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VOL 09-TUTELA PENAL DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE E SUA EFICÁCIA NA CONTEMPORANEIDADE

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1
TUTELA PENAL DOS DIREITOS DA 
PERSONALIDADE E SUA EFICÁCIA 
NA CONTEMPORANEIDADE
IDDM
EDITORA
Prof.ª Dra. Gisele Mendes de Carvalho (UEM)
Prof. Me. Hamilton Belloto Henriques (UniCesumar/UEM)
Prof.ª Dra. Érika Mendes de Carvalho (UEM)
ISBN 978-85-66789-30-0
O Mestrado em Ciências Jurídicas e o Curso de Direito da Unicesumar promovem o III Con-
gresso Internacional de Direitos da Personalidade e IV Congresso de Novos Direitos e Direitos 
da Personalidade, sob o tema "Direitos da Personalidade de Minorias e de Grupos Vulnerá-
veis".
Trata-se da terceira edição de um evento internacional que debate os direitos da personali-
dade, tanto no que se refere aos novos direitos e aos limites da sua proteção na atualidade, 
quanto nos mecanismos jurídicos e extrajurídicos, políticas públicas e ações judiciais voltadas 
a sua concretização, juntamente com a quarta edição do evento nacional de Novos Direitos 
de Direitos da Personalidade, que neste ano realizar-se-ão concomitantemente promovendo a 
integração de discente, docente, pesquisadores e profissionais das mais diversas áreas do co-
nhecimento.
O evento se justifica, primeiramente, em razão da temática dos direitos da personalidade ser 
abordada de forma inédita pelo Mestrado em Ciências Jurídicas da Unicesumar, e, por propor-
cionar uma cooperação internacional através do amplo diálogo e aproximação entre pesquisa-
dores brasileiros e estrangeiros sobre as inovações normativas, institucionais, jurisprudenciais 
e as mais recentes literaturas na área.
Quanto ao alcance, o evento justifica-se por propiciar a difusão de conhecimento entre os 
pesquisadores, professores, mestrandos, doutorandos e estudantes da graduação. Além disso, o 
evento será aberto ao público e a toda a comunidade científica do Brasil e do exterior, que será 
convidada a participar com envio de artigos científicos, painéis, exposição de arte e minicursos.
TUTELA PENAL DOS DIREITOS DA 
PERSONALIDADE E SUA EFICÁCIA NA 
CONTEMPORANEIDADE
PRIMEIRA 
EDIÇÃO
MARINGÁ – PR
2017
IDDM
EDITORA
 Tutela penal dos direitos da personalidade e sua 
T966 eficácia na contemporaneidade. / organizadores, 
 Gisele Mendes de Carvalho, Hamilton Belloto 
 Henriques, Érika Mendes de Carvalho. – 1. ed. – 
 Maringá, Pr: IDDM, 2017.
 198 p.
 Modo de Acesso: World Wide Web:
 <https://www.unicesumar.edu.br/category/mestrado/>
 ISBN: 978-85-66789-30-0
 
 1. Dignidade humana. 2. Assédio moral. 3. Eutanásia. 4. Trote 
universitário. 5. Sistema penitenciário brasileiro. I. Título.
 CDD 22.ed. 346.013
Todos os Direitos Reservados à
Rua Joubert de Carvalho, 623 – Sala 804 
CEP 87013-200 – Maringá – PR
IDDM
EDITORA
Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi –Bibliotecária CRB/9-1610
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Copright 2017 by IDDM Editora Educacional Ltda.
CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Alessandro Severino Valler Zenni, Professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/5969499799398310
Prof. Dr. Alexandre Kehrig Veronese Aguiar, Professor Faculdade de Direito da Universidade de Brasília 
(UnB).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2645812441653704
Prof. Dr. Fabrício Veiga Costa, Professor da Pós-Graduação Stricto Sensu em Proteção em Direitos Funda-
mentais da Universidade de Itaúna. 
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7152642230889744
Prof. Dr. José Francisco Dias, Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Toledo. 
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9950007997056231
Profª Drª Sônia Mari Shima Barroco, Professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0910185283511592
Profª Drª Viviane Coelho de Sellos-Knoerr , Coordenadora do Programa de Mestrado em Direito da 
Unicuritiba.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4609374374280294
http://lattes.cnpq.br/5969499799398310
http://lattes.cnpq.br/2645812441653704
http://lattes.cnpq.br/7152642230889744
http://lattes.cnpq.br/9950007997056231
http://lattes.cnpq.br/0910185283511592
http://lattes.cnpq.br/4609374374280294
6
PREFÁCIO 
Eventos, livros e artigos, podem, de uma ou de outra forma, ser autorreferência. Neste sen-
tido, inicia-se o presente prólogo dizendo que, observado em todos os seus aspectos, o presente 
livro materializa a autorreferência de um evento, do conjunto de capítulos que o totaliza, e da har-
monia da obra em si mesma. 
Resultado do III Congresso Internacional de Direitos de Personalidade, e do IV Congresso de 
Novos Direitos e Direitos da Personalidade, realizados conjuntamente pelo Programa de Pós-gra-
duação Stricto Sensu em Direito e pelo Curso de Direito do Centro Universitário de Maringá, duran-
te os dias 26, 27 e 28 de setembro de 2016, este livro corporifica a maturidade científico-jurídica 
dos autores dos trabalhos que foram apresentados perante o GT1 que se desenvolveu durante o 
evento, e cujo nome original dá título ao livro.
Neste sentido, importante dizer que o evento contou com o protagonismo de professores e 
profissionais, do Brasil e do exterior, que proferiram palestras relacionadas à temática dos Direitos 
da Personalidade, associada aos Novos Direitos, Minorias e Grupos Vulneráveis. Ademais, merece 
especial alusão a presença do público, formado por mais de mil e quinhentas pessoas que presti-
giaram todas as atividades promovidas no decorrer dos dias de sua realização. 
Em relação ao livro que ora se apresenta, transcendental subscrever que a atualidade dos 
Direitos da Personalidade e dos Novos Direitos está a exigir reflexões que dimensionem, de um 
lado, o papel do Estado, do Direito e da própria sociedade, e de outro, os mecanismos de defesa e 
garantia jurídica e extrajurídica, as políticas públicas e as ferramentas que estão disponíveis à sua 
concreção. 
Por isto, capital enaltecer que, as páginas que seguem, oferecem o mais moderno e aguçado 
pensamento científico sobre o tema, pois tanto acirram o debate acadêmico sobre pontos contro-
vertidos, como elucidam dúvidas, e provocam indagações que determinam a necessária continui-
dade da discussão jurídica sobre questões ainda carentes de consolidação pelo Direito pátrio.
Os organizadores da obra, outrora Coordenadores do Grupo de Trabalho que acolheu a apre-
sentação verbal das produções intelectuais aqui concentradas, fazem jus ao nosso particular aplau-
so, pois lograram reunir o resultado de pesquisas que percorreram, com maturidade acadêmico-
-científico, todas as particularidades de cada assunto que perfaz um a um dos capítulos do livro.
É deste modo que, na qualidade de Coordenadores do evento, cumpre-nos dizer que este 
livro não pode, sob qualquer hipótese, permanecer adormecido nas prateleiras de uma biblioteca. 
Tanto o seu conteúdo, como o trabalho científico que deu guarida à produção literária que se colo-
ca à disposição do leitor, conclamam que o mesmo circule pelo universo acadêmico, seja utilizado 
como ferramenta de consulta, e adotado como referência obrigatória nas pesquisas implementadas 
1 Grupo de Trabalho.
7
pela influência, ou inspiração, dos assuntos retratados nesta obra.
Finalmente, estendemos um efusivo e afetuoso agradecimento para todos os que colabora-
ram para o sucesso do III Congresso Internacional de Direitos de Personalidade, e do IV Congresso 
de Novos Direitos e Direitos da Personalidade. Aos Organizadores da obra, subscrevemos a grati-
dão pela diligência, tanto na Coordenação do GT, como no adensamento dos artigos. Aos autores 
de cada um dos capítulos, assinamos um portentoso parabéns pelo brilho de sua pesquisa, e pela 
plenitude de seu manuscrito.
José Eduardo de Miranda, Ph. D.
José Sebastião de Oliveira, Ph. D.
Valéria Silva Galdino Cardin, Ph. D.
SUMÁRIO
TUTELA PENAL DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE E SUA 
EFICÁCIA NA CONTEMPORANEIDADE
A CONFIGURAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL POR MEIO DO ABUSO DO PODER 
DISCIPLINAR.
