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SEMIOLOGIA - Anamnese Psiquiátrica

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SEMIOLOGIA: ANAMNESE PSIQUIÁTRICA
Esquematicamente a anamnese terá todos os componentes de toda história clínica. No entanto, devido às características da doença mental os dados devem ser coletados e interpretados com certas peculiaridades. Os dados podem ser obtidos de duas fontes: paciente e acompanhante. Nenhuma das duas é 100% fidedigna. O paciente pode simular sintomas psiquiátricos, entretanto é algo difícil de se manter. A omissão de sintomas ocorre em maior frequência. Frequentemente o paciente vai a consulta com acompanhante, nesse caso o paciente deve ser ouvido primeiro e só depois ouvir o acompanhante - sempre na presença do paciente. Se o paciente se mostrar ansioso e solicitar a presença do acompanhante durante a consulta, essa deve ser tolerada até o paciente se sentir mais tranquilo. Os dados fornecidos por terceiros também podem estar distorcidos - pais com dificuldade em observar distúrbios de conduta no filho. O médico pode receber informações contraditórias, lembrar de se manter imparcial.
Nos casos de crianças, muitos preferem entrevistar primeiro a família, outros preferem observar a interação entre todos os integrantes, é interessante que todos os responsáveis envolvidos na criação da criança compareçam à entrevista.
A privacidade do local da entrevista é de extrema importância nesse caso, o paciente deve se sentir confortável para falar de assuntos íntimos. É bom encorajar o paciente para falar livremente, a entrevista em forma de questionário nesse caso pode não ser a melhor escolha. À medida que ele faz seu relato, o examinador deve reconhecer os momentos nos quais pode introduzir questões relevantes para a anamnese. As perguntas devem ser abertas e sem induzir respostas positivas ou negativas. 10 a 15 minutos para o final da entrevista o médico deve informar ao paciente que a mesma está chegando ao final para que nesse tempo sejam esclarecidos alguns pontos conversados. O entrevistador iniciante deve entender que frequentemente não conseguirá entender todos os pontos levantados na consulta. Caso o médico não esteja seguro do diagnóstico, é preferível que ele faça novas entrevistas antes de começar o tratamento, desde que não seja um caso de emergência psiquiátrica.
Roteiro
Identificação: é muito comum a existência de um acompanhante e deve ser registrada; é útil registrar fontes de encaminhamento nessa etapa; essas informações podem ser obtidas antes de encontrar com o paciente.
QPD: é a parte mais complicada, por vezes é difícil identificar qual queixa mais incomoda o paciente ou até o paciente relata não haver problema algum; por vezes a informação vem do acompanhante.
HDA: é fundamental saber características como o início da doença - mesmo que o paciente não saiba ao certo quando foi o início o médico pode auxiliar a localizar com mais precisão; a forma que iniciou a doença - se foi súbita ou gradual; evolução da doença - mudanças ao longo do tempo, se tem remissão, frequência, algum padrão de manifestação dos sintomas (se vem em períodos específicos); fatores precipitantes - devem ser observados pelo médico através do relato do paciente, a tendência do paciente é de relacionar os sintomas com algum acontecimento concreto (traumatismo na cabeça, doença física), por isso o entrevistador deve buscar também eventos emocionais que possam estar relacionados com os sintomas (essas correlações não devem ser explicadas de imediato ao paciente, pois este pode apresentar resistência maior); impacto da doença sobre o paciente; revisão de sistemas ou interrogatório sintomatológico - frequentemente os distúrbios emocionais são acompanhados por sintomas físicos, por isso é importante abordar temas como padrão de sono, aumento ou perda de peso, alterações de apetite, funcionamento dos intestinos e atividade sexual.
Antecedentes Pessoais: importante obter um quadro mais completo possível sobre o desenvolvimento do paciente; não é possível conseguir toda a história do paciente em uma consulta, muitas informações vão ser abordadas em consultas diferentes; acerca da infância se deve perguntar sobre o desenvolvimento psicomotor, situações emocionalmente traumáticas, distúrbios emocionais precoces (tiques, gagueira, roer unha, terror noturno) e início da socialização e escolaridade; perguntar acerca da relação do paciente com a puberdade e adolescência, incluindo escola, namoro, interesses e valores desenvolvidos nesse período; desenvolvimento e relação com a vida sexual; vida laborativa - quando começou a trabalhar, número de empregos, situação de trabalho e aspirações na vida; a história médica também deve ser obtida, verificar quais medicamentos e drogas o paciente tem usado; condições atuais de vida.
Antecedentes Familiares: com os antecedentes familiares o entrevistador também deve buscar informações acerca da relação do paciente com os familiares e pessoas envolvidas na sua educação e sustentação emocional; buscar relacionamentos amorosos também; pesquisar histórico de doença mental e outras efemeridades na família.

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