Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia SEMIOLOGIA SISTEMA RESPIRATÓRIO ANAMNESE – AULA 1 Sintomas Tempo Características Intensidade Evolução Localização Fator de melhora e piora Sintomas principais Dor torácica, dispneia, tosse, expectoração, vômica (secreção vinda dos pulmões), hemoptise (sangramento da via aérea), sibilância (chiado), dor pleurítica (ventilatória-dependente). Sintomas vias aéreas superiores: Obstrução nasal, rinorreia anterior e posterior, prurido nasal e ocular, espirros, epistaxes, dor de garganta, rouquidão História ocupacional Profissão do passado e de agora Exposições Ex- fogão de lenha → DPOC, enfisema Presença de animais, mofo e/ou livros velhos guardados em casa Pombo → pneumonia de hipersensibilidade. Cachorros, gatos → piora da asma, rinite Contactantes: Ex: coronavírus, tuberculose (intra e extradomiciliar) Tabagismo Doença que deve ser sempre abordada. Carga tabágica (número de maços de cigarro fumados por dia X número de anos que o paciente fumou = carga tabágica na unidade * ano-maço*. Considerar um maço com 20 cigarros. Em geral, as pessoas têm DPOC após fumar 20anos/maço. AVALIACAO DEPENDÊNCIA A NICOTINA – ESCORE DE FAGERSTROM NICOTINA E GRAU DE DEPENDÊNCIA Formas de consumo do tabaco: Charuto cachimbo, eletrônico, narguilé TABAGISMO PASSIVO Ler sobre. EXAME FÍSICO Inspeção, palpação, percussão, ausculta. INSPE ÇÃO ESTÁTICA Formato do tórax Tipos de tórax Deformidades ou assimetrias Baqueteamento digital Cianose ANATOMIA FORMATOS E TIPOS DE TÓRAX Normal Tonel → DPOC Funil → Peito escavado Tórax de pombo Peito em quilha Escoliótico 2 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia INSPE ÇÃO DINÂMICA Frequência respiratória Padrão respiratório Expansibilidade torácica Utilização da musculatura acessória Ruído audível sem estetoscópio FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA Normal (14-20 incursões/min) Taquipneia (>20 incursões/min) – Rápida e superficial Doença pulmonar restritiva Dor torácica pleurítica Elevação diafragmática Bradipneia (< 14 incursões/min) Depressão respiratória Hipertensão intra-craniana PADRAO RESPIRATÓRIO Tipo respiratório: costal superior, toracoabdominal Ritmo respiratório OBS: Não é a imagem da aula! PAL PAÇÃO Estrutura da parede torácica Expansibilidade ou mobilidade Frêmito toracovocal LOCAIS PARA VERIFICAÇÃO DO FTV Pneumotórax → afasta o pulmão da parede (cria uma camada de ar que não tinha) → diminui o frêmito Consolidação (preenchimento do parênquima pulmonar com conteúdo patológico – líquido) → aumenta o frêmito. Ex: Pneumonia Consolidação – RX de tórax TC de tórax 3 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia PERCU SSÃO Som claro pulmonar Submacicez Macicez Hipersonoridade pulmonar Timpanismo Método da percussão Pontos de percussão e ausculta AUSCULTA SONS RESPIRATÓRIOS NORMAIS Som Local da ausculta Intensidade Inspiraçã o Expiraçã o Som traqueal Área de projeção da traqueia +++ ++++ Respiração brônquica Área de projeção dos brônquios principais +++ +++ Respiração broncovesicul ar Região esternal superior interescapulovertebr al direita ++ ++ Murmúrio vesicular Periferia dos pulmões +++ ++ SONS RESPIRATÓRIOS ANORMAIS Descontínuos Contínuos Estertores finos Sibilos Estertores grossos Roncos Estridor Sibilo: agudo e contínuo. Sibilo de um lado só → corpo estranho, tumor Ronco: grave e contínuo → secreção em via aérea Estridor: obstrução de via aérea alta Estertores (Crépitos): Fino: parece cabelo passando. Grosso: parece bolha. 4 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia RADIOGRAFIA DE TÓRAX – AULA 2 Descoberta do raio X: Wilhelm Conrad Roetngen Alemanha – 1895 O nome correto para o exame é radiografia de tórax. Raio X, na verdade, é a radiação ionizante que gera a imagem. PRINCÍPIOS DA FORMAÇÃO DA IMAGEM Há um tubo de raios X por onde sai a radiação ionizante. O feixe passa pelo corpo humano, e cada tecido possui densidades diferentes (ossos, partes moles, ar). Assim, haverá estruturas que reterão mais ou menos os raios. Consequentemente o file ficará mais ou menos queimado a depender da densidade do que está sendo radiografado. IMAGEM CLÁSSICA DE RADIOGRAFIA DE TÓRAX Incidência posteroanterior. O osso é o mais branco. O pulmão é o que é mais próximo do preto. Tem as partes moles que são cinza clarinho. As densidades são diferentes dependendo da estrutura do órgão em questão. VANTAGENS Baixo custo. Facilidade de realização. Disponibilidade. Baixa dose de radiação. A TC é o padrão-ouro para a avaliação do tórax. Entretanto, esse exame é muito mais caro que a radiografia, usa muito mais radiação ionizante e é muito menos disponível. RADIOGRAFIA CONVENCIONAL X DIGITAL Hoje em dia e cada vez mais, a tendência é que se abandonem as imagens impressas e adotem as imagens digitais, principalmente pela questão ambiental (Reciclagem), pela resolução e pelo menor custo. Você pode fazer uma radiografia digital (mais detalhe, mensuração das estruturas) e imprimir em papel. INCIDÊNCIAS O que eu quero ver? Lado, frente, costas? Incidências principais: Posteroanterior (PA) e perfil. O ideal é que se faça as duas. Os pulmões são órgãos tridimensionais. Se eu peço em uma incidência só, eu deixo der ver coisas Pedindo as duas, há um aumento na chance de encontrar alterações. INCIDÊNCIAS PRINCIPAIS POSTEROANTERIOR (PA): É quando o raio passa de trás pra frente. Na frente fica o filme, encostado na parte anterior do tórax. O aparelho de raio fica atrás. A posição é braços abertos, para tirar as homoplatas do caminho. Pede ao paciente para inspirar ao máximo e manter-se em posição vertical sem se movimentar. PERFIL: O ideal é que os braços fiquem para cima e o paciente de lado. Perfil esquerdo: O filme fica do lado esquerdo e a radiação vem da direita para a esquerda. RADIOGRAFIA NO LEITO INCIDÊNCIA ANTERO POSTERIOR Faz muito nos hospitais e emergências. Levanta o tórax do paciente, coloca o filme atrás, e com um aparelho portátil, faz a radiografia de cima para baixo. Geralmente a qualidade não é tão boa. 5 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia A principal imagem que aparece no tórax é o coração. O raio X em AP (paciente deitado), o coração fica longe do filme e a imagem mostrada não é real. A gente quer que a estrutura esteja o mais próximo da realidade possível, e a simples mudança de AP e PA causa alteração. Distância mínima para a sua realização: 1,50m A distância ideal é de 1,80m. INCIDÊNCIA ANTERO - POSTERIOR (AP) Amplia a imagem do coração e mediastino. Aparelhos portáteis – menor potência Efeitos do decúbito: DP ¨escore¨, pneumotórax região anterior, redistribuição vascular, diafragma eleva. Só o fato da pessoa estar deitada, um monte de coisa muda, o efeito da gravidade muda. Se eu tenho um derrame pleural, por exemplo, e eu faço uma radiografia em pé, o derrame fica embaixo. Se eu faço uma tomografia deitada, o derrame fica espalhado pela região posterior do tórax. Se eu tenho um pneumotórax. Em pé, o pneumotórax tá em cima. Deitado, o pneumotórax tá na frente.A pessoa deitada, o diafragma sobe. PA X AP As radiografias são do mesmo paciente. PA Ortostatismo: Melhor pra ver pequenos derrames e pneumotórax. Maior nitidez. Menor magnificação de estruturas. Inspiração profunda. AP Pacientes debilitados. Decúbito dorsal ou sentado. Inspiração insuficiente prejudica a avaliação do parênquima. Magnificação do coração; Diafragma elevado. OUTRAS INCIDÊNCIAS Apico-lordótica. Decúbito lateral com raios horizontais. Oblíqua. Expiração. Quando se tem dúvida de radiografia, se pede ultrasson ou tomografia. ÁPICO LORDÓTICA Lesões que podem estar escondidas pelo arcabouço ósseo. O feixe de raios X entra anteriormente e as costas estão em contato com o filme. O paciente assume uma posição em hiperlordose, retirando as clavículas de campo. Tem grande valor para a avaliação dos ápices pulmonares, lobo médio e língula. DECÚB ITO LATERAL COM RAIOS HORIZONTAIS – INCIDÊNCIA DE L AURELL Radiografia feita com o paciente deitado de lado. 6 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Feita quando há dúvidas se tem derrame pleural ou não. Solicita que o paciente deite do mesmo lado em que há dúvida se há DP. Se for DP, o líquido irá escorrer. Se não for DP, a imagem não sofrerá modificações (Coisa fixa). QUALIDADE TÉCNICA Dose de radiação (muito penetrado? Pouco penetrado? Preto demais? Branco demais?), centralização (simétrico?), grau de inspiração (Tem que ser em apneia. Inspira, segura e faz), presença de artefatos (cuidado com tranças). DOSE DE RADIAÇÃO O próprio aparelho calcula qual vai ser a dose de radiação. 