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Tricomoníase–Parasitologia – Thiago Mourão – Facene/Mossoró-RN– Med. 3°semestre/2021.1 O gênero trichomonas abrange espécies que parasitam o homem como: • Trichomonas vaginalis (patogênico) → é responsável pela tricomoníase considerada doença sexualmente transmissível (DST) não viral mais comum no homem. • Trichomonas Tenax (não patogênico) • Pentatrichomonas hominis (Não patogênico) São pertencentes: Família Trichomonadidae Subfamília Trichomonadinae Ordem Trichomonadida Classe Zoomastihophorea Filo Sarcomastigophora A transmissão do Trichomonas Vaginalis se dar por contato sexual. Não apresenta forma cística. O T. vaginalis habita o trato genital do homem e dar mulher causando infecção. Não sobrevive fora do sistema urogenital. Não se instala na cavidade bucal ou no intestino. Morfologia O trichonomas Vaginalis é um protozoário unicelular polimorfo que quando vivo é elipsoide ou oval e algumas vezes tem formato esférico. Tem capacidade de formar pseudópodes, os quais são usados para capturar alimentos e se fixar as partículas solidas. Somente apresenta forma trofozoítica e não apresenta forma cística. As principais estruturas que caracterizam o trichonomas vaginalis são: ➢ ➢ Quatro flagelos anteriores livres de tamanhos desiguais ➢ Tem uma membrana ondulante ➢ Possui um axóstilo que é uma estrutura rígida e hialina formada por microtúbulos que se projeta através do centro do organismo prolongando- se até a extremidade posterior. Também está envolvido na locomoção, suporte e divisão celular. ➢ Possui um aparelho parabasal que consiste num corpo em forma de V associado a dois filamentos parabasais onde se dispõe o aparelho de golgi composto por vesículas paralelas achatadas. ➢ É desprovido de mitocôndrias, mas apresenta grânulos densos paraxostilares ou hidrogenossomos dispostos em fileiras. ➢ A reprodução é por divisão binaria longitudinal. ➢ É um organismo anaeróbico facultativo. Biologia Local de infecção→ T. vaginalis habita o trato genitourinário do homem e da mulher no qual produz a infecção e não sobrevive fora do sistema urogenital. Locomoção→ Flagelos Reprodução→ Divisão binaria longitudinal Não tem formação de cistos Fisiologia→ É um organismo anaeróbico facultativo Cresce perfeitamente bem na ausência de O2 na faixa de PH compreendida entre 5 e 7,5 e em temperaturas entre 20-40°C. Tem carência de mitocôndrias. Sua fonte de energia baseia em glicose, maltose e galactose. Habitat→ Trato genitourinário feminino e masculino (é considerada uma DST) Tricomoníase Tricomoníase–Parasitologia – Thiago Mourão – Facene/Mossoró-RN– Med. 3°semestre/2021.1 Não sobrevivem no meio ambiente (máx. de 6horas) Transmissão e ciclo biológico→ O T. vaginalis é transmitido através da relação sexual podendo sobreviver por mais de uma semana sob o prepúcio do homem sadio após o coito com a mulher. O homem na maioria das vezes é assintomático porem representa o principal vetor da doença com a ejaculação os tricomonas presentes na mucosa da uretra são levados a vagina pelo esperma. Quando o protozoário atinge o hospedeiro e encontra condições favoráveis ao seu crescimento ele coloniza a vagina ou a uretra. ***OBS: →Transmissão sexual é através da secreção vaginal, secreção prostática, urina, autolimitada (Ph). Transmissão não sexual→ • As mães podem infectar os filhos durante o parto +/- 5% • Material ginecológico (espéculo) Sobrevivência→ • Gota de secreção vaginal por varias horas • Água por 2h a 40°C • Urina coletada por 3horas • Sêmen ejaculado por 6 horas Patologia O principal aspecto patológico é a inflamação da uretra masculina e próstata. Já na mulher a inflamação é comum no epitélio vaginal e exocérvice trazendo como consequências