Buscar

Direito Penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PENAL
PARTE GERAL
RESPONSABILIDADE CRIMINAL NA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Conceito de funcionário público
Art. 327. Considera-se funcionário, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Esse é um conceito de funcionário público para efeitos penais. Essa definição não se encaixa no direito administrativo e vice e versa. Até o mesário é considerado funcionário público para os efeitos penais. Ele é funcionário público somente no período em que está à disposição na zona eleitoral, embora não receba dinheiro para isso.
§1º. Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da administração pública.
Limpeza urbana é um exemplo de atividade típica da administração. Em alguns municípios são os próprios funcionários da prefeitura que fazem esse serviço, mas em outros foi uma empresa que ganhou o processo licitatório e trabalha a serviço da prefeitura. O funcionário dessa empresa será considerado funcionário público para efeitos penais, mesmo sendo celetista em relação a empresa.
Art. 316. Aquele que exige vantagem indevida sendo funcionário público comete o crime de concussão. Logo, o funcionário da empresa que realiza limpeza urbana para a prefeitura, se exigir vantagem, responderá por concussão, pois equipara-se a funcionário público.
§2º. A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. É pior para eles, pois ocupam cargo de confiança, então o dever de probidade é mais intenso. O depósito de confiança da administração foi muito maior.
Crimes em espécie praticados por funcionários públicos da administração
Extranius é o particular, de fora. Não é funcionário público.
Intranius é o funcionário público, é o que está dentro.
O particular (extranius) que comete um dos crimes típicos do funcionário público em coautoria com um funcionário público responde pelo mesmo crime. DESDE que conheça a qualidade de funcionário público do autor do fato. Art. 30 do CP. A qualidade de funcionário público é elementar dos crimes do art. 312 ao 316.
Art. 312. Peculato próprio (apropriação e desvio). Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem posse em razão do cargo ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. Pena: reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
É peculato apropriação quando o funcionário público se apropria. É peculato desvio quando o funcionário público desvia. Ambos são peculato próprio. Tanto em um quanto no outro, o funcionário público tem que ter a posse do bem. Se consuma quando ocorre a apropriação ou o desvio. 
O sujeito ativo é o funcionário público e o particular que concorrer para o crime responderá da mesma forma. O sujeito passivo, vítima, é a administração pública, mas além da administração pode ter um particular como vítima.
§1º. Peculato impróprio (peculato furto). Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
§2º. Peculato culposo e reparação de dano. Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem. Pena: detenção, três meses um ano.
§3º. No caso do parágrafo anterior a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior (do trânsito em julgado), reduz de metade a pena imposta. 
Nos demais crimes não tem modalidade culposa, somente o peculato. No §1º é modalidade dolosa.
Exemplo de modalidade culposa: funcionário público sai para almoçar no horário do almoço e não deixa pessoa responsável pelo prédio tomando conta, pede um favor pra alguém e quando volta, algumas coisas foram furtadas. Agiu com negligência, é peculato culposo. No peculato culposo admite redução da pena ou extinção da punibilidade com a reparação do dano, mas no doloso, se houver reparação do dano, não haverá redução da pena imposta. 
Art. 313. Peculato mediante erro de outrem (peculato estelionato). Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo concebeu por erro de outrem. Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa. Não foi ele que induziu a pessoa em erro, a pessoa já veio em erro.
Exemplo: um particular vai pagar uma taxa e paga a taxa ao funcionário público errado. Esse funcionário deveria encaminhar o particular ao funcionário público correto, mas se apropria do dinheiro.
Art. 313-A. Inserção de dados falsos em sistema de informações. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.
Exemplo: pessoa tem várias anotações na fac e um funcionário público apaga os dados fazendo com que ela se torne ré primária.
ATENÇÃO! O que o hacker faz é diferente do que o funcionário público faz, é outra tipificação.
Art. 313-B. Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente. Pena: detenção de 3 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a administração pública ou para a administração. 
No 313-A altera os dados, no 313-B altera o sistema ou programa de informática.
Art. 314. Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento. Extraviar livro oficial qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente. Pena: reclusão de a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
No 314 necessariamente tem que ser um funcionário público, se não for, será outro crime. Extraviar é perder, sonegar é desviar e inutilizar é destruir. Os três atos devem ser dolosamente, pois culposamente não há crime.