INTRODUÇÃO14
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS E TRABALHISTAS NA RELAÇÃO DE TRABALHO. 15
PODER DIRETIVO DO EMPREGADOR 19
ASSÉDIO MORAL NO CONTRATO DE TRABALHO 24
LA CONFIGURACION DEL ACOSO MORAL A TRAVÉS DEL ABUSO DEL PODER 
DISCIPLINARIO
INTRODUÇÃO 28
O DIREITO À INTIMIDADE 29
A LEI MARIA DA PENHA E SUA APLICAÇÃO ANALÓGICA AOS NOVOS CONCEITOS 
DE FAMÍLIA
INTRODUÇÃO 39
LEI MARIA DA PENHA – LEI 11340/2006 40
LEI MARIA DA PENHA – COMPETÊNCIA JURISDICIONAL 52
DAS JURISPRUDÊNCIAS 53
ADEQUAÇÃO DO DIREITO FRENTE A NOVA REALIDADE SOCIAL 55
ALTERAÇÃO DO POSTO DE TRABALHO COMO ASSÉDIO MORAL
INTRODUÇÃO 58
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 59
ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO LESIVA 61
LIMITES DO PODER DIRETIVO 63
ASSÉDIO MORAL 65
SUMÁRIO
ALTERAÇÃO DO POSTO DE TRABALHO COMO MANIFESTAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL 68
CONCLUSÃO 70
REFERÊNCIAS 71
ANÁLISE JURÍDICO-PENAL DA EUTANÁSIA NO DIREITO BRASILEIRO 
INTRODUÇÃO 73
BEM JURÍDICO PROTEGIDO 74
SUJEITOS 75
REQUISITOS 76
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 80
PENAS 81
EVOLUÇÃO DO TEMA NO DIREITO PÁTRIO E O ANTEPROJETO DO NOVO 
CÓDIGO PENAL DE 2012 82
CONCLUSÃO 86
REFERÊNCIAS 87
CASTRAÇÃO QUIMICA: UMA ANÁLISE LEGAL ACERCA DE SUA (IN) 
CONSTITUCIONALIDADE
INTRODUÇÃO 89
BREVE RELATO SOBRE A CASTRAÇÃO QUIMICA 90
APLICAÇÃO DA PENA DE CASTRAÇÃO QUIMICA NO MUNDO 91
A CASTRAÇÃO QUÍMICA FRENTE AO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 94
DA VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO PENAL 95
CASTRAÇÃO QUÍMICA COMO PENA 97
CASTRAÇÃO QUÍMICA COMO “DIREITO” DO CONDENADO 98
CONCLUSÃO 98
REFERÊNCIAS 99
SUMÁRIO
FETO MICROCEFÁLICO E A TUTELA DA DIGNIDADE HUMANA DA GESTANTE
INTRODUÇÃO 101
MICROCEFALIA: CONCEITO E A REALIDADE BRASILEIRA 102
DA ANÁLISE DO ORDENAMENTO JURÍDICO SOBRE O ABORTO 103
ESPÉCIES DE ABORTO 105
CONFLITOS ENTRE OS DIREITOS DO FETO COM MICROCEFALIA E A 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA DA GESTANTE 107
CONCLUSÃO 109
REFERÊNCIAS 110
LGBTIFOBIA: ASPECTOS SOCIAIS SOBRE OS CRIMES COMETIDOS CONTRA 
PESSOAS LGBTI
INTRODUÇÃO 113
DA HOMOSSEXUALIDADE NO PANORAMA HISTÓRICO 114
INFLUÊNCIAS RELIGIOSAS 115
DA HOMOSSEXUALIDADE COMO DOENÇA 117
DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL 119
DO RELATÓRIO DE VIOLÊNCIA HOMOFÓBICA NO BRASIL: ANO DE 2013. 121
CONCLUSÃO 124
REFERÊNCIAS 125
O PAPEL DO GESTOR PÚBLICO FRENTE À REINTEGRAÇÃO, NA SOCIEDADE, DO 
EGRESSO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
INTRODUÇÃO 128
O TRANSGRESSOR E O SISTEMA PENAL 129
O EGRESSO E O PAPEL DO GESTOR PÚBLICO 136
CONCLUSÃO 141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 142
SUMÁRIO
O PSICOPATA FRENTE AO DIREITO PENAL: DA NECESSIDADE DE PRISÃO ESPECIAL
INTRODUÇÃO 145
O TRANSTORNO DA PSICOPATIA 146
IMPUTABILIDADE. 148
AS PENAS À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 150
COMO É TRATADO O PSICOPATA NO DIREITO PENAL 153
DA NECESSIDADE DE PRISÃO ESPECIAL AO PSICOPATA 155
CONCLUSÃO 157
REFERÊNCIAS 158
O TROTE UNIVERSITÁRIO: DIREITOS DA PERSONALIDADE DO CALOURO
INTRODUÇÃO 160
CONCEITO DO DIREITO DA PERSONALIDADE 161
O TROTE UNIVERSITÁRIO COMO UM RITO DE PASSAGEM DE 
INSERÇÃO DO NEÓFITO NA VIDA ACADÊMICA 163
FORMAÇÃO DOS HÁBITOS DE CONSTRANGIMENTO A PARTIR DAS 
RELAÇÕES DE INTERDEPENDÊNCIA COMO FORMA DE IMPOR A 
DOMINÂNCIA NOS GRUPOS SOCIAIS 166
O TRATAMENTO PENAL DO TROTE UNIVERSITÁRIO NO JUDICIÁRIO 
E NO LEGISLATIVO 168
CONSIDERAÇÕES FINAIS 169
REFERÊNCIAS 170
POLÍCIA MILITAR: PREPARADA PARA PROTEGER OU PRECISA DE PROTEÇÃO? 
O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DA POLÍCIA MILITAR 
INTRODUÇÃO 172
DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DO TRABALHO 173
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 174
SUMÁRIO
POLÍCIA MILITAR E SEUS PRINCÍPIOS 176
DO ASSÉDIO MORAL 177
POLÍCIA MILITAR EM FACE DO ASSÉDIO MORAL 179
CONCLUSÔES 182
REFERÊNCIAS 183
POLÍCIA MILITAR: PREPARADA PARA PROTEGER OU PRECISA DE PROTEÇÃO? 
O ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DA POLÍCIA MILITAR 
INTRODUÇÃO 186
DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DO TRABALHO 187
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 188
POLÍCIA MILITAR E SEUS PRINCÍPIOS 189
DO ASSÉDIO MORAL 191
POLÍCIA MILITAR EM FACE DO ASSÉDIO MORAL 193
CONCLUSÔES 196
REFERÊNCIAS 197
13
A CONFIGURAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL POR MEIO DO 
ABUSO DO PODER DISCIPLINAR.
Camila Quintili
Graduanda do Curso de Direito na Faculdade Metropolitana de Maringá-PR. Endereço eletrônico: camilaquintili@hot-
mail.com
Me. Okçana Yuri Bueno Rodrigues
Mestre em Direitos da Personalidade pelo Centro Universitário de Maringá; Pós Graduada em Direito do Estado pela 
Universidade Estadual de Londrina; Graduada em Direito pelo Centro Universitário de Maringá.Advogada Trabalhista 
de Direito Público e Privado. Professora nos cursos de graduação e pós graduação em Direito da UNICESUMAR e 
FAMMA Advogada militante em Maringá. E-mail: ok_rodrigues@globo.com
RESUMO: O estudo das configurações do assédio moral por meio do abuso do poder disciplinar é importante, pois, o 
assédio por si só gera ao trabalhador um dano à sua dignidade. O assédio moral no ambiente de trabalho inegavelmen-
te configura uma lesão aos direitos da personalidade. Além dos princípios encontrados na Constituição Federal, como 
o da dignidade da pessoa humana, há que se ressaltar ainda os princípios protetivos do direito do trabalhador, que 
também devem ser pontuados na relação contratual laboral. Pretende-se, na presente pesquisa, explorar o assédio 
moral decorrente do abuso do poder diretivo disciplinar, isto porque, o uso do poder diretivo, embora seja resguardado 
pela legislação, deve ser feito de modo prudente e ponderado.
PALAVRAS-CHAVES: Assédio Moral. Poder Disciplinar. Direitos da personalidade.
INTRODUÇÃO
A discussão a cerca da configuração do assédio moral sob o viés do poder diretivo disciplinar 
mostra-se importante, uma vez que, o empregador tem autonomia para escolher a forma como 
organiza, fiscaliza e penaliza as funções dentro da empresa. Além disso, pode ainda determinar as 
atribuições de cada empregado. É então por meio desse poder e pelo seu papel hierárquico, que 
o empregador tem o subsídio para a criação de normas e formas de aplicação das penalidades, 
estando essas, de acordo com a legislação pátria e com os princípios aplicáveis ao caso.
Entretanto, o empregador muitas vezes, usa da sua autoridade e autonomia de forma abusiva 
não respeitando assim a legislação trabalhista. Dessa forma, a partir do momento em que o empre-
gador não respeita o exercício ético do poder diretivo, é configurada uma série de maus-tratos, que 
acabam sendo impostos ao empregado no ambiente de trabalho, causando assim muitas formas 
de atritos, humilhações e perseguições, afetando a esfera psicológica e moral do indivíduo.
Essas atitudes autoritárias e abusivas por parte do empregador não só desrespeita a legis-
lação, mas também, quebra com os princípios que regem a nossa constituição. Além disso, essas 
ações acarretam inúmeros prejuízos aos trabalhadores contribuindo dessa forma, para o desen-
volvimento de patologias tanto no fator biológico quanto psíquico podendo incapacitar o indivíduo 
no exercício de sua função dentro da empresa. Nesse sentido, diante deste conflito o empregado 
14
pode desenvolver depressão, ter crises de ansiedade levando-o a realizar uma demissão voluntária 
forçada por não apresentar condições físicas e emocionais para o desempenho do seu papel ou 
pelo fato de não se sentir mais apto para isso.
 Portanto será discorrido no presente trabalho, com amparo legislativo e doutrinário, os prin-
cípios que amparam o empregado como também a maneira certa que existe para que o emprega-
dor possa atuar diante o seu subordinado para que não exista risco ou o uso do abuso do poder 
disciplinar que muitas vezes acaba não sendo medido e usado de forma incorreta fere tanto moral 
como legislativamente a dignidade da pessoa humana. 
PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS E TRABALHISTAS NA RELA-
ÇÃO DE TRABALHO.
Preliminarmente, falaremos sobre os princípios constitucionais e trabalhistas, é importante 
analisar a palavra “princípio”, posto que a mesmarege as relações de trabalho,Por exemplo, nesse 
sentido, não é possível deixar de compreender seu significado e alcance.
Aos olhos de Vólia Bomfim Cassar:
Princípio é a postura mental que leva o intérprete a se posicionar desta ou daquela 
maneira. Serve de diretriz, de arcabouço, de orientação para que a interpretação 
seja feita de uma certa maneira e, por isso, tem função interpretativa1. 
Nesse sentido, os princípios Constitucionais no Direito do trabalho integram um grupo de di-
reitos fundamentais, sendo esses direitos responsáveis pela garantia da dignidade do trabalhador 
no seu âmbito de trabalho. 
Dessa forma, tem-se na Constituição Federal o amparo legal para o exercício de toda e qual-
quer atividade profissional lícita, assegurando assim, que a pessoa física desenvolva a sua dignida-
de também por meio da força laboral. Os direitos ao trabalho e à livre iniciativa se traduzem desse 
modo, em fundamentos para o Estado Democrático de Direito. Paralelamente a isso, os direitos 
sociais devem ser almejados através do Estado para que os mesmos possam ser concretizados. 