um maior risco de infertilidade e transmissão do HIV. A entrada do T. vaginalis ocorre na vagina quando há um aumento de PH, já que o PH normal da vagina é ácido (3,8-4,5) e o organismo cresce em PH maior que 5. A elevação do PH vaginal na tricomoníase é evidente, com uma redução em conjunto de lactobacillus acidophillus (bactérias comensais que tem como função de secretar fatores ácidos que inibem a ocorrência de infecções oportunistas do trato genitourinário.) e aumento de bactérias anaeróbicas. ***OBS: →Na mulher o parasita passa se alojar na vagina, colo do útero e mais dificilmente no trato urinário. →Bacilos de Dodeilen são MO comensais da mucosa vaginal que quebram o glicogênio liberado pelas células mucosas formando o ácido láctico que diminui o PH vaginal da mulher. Esse mecanismo representa um meio de defesa da mucosa vaginal que é ameaçado pelo T. vaginalis fazendo com que o Ph da vagina tenda à alcalinização. Principais mecanismos patológicos do T. vaginalis são: Problemas relacionados com a gravidez→ Os estudos tem relatado associação entre tricomoníase e ruptura da membrana, parto prematuro, baixo peso do recém nascido em gravidas com ruptura espontânea de membranas, baixo peso ao nascer associado ao parto prematuro, endometrite pós parto, natimorto e morte neonatal. Problemas relacionados com a fertilidade→ Risco de infertilidade e câncer de colo de útero. O T. vaginalis está relacionado com doença inflamatória pélvica que infecta o trato urinário superior causando resposta inflamatória que destrói a estrutura tubaria e danifica as células ciliadas da mucosa tubária inibindo a passagem dos espermatozoides ou óvulos através da tuba uterina. Transmissão do HIV→ Tricomoníase–Parasitologia – Thiago Mourão – Facene/Mossoró-RN– Med. 3°semestre/2021.1 O risco de transmissão de HIV aumenta na presença de doença ulcerativa genital e de doença não-ulcerativa como a tricomoníase. O t. vaginalis causa pontos hemorrágicos na mucosa genital permitindo o acesso direto do vírus a corrente sanguínea, desse modo ocorre um aumento na porta de entrada para vírus em indivíduos HIV-negativo. Em pacientes infectados pelo HIV os pontos hemorrágicos e a inflamação podem aumentar os níveis do vírus nos fluidos corporais e o número de linfócitos e macrófagos infectados pelo HIV presente na região genital. Mecanismos patogênicos O reconhecimento das células especificas do T. vaginalis é realizado pelo conjunto de proteínas chamadas de lectinas. A aderência e a citotoxidade exercidas pelo parasito sobre as células do hospedeiro podem ser ditadas pelos fatores de virulência como adesinas, cisteínas-proteinases, integrinas, fator de escamação celular e glicosidases. Sua citotoxicidade e destruição celular dependem de proteases. Aspectos clínicos Mulher→ T. vaginalis infecta o epitélio escamoso do trato vaginal. São assintomáticas 25%-50% pois tem pH vaginal normal de 3,8-4,2 e flora vaginal normal. Com vaginite aguda causada pelo T. vaginalis pode apresentar corrimento vaginal devido infiltração por leucócitos. Fluido abundante com coloração amarelo- esverdeada Fluido com aspecto espumoso ou bolhoso (presente em 20% das pacientes) Odor vaginal fétido, mais frequente no período pós-menstrual. Prurido e irritação de vulva e vagina. Disuria (dificuldade de urinar) Estranguria (dor ao urinar) Dispaurenia (dor durante o ato sexual) Poliuria (aumento da frequência miccional) Strawberry cérvix (cérvice com aspecto de morango, presente em 2% das pacientes) Vulvite (inflamação da vulva) Homem→ Homens infectados pelo contato com a parceira sexual infectada por razão desconhecida podem ter somente infecção autolimitada. A parasitose no sexo masculino é classificada em 3 grupos: 1. Estado