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TUTORIA 4 UCI - Introdução ao Estudo da Medicina

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Pâmela Brandão da Silva
TUTORIA 4 – MÓDULO 1 – 17/02/2020
SP4- “Será que eu posso? ”
· Conceituar ética e bioética 
	Ética é uma palavra de origem grega “éthos” que significa caráter e que foi traduzida para o latim como “mos”, ou seja, costume, daí a utilização atual da ética como a “ciência da moral” ou “filosofia da moral” e entendida como conjunto de princípios morais que regem os direitos e deveres de cada um de nós e que são estabelecidos e aceitos numa época por determinada comunidade humana. A ética se ocupa com o ser humano e pretende a sua perfeição por meio do estudo dos conflitos entre o bem e o mal, que se refletem sobre o agir humano e suas finalidades.
	Em suma, temos a ética como estudo das ações e dos costumes humanos ou a análise da própria vida considerada virtuosa.
	Para que exista a conduta ética, é necessário que o agente seja consciente, quer dizer, que possua capacidade de discernir entre o bem e o mal (cabe observar agora que agir eticamente é ter condutas de acordo com o bem. Todavia, definir o conteúdo desse bem é problema à parte, pois é uma concepção que se transforma pelos tempos). A consciência moral possui a capacidade de discernir entre um e outro e avaliar, julgando o valor das condutas e agir conforme os padrões morais. Por isso, é responsável pelas suas ações e emoções, tornando-se responsável também pelas suas consequências.
	Os valores podem ser entendidos como padrões sociais ou princípios aceitos e mantidos por pessoas, pela sociedade, dentre outros. Assim, cada um adquire uma percepção individual do que lhe é de valor; possuem pesos diferenciados, de modo que, quando comparados, se tornam mais ou menos valiosos. Tornam-se, sob determinado enfoque, subjetivos, uma vez que dependerão do modo de existência de cada pessoa, de suas convicções filosóficas, experiências vividas ou até, de crenças religiosas. Do que foi dito, as pessoas, a sociedade, as classes, cada qual têm seus valores, que devem ser considerados em qualquer situação.
	Para as teorias éticas, o desejável é o “ser”: ser livre e autônomo (o ser que pondera seus atos no respeito ao outro e no direito comum); ser que age para a benevolência e a beneficência (pratica o bem e não o nocivo); o ser que exercita a justiça (avalia atos, eventos e circunstâncias com a razão e não distorce a verdade); o ser virtuoso no caráter (solidário, generoso, tolerante, que ama a liberdade e o justo).
	Em qualquer discussão que envolva um tema ético não se pode abrir mão do ‘princípio universal da responsabilidade’. Este princípio deve permear todas as questões éticas e está relacionado aos aspectos da ética da responsabilidade individual, assumida por cada um de nós; da ética da responsabilidade pública, referente ao papel e aos deveres dos Estados com a saúde e a vida das pessoas; e com a ética da responsabilidade planetária, nosso compromisso como cidadãos do mundo frente ao desafio de preservação do planeta.
	Esta visão ética ampliada de valorização da vida no planeta exige uma postura consciente, solidária, responsável e virtuosa de todos os seres humanos e principalmente daqueles que se propõem a cuidar de outros seres humanos, em instituições de saúde ou em seus domicílios.
	Assim, pode-se perceber que a preocupação com os aspectos éticos na assistência à saúde, não se restringe à simples normatização contida na legislação ou nos códigos de ética profissional, mas estende-se ao respeito à pessoa como cidadã e como ser social, enfatizando que a “essência da bioética é a liberdade, porém com compromisso e responsabilidade”.
	O termo “Bioética” surgiu nas últimas décadas, a partir dos grandes avanços tecnológicos na área da Biologia, e aos problemas éticos derivados das descobertas e aplicações das ciências biológicas, que trazem em si enorme poder de intervenção sobre a vida e a natureza. Com o advento da AIDS, a partir dos anos 80, a Bioética ganhou impulso definitivo, obrigando à profunda reflexão “bioética” em razão das consequências advindas para os indivíduos e a sociedade.