Os exemplos a despeito disso encontram-se nos artigos 1º, artigo 5º e artigo 7º da Constituição 
Federal. 
1.1 PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
A Constituição Federal no Art. 1º, no parágrafo III, traz em seu escopo o princípio da digni-
dade da pessoa humana, sendo esse considerado um dos mais difundidos no atual ordenamento 
jurídico.
1 BOMFIM, Vólia. Direito do trabalho. 8. ed. Ver. E atual .Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013, 
pág. 153
15
Art. 1º, CF: 
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Mu-
nicípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de represen-
tantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.2
Ao se analisar este princípio, pode-se questionar, “o que é exatamente o principio da dignida-
de da pessoa humana?” “O que significa ser digno nos dias atuais?”. 
Nos tempos passados, esse princípio tinha determinada relação com a posição social ocu-
pada pelo indivíduo dentro da sociedade. Entretanto, na atualidade, esse princípio está totalmente 
relacionado à ética e a moral, não podendo ser quantificado, nem materializado, visto que, faz parte 
da própria natureza humana.
Nesse sentido, para Kant a dignidade da pessoa é como parte da autonomia ética e da natu-
reza racional do ser humano. Para o autor, o homem existe como um fim em si mesmo, portanto, 
não pode ser tratado como objeto3. Da mesma forma, segundo Oscar Vilhena Vieira:
[...] o papel fundamental da razão é habilitar o ser humano a construir parâmetros 
morais, como a concepção de que as pessoas devem ser tratadas com dignidade 
pelo simples fato de serem pessoas; de que não podem ser tratadas como meios 
ou meros instrumentos na realização de nossos desejos, mas que têm desejos e 
anseios próprios, que devem ser respeitados4
E ainda,
[...] o ser humano não pode ser tratado como objeto. É o sujeito de toda a relação 
social e nunca pode ser sacrificada em homenagem a alguma necessidade circuns-
tancial ou, mesmo, a propósito da realização de fins últimos de outros seres huma-
nos ou de uma coletividade indeterminada. Ressalta, ainda, que o fim primeiro e 
último do poder político é o ser humano, ente supremo sobre todas as circunstâncias. 
Não há valor que possa equiparar-se ou sobrepor-se à pessoa humana, que é 
reconhecida como integridade, abrangendo aspectos físicos como também seus 
aspectos imateriais. 5.
2 BRASIL. Constituição Federativa do Brasil, de 5 de Outubro de 1988. Art. 1º. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 14 Ago. 2016
3 ESPADA, Cinthia Maria da Fonseca. O princípio protetor do empregado e a efetividade da dignidade da 
pessoa humana. São Paulo: Ed. LTr, 2008. p. 93.
4 VIEIRA, Oscar Vilhena. Direitos Fundamentais. Uma leitura da jurisprudência do STF. São Paulo: Ed. Malhei-
ros, 2006. p. 67.
5 ”JUSTEN Filho, Marçal. Conceito de interesse público e a personalização do direito administrativo. Revista 
16
Considerando que a dignidade da pessoa humana, tem um valor supremo e imperioso, pode-
-se observar que é por esse e outros motivos que a mesma tem uma proteção Estatal. Desta forma, 
é visto que o princípio da dignidade da pessoa humana tem aplicação em todas as esferas da vida 
do individuo, desde a vida particular como no âmbito laboral. 
PRINCÍPIOS PROTETIVOS DO DIREITO DO TRABALHO
Além do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, que pode ser chamado no 
direito do trabalho de princípio da dignidade do trabalhador, existem ainda, outros princípios de 
igual relevância que são conhecidos como princípios protetivos do direito do trabalho.
Esses princípios se constituem para garantir que através deles não exista inferioridade em 
relação ao empregado em face do empregador, tendo assim, a finalidade de trazer equilíbrio nas 
relações laborais. Objetiva-se dessa forma que as duas partes estejam próximas da igualdade para 
impedir ou até mesmo dificultar que uma delas – geralmente o empregador - se aproveite da posi-
ção hierárquica em qualquer circunstâncias, seja ela no ato da celebração do contrato de trabalho, 
durante o lapso laboral, ou até mesmo na época da extinção contratual. 
Nesse sentido, mostra-se necessário a criação de normas protetivas, e mais do que isso, veri-
ficar a forma com que essas medidas estão sendo aplicadas obedecendo assim, aos princípios. Por 
isso o Principio protetivo destaca-se dentre os: a) In dúbio pro operário; b) primazia da realidade e 
c) boa-fé.
1.2.1 IN DUBIO PRO OPERÁRIO 
A regra do In dúbio pro-operário tem a finalidade de proteger uma das partes, sendo está a 
mais frágil da relação. Se tratando do Direito do trabalho, pode-se dizer que a parte hipossuficiente 
é a do empregado, considerado assim pela doutrina e jurisprudência.
Para que seja aplicada esta norma, segundo Plá Rodriguez, a mesma só pode ser aplicada 
em duas situações; (1) Somente quando existe dúvida sobre o alcance da norma legal; e (2) Sem-
pre que esteja em desacordo com a vontade do legislador.6 
Desta forma só poderá ser aplicada ao trabalhador, quando existir dúvida do alcance da nor-
ma legal. 
Neste caso o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região decidiu desta maneira: 
O princípio do ‘in dubio pro operario’ é de natureza exclusivamente hermenêutica, 
quando o julgador, ao deparar-se com um dispositivo legal de sentido dúbio, adotará 
a interpretação que for mais benéfica ao trabalhador, considerando-se que as leis 
trabalhistas, por princípio, são protetivas do hipossuficiente. A interpretação de pro-
vas, entretanto, é de natureza processual e neste campo não existe proteção ao tra-
balhador, buscando-se, ao contrário, a igualdade entre os litigantes, motivo pelo qual 
Trimestral de Direito Público. n. 26; São Paulo: 1999, p. 125
6 RODRIGUES, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3.ed. São Paulo: LTr, 2000.
17
a dubiedade ou inconclusão de provas levará o julgador a decidir contra a parte que 
detenha o ônus probatório, inimportando se este é o empregado ou o empregador.7
Portanto podemos analisar que o principio “in dúbio pro operário” tem amparo legal para be-
neficiar de forma clara e concreta a parte mais frágil da relação, neste caso sendo o próprio empre-
gado, do qual acaba sofrendo injustiças pela hierarquia adotada pelo próprio empregador.
1.2.2 PRIMAZIA DA REALIDADE E DA BOA-FÉ
A regra da primazia da realidade significa que quando existe discordância entre as partes, 
naquilo que foi acordado por escrito, e naquilo que foi realizado na prática, se fará valer o que de 
fato ocorreu e não no que foi acordado por escrito,tal princípio encontra guarida no corpo da CLT, 
como se verá adiante. 
Pode-se ver este principio expresso, por exemplo, no Art.442, da CLT ao definir o contrato de 
trabalho individual, diz ser um acordo tácito ou expresso, se tratando da relação de emprego.
E fica importante salientar que no Art. 9º da CLT, expressa que: 
Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir 
ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
Relata Plá Rodriguez ao tratar da Primazia da Realidade;
[...] em casos de discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge de do-
cumentos ou acordos, deve-se dar preferência ao primeiro, isto é, ao que sucede no 
terreno dos fatos8.
Além do princípio basilar da primazia da realidade, cumpre destacar o Principio da Boa-fé, que 
apesar de ser um principio geral aplicado à relação contratual trabalhista, foi instituído pelo Código 
Civil no Art. 422:
Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em 
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
A Boa-fé, também está presente e tem suma importância nas relações trabalhistas. Pois, ao 
existir um acordo entre duas partes, é importante que exista transparência entre elas, sendo neste 
caso o empregador e o empregado. 
Referindo-nos ao direito do trabalho, o desejável é que o empregado ao realizar a execução 
de um contrato, tenha em seu valor moral o princípio da boa-fé, estando disposto a cumprir as obri-
gações pactuadas, tendo assim como objetivo melhorar o rendimento no trabalho e cumprir as suas 
obrigações contratuais da melhor maneira possível.
7 BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho (24. Região) Recurso ordinário n.º 4.310/93 – Reclamada: ANATEL. 
Reclamante: Dianina Silva Araújo. Relator. Juiz Amaury Rodrigues Pinto Junior. Brasília, 10 de Junho de 2011. Lex: 
Jurisprudência do TRT e Tribunais Regionais do Trabalho, Brasília.
8 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. atual, trad. Wagner Giglio. São Paulo: LTr, 
2000, p.339.
18
Da mesma forma que o princípio se direciona ao empregado, também se direciona ao empre-
gador, onde o mesmo deve cumprir aquilo que cabe como suas obrigações, também tendo lealdade 
e boa-fé para com o empregado, não ferindo a boa-fé e a primazia da realidade.
PODER DIRETIVO DO EMPREGADOR
Quando se fala em Poder diretivo do empregador, discorre-se sobre a faculdade atribuída ao 
empregador de definir a forma das atividades do empregado, que em decorrência do contrato de-
vem ser exercidas, além de tratar, também, da possibilidade de fiscalização do exercício laboral e 
das penalizações em caso de irregularidades ou infrações laborais.
Deve-se lembrar de que, tanto empregado quanto empregador, em uma relação contratual 
são titulares de direitos e deveres, sendo eles recíprocos, amparados e regulados pela legislação 
trabalhista.
Prescreve o Art. 2º da CLT:
Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os ris-
cos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de ser-
viços.9
Neste sentido, tem-se que o empregador é colocado num papel hierárquico, onde tem para si 
o poder diretivo e o direito de comandar a atividade exercida pelo empregado. 
No entanto, deve-se lembrar que, o poder diretivo não pode ser exercido de uma forma des-
medida. Posto que ao ser aplicado deve o mesmo respeitar os preceitos legais que amparam a pro-
teção do trabalhador. Assim, o abuso desse poder, faz com que seja passível de responsabilização 
convertida em favor do empregado, além das censuras aplicadas pelo judiciário.