Art. 315. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei. Pena: detenção, de uma três meses, ou multa. Esse artigo não quer dizer que o funcionário necessariamente pegou a verba para ele, mas usou de outra forma. Se pegou pra ele, pode ser peculato. Tem que ser estabelecida em lei, não pode ser em decreto, medida provisória, etc.
Art. 316. Concussão. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora de função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. 
Exemplo: funcionário público, em razão de sua função, exige determinada quantia para não fechar estabelecimento. Na função é in ofício, fora da função é propter ofício. 
O particular que cede a exigência ou a solicitação não comete a concussão ou a corrupção.
Na corrupção passiva o verbo é solicitar. O funcionário público solicita vantagem. Não há um caráter coercitivo, diferente da concussão. Diferente da corrupção passiva, o crime de corrupção ativa é praticado por um particular, que oferece ou promete vantagem indevida (propina) a um funcionário publico, em troca do uso do cargo para beneficiá-lo de alguma forma. Basta oferecer a propina, não é necessário que ela seja aceita.
§1º. Excesso de exação. Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. Pena: reclusão de 3 a 8 anos,e multa.
A exação é a cobrança rigorosa, mas isso é dever do funcionário. Contudo, se o funcionário público se excede na exação, esta se torna crime e deve ser punido.
§2º. Excesso de exação qualificado. Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos. Pena: reclusão de dois a doze anos, e multa. 
O crime de concussão é formal, ou seja, se consuma independentemente do resultado naturalístico. Isso significa que o resultado não é necessário. 
Art. 317. Corrupção passiva. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.
O receber mencionado no artigo 317 é sobre receber aquilo que foi oferecido/prometido pelo particular, mas este não tinha para entregar na hora. O particular comete a corrupção ativa. Solicitar é pedir, é sutil. Exigir (concussão) sempre vem acompanhado de um mal, uma ameaça. 
O flagrante da corrupção passiva se dá no momento em que o funcionário solicita a vantagem. Caso ele não receba a vantagem naquele momento, não caberá flagrante, pois o crime terá se exaurido. O receber do 317 é receber aquilo que foi oferecido/prometido pelo particular, nesse cabe flagrante. O particular que cede a solicitação de vantagem não comete crime, apenas se ele oferecer a vantagem. 
§1º. Corrupção passiva circunstanciada. A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§2º. Corrupção passiva privilegiada. Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou infração de outrem. Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Exemplo: o delegado está lavrando um apf e sua mãe liga dizendo para ele não prender a pessoa em flagrante, pois é filho de um conhecido. O delegado então não faz o apf, somente faz o r.o e libera a pessoa. Isto é, cedeu a um pedido.
Na prevaricação é diferente, pois o funcionário deixa de praticar ou retarda, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Art. 318. Facilitação de contrabando ou descaminho. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334). Pena: reclusão de 3 a 8 anos, e multa.
O funcionário público não está praticando o contrabando ou o descaminho. Ele está facilitando. Descaminho é a entrada ou saída de mercadoria sem o recolhimento de tributos incidentes. Contrabando é a entrada ou saída de mercadoria proibida (ex: pneu usado. Se for droga, é tráfico internacional de drogas. Se for armas é tráfico internacional de armas. Cada um tem a sua lei). É um crime funcional, ou seja, só pode ser praticado por funcionário público.
Art. 319. Prevaricação. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
O que caracteriza a prevaricação é satisfazer o interesse ou sentimento pessoal. 
Art. 319-A. Prevaricação. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Pena: detenção de 3 meses a 1 ano. O presidiário não comete o crime, mas o agente sim. Ele sofrerá apenas uma falta grave no âmbito interno. Em alguns países a pena do preso pego com celular é aumentada. 
Art. 320. Condescendência criminosa. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. Pena: detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Condescendência/indulgência é tolerância. Se for por outro motivo que não seja tolerância é prevaricação. 
Art. 321. Advocacia administrativa. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. Pena: detenção, de um a três meses ou multa. Parágrafo único: se o interesse é ilegítimo. Pena: detenção, de três meses a um ano, além da multa. É crime necessariamente praticado por funcionário público. No caput, o interesse pode ser até legítimo que mesmo assim será crime.
Exemplo: pessoa é assessora da pgm e advoga pra alguém que está processando a pgm. Isso não pode ocorrer (ou um mero favor também).