1- Branco demais. 2 -Preto demais (parece que eu tô vendo mais a coluna do que o pulmão em si). 3 – Ideal. CENTRALIZ AÇÃO As bordas mediais das clavículas devem estar equidistantes do centro da coluna. As escápulas devem estar fora do campo. Às vezes tem uma deformidade torácica (Ex.escoliose) que não permite a simetria. G RAU DE INSPIRAÇÃO Imagem 1: Espiração. Imagem 2: Inpiração. O correto é encher o peito, segurar, e fazer a radiografia. A gente pode contar as costelas pra ver quantas aparecem. Existem 2 formas de contar as costelas: Anterior: espera-se aproximadamente 8 – 9 arcos costais visíveis. Posterior: espera-se 10 a 11 arcos costais visíveis. Deve ser realizado em apneia inspiratória máxima. Ex. Se tiver um paciente hiperinsuflado, com DPOC clássica, padrão enfisematoso, a gente vê mais arcos costais do que deveria. ARTEFATOS Exemplos: Paciente em UTI, cheios de cateter, sondas. Objetos que podem ficar por cima do tórax: Cabelos, materiais metálicos. COMO INTERPRETAR SEQU ÊNCIA PARA AVAL IAÇÃO Partes moles → arcabouço ósseo → Coração e vasos → Mediastino → Hilos → Pleura/seios costofrênicos → Diafragma/andar infradiafragmático → Campos pulmonares. O pulmão deve ser o último a ser visto. A avaliação acontece de fora para dentro. PARTES MOLES É possível saber se o paciente é magro ou gordo, do sexo feminino ou masculino. Exemplo da imagem 1: Presença de mamas, bilateralmente, bem definidas, tecido escasso (mulher magrinha). Exemplo da imagem 2: Paciente mastectomizada do lado direito. Exemplo da imagem 3: Presença de coisas pretas (ar) fora do pulmão. Tem ar no tecido celular subctuâneo → Enfisema subcutâneo. Tem um dreno tóracico também. Pneumotórax → Ar escapou do pulmão → Pleura → Subcutâneo. 7 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia ARCAB OUÇO ÓSSEO Arcos costais esterno (no meio) vértebras, clavícula, escápula. Eu consigo ver a coluna (atrás) bonitinha. No perfil, a coluna fica facilmente identificável. Assimetria da clavícula → Clavícula esquerda insuflada (grande, alada). Calo ósseo, deformidade, lesão neoplásica? Fratura de arcos costais. CORAÇÃO E VASOS É preciso medir o coração, o índice cardiotorácico. Essa bolinha do lado esquerdo é a aorta. Ventrículo esquerdo, átrio esquerdo, tronco da artéria pulmonar, botão aórtico. Imagem em perfil: Coração na frente. Diafragma, coluna vertebral, aorta superiormente, veia pulmonar. Índice cardiotorácico Checar se foi uma radiografia em pé ou deitada. A medida do coração tem que ser <50% da medida do tórax. Imagens 2 e 3: Cardiomegalia. Silhueta deformada. O coração tem mais da metade do tamanho do tórax. Hipertensão pulmonar severa (Artéria pulmonar bem dilatada. A aorta tá bem pequenininha e o tronco pulmonar cresceu). Aumento do calibre dos vasos à direita. O paciente foi submetido a uma cirurgia cardíaca. Esterno suturado com fios metálicos. Tem um marcapasso e seus fios lá em cima. Aorta dilatada (gigantesca). A parte de cima da aorta tá muito maior do que a parte de baixo. HILOS PULMONARES Região central, do lado do coração. De onde saem os vasos e brônquios. Região mais branquinha. Devem ser simétricos, aproximadamente da mesma altura. Em condições normais, o hilo esquerdo pode ser um pouco mais alto que o hilo direito. O que dá o branco do pulmão são os vasos. Os alvéolos e os brônquios tem ar. Perfil: Coração, aorta, veias e artérias pulmonares. O hilo é a região central. 8 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Sarcoidose Aumento dos hilos pulmonares em pacientes com sarcoidose linfonodal (linfonodos aumentados bilateralmente). Reparar no clássico aspecto de ¨Hilos em barata¨. MEDIASTINO É a porção central do tórax, onde se localizam coração, grandes vasos e nervos. Mediastino superior e inferior: Divididos pela 5º vértebra torácica. Anterior: Borda posterior do esterno até a borda posterior do coração. Médio: Borda posterior do coração até a borda anterior da coluna vertebral. Onde se localizam os vasos. Pode haver tumores neurais. Posterior: A partir da borda anterior da coluna vertebral. Existe ar entre o coração e o esterno. Se tiver branco, pode ser uma massa no mediastino inferior (linfoma teratoma, tireoide mergulhante). Pleura e os seios costofrênicos. Lembrar que as duas pleuras estão encostadinhas, fininhas, e possuem um espaço virtual. Se eu não tenho doença pleural nenhuma, as pleuras não são pras serem vistas. Totalmente assimétrico. Hipodensidade à esquerda. →Sugere Derrame pleural. Quando é líquido no pulmão, condensação, geralmente é mais heterogênio. Essa coisa branca, uniformidade, clássica parábola sugere pleura. Volumoso derrame pleural ocupando 2/3 do tórax esquerdo. Formação da parábola → Imagem clássica de líquido. Pneumotórax direito Atelectasia. O pulmão tá murcho. Entrou ar no espaço pleural e o pulmão ficou pequenininho (colabado, atelectasiado). O pulmão direito murchou e a circulação toda (dos dois lados) teve uma redistribuição do fluxo. O pulmão esquerdo ficou mais perfundido do que deveria (Hiperfluxo esquerdo). Pneumotórax é sangue no espaço pleural. Derrame pleural pode ser sangue, pus, secreções (Ex. exsudato) no espaço pleural. DIAFRAG MA E ANDAR INFRADIAFRAG MÁTICO Diafragma direito, diafragma esquerdo, seios costofrênicos Branco do lado direito → Fígado. Branco do lado esquerdo → Bolhas gástricas. Em perfil, é comum o diafragma esquerdo ser UM POUCO mais baixo que o diafragma direito. Pneumoperitônio (Preto). Paciente com úlcera perfurada. Tem ar entre o diafragma e o fígado. Se for um pós operatório de cirurgia abdominal, pode ser normal. 9 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia LOBOS PULMONARES 3 lobos à direita: Superior, médio e inferior. Cissuras horizontal e oblíqua. 2 lobos à esquerda: Superior e inferior. Cissura oblíqua (Separa os lobos) É possível ver a incisura horizontal na radiografia PA. No perfil, a gente consegue ver muitasvezes as 2 linhas que separam um lobo do outro. Divisão – Pulmão direito Pulmão esquerdo branco. Radiografia muito penetrada. Presença do broncograma aéreo (linhas dos brônquios). Os alvéolos estão fechados e os brônquios estão abertos? A base tá livre. Em geral, no derrame pleural, a base tá branca. Derrame pleural não tem broncograma aéreo. Diferenças do derrame pleural: DP começa SEMPRE de baixo pra cima e é um branco mais intenso. Consolidação do lobo médio Broncograma no centro. Consolidação no lobo inferior direito (está atrás). PA mostra frente e atrás. Perfil mostra esquerdo e direito. Consolidação da língula (parte anterior do lobo superior esquerdo). Sinal da silhueta → quando há uma imagem no mesmo plano que outra. Mesmo plano → Apaga o contorno. Planos diferentes → Não apaga o contorno. Perda da borda cardíaca, pois uma região no mesmo plano do coração consolidou. Massa pulmonar (tem um limite). Massa → é qualquer lesão definida maior que 3 cm. Nódulo → < 3cm 10 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Pulmão de um grande fumante que já fez cirurgia cardíaca de revascularização do miocárdio. Massa → Câncer de pulmão. Enfisema (preto) Pulmão da TC → Cinza claro. Exame PETz3: exame da imagem 3. Massa de origem pleural (fora do pulmão) que empurra o parênquima pulmonar. Presença de placas calcificadas. Cavidade com algum nível hidroaéreo (abcesso, tumor necrosado). Lesão definida. Atelectasia – Pulmão esquerdo Traqueia desviada para a esquerda. Desvio do coração pra esquerda. Subiu diafragma. Atelectasia total do pulmão esquerdo. Atelectasia – Pulmão direito Hemitórax opaco. O coração não foi puxado. Atelectasia LSD – Sinal S de Golden Linha com seta → cissura horizontal (subiu, portanto o lobo superior está fechado) Massa central que fechou o brônquio do lobo superior direito (Sinal do S). 