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@resumosdamed_ 1 INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO DESCREVER A EPIDEMIOLOGIA DAS INFECC ̧ÕES URINÁRIAS, PRINCIPAIS FATORES DE RISCO, PRINCIPAIS BACTÉRIAS ENVOLVIDAS, FORMAS DE AQUISIC ̧ÃO (VIA BAIXA OU HEMATOGE ̂NICA, NO CASO DE UMA PIELONEFRITE) DEFINIC ̧ÕES A ITU pode ser assintomática (infecção subclínica) ou sintomática (doença). Por conseguinte, o termo infecção do trato urinário abrange uma variedade de entidades clínicas, incluindo bacteriúria assintomática (BAS), cistite, prostatite e pielonefrite. A distinção entre ITU sintomática e BAS tem implicações clínicas importantes. Tanto a ITU quanto a BAS indicam a presença de bactérias no trato urinário, habitualmente acompanhadas de leucócitos e citocinas inflamatórias na urina. Entretanto, a BAS ocorre na ausência de sintomas atribuíveis à presença de bactérias no trato urinário e, em geral, não necessita de tratamento, enquanto a ITU geralmente implica doença sintomática, justificando o uso de terapia antimicrobiana. O termo ITU denota a presença de doença sintomática; a cistite refere-se a uma infecção sintomática da bexiga; e a pielonefrite indica uma infecção sintomática dos rins. A ITU não complicada refere-se a cistite ou pielonefrite aguda em mulheres não grávidas em condições ambulatoriais, sem anormalidades anatômicas, nem instrumentação do trato urinário. O termo ITU complicada é um termo que abrange todos os outros tipos de ITU. A ITU recorrente não é necessariamente complicada; episódios individuais podem não ser complicados e tratados desse modo. A infecção do trato urinário associada ao uso de cateter (ITUAC) pode ser sintomática ou assintomática. EPIDEMIOLOGIA Exceto em lactentes e idosos, a ITU ocorre muito mais frequentemente nas mulheres do que nos homens. Durante o período neonatal, a incidência de ITU é ligeiramente maior entre indivíduos do sexo masculino, em comparação com os do sexo feminino, visto que os lactentes do sexo masculino apresentam mais comumente anomalias congênitas do trato urinário. Depois dos 50 anos de idade, a obstrução por hipertrofia prostática torna-se comum nos homens, e a incidência de ITU torna- se quase tão alta nos homens quanto nas mulheres. Entre 1 e cerca de 50 anos de idade, a ITU e a ITU recorrente são predominantemente doenças de mulheres. A prevalência de BAS é de cerca de 5% entre mulheres de 20-40 anos de idade e pode alcançar 40-50% entre mulheres e homens idosos. Até 50-80% das mulheres na população geral apresentam pelo menos uma ITU durante a sua vida – na maioria dos casos, cistite não complicada. O uso recente de um diafragma com espermicida, as relações sexuais frequentes e uma história de ITU constituem fatores de risco independentes para a cistite aguda. A cistite está temporalmente relacionada com relações sexuais recentes de maneira dose-resposta, com aumento do risco relativo que varia de 1,4 com um episódio de relação sexual até 4,8 com cinco episódios na semana precedente. Em mulheres saudáveis na pós menopausa, a atividade sexual, o diabetes melito e a incontinência constituem fatores de risco para ITU. Muitos fatores que predispõem as mulheres à cistite também aumentam o risco de pielonefrite. Em mulheres sadias jovens, os fatores independentemente associados à pielonefrite incluem relaço ̃es sexuais frequentes, novo parceiro sexual, ITU nos 12 meses precedentes, história materna de ITU, diabetes e incontinência. FATORES DE RISCO Os fatores de risco comuns para a cistite e a pielonefrite não são surpreendentes, visto que a pielonefrite surge em consequência da ascensão de bactérias da bexiga até o trato urinário superior. Todavia, pode ocorrer pielonefrite sem cistite antecedente definida. Cerca de 20- 30% das mulheres que já tiveram um episódio de ITU terão episódios recorrentes. A recorrência precoce (dentro de 2 semanas) é habitualmente @resumosdamed_ 2 considerada como recidiva, e não como reinfecção, e pode indicar a necessidade de avaliar a paciente quanto a um foco sequestrado. Focos intracelulares de microrganismos infectantes dentro do epitélio vesical foram demonstrados em modelos animais de ITU, porém a importância desse fenômeno nos humanos ainda não está bem esclarecida. A taxa de recorrência varia de 0,3-7,6 infecções por paciente por ano, com média de 2,6 infecções por ano. Não é raro que a infecção inicial seja seguida de múltiplas recidivas, resultando em agrupamento de episódios. O agrupamento de episódios pode estar relacionado temporalmente à presença de um novo fator de risco ou à descamação da camada epitelial externa protetora da bexiga em resposta à fixação das bactérias durante a cistite aguda. PRINCIPAIS FATORES DE RISCO • Cateterização; • Sexo feminino; • Imunodeficiência. • Anomalias do TU; • Diabetes Mellitus; • Bexiga neurogênica; • Obstrução intrínseca ou extrínseca. A probabilidade de recorrência diminui com o passar do tempo desde a última infecção. Um estudo de caso-controle com predominância de mulheres brancas na pré- menopausa com ITU recorrente identificou as relações sexuais frequentes, o uso de espermicida, um novo parceiro sexual, uma primeira ITU antes dos 15 anos de idade e uma história materna de ITU como fatores de risco independentes para ITU recorrente. Os únicos fatores de risco comportamentais consistentemente documentados para a ITU recorrente incluem relações sexuais frequentes e uso de espermicida. Em mulheres na pós-menopausa, os principais fatores de risco para ITU recorrente incluem história de ITU na pré-menopausa e fatores anatômicos que afetam o esvaziamento da bexiga, como cistocele, incontinência urinária e urina residual. Em mulheres grávidas, a BAS possui consequências clínicas, e tanto o rastreamento quanto o tratamento dessa condição estão indicados. Especificamente, a BAS durante a gravidez está associada ao nascimento prematuro e mortalidade perinatal para o feto e à pielonefrite para a mãe. Os homens com ITU apresentam, em sua maioria, uma anormalidade anatômica ou funcional do trato urinário, mais comumente obstrução urinária secundária à hipertrofia prostática. Entretanto, nem todos os homens com ITU possuem anormalidades urinárias detectáveis; esse aspecto é particularmente relevante em homens de ≤ 45 anos de idade. A falta de circuncisão também está associada a um risco aumentado de ITU, visto que a Escherichia coli tem mais tendência a colonizar a glande e o prepúcio e a migrar subsequentemente para o trato urinário. Foi constatado que as mulheres com diabetes apresentam uma taxa 2-3 vezes maior de BAS e de ITU do que as mulheres sem diabetes; não há evidências suficientes para