Art. 322. Violência arbitrária. Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. Pena: detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. 
 
Pode ser uma violência física ou moral, que é a grave ameaça. 
A antiga lei de abuso de autoridade revogava tacitamente esse artigo, mas com a nova lei de abuso não há conduta semelhante prevista no artigo 322, logo, tal artigo foi “reestabelecido”. 
Exemplo: policial age de forma truculenta desnecessariamente durante abordagem.
Art. 323. Abandono de função. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei. Pena: detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
O crime deveria se chamar abandono de cargo público, mas se chama abandono de função. Quando a pessoa se afasta do cargo em casos permitidos em lei, deixa de ser abandono. O artigo foi mal formulado. 
§1º. Se do fato resulta prejuízo público. Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa.
Nem todo abandono acarreta prejuízo público, mas mesmo que não acarrete, o fato de abandonar o cargo já caracteriza o crime.
§2º. Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira. Pena: detenção, de um a três anos, e multa.
Abandonar o cargo compreendido na faixa de fronteira é como deixar o Brasil vulnerável a qualquer invasão.
Art. 324. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado. Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso. Pena: detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Exemplo: pessoa já passou no concurso e começa a agir como se já tivesse tomado posse do cargo. 
Art. 325. Violação de sigilo funcional. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação. Pena: detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
Atualmente ocorre muita violação de sigilo funcional por meio da mídia. Exemplo: durante a operação lava jato, diversos canais, informavam quando ocorreriam as audiências colaborações premiadas. Isso significa que algum funcionário público violou esse sigilo e vazou a informação. 
É diferente de violação de segredo profissional, que é o dever que o médico tem com o paciente ou o advogado tem com seu cliente, por exemplo.
Exemplo: expedir mandado de busca e apreensão na casa de algum traficante e ele ser avisado por alguém que tinha acesso ao mandado. 
§1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma de acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da administração pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito;
§2º Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública ou a outrem. Pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.
Art. 326. Violação de sigilo de proposta de concorrência. Foi revogado tacitamente pela lei de licitações.
Crimes praticados por particular contra a administração pública
Art. 329. Resistência. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio. Pena:detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º. Se o ato, em razão da resistência, não se executa. Pena: reclusão, de um a três anos.
§ 2º. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Isto é, se resistiu mediante violência, além do crime de resistência, responderá pela lesão ocasionada ao funcionário público. 
O fato de a pessoa rolar no chão, esconder a mão para não ser algemado ou sair correndo para não ser preso não caracteriza resistência, pois não empregou violência ou grave ameaça. Se a pessoa resistir a ato ilegal, não caracterizará o crime de resistência.
Se o funcionário não for competente, embora o ato seja legal, não caracterizará o crime de resistência. 
Há uma linha tênue entre a resistência e a tentativa de homicídio. Se o criminoso atira em direção ao policial, é resistência, pois só queria dispersar o policial. Se o criminoso atira no policial, é tentativa de homicídio.
Art. 330. Desobediência. Desobedecer a ordem legal de funcionário público. Pena: detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
É um crime de mera conduta, ou seja, não tem resultado naturalístico. Desobedecer é não acatar. A ordem tem que ser legal. 
Exemplo: policial chega com um mandado de busca e apreensão e a pessoa não quer cumprir. Se o mandado está formalmente em ordem (assinatura do juiz, estrutura do mandado, etc) tem que obedecer e depois questiona o mérito (materialidade, a razão pelo qual o mandado foi expedido). Se não está formalmente correto, não há crime em não obedecer. A pessoa precisa ter ciência inequívoca do ato legal, se não houve ciência, não há desobediência. As vezes acontece de mandar oficiar uma empresa, por exemplo, ai guardam o ofício e a pessoa não toma conhecimento. Essa pessoa não pode ser presa por desobediência, pois ela não tinha ciência do ofício. Se a ordem for ilegal, o juiz responderá por abuso de autoridade. 
ATENÇÃO! A condução coercitiva de réu ou investigado que não queira cumprir mandado para ser interrogado foi declarada inconstitucional. CONTUDO, a condução coercitiva de testemunha continua sendo constitucional, logo, se esta foi intimada regularmente e não comparecer em juízo, nem justificar o não comparecimento, pode o juiz determinar que seja conduzida “debaixo de vara”, ou seja, o OJA pode levar um policial para que essa testemunha seja conduzida.