	A Bioética pode ser compreendida como “o estudo sistemático de caráter multidisciplinar, da conduta humana na área das ciências da vida e da saúde, na medida em que esta conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais”. O comportamento ético em atividades de saúde não se limita ao indivíduo, devendo ter também, um enfoque de responsabilidade social e ampliação dos direitos da cidadania, uma vez que sem cidadania não há saúde. Na prática médica, a ética pode ser analisada sob três aspectos: a relação médico-paciente, o relacionamento dos médicos entre si e com a sociedade
	Hans Jonas introduziu o conceito de ética da responsabilidade. Para ele todos têm responsabilidade pela qualidade de vida das futuras gerações. Foi ele também que abordou o conceito de risco e a necessidade de avaliá-lo com responsabilidade. Potter, representante da bioética, também se mostrava preocupado com os riscos que podem ser causados pela ciência em nível mundial. Para o autor, o conhecimento pode ser perigoso, entendendo o conhecimento perigoso, como aquele que se “acumulou muito mais rapidamente do que a sabedoria necessária para gerenciá-lo” e sugere que “a melhor forma de lidar com o conhecimento perigoso é a sabedoria, ou seja, a produção de mais conhecimento e mais especificamente de conhecimento sobre o conhecimento”.
	A ética da responsabilidade e a bioética conduzem a responsabilidade para com as questões do cotidiano e das relações humanas em todas as dimensões desde que tenhamos uma postura consciente na arte de cuidar do outro como se fosse a si mesmo.
	Portanto, as discussões e reflexões da Bioética não se limitam aos grandes dilemas éticos atuais como o aborto, a eutanásia ou os transgênicos, incluem também os campos da experimentação com animais e com seres humanos, os direitos e deveres dos profissionais da saúde e dos clientes, as práticas psiquiátricas, pediátricas e com indivíduos inconscientes e, inclusive, as intervenções humanas sobre o ambiente que influem no equilíbrio das espécies vivas, além de outros. A Bioética não está restrita às Ciências da Saúde. Ela desde que surgiu abrange todas as áreas do conhecimento. A sua atuação tem a ver com a vida. Tem enfoque interdisciplinar ou, talvez até, transdisciplinar.
	Em referência à abrangência atual da Bioética destacam-se quatro aspectos considerados relevantes e que estimulam uma reflexão teórica mais ampla entre as ciências da vida, ou seja, uma bioética da vida cotidiana, que se refere aos comportamentos e às ideias de cada pessoa e ao uso das descobertas biomédicas; uma bioética deontológica, com os códigos morais dos deveres profissionais; uma bioética legal, com normas reguladoras, promulgadas e interpretadas pelos Estados, com valor de lei e; uma bioética filosófica, que procura compreender os princípios e valores que estão na base das reflexões e das ações humanas nestes campos.
	Sendo assim, a bioética pode ser vista também como o que pode salvar a vida moral da Medicina, sendo que ela permite outrossim encarar muitos dos desafios implicados pelas práticas das Ciências da Vida e da Saúde, em particular, pelas pesquisas que envolvem seres humanos.
	Para a abordagem de conflitos morais e dilemas éticos na saúde, a Bioética se sustenta em quatro princípios. Estes princípios devem nortear as discussões, decisões, procedimentos e ações na esfera dos cuidados da saúde. São eles: beneficência, não-maleficência, autonomia e justiça ou equidade. 
	O princípio da beneficência relaciona-se ao dever de ajudar aos outros, de fazer ou promover o bem a favor de seus interesses. Reconhece o valor moral do outro, levando-se em conta que maximizando o bem do outro, possivelmente pode-se reduzir o mal. Neste princípio, o profissional se compromete em avaliar os riscos e os benefícios potenciais (individuais e coletivos) e a buscar o máximo de benefícios, reduzindo ao mínimo os danos e riscos. Isto significa que como profissionais da saúde precisamos fazer o que é benéfico do ponto de vistada saúde e o que é benéfico para os seres humanos em geral.
	 Para saber o que é bom para cada um dos clientes é preciso que se estabeleça um relacionamento interpessoal de confiança mútua e que o cuidador esteja atento aos limites de sua atuação, uma vez que poderá ferir um outro princípio, a autonomia do cliente. 
	O princípio de não-maleficência implica no dever de se abster de fazer qualquer mal para os clientes, de não causar danos ou colocá-los em risco. O profissional se compromete a avaliar e evitar os danos previsíveis. 
	Para atender a este princípio, não basta apenas, que o profissional de saúde tenha boas intenções de não prejudicar o cliente. É preciso evitar qualquer situação que signifique riscos para o mesmo e verificar se o modo de agir não está prejudicando o cliente individual ou coletivamente, se determinada técnica não oferece riscos e ainda, se existe outro modo de executar com menos riscos. 
	Autonomia, o terceiro princípio, diz respeito à autodeterminação ou autogoverno, ao poder de decidir sobre si mesmo. Preconiza que a liberdade de cada ser humano deve ser resguardada. 