11 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia FUNÇÃO PULMONAR – AULA 3 Para a avaliação da função pulmonar existem alguns exames para checar se o pulmão, as vias aéreas, se a mecânica respiratória está funcionando bem. Se fala muito em espirometria, mas existem outros exames que podem ser feitos. COMPONENTES Existem vários componentes em relação à função pulmonar: A mecânica (tem a ver muito com caixa torácica, músculo, diafragma, musculatura intercostal, força muscular...), depois vem a ventilação em si, que é o ar entrando e o ar saindo passando pelas vias aéreas, chegando nos alvéolos e voltando, a questão da perfusão pulmonar que tem a ver com fluxo sanguíneo, então para existir troca gasosa tem que existir ventilação e perfusão (relação V/Q) e ter uma boa difusão também (capacidade de troca), o O2 sai dos alvéolos e entra para o capilar no sangue o CO2 sai do sangue para o alvéolo e é eliminado no ambiente. Existem exames que podem ser realizados para checar cada um desses pontos da função. Na aula se detendo mais na ventilação pulmonar: volumes pulmonares, fluxo aéreo que é o que a espirometria mostra. VENTILAÇÃO PUL MONAR Vias aéreas segundo Weibel: • Zona de condução: espaço morto anatômico é a região em que há apenas a condução, passagem de ar, não há troca. • Zona respiratória: onde acontece a troca gasosa. As vias aéreas mais centrais são mais calibrosas, a traqueia vai se dividindo, brônquios principais, bronquíolos respiratórios, zona de troca gasosa. VOLU MES PUL MONARES Esse gráfico representa primeiro o volume corrente. Quando se respira normal a curva é menor. Mas em caso de manobra forçada de encher o peito a curva chega lá em cima na capacidade funcional total, daí se faz a mesma coisa na expiração, com força, coloca-se para fora todo o ar que tem no pulmão e se chega em baixo, no volume residual. Volume de reserva inspiratório (VRI), volume corrente (VC), volume de reserva expiratório (VRE), volume residual (VR). A capacidade pulmonar total é a soma dos quatro volumes que é todo ar do pulmão. Volume residual é o que não sai, o pulmão não se fecha por completo devido ao sufactante, de uma força interna que mantem os alvéolos minimamente abertos. Se colapsar, a força para abrir é muito alta, então existe toda uma mecânica, uma fisiologia para manter sempre o volume residual presente. CAPACIDADES PUL MONARES Capacidade é a soma de pelo menos dois volumes: Cap. Inspiratória (CI) = VC + VRI. Cap. Residual Funcional (CRF) = VRE + VR. Cap. Vital (CV) = VRE + VC + VRI. Cap. Pulmonar Total (CPT) = VR + VRE+ VC+ VRI. Na espirometria vai se medir a capacidade vital VRE + VC + VRI. O paciente vai expirar por completo e inspirar por completo e assim consegue-se medir todo o ar que ele mobiliza. VOLU MES + CAPACIDADES No gráfico: Volume corrente → inspirou ao máximo → volume de reserva inspiratório → expirou ao máximo → volume de reserva expiratório → volume corrente. CPT é tudo e CV é tudo menos o volume residual. 12 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia ESPIROMETRIA Exame que mede a quantidade e a velocidade do ar que entra e sai dos pulmões. Ele não avalia volume residual, o que acaba atrapalhando um pouco por limitar o exame. A pletismografia que consegue medir o volume residual (padrão ouro). Assim, a espirometria é o exame mais disponível, porém limitado. Ela vai dizer a quantidade de ar se mobiliza e a que velocidade esse ar entra e sai, avaliando o fluxo. A imagem mostra um espirômetro, aparelho simples, relativamente portátil, tem um circuito, existe um bocal onde a pessoa que está fazendo o exame coloca a boca e coloca-se um clipe no nariz. Então, todo o ar que a pessoa inspira e expira será pela boca. O software então faz a leitura desse ar que foi mobilizado, então o aparelho vai ler tudo que aconteceu em relação à entrada e saída de ar. CURVAS ESPIROMÉTRICAS O laudo da espirometria é impresso com vários números e essas duas curvas principais. Uma curva é de fluxo x volume e a outra curva é de volume x tempo. É importante avaliar nessas curvas o formato, se foram bem feitas (para saber se o exame foi bem feito), também dá algumas pistas se o paciente tem alguma doença ou não. Curva fluxo x Volume: é possível ver que ela tem uma alça superior e uma inferior. Representa uma expiração e uma inspiração forçada. • Superior: é a expiração, parece um triângulo. O paciente sopra forte, fazendo um pico, mais ou menos no número 12, representando o pico de fluxo expiratório. Depois a alça desce. • Inferior: quando a alça inverte, representa a inspiração, alça inspiratória. É quando o paciente inspira ao máximo e começa a expirar. A principal alça a se olhar na espirometria é a expiratória, apesar da inferior dizer algo sobre a condição do paciente (p. ex. se ela estiver achatada pode significar alguma coisa patológica). Curva volume x tempo: o paciente sopra 6 segundos, o tempo que é solicitado ao paciente para fazer uma expiração forçada. Ao final de 6 segundos saiu todo o ar do pulmão que o paciente conseguiu mobilizar, que é a capacidade vital. Então essa curva representa o quanto de ar está saindo do pulmão ao longo do tempo. VEF1: volume expiratório forçado do primeiro segundo. CVF: capacidade vital forçada. Em um indivíduo normal, que não tem obstrução do fluxo aéreo o VEF1 representa praticamente quase todo o ar que existe no pulmão. Todo o ar é mais ou menos 5 L, no primeiro segundo o paciente normal já expira praticamente 4 L. Então, no primeiro segundo quando o paciente sopra forte sai a maior parte do ar que existe no pulmão, ele continua soprando, o restante tá saindo até completar esse tempoque a gente pediu a ele que soprasse. CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO E REPRODUTIBIL IDADE Quando a gente está fazendo o exame, tem esse sofrimento da foto. Existe um técnico que faz esse exame, orientando o paciente a fazer as manobras, pedindo o paciente para encher o peito com força, para encher o máximo que o paciente conseguir e depois para soprar com força o máximo que conseguir. Exigi manobras adequadas, com força e no tempo certo. Se o paciente não entender o que está sendo pedido o exame não vai dar certo. Tem que ser um bom técnico nas orientações corretas para no final de ter a gente ter na mão valores e curvas adequadas para o médico que vai laudar conseguir extrair informações corretas. São necessárias algumas manobras de sopro para o exame ser dado como Ok. Essas manobras têm que se parecer, porque se cada hora ele sopra sai uma curva diferente, um valor diferente, significa que ainda não está reprodutível. Então, no geral, pensando em ser perfeito tem que ter três curvas igualzinhas com valores próximos para se considerar que aquela curva reflete realmente o parâmetro daquele paciente. Depois disso tudo, imagine fazer esse exame numa criancinha, num idoso que não ouve bem, num paciente com sequela neurológica... Por isso que esses exames, espirometria, pletismografia, não se consegue fazer para todo mundo, só dá para se fazer na parcela da população que consegue entender como o exame é feito e que consegue fazer as manobras necessárias. CURVAS INACEITÁVEIS Aqui tem a representação só da parte de cima da curva fluxo x tempo, só a parte expiratória. A curva “a” está representada como uma curva normal, a curva representa um triângulo com pico de fluxo máximo e ele segue a inspiração até começar expiração. Mas aí tem também curvas ruins... na curva “b” o paciente soprou com força no início, mas ele deu uma engasgadinha no caminho, deu uma pausa no restante da expiração, o que deu esse entalha na curva que não está adequada. O paciente “c” expirou com força só que no final