Art. 331. Desacato. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. Pena: detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Nesse crime, o funcionário público é a vítima e o particular o sujeito que comete o crime. A administração pública é a vítima primária e o funcionário público é a vítima secundária. Desacatar é ofender, menosprezar, não no aspecto pessoal (ai seria crime contra a honra), mas sim, no aspecto funcional. Se um particular estiver discutindo com um funcionário público, mas chamar ele de corno, tal ofensa não tem a ver com a função, logo, é crime contra a honra.
Pode haver desacato entre funcionários públicos? Há três correntes. A primeira diz que o desacato só poderia ocorrer do funcionário subordinado para com seu superior. A segunda diz que só poderia ocorrer do superior com o subordinado. A terceira considera que qualquer um pode desacatar qualquer um. 
No exercício da função: in oficium
Em razão da função: propter oficium
Art. 333. Corrupção ativa. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Pena: reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Parágrafo único: pena aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício ou pratica infringindo dever funcional.
Tanto a concussão e a corrupção passiva são crimes formais, não precisa do resultado naturalístico, mesmo sendo previsto em lei. No 333 temos o corruptor, no 317 temos o corrupto. O particular que cede a solicitação ou a exigência não comete crime.
Na corrupção ativa basta oferecer ou prometer para que o crime se consuma. Caso o funcionário pública chegue a receber, ambos cometeram o crime. O funcionário público por corrupção passiva e o particular pela ativa.
Art. 334. Descaminho. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. 
§1º. Incorre na mesma pena quem:
I – pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
II – pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; 
III – vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; 
IV – adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§ 2º. Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
§ 3º. A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. 
Descaminho e contrabando são diferentes.
Esse 333 é praticado pelo particular enquanto a facilitação de contrabando ou descaminho é praticado pelo funcionário público.
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida. Pena: reclusão, de 2 a 5 anos. 
§ 1º. Incorre na mesma pena quem:
I – pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
II – importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou autorização de órgão público competente;
III – reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; 
IV – vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; 
V – adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. 
§ 2º. Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3º. A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.
Art. 337-A. Sonegação de contribuição previdenciária. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; 
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1º. Sonegação de contribuição previdenciária. É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 2º. É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I – vetado;
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdênciasocial, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
Crimes contra a administração da justiça
Art. 338. Reingresso de estrangeiro expulso. Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso. Pena: reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.
A Lei da migração revogou o estatuto do estrangeiro. Ela prevê a deportação, extradição, e a expulsão. 
Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado.
§ 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado relativa à prática de:
I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo; ou
II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional.
É um crime instantâneo, pois se consuma no momento em que o sujeito atravessa a fronteira. Em caso de reingresso por voo, consuma-se no momento em que o avião atravessa a fronteira, mas para fins práticos considera-se o momento em que o sujeito chega no aeroporto.
Art. 339. Denunciação caluniosa. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Denunciação caluniosa não é o mesmo que calúnia, calúnia é crime contra a honra. Caluniar é imputar falsamente fato definido como crime. 
Antigamente bastava que a polícia começasse a investigar que já estava configurada a denunciação caluniosa, mas com a nova redação tem que instaurar o inquérito para que seja declarada a denunciação caluniosa. 
Um elemento importante é a ciência da inocência do sujeito. Desconfiar que alguém cometeu determinado crime não se enquadra em denunciação caluniosa, apenas se instaurar o inquérito.
§1º. A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
§2º. A pena é diminuída da metade, se a imputação é de prática de contravenção.
Em caso de anonimato deve-se tomar cuidado dobrado para não deflagrar ação penal injustamente, pois dependendo do crime, pode trazer consequências graves para o incriminado. 
Art. 340. Comunicação falsa de crime ou contravenção. Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado. Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
Aqui o fato não está sendo imputado a ninguém, como na denunciação caluniosa. Chamar a polícia já é provocar a ação de uma autoridade. É crime porque o sujeito já sabe que o crime ou a contravenção não se realizou. 
Às vezes a comunicação falsa de crime pode ser o crime meio, como por exemplo, no caso de uma pessoa que finge ter sido furtada, registra um boletim de ocorrência e aciona o seguro. O crime principal é o estelionato, o crime de meio é a comunicação falsa de crime.