Desta forma, aos olhos de Eugênio Hainzenreder Junior: 
A subordinação jurídica oriunda da relação laboral não autoriza o empregador a ex-
trapolar as prerrogativas de controle, fiscalização e direção adentrando na esfera 
pessoal do empregado. O exercício do poder diretivo está relacionado tão somente 
ao bom desenvolvimento e a segurança da atividade empresarial. Por essa razão, 
pode-se afirmar que a direção empresarial será limitada pelo próprio princípio da 
dignidade da pessoa humana, pelos direitos da personalidade do empregado, ainda 
que no ambiente do trabalho, pois são indissociáveis da pessoa do trabalhador. Tal 
conclusão, ainda que não definitiva, naturalmente, comporta controvérsias em situa-
ções consideradas “cinzentas” em que se verifica uma colisão de direitos e conflito 
de interesses entre empregado e empregador.10
Sendo assim, fica entendido que ao extrapolar o poder diretivo o empregador acaba ferindo a 
dignidade do trabalhador e os princípios constitucionais o que acaba gerando danos morais e isso 
faz com que então o dever do mesmo seja indenizar a outrem pelo prejuízo causado. 
9 BRASIL. Consolidação da lei do Trabalho. Decreto-lei N.º 5.452, DE 1º de maio de 1943, artigo 2, institui nor-
mas de empresa individual ou coletiva. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. 
Acesso em: 14 ago. 2016.
10 HAINZENREDER JÚNIOR, Eugênio. Direito à Privacidade e Poder Diretivo do Empregador: O uso do 
E-mail no trabalho. São Paulo: Atlas, 2009. p.89.
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%205.452-1943?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm
19
2.1 TIPOS DE PODER DIRETIVO (REGULAMENTADOR, FISCALIZADOR E 
DISCIPLINAR). 
O poder diretivo se desdobra em três tipos de poderes. Dessa forma existe uma melhor admi-
nistração e entendimento do assunto, existe no entanto o Regulamentador, que é aquele no qual o 
empregador cria normas no âmbito laboral, que tem o objetivo de criar situações gerais de trabalho. 
Geralmente essas normas são estabelecidas com amparo de regulamentos, como por exem-
plo, aqueles previstos no Art. 468, da CLT que assevera:
Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condi-
ções por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou 
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente 
desta garantia.
Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador 
para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, 
deixando o exercício de função de confiança.11
Além de criar normas por meio dos dispositivos, podem existir aqueles que são chamados de 
circulares ou até mesmo os memorandos que têm finalidade de estruturar as atividades que são 
desenvolvidas. 
Já o poder fiscalizador tem a finalidade de conceder autoridade ao empregador de acompa-
nhar e exercer os cuidados necessários dentro do espaço empresarial. Dentro desses cuidados, 
está o de verificar a frequência e horários; a revista, cuidar do circuito interno da empresa, como 
também fiscalizar o uso de equipamentos necessários para a proteção do próprio trabalhador. 
Podemos dizer então, que dentro desse poder é válido cuidar do ambiente de trabalho e fisca-
lizar as atividades dos empregados, no entanto é totalmente errôneo lesionar o direito de inviolabi-
lidade da intimidade, expressa claramente na Constituição Federal no Art. 5º, III:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.12
Por fim, há o poder disciplinar, responsável pelo direito concedido ao empregador para ter a 
liberdade de sancionar o empregado que viola as regras, tanto determinadas pela legislação, como 
também aquelas acordadas entre as partes do contrato. Com isso, o intuito do poder disciplinar é 
de manter a paz e a harmonia dentro do ambiente de trabalho, para que tanto o rendimento do em-
pregado seja alto como a confiança e a tranquilidade do empregador em confiar no trabalho dele. 
11BRASIL. Consolidação da lei do Trabalho. Decreto-lei N.º 5.452, DE 1º de maio de 1943, artigo 468, institui que 
todos são iguais perante a lei. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso 
em: 14 ago. 2016.
12 BRASIL. Constituição Federativa do Brasil. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 14 Ago. 2016
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%205.452-1943?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm
20
2.2 HIPOTESES DE APLICAÇÃO DO PODER DISCIPLINAR (CLT, ART. 482) E 
FORMAS DE APLICAÇÃO
Entende-se como poder disciplinar a atribuição de aplicar uma sanção àqueles que estão 
sujeitos a serem disciplinados, por faltas cometidas de forma ilícita dentro do ambiente de trabalho. 
Ao buscar amparo no nosso ordenamento, é visto, que há várias hipóteses das quais um con-
trato de trabalho pode extinguir-se por justa causa do empregado.
Encontra-se no art. 482 da CLT, abaixo:
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empre-
gador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e 
quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, 
ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido 
suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou 
ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria 
ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o 
empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou 
de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a 
prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à 
segurança nacional. (Incluído pelo Decreto-lei nº 3, de 27.1.1966).13
13 BRASIL. Consolidação da lei do Trabalho. Decreto-lei N.º 5.452, DE 1º de maio de 1943, artigo 482, Constitui 
as hipóteses de justa causa para rescisão de contrato trabalhista. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 14 ago. 2016.
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%205.452-1943?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm
21
O Ato de improbidade nada mais é do que a desonestidade por parte do trabalhador corres-
ponde a uma violação do dever geral e de boa-fé, e tem como pretensão a obtensão de vantagem 
pessoal. Pode-se citar como exemplo disso, o ato de apresentar ao empregador um atestado mé-
dico falso com intuito de abonar suas faltas.
Desta maneira, existe também a incontinência de conduta ou mau procedimento, que estão 
relacionados à realização de uma ofensa, a qual pode ser a mesma agressiva e/ou constrangedora. 
Caracteriza-se á isso, quando há assédio sexual de um empregado sobre outra pessoa, dentro do 
ambiente de trabalho. 
A negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador. Neste caso 
o trabalhador ocupa um cargo paralelo ao empregador, constituindo de tal forma concorrência à 
empresa, causando prejuízo para o serviço.
A condenação criminal do empregado, necessariamente definitiva, e caso não tenha havido 
suspensão da execução da pena também é considerada razão para extinção contratual por justa 
causa. Neste caso o empregado fica impossibilitado de frequentar o ambiente de trabalho por ter 
que cumprir a pena privativa de liberdade da qual foi condenado devido à sentença passada em 
julgado. Aqui não é o fato do ato ilícito cometido pelo trabalhador, mas sim, da condenação criminal 
que impossibilita que o mesmo cumpra com suas obrigações contratuais. 
Outra causa de demissão por justa causa é a desídia no desempenho das respectivas fun-
ções, destaca-se aqui, o desleixo, a indolência com que o empregado executa o seu trabalho. 
Conduta esta que causa transtorno e/ou prejuízos à empresa e acaba mostrando claramente o 
desinteresse do trabalhador em cumprir seu papel. 
A embriaguez habitual ou em serviço, aparece da mesma forma como situação ensejadora de 
como justa causa. Observa-se, contudo, que o simples fato da ingestão alcoólica não gera situação 
passível de penalização, mas sim o fato do trabalhador, em razão da ingestão de bebida alcoólica, 
causar prejuízos ao empregador. E ainda, há que se ressaltar que a citada embriaguez não pode 
ser caracterizadora de alcoolismo, posto que, sendo doença deve ser analisada com cautela.
Se houver violação de segredo da empresa pode, também, o empregador penalizar o traba-
lhador. E isso ocorre normalmente, quando um empregado ao trabalhar numa certa empresa tem 
conhecimento de segredos da mesma, e apenas os sabe em virtude do contrato de trabalho. Junto 
com a ciência das informações, nasce ao empregado a obrigação de manter sigilo perante tercei-
ros. Para que, desta forma, não se revele à concorrência o “segredo do negócio”.
Para que se configure a penalização por ato de indisciplina, há a violação (reiterada ou não) 
de ordens dadas pelo empregador ou por seu preposto. Por exemplo, quando um empregado se 
nega a anotar o respectivo horário de trabalho no registro de pontos. Sendo assim, em situações 
de abandono de emprego, o empregado se ausenta de forma injustificada do serviço, não compa-
recendo à empresa e demostrando o interesse de abandonar o seu cargo. Jurisprudencialmente o 
entendimento é de que após 30 (trinta) dias de ausência injustificada, presume-se o abandono de 
emprego.
22
Tem-se, ainda, o ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer 
outra pessoa, ou ofensa física, nas mesmas condições, salvo em caso de legitima defesa, própria 
ou de outrem. Este ato lesivo entende-se de forma que se realizem gestos ou palavras que causem 
desprezo à pessoa ou fira a sua honra, imagem ou autoridade moral. A agressão física só se justi-
fica na hipótese de legitima defesa, se a agressão foi de forma injusta. 
Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensa física pode ser praticado contra o empregador 
e superiores hierárquicos, exceto em legitima defesa, própria ou de outrem. Aqui temos que caso 
exista agressão física contra o empregador ou aos seus prepostos, dentro ou fora do ambiente de 
trabalho. 
Alem disso, a prática constante de jogos de azar, dentro dos espaços laborais, pode afetar 
as relações ou o ambiente de trabalho, e podem dessa forma, ensejar penalização pela previsão 
celetista. Caso exista essa prática de jogos, mesmo que os mesmos sejam proibidos se eles não 
afetarem o desempenho, não justifica a penalização e tampouco a justa causa.
Ressalta-se, ainda, que o reconhecimento da justa causa está condicionado à prova, pelo 
empregador ou preposto, da conduta tomada pelo empregado, e o motivo para a ruptura contratual. 
Porém, normalmente, a prova da justa causa não é especificamente para realizar a demissão, ela é 
muitas vezes questionada em juízo pelo empregado e caso a mesma não seja provada, a demissão 
por justa causa é revertida e a mesma passa ser considerada demissão sem justa causa. 
Pode-se ver, no entanto, que apesar das hipóteses dadas acima, respaldadas na própria CLT, 
existem formas de que o empregador possa aplicar determinadas penalidades, mas que estas 
estejam dentro de um senso moderado e justo, já que a CLT também protege o trabalhador das 
arbitrariedades feitas pelo empregador, fazendo assim com que não existao assédio.