fazer uma afirmação em relação aos homens. A duração prolongada do diabetes e o uso de insulina, em lugar de agentes orais, também esta ̃o associados a um maior risco de ITU em mulheres com diabetes. A função vesical deficiente, a obstrução do fluxo urinário e a micça ̃o incompleta constituem fatores adicionais comumente observados em pacientes com diabetes, que aumentam o risco de ITU. O comprometimento da secreça ̃o de citocinas pode contribuir para a BAS em mulheres diabéticas. ETIOLOGIA Os uropatógenos que causam ITU variam quanto à síndrome clínica, porém consistem habitualmente em bacilos Gram-negativos entéricos que migraram para o trato urinário. Na cistite aguda não complicada, nos EUA, os agentes etiológicos são altamente previsíveis: E. coli representa 75-90% dos microrganismos isolados. São encontrados agentes etiológicos semelhantes na Europa e no Brasil. O espectro de agentes que causam pielonefrite não complicadaé semelhante, com predomínio da E. coli. Na ITU complicada, a E. coli continua sendo o microrganismo predominante, porém outros bacilos Gram-negativos aeróbios, como Pseudomonas aeruginosa e espécies de Klebsiella, Proteus, Citrobacter, Acinetobacter e @resumosdamed_ 3 Morganella, também são isolados com frequência. As bactérias Gram- positivas e as leveduras também constituem patógenos importantes na ITU complicada. Em geral, os dados sobre a etiologia e a resistência são obtidos de pesquisas laboratoriais e devem ser compreendidos no contexto de que a identificação dos microrganismos só é realizada nos casos em que uma amostra de urina é enviada para cultura – isto é, normalmente quando há suspeita de ITU complicada ou de pielonefrite. Os dados disponíveis demonstram aumento mundial na resistência de E. coli aos antibióticos comumente utilizados no tratamento da ITU. Pesquisas na América do Norte e na Europa de mulheres com cistite aguda documentaram taxas de resistência de > 20% ao sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP) e ao ciprofloxacino em algumas regiões. Nas infecções adquiridas na comunidade, a prevalência aumentada de uropatógenos que produzem β-lactamases de espectro ampliado deixou poucas opções orais para o tratamento. Como as taxas de resistência variam de acordo com a região geográfica, com as características de cada paciente e com o passar do tempo, é importante utilizar dados locais e atuais quando se escolhe um esquema de tratamento. PATOGE ̂NESE O trato urinário pode ser considerado como uma unidade anatômica ligada por uma coluna contínua de urina que se estende desde a uretra até os rins. Na maioria dos casos de ITU, as bactérias estabelecem uma infecção por meio de sua ascensão até a bexiga através da uretra. A ascensão contínua pelo ureter até o rim constitui o trajeto para a maioria das infecções do parênquima renal. Entretanto, a introduça ̃o de bactérias na bexiga não leva necessariamente a uma infecção duradoura e sintomática. A interação entre fatores do hospedeiro, do patógeno e ambientais determina se haverá invasão tecidual e infecça ̃o sintomática Por exemplo, as bactérias frequentemente entram na bexiga após uma relaça ̃o sexual, porém a micça ̃o normal e os mecanismos de defesa inatos do hospedeiro na bexiga eliminam esses microrganismos. Qualquer corpo estranho existente no trato urinário, como um cateter urinário ou cálculo, proporciona uma superfície inerte para a colonização de bactérias. A micção anormal e/ou um volume de urina residual significativo promovem uma infecção verdadeira. Para simplificar, qualquer coisa capaz de aumentar a probabilidade de entrada das bactérias na bexiga e a sua permanência aumenta o risco de ITU. @resumosdamed_ 4 As bactérias também podem ter acesso ao trato urinário através da corrente sanguínea. Entretanto, a disseminação hematogênica responde por < 2% das ITUs documentadas e, em geral, resulta de bacteremia causada por microrganismos relativamente virulentos, como Salmonella e S. aureus. Com efeito, o isolamento de um desses patógenos de um paciente sem cateter ou outra instrumentação justifica a pesquisa de uma fonte hematogênica. As infecções hematogênicas podem produzir abscessos focais ou áreas de pielonefrite dentro de um rim e resultam em culturas de urina positivas. A patogênese da candidúria é distinta, visto que a via hematogênica é, neste caso, comum. A presença de Candida na urina de um paciente imunocompetente sem instrumentação implica uma contaminação genital ou disseminação visceral potencial. FATORES AMBIENTAIS ECOLOGIA VAGINAL Nas mulheres, a ecologia vaginal constitui um importante fator ambiental que afeta o risco de ITU. A colonização do introito vaginal e da área periuretral por microrganismos da flora intestinal (habitualmente E. coli) constitui a etapa inicial crítica na patogênese da ITU. A relação sexual está associada a um risco aumentado de colonização vaginal por E. coli e, portanto, aumenta o risco de ITU. O nonoxinol-9 no espermicida é tóxico para a microflora vaginal normal e, portanto, também está associado a um risco aumentado de colonização vaginal por E. coli e bacteriúria. Em mulheres após a menopausa, os lactobacilos vaginais previamente predominantes são substituídos pela colonização por bactérias Gram- negativas. O uso de estrogênios tópicos para prevenir a ITU em mulheres na pós-menopausa é controverso; tendo em vista os efeitos colaterais da reposição hormonal sistêmica, os estrogênios orais não devem ser usados para prevenção de ITU. ANORMALIDADES ANATÔMICAS E FUNCIONAIS Qualquer condição capaz de permitir a estase ou a obstrução urinária predispõe o indivíduo à ITU. Os corpos estranhos, como cálculos ou cateteres urinários, proporcionam uma superfície inerte para a colonização das bactérias e a formação de um biofilme persistente. Por conseguinte, o refluxo vesicoureteral, a obstrução ureteral secundária à hipertrofia prostática, a bexiga neurogênica e a cirurgia de derivação urinária criam um ambiente favorável para a ITU. Em indivíduos com essas condições, as cepas de E. coli que carecem de fatores de virulência urinária típicos frequentemente constituem a causa da infecção. A inibição da peristalse ureteral e a diminuição do tônus ureteral, levando ao refluxo vesicoureteral, são importantes na patogênese da pielonefrite em mulheres grávidas. Os fatores anatômicos – especificamente a distância entre a uretra e o ânus – são considerados como o principal motivo pelo qual a ITU é predominantemente uma doença de mulheres jovens, e não de homens jovens. FATORES DO HOSPEDEIRO A base genética individual do hospedeiro influencia a suscetibilidade do indivíduo à ITU recorrente, pelo menos em mulheres. A