assintomático: ▪ é muito comum 2. Estado agudo: ▪ Caracterizado por uretrite purulenta abundante 3. Doença assintomática leve: ▪ Clinicamente indistinguível de outras causas de uretrite. No homem podeocorrer corrimento leitoso ou purulento, prurido, aderência miccional, hiperemia do meato uretral. No homem também pode correr pontos hemorrágicos na parede cervical. Tricomoníase–Parasitologia – Thiago Mourão – Facene/Mossoró-RN– Med. 3°semestre/2021.1 No homem pela manhã observa uma secreção clara, viscosa e durante o dia é escasso. Pode ocorre complicações como: ▪ Prostatite ▪ Balanopostite (na glade e prepúcio) ▪ Cistite (bexiga) ***OBS: →Maioria dos portadores é assintomática devido a concentração de zinco no liquido prostático. Pois o zinco é altamente toxico para T. vaginalis, porém é possível que muitos homens refratários a esta infecção tenham quantidades consideráveis desse metal no fluido prostático. Diagnostico A investigação laboratorial é necessária e essencial para o diagnostico da tricomoníase. Diagnostico laboratorial→ Na mulher realiza o exame do esfregaço do conteúdo vaginal e cultura do padrão (ouro) Para fazer a coleta de amostra na mulher é necessário: • Não realizar higiene vaginal durante 18-24horas que antecedem a coleta. • Não fazer uso de nenhum tricomonicida tanto vaginal como oral há 15 dias. • A coleta deve ser realizada com auxilio de swab. No homem realiza o exame do liquido prostático e exame do sedimento urinário. Para realizar a coleta de amostra no homem é necessário: • Comparecer ao local da coleta pela manhã • Não ter urinado • Não fazer nenhum uso de tricomonicida há 15 dias • A coleta deve ser realizada com alça de platina ou swab. Para sorologia pode ser utilizado: • ELISA • Imunofluorescência • Hemaglutinação • Testes imunocromatográficos→ rapid test que dar resultado em 10min Exame molecular: • PCR Diagnostico clinico→ Deve realizar anamnese, presença de corrimento. No homem tem que verificar história da secreção uretral. Tratamento O tratamento pode ser feito através de duas intervenções clinicas: Sistêmico→ Administração via oral dose única do TINIDAZOL 2G e do METRONIDAZOL 2G via oral dose única Local→ Aplicação via vaginal de METRONIDAZOL (CREME) diariamente por 10 dias Tricomoníase–Parasitologia – Thiago Mourão – Facene/Mossoró-RN– Med. 3°semestre/2021.1 As principais recomendações quanto ao uso desses medicamentos: • Tratar sempre os parceiros • Evitar ingestão de álcool durante o uso do medicamento oral. • Evitar uso de cremes combinados • Evitar atividade sexual durante o tratamento • Realizar sempre citologia oncótica do colo uterino pós-tratamento. Gestantes→ Devem ser tratadas com: • TINIDAZOL 250mg via oral de 12h/12h por 7 dias. • METRONIDAZOL 500mg via oral de 12h/12h por 7 dias • Na lactação deve ser utilizado METRONIDAZOL 2g via oral dose única, com abstenção das mamadas por 24hrs. As recomendações devidas para as gestantes consistem em: • Executar o tratamento mesmo quando a gestante não apresentar sintomas exuberantes devido ao risco de rotura e membranas de deslocamento prematuro de placenta. Profilaxia e controle • Uso de preservativos é um método mais eficaz para redução do risco de DSTs. • Diagnostico e tratamento em casos sintomáticos ambos parceiros devem ser tratados. • Aconselhamento: ✓ Orientações ao paciente ✓ Observação das possíveis situações de risco. ✓ Percepção da importância do tratamento conjunto. ✓ Promoção do uso de preservativos. ***OBS: →A prevalência no homem é menor. →Alta prevalência é em pessoas de baixa renda, pacientes de clinicas ginecológicas, pré- natais e serviços de DSTs. →Não possui forma cística e há sobrevivência fora de seu habitat.
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