Dentro das hipóteses de penalidades, está primeiramente a de advertir o empregado. Advertir, 
nada mais é que o empregado tome conhecimento do ato ilícito e das implicações que pode trazer, 
caso isso ocorra novamente.
Após a advertência ser dada, caso o empregado volte a cometer uma nova falta, pode ser 
dado uma suspensão que tem a intenção de disciplinar e recuperar o comportamento do emprega-
do que é aquele que a empresa espera. No caso da suspensão, segundo nosso dispositivo legal, 
no art. 474 da CLT, não pode ser superior a 30 (trinta) dias consecutivos, caso isso ocorra pode ser 
considerado uma falta grave por parte do empregador. Ocorrendo, portanto a suspensão, ela pode 
acarretar a interrupção ou até mesmo a suspensão do contrato de trabalho. 
Lembrando que é muito difícil provar tal penalidade verbalmente, por isso é que se aconselha 
realizar a advertência e a suspensão escrita, assinada devidamente pelo empregado (ou por duas 
testemunhas) para que não existam dúvidas de que tal ato foi cometido.
Desta forma, fica claro e dentro das determinações legais, a forma como deve ser realizada 
a aplicação do poder disciplinar. Sem que o empregador faça uso abusivo de poder, nem que o 
mesmo seja considerado assédio moral para com o empregado.
23
ASSÉDIO MORAL NO CONTRATO DE TRABALHO
Quando se fala em “assédio” o primeiro que passa na mente é o assédio sexual, por ser algo 
que ocorre de forma frequente. No entanto, deve-se lembrar que o assédio moral, também é algo 
que ocorre de forma corriqueira, só que muitas vezes acaba ficando de uma forma oculta, pela 
grande dificuldade que a vítima tem em comprovar o ocorrido.
O assedio moral corresponde a exposição do trabalhador no ambiente de trabalho, são si-
tuações constrangedoras, até mesmo repetitivas e prolongadas onde são causadas pelo próprio 
empregador.
Este tipo de assédio é visto como um tipo de constrangimento que desestrutura tanto o emo-
cional como o psicológico do ser humano no ambiente de trabalho.
 Segundo Leyman: 
A deliberada degradação das condições de trabalho através do estabelecimento de 
comunicações não éticas (abusivas), que se caracterizam pela repetição, por longo 
tempo, de um comportamento hostil de um superior ou colega contra um indivíduo 
que apresenta, como reação, um quadro de miséria física, psicológica e social dura-
doura.14
No entanto Hirygoyen vê o assédio como
[...] toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se, sobretudo por comportamen-
tos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, á digni-
dade ou a integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego 
ou degradar o ambiente de trabalho”15
Enfim, ao ser caracterizado o dano e o assédio moral, é obrigatória a reparação do dano por 
ter cometido tal ato ilícito, já que a pessoa que sofre tal assédio tem a sua vida abalada, não so-
mente no ambiente do seu trabalho, mas também podendo acarretar graves doenças físicas como 
também doenças psicológicas, prejudicando e fazendo com que tenha problemas de rendimento 
em seu trabalho. 
A CONFIGURAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL POR MEIO DO ABU-
SO DO PODER DISCIPLINAR
Viu-se, portanto, o assédio moral como uma forma que o empregador usa para extinguir a re-
lação contratual sem que arque com os custos de uma demissão sem justa causa. Então, a fim de 
atender as suas vontades acaba criando uma forma de fazer com que o ambiente de trabalho seja 
algo desagradável, criando assim o ensejo de que o empregado peça a demissão. 
Ressalta-se que este ato não é apenas do empregador para o empregado. Muitas vezes o 
mesmo empregado tem desejo de sair do seu trabalho e para não perder as verbas, acaba criando 
14 MENEZES, Claudio Armando Couce de. Assédio moral e seus efeitos jurídicos. Rev. TST Brasília, vol. 68, n º 
3 , jul/ dez 2002. p. 190.
15 JUNIOR, Hirigoyen Marie France. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ber-
trand Brasil; 2002. p. 644.
24
artimanhas de modo que forçam o empregador a tomar tal decisão. 
De acordo com informações colhidas no site guia trabalhista, uma pesquisa feita sobre qual é 
a faixa etária que mais sofre assédio moral nos mostrou que:
[...] as pessoas que mais sofrem humilhação estão aquelas de meia-idade (acima de 
40 anos) e que podem ser consideradas “ultrapassadas” em alguns ambientes, as 
que tem salário alto e podem ser substituídas a qualquer momento por um ou dois 
trabalhadores que ganhem menos, as gestantes e os representantes eleitos da CIPA 
e de sindicatos ( que possuem estabilidade provisória), os portadores de doenças 
graves que acabam ficando limitadas no desempenho de sua atividades, como tam-
bém homossexuais. 16
Algumas características podem chegar a mostrar claramente quando é que um empregado 
está sendo assediado, por exemplo, o fato do mesmo estar isolado dos colegas de trabalho, quan-
do ele é impedido de se expressar sem justificativa, quando a pessoa está fragilizada, é ridiculari-
zado, menosprezado na frente dos outros colegas, quando existe a possibilidade dele estar sendo 
chamado de incapaz, é visto no ambiente de trabalho psicologicamente abalado, até mesmo emo-
cionalmente, o que cria certo desinteresse pelo trabalho e tudo isso pode acarretar em doenças, 
diagnósticos emocionais aparentes e desestabilidade emocional, ocasionando muitos problemas 
psicológicos dentro e fora do ambiente de trabalho. 
Há que se ressaltar que a faculdade de penalizar o trabalhador é do empregador, que deve 
fazê-lo com adequação e isometria. Contudo, as excessivas aplicações de penalidades ou as pe-
nalidades desarrazoadas podem, e são, caracterizadoras de assédio moral. Não o assédio con-
vencional, mas o causado por abuso do poder diretivo, uma espécie de desvio de finalidade da 
aplicação das penas contratuais.
Portanto podemos ver que, é muito frequente o assédio moral no ambiente de trabalho, e, 
quando falamos de poder disciplinar, estamos falando de supostos direitos que, por causa da hie-
rarquia, se acredita que existe desigualdade entre as partes, por isso vemos como é de forma juris-
dicional e doutrinaria que se defendem os desiguais na medida de suas desigualdades.
CONCLUSÃO
Neste estudo, não se pretende esgotar a questão do assédio moral, na verdade apesar de ser 
um assunto com grande destaque no direito do trabalho, é um assunto novo, mas que a sua causa 
é tão antiga quanto ao tempo de existência do trabalho, por isso a pretensão é que se conheça um 
pouco mais dobre o assédio moral, que este assunto seja mais aprofundado, mais conhecido, pois, 
mesmo sendo algo frequente em nosso meio é um assunto do qual muitas vezes, a sociedade não 
consegue enxergar por sua forma discreta de ser cometido.
16 Faixa etária que mais sofre assédio –
http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/assediomoral2.htm>. Acesso em: 13 ago. 2016
http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/assediomoral2.htm
25
Foi demonstrado de forma clara que, o assedio moral pode ser manifestado de uma forma 
sutil, porém suas consequências são danosas em todos os sentidos para aquele que sofreu o asse-
dio, não apenas prejudicando seu rendimento no trabalho, mas pode também causar grandes da-
nos ao ser humano, atingindo a sua dignidade como pessoa que muitas vezes acaba sendo ferida.
Também foi exposto que aqueles que são chamados de empregadores do qual são detento-
res do direito de “mando” e no seu fim não são lideres, infelizmente estão despreparados para o 
exercício do poder, o que acaba fazendo com que causem prejuízos à saúde psicologia e física do 
trabalhador e ao fazer isso tiram totalmente à produtividade do seu empregado, fazendo com que 
a própria empresa tenha uma decadência tanto disciplinar como econômica, abalando em todos os 
aspectos tanto o ambiente como os próprios funcionários. 
Quando falado sobre os prejuízos que causa o assédio moral por abuso do poder disciplinar, 
estamos falando que ao empregado ser pressionado ou não ter em seu ambientede trabalho tran-
quilidade, amparo , segurança e bom relacionamento tanto com seus colegas como também com 
seus superior, faz com que seu rendimento e desempenho não sejam plenos.
Sendo assim, foi tratado no presente trabalho não a extinção do problema, mas a forma em 
que ele é aplicado, as características daquele que sofre tal assedio, os motivos pelo qual existem 
esses problemas e a forma da qual devem se resolver os problemas disciplinares no âmbito do tra-
balho, foi exposto de forma clara e objetiva todas as consequências causadas pela insubordinação 
como também o excessivo poder disciplinar, de forma que foi demonstrado tanto legislativamente 
como doutrinariamente opiniões e esclarecimentos diversos de tal assunto.
Espera-se, portanto com esta pesquisa apresentada que se faça de conhecimento de todos 
o quão grave e constante no meio do trabalho é apresentado o assedio moral, trazendo com isto 
possíveis mudanças e novas reformas legislativas para que exista melhoria no âmbito jurídico tra-
balhista, pois ai vermos cada lado individualmente vemos que a legislação muitas vezes é falha 
em amparar ou resguardar os direitos de um, quando o outro também acaba não sendo totalmente 
resguardado e amparado, existindo dificuldade em demonstrar muitas vezes a real causa, os ver-
dadeiros fatos ou até a maneira pela qual foi disciplinado o empregado ao cometer as penalidades. 
REFERÊNCIAS
BOMFIM, Vólia. Direito do trabalho. 8. ed. Ver. E atual .Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉ-
TODO, 2013, pág. 153
BRASIL. Consolidação da lei do Trabalho. Decreto-lei N.º 5.452, DE 1º de maio de 1943, artigo 
482, Constitui as hipóteses de justa causa para rescisão de contrato trabalhista. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 14 ago. 2016.