predisposição familiar à ITU e à pielonefrite está bem documentada. Há uma tendência maior de que as mulheres com ITU recorrente tenham tido a primeira ITU antes dos 15 anos de idade e uma história materna de ITU. Um componente da patogênese subjacente dessa predisposição familiar à ITU recorrente pode consistir na colonização vaginal persistente por E. coli, mesmo durante os períodos assintomáticos. As células da mucosa vaginal e periuretral de mulheres com ITU recorrente ligam-se três vezes mais a bactérias uropatogênicas do que as células da mucosa de mulheres sem infecção recorrente. As células epiteliais de mulheres que não secretam determinados antígenos de grupos sanguíneos podem apresentar tipos específicos de receptores aos quais se liga a E. coli, facilitando, assim, a colonização e a invasão. As mutações em genes de resposta do hospedeiro (p. ex., aqueles que codificam receptores semelhantes ao Toll e o receptor de interleucina 8) também foram associadas à ITU recorrente e à pielonefrite. Os polimorfismos no gene do receptor específico da interleucina 8 CXCR1 estão associados a um aumento da suscetibilidade à pielonefrite. A expressão do CXCR1 em níveis mais baixos na superfície dos @resumosdamed_ 5 neutrófilos compromete a defesa do hospedeiro dependente de neutrófilos contra a invasão bacteriana do parênquima renal. FATORES MICROBIANOS Um trato urinário anatomicamente normal proporciona uma poderosa barreira contra a infecção ao contrário de um trato urinário comprometido. Assim, as cepas de E. coli que causam infecção sintomática invasiva do trato urinário em hospedeiros normais nos demais aspectos frequentemente possuem e expressam fatores genéticos de virulência, incluindo adesinas de superfície, que medeiam a ligação a receptores específicos sobrea superfície das células uroepiteliais. As adesinas mais bem estudadas são as fímbrias P, que consistem em estruturas proteicas semelhantes a pelos, que interagem com um receptor específico nas células epiteliais renais. (A letra P denota a capacidade de ligação dessas fímbrias ao antígeno de grupo sanguíneo P, que contém um resíduo de D-galactose-D-galactose.) As fímbrias P são importantes na patogênese da pielonefrite e na invasão subsequente da corrente sanguínea a partir do rim. Outra adesina é o pilus (fímbria) tipo 1, encontrada em todas as cepas de E. coli, embora não seja expressa em todas elas. Acredita-se que os pili tipo 1 desempenham um papel chave na iniciação da infecção vesical por E. coli, uma vez que medeiam a ligação a uroplaquinas sobre a superfície luminal das células uroepiteliais da bexiga. A ligação das fímbrias tipo 1 de E. coli a receptores nas células uroepiteliais desencadeia uma complexa série de eventos de sinalização, que levam à apoptose e à esfoliação das células uroepiteliais, com eliminação das E. coli ligadas na urina. FORMAS DE AQUISIC ̧ÃO Interfere na gravidade da doença e também na terapêutica. VIA ASCENDENTE Via uretral, na qual a bactéria ascende para o trato urinário superior. O trato urinário pode ser considerado como uma unidade anatômica ligada por uma coluna contínua de urina que se estende desde a uretra até os rins. Na maioria dos casos de ITU, as bactérias estabelecem uma infecção por meio de sua ascensão até a bexiga através da uretra. A ascensão contínua pelo ureter até o rim constitui o trajeto para a maioria das infecções do parênquima renal. Qualquer corpo estranho existente no trato urinário, como um cateter urinário ou cálculo, proporciona uma superfície inerte para a colonização de bactérias. A micção anormal e/ou um volume de urina residual significativo promovem uma infecção verdadeira. Para simplificar, qualquer coisa capaz de aumentar a probabilidade de entrada das bactérias na bexiga e a sua permanência aumenta o risco de ITU. A interação entre fatores do hospedeiro, do patógeno e ambientais determina se haverá invasão tecidual e infecção sintomática. HEMATOGÊNICA Via de vascularização. O rim é um dos órgãos mais vascularizados. As bactérias também podem ter acesso ao trato urinário através da corrente sanguínea. Entretanto, a disseminação hematogênica responde por < 2% das ITUs documentadas e, em geral, resulta de bacteremia causada por microrganismos relativamente virulentos, como Salmonella e S. aureus. Com efeito, o isolamento de um desses patógenos de um paciente sem cateter ou outra instrumentação justifica a pesquisa de uma fonte hematogênica. As infecções hematogênicas podem produzir abscessos focais ou áreas de pielonefrite dentro de um rim e resultam em culturas de urina positivas. A patogênese da candidúria é distinta, visto que a via hematogênica é, neste caso, comum. A presença de Candida na urina de um paciente imunocompetente sem instrumentação implica uma contaminação genital ou disseminação visceral potencial. DESCREVER O QUADRO CLÍNICO TÍPICO DAS INFECC ̧ÕES URINÁRIAS (CISTITE E PIELONEFRITE) EM CADA FAIXA ETÁRIA. CISTITE Os sintomas típicos de cistite consistem em disúria, polaciúria e urgência. Com frequência, observa-se também a ocorrência de noctúria, hesitação, desconforto suprapúbico e hematúria macroscópica. A dor lombar ou no flanco unilateral é geralmente uma indicaça ̃o de comprometimento do @resumosdamed_ 6 trato urinário superior. A febre também constitui uma indicação de infecção invasiva do rim ou da próstata. PIELONEFRITE A pielonefrite leve pode se manifestar na forma de febre baixa, com ou sem dor lombar inferior ou no ângulo costovertebral, enquanto a pielonefrite grave pode manifestar-se na forma de febre alta, tremores, náuseas, vômitos e dor no flanco e/ou lombar. Em geral, os sintomas são de início agudo, e pode não haver sintomas de cistite. A febre constitui a principal característica que distingue a cistite da pielonefrite. A febre da pielonefrite exibe um padrão em “estaca de cerca” de pico alto, porém sofre resolução dentro de 72 horas de terapia. Verifica-se o desenvolvimento de bacteremia em 20-30% dos casos de pielonefrite. Os pacientes com diabetes melito podem apresentar uropatia obstrutiva associada à necrose papilar aguda quando as papilas descamadas causam obstrução do ureter. A necrose papilar também pode ser evidente em alguns casos de pielonefrite complicada por obstrução, anemia falciforme, nefropatia por analgésicos ou combinações dessas condições. Nos raros casos de necrose papilar bilateral, uma rápida elevação dos níveis séricos de creatinina pode constituir a primeira indicação da condição. A pielonefrite enfisematosa é uma forma particularmente grave da doença, que está associada à produção de gás nos tecidos renais e perinefréticos e que ocorre quase exclusivamente