da expiração ele amputou a curva, é como se ele estivesse interrompendo o final da expiração antes da hora. A curva “d” já mostra uma curva diferente do formato que deveria ser, é uma curva 13 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia lentificada onde o pico de fluxo não acontece como deveria, bem precoce e alto. E a curva “e” é outro exemplo, o paciente hesitou, ele encheu o peito e na hora de soprar ele deu uma pausa para iniciar o sopro. A aula é para entender como o exame é feito, quais são os principais parâmetros que se olha e entender um pouquinho o laudo... INDICAÇÕES • Diagnóstico de doenças pulmonares: Ex - suspeita de asma. • Investigação de dispneia, tosse, sibilância, opressão torácica. • Avaliação de gravidade. • Avaliação de progressão de doença. • Avaliação de pré-operatório: paciente que vai fazer cirurgia, uma história de tabagismo e que vai fazer cirurgia para câncer de pulmão eu tenho que saber se tem DPOC ou não, até para saber se vai aguentar a cirurgia ou não. • Rastreamento – exposição ocupacional. OBS.: Num quadro de crise de asma não se faz espirometria, até porque pode agravar o quadro do paciente. Numa urgência/emergência o que se faz é um exame bem simples de relação de pico de fluxo expiratório, um aparelho portátil bem simples em que o paciente faz um único sopro. Alguns consensos colocam o pico de fluxo expiratório como parâmetro de gravidade da crise. OBS.: Paciente asmático fora da crise pode ou não ter alteração de espirometria. Mas se um paciente que é suspeito de asma com o pico de fluxo ou a espirometria completa normal, não exclui a possibilidade desse paciente ter asma. Até porque a função pulmonar no asmático oscila muito, a broncoconstrição é variável, em alguns momentos pode detectar uma redução do pico de fluxo, uma redução do VEF1, uma obstrução do fluxo aéreo e em outros momentos pode não identificar tais alterações. OBS.: Em relação à remodelação... Na DOPC diferente da asma a obstrução não é tão reversível, é mais fixa, então em geral a espirometria no paciente com DPOC tende a não diferenciar quando feita em momentos diferentes. VALORES DE REFERÊNCIA Quando se faz o exame, vão ser encontradas as curvas e os valores do paciente. E qual seria o valor normal do VEF1, da CVF, do pico de fluxo expiratório? Não existe um valor normal único, existe um valor de referência para aquele paciente. Então, os valores de referência vão variar de acordo com as variáveis: • Sexo: homens têm pulmões maiores. • Idade: os pulmões crescem até a idade do adulto jovem, cerca de 20 e poucos, depois disso eles começam a diminuir. Então a CVF em um indivíduo mais velho é menor que a CVF de uma pessoa jovem. • Estatura • Peso • Raça • Populações No Brasil existe uma escala, feitas a partir de trabalhos anteriores, com valores de referência. Quando o técnico vai fazer o exame ele cadastra, coloca nome do paciente, sexo, idade, estatura e o peso. E o técnico também escolhe o autor de referência, no Brasil se usa muito as referências de Dr. Pereira, médico de SP que fez uma escala de normalidade, mas tem também a referência americana, canadense... INTERPRETAÇÃO Principais medidas: Esses são os três principais parâmetros... • Capacidade Vital Forçada (CVF) • Volume Expiratório Forçado 1s (VEF1) • Relação VEF1 / CVF Outras medidas: • Pico de Fluxo Expiratório (PFE) • Fluxo Expiratório Forçado 25-75% (FEF 25-75%) • Fluxo Expiratório Forçado 75% (FEF 75%) DOENÇA OBSTRUTIVA Os copos são como os pulmões e o canudo é a via aérea. Se para esvaziar o copo for usado um canudo fino, vai demorar mais do que se fosse usado um canudo grosso. Assim é a via aérea, se o caminho está estreito vai demorar mais para o ar sair, o ar vai sair com dificuldade e vai demandar mais esforço. Se a via está pérvia o ar não vai encontrar dificuldade para sair. A passagem de ar tem a ver com obstrução ao fluxo aéreo. Aqui tem a representação de uma via aérea que tem uma constrição e a outra bem estreita. Aí seria a via aérea de um paciente asmático, é inflamada com parede bem espessa, com o lúmen bem reduzido, representando também a via da DPOC. DPOC e asma são os dois grandes grupos de doenças obstrutivas. Nesses casos o ar vai passar com dificuldade, com velocidade reduzida, fluxo aéreo reduzido. DOENÇA PUL MONAR OB STRUTIVA CRÔNICA – DPOC Radiografia clássica de um paciente com DPOC: tórax hiper insuflado, pulmão grande, onde existe uma dificuldade 14 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia grande de esvaziar esse tórax. O paciente consegue inspirar, consegue colocar o ar para dentro, mas na hora de expirar... com as vias aéreas estreitas ele começa aquele fenômeno de alçaponamento aéreo, o ar entra, mas não sai, aumentando assim o volume residual. Assim fica tórax em barril, diafragma vai descendo e ficando a imagem clássica do tórax insuflado. OBS.: Na bronquite crônica é um brônquio mais espessado. Já a DPOC seria os dois, ela é a doença do brônquio e do alvéolo, o cigarro altera tanto as glândulas que se inflamam e estreitam a via, quanto estraga o parênquima, então aqui tem o componente de enfisema e o componente de bronquite. A imagem da bronquite na radiografia é mais difícil de ver, seria só mesmo um brônquio mais espessado e ainda assim não fica tão claro, fica mais visível à tomografia. O enfisema no início não dá para ver muito na radiografia, só dá para ver quando tem muito enfisema, hiperinsuflação, pulmão muito preto, que aumenta os espaços intercostais, o diafragma fica mais retificado. O enfisema no início dá para ver na tomografia. OBS.: A questão da inspiração, envolve a mecânica, tem uma pressão negativa interna que faz com que os brônquios se alarguem, então a inspiraçãoé mais possível que a expiração. Tem a tendência de colabamento de vias aéreas quando existem pressões pulmonares mais baixas. Então acaba que o ar entra com mais facilidade e o ar sai com mais dificuldade, até a sibilância aparece mais na expiração que na inspiração. Mas existe um estreitamento na inspiração e na expiração, só que é mais relevante na expiração. Também tem a questão muscular, a inspiração é ativa a expiração é passiva. DOENÇAS RESTRITIVAS Na doença restritiva é como se o canudo tivesse um bom calibre, mas o copo está pequeno. Doença que se pensa quando fala em restrição é a fibrose em que o pulmão está duro. Existem inúmeras causas que podem levar à fibrose do pulmão, nesse caso o pulmão fica menor do que o normal. Outro exemplo de causa restritiva é paciente que fez cirurgia no passado, tirou o pulmão inteiro, fez uma pneumonectomia, então ele tem um pulmão pequeno... Derrame pleural também é uma causa. Esclerose Lateral Amiotrófica em que a musculatura está parada, o paciente inspira mas o pulmão não consegue se encher, porque a musculatura está parada, o pulmão está restrito, pequeno. Então na doença restritiva a via aérea tá Ok, mas pulmão pequeno. Na espirometria se consegue diferenciar os dois polos: pacientes com padrão mais obstrução de fluxo aéreo daquele paciente em que a via aérea está normal com volume pulmonar reduzido como um todo. Na radiografia a seguir existem várias linhas na periferia que não deveriam existir, que não são vasos. Então existe um infiltrado reticular bilateral com predomínio talvez mais nas bases, mas por todo parênquima. E em relação ao volume pulmonar, talvez dê para dizer que está reduzido... As linhas também podem ser os vasos linfáticos espessados, p. ex. paciente com linfandite, num cenário de câncer. As linhas também podem ser o próprio interstício espessado com fibrose, essa rede fina que sustenta os alvéolos, que forma o interstício, é praticamente invisível na radiografia, mas nas doenças intersticiais, essa rede aparece. No geral, essas linhas representam conteúdo anormal. FIB ROSE PUL MONAR A TC é muito melhor que a radiografia para avaliar um quadro de fibrose. Pode ser visto com muito mais detalhes como o pulmão está doente. O pulmão normal é a área mais pretinha. Esse pulmão está muito