BRASIL. Constituição Federativa do Brasil, de 5 de Outubro de 1988. Art. 1º. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 14 Ago. 2016
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho (24. Região) Recurso ordinário n.º 4.310/93 – Reclamada: 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%205.452-1943?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm
26
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10 de Junho de 2011. Lex: Jurisprudência do TRT e Tribunais Regionais do Trabalho, Brasília.
ESPADA, Cinthia Maria da Fonseca. O princípio protetor do empregado e a efetividade da dig-
nidade da pessoa humana. São Paulo: Ed. LTr, 2008. p. 93.
GUIA TRABALHISTA. Faixa etária que mais sofre assédio. Disponível em http://www.guiatraba-
lhista.com.br/tematicas/assediomoral2.htm>. Acesso em: 13 ago. 2016
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JUSTEN Filho, Marçal. Conceito de interesse público e a personalização do direito adminis-
trativo. Revista Trimestral de Direito Público. n.26. São Paulo: 1999, p. 125
MENEZES, Claudio Armando Couce de. Assédio moral e seus efeitos jurídicos. Rev. TST Bra-
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RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. Atual., trad. Wagner Giglio. 
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VIEIRA, Oscar Vilhena. Direitos Fundamentais. Uma leitura da jurisprudência do STF. São Paulo: 
Ed. Malheiros, 2006. 
http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/assediomoral2.htm
http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/assediomoral2.htm
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LA CONFIGURACION DEL ACOSO MORAL A TRAVÉS DEL 
ABUSO DEL PODER DISCIPLINARIO
Rafaela Simões dos Anjos
Mestranda em Ciências Jurídicas no Centro Universitário de Maringá - UNICESUMAR, Maringá-PR, e-mail: rafa13_91@
hotmail.com
Gustavo Noronha de Ávila
Doutor e Mestre em Ciências Criminais pela PUCRS. Professor do Mestrado em Ciências Jurídicas e da Graduação em 
Direito do Unicesumar. Professor doDepartamento de DireitoPúblico da UEM. Bolsistaprodutividade do ICETI. E-mail: 
gusnavila@gmail.com
RESUMO:O presente artigo tem por objetivo analisar num primeiro momento o direito constitucionalmente protegido da 
intimidade do indivíduo, fazendo-se uma análise histórica do conceito do instituto, relacionando-o com o direito à vida 
privada. Após, expõe-se a conduta de portar drogas para consumo pessoal, abordando o estágio atual de sua crimina-
lização e penalização. O artigo desenvolve-se, então, na possível violação da intimidade do indivíduo usuáriode drogas 
ao criminalizar a sua conduta de portar a droga, expondo-se os argumentos dos juristas que defendem que há violação 
à intimidade do usuário e os votos dos Ministros do Supremo no RE 635.659/SP, no qual se discute a constitucionali-
dade do artigo 28 da lei 11343/06 (porte de drogas para consumo próprio). Por fim, será apresentada uma perspectiva 
da descriminalização da conduta ao redor do mundo.
PALAVRAS-CHAVE: Intimidade. Porte de drogas para uso. Violação.
INTRODUÇÃO
Ao analisar as informações obtidas dos relatórios internacionais e nacionais das Organiza-
ções Internacionais, das Organizações Não Governamentais (ONGs) e de alguns governos, espe-
cialmente o brasileiro, observa-se que o número de usuários de drogas tem aumentado nos últimos 
anos. Essa é uma questão relevante tanto quando se fala da autonomia de a pessoa fazer algo ou 
deixar de fazer algo na sua esfera privada, quanto quando se fala de como o uso de drogas afeta 
a sociedade, especialmente sob a perspectiva do tráfico de drogas.
Além disso, como o uso de drogas, na maioria das vezes, é feito no âmbito da vida privada, 
ou seja, conduta que diz respeito tão somente à esfera pessoal da pessoa usuária de drogas, a 
criminalização do porte de drogas para consumo pode ser vista como uma afronta aos direitos 
fundamentais elencados na Constituição Federal de 1988, como a inviolabilidade da vida privada e 
da intimidade, assegurando o direito a indenização decorrente de sua violação (artigo 5, inciso X, 
CF). Ademais, a inviolabilidade da vida privada também está elencada como um dos aspectos dos 
direitos da personalidade no Código Civil de 2002.
Sem aprofundar, por hora, nos conceitos e diferenciações entre intimidade e vida privada, por 
certo que os atos praticados nestes âmbitos estão protegidos, incluindo o uso de drogas. 
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Observa-se, com isso, que a interferência estatal, por meio do direito penal, na esfera privada 
do indivíduo para criminalizar o uso de drogas, é fato que ofende os direitos fundamentais descritos 
na Constituição Federal e os direitos da personalidade inseridos no Código Civil.
Diante dessa realidade, a descriminalização do porte de drogas para consumo próprio tem 
sido contestada por diversos doutrinadores e defensores, chegando ao Supremo Tribunal Federal, 
que reconheceu a repercussão geral do tema, por meio do Recurso Extraordinário 635.659/SP. 
Por ocasião do julgamento, o Ministro Gilmar Mendes, relator do Recurso, mencionou um estudo17 
que examinou sentenças condenatórias pelo crime de tráfico de entorpecentes destacando que, na 
maioria das prisões, as pessoas portavam pequena quantidade de droga (inferiores a 100g) e que 
pouquíssimos acusados estavam envolvidos com organizações criminosas (1,8%)18. 
Esta pesquisa será conduzida a demonstrar que a conduta do usuário de drogas não se con-
substancia numa lesão ou perigo de lesão aos bens jurídicos coletivos saúde e segurança públicas. 
Em contrapartida, a criminalização do porte de drogas para consumo próprio se mostra evidente 
norma penal que viola os direitos fundamentais, tanto em razão da interferência do Estado na vida 
privada, quanto em razão da desproporcionalidade entre a repressão da conduta (privação da liber-
dade) e a própria conduta do usuário (de consumir drogas).
1 O DIREITO À INTIMIDADEA caracterização da intimidade como termo jurídico ocorreu no ano de 1890, nos Estados 
Unidos, com a publicação da teoria right to privacy ou, em português, o direito à privacidade, dos 
autores Warren e Brandeis. 
Victor Gabriel Rodriguez (2008, p.12) destaca que o conceito elaborado na época era muito 
diferente do conceito atual. Warren e Brandeis utilizaram muitos dos elementos existentes no com-
mon law para se chegar à ideia de privacidade como o direito de ficar só, conceito este estreitamen-
te contextualizado nas pretensões do Estado Liberal. Ressalta, ainda, que o direito à privacidade 
era entendido como propriedade. 
Em 1902, o Tribunal de apelação de Nova York, ao julgar o caso Roberson v. Rochester Fol-
din Box Co., o qual versava sobre a utilização da imagem de uma mulher sem seu consentimento, 
em um anúncio, negou o direito à intimidade em face da liberdade de imprensa.
No próximo ano, porém, o Estado de Nova York criminalizou a utilização da imagem ou nome 
de uma pessoa em propagandas comerciais sem o seu consentimento.
17 Mais informações disponíveis em: Tráfico e Constituição: um estudo sobre a atuação da justiça criminal do Rio 
de Janeiro e de Brasília no crime de tráfico de drogas. 
18 “Segundo a pesquisa, na qual foram examinadas 730 sentenças condenatórias pelo crime de tráfico de entorpe-
centes no período de outubro de 2006 a maio de 2008, por volta de 80% das condenações decorreram de prisões em 
flagrante, na maioria das vezes realizadas pela polícia em abordagem de suspeitos na rua (82% dos casos), geral-
mente sozinhos (cerca de 60%) e com pequena quantidade de droga (inferiores a 100g).Outro dado interessante é 
que, em apenas 1,8% dos casos da amostra, houve menção ao envolvimento do acusado com organizações crimino-
sas”. (BRASIL. Recurso Extraordinário nº 635.659/SP, web).
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O direito à privacidade foi posteriormente reconhecido na Geórgia no caso Pvesich v. New 
England Life InsuranceCo., que tratava do uso indevido , em publicidade, da imagem, nome e de-
claração de uma pessoa sem seu consentimento.
A partir de 1930 passou-se a utilizar a ideia de privacidade interligada à de personalidade, 
baseando-se necessidade de se proteger a personalidade do indivíduo diante da excessiva patri-
monialização dos direitos e instituições jurídicas.
A terceira fase da evolução do conceito de intimidade passa a considerar a ideia de intimida-
de-garantia, transformando-se em uma nova dimensão da liberdade.
Percebe-se, pois, a evolução histórica do conceito de intimidade. Hoje, o instituto é consagra-
do na Constituição Federal brasileira e aparece definido nas principais doutrinas.
No plano internacional, pode-se citar como exemplo o artigo 12 da Declaração Universal dos 
Direitos do Homem de 1948, que assim dispõe: “Ninguém será sujeito à interferência em sua vida 
privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataque à sua honra reputa-
ção. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.” 
Luís Roberto Barroso (2001) afirma, concisamente, que “[...] os direitos à intimidade e à vida 
privada protegem as pessoas na sua individualidade e resguardam o direito de estar só”. 
Sobre o tema, Gilmar Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco (2014, p.280-281) explicam:
A reclusão periódica à vida privada é uma necessidade de todo homem, para a sua 
própria saúde mental. Além disso, sem privacidade, não há condições propícias para 
o desenvolvimento livre da personalidade. Estar submetido ao constante crivo da
observação alheia dificulta o enfrentamento de novos desafios. A exposição diuturna 
dos nossos erros, dificuldades e fracassos à crítica e à curiosidade permanentes de 
terceiros, e ao ridículo público mesmo inibiria toda tentativa de autossuperação. Sem 
a tranquilidade emocional que se pode auferir da privacidade, não há muito menos 
como o indivíduo se autoavaliar, medir perspectivas e traçar metas.
Nota-se nos conceitos atuais a presença do instituto privacidade ou vida privada ao lado da 
intimidade, relação que será explicada a seguir. 
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso X, contempla a inviolabilidade da intimidade, 
da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação.
 Contemplados a inviolabilidade dos dois direitos na Constituição Federal separadamente, 
conclui-se haver uma diferença entre a intimidade e a vida privada. 