em pacientes diabéticos. A pielonefrite xantogranulomatosa ocorre quando a obstrução urinária crônica (frequentemente por cálculos coraliformes), juntamente com infecção crônica, leva à destruição supurativa do tecido renal. Ao exame patológico, o tecido renal residual frequentemente tem uma coloração amarela, com infiltração por macrófagos repletos de lipídeos. A pielonefrite também pode ser complicada pela formação de abscesso intraparenquimatoso; deve-se suspeitar dessa situação quando o paciente apresenta febre contínua e/ou bacteremia, apesar da terapia antibacteriana. IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS ALTERAC ̧ÕES EM EXAMES COMPLEMENTARES (URINA I, UROCULTURA, ANTIBIOGRAMA, USG DE RINS E VIAS URINA ́RIAS, HEMOGRAMA). URINA 1 Este exame irá fornecer, quando associado à anamnese e ao quadro clínico, os dados que praticamente confirmam o diagnóstico de ITU: presença de piúria (leucocitúria), de hematúria e de bacteriúria. Os valores encontrados são, habitualmente, proporcionais à intensidade da infecção. • Leucocitúria (acima do padrão de corte); • Nitrito positivo; apenas os membros da família Enterobacteriaceae convertem o nitrato em nitrito, e deve haver um acúmulo de nitrito na urina suficiente para alcançar o limiar de detecção. Se uma mulher com cistite aguda estiver ingerindo líquidos em excesso e urinando frequentemente, o teste da fita reagente para nitrito tem menos probabilidade de ser positivo, mesmo na presença de E.coli. • Hematúria. A presença de sangue na urina também pode sugerir um diagnóstico de ITU. UROCULTURA Fundamental realizar. @resumosdamed_ 7 A cultura de urina quantitativa, avaliada em amostra de urina colhida assepticamente, jato médio, poderá fornecer, na maioria dos casos, o agente etiológico causador da infecção e trazer subsídio para a conduta terapêutica. Sua importância crescerá quando, diante de falha da terapia empírica, possibilitará a realização do teste de sensibilidade in vitro (antibiograma), que orientará uma nova conduta terapêutica. • Urina em jato médio com mais de 105 UFC. A detecção de bactérias em uma cultura de urina é o “padrão-ouro” diagnóstico para a ITU; todavia, lamentavelmente, os resultados de cultura não se tornam disponíveis antes de 24 horas após a apresentaça ̃o do paciente. A identificação do(s) microrganismo(s) específico(s) pode exigir um período adicional de 24 horas. Estudos realizados em mulheres com sintomas de cistite constataram que um limiar para contagem de colônias de > 102 bactérias/mL é mais sensível (95%) e específico (85%) do que um limiar de 105/mL para diagnóstico de cistite aguda em mulheres. Noshomens, o nível mínimo indicando infecção parece ser de 103/mL. Com frequência, as amostras de urina ficam contaminadas com a microbiota normal da uretra distal, da vagina ou da pele. Esses contaminantes podem crescer e alcançar números elevados quando se deixa a amostra de urina coletada permanecer em repouso em temperatura ambiente. Na maioria dos casos, uma cultura produzindo espécies mistas de bactérias está contaminada, exceto nos casos de cateterismo em longo prazo, retenção urinária crônica ou presença de fístula entre o trato urinário e o trato gastrintestinal ou genital. ANTIBIOGRAMA O antibiograma, como é habitualmente reconhecido este exame, atua complementarmente à cultura de urina. Na rotina das cistites não complicadas, sua utilidade é pequena, haja vista a predominância maciça e resolutiva da terapia empírica. No entanto, naqueles casos em que ocorre falha desse tipo de terapia, nas pielonefrites e nas infecções urinárias hospitalares, a presença do antibiograma é de grande utilidade. Igualmente sua importância cresce nas cistites complicadas, quando o risco de insucesso da terapia empírica aumenta. O antibiograma fornecerá os antimicrobianos potencialmente úteis a serem prescritos. USG DE RINS E VIAS URINÁRIAS A ultra-sonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética têm indicação restrita àqueles casos de cistite/pielonefrite não resolvidos com terapia empírica; assumem maior importância para o diagnóstico de complicações e, também, para evidenciar alterações estruturais e/ou funcionais do sistema urinário. HEMOGRAMA Este exame não tem nenhum valor em pacientes com cistite. No entanto, diante de um quadro de pielonefrite, torna-se valioso; sua positividade, nesta infecção, situa-se entre 25% a 60% e, além da informação do agente etiológico (nem sempre identificável na urocultura), indica para o risco de uma sepse, sugerindo um potencial de gravidade. ACHADOS LABORATORIAIS O achado central para o diagnóstico de ITU é a demonstração de bacteriúria em uma amostra de urina incubada na bexiga durante, pelo menos, 2 horas, para permitir o crescimento de bactérias. Uma amostra de urina para cultura antes da terapia deve ser obtida de todos os pacientes com pielonefrite, urossepse ou ITU complicada ou quando o diagnóstico é incerto. Não é geralmente recomendada na cistite aguda não complicada, porque o quadro clínico é característico e o uso de terapia empírica de curta duraça ̃o implica que os sintomas estão muitas vezes resolvidos quando o resultado da cultura se torna disponível. A amostra de urina deve ser colhida de forma a limitar o risco de contaminação. O método de coleta usual é uma amostra do jato médio de urina. Todas as amostras devem ser levadas imediatamente para o laboratório de modo a impedir o crescimento durante o transporte. As amostras de urina para cultura devem ser coletadas antes da instituição de terapia antibiótica, já que a urina é rapidamente esterilizada após o início de antimicrobianos sistêmicos. A interpretação da urocultura quantitativa varia de acordo com a apresentação clínica e o método de colheita (Tabela 284-4). Bacteriúria @resumosdamed_ 8 significativa equivale geralmente a 10 5 UFC/mL ou mais, em que uma unidade de formação de colônias (UFC) corresponde a uma ou mais células bacterianas formando colônias durante o crescimento em uma placa de ágar. Em mulheres com sintomas de cistite não complicada, a presença de 10 2 UFC/mL ou mais de E. coli ou S. saprophyticus na urina de jato médio é consistente com infecção. Outros organismos Gram-positivos em qualquer contagem quantitativa devem ser interpretados como contaminação. Piúria está presente na maioria dos pacientes com ITU sintomática ou bacteriúria assintomática. Muitas outras alterações estão, no entanto, associadas à piúria, e a presença de piúria não faz o diagnóstico de infecção, nem diferencia infecção sintomática de assintomática. A ausência de piúria tem elevado valor preditivo negativo para excluir ITU na maioria dos pacientes. No entanto, a