	Esta autodeterminação é limitada em situações em que “pensar diferente” ou “agir diferente”, não resulte em danos para outras pessoas. A violação da autonomia só é eticamente aceitável, quando o bem público se sobrepõe ao bem individual. A autonomia não nega influência externa, mas dá ao ser humano a capacidade de refletir sobre as limitações que lhe são impostas, a partir das quais orienta a sua ação frente aos condicionamentos. 
	O direito moral do ser humano à autonomia gera um dever dos outros em respeitá-lo. Assim, também os profissionais da saúde precisam estabelecer relações com os clientes em que ambas as partes se respeitem. Respeitar a autonomia é reconhecer que ao indivíduo cabe possuir certos pontos de vista e que é ele que deve deliberar e tomar decisões seguindo seu próprio plano de vida e ação embasado em crenças, aspirações e valores próprios, mesmo quando estejam em divergência com aqueles dominantes na sociedade, ou quando o cliente é uma criança, um deficiente mental ou um sofredor psíquico. 
	Cabe aos profissionais da saúde oferecer as informações técnicas necessárias para orientar as decisões do cliente, sem utilização de formas de influência ou manipulação, para que possa participar das decisões sobre o cuidado/assistência à sua saúde, isto é, ter respeito pelo ser humano e seus direitos à dignidade, à privacidade e à liberdade. Deve-se levar em conta que vivemos em sociedade, portanto, possuímos responsabilidades sociais.
	O princípio da justiça relaciona-se à distribuição coerente e adequada de deveres e benefícios sociais. 
	No Brasil, a Constituição de 1988 refere que a saúde é direito de todos. Dessa forma, todo cidadão tem direito à assistência de saúde, sempre que precisar, independente de possuir ou não um plano de saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem como princípios doutrinários a universalidade, a integralidade e a equidade na atenção à saúde dos brasileiros. Entretanto, mesmo com criação de normas regulamentadoras, o SUS ainda não está consolidado e o não atendimento de seus princípios doutrinários impõe as profissionais de saúde a convivência cotidiana com dilemas éticos, quando não oferece serviços de saúde de qualidade. 
	Conhecendo estes quatro princípios podemos utilizá-los como recursos para análise e compreensão de situações de conflito, sempre que estas se apresentarem, comparando com casos semelhantes que já tenham ocorrido e ponderando as consequências das condutas tomadas anteriormente sobre os clientes, familiares e a comunidade. 
	“A relação do paciente com seus cuidadores pode estar permeada pelo conflito, pois distintos critérios morais e éticos guiam a atuação de cada um dos envolvidos. Os profissionais de saúde, em geral orientam-se pelo critério da beneficência, os pacientes pelo da autonomia e a sociedade pelo de justiça”. Esta relação terapêutica deve-se fundamentar na parceria com o cliente, na possibilidade do deste fazer escolhas e, principalmente, na possibilidade do profissional compreender a escolha do cliente.
	Uma relação de reciprocidade não permite arrogância, onipotência e autoritarismo, mas permite a liberdade de expressão do pensamento, ideias e experiências e passa pelo respeito à compreensão moral e ética dos seres envolvidos.
	Por isso, pode-se dizer que a bioética tem uma tríplice função, reconhecida acadêmica e socialmente: (1) descritiva, consistente em descrever e analisar os conflitos em pauta; (2) normativa com relação a tais conflitos, no duplo sentido de proscrever os comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de prescrever aqueles considerados corretos; e (3) protetora, no sentido, bastante intuitivo, de amparar, na medida do possível, todos os envolvidos em alguma disputa de interesses e valores, priorizando, quando isso for necessário, os mais “fracos”.
	Com relação aos problemas do exercício da medicina (ética médica), pode-se entender que os questionamentos em determinadas situações se assemelham ao que ocorre na pesquisa, quando a investigação, com metodologia adequada, pode contribuir para melhor entendimento da questão. Quando há uma denúncia, aos conselhos de ética médica, sobre o alegado erro médico relacionado a uma determinada situação de pratica médica, o julgador, inicialmente, deve considerar os aspectos técnicos relacionados ao diagnóstico, ao procedimento realizado, as intercorrências e etc., que poderiam caracterizar uma possível infração ao Código de Ética Médica. Nesta avaliação, sem dúvida, deve ser levado em consideração os aspectos técnico-científico do procedimento realizado pelo médico e que estão sendo questionados do ponto de vista ético. Diante da evidência de que o procedimento não foi corretamente executado pelo médico há o julgamento ético. Em resumo, diante de uma possível infração ao Código de Ética Médica o julgador usa de uma metodologia técnico-científica, como ponto de partida, para o julgamento ético do médico envolvido na denúncia de infração. 