alterado em termos de imagem e vai estar alterado também em termos de função. O pulmão vai estar endurecido, com grande restrição. A via aérea dele está aparentemente saudável, os brônquios estão normais. Abaixo tem o exemplo dos três parâmetros: o paciente normal, o obstrutivo e o restritivo. VEF1, CVF e VEF1/CVF ou Índice de Tiffeneau. Linha azul: CVF / Linha vermelha: VEF1 • Normal: Em uma pessoa normal o VEF1 é mais ou menos 80% da CVF. Quando o paciente enche o peito e sopra com força o volume que sai no primeiro segundo é quase tudo, 80%. Tem VEF1 normal, CVF normal e relação normal. VEF1 /CVF normal (0,8). • Obstrutivo: O VEF1 dele está reduzido porque a via está estreita, existe uma doença de via aérea. Esse paciente ao final dos 6 segundo vai conseguir eliminar tudo, mas no primeiro minuto ele não consegue eliminar o que precisa. Tem VEF1 reduzido, relação reduzida e uma CVF normal. Obs.: nem sempre é assim, mas para esse momento é isso. VEF1 /CVF reduzida (0,5). • Restritivo: VEF1 reduzido, CVF reduzida e relação preservada. A relação está preservada porque o VEF1 reduzir 15 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia proporcionalmente a CVF. Paciente tem um pulmão reduzido, então ao invés de a capacidade desse paciente ser de 4 L é de 3 L. VEF1 /CVF normal (0,8). OBS.: A grande pista, a sugestão quando for olhar uma espirometria é que se comece a olhar pela relação que é o principal parâmetro. Se na espirometria a relação estiver reduzida já pode se dizer de antimão que deve ter uma obstrução ao fluxo aéreo, SUGERE-as, deve ser olhado os demais parâmetros. Se a relação estiver normal ou a espirometria está totalmente normal ou esse paciente tem uma restrição, para distinguir se olha os outros parâmetros. OBS.: Primeiro olhar se as curvas estão certinhas, se estão reprodutíveis, ver o que o técnico colocou, se o exame foi bem feito. Depois olhar a relação VEF1/CVF. Depois olhar os valores um por um para analisar se os valores estão normais ou alterados. Para no final concluir alguma coisa. Nada impede de um paciente ter as duas condições. Um paciente pode ter DPOC e fibrose ou DPOC e derrame pleural ou DOPC e doença neuro muscular. PADRÕES FUNCIONAIS • Espirometria normal. • Distúrbio ventilatório obstrutivo. • Distúrbio ventilatório restritivo. • Distúrbio ventilatório obstrutivo com CVF reduzida: é como se fosse um laudo indefinido. O médico coloca que tem uma redução, mas tem uma obstrução, por aquele exame ele não sabe dizer o que está acontecendo ao certo, será que tem duas doenças misturadas ou só uma... • Distúrbio inespecífico: também é confuso, tem redução de alguns parâmetros, mas não é possível classificar. • Distúrbio combinado. PRINCIPAIS PADRÕES A primeira coluna seria o normal, tem o volume residual de mais ou menos 30% e a CV é o restante e o todo é a CPT, 100%. Na segunda e terceira coluna o VR está grande, mais ou menos 60% do todo. Na segunda coluna existe um conceito “aprisionamento de ar”, é o paciente que está alçaponando, paciente que inspira e não consegue esvaziar, asmático, DPOC. Na terceira o VR está grande, mas o pulmão está todo grandão, a CPT está acima de 100%, ela representa o hiper insuflado enfisematoso, tórax em barril, DPOC. Na quarta está representado o paciente do pulmão pequeno, a CPT está em 80%, é a fibrose pulmonar por exemplo, paciente restrito. O VR é pequeno também, proporcionalmente ao todo. A quinta é um paciente meio misto, ele tem o VR grande, então ele deve ter o componente de obstrução do fluxo aéreo, paciente que tem DPOC e asma. A espirometria não mede o VR, então ela não consegue dar as informações desse gráfico. Então, por exemplo, o paciente da coluna dois, quando faz uma espirometria fica parecendo que ele tem um restrição ao fluxo aéreo, mas ele não tem, por isso que a espirometria é limitada. Em um grupo de pacientes ela não vai conseguir diferenciar se tem restrição e obstrução misturado ou se tem só uma obstrução pura com VR aumentado dando uma falsa impressão de volume pequeno. RESPOSTA AO B RONCODILATADOR Outra coisa que é testada durante a espirometria é a resposta ao broncodilatador (BD). Após todo o exame, obtenção dos números e das curvas, é dado ao paciente medicamento. O paciente recebe salbutamol ou fenoterol que é um brocodilatador de ação rápida. Alguns minutos depois as manobras são repetidas e é comparada o pré com o pós para avaliar se houve melhora dos parâmetros após o uso do broncodilatador. Então, se o médico quer ver se há resposta a broncodilatador ele tem que pedir uma espirometria completa ou espirometria com brocodilatador. Se for pedida apenas espirometria simples, não será avaliada a resposta a broncodiatador. Se for um paciente com DPOC ou asma faz sentido pedir uma completa, mas se for um paciente com fibrose, que não tem nenhuma doença de via aérea, que não tem componente de broncoespasmo pode ser solicitado apenar um simples. Então, é avaliado se houve mudança na VEF1 e a CVF pré e pós broncodilatador. Olhar o valor absoluto e o valor percentual. Para dizer que houve uma resposta ao broncodilatador é preciso ter um ganho significativo, porque se for um ganho pequeno é apenas uma variação de normalidade. Se houve um aumento de mais de 200 ml na VEF1 ou CVF e um ganho percentual de 7% do previsto é dito que houve resposta. 16 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia CLASSIFICAÇÃO DE G RAVIDADE Se o paciente é obstrutivose olha a VEF1, se o paciente for restritivo, CVF. Então vai se graduar a gravidade a partir do percentual do VEF1 ou da CVF. HOMEM, 61 ANOS, A :166CM, PESO:87 KG. SU SPEITA: ASMA. É importante saber a suspeita, saber o porque o médico clínico pediu. Na coluna 1 está representada as variáveis, na 2 as unidades que está sendo representada (L, %, L/sec..), na 3 tem os valores médios de referência para esse caso (existe uma tabela de normalidade, no caso dele que é um homem de 61 anos que tem essa altura e esse peso...), na 4 tem a faixa de normalidade. Os parâmetros CVF, VEF1 e relação são os principais para fazer o laudo, os outros não serão focados. Coluna 5 é a coluna pré BD e a coluna 6 é sua referência média percentual, a coluna 7 é a pós BD e a 8 sua referência. Então, a CVF (FCV em inglês) era previsto um valor médio de 4,1, mas está normal se estiver entre 3,2 e 5,0. A VEF1 (FEV1) média para esse paciente é de 3,3, mas está normal se estiver dentro do intervalo de 2,5 a 4,0. A relação VEF1/CVF (FEV1/FVC), em percentual, está normal se estiver em torno de 79%, nas faixa de 71,6-86,8. CASO: Nesse caso a CVF prévia do paciente desse caso é de 4 L, o VEF1 é de 3,4 L e a relação é de 83. Começando a analisar pela relação... a relação está normal, o VEF1 e a CVF também estão normais. Na pós nada mudou praticamente. LAUDO: espirometria normal. OBS.: Um exame como esse não exclui asma, é preciso ver o quadro clínico dele, se é compatível com asma e se for, cabe ao médico apenas informar que a função pulmonar dele parece normal nesse momento, mas que se for feito em outro momento não se sabe o que vai encontrar. Dá para ser feito outro exame de laboratório, a broncoprovocação, em que o paciente recebe um medicamento para ele fazer broncoconstrição, induzindo brocoespasmos. É um exame que tem seu risco. É uma espirometria pré e pós broncoprovocação na presença do médico, vai dando doses crescentes do medicamento e repetindo a espirometria para ver se ele faz broncoespasmo. Esse exame é para confirmação da asma. Esse exame não é muito pedido, pois é encontrado em poucos lugares. Para confirmação é mais usado o quadro clínico e uma futura espirometria. HOMEM, 29 ANOS, A :17 5CM, P :7 8 KG. SU SPEITA: ASMA. CASO: A curva está pequena, não está na amplitude que deveria, a barriga é para dentro, essas alterações dizem que ele pode ter uma obstrução do fluxo aéreo. Tem duas curvas que não estão se sobrepondo, tudo indica que uma é pré BD e a outra é pós BD. A outra curva, volume x tempo, dá para ver que o paciente soprou bem mais que os 6 segundos, isso pode ter a ver com alguma coisa obstrutiva. A relação está reduzida (52), então já se pode dizer que é um distúrbio ventilatório obstrutivo. VEF1, 2,1, está reduzido e a CVF está quase normal, 4,2. O pós BD mudou: o VEF1 saiu de 2,1 para 2,7 L, 600ml, o que é mais que os 200ml, e a porcentagem (continha **) deu 13%, mais que os 7%, indicando resposta positiva ao BD. **2,7 – 2,1 = 0,6 → 0,6 / 4,4 = 0,13 → 0,13 X 100 = 13%. LAUDO: Distúrbio ventilatório obstrutivo moderado com resposta positiva ao broncodilatador. OBS.: Esse paciente lembra muito asma. Paciente asmático responde muito bem (mais que 10%) ao BD, o com DPOC se espera que ele responda ao BD, mas a resposta em geral é menor (7-8%), esse é um parâmetro que pode diferenciar um pouco a asma da DPOC. HOMEM, 72 ANOS, A : 172CM, P :8 6KG. SUSPEITA: AVAL IAÇÃO. 