MEDINA (2012, p.70) destaca que a Constituição Federal trouxe duas ideias no que tange os 
níveis de vida privada: um mais amplo, que se refere ao oposto de vida pública e um mais especí-
fico, que seria a intimidade, esfera mais pessoal do individuo. 
Se pode conceber a vida privada como mais extensa que a intimidade, sendo esta a parte 
mais reservada e a privacidade mais ampla. Ainda na opinião do mesmo autor, é possível dizer que, 
em geral, tudo o que se estender à preservação da vida pessoal pode ser qualificado como íntimo. 
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Nesse diapasão, explica Zulmar Fachin(2012) que a privacidade engloba a intimidade, ao 
passo que esta é uma dimensão específica daquela e, ainda, que “[...] a vida privada é o espaço 
reservado a cada pessoa que não pode ser invadido por outrem, sem seu consentimento”. 
Tal conceito, porém, não resolve o problema hermenêutico trazido pela Constituição Federal 
de 1988, uma vez que se a vida privada abrange a intimidade, não faz sentido a presença dos dois 
direitos lado a lado.
Para Elimar Szaniawski (2005), a Constituição Brasileira, ao incluir em seu texto a proteção 
dos direitos à intimidade e à vida privada como dois institutos ou tipificações distintas, manteve cor-
retamente as distinções doutrinárias entre proteção à vida privada e proteção à intimidade.
José Afonso da Silva (2014) concluiu que o a Constituição, ao referir-se aos dois institutos se-
paradamente, constatou que a vida do indivíduo possui um aspecto voltado para o exterior e outro 
voltado para o interior.
No Código Civil de 2002, o legislador, então, consagrou a proteção ao direito personalíssimo 
da vida privada, sem enunciar a intimidade, concluindo Rodriguez (2008, p.32-33) que o legislador 
“[...] entendeu dispensável que se incluísse outro termo, que já fizesse parte da primeira locução”.
Para o direito penal, porém, mais interessante a utilização do termo intimidade, uma vez que 
a vida privada, por ser mais abrangente, pode conter elementos que não necessitem de proteção 
penal.
2 O CRIME DE PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO E A POSSÍVEL 
VIOLAÇÃO DA INTIMIDADE DO USUÁRIO
A Lei n° 11.343/06 alterou as penas do crime de porte de drogas para consumo, passando a 
prever penas de advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade, e 
a medida educativa de comparecimento de programa ou curso educativo. 
Assim, ficou evidente a impossibilidade da aplicação da pena privativa de liberdade para o 
portador de drogas para o próprio consumo.
Ocorre que com essa inovação, surgiram as polêmicas quanto à natureza da norma e a con-
sequente descriminalização da conduta prevista no artigo 28 da Lei de Drogas.
Luis Flávio Gomes (2006) entende que houve a descriminalização formal da posse de droga 
para consumo pessoal, passando a ser uma infração sui generis, uma vez que não pode ser con-
siderada crime por não prever pena de detenção ou reclusão, tampouco pode ser contravenção:
Ora, se legalmente (no Brasil) “crime” é a infração penal punida com reclusão ou 
detenção (quer isolada ou cumulativa ou alternativamente com multa), não há dú-
vida que a posse de droga para consumo pessoal (com a nova lei) deixou de ser 
“crime” do ponto de vista formal porque as sanções impostas para essa conduta 
(advertência, prestação de serviços à comunidade e comparecimento a programas 
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educativos – art. 28) não conduzem a nenhum tipo de prisão. Aliás, justamente por 
isso, tampouco essa conduta passou a ser contravenção penal (que se caracterizapela imposição de prisão simples ou multa) (...) diante de tudo quanto foi exposto, 
conclui-se que a posse de droga para consumo pessoal passou a configurar uma 
infração suigeneris. Não se trata de “crime” nem de “contravenção penal” porque 
somente foram cominadas penas alternativas, abandonando-se a pena de prisão. 
De qualquer maneira, o fato não perdeu o caráter de ilícito (recorde-se: a posse de 
droga não foi legalizada). Constitui um fato ilícito, porém, “sui generis”. Não se pode 
de outro lado afirmar que se trata de um ilícito administrativo, porque as sanções 
cominadas devem ser aplicadas não por uma autoridade administrativa, sim, por um 
juiz (juiz dos juizados ou da vara especializada). Em conclusão: não é “crime” nem é 
“contravenção” nem é um ilícito “administrativo”: é um ilícito “sui generis”.
Carvallho e Rosa (2012), porém, discordam da posição de Gomes, e defendem que não se 
pode concluir que a conduta de possuir droga para consumo pessoal deixou de ser crime com base 
na definição de crime no artigo 1º da LICP, vez que este se encontra defasado. Ademais, argumen-
tam que o artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal, expressamente autoriza a existência de 
crime sem a cominação de pena privativa de liberdade.Por fim, argumentam que o artigo 28 da Lei 
11.343/2006 está inserido no capítulo designado “Dos crimes e das penas”. 
A doutrina majoritária, porém, entendeque não existiu a descriminalização do comportamento. 
Ávila e Carvalho (2015) explicam que não houve a descriminalização do crime de porte de 
drogas para uso próprio, continuando a conduta ser penalizada, porém, não com a pena privativa 
de liberdade.
O Supremo Tribunal Federal tratou do assunto em fevereiro de 2007, quando apreciou o RE 
430105/QO/RJ, do qual fora relator o Ministro Sepúlveda Pertecente, resolvendo o seguinte:
I. Posse de droga para consumo pessoal: (art. 28 da L. 11.343/06 - nova lei de dro-
gas): natureza jurídica de crime. 1. O art. 1º da LICP - que se limita a estabelecer 
um critério que permite distinguir quando se está diante de um crime ou de uma 
contravenção - não obsta a que lei ordinária superveniente adote outros critérios 
gerais de distinção, ou estabeleça para determinado crime - como o fez o art. 28 da 
L. 11.343/06 - pena diversa da privação ou restrição da liberdade, a qual constitui 
somente uma das opções constitucionais passíveis de adoção pela lei incriminadora 
(CF/88, art. 5º, XLVI e XLVII). 2. Não se pode, na interpretação da L. 11.343/06, partir 
de um pressuposto desapreço do legislador pelo “rigor técnico”, que o teria levado 
inadvertidamente a incluir as infrações relativas ao usuário de drogas em um capítu-
lo denominado “Dos Crimes e das Penas”, só a ele referentes. (L. 11.343/06, Título 
III, Capítulo III, arts. 27/30). 3. Ao uso da expressão “reincidência”, também não se 
pode emprestar um sentido “popular”, especialmente porque, em linha de princípio, 
somente disposição expressa em contrário na L. 11.343/06 afastaria a regra geral do 
C. Penal (C.Penal, art. 12). 4. Soma-se a tudo a previsão, como regra geral, ao pro-
cesso de infrações atribuídas ao usuário de drogas, do rito estabelecido para os cri-
mes de menor potencial ofensivo, possibilitando até mesmo a proposta de aplicação 
imediata da pena de que trata o art. 76 da L. 9.099/95 (art. 48, §§ 1º e 5º), bem como 
a disciplina da prescrição segundo as regras do art. 107 e seguintes do C. Penal (L. 
11.343, art. 30). 6. Ocorrência, pois, de “despenalização”, entendida como exclusão, 
para o tipo, das penas privativas de liberdade. 7. Questão de ordem resolvida no 
sentido de que a L. 11.343/06 não implicou abolitio criminis (C.Penal, art. 107). II. 
Prescrição: consumação, à vista do art. 30 da L. 11.343/06, pelo decurso de mais de 
2 anos dos fatos, sem qualquer causa interruptiva. III. Recurso extraordinário julgado 
prejudicado. (STF - RE: 430105 RJ).
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Concluiu-se, pois, que não houve a descriminalização da conduta tipificada no artigo 28 da Lei 
11.343/2006, tampouco constitui infração penal sui generis. O que houve foi a despenalização da 
conduta, ou seja, deixou-se de se prever a pena privativa de liberdade para esse crime, prevendo 
medidas alternativas. 
Superada a polêmica, surge a seguinte questão: a criminalização de tal conduta viola o direito 
à intimidade do usuário?
Há uma corrente no Brasil contrária a criminalização da conduta de porte de drogas para 
consumo próprio. Para eles, o Estado está invadindo a vida privada do individuo, direito este cons-
titucionalmente reconhecido, uma vez que o uso da droga somente afeta o indivíduo usuário, não 
havendo que se falar em risco à saúde pública. 
Ocorre com isso, o paternalismo estatal, isto é, a proteção do indivíduo contra si próprio. Des-
se modo, critica-se na excessiva intervenção estatal na vida de seus cidadãos.
Isso ocorre, por exemplo no caso do Estado querer impor a um dependente de drogas deter-
minado tratamento obrigatório, ou seja, contra a vontade do dependente. Portanto, o paternalismo 
aplica-se diminuindo a autonomia do indivíduo contra a sua própria vontade, ou até mesmo sem a 
sua aceitação, mas sempre com o fim de está causando ao dependente algum bem ou de impedir 
que suporte por algum mal.
Já conforme, Gerald Dworkin (1986, p.230) em se tratando do comportamento paternalista, 
em um grande significado, diz que, “[...] é a interferência na liberdade de ação de uma pessoa, 
justificada por razões que se referem exclusivamente ao bem estar, à felicidade, às necessidades, 
aos interesses ou aos valores da pessoa coagida”. 
Entende-se que o fato de um sujeito possuir droga para seu próprio consumo não deve ser 
entendido como objeto legítimo para o direito penal, sob pena de violação do direito de intimidade 
do indivíduo.
Nesse sentido, Claus Roxin defende que o direito penal só deve se manifestar em ultima ratio, 
ou seja, quando “[...] a eliminação do distúrbio social não puder ser obtida através de meios extra-
penais menos gravosos” (ROXIN, 2006. p. 13). No que tange ao uso de drogas, sob a perspectiva 
do usuário, observa-se que apenas o indivíduo provoca-lhe uma autocolocação em perigo, o que, 
para o Roxin, perfaz-se em situação que não carece de punição peloEstado Social de Direito.