ausência de piúria em espécimes de urina de uma mulher com sintomas compatíveis com cistite não é indicação para suspender a antibioterapia empírica. Para o rastreamento de bacteriúria, a identificação de nitritos na urina pode ser útil. As bactérias Gram-negativas, com exceção de P. aeruginosa, vão metabolizar o nitrato a nitrito, que pode ser demonstrado através de uma reação de cor numa tira de teste. As bactérias Gram-positivas e fungos não metabolizam o nitrato. A técnica é rápida (<1 minuto) e de baixo custo. Tem um elevado grau de especificidade, mas não é sensível, pois não detecta infecções causadas por organismos Gram‐positivos. Amostras para hemoculturas devem ser obtidas em todos os pacientes com suspeita de urossepse. Os pacientes com pielonefrite aguda, mas não aqueles com cistite aguda, têm níveis séricos de proteína C‐reativa aumentados. EXAMES POR IMAGEM: O uso precoce de métodos de imagem deve ser encorajado em qualquer paciente com urossepse para identificar anormalidades que requerem controle imediato do foco. A modalidade de imagem ideal é a tomografia computadorizada com contraste. A ressonância magnética pode não identificar gás nos tecidos ou pequenos cálculos. A ultrassonografia pode fornecer um exame rápido para excluir obstrução significativa. Investigação também seria indicada em pacientes com resposta lenta ou falta de resposta à terapia antibiótica adequada ou se houver recidiva precoce da pielonefrite após o término da terapia. A boa conduta da infecção urinária complicada requer a caracterização das anormalidades subjacentes e a sua correção sempre que possível. Em pacientes selecionados podem ser necessários estudos para o diagnóstico de refluxo vesicoureteral ou para caracterizar a função renal diferencial. SABER INTERPRETAR O ANTIBIOGRAMA (EX. O QUE É MIC?) E POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS, SALIENTANDO A IMPORTÂNCIA DO USO RACIONAL DOS ANTIMICROBIANOS. A realização do teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA) é uma das principais tarefas executadas pelo laboratório de microbiologia. Além de orientar a escolha da terapia antimicrobiana mais adequada, o TSA representa uma importante ferramenta no monitoramento da evolução da resistência bacteriana e age também como um método auxiliar na implantação de medidas de controle que evitem a disseminação de bactérias multirresistentes. @resumosdamed_ 9 O TSA deve ser sempre realizado na avaliação das seguintes bactérias: • Enterobactérias; • Pseudomonas spp., • Acinetobacter spp.; • Staphylococcus spp.; • Enterococcus spp.; • Streptococcus pneumoniae; • Streptococcus do grupo viridans e beta-hemolítico; • Haemophilus influenzae; • Complexo Burkholderia cepacia; • Stenotrophomonas maltophilia; • Neisseria gonorrhoeae e Neisseria meningitidis. É importante lembrar que a cultura e o TSA não são capazes de diferenciar infecção de colonização, bem como o TSA também não é capaz de apontar qual o antibiótico que deve ser utilizado para o tratamento. Todas essas respostas são da avaliação do médico que solicitou o exame. O TSA pode ser realizado por diferentes métodos laboratoriais, os quais dividimos em métodos qualitativos e quantitativos. Os testes qualitativos são mais fáceis de serem performados e historicamente são realizados por métodos com discos de difusão. Esses testes nada mais são do que discos contendo determinados antibióticos em concentrações padrão, que são adicionados a um meio de cultura, onde se semeia a bactéria em que se quer performar o teste. Como o antibiótico se difundede forma radial em torno do disco, caso haja susceptibilidade ao antibiótico, não observaremos crescimento da cepa em torno do disco em questão. Caso haja resistência, não haverá um halo de inibição de crescimento em torno do disco ao qual a cepa é resistente, mostrando que ela cresceu independentemente da ação do antibiótico. Em geral, existe um tamanho mínimo de halo para cada antibiótico para que se considere resistência. Entretanto, com os métodos qualitativos, temos como resultado apenas sensibilidade ou resistência in vitro. O problema é, os testes qualitativos têm concentrações padrões de antibióticos e, por isso, eles não são capazes de nos dizer qual a concentração mínima para impedir o crescimento de um determinado agente. Para que isso ocorra, precisam ser performados os testes quantitativos. Quando testes quantitativos são performados, conseguimos obter a chamada MIC (sigla do inglês que quer dizer concentração inibitória mínima). A MIC é de extrema importância para a avaliação do TSA, uma vez que ela indica qual a concentração mínima de um determinado antibiótico que é necessária para que se iniba o crescimento de um determinado agente bacteriano. COMO INTERPRETAR O TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE AO ANTIBIÓTICO: 1. Observe qual a bactéria que está sendo testada no TSA Identificar qual a bactéria que está sendo testada é fundamental na ajuda quanto a escolha dos agentes antibacterianos possíveis para o tratamento. Um teste de susceptibilidade pode apresentar diversos antibióticos sensíveis para uma determinada bactéria, mas você, conhecendo o patógeno e o sítio de infecção que este está associado, saberá escolher entre os antibióticos quais o patógeno é sensível, qual o melhor para o tratamento de acordo com as suas propriedades farmacocinéticas (levando em conta principalmente a distribuição do fármaco) e mecanismos de ação. Além disso, determinar qual é a espécie bacteriana é fundamental para identificarmos a possibilidade de estarmos diante de uma bactéria que pode apresentar um mecanismo de resistência que seja induzível, pois, no TSA, esta bactéria pode se apresentar sensível, mas ela, ao se iniciar o tratamento com tal droga, pode ter a expressão dos genes de resistência e assim não responderá adequadamente a terapêutica escolhida. Sabiamente, algumas bactérias específicas apresentam esse tipo de mecanismo, por isso, identificar a espécie já faz parte da etapa de escolha terapêutica 2. Identificar drogas resistentes e sensíveis. Alguns mecanismos de resistência levam a falha terapêutica não só com um determinado antibiótico testado, mas sim com todo um grupo de drogas da mesma classe, mesmo que ela não tenha sido testada pelo ensaio. Por isso, é importante que se olhe para o TSA e não se identifique apenas as drogas as quais a bactéria se apresenta com sensibilidade, mas @resumosdamed_ 10 também aquelas que se apresentam com resistência. Excluindo opções que podem não ter sido testadas do seu leque terapêutico e que poderiam levar a falha terapêutica. Aqui também é importante ressaltar que, algumas bactérias apresentam mais comumente mecanismos que podem levar a resistência, não só de um antibiótico em questão, mas também de um segundo antibiótico de outra classe por mecanismo de resistência cruzada ou até mesmo por mecanismos diferentes que são frequentemente encontrados em uma determinada espécie. Assim, mesmo que in vitro a bactéria se apresente como sensível a um determinado antibiótico que apresentaria resistência por esses mecanismos, você, conhecendo-os, não escolheria como opção terapêutica. 