas com Ascaris suum. Ciclo • Ciclo monoxeno, apenas um hospedeiro. • A forma infectante é quando o ovo tem a larva no desenvolvimento adequado para que ela consiga sobreviver e infectar, quando ela alcança o nível L3. I. A pessoa ingere os ovos já na forma infectante (L3), por meio de água, alimentos. II. Ao chegar ao intestino delgado, a larva eclode e penetra o intestino, caindo na corrente sanguínea. III. Na corrente sanguínea, a larva vai primeiro para o fígado (4 dias), pulmão (14 dias), podendo evoluir com - ao passar por diferentes órgãos, ele consegue vários nutrientes que auxiliam no crescimento e desenvolvimento dele. IV. Quando chega na forma L5, ela perfura os alvéolos, subindo pela traqueia, causando, por exemplo, pigarro. V. As larvas são expectoradas e deglutidas, alcançando o jejuno, onde ocorre maturação em +/- 65 dias, se transformando na forma adulta, sendo então capaz de reproduzir e liberar ovos. - Ascaris lumbricoides podem viver de 10-24 meses no jejuno e íleo. VI. Os ovos saem nas fezes, podendo estar fecundados ou não, que vão se desenvolver para L3 e iniciar o ciclo novamente. Obs: A cada dia há produção de cerca de 240 mil ovos, que são fertilizados por helmintos machos com taxas acima de 90% entre os ovos liberados. Os ovos podem se tornar infectantes em 5-10 dias após serem liberados em solo favorável e permanecem viáveis por até 17 meses. Obs: Quando há uma infestação alta por lombriga, a tosse pode ser ocasionada e os vermes podem sair pela boca e nariz (forma imatura). Manifestações Clínicas A ascaridíase é comum e os sintomas são mais p reva len tes em c r i anças . Ge ra lmen te assintomática, mas pode se manifestar com retardo no crescimento devido à deficiência calórica, proteica ou de vitamina A, pneumonite (migração la rva l ) , obst rução in test ina l (geralmente íleo terminal) ou acometimento hepatobiliar ou pancreático. Os sintomas iniciais, durante a fase pulmonar inicial, incluem: - tosse não secretiva, hemoptise, dispneia, sibilos ou dor torácica. - Dor abdominal, distensão, cólica, náusea, anorexia ou diarreia intermitente podem ocorrer como manifestações de obstrução completa ou parcial em adultos. - Icterícia, náusea, vômito, febre e dor abdominal localizada intensa podem sugerir colangite, pancreatite ou apendicite. A fase pulmonar pode ser caracterizada por: - taquipneia, tosse não secretiva e sibilos, particularmente em pessoas com alta carga parasitária. - Urticária e febre também podem surgir na fase tardia migratória. - A distensão abdominal não é específica, mas é comum em crianças. - O abdome reativo, especialmente em quadrante superior direito, hipogástrio ou quadrante inferior direito, podem sugerir complicações. Complicações • Obstrução intestinal; • Desnutrição; • Acometimento hepatobiliar: - abscessos hepáticos; APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período - perfurações de vias biliares; - icterícia obstrutiva. • Migração estopins das formas adultas: - cérebro; - cavidade oral; - narinas; - umbigo. • Pancreatite; • Pneumonite eusinofílica. Patogenia • Leve: +/- 10 vermes. • Moderada: +/- 50 vermes. • Maciça: +/- 100 vermes. - desnutrição, obstrução intestinal, pontos de necrose, hepatite, pneumonia. Diagnóstico Exames Laboratoriais: • Exame parasitológico de fezes: permite a detecção de ovos marrons com borda em três camadas ou membranas. Porém, o exame de fezes pode ser negativo até 40 dias a partir da infecção, devido ao estágio de migração e maturação do helminto. • Exame microscópio de escarro: as larvas dos Ascaris podem ser detectadas durante a fase de migração pulmonar; • Hemograma: geralmente é caracterizado por eosinofilia durante a fase de migração do parasito. Exames de Imagem • RX de tórax • USG e TC de abdome: podem detectar helmintos em ducto e vesícula biliar. Diagnóstico Diferencial: - Pancreatite aguda; - Cólica biliar; - Pneumonia adquirida na comunidade; - Esquistossomose; - Filariose linfática. Tratamento Tratamento Farmacológico • Recomenda-se iniciar o tratamento após a fase migratória pulmonar devido ao risco de pneumonite e à maior eficácia da terapia medicamentosa contra as formas parasitárias adultas. - É adequado o uso de broncodilatadores ou corticoides nessa fase, se necessário. - Esses pacientes devem ser reavaliados em 3 meses para o tratamento de parasitos adultos intestinais. • Para a ascaridíase intestinal ou extraintestinal não larval, Albendazol consiste na droga de escolha, sendo o Mebendazol a terapia alternativa, quando há associação com outrashelmintoses. • Em grávidas, recomenda-se o uso de Pamoato de pirantel. • A Nitazoxanida apresenta eficácia em torno de 89% para tratamento de ascaridíase intestinal. • O uso de vermífugos paralisantes como Pamoato de pirantel, Piperazina e Ivermectina deveria ser evitado em pacientes com obstrução parcial ou completa devido à possibilidade de progressão para remoção cirúrgica nesses casos. • O uso de suplementação com vitamina A é recomendado para crianças com ascaridíase. 1. Antibiótico: - Albendazol (1º linha) - Mebendazol - Nitazoxanida - Levamisol - Ivermectina Se sintomáticos: 2. Analgésico e antitérmico: - Dipirona - Paracetamol 3. Antiemético: - Metoclopramida - Bromoprida 4. Proteção gástrica: - Omeprazol - Pantoprazol sódico Tratamento Cirúrgico Os critérios para tratamento cirúrgico incluem: - Enterorragia; - Múltiplos níveis hidroaéreos em exames de imagem abdominal; - Distensão abdominal em crianças com abdome reativo; - Resposta insatisfatória à terapia; - Apendicite e peritonite primária; - Doença hepatobiliar; - Pseudocisto pancreático. ENTOROBÍASE (OXIUROSE) • Espécie Enterobius vermicularis (nematódeo). Fisiopatologia • O E. vesicularis é um parasita obrigatório e possui ciclo monoxênico, que precisa de apenas um hospedeiro para completar o ciclo. • A espécie apresenta dimorfismo sexual. - a curvatura na cauda do macho facilita na hora da cópula. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período • Os ovos ingeridos eclodem em 6 horas após ingestão, com maturação em 2 semanas e sobrevida de, aproximadamente, 2 meses. • O parasita habita o íleo terminal, ceco, apêndice e o cólon ascendente proximal, logo o órgão de eleição é o intestino grosso. • A fêmea migra para o reto após copulação e deposita cerca de 11.000 ovos nas fezes ou períneo, os quais permanecem infectantes por 3 semanas no ambiente. - ao migrar para a região perianal, a flameja causa prurido. • Forma infectante: ovo contendo larva L3. Ciclo I. O paciente ingere o ovo contendo a larva L3, que passa pelo esôfago e estômago até chegar ao intestino delgado. II. No intestino delgado, a larva eclode e migra até o intestino grosso - durante a migração, ela vai se desenvolvendo (L4 - L5). III. Ao chegar no intestino grosso, a larva se transforma em adulta e o acasalamento se inicia. IV. Após a cópula, o macho morre e sai com as fezes, já as fêmeas (cheia de ovos), migra para a região perianal, ocasionando o prurido V. A membrana do corpo da fêmea se rompe, liberando os ovos que irão cair no ambiente, e se forem ingeridos novamente, o ciclo se inicia mais uma vez. - O ovo leva +/- 4-6h para se tornar infectante. - Desde a ingestão do ovo até a eclosão da fêmea, há um intervalo de +/- 2 meses. Transmissão • Heteroinfecção ou primoinfecção: ovos atingem um novo hospedeiro. • Auto-infecção indireta: ovos na poeira ou alimento atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou. • Auto-infecção externa ou direta: quando a crianca (mais frequente) ou o adulto (raro) levam os ovos da região perianal para a boca. • Auto-infecção interna: larvas eclodem dentro do reto e migram até o ceco, transformando-se em vermes adultos (raro). • Retroinfecção: larvas eclodem na região perianal, penetram pelo ânus e migram pelo intestino grosso, chegando afeto ceco, onde se transformam em vermes adultos. Manifestações Clínicas • Maioria dos casos assintomáticos. • Pacientes sintomáticos apresentam prurido anal e/ou vulvar. Enurese pode ser observada em crianças. Sintomas - Prurido região perianal, causando insônia. - Queda do rendimento escolar (crianças). - Ocasionalmente, a infecção pode levar a dor abdominal, náuseas e vômitos, e as formas adultas podem ser encontradas em apêndices normais ou inflamados. Complicações - Infecções secundárias. - Enterite catarral. - Apendicite. - Doença inflamatória pélvica. - Infecções no sistema genital feminino. - Abcessos perianais ou ulcerações intestinais. Diagnóstico • Clínico e laboratorial. • Não utiliza-se exame de fezes para diagnóstico Exames laboratoriais • Método de Graham: fita adesiva transparente na região anal durante a noite para captura dos ovos e visualização em microscópio ótico após adição de hidróxido de sódio ou tolueno. Três espécimes em coleta consecutiva são recomendados. Diagnóstico diferencial - Apendicite; - Ascaridíase; - Giardíase; - Dermatite de contato pediátrica. Tratamento 1. Antiparasitário - Albendazol - Mebendazol - Pamoato de pirvínio APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período Se sintomas: 2. Analgésico e antitérmico: se presença de dor ou febre > = 37,8 - Dipirona - Paracetamol 3. Antiemético: se presença de náuseas e/ou vômitos - Metoclopramida - Bromopida 4. Proteção Gástrica - Omeprazol - Pantoprazol • Em pacientes com ref ratar iedade ao tratamento considerar a possibilidade de infestação por Dipylidium caninum, comum em cães e gatos. ESQUISTOSSOMOSE • Doença infectoparasitária. • 5 milhões de casos no Brasil. • Helminto: filo-> platelmintos; classe-> trematoda. • Causada por t rematódeos do gênero Schistosoma - Schistosoma mansoni (Brasil), Schistosoma haematobium (Áfr ica) , Schistosoma japonicum (Ásia), Schistosoma mekongi, Schistosoma intercalatum). • Só dióicos, podendo a fêmea chegar a 1,5cm e o macho 1cm. Possuem dimorfismo sexual. • Se nutrem de sangue. • Hospedeiros definitivos: ser humano. • Hospedeiros intermediários: abriga o verme na fase larval = caramujos de água doce - Bionphalaria glabrata. • Órgão de eleição: sistema porta hepático. • A doença decorre da resposta imunológica aos ovos do parasita em órgãos ou tecidos do organismo humano. - eles capturam glicocálice de células do corpo e encorparam em sua superfície, fazendo com que as células de defesa do organismo não os reconheça como corpo estranho. Fisiopatologia • Os esquistossomas (vermes), duram +/- 5 anos em um hospedeiro. Ciclo Heteroxênico I. Pessoa infectada defeca e as fezes entram em contato com a água. II. Quando o ovo chega a água, o miracídio sai (larva que já está formada dentro do ovo, demora +/- 6 dias para estar pronto para ser liberado). III. O miracídio é atraído por substâncias liberadas pelo caramujo, e ao encontrá-lo, ele o penetra ativamente (cerca de 8h). IV. No caramujo, o miracídio se transforma em esporocisto, que possui células germinativas que vão se multiplicar e liberar cercária. V. A cercaria abandona o caramujo e tem de 1-3 dias para penetrar o hospedeiro definitivo. Obs: a cercaria possui enzimas digestivas que auxiliam na penetração corroendo a pele do hospedeiro. No momento da penetração, a cauda é desprendida, entrando apenas o corpo, sendo chamados de esquistossomolos. VI. Os esquistossomas imaturos entram na corrente sanguínea, passam pelo coração, pulmão e fígado, onde se transforma em adulto. Com o passar dos dias eles migram para as veias mesentericas inferiores, se juntando a fêmea, para por fim acasalar. VII. Por estarem próximos ao intestino, a fêmea começa a liberar cerca de 400 ovos por dia, esses ovos irão chegar a luz intestinal, para serem eliminados pelas fezes. Obs: essa perfuração irá ocorrer devido s inflamação. O ovo, que possui “espinho” lateral, fica em contato com a parede, gerando lesão e processo inflamatório. Além disso, o miracídio que está se desenvolvendo no interior do ovo, libera enzimas que irão provocar um afinamento daparede do intestino, possibilitando a perfuração. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período Manifestações Clínicas Geralmente, os pacientes relatam viagens para regiões endêmicas e contato com água de recreação natural. Os sintomas e sinais estão relacionados com o sítio de formação dos ovos, e a intensidade de formação dos granulomas, especialmente a extensão do envolvimento hepatoesplênico, cardiopulmonar e presença de sítios ectópicos como o sistema nervoso central. A esquistossomose pode se manifestar de duas formas (aguda e crônica): Aguda • Forma assintomática: decorre do primeiro contato com o hospedeiro intermediário. • Forma sintomática: - manifestações pruriginosas na pele (+/- 5 dias após a infecção). - é caracterizada por eosinofilia periférica e circulação de complexos imunes, com linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, febre, cefaleia, anorexia, dor abdominal. - Lesões de pele maculopapulares podem ocorrer horas após a exposição às cercárias. - Ou t ros achados i nc luem u r t i cá r i a generalizada, prurido e linfadenopatia. Geralmente, o paciente apresenta febre, adinamia, mal-estar, dispepsia, flatulência e mialgia, anemia ou cor pulmonale; Crônica • Envolve a formação de granulomas e fibrose, com evolução da doença de meses a anos. • Geralmente, estão relacionados com diarreia sanguinolenta, polipose inflamatória colônica, infecções recorrentes por Salmonella , apendicite, perfuração intestinal, hipertensão porta e cirrose hepática, entre outros. • Pode ser classificada em hepatointestinal, hepática, hepatoesplênica compensada, h e p a t o e s p l ê n i c a d e s c o m p e n s a d a , vasculopulmonar e neuroesquistossomose; • Esquistossomose intestinal (S. mansoni): fadiga, dor abdominal, diarreia e disenteria. • Urinária (S. haematobium): disúria, polaciúria e hematúria terminal. Marcadores de gravidade: - Sangramento gastrointestinal; - Obstrução gastrointestinal; - Desnutrição; - Nefropatia por Schistosoma; - Sepse. Diagnóstico Exames de sangue são úteis para o diagnóstico e a avaliação da gravidade da infecção por Schistosoma. A sorologia e a reação de polimerização em cadeia (PCR) podem confirmar o diagnóstico. • Exames de sangue: eusinofilia, anemia, altera ao de hepatograma, piora função renal, hemocultura com Salmonella. Realizar sorologia para HIV e hepatites para diagnóstico diferencial. • Urinálise: hematúria, proteinúria, piuria, detecção dos ovos de S. haematobium. • Exame de fezes parasitológico: Detecção de ovos de Schistosoma spp. pela técnica de Kato-Katz ou utilizando membrana nuclepore; • PCR: Apresenta a l ta sens ib i l idade e especificidade (> 90%) para detecção do DNA de Schistosoma em fezes ou urina; • Sorologia: Não distingue infecção recente de antiga, mas é útil para diagnóstico em paciente res idente em área não endêmica . A soroconversão, geralmente, ocorre em 4-8 semanas após infecção e pode ser detectada por FAST, ELISA ou imunoblot. Obs: o paciente com infecção interrompida por tratamento antimicrobiano pode continuar a liberar ovos mortos pelas fezes e urina por 6-8 semanas. A observação de viabilidade dos ovos por eclosão em água é importante para esse diagnóstico. O paciente deve ser submetido a novo exame de urina e teste em seis meses após o tratamento encerrado. Diagnóstico Diferencial - Tuberculose renal e miliar; - Doença de Chagas; - Neoplasias; - Úlcera péptica; - Gastroenterite; - Doença inflamatória intestinal; - Farmacodermia; - Doenças parasitárias por helmintos. Tratamento A terapia está relacionada com o quadro clínico e a fase da doença. Para os pacientes com esquistossomose aguda, febre de Katayama e infecções do sistema nervoso central, deve-se tratar com drogas antiesquistossomose e corticosteroides. A d r o g a d e e s c o l h a é P r a z i q u a n t e l (contraindicado gravidez), com taxas de cura entre 65-90%, sendo que não age sobre as f o r m a s e m d e s e n v o l v i m e n t o d e esquistossômulo. TENÍASE REFERÊNCIAS: • Microbiologia médica e imunológica - Lange • Parasitologia Contemporânea- Marcelo Urbano • Artigos
Compartilhar