	Eis que surge a diferença entre a ética médica e a bioética: a ética médica, por natureza, tem caráter disciplinador da atividade do médico na sua prática cotidiana. O mesmo ocorre quando o médico desenvolve uma pesquisa com seres humanos havendo a obrigatoriedade de se aos dispositivos que regulamentam a pesquisa (Resolução 196/96 do CNS). Voltamos a insistir: a atividade prática do médico está disciplinada no Código de Ética Médica e a atividade de pesquisa, nas resoluções sobre pesquisa com seres humanos; enquanto, a bioética é o campo de reflexão sobre os valores envolvidos nas ciências da vida. 
	É interessante observar que os temas levantados pela bioética são, na prática, os mesmos que tem sido levantados pelos médicos e suas entidades junto à sociedade procurando definir caminhos normativos que orientem os profissionais. Não obstante, a bioética pode estabelecer uma ponte com a ética médica abrindo um espaço de reflexão com estímulos para a produção de saberes não necessariamente normativos.
· Descrever a história da ética médica 
Expressa através de código específico, a ética na medicina garante o respeito à vida, segurança nos procedimentos e cuidados prestados pelos médicos.
Além de tomar decisões que impactam diretamente na vida e na saúde das pessoas, a categoria lida com uma série de questões polêmicas, como aborto, eutanásia e manipulação genética.
Daí a necessidade de existir um documento que padronize e respalde o exercício da medicina de forma idônea e com equidade, ou seja, com a mesma qualidade para todos os pacientes.
Se deseja saber mais sobre a ética na medicina, este artigo é para você.
A partir de agora, vou abordar seus principais fundamentos, origens e novidades da versão mais recente do Código de Ética, válida a partir de 1º de maio de 2019.
O que é ética na medicina?
Ética na medicina é um conjunto de normas e preceitos que devem ser respeitados e aplicados por todos os profissionais da área.
Elasseguem os valores da sociedade, ou seja, estão baseadas em questões morais.
Como os valores podem mudar com o tempo, o principal documento que a rege a ética médica no Brasil é constantemente revisado, a fim de se manter atual e acompanhar as transformações sociais.
Conforme explica o médico cearense Fernando Monte neste artigo, a ética pode ser analisada sob três aspectos na prática médica: a relação entre médico e paciente, dos médicos entre si e entre médico e sociedade.
Essas três esferas estão contempladas no Código de Ética da profissão, que orienta quanto à conduta mais apropriada em casos complexos, como na doação de órgãos e n abordagem de pacientes terminais.
Preceitos fundamentais, direitos e deveres dos médicos, direitos humanos, sigilo profissional e documentos médicos são outros exemplos de temas tratados no código
Origem do código de ética da medicina
“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza à perda.”
O trecho acima foi retirado do juramento de Hipócrates, um dos textos mais famosos entre médicos ocidentais.
Considerado o pai da medicina, Hipócrates exerceu a profissão na Grécia antiga, por volta de 430a.C.
Ele ganhou notoriedade por diversos feitos, como a distinção entre sintoma (consequência) e doença (causa).
Ao escrever seu famoso juramento, o estudioso criou um tipo de código de ética, no qual se comprometia a agir com honestidade, caridade e ciência.
Antes dele, o Código de Hamurabi (de 1780 a.C.) e o antigo manuscrito indiano (Ayurveda) já falavam sobre a conduta médica.
No entanto, esses e outros ensinamentos só foram organizados, de fato, como Código de Ética Médica em 1803, pelo médico, filósofo e escritor inglês Thomas Percival.
Antes disso, a ética era compreendida como um comportamento social daqueles que tinham honra, que tinham palavra e, portanto, não precisava de regras para ser adotada.
Tomando por base estudos anteriores e publicações na área, Percival publicou o livro Ética Médica ou Fundamentos e regras adaptadas para a conduta profissional de físicos e cirurgiões.
A obra cita, pela primeira vez, os termos “ética profissional” e “ética médica”.
Na época, os clínicos gerais – chamados de físicos – se uniram a cirurgiões e boticários (farmacêuticos) para discutir suas obrigações no tratamento de pacientes internados devido à febre tifoide que assolava Manchester, no Reino Unido.
Foi desses debates que surgiu o interesse por organizar um manual de condutas profissionais que deveriam ser seguidas em hospitais: o código de Percival.
Em 1847, a Associação Médica Americana adaptou o trabalho de Percival para que fosse utilizado pelos médicos nos Estados Unidos.