3. Análise da MIC O bom teste de susceptibilidade é aquele que traz consigo, não só as drogas testadas e o perfil de resistência a cada uma delas, mas também traz a concentração inibitória mínima para cada uma das drogas diferentes. A análise de MIC é complexa, porém é fundamental para escolher a melhor droga para o tratamento de uma infecção e, por isso, algumas considerações devem ser feitas: Geralmente, o antimicrobiano que apresentou a menor MIC é considerado a melhor alternativa de tratamento. Entretanto, interpretações corretas da MIC devem considerar as propriedades farmacocinéticas e a resposta clínica do respectivo antimicrobiano em erradicar a bactéria nos diversos sítios. A MIC, para uma determinada droga, não deve ser comparada com a de outra. Isso porque drogas apresentam diferentes propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas, assim uma MIC maior ou menor para uma droga não significa que ela seja obrigatoriamente superior ou inferior a outra. Quanto a interpretação dos BREAKPOINTS, consideramos ainda aqueles resultados que indicam sensibilidade intermediária como resistentes na prática clínica, uma vez que a possibilidade de falha terapêutica com essas drogas é alta. Diversos fatores são capazes de interferir na concentração de uma droga, uma vez que cada droga tem uma maior concentração em um determinado sítio. Como é o exemplo das penicilinas, que atingem menor concentração a nível de sistema nervoso central (SNC) do que em pulmão. Portanto, muitas vezes, ter uma droga sensível para um determinado agente infeccioso não significa que esta tratará de forma mais eficaz o paciente. O pneumococo é um bom exemplo. Pneumonia por pneumococo tem uma interpretação de MIC diferente de uma meningite pelo mesmo agente, quando a droga em questão é a penicilina G cristalina. Como a penetração desta droga no SNC é menor que no pulmão, consideramos breakpoints diferentes de acordo com o sítio de infecção, sendo a MIC para sensibilidade mais baixa no pulmão do que no sistema nervoso central. Entretanto, o TSA traz apenas a MIC in vitro, o médico que avalia o TSA deve observar a MIC da cepa infecciosa e avaliar se tal MIC permite o tratamento com tal droga para tal sítio, independentemente da susceptibilidade apontada pelo teste. CRITÉRIOS PARA INTERNAC ̧ÃO CRITÉRIOS DE ADMISSÃO HOSPITALAR o Incapacidade de ingerir líquidos. o Suspeita de infecção grave com toxemia ou íleo adinâmico o < 3 meses ou condição socioeconômica desfavorável. o Persistência de febre por mais de 24 horas em criança que não estiver clinicamente bem CRITÉRIOS DE ALTA HOSPITALAR o Ausência de febre alta. o Ausência de sinais clínicos de toxemia, desidratação ou distúrbios metabólicos. o Paciente mantém-se clinicamente estável, com boa aceitação alimentar. CRITÉRIOS DE ADMISSÃO DE UTI @resumosdamed_ 11 o Sinais de choque. o Distúrbios hidroeletrolíticos ou ácido-básicos e metabólicos de difícil controle. o Quadro clínico de síndrome séptica: letargia, má́ perfusão periférica (> 3 segundos), hipo ou hiperventilação, ou cianose. CRITÉRIOS ALTA DE UTI o Estabilidade hemodinâmica. o Estabilidade hidroeletrolítica, ácido-básica e metabólica ∗ Ausência de toxemia. CONHECER AS INDICAÇÕES E EVIDÊNCIAS DE EFICIÊNCIA DA QUIMIOPROFILAXIA MEDICAMENTOSA DAS ITUS, BEM COMO DAS MEDIDAS PROFILÁTICAS NÃO MEDICAMENTOSAS: Mulheres em pré-menopausa com ITU aguda não complicada recorrente deve evitar o uso de espermicida. Para as mulheres com ITU aguda não complicada recorrente frequente (mais de dois episódios em 6 meses, ou três em 12 meses) apresentando-se tanto como cistite quanto como pielonefrite, a terapia antimicrobiana profilática é eficaz. Esta pode ser administrada como profilaxia em longo prazo em dose baixa, ou como profilaxia pós-coito. O uso de comprimidos ou suco de cranberry (oxicoco) não reduz de forma fidedigna a frequência de infecções recorrentes, e os probióticos não são eficazes. Para as mulheres na pós-menopausa, o uso tópico de estrogênios vaginais pode diminuir a frequência de infecções. O uso de estrogênios sistêmicos, no entanto, está associado a um aumento da frequência de ITU. A terapia antimicrobianaprofilática é mais eficaz do que os estrogênios vaginais tópicos nessas mulheres. As mulheres grávidas devem ser rastreadas para bacteriúria assintomática no início da gravidez, geralmente nas 12 ou 16 semanas. Se houver bacteriúria, essas mulheres devem ser tratadas, e devem ser obtidas uroculturas de controle mensais. Se ocorrer qualquer infecção recorrente, assintomática ou sintomática, deve-se manter terapia antibiótica profilática com cefalexina ou com nitrofurantoína, durante a gravidez, para diminuir o risco de desenvolvimento de pielonefrite tardiamente na gravidez. No entanto, não se demonstrou que a terapia antimicrobiana profilática seja eficaz em pacientes com ITU complicada, incluindo aqueles com lesão da medula espinal ou com cateteres permanentes. Nesses pacientes, anomalia levando a micção ineficiente significa que a bacteriúria é inevitável, e a terapia antimicrobiana simplesmente promove a bacteriúria com organismos cada vez mais resistentes. Os programas de controle de infecção das instalações de cuidados de saúde devem incluir práticas para prevenir a ITU associada a cateter. Diretrizes com base na evidência fornecem recomendações claras para os componentes do programa, incluindo vigilância contínua. A intervenção mais importante é evitar o uso de um cateter permanente sempre que possível e, quando existem indicações claras para uso de cateter, limitar a sua duração ao mais curto tempo possível. A solução definitiva para o problema da ITU associada a cateter, no entanto, vai exigir o desenvolvimento de materiais resistentes ao biofilme. A recorrência da cistite não complicada em mulheres em idade fértil é comum, e indica-se uma estratégia preventiva se as ITUs recorrentes estiverem interferindo no estilo de vida da paciente. O limiar de dois ou mais episódios sintomáticos por ano não é absoluto; as decisões quanto às intervenções devem considerar as preferências de cada paciente. Dispõe-se de três estratégias profiláticas: terapia contínua, pós-coito