Art. 341. Autoacusação falsa. Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem. Pena: detenção, de 1 mês a dois anos, ou multa.
O sujeito está se auto acusando de um crime que não existiu ou que foi praticado por outra pessoa. O sujeito que se auto acusa, normalmente, o faz para acobertar alguém, mas pode acontecer de se tratar de uma pessoa com esquizofrenia se auto acusando de algo que não aconteceu.
Art. 342. Falso testemunho ou falsa perícia. Fazer afirmação falsa ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo policial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. Pena: reclusão, de 2 a 4 anos, e multa. 
É um crime de mão própria, ou seja, o crime só pode ser praticado pela testemunha, pelo perito, contador, tradutor ou intérprete. Não pode outra pessoa fazer isso por ele.
Exemplo: Se o advogado induziu a testemunha a mentir, ele será partícipe do falso testemunho. Há uma teoria que diz que a testemunha tem que estar compromissada para incorrer no falso testemunho, mas há uma teoria que defende que não. 
No nosso CP algumas pessoas estão dispensadas do compromisso, como por exemplo a mãe do réu, o pai, os irmãos, os cônjuges, pois claramente essas pessoas não falarão a verdade. Logo, estarão descompromissados de dizer a verdade. 
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. RETRATAÇÃO (causa de extinção de punibilidade, art. 107, CP) só é cabível nos casos previstos em Lei, logo, não há retratação em qualquer crime. Nos crimes contra a honra de calúnia e difamação cabe retratação. Tem que se retratar no mesmo processo em que cometeu o falso. Se o falso testemunho for no juri, necessitará de quesitos dos jurados.
Exemplo: Se uma mãe pede a testemunha para mentir para inocentar seu filho, ela responderá por partícipe de falso. Mas se ela deu dinheiro, será enquadrará em corrupção ativa de testemunha.
Art. 343. Corrupção ativa de testemunha (é correlato do crime de falso). Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação. Pena: reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Art. 344. Coação no curso do processo. Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Exemplo: mãe do réu procura a vítima e a ameaça caso ela reconheça seu filho na audiência.
Art. 347. Fraude processual. Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. Pena: detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único: se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
Inovar artificiosamente significa modificar. Exemplo: mudar a cena de um crime. Lavar o carro depois de um atropelamento.
Art. 345. Exercício arbitrário das próprias razões. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite. Pena: detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único: se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
Art. 346. Exercício arbitrário das próprias razões. Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção. Pena: detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Exemplo: pessoa pega telha da casa que alugou para seu inquilino e coloca em seu telhado, pois durante a ventania sua telha voou. Ora, a telha da casa do inquilino é sua, mas está em posse dele, mesmo sendo sua não poderia ter sido tirada. 
Art. 348. Favorecimento pessoal. Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão. Pena: detenção, de um a seis meses, e multa. 
Exemplo: ajudar um criminoso a fugir da autoridade policial.
§1º. Se ao crime não é cominada pena de reclusão. Pena:detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
§2º. Se quem presta auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena (escusa absolutória).
Art. 349. Favorecimento real. Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime. Pena: detenção, de um a seis meses, e multa.
Exemplo: esconder na sua garagem o carro que seu amigo roubou ou emprestar uma conta para depositar o dinheiro que foi extorquido de alguém.
Art. 349-A. Ingresso de celular em presídios. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho eletrônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano.
O preso que entra no presídio com celular comete falta grave e responde administrativamente. O artigo 349-A é sobre a pessoa que vai visitar o preso. Se o agente penitenciário fizer vista grossa e permitir a entrada, ele responderá pelo artigo 319-A.
Art. 319-A. Deixar o direito de penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano.
Art. 351. Fuga de pessoa presa. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva (internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ao inimputável). Pena: detenção, de seis meses a dois anos.
§1º. Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos.
Não é o preso que responde pelo crime, mas a pessoa que promove ou facilita a fuga.
Art. 352. Evasão mediante violência. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa. Pena: detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente a violência.
Esse crime é cometido pelo preso. A pena do crime tentado e do consumado é a mesma nesse caso. É o chamado crime de empreendimento. 
Art. 354. Motim de presos. Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão. Pena: detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.
É a famosa rebelião.

Outros materiais