Observa-se, com isso, que a interferência estatal, por meio do direito penal, na esfera privada 
do indivíduo para criminalizar o uso de drogas, é fato que ofende os direitos fundamentais descritos 
na Constituição Federal e os direitos da personalidade inseridos no Código Civil.
Nessa perspectiva, a prática abolicionista também critica a ineficácia das prisões, que eram ti-
das, no século XIX, como um lugar de ressocialização e futura reintegração dos infratores, mas que 
se revelam, hodiernamente, como um espaço de aprimoramento de delinquentes e de acelerada 
corrupção. De acordo com seus defensores, a possibilidade da prisão não funciona como elemento 
de prevenção do delito. 
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Segundo Edson Passetti, “[...] o sistema penal processa, prende e sentencia pelo dispositivo 
da seletividade, e os seus alvos principais se ampliam ou se concentram a partir das populações 
pobres e miseráveis, das pessoas que atentam contra a moral e dos rebeldes contestadores do 
conformismo” (PASSETTI, 2006, p. 85-90).
Essa situação pode ser confirmada pela análise do Levantamento Nacional de Informações 
Penitenciárias - INFOPEN - de junho de 2014, realizado pelo Ministério da Justiça, que apontou 
que, dentre a população carcerária, 25% dos homens e 63% das mulheres encarcerados são acu-
sados de cometer o crime de tráfico de drogas (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, web).
Ademais, há doutrinadores que entendem que o legislador forja um bem jurídico coletivo (a 
saúde pública) para legitimar a intervenção estatal nos bens jurídicos individuais. 
Nesse sentido, Érika Mendes de Carvalho e Gustavo Ávila (2015) entendem que a existência 
de um bem jurídico coletivo não é legitimada apenas pela soma de bens jurídicos individuais, e“[...] que, nas hipóteses do Direito Penal de drogas, disfarça a inexistência de realização de perigo 
concreto ou de lesão à integridade física individual e a ausência de periculosidade intrínseca às 
condutas incriminadas”.
Nesse diapasão, o defensor público do estado de São Paulo recorreu da decisão que conde-
nou o seu cliente condenado por porte de drogas para consumo próprio à pena restritiva de direito 
consistente na prestação de serviços à comunidade, alegando que ninguém pode ser punido por 
ser usuário, pois o que se faz na vida privada não afeta terceiros. 
O recurso chegou então até o STF, e foi processado como o recurso extraordinário 635.659, 
que ainda está em curso.
O relator do caso é o ministro Gilmar Mendes, que concorda com o pedido. Para ele, “[...] a 
criminalização da posse de drogas para uso pessoal conduz à ofensa à privacidade e à intimidade 
do usuário. Está-se a desrespeitar a decisão da pessoa de colocar em risco a própria saúde”.
O Ministro Edson Fachin se pronunciou pela declaração de inconstitucionalidade do artigo 28 
da Lei 11.343/2006, restringindo seu voto à maconha. O ministro explicou que,em temas de nature-
za penal, o tribunal deve agir com autocontenção, para evitar intervenções judiciais desarrazoadas. 
O ministro Roberto Barroso também se pronunciou pela descriminalização da posse de ma-
conha para consumo pessoal, propondo a legalização do porte de até 25 gramas de maconha ou a 
plantação de até seis plantas fêmeas. 
O relator do RE635659, o ministro Gilmar Mendes, também apresentou voto no sentido de 
prover o recurso e declarar a inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas. Destacou o rela-
tor que a criminalização viola o direito à personalidade do usuário, uma vez que gera uma punição 
desproporcional.
O Ministro Teori Zavascki pediu vista dos autos, para então proferir seu voto.
O Recurso Extraordinário está em andamento e até o seu julgamento final, a discussão con-
tinua.
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Em uma perspectiva de direito comparado, ressalta-se que, em vários países, houve a descri-
minalização da conduta de porte de drogas para consumo.
Em se tratando de América do Sul, destaca-se a recente mudança na legislação Uruguaia. 
Em 2013, o então presidente José Mujica regulamentou não somente o porte da maconha para uso 
próprio, mas também todo o seu ciclo, deixando sob o controle do Estado. Assim, pessoas capazes 
podem comprar, cultivar e, é claro, portar e usar a maconha legalmente, mediante cadastro.
Em 2009, a vizinha Argentina descriminalizou o porte de drogas para consumo próprio em 
lugares privados, desde que em pequenas quantidades. Ocorre aqui um problema que também 
recorrente no Brasil: muitas pessoas são enquadradas como traficantes, mesmo que portando 
pequenas quantidades de drogas, uma vez que a expressão “pequenas quantidades” é genérica.
Bolívia e Venezuela, por suas vezes, descriminalizaram o porte para uso pessoal de droga e 
adotam o modelo de justiça terapêutica, sujeitando o usuário a ser encaminhado para internação 
ou tratamento.
No Chile, o porte de até 10 gramas de maconha para consumo próprio não é considerado 
crime. Também não é crime cultivar até seis plantas desta droga. 
Nessa linha, a Colômbia também descriminalizou o porte de drogas para quem as carrega 
para uso pessoal desde 1994. Em 2009, o país voltou a criminalizar a conduta. Em 2011, foi deci-
dido pela descriminalização do porte de 20 gramas de maconha e 1 (uma) grama de cocaína. Em 
2014, foi aprovada legislação para permitir o uso para fins medicinais. 
Nos vizinhos Equador e Paraguai, a quantidade máxima permitida pra configurar uso pes-
soal é de 10 gramas e a de cocaína é 2 gramas. O Peru, apesar da descriminalização do porte de 
drogas desde 2003, muitas vezes a polícia prende os consumidores até que a justiça decida se a 
quantidade da substância caracteriza ou não tráfico.
Os Estados Unidos, apesar de dar o nome ao modelo de política criminal de drogas que prega 
a tolerância zero, desde 2012, a política de drogas muda de acordo com o estado. Estados como 
Washington, Colorado, Oregon e Alasca já legalizaram o consumo recreativo da maconha.
Na Jamaica, país de Bob Marley, ao contrário do que muitos pensavam, somente neste ano o 
porte de maconha para uso foi legalizado. A maconha está liberada para uso médico, com receita, 
e religioso, como fazem os rastafáris. A quantidade prevista na lei por pessoa é de 57 gramas para 
porte e até cinco plantas para cultivo. 
No México, desde o ano de 2009, o porte de 5 gramas de maconha, meio grama de cocaí-
na,50 miligramas de heroína ou uma pílula de ecstasy é considerado uso pessoal e não causa a 
prisão. Após três apreensões, no entanto, o usuário tem que se submeter a tratamento, sob pena 
de processo.
No que tange ao continente Europeu, a Holanda, país famoso pela sua política de tolerância à 
droga, nem é tão tolerante assim, uma vez que é permitido o porte de até 5 gramas de maconha e o 
cultivo de até cinco pés, bem como o consumo em público. Nos coffee shops, a venda de maconha 
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é permitida. Até 2013, turistas não podiam entrar nos coffee shops, mas isso mudou.
Destaca-se na Holanda, ainda, a política de redução de danos, com fornecimento de agulhas 
e seringas descartáveis para viciados em determinado pontos. 
Há 14 anos, Portugal descriminalizou todos os tipos de drogas, passando a utilizar a política 
terapêutica: se alguém for flagrado com até 25 gramas de maconha, 2 gramas de cocaína, 1 grama 
de heroína ou 1 grama de ecstasy, é encaminhado a um comitê composto por médicos e assisten-
tes sociais. Se as quantidades forem superiores às supracitadas, haverá processo criminal.
A Constituição alemã, datada de 1994, legalizou a posse de pequenas quantidades de dro-
gas. Ocorre, porém, que cada Estado alemão interpreta a decisão de uma maneira. Assim, as 
substâncias e quantidades permitidas variam de acordo com cada estado.
Desde 1982, há uma lei na Espanha que descriminaliza o porte para consumo pessoal. 
Permite-se até 200 gramas de maconha, 7,5 de cocaína ou 03 de heroína. As pessoas flagradas, 
porém, estão sujeitas multas ou a suspensão da carteira de motorista. 
A Itália descriminalizou o porte de drogas para uso pessoal ainda na década de 1970, mas a 
regulamentação varia muito ao longo do tempo. 
Por fim, esta é a perspectiva internacional no que tange à descriminalização das drogas para 
consumo. O que se percebe é que, na maioria dos países, houve a descriminalização, ainda que 
em pequena quantidade, o que caracteriza o uso pessoal. No Brasil, ainda é discutível esta ques-
tão.
CONCLUSÃO
A questão da constitucionalidade do artigo 28 da Lei 11.343/06 é muito debatida atualmente, 
chegando ao seu ápice com o processamento do recurso RE635659, o qual ainda está em anda-
mento. 
Coadunam os defensores da descriminalização da conduta que o legislador está ferindo o di-
reito à intimidade do indivíduo usuário, uma vez que sua conduta causa danos somente a ele, não 
tendo que se falar em dano à saúde pública. 
O direito penal somente é legítimo quando funciona como um meio indispensável para a pro-
teção do bem jurídico, conforme o princípio da intervenção mínima, deve, ainda, respeitar o princí-
pio da alteridade, difundido pelo alemão Claus Roxin, segundo qual não há crime na conduta que 
somente prejudica o próprio autor. 
No caso em tela, ao portar droga para consumo próprio, o individuo lesiona a si próprio, e 
nunca a terceiro, tampouco o bem coletivo “saúde pública”. Assim, o legislador está a ferir dois 
princípios basilares do direito penal.
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Ademais, deve-se respeitar um direito constitucionalmente reconhecido, qual seja, a intimida-
de do indivíduo usuário de drogas.
É sabido que o debate acerca do tema é inesgotável e ainda se espera a decisão do RE nº 
635659, porém, é necessário colocar o tema em discussão nos trabalhos acadêmicos, vez que, de 
uma forma ou de outra, todos os brasileiros são atingidos pela política criminal de drogas adotada

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