e iniciada pela paciente. A profilaxia contínua e a profilaxia pós-coito utilizam habitualmente baixas doses de SMX-TMP, uma fluoroquinolona ou a nitrofurantoína. Todos esses esquemas são altamente efetivos durante o período de administração ativa do antibiótico. Um esquema profilático é prescrito durante 6 meses e, em seguida, interrompido, quando a taxa de ITU recorrente frequentemente retorna a seu nível basal. Se houver recidiva de infecções inoportunas, o programa profilático pode ser reinstituído por um período mais prolongado. A seleção de cepas resistentes na microbiota fecal foi documentada em estudos de mulheres que tomaram antibióticos profiláticos durante 12 meses. A terapia iniciada pela paciente consiste em fornecer à mulher materiais para cultura de urina e automedicação com um ciclo de antibióticos aos primeiros sintomas de infecção. A cultura de @resumosdamed_ 12 urina é refrigerada e entregue ao consultório do médico para confirmação do diagnóstico. Quando existe uma relação médico-paciente estabelecida e confiável, a cultura de urina pode ser omitida, contanto que os episódios sintomáticos tenham uma resposta completa a um ciclo de tratamento de curta duração e não sejam seguidos de recidiva. EXPLICAR QUINOLONAS, SULFONAMIDAS E NITROFURANTOÍNA (MECANISMO DE AÇÃO, EFEITOS ADVERSOS PRINCIPAIS). CONHECER NORFLOXACINA, CIPROFLOXACINA, LEVOFLOXACINA, MOXIFLOXACINA, SULFAMETOXAZOL+TRIMETOPRIM: SULFONAMIDAS: Os únicos fármacos sulfonamidas ainda correntemente utilizados como antibacterianos sistêmicos são o sulfametoxazol (em geral, combinado com trimetoprima, como cotrimoxazol), sulfassalazina (mal absorvida no trato gastrointestinal, utilizada para tratar a colite ulcerosa e a doença de Crohn). MECANISMO DE AÇÃO: A sulfanilamida é um análogo do ácido p-aminobenzoico (PABA), que é um precursor essencial na síntese do ácido fólico, necessário para a síntese de DNA e RNA nas bactérias. As sulfonamidas são inibidores competitivos da enzima dihidropteroato sintetase, e os efeitos da sulfonamida podem ser sobrepostos acrescentando PABA suplementar. Por essa razão, alguns anestésicos locais, e que são ésteres PABA (tal como a procaína), podem antagonizar o efeito antibacteriano desses agentes. Portanto, as sulfonamidas têm efeito bacteriostático e inibem o metabolismo do ácido fólico, por mecanismo competitivo. As células humanas conseguem aproveitar o folato exógeno para o metabolismo, enquanto as bactérias dependem da produção endógena. O sulfametoxazol é comumente empregado em associação com o trimetoprim, uma diamino-pirimidina, associação mais conhecida como cotrimoxazol. O efeito das duas drogas é sinérgico, pois atuam em passos diferentes da síntese do ácido tetra-hidrofólico (folínico), necessária para a síntese dos ácidos nucléicos. O sulfametoxazol inibe um passo intermediário da reação e o trimetoprim a formação do metabólito ativo do ácido tetra- hidrofólico no final do processo. EFEITOS ADVERSOS: Os efeitos adversos graves que implicam a descontinuação do tratamento incluem hepatite, reações de hipersensibilidade (eritemas, abrangendo síndrome de StevensJohnson e necrólise epidérmica tóxica, febre, reações anafiláticas), insuficiência da medula óssea e insuficiência renal aguda decorrente de nefrite tubulointersticial ou cristalúria. Essa última é provocada pela presença de metabólitos acetilados na urina. Também pode ocorrer cianose provocada por metemoglobinemia, mas essa é uma reação menos preocupante do que aparenta ser. Os efeitos adversos menos graves incluem náuseas e vômitos, dores de cabeça e depressão. QUINOLONAS: As quinolonas incluem agentes de largo espectro, como ciprofloxacina, levofloxacina, ofloxacina, norfloxacina e moxifloxacina, bem como ácido nalidíxico, um fármaco de pequeno espectro utilizado nas infecções do trato urinário. MECANISMO DE AÇÃO: Esses agentes inibem a topoisomerase II (uma DNA girasse bacteriana), a enzima que produz a super-helicoidização negativa do DNA e que permite, desse modo, a transcrição ou replicação. ESPECTRO ANTIBACTERIANO E USO CLÍNICO: Desse grupo, a ciprofloxacina é a mais utilizada. Tem largo espectro antibiótico efetivo, tanto contra microrganismos Gram-positivos quanto contra os Gram-negativos, incluindo Enterobacteriaceae (bacilos Gram- negativos entéricos), muitos microrganismos resistentes à penicilina, cefalosporinas e aminoglicosídeos e também contra H. influenzae, N. @resumosdamed_ 13 gonorrhoeae produtoras de penicilinases, Campylobacter spp. e pseudomonas. No caso dos microrganismos Gram-positivos, os estreptococos e os pneumococos são apenas inibidos de forma fraca, havendo grande incidência de resistência aos estafilococos. A ciprofloxacina deve ser evitada nas infecções por MRSA. Clinicamente, as fluoroquinolonas são mais aconselhadas no caso de infecções por bacilos e cocos Gram-negativos aeróbios. Surgiram espécies resistentes de Staphylococcus aureus e P. aeruginosa. EFEITOS ADVERSOS: Nos hospitais, podem surgir infecções por C. difficile, mas, para além disso, os efeitos adversos são pouco frequentes, normalmente ligeiros e reversíveis. As manifestações mais frequentes são distúrbios gastrointestinais e erupções cutâneas. Além de artropatia em pacientes jovens, também foram observados sintomas do sistema nervoso central – dor de cabeça e tonturas – e, com menos frequência, convulsões associadas a patologias do sistema nervoso central ou ao uso prolongado de teofilina ou fármacos antiinflamatórios não esteroidais (AINEs). Existe uma interação clinicamente importante entre ciprofloxacina e teofilina (através da inibição das enzimas P450), que pode provocar toxicidade devido à teofilina em pacientes asmáticos tratados com fluoroquinolonas. A moxifloxacina prolonga o intervalo QT doeletrocardiograma e é amplamente utilizada de acordo com as indicações da FDA (Food and Drug Administration), como forma de controle positivo nos estudos realizados em voluntários saudáveis que avaliam os possíveis efeitos dos novos fármacos sobre a repolarização cardíaca. NITROFURANTOÍNA: A nitrofurantoína é um composto ativo numa variedade de microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos. O desenvolvimento da resistência em organismos suscetíveis é rara e não existe resistência cruzada. MECANISMO DE AÇÃO: É provável que seu mecanismo de ação esteja relacionado à sua capacidade de danificar o DNA bacteriano. É administrada oralmente e rapidamente absorvida no trato gastrointestinal e também rapidamente excretada pelos rins. Está limitada ao tratamento das infecções do trato urinário. EFEITOS ADVERSOS: Os efeitos adversos, como, por exemplo, os distúrbios gastrointestinais, são