No Brasil, o primeiro documento que disciplina a ética médica foi publicado em 1929, no Boletim do Sindicato Médico Brasileiro.
Denominado Código de Moral Médica, o texto era uma tradução do código organizado no VI Congresso Médico Latino Americano, realizado três anos antes, em Havana, Cuba.
No entanto, o primeiro Código reconhecido pelas autoridades governamentais só veio em 1944, após o IV Congresso Médico Sindicalista.
O texto foi oficializado com a publicação do Decreto-lei nº 7.955, que também criou os Conselhos Regionais de Medicina – texto revogado e substituído posteriormente pela Lei 3.268/1957.
Outros documentos foram criados em períodos seguintes, sendo o Código de Ética Médica em vigor aprovado em 1988, com inspiração na redemocratização do país.
O documento é fruto da 1ª Conferência Nacional de Ética Médica, e contempla não apenas as rotinas da profissão, como também as perspectivas de transformação de acordo com novos parâmetros sociais.
Novo Código de Ética Médica
Comentei, nos tópicos acima, que o Código de Ética Médica atual está em vigor desde 1988, sofrendo apenas atualizações.
A mais recente foi concluída em 1º de novembro de 2018, quando foi publicada a Resolução CFM 2217/18.
Após dois anos de discussões, o Conselho Federal de Medicina promoveu a revisão do documento, tendo em vista os avanços tecnológicos que impactaram profundamente a medicina nas últimas décadas.
O novo código, que entra em vigor a partir de 1º de maio de 2019, é resultado da análise de 1.431 propostas de médicos, associações médicas, sociedades de especialidades, entidades de ensino médico e outras instituições.
Antes dessa alteração, o texto havia passado por mudanças consideráveis em 2009, quando ficou estabelecida maior autonomia para médicos (que podem se recusar a trabalhar em condições inadequadas) e pacientes (que podem obter cópia de seu prontuário médico).
Principais alterações do novo código de ética médica
A revisão recente do Código manteve a estrutura anterior do documento, com a mesma quantidade e temas dos capítulos.
Algumas alterações foram feitas através da inserção de artigos que falam principalmente do tratamento entre médicos e pacientes e da adoção de novas tecnologias, disponíveis há pouco tempo.
A seguir, confira alguns destaques do novo código de ética na medicina:
· Limites no uso das redes sociais por médicos, que devem evitar a autopromoção e focar em publicações de cunho informativo
· Previsão do uso de meios técnicos e científicos disponíveis que visem aos melhores resultados como um dos princípios médicos fundamentais
· Exigência da não discriminação de médicos com deficiência, que poderão exercer a profissão nos limites de suas capacidades, desde que seja seguro para o paciente
· Proibição do tratamento de qualquer ser humano sem civilidade ou consideração, com desrespeito à sua dignidade ou discriminação de qualquer forma ou sob qualquer pretexto
· Exigência de que os médicos tratem colegas com respeito, consideração e solidariedade.
· Analisar o código de ética e seu funcionamento 
Interpretação dos principais pontos do código de ética da medicina
Em um total de 14 capítulos, o Código de Ética Médica aborda direitos, deveres e princípios da profissão.
Seus 25 princípios fundamentais, 10 normas diceológicas, 118 normas deontológicas e quatro disposições gerais orientam os médicos sobre diferentes assuntos, estabelecendo a conduta esperada nessas situações.
Como mencionei antes, o conteúdo está pautado na relação do médico com o paciente, sociedade e outros médicos, além de rotina da profissão.
A ética médica na prática
A medicina presta um serviço essencial, pois o cuidado com a saúde está entre os direitos universais dos seres humanos.
No entanto, lidar com a saúde e a vida de outras pessoas é uma tarefa difícil, que se torna mais simples quando há clareza sobre o comportamento esperado de um médico.
O Código de Ética se presta a esse papel, recomendando a postura apropriada em cada caso.
Essencialmente, ao colocar os princípios em prática, o documento pede que médicos tomem decisões embasadas pelo conhecimento científico, sem deixar de lado a humanização no atendimento.
Inclusão, zelo, honra e dignidade devem nortear as ações desses profissionais.
Relação médico-paciente
Complexa, a relação entre médico e paciente deve ser construída sobre a confiança, sigilo profissional, equidade, respeito à vida e autonomia do paciente.
A confiança é relevante porque, durante o atendimento prestado, médicos têm acesso a informações de saúde do paciente, que não podem ser compartilhadas sem autorização.