17 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia CASO: A relação está aumentada, 93, acima da faixa. Esse paciente não tem obstrução ao fluxo aéreo. O canudo está grande demais, está saindo ar do que deveria no primeiro segundo. O VEF1, 1,7, 53%, baixo... CVF 1,8, 43%, baixa... Para classificar a gravidade, como é restritivo olha a CVF que está 43%, abaixo de 50%, o que o classifica como grave. Considerando o BD, não há resposta, o que é esperado para um quadro restritivo. LAUDO: Distúrbio ventilatório restritivo grave. OBS.: Para chegar a uma conclusão é preciso juntar a informação clínica com imagem. FEMININO, 61 ANOS, A : 148 CM, PESO: 41 KG, SU SPEITA: DPOC CASO: A curva está toda estranha, a curva inspiratória não fecha com a curva expiratória. A curva V x T também está estranha, não tem a conformação da normal, são curvas que chamam até que tem algo estranho. A relação está muito baixa (28%), VEF1 está baixo (0,6L), a CVF está na faixa de normalidade (2L). No pós BD não houve alteração praticamente. LAUDO: Distúrbio ventilatório obstrutivo grave sem resposta ao brocodilatador. TESTE FUNÇÃO PULMONAR • Espirometria. • Medida de volumes pulmonares. × Pletismografia. × Diluição dos gases inertes. • Difusão de monóxido de carbono (DLCO). PLETISMOG RAFIA É o padrão ouro. Um aparelho bem mais complexo, a cabine é hermeticamente fechada, o paciente entra, é feita uma calibração e é como se a cabine maior representasse o pulmão do paciente, daí todo movimentação que vai ter na cabine é o paciente inspirando e expirando e tudo que ele faz de manobra é registrado no bocal e consequentemente no computador. Esse exame consegue avaliar o volume residual, VEF1 e CVF. Consegue entregar uma informação muito mais completa dos volumes e capacidades pulmonares que a espirometria. MÉTODO DE DILUIÇÃO DE G ASES Pouco disponível. Esse exame também consegue medir o VR e a CPT. O paciente respira uma solução que tem um gás inerte, em geral o gás hélio, o que vai ter uma diluição, um equilíbrio do gás, nessa concentração. Nesse exame é possível saber quanto de ar tem verdadeiramente dentro do pulmão. DIFUSÃO DE MONÓXIDO DE CARB ONO ( DLCO) Outro exame pedido quando há dúvidas na espirometria. Aqui o paciente também respira uma mistura de gases com monóxido de carbono e ver em quanto tempo o monóxido de carbono sai do alvéolo e vai para o capilar e quanto tempo o monóxido de carbono sai do capilar e vai para o alvéolo. Então, nesse exame não se avalia volumes e capacidade pulmonares. Nesse exame se avalia o tempo que o monóxido de carbono atravessa a membrana alvéolo-capilar, já avaliando uma outra parte da função pulmonar. Em geral um paciente com asma tem uma difusão normal, não tem nenhuma doença de alvéolo. Já o paciente com fibrose tem uma barreia alvéolo-capilar aumentada, terá uma difusão reduzida. 18 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia ASMA – AULA 4 DEFINIÇÃO Doença inflamatória crônica de vias aéreas: Significa que o mecanismo de base é o processo inflamatório que envolve uma cascata de etapas, células e mediadores. A sintomatologia flutua, mas a doença existe de forma arrastada. A inflamação crônica está associada à hiper-responsividade das vias aéreas. É uma via aérea que é sensível e reativa demais, reagindo de forma exagerada à alguns estímulos. Existe episódios recorrentes de sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã. Isso é o clássico, a pessoa se queixa que percebe que chia, tem falta de ar, peito aperta, tosse seca, ou com expectoração clara, mucoide, em horários da noite ou início da manhã. Esses episódios são uma consequência da obstrução ao fluxo aéreo intrapulmonar generalizada e variável, reversível espontaneamente ou com tratamento. EPIDEMIOL OGIA Estudo ISACC Prevalência por faixa etária: Serviços de urgência: Pediatria: 16% dos atendimentos Adulto: 12% dos atendimentos Hospitalizações (Brasil – 1996) 4º causa - Nordeste e Sul - 3º causa – 350.000 (2,3% dos casos) • Em relação a custos, por ser uma doença prevalente e ser uma causa frequente de hospitalizações, é uma doença que custa muito a sistema de saúde. Falava-se em 200 reais/doente. • Quemgasta mais é o paciente mais grave, que vai mais vezes ao hospital, quem interna mais. • Existia um esforço do SUS, ainda pequeno, em compensar os pacientes em casa. O ideal era que esses pacientes tivessem acesso à médico pneumologista, clínico, e fizessem acompanhamento de forma rotineira para não deixar descompensar, porque quando descompensa vai pra emergência, aí onera o serviço, pois o paciente fica acamado. • De 2000 a 2011, no levantamento do Ministério da saúde, se fala que houve uma queda de gasto, talvez por conta dos programas que surgiu para tentar reduzir o número de pacientes que vão ao hospital. Asma brônquica – Custos (SUS) 1993 a 1995: 60 milhões de reais (RS - 200,00/doente) 1996: 76 milhões de reais (2,8% do gasto anual total) FATORES DE RISCO Lembrar que a asma tem uma questão hereditária. Tem a questão dos fatores indutores. Um exemplo é o cigarro, pois crianças que tiveram exposição a cigarro na infância tem maior predisposição a desenvolver asma na idade adulta. Processo inflamatório de vias aéreas; hiperresponsividade; limitação ao fluxo aéreo; hiperinsuflação. FISIOPATOL OGIA 1- Bronconstrição aguda - IgE dependente (alérgenos) - IgE independente (AINH, exercício, inalação de ar frio/seco, irritantes) Ocorre uma melhora e piora ao longo do tempo. Quando se fala em fisiopatologia, se fala muito em eosinófilo, atopia e IgE que são uma das vias fisiopatológica. Se fala hoje, que a asma não é uma única doença, mas são várias doenças com o nome asma. Não está muito claro ainda se tem um mecanismo fisiopatológico único, parece que tem aqueles indivíduos que tem mais IgE, outros menos. Tem aquele paciente que tem a asma mais alérgica, outros menos alérgica. Pacientes que tem mais IgE identificam melhor os alérgenos que causam sintomas. Por exemplo a mudança de tempo, exercícios... 19 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia 2- Edema de vias aéreas: Aumento na permeabilidade microvascular (mediadores inflamatórios) 3- Formação crônica de rolhas de muco (formação anormal de muco, fazendo a oclusão de vias aéreas) 4- Remodelamento de vias aéreas (fibrose, estreitamento crônico há longo prazo). Na imagem mostra acima uma via aérea normal, calibrosa, com um lúmen amplo. Mais abaixo mostra a via aérea de um paciente com asma, com a parede espessada, lúmen restrito e muco no seu interior. Lembrar que existe Cascata de células envolvidas. Tem o alérgeno como algo desencadeante que recruta macrófagos, eosinófilos, mastócitos, linfócitos. Na sequência vem muco em excesso, estreitamento da via aérea, hipersecreção causando obstrução, dilatação de vasos por causa do processo inflamatório que causa edema de paredes, esse excesso nos eventos vai fazer os sintomas aparecerem. Quando se fala em tratamento da asma, é importante conhecer essa fisiopatologia. A ideia é que produzam drogas que consigam bloquear a função dos eosinófilos, dos linfócitos, interleucinas tentando interromper a cascata de inflamação. AL TERAÇÕES HISTOLÓG ICAS 1. Hipertrofia e hiperatividade de glândulas submucosas (frequentemente infiltradas por eosinófilos). 2. Vasodilatação. 3. Hipertrofia da musculatura lisa. 4. Espessamento da membrana basal por deposição de colágeno e neoformação vascular. 5. Edema de mucosa e submucosa. 6. Infiltrados de eosinófilos, macrófagos, linfócitos, plasmócitos e neutrófilos. DIAGNÓSTICO Sintomas que sugerem asma: Mais de um sintoma: sibilância, dispneia, desconforto torácico e tosse. Principalmente: pioram à noite e no início da manhã. Em resposta a exercício, exposição a alérgenos, poluição ambiental e ar frio. Desencadeados por AAS ou betabloqueadores. Melhoram com broncodilatadores ou corticoides sistêmicos. • História de atopia • História familiar de asma ou atopia Sibilância difusa audível na ausculta torácica No exame físico pode ter sibilos. Não há outro dado relevante. Se o paciente tiver compensado, não será encontrado nada de anormal. O chiado é uma informação clínica, pode ser um sintoma relatado pelo paciente ou flagrado no exame físico. Eosinofilia não explicada. Sintomas episódicos – A falta de ar é um sintoma muito frequente. Cardiopatia, DPOC, ansiedade. Uma lista enorme de doenças causam dispneia. O importante é caracterizar a dispneia desse paciente. Se for uma dispneia que aparece e desaparece, flutua, de cara é característico de asma. PERGUNTAS A SEREM REALIZADAS ▪ Você tem ataques ou episódios recorrentes de sibilância? ▪ Você tem tosse persistente, particularmente à noite ou acordar? ▪ Você acorda por tosse ou falta ar? ▪ Você tem tosse, aperto no peito ou sibilância após atividade física? ▪ Você tem tosse, aperto no peito, chiado após contato com mofo, poeira, animais ou irritantes (ex: cigarro)? ▪ Você usa algum remédio quando os sintomas ocorrem? Usa algum broncodilatador? Melhora quando usa? 20 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Lembrar de pensar nas outras doenças que parecem asma. 1- Doenças obstrutivas pulmonares ➢ Obstrução de vias aéreas centrais ➢ DPOC (paciente mais idoso, que fumou ao longo da vida, tem dispneia, chiado. A DPOC pode ser um possível diagnóstico diferencial de asma) ➢ Broquiolites ➢ Fibrose cística ➢ Bronquiectasias 2- Rinites, sinusites, reflexo gastroesofágico 3- ICC 4- Embolia pulmonar 5- Discinesia de laringe (a corda vocal por algum motivo deixou de funcionar bem, o paciente tem dispneia, pressão torácica). 6- Síndrome de hiperventilação, inibidor da ECA, etc. 7- Ansiedade A idade não exclui o diagnóstico de asma, existem pessoas que não tiveram os sintomas na infância e começam a ter os sintomas na fase adulta. DIAGNÓSTICO FUNCIONAL Geralmente vai ter uma radiografia e tomografia de tórax sem alterações. Pode até evidenciar um aprisionamento aéreo, mas exame de imagem não ajuda tanto no diagnóstico de pacientes com asma. A função pulmonar vai ajudar muito mais. ESPIROMETRIA Na espirometria será avaliado se o paciente tem obstrução ao fluxo aéreo. Curva fluxo X volume, curva volume X tempo. Tem duas curvas: uma preta e uma cinza. Em preto, é antes do broncodilatador, em cinza mais claro é depois do broncodilatador. Mostrando claramente a diferença da curva pré e pós broncodilatador. Uma espirometria normal não exclui asma, pois a obstrução ao fluxo aéreo é variável com o tempo. PICO DE FLUXO SERIADO O paciente compra esse aparelho da figura ao lado, e faz uma manobra parecida com a da espirometria, enchendo o peito de ar e sopra forte, fazendo com que desloque a alavanca do aparelho. Tem 3 faixas: verde, amarelo e vermelho. Se a alavanca parar no verde quer dizer que o paciente tem um pico de fluxo aéreo bom, ele não tem obstrução. É uma medida simples e pouco esforço dependente. • O pico de fluxo deve ser seriado, ou seja, ser feito várias vezes. • Deve ser feito com monitorização domiciliar, não no consultório. • Quem tem asma, o pico de fluxo é variável. • Esse aparelho pode ser usado em emergência para ver o parâmetro de melhora do paciente que tem crise de asma. TESTE DE BRONCO PROVOCAÇÃO Farmacológico: Metacolina, Histamina, Carbacol. Indução do broncoespasmo. Exercício. Indução do broncoespasmo. Bicicleta ou esteira. Queda de 20% no VEF1 após inalação de agente, se interrompe o teste. Teste positivo, compatível com asma. -Vai o exame pré e pós broncoespasmo e avaliar se houve queda do VF1. Não é um exame muito disponível, mas é interessante para diagnóstico AVAL IAÇÃO DE ATOPIA Testes de hipersensibilidade imediata. -Eritema ou pápula após 10 a 15 min de aplicação do alérgico. -Correspondência com a clínica! A referência que ele faz sobre mofo, poeira,mudança de clima é mais valiosa. OU TROS EXAMES - Hemograma (checa o número de eosinófilos circulantes) - Dosagem de IgE sérica - Lavado nasal – Citologia diferencial (é feito mais para caracterização de rinite ou rinosinusite em pacientes com asma) 21 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Na asma os exames apenas complementam o diagnóstico, o quadro clínico ainda é soberano! ASMA BRÔNQUICA A asma é muito variável pessoa a pessoa. Tem gente que é muito sintomático, outros tem crise uma vez ao ano, outros tem várias crises ao mês. Precisa saber se o paciente tem uma asma controlada, ou parcialmente controlada ou não controlada. Deve-se saber os sintomas diurnos, noturnos, limitação da atividade, uso de medicamento de alívio, avaliar função pulmonar, ver o PFE e VF1. TESTE DE CONTROLE DA ASMA Asthma Control Test (ACT) O escore do questionário é calculado a partir da soma dos valores de cada questão. Questões valem de 1 a 5 pontos. Resposta que indicam maior controle de asma devem receber maior pontuação. Escore varia entre 5 e 25 pontos. Quanto maior o escore, mais controlada é a asma. O ACT leva em conta o último mês do paciente. As perguntas do ACT são: Durante as últimas quatro semanas, com que frequência sua asma impediu você de fazer coisas no trabalho, na escola ou em casa? Durante as últimas quatro semanas, com que frequência você teve falta de ar? Durante as últimas quatro semanas, com que frequência seus sintomas de asma acordaram você a noite ou de manhã mais cedo do que de costume? Durante as últimas quatro semanas, com que frequência usou medicamento de alívio como inalador ou seu nebulizador (como o salbutamol ou formoterol)? Como você avalia o controle da asma durante as últimas quatro semanas? O médico vai dar a nota ao paciente. Se for menor que 5 a asma é não controlada. Se for maior que 25 a asma é controlada. Se for no intervalo entre 5 e 25 é uma asma parcialmente controlada. TRATAMENTO DA ASMA OB JETIVOS DO TRATAMENTO Controlar os sintomas. Prevenir limitação crônica ao fluxo aéreo. Permitir atividades normais. Manter a melhor função pulmonar possível. Evitar crises, idas a serviços de emergências e hospitalizações. Reduzir a necessidade do uso de broncodilatador para alívio. Minimizar efeitos adversos dos medicamentos. Melhorar a qualidade de vida. Reduzir o risco de morte. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓG ICO Abordagem educativa. Conhecimento da doença. Importância do ambiente. Tabagismo e asma. Tipos de medicamentos. Como utilizar seu dispositivo inalatório. Como reconhecer os sintomas de sua gravidade. Importância da equipe multiprofissional da asma. Medidas que precisam ser tomadas: trocar travesseiro com maior frequência, colocar ao sol o travesseiro e o colchão, limpar ventilador, ar condicionado... DISPOSITIVOS INAL ATÓRIOS Dispositivos inalatórios: spray dose mediado, aero bleiser, inaladores de pó seco... Se o paciente não usar direito o remédio, não vai funcionar. Na hora da consulta deve ser orientado como se usa corretamente o medicamento. Quando o paciente chegar no consultório falando que a bombinha não está funcionando, deve ser perguntado qual bombinha(dispositivo) ele usa, qual dose. 22 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia A aero câmara é usada para lentificar o jato, na hora da expiração se aumenta a medicação que chega aos pulmões. A aero câmara aumenta a deposição pulmonar. Se orienta que o paciente use o medicamento com o uso da aero câmara, mas muitos pacientes acabam não seguindo. Na criança, é mais importante que se use o dispositivo com a aero câmara, pois eles têm uma maior dificuldade para usar esses dispositivos. NEBULIZ ADORES O nebulizador é orientado para quem não sabe usar os dispositivos inalatórios. Os dispositivos inalatórios são melhores que o nebulizador. Agora, em momento de pandemia do Covid-19, é uma grande polêmica, pois ele cria aerossóis, aumentando o risco de contaminação no ambiente. Com isso, os pacientes que tem crise de asma não estão sendo mais tratados com nebulizador, mas sim, com spray (berotec, aerolin) para evitar o uso do nebulizador. A nebulização não é mais eficaz que o dispositivo inalatório. Se souber fazer a manobra corretamente de inspiração sua eficácia é tão boa quanto do nebulizador, embora o nebulizador apresenta maior segurança na eficácia no uso em pessoas que tem dificuldade de realizar essa manobra como crianças pequenas, idosos e pessoas com sequelas neurológicas. Em geral, o medicamento é colocado no nebulizador juntamente com soro fisiológico. Outras já vem pronta para nebulizar, como a beclametazona. RESUMO DO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO GINA • O GINA é o grande guia de tratamento mundial da asma. • O GINA usa o STEP ou fase para classificar o estágio de tratamento em cada paciente. Vai do 1 ao 5. • Vai escalonar, pular etapa por etapa a depender se o paciente é mais sintomático ou não controlado que outro. Vai caminhar para cima ou para baixo a depender da resposta que o paciente tem em relação ao medicamento. • Sempre fazer esse ciclo da figura: aborda o paciente, dá o diagnóstico de asma, avalia clinicamente o grau de sintomas, faz o ACT, vê o quanto ele está sintomático ou não, medica o paciente, escolhe em que etapa se encaixa, reavalia com 1 mês no mínimo ou 3 meses a depender do acesso e da gravidade de cada caso. ➢ Ao reavaliar vai checar se ele tá bem no STEP em que ele foi colocado, se evolui para um STEP maior ou se volta para um STEP com menos dose de medicação. ➢ Se o paciente só é tratado em emergência, não tem como avaliar o estágio de asma em que o paciente se encontra. O plantonista vai tratar a crise, ele não tem condição de avaliar o tratamento para a asma na sequência. ➢ Essa avaliação precisa ser sistemática, sequenciada, colocando o paciente na etapa de tratamento que ele merece estar. Isso é um conceito muito importante em que os pacientes não fazem isso. Eles melhoram e somem na maioria das vezes, e só voltam em uma nova crise. STEP 1 Uso de broncodilatador de ação rápida (SABA) e corticoide, mesmo em paciente mais velhos. Isso mudou de um ano pra cá, até o ano passado só era usado broncodilatador de alívio se necessário. Agora o uso do broncodilatador é junto com corticoide inalatório também. Pois, a asma é hiper-reatividade e inflamação. A hiper- reatividade é tratada com o broncodilatador e a inflamação com o corticoide. Orientar paciente que tem sintomas esporádicos para usar se necessário. Uso em baixa dose de corticoide e formoterol. STEP 2 Uso diário de baixa dose de corticoide + broncodilatador de ação rápida (SABA), duas vezes ao dia, um jato pela manhã, um jato à noite. STEP 3 Uso diário de baixa corticoide + (se necessário) broncodilatador de ação prolongada (LABA), uso 2 vezes ao dia, dois jatos pela manhã e dois jatos à noite. STEP 4 Uso diário de média dose de corticoide + broncodilatador de ação prolongada (LABA). STEP 5 Uso diário de alta dose de corticoide + broncodilatador de ação prolongada (LABA) + Tiotropio (anticolinérgico de ação prolongada). Pode também lançar mão do Anti-IgE, Anti- interleucina 4, Anti-interleucina 5. 23 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia A maioria dos broncodilatadores de ação rápida (SABA) tem meia vida de 4 horas, os de longa duração (LABA) tem meia vida de 12 horas. Tem outra medicação nova que é o Relvar, sua ação é de 24 horas, só usa uma vez ao dia. O que mais se varia é a dose do corticoide que são doses crescentes e o uso do BETA-2 de longa duração (LABA), a partir do STEP 3 que será usado de forma sistemática. Tem alguns pacientes que vão precisar usar corticoide oral que é o Prednisona de formacontínua, que é muito ruim. A gente sabe que o uso contínuo de corticoide causa diabetes, osteoporose, glaucoma. Tudo que o médico quer é que o paciente não use corticoide de forma continuada, por isso lançam mão de outras drogas mais novas evitando o uso de corticoide frequente por conta dos efeitos colaterais. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Principais corticoides Os três mais conhecidos são: Beclometasona, Budesonida, Fluticasona. A mesma coisa é para criança. São os três mais antigos. Tem as dosagens: baixa, média e alta. Sempre usar o mínimo de droga possível para manter o paciente bem. Medicação diária ou não? O médico visa o controle da asma do paciente. Se ele estiver totalmente controlado há um mês ou três meses sem usar nada, não tem necessidade de indicar nenhum medicamento. Porém, deve ser orientado ele evitar cigarro, exposição, fazer vacinação da influenza anual, levar medicação mesmo sem ele ter crises se ele for viajar para algum local diferente e outras medidas educativas. A criança que não pode brincar porque tem asma é um crime! Deve-se tratar essa asma, controlar e fazer atividade física. Porque atividade física é saudável. A não ser que o paciente esteja em crises diárias. Mas não existe restringir atividade física para o paciente asmático. A natação é um ótimo esporte, porém às vezes prejudica o paciente com asma pois eles também têm rinite ou rinosinusite, podendo predispor o paciente à infecções de vias aéreas, otite... TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA ASMA NA FARMÁCIA POPULAR Embora exista muito medicamento pra asma, pro paciente mais pobre existem poucas opções disponíveis na farmácia popular. A rede pública é bem restrita, tem apenas uma opção de broncodilatador que é Salbutamol, corticoide que é a Betametasona. Existem programas de pacientes asmáticos que conseguem pegar a medicação de graça, mas paciente da rede básica de saúde não consegue pegar as medicações mais caras. Só tem essas opções acima disponíveis. Pacientes que também tenham rinite também devem ser tratados, pois é um fator que piora as crises de asma. CONSEQUÊNCIA DO TRATAMENTO INADEQUADO 1. Permanência dos sintomas, com cronificação da limitação ao fluxo aéreo. 2. Limitação social e física significativa 3. Morte por crises de maior gravidade. GRAVIDADE DA ASMA Checar: exclusão de causas importantes de descontrole, tais como comorbidades não tratadas, o uso incorreto do dispositivo inalatório e não adesão ao tratamento. 24 Beatriz Machado de Almeida Pneumologia Asma leve – para ser bem controlada, necessita de baixa intensidade de tratamento (etapa 1 e 2) Asma moderada – Necessita de intensidade intermediaria (etapa 3 e 4) Asma grave – Alta intensidade de tratamento (etapa 5) COMO CONHECER UMA CRISE DE ASMA Sensação de aperto no peito. Crises de tosse seca. Respiração rude e bem audível. Sibilos (principalmente à expiração). Taquipneia (FR> 24 irpm). Taquicardia. Hipertensão sistólica leve. GRAVIDADE DA EXACERBAÇÃO DA ASMA Numa crise grave o paciente pode chegar com rebaixamento de sensório, batimento de asa de nariz, musculatura intercostal, que muitas vezes precisa até de ventilação mecânica para se manter vivo. E tem aquele que chegam com sinais leve, que ele consegue falar, lúcido, orientado, mas está com sibilância... Em geral, o paciente com crise de asma responde bem à terapia com broncodilatador de ação rápida, corticoide. A crise grave que preocupa. Se não tiver uma atitude enérgica da equipe de priorizar o atendimento de forma sequenciada, esse paciente pode caminhar para precisar de uma ventilação não invasiva ou até invasiva. Mas, em geral, a resposta do tratamento é muito boa.
Compartilhar