relativamente comuns e podem ocorrer reações de hipersensibilidade da pele e da medula óssea (p. ex., leucopenia). Também foram relatadas hepatotoxicidade e neuropatia periférica. A metenamina tem aplicação clínica semelhante à da nitrofurantoína e apresenta alguns efeitos adversos similares. Converte-se em formaldeído na presença de urina ácida. EXPLICAR O DELIRIUM (DEFINIÇÃO, PRINCIPAIS CAUSAS E FATORES DE RISCO), SALIENTANDO PRINCIPALMENTE SUA IMPORTÂNCIA COMO MANIFESTAÇÃO INFECCIOSA NO IDOSO: Usam-se diversos termos para descrever o delirium, como encefalopatia, insuficiência cerebral aguda, estado confusional agudo e psicose pós- operatória ou da unidade de terapia intensiva (UTI). O delirium tem várias manifestações clínicas, mas é definido como declínio relativamente agudo da cognição, que flutua ao longo de horas ou dias. Sua principal característica é o déficit de atenção, embora todos os domínios cognitivos – como a memória, a função executiva, as tarefas visuoespaciais e a linguagem – se mostrem comprometidos de alguma forma. Os sintomas associados que podem estar presentes em alguns casos incluem alterações do ciclo de sono e vigília, perturbações da percepção, como alucinações ou delírios, alterações afetivas e achados autônomos, que incluem instabilidade da frequência cardíaca e da pressão arterial. @resumosdamed_ 14 O delirium é um diagnóstico clínico que só pode ser definido à beira do leito. Foram descritos dois subtipos – hiperativo e hipoativo – com base em características psicomotoras diferentes. A síndrome cognitiva associada à abstinência alcoólica grave (“delirium tremens”) continua sendo o exemplo clássico do subtipo hiperativo, que se caracteriza por alucinações proeminentes, agitação e hipervigilância, com frequência acompanhado por instabilidade autonômica potencialmente fatal. Diferentemente, de forma notável, está o subtipo hipoativo, exemplificado pela intoxicação por benzodiazepínicos, em que os pacientes ficam retraídos e quietos, com apatia marcante e lentidão psicomotora. Essa dicotomia entre os subtipos de delirium é um conceito útil, mas os pacientes frequentemente se enquadram em algum ponto ao longo do espectro entre os extremos hiper e hipoativo, às vezes flutuando de um para outro. Por isso, os médicos devem reconhecer o amplo espectro de apresentações do delirium, para que possam identificar todos os pacientes com esse distúrbio cognitivo potencialmente reversível. Os pacientes hiperativos são facilmente reconhecíveis por sua agitação extrema, tremor, alucinações e instabilidade autonômica típicos. Com mais frequência, os pacientes calmamente hipoativos passam despercebidos na prática clínica e na UTI. FATORES DE RISCO: Uma estratégia de prevenção primária eficaz do delirium começa com a identificação dos pacientes de alto risco para o problema, como os que estão se preparando para cirurgias eletivas ou que serão hospitalizados. Embora não haja um único sistema de pontuação validado aceito como rastreamento de pacientes assintomáticos, existem diversos fatores de risco bem estabelecidos para o delirium. Os dois identificados com maior frequência são a idade avançada e disfunção cognitiva prévia. Indivíduos com mais de 65 anos de idade ou que exibam baixa pontuação nos testes padronizados de cognição apresentam delirium ao ser hospitalizados com incidência aproximada de 50%. Não se sabe ao certo se a idade e a disfunção cognitiva preliminar são fatores de risco realmente independentes. Outros fatores predisponentes são a privação sensorial, como deficiências auditiva e visual pré-existentes, além de índices de saúde geral debilitada, incluindo imobilidade, desnutrição e doença clínica ou neurológica subjacente prévia. Os riscos hospitalares de delirium incluem o uso de cateterismo vesical, contenção física, privação de sono e sensorial, assim como o acréscimo de três ou mais medicamentos novos. A exclusão desses riscos continua a ser fundamental à prevenção e tratamento do delirium. Os fatores de risco cirúrgicos e anestésicos para o desenvolvimento de delirium pós-operatório incluem procedimentos específicos, como os que envolvem a circulação extracorpórea e tratamento insuficiente ou excessivo da dor no período pós-operatório imediato e, talvez, agentes específicos, como os anestésicos inalatórios A relação entre delirium e demência é complicada pela superposição significativa entre esses dois distúrbios, e nem sempre é simples distingui-los. A demência e a disfunção cognitiva preexistente servem como fatores de risco importantes para o delirium, com pelo menos 66% dos casos de delirium ocorrendo em pacientes com demência subjacente coexistente. Uma forma de demência com parkinsonismo, denominada demência por corpos de Lewy, caracteriza-se por evolução flutuante com alucinações visuais proeminentes, parkinsonismo e déficit de atenção que lembra clinicamente o delirium hiperativo; os pacientes com essa condição são particularmente vulneráveis ao delirium. No idoso, o delirium frequentemente reflete uma agressão ao cérebro que está vulnerável devido a doença neurodegenerativa subjacente. Por isso, o delirium às vezes anuncia o início de distúrbio cerebral anteriormente não reconhecido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Rang & Dale Farmacologia - [H.P. Rang... et al] 8ª edição - Rio de Janeiro - Elsevier – 2016. 2. Medicina Interna de Harrison - [Dennis L.] Kasper... [et al.] 19ª edição - Porto Alegre - AMGH, 2017 - Volume 2. @resumosdamed_ 15 3. Goldman - Cecil Medicina, editado por Lee Goldman, Andrew I. Schafer [et al.] 25ª edição - Rio de Janeiro - Elsevier, 2018. 4.http:/www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_cont role/opas_web/modulo1/conceitos.htm 5.https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/boas_ praticas/modulo5/introducao2.htm 6.https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/HIMJ_proto colo_ITU_1254773676.pdf 7.https://blog.jaleko.com.br/avaliacao-do-teste-de-susceptibilidade-ao- antibiotico/ http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_ https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/boas_praticas/modulo5/introducao2.htm https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/boas_praticas/modulo5/introducao2.htm https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/HIMJ_protocolo_ITU_1254773676.pdf https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/HIMJ_protocolo_ITU_1254773676.pdf https://blog.jaleko.com.br/avaliacao-do-teste-de-susceptibilidade-ao-antibiotico/ https://blog.jaleko.com.br/avaliacao-do-teste-de-susceptibilidade-ao-antibiotico/
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