Visando garantir esse direito do paciente, o CFM criou o conceito de sigilo profissional, que declara os dados como invioláveis, exceto se houver autorização para que sejam divulgados ou exigência legal.
Outro fator importante é a equidade, que prevê tratamento igual para todos os cidadãos.
Esse princípio, entretanto, ainda está distante de ser alcançado, pois há forte desigualdade no acesso à saúde, sob vários aspectos – econômico, social e até geográfico.
Cidadãos que moram longe de grandes centros urbanos dificilmente conseguem os mesmos serviços de saúde que aqueles que habitam as capitais, em especial os que têm boa condição financeira.
Orespeito à vida parte do pressuposto de que médicos não devem prejudicar pessoas conscientemente.
Esse pilar esbarra em assuntos polêmicos, como o aborto, autorizado pelo Código Penal em casos especiais – estupro ou risco à vida da gestante.
Já a autonomia do paciente é citada muitas vezes no decorrer do Código de Ética, garantindo que a opção por qualquer tratamento seja respeitada pelos médicos.
Relação entre médicos
A relação entre colegas é tratada no Capítulo VII do Código, que prevê colaboração e solidariedade em prol da saúde.
Um médico não pode descartar o tratamento prescrito por outro, a não ser que haja benefícios para o paciente.
Também não é permitido negar o acesso a ferramentas ou tecnologias que auxiliem no tratamento de qualidade.
Pode parecer utópico falar em solidariedade diante da grande concorrência entre profissionais e serviços de saúde.
Mas a ideia é estabelecer limites para a disputa entre médicos, de forma que não prejudique ou exclua o paciente.
Relação entre médico e sociedade
Médicos têm um grande propósito moral: cuidar da saúde de todos os cidadãos.
Nesse sentido, o Código de Ética orienta que sejam feitas ações visando não apenas o bem-estar de um paciente, e sim o bem-estar geral das pessoas – inclusive daquelas que ainda vão nascer.
Essa visão mais ampla é fundamental para uma gestão eficiente dos recursos destinados à saúde, principalmente dos investimentos públicos, que são limitados e devem atender toda a população brasileira.
· Conhecer os órgãos fiscalizadores da prática médica 
Conselho Federal de Medicina 
	O Conselho Federal de Medicina, CFM, é um órgão que possui atribuições constitucionais de fiscalização e normatização da prática médica. Criado em 1951, sua competência inicial reduzia-se ao registro profissional do médico e à aplicação de sanções do Código de Ética Médica.
	Nos últimos 65 anos, o Brasil e a categoria médica mudaram muito, e hoje, as atribuições e o alcance das ações deste órgão estão mais amplas, extrapolando a aplicação do Código de Ética Médica e a normatização da prática profissional.
	Atualmente, o Conselho Federal de Medicina exerce um papel político muito importante na sociedade, atuando na defesa da saúde da população e dos interesses da classe médica.
O órgão traz um belo histórico de luta em prol dos interesses da saúde e do bem estar do povo brasileiro, sempre voltado para a adoção de políticas de saúde dignas e competentes, que alcancem a sociedade indiscriminadamente.
	Ao defender os interesses corporativos dos médicos, o CFM empenha-se em defender a boa prática médica, o exercício profissional ético e uma boa formação técnica e humanista, convicto de que a melhor defesa da medicina consiste na garantia de serviços médicos de qualidade para a população.
Além de zelar pelo desempenho ético da medicina e pelo bom conceito da profissão, o CFM organiza uma série de atividades e presta alguns serviços aos médicos e à sociedade brasileira.
Visão do CFM
	Ser reconhecida nacionalmente como uma instituição capaz de atuar com excelência pelo bom exercício ético e técnico no âmbito da prestação de serviços médicos, em atendimento às expectativas da sociedade, além de ser instrumento da valorização e de defesa da dignidade profissional do médico, contribuindo para o debate em questões relacionadas à Saúde e à Medicina.
Missão do CFM
	Promover o bem-estar da sociedade, disciplinando o exercício da medicina por meio da sua normatização, fiscalização, orientação, formação, valorização profissional e organização, diretamente ou por intermédio dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), bem como assegurar, defender e promover o exercício legal da medicina, as boas práticas da profissão, o respeito e a dignidade da categoria, buscando proteger a sociedade de equívocos da assistência decorrentes da precarização do sistema de saúde.
Valores do CFM
	Atuar com elevado padrão ético; ser leal aos objetivos institucionais; ter comprometimento com a justiça, a responsabilidade e a transparência; agir em obediência à legislação que disciplina a gestão pública; prestar serviços de excelência; buscar o aperfeiçoamento contínuo e com eficiência.
Conselhos Regionais de Medicina
	A principal função dos Conselhos Regionais de Medicina é fiscalizar a atuação dos médicos e realizar o julgamento dos casos que ferem o Código de Ética Médica, podendo suspender ou mesmo cassar o registro do profissional que cometer infração. Também cabe ao órgão realizar o registro de médicos e entidades jurídicas, sendo responsáveis pela avaliação das capacidades do requerente de acordo com as exigências para exercer a profissão.
	Referência para quem atua na área, o CRM possui uma política de valorização e dignificação dos profissionais de medicina. Para isso, o órgão faz uso de ferramentas para promover o desenvolvimento dos seus associados por meio de atividades educacionais com objetivo de aprimoramento e atualização dos conhecimentos em medicina.
	Importância do CRM para a sociedade: Ao fiscalizar e garantir um nível de excelência para a prática da medicina, o Conselho Regional de Medicina contribui diretamente para a saúde da população. Além de permitir a atuação, o número do CRM é uma ferramenta utilizada para que as pessoas saibam que estão sendo atendidas por profissionais qualificados.
Podemos resumir como as principais atribuições dos Conselhos:
→ trabalhar na regulamentação da prática da medicina;
→ realizar atividades educativas, como publicação de periódicos, organização de eventos regionais e promoção de certificados de acreditação;
	Ao julgar um profissional médico, o Conselho Regional de Medicina poderá aplicar as penas previstas na Lei n.º 3.268/57. De acordo ao artigo 22 da referida Lei, as penas disciplinares aplicáveis pelos Conselhos Regionais aos seus membros são as seguintes:
a) advertência confidencial em aviso reservado;
b) censura confidencial em aviso reservado;
c) censura pública em publicação oficial;
d) suspensão do exercício profissional por até 30 (trinta) dias;
e) cassação do exercício profissional, ad referendum, pelo Conselho Federal.
	O médico com seu exercício médico profissional cassado no Brasil não fica impossibilitado de exercer a medicina em outro país, por exemplo. Caso o médico cassado no Brasil queira exercer sua profissão em outro país, ele apenas terá que revalidar seu diploma, com vista a cumprir as normas do outro país.
	
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia – CREMEB 
	O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (CREMEB) é o órgão supervisor da ética profissional no estado, cabendo-lhe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético e moral da Medicina e o prestígio dos que a exerçam legalmente. Ao CREMEB cabe disciplinar e julgar os médicos a ele jurisdicionados, exigindo o fiel cumprimento do Código de Ética Médica (CEM), das normas referentes ao exercício profissional e à legislação sanitária.
	Os Conselhos de Medicina foram instituídos pelo Decreto-Lei nº 7.955, de 13 de setembro de 1945. Em 30 de setembro de 1957 o então presidente Juscelino Kubitschek sancionou a Lei nº 3.268, criando o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina que formam em seu conjunto uma autarquia, com personalidade jurídica de direito público, dispondo de autonomia administrativa e financeira. A lei 3.268/1957 veio a ser regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958.
	Formado por 42 conselheiros, eleitos pelos médicos inscritos na Bahia para um mandato de cinco anos, sendo oito deles dirigentes, o CREMEB mantém hoje, em plena atividade, 34 Câmaras Técnicas de diversas especialidades e nove Comissões de Trabalho e Representações. A sede da entidade está localizada na Rua Guadalajara, nº 175, Morro do Gato – Barra, Salvador/Bahia. Além disso, a autarquia federal conta com 18 delegacias regionais espalhadas por todo o estado.
Quando procurar o CRM?
	Os Conselhos oferecem vários serviços ao médico, permitindo, inclusive, que o profissional esclareça dúvidas sobre qualquer ato mais burocráticodo exercício da sua profissão.
	Por exemplo, antes de realizar uma propaganda, o médico poderá contatar o CRM da sua região para conferir se a peça publicitária está de acordo com a legislação específica, evitando problemas posteriores.
	Além disso, se o médico estiver respondendo por irregularidade no exercício da profissão, ele poderá procurar o seu CRM para analisar o andamento do processo ou para apresentar legítima defesa. Junto ao Conselho, o profissional acusado ainda poderá solicitar uma revisão do seu caso.
	Se o profissional tiver dúvidas sobre suas ações e sobre a sua conduta, o órgão também pode auxiliá-lo, oferecendo informações importantes para evitar irregularidades.
	É também por meio dos Conselhos que os médicos podem ter acesso aos Códigos de Ética, às leis de propaganda e às demais resoluções importantes relacionadas à sua prática profissional.
· Compreender as penalidades da violação do código de ética médica 
Ao julgar um médico, a autarquia poderá aplicar as penas previstas na Lei n.º 3.268/57, podendo ser privadas ou públicas
É sempre importante esclarecer que o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina são autarquias federais dotadas de personalidade jurídica de direito público, com autonomia administrativa e financeira. Foram criadas por Lei Federal para supervisão da ética profissional em toda a República e, ao mesmo tempo, julgar e disciplinar a classe médica. Cabe-lhes zelar e trabalhar, por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exerçam legalmente.
Os Conselhos Regionais de Medicina são compostos de médicos conselheiros aos quais, dentre suas atribuições, competem o julgamento das questões e a aplicação de penalidades aos médicos se houver indicação. Devido a essa responsabilidade, os conselheiros devem ter sua reputação ilibada, com inquestionável conduta ética, civil e isenção criminal. Ao julgar um profissional médico, o Conselho Regional de Medicina poderá aplicar as penas previstas na Lei n.º 3.268/57.
De acordo ao artigo 22 da referida Lei, as penas disciplinares aplicáveis pelos Conselhos Regionais aos seus membros são as seguintes:
a) advertência confidencial em aviso reservado;
b) censura confidencial em aviso reservado;
c) censura pública em publicação oficial;
d) suspensão do exercício profissional por até 30 (trinta) dias;
e) cassação do exercício profissional, ad referendum, pelo Conselho Federal.
As duas primeiras são penas privadas, das quais não resultará nenhuma publicação oficial, ou seja, a sociedade não terá conhecimento da pena aplicada ao médico infrator.
Essas penas serão comunicadas no prontuário do médico, o qual será alertado da sanção e de suas conseqüências sob pena de responder a novos processos, podendo ter nova sanção mais gravosa, conforme disposto no art. 101, §1, do Código de Processo Ético Profissional – CPEP.
Já as três últimas, são penas públicas que, além de constar nos prontuários dos médicos faltosos, serão publicadas no Diário Oficial do respectivo Estado ou da União, nos jornais de grande circulação e no sítio eletrônico do CRM, cientificando à sociedade que estes têm condenação ética, conforme disposto no artigo 101, §2, do CPEP. Vale ressaltar que alguns conselhos de classes profissionais, como os de odontologia (CFO), enfermagem (Cofen) e advocacia (OAB), dispõem de penas disciplinares semelhantes às dos conselhos de medicina. A diferença é que, naqueles outros conselhos, o profissional cassado pode ser reabilitado e, nos conselhos de medicina, não existe essa possibilidade.
Por esse motivo, quando um médico tem seu exercício profissional de medicina cassado e essa pena for mantida pelo CFM, um recurso obrigatório, esse médico jamais poderá exercer a medicina novamente no Brasil.
Muito se questiona se essa pena não seria inconstitucional, já que alguns entendem que a cassação se equipara a uma pena perpétua, proibida pela Constituição Federal Brasileira, artigo 5º, inciso XLVII, alínea b. Contudo, a cassação do exercício profissional não é uma pena, e sim uma decisão administrativa, garantida pela Lei 3.268/57. Logo, tal sanção é constitucional. Outro fato muito controverso é o inegável abismo que existe entre a pena representada pela alínea d do artigo 22, suspensão por até trinta dias, e a pena mais rigorosa, representada pela alínea e, cassação do exercício profissional da medicina. Por várias oportunidades a pena d configura-se muito branda pelo delito cometido. Contudo, a pena e torna-se rigorosa demais. Para diminuir o abismo entre as penas d e e, bem como dar melhor redação à Lei 3.268, existe o Projeto de Lei n.º 4.213, de 2001, o qual dá nova redação à alínea d do artigo 22 da Lei n.º 3.268, de 20 de setembro de 1957, ao determinar que a suspensão do exercício médico profissional será considerada
nos prazos de 30 dias a 24 meses.
Há de se esclarecer que existem entendimentos equivocados de que o CRM realiza a cassação do diploma de médico, o que é desentendido. Nesse caso, o que se cassa não é o diploma do médico e sim seu direito de exercer a profissão de medicina. Isso quer dizer que o médico continua sendo médico, apenas não poderá mais exercer a medicina no Brasil.
O médico com seu exercício médico profissional cassado no Brasil não fica impossibilitado de exercer a medicina em outro país, por exemplo. Caso o médico cassado no Brasil queira exercer sua profissão em outro país, ele apenas terá que revalidar seu diploma, com vista